Sei sulla pagina 1di 15

Capa do Instauratio Magna i

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO DE JANEIRO

FACULDADE DE EDUCAÇÃO

CURSO DE PEDAGOGIA

DISCIPLINA: HISTORIA DA EDUCAÇÃO

PROFª: ALESSANDRA SCHUELER

Aluna: Guaraci Fernandes M. de Melo

Matrícula nº 2008.2.05707.11

VEIGA, Cyntia Greive. 1958 – História da Educação. São Paulo: Ática, 2007

2º FICHAMENTO COMO REQUISITO PARA CONCLUSÃO DA DISCIPLINA

Texto: Educação estatal em diferentes países do Ocidente (meados do


século XVIII e século XIX)

Junho/2009
3

3.1 Razão, Indivíduo e Sociedade

Passado o longo período histórico no qual a Igreja Romana monopolizou


o conhecimento e o saber (direta ou indiretamente), entramos no século XVIII
com suas grandes transformações, a vida se tornando de caráter menos
religioso e mais mundano e as sociedades científicas e literárias expandindo-se
em busca de explicações racionais sobre o funcionamento da natureza e da
sociedade (homem).

Acontecimentos como: o Iluminismo, as Revoluções Liberais e Os


Governos Constitucionais acentuaram o desejo de autonomia, liberdade e
independência forjando novos parâmetros sociais, novas definições de posse
de bens e de conhecimento.

A educação se tornou um instrumento centralizado no Estado,


libertando-se cada vez mais das mãos da Igreja, através de amplas reformas,
formulação de diretrizes de ensino e estruturas estatais de administração que
regulavam o processo de distribuição do conhecimento, a profissionalização
dos quadros, os métodos de transmissão do saber, entre outros e, sendo um
instrumento na fundação da sociedade harmônica e de conflitos racionalmente
equacionados.

No século XIX, no contexto dos Governos regidos por Constituições


consolidando nas pessoas os direitos e igualdades jurídicas começam a surgir
conceitos de “cidadão”, “nação”, embutido com as noções de “pertencimento”.

A disputa de prestígio ante o monarca absoluto demandou distinções


sociais e um comportamento civilizado com um modelo de conduta pautado na
racionalidade e no autocontrole das emoções e afetos, o que contribuiu para
ampliar a consciência e a autonomia dos indivíduos e estabeleceu distinções
de classes e a dos pobres, consideradas como de indivíduos brutos e
ignorantes.

Vários filósofos e pensadores dos séculos XVI – XIX cooperaram para


construção das idéias que aos poucos constituíram as novas noções de
indivíduo e sociedade, de Thomas Hobbes (1588-1670) à Karl Marx (1818-
1883) muitos pensadores sistematizaram temas como o homem em seu
4

estágio natural, a organização das sociedades, formação do Estado, e essas


idéias circularam graças a ajuda da imprensa.

Embora os pensadores tivessem formações e abordagens diferenciadas,


tinham uma inquietação comum que decorria do questionamento da autoridade
das tradições intelectuais e eclesiásticas e de um novo modo de encarar a
intervenção humana na natureza e na sociedade.

Citamos alguns autores e as literaturas sobre a “arte de pensar”:

 René Descartes (1596-1650), obra: Discurso do método – “Penso,


logo existo”; (dúvida)

 Francis Bacon (1561-1626), obra: Novum organum – uma das duas


partes que completas da obra Instauratio magna (previa seis partes)
onde destaca a supremacia da ciência e da razão;

 Blaise Pascal, obra de 1658 – De l’espirit géométrique;

 Baruch Espinosa, obra de 1661 – De intellectus emendatione;

 Gottfried Leibniz, obra de 1666 – Da arte combinatória;

 JOHN Locke, obra de 1690 – Ensaio sobre o entendimento humano;

 George Berkeley, obra de 1710 – Tratado dos princípios do


conhecimento humano e

 David Hume, obra de 1739 – Tratado sobre a natureza humana.

E as que faziam apologia de sociedades perfeitas, regidas pela razão e


ciência:

 Thomas Mores, Utopia (1516);

 Tommaso Campanella, A cidade do sol (1602) e

 F. Bacon, Nova Atlântida (1627).


5

Essas idéias contribuíram para a separação entre o público e o privado,


com a individualização dos costumes, grupos restritos de convivência,
consumo dos bens, propriedade como fruto do trabalho individual, tornou
possível a escalada social da burguesia nos cargos de administração junto à
corte, que até então só eram ocupados por nobres de descendência.

3.2 Revoluções, nações e civilização

O século XVII foi marcado pela Revolução Inglesa e pelas das idéias
liberais que nortearam a nova concepção de sociedade e Estado. A Revolução
Gloriosa foi a primeira a contestar efetivamente o poder absolutista.

O governo dos déspotas ameaçava com impostos exorbitantes, multas e


o cercamento das terras, os interesses dos pequenos: comerciantes; nobreza;
proprietários de terras; artesãos e religiosos, que pleiteavam uma monarquia
moderada pelo Parlamento. Os camponeses também estavam revoltados com
o cercamento o que lhes aguçou a consciência sobre os excessos destes
governantes. Tudo isso culminou no fim do absolutismo e a implantação do
parlamentarismo com a “declaração de direitos” pelo Parlamento Inglês em
1689.

As idéias de John Locke (1632-1704) influenciaram o liberalismo dos


séculos XVIII e XIX, criticando o governo absolutista e apresentando o Contrato
Social, nas relações da sociedade, um governo com o livre consentimento dos
governados, entre outras.

Os pensadores iluministas acreditavam que a razão e a ciência eram


suficientes para a libertação humana e embora não tivessem pensamentos tão
homogêneos, afirmavam a primazia destas sobre o dogmatismo religioso,
proclamando o Estado como protetor e garantidor dos direitos humanos.

Somente após a metade do século XVIII as idéias radicais para o fim do


sistema monárquico com a substituição por república tiveram vulto, pois esses
pensadores viam com desconfiança as aspirações populares em receber
educação igualitária.
6

Contribuições importantes:

 Thomas Jefferson – Declaração da Independência dos EUA, 1776,


referenciando as idéias liberais de Locke sobre o direito inalienável à
liberdade e à felicidade, na qual os norte-americanos consentiram
livremente na forma de governo.

 A Revolução Francesa, com forte apoio das camadas populares, não


somente na ação direta, mas na ideologia, própria da sociedade
francesa, que teve seu governo constitucional entre 1789 a 1791,
promulgando sua 1ª Constituição Republicana, e no início do sec.
XIX teve uma reação absolutista com restauração da monarquia.

O século XIX foi marcado por enfrentamentos que visavam a igualdade


jurídica e o progresso social. Políticos como Sieyrès (1748-1836) afirmaram
que a propriedade não era apenas material, mas tinha qualidades morais e
educacionais.

As idéias iluministas trouxeram para a Educação a idéia de direito tais


como: direito natural do homem; primazia para a razão humana; a educação do
homem é um processo permanente; o homem tem direitos garantidos por
constituição; o pensamento humano e o Estado foram se tornando laicos, se
distinguindo da religião.

Embora heterogêneo este movimento tivera unanimidade em afirmar como


contínuo o aperfeiçoamento do sujeito e do meio social e que as instituições
deveriam se adaptar as exigências e uma das condições seria o Estados e
seus aparatos se adaptarem e entre eles a escola.

Alguns pensadores divergiam se a escola seria a única via para a


educação do povo, mas praticamente concordavam no combate ao monopólio
da Igreja.

O voto censitário só começou a livrar-se das restrições, mas apenas no


final do séc. XIX começou a extensão gradual do direito de voto, direito só
conquistado pelas mulheres no século XX.

Ideário pedagógico:
7

Comte – “a sociedade é anterior aos indivíduos e fonte da moralidade, da


linguagem e da subjetividade.” – educar as novas gerações para a sociedade.

Durkheim – “o homem como produto da sociedade” – a instituições e o


Estado devem assegurar a divisão do trabalho – educação profissionalizante.

Karl Marx – “extinção da propriedade privada” – o potencial do proletariado,


como alternativa para emancipação dos povos.

Rousseau – discordou frontalmente das proposições pedagógicas dos


iluministas – foi inovador em considerar as diferenças etárias entre alunos e
agregar conteúdo ético ao debate pedagógico.

3.3 Perspectivas Iluministas para a escolarização

No final do séc. XIX já com os governos constitucionais consolidados, a


educação elementar e universal, pública, leiga e gratuita é estabelecida
definitivamente na maioria dos países como direitos do cidadão e dever do
Estado.

O monopólio da educação pelo Estado no séc. XIX reforçou delimitações


sociais, como, por exemplo, a limitação do acesso escolar para as mulheres, e
mesmo nas escolas primárias para as meninas, dependia de haver professoras
mulheres, o que apenas se tornou concreto no final do séc. XIX.

A escola socializou padrões para diferenciar gênero, inferiorizando a


mulher em detrimento ao homem. Também diferenciou a qualidade do ensino
entre crianças ricas e pobres, segregando muitas crianças por causa da “má
conduta”.

As mudanças nos níveis intermediários e superiores de ensino não


abrangeram toda a população, o desenvolvimento do modo de produção
desejava a criação de escolas técnicas. E apenas no final do século XIX as
escolas se revestiram de um caráter mais profissional.
8

3.4 Reformas educacionais no contexto europeu e americano.

Alemanha: Em 1717 tornou obrigatória a frequência das crianças à


escola, sendo sancionados os pais que não cumprissem. Adoção de um livro
básico para aculturação homogênea do povo.

Criação da Realschule (escolas das coisas reais), para o ensino


secundário com ou sem o latim (substituído por uma língua estrangeira). Tinha
o objetivo de preparar alunos para as profissões demandadas pela indústria e o
comércio.

A partir daí se instituiu línguas estrangeiras, disciplinas científicas e


educação física nas escolas secundárias alemãs.

No final do séc. XIX as escolas secundárias aplicam o Abitur (exame de


conclusão e habilitação à universidade) e proporcionando aos professores boas
condições de trabalho, com laboratórios bem equipados para plena pesquisa
industrial básica.

França: Tinha características do modelo alemão, mas com a gratuidade


escolar, variadas e polemicas. Só após o período napoleônico – Lei Guizot –
restabeleceu a gratuidade escolar. Mas as escolas rurais só se limitavam a
alfabetização, aritmética básica e aulas de catecismo.

Comunidades com populações superiores a 600 habitantes tinham um


currículo mais elaborado.

No 2º Império novas leis instituíram o cargo de inspetor escolar,


reforçaram a fiscalização do trabalho e da ação moral dos professores, embora
os baixos salários fossem mantidos.

Na III República foi efetivada de modo definitivo o ensino primários


gratuito (1881) e obrigatório (1882), pois a mentalidade da época não atrelava
à pobreza à ignorância.

As escolas normais foram criadas a partir de 1795, escola do tipo


internato, masculina, com dois anos de permanência. A formação das
professoras ficou a cargo das congregações religiosas que também
9

disseminavam a profissão docente como um sacerdócio, até 1879 quando


foram criadas as escolas normais femininas, com a progressiva laicização dos
mestres.

Em 1764 com o fechamento dos colégios jesuíticos, outra ordem, a dos


oratorianos, mais aberta às ciências assume grande parte dos colégios
franceses, mas supervisionadas pelo Estado.

Inglaterra: O Estado interveio tardiamente na organização da escola


elementar o que provocou uma lenta homogeneização da educação inglesa.
Escolas para crianças de classes populares ficavam a cargo: do Município; das
associações locais de religiosos de indústrias. E, ao contrário da maioria dos
demais países de orientação católica, a Igreja protestante reivindicava o
monopólio da educação e era apoiada por vários setores da elite.

No séc. XVII foram criadas as workhouses, funcionando como internatos


para crianças pobres oferecendo formação profissionalizante.

Além das escolas paroquiais e das Dame Shools, outra importante


modalidade de instrução elementar foi a escola lancasteriana, monitorialii ou
mútua (financiada por subscrições), funcionavam em salões, reunia grande
número de estudantes e os alunos mais adiantados se tornavam monitores e
ensinavam os outros.

Contribuíram bastante para a educação inglesa os religiosos Bell e


Lancaster com a fundação de associações para manter as escolas mútuas, e
em 1833 decretou-se a lei que previa financiamento estatal para construção de
escolas, sob administração de associações. A escola lancasteriana foi
pioneirana tentativa política educacional de estender aos filhos dos pobres os
saberes elementares. (pág. 119)

Na década de 1840 os ingleses concluíram que a escola não deveria


ficar em mãos de comerciantes e conservadores e que esta iniciativa voluntaria
não era suficiente para que a instrução elementar se expandisse e alguns
setores da elite defenderam a intervenção do Estado e criaram Associações,
Departamentos de Educação e em 1870 organizou-se um sistema completo de
educação na Inglaterra.
10

Em 1880 ficou estabelecida a obrigatoriedade de frequência e em 1881


a gratuidade, abolindo-se as taxas escolares, com isso se completou o
monopólio do Estado na educação primária.

Quanto à formação de professores, inicialmente, eram membros da


Igreja Protestante que podia nomeá-los ou demiti-los, depois começaram a
fundar colégios por conta própria de sociedades voluntárias, como a Escola
Normal de Battersea, em regime de internato que começaram a receber
subvenções. Esta escola se tornou modelo e surgiram outras, inclusive para
mulheres.

Em 1870 foi abolido o ingresso nas universidades tradicionais,


condicionado a fé anglicana e as mulheres puderam ter acesso, já em 1898 foi
aprovado o estatuto geral para as universidades inglesas.

A escola pública inglesa não tinha propriamente característica estatal e


sim significava que era aberta ao público.

Espanha: Também teve suas reformas escolares financiadas por


diferentes recursos: subvenções municipais, alunos pagantes, doações e
fundos de irmandades e associações (civis e religiosas).

Por ocasião da expulsão dos jesuítas foi divulgado em decreto à


escolarização de meninos e meninas, todavia como em outros países, a
educação se diferenciou por classes sociais ficando reservado aos pobres um
modelo de educação moral e religiosa, com alfabetização e aritmética básica,
rudimentos de desenho para a prática de ofícios.

A escolarização só se tornou obrigatória em 1857 (Lei Moyano) e


gratuita em 1901. Tal qual em outros países a educação na Espanha teve sua
concretização de pleno direito, atrasada, devido à questão do trabalho infantil.

Com a expulsão dos jesuítas a autorização para a docência ficou a


cargo da Irmandade de São Cassiano sendo extinta em 1780, e sendo
assumida a tarefa pelo Colégio Acadêmico da Nobre Arte de Primeiras Letras.
11

As escolas normais foram regulamentadas em 1838.

Em 1839 surgem os primeiros institutos de ensino secundário mantido


por taxas pagas por alunos, associações e recursos do município.

Quanto às mulheres não tinham opção profissionalizante fora dos cursos


normais, e seu ingresso nas universidades foi proibido entre os anos de 1882 e
1885.

Portugal: Também teve suas reformas educacionais marcadas pelo


fechamento dos colégios jesuíticos em 1759 e empreendidas pelo Marques de
Pombal que organizou a escola ementar em 1772, por alvará que determinava
o ensino gratuito financiado por um subsídio literário, a ser arrecadado sobre a
produção de vinho, entre outros. A lei regulava também a docência e definia o
conteúdo do ensino.

Stockler propôs um projeto nos moldes de Condorcet, dividindo o ensino


em quatro graus: elementar, técnico-profissional, secundário e superior, mas
não foi aplicado na ocasião.

A Constituição de 1822 ordenou que fossem criadas escolas para ler,


escrever, contar e doutrinas: religiosa e civil para ambos os sexos, já a
gratuidade foi implantada em 1826 e em 1835/36 acrescentou-se a
obrigatoriedade para as crianças com mais de sete anos, com sanção para os
pais. Apesar de estar entre as primeiras nações a implementar de modo pleno
o direito à educação, dados de 1890 registram 755 de analfabetismo em
Portugal. (má formação docente, pobreza da população e trabalho infantil).

A primeira escola normal foi construída em 1844, mas efetivamente


atuou a partir de 1860, em 1880 surge o Curso de Habilitação de Magistério –
nos liceus – com duração prevista de três anos, com habilitação de docência
para todas as etapas do curso primário, enquanto que os com duração de dois
anos habilitava a docência apenas para o primário de primeiro grau.

As mulheres pobres tiveram acesso a cursos de profissionalização e as


de classe média e alta podiam optar entre colégios religiosos e a educação
12

doméstica, poucas prestavam exames em liceus masculinos. O primeiro liceu


tipicamente feminino só foi fundado em 1906.

Estados Unidos: difundiu-se de modo próximo a experiência inglesa,


mas a escravidão só foi abolida em 1865 e não havia escolas para os negros.
Essa política levou à criação de escolas segregadas.

A gratuidade e obrigatoriedade se estabeleceram de modo lento devido


a autonomia de cada estado da federação - (em 1886 apenas 16 estados
tinham a obrigatoriedade como lei).

O método de Lancaster (ensino monitorial) tornou-se popular e as taxas


de alfabetização eram mais significativas nas zonas rurais e pequenas cidades.

O Ministério da Educação criado em 1867 quase não se ocupou de nada


além de compilar as estatísticas escolares até 1960. A relação entre escola e
Estado se fez descentralizada administrada por distritos escolares
comunitários.

A primeira escola normal estatal surge a partir do ano de 1830, inspirada


no exemplo dos seminários alemães e por volta de 1890 contam com 138
escolas normais para profissionalização da ação docente.

A escola foi um importante pólo para nacionalizar os imigrantes, e


aspectos como disciplina, pontualidade e regularidade dos trabalhos escolares
eram considerados essenciais para se desenvolver uma civilização industrial e
comercial.

Infelizmente a educação dos negros não se centrou no ideal de


integração cidadã, e sim na aquisição de hábitos morais, com uma rede escolar
específica, e de seu professorado também formado à parte, associando à
formação de disciplinas de praxe ao ensino agrícola profissionalizante.

América espanhola: Também marcada pela expulsão dos jesuítas e tal


como em Espanha foram criadas as Sociedades de Amigos do País, circulando
o ideário iluminista mas de maneira censurada por tratar-se de colônias.
13

Todas as colônias americanas se tornaram independentes antes da


década de 1830 e o discurso republicano reafirmou as críticas à herança da
educação no que tange a Igreja e aos militares e a necessidade de “ciências
úteis” e, apoiados em virtudes do regime republicano, difundiram-se apelos
para estender a escola elementar pública, muito embora na Argentina os
indígenas fossem vistos como um fardo da herança colonial.

3.5 Modos de escolarização da infância.

Com a valorização dos espaços íntimos e privados redefiniu-se o papel


da mulher, esse tempo inventou e consolidou a mulher como “rainha do lar”,
com novas responsabilidades, com papel social subalterno embora com
atributos valorizados – mãe, dona de casa e esposa – aliada aos novos valores
a infância foi sendo percebida com especialidades distintas das dos adultos,
demandando cuidados especiais. A crescente exploração do trabalho infantil e
da ampliação da miséria criou um problema político e social.

No final do século XVIII e durante o XIX houve diferenciação na


educação das crianças com relação a situação social dos grupos. Crianças
com mais poder aquisitivo recebiam instrução física, intelectual e moral
enquanto as crianças pobres ficavam a cargo de políticas estatais ou
filantrópicas para evitar que elas mendigassem ou ficassem soltas nas ruas
que as educava para o trabalho.

Destacam-se os médicos higienistas que contribuiram com novos


hábitos alimentares e de higiene, movimentos sanitários, o aleitamento materno
que era realizado, até então, por amas de leite.

Os filósofos retomaram os conceitos de Locke, em 1803 Kant publicou


Sobre a pedagogia, que seria, mais tarde, a base para o Romantismo. Kant sob
influência de Rousseau pretendeu uma combinação a intuição e o instinto com
a razão, pois as crianças possuíam uma bondade natural que poderia ser
desviada caso não fossem educadas.
14

O principal objetivo para ele, seria educar a criança para a liberdade e


para tornar-se um membro da sociedade.

Pestalozzi também sofreu influência de Rousseau, centrando sua teoria


na necessidade do desenvolvimento do fazer, o ensino das coisas antes das
palavras. Fundou escolas para crianças pobres, sendo a uma delas atrelada
escola normal, visitadas por vários educadores.

Fröbel, um desses visitantes, foi além da pedagogia de Pestalozzi,


produziu material pedagógico para facilitar a exploração da intuição e a
educação dos sentidos infantis. Inaugurou na Alemanha o jardim de infância,
destinado à educação infantil, e mais tarde difundido para outros países.

Spencer buscou racionalizar o naturalismo de Rousseau e Pestalozzi


com interpretações do evolucionismo de Darwin, aproximando-se do
positivismo evolucionista, entende como necessária uma educação que
proporcione conhecimentos úteis para o Estado, fundando a pedagogia na
curiosidade e na atividade.

Em seu IMPROVEMENTS IN EDUCATION, Lancaster discutiu questões


amplas e propõe educação liberal não filiada à Igreja. Esse modelo surge na Inglaterra
disseminando-se para vários países. Num local amplo, alunos distribuídos em fileiras
de acordo com o estágio, configurando divisão de classes. O professor em uma das
extremidades do salão, em cadeira mais elevada, sendo as lições cronometradas. Os
monitores ditam o conteúdo e os alunos escrevem em lousas.

Os procedimentos ainda são realizados na base da repetição, memorização,


soletração e silabação. Esta aprendizagem mecânica se repetia na aritmética,
subtendendo a criança como uma tabula rasa.

O novo tipo de escola – grupo escolar – escola central – graduada foi difundida
a partir da 2ª metade do séc. XIX, utilizando-se testes psicológicos como recurso
científico para se homogeneizar as classes.

A partir da ótica da didática conhecida como “lições de coisas” se elaborou


outra maneira de relacionar a criança com o ato de conhecer, a difusão deste
procedimento pedagógico aconteceu por intermédio de exposições universais. A
França sediou a primeira em 1798 e exibiu artefatos industriais, depois foram
organizadas em outros países, tornando-se internacional.
15

A partir da exposição de 1862, em Londres tornou-se frequente mostrar objetos


da educação tais como: livros, mobiliário escolar, material pedagógico, fotos, plantas
arquitetônicas, entre outros.

O novo olhar para a infância, a feminização do magistério e o conjuntos das


mudanças interferiram nos procedimentos didáticos e na forma como a escola se
organizou. Homens assumiram postos de comando nas políticas educacionais e na
direção escolar, ficando a mulher com seus atributos naturais reservadas à tarefa do
docência, o que em minha opinião fizeram com maestria, visto todo o desenvolvimento
do saber em nossos dias, por grandes cientistas e pensadores, entre outros, iniciados
em seus aprendizados por mãos femininas.

“Ninguém pode fazê-la sentir-se inferior sem seu próprio


consentimento.” – Eleanor Roosevelt

i
Nome da enciclopédia que Francis Bacon pretendera escrever em seis partes, completando apenas
duas
ii
Lancasterian método relativo a monitor, ou "comum", crianças foram usados para ensinar outras
crianças sob a orientação de um adulto. No início do século XIX o sistema, tal como desenvolvido por
Lancaster, Andrew Bell, e Jean-Baptiste Girard, foi amplamente utilizado para fornecer os rudimentos
da educação para o número de crianças pobres na Europa e América do Norte. Enciclopédia Britânica
online acesso em 18 de junho de 2009

Potrebbero piacerti anche