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A FCCE é a mais antiga Associação de Classe dedicada a FEDERAÇÃO DAS CÂMARAS DE COMÉRCIO
exclusivamente às atividades de Comércio Exterior. EXTERIOR – FCCE assinou Convênio com o CONSE-
Fundada no ano de 1950, pelo empresário João LHO DE CÂMARAS DE COMÉRCIO DAS AMÉRICAS,
Daudt de Oliveira (a ele se deve, 5 anos antes, a organismo que representa as Câmaras de Comércio
fundação da Confederação Nacional do Comércio – Bilaterais dos seguintes países: ARGENTINA, BOLÍVIA,
CNC ), a FCCE opera ininterruptamente, há mais de CANADÁ , CHILE , CUBA , EQUADOR , MÉXICO ,
50 anos, incentivando e apoiando o trabalho das PARAGUAI , SURINAME , URUGUAI , TRINIDAD E
Câmaras de Comércio Bilaterais, Consulados Estran- TOBAGO e VENEZUELA.
geiros, Conselhos Empresariais e Comissões Mistas a Além de várias dezenas de Câmaras de Comércio
nível federal. Bilaterais filiadas à FCCE em todo o Brasil, fazem parte
A FCCE, por força do seu Estatuto, tem âmbito da Diretoria atual, os Presidentes das Câmaras de
nacional, possuindo Vice-Presidentes Regionais em Comércio: Brasil-Grécia, Brasil-Paraguai, Brasil-Rússia,
diversos Estados da Federação, operando também no Brasil-Eslováquia, Brasil-República Tcheca, Brasil-
plano internacional, através “Convênios de Cooperação” México, Brasil-Belarus, Brasil-Portugal, Brasil-Líbano,
firmados com diversos organismos da mais alta Brasil-Índia, Brasil-China, Brasil-Tailândia, Brasil-ltália e
credibilidade e tradição, a exemplo da International Brasil e Indonésia, além do Presidente do Comitê
Chamber of Commerce (Câmara de Comércio Inter- Brasileiro da Câmara de Comércio Internacional, o
nacional – CCI), fundada em 1919, com sede em Paris Presidente da Associação Brasileira da Empresas
e que possui mais de 80 Comitês Nacionais, nos 5 Comerciais Exportadoras – ABECE, o Presidente da
continentes, além de operar a mais importante “Corte Associação Brasileira da Indústria Ferroviária – ABIFER,
Internacional de Arbitragem” do mundo, fundada no ano o Presidente da Associação Brasileira dos Terminais de
de 1923. Contêineres, o Presidente do Sindicato das Indústrias
A FEDERAÇÃO DAS CÂMARAS DE COMÉRCIO Mecânicas e Material Elétrico, entre outros. Some-se,
EXTERIOR tem sua sede na Avenida General Justo no ainda, a presença de diversos Cônsules e diplomatas
307, Rio de Janeiro, (Edifício da Confederação Nacional estrangeiros, dentre os quais o Cônsul-Geral da
do Comércio – CNC) e mantém com essa entidade, há República do Gabão, o Cônsul do Sri Lanka (antigo
quase duas décadas “Convênio de Suporte Administrativo “Ceilão”), e o Ministro Conselheiro-Comercial da
e Protocolo de Cooperação Mútua”. Em passado recente Embaixada de Portugal.
A Diretoria
Diretoria 2006-2009
Presidente
1 st V i c e - P r e s i d e n t e
Diretores
a aproximação
Relegado por mais de duas décadas como um continente de importância secundária,a África vem
se firmando, ao longo dos últimos anos, como uma das regiões prioritárias para as relações políticas
e comerciais do governo brasileiro.As evidências são muitas.Desde diversas viagens presidenciais até
a organização da 1ª Cúpula Mercosul-África, na Nigéria, em 2006, a busca por parcerias em vários
níveis com os Estados africanos traduz o objetivo de se estreitar os contatos de forma plena.Malgrado
as considerações de viés idealista que essa aproximação sugere – o resgate da diplomacia Sul-Sul-,
convém salientar os efeitos pragmáticos que podem advir através de relações mais aprofundadas com
os países desse continente. Sem embargo, a África ainda passa por problemas de fundo estrutural
- pobreza, fome, conflitos étnicos. No entanto, não obstante o leque de vicissitudes encontrado no
continente negro,há razões para se acreditar que grandes possibilidades de comércio e investimentos
possam ser encontradas por lá. Aliás, países como a China já acordaram para isso.
Com a missão de também incentivar o comércio e o fluxo de investimentos brasileiros nessa
área, a FEDERAÇÃO DAS CÂMARAS DE COMÉRCIO EXTERIOR (FCCE) realizou, no dia
20 de agosto de 2007, o Seminário Bilateral de Comércio e Investimentos Brasil-Nigéria. A série
de eventos promovida pela instituição, que já se consagrou como um dos maiores e mais bem
sucedidos encontros do setor de comércio exterior no Brasil, conta com o apoio e participação do
governo federal,através dos Ministérios das Relações Exteriores e do Desenvolvimento da Indústria
e Comércio Exterior, das principais associações de classe, tais como a Confederação Nacional de
Comércio (CNC),a Câmara de Comércio Internacional – ICC,aAssociação de Comércio Exterior CONSELHO DE
do Brasil (AEB) e o Conselho das Câmaras de Comércio das Américas. CÂMARAS DE COMÉRCIO
A escolha da Nigéria para o 29º seminário organizado pela FCCE não poderia ser mais pertinente. DAS AMÉRICAS
Afinal, esse é o país de maior população da África (cerca de 134 milhões de habitantes), a segunda
maior economia do continente (ficando atrás apenas da África do Sul), o 11º maior produtor de Expediente
petróleo do mundo, e nosso vizinho no Oceano Atlântico Sul. Não bastassem todas essas caracte-
Produção
rísticas,ainda compartilhamos com a Nigéria similaridades étnicas,oriundas do passado escravagista
Federação das Câmaras de Comércio - FCCE
dos dois países, e reivindicações por uma maior participação política em fóruns multilaterais.
Av. General Justo, 307 / 6º andar
É bastante salutar perceber que a atual administração governamental nigeriana busque promover Tel.: 55 21 3804 9289
políticas internas que objetivem o combate à corrupção, o saneamento financeiro do país, o for- e-mail: fcce@cnc.com.br
talecimento do Estado de Direito e a estabilidade econômica, conforme anunciou o embaixador Editor
plenipotenciário da Nigéria no Brasil, Kayode Garrick.A colocação dos ativos do banco nigeriano O coordenador da FCCE
Guaranty Trust Bank na Bolsa de Valores de Londres, feito inédito para uma instituição bancária Textos e Reportagens
localizada na África Sub-saariana, é uma prova de que essas políticas vêm dando resultado. Essa Brunno Braga
soma de fatores positivos poderá servir de estímulo para que empresários se sintam mais confiantes Projeto Gráfico, Edição e Arte
em investir na Nigéria. For’Avant Gráfica e Editora
O encontro promovido pela FCCE mostrou, todavia, que ainda há muito por fazer. É verdade Tel.: 55 21 3276 7003
e-mail: foravant@foravant.com.br
que temos um déficit comercial nessas relações, mas o que chama a atenção é constatar que quase
Revisão
100% das nossas compras concentram-se nos mercados de petróleo e derivados. Por outro lado,
Brunno Braga
mesmo apresentando uma grande diversificação nos produtos que são vendidos à Nigéria, não
Fotografia
conseguimos alcançar patamares condizentes com a real potencialidade consumidora desse país. Christina Bocayuva
Daí, a necessidade de fortalecer os canais diplomáticos e empresariais para que juntos sejam Secretaria
encontrados denominadores comuns e, por conseguinte, condicionem melhorias quantitativas e Maria Conceição Coelho de Souza
qualitativas nas áreas de comércio e investimentos.E esse papel vem sendo desempenhado com afinco Sérgio Rodrigo Dias Julio
pela FCCE, conforme o leitor poderá tomar conhecimento pelas páginas que assim seguem.
As opiniões emitidas nesta revista são de
BOA LEITURA responsabilidade e de seus autores . É permitida a
reprodução dos textos, desde que citada a fonte.
O EDITOR
6 ENTREVISTA 31 ENCARRAMENTO
Para o embaixador plenipotenciário A África é um continente que tem
suas potencialidades reais ainda
da Nigéria no Brasil, Kayode Garrick,
sub-exploradas. Por isso, cabe a
buscar o estreitamento das relações
diversos países, que queiram obter
entre o seu país e o Brasil está no ganhos nas relações com os países
rol de prioridades do seu governo, africanos, estabelecer diretrizes que
sobretudo no setor de energia. possam contemplar esse objetivo.
10 DIPLOMACIA 35 ENERGIA
Embaixador Fernando Jacques
Em razão das suas grandes reservas de petróleo, a
Pimenta afirma que seminários com
Nigéria atrai o interesse das maiores companhias
países africanos são importantes
petrolíferas do mundo. E a Petrobras, que pertence ao
para dirimir preconceitos em
clube dos gigantes do campo da energia em âmbito
relação a esse continente
internacional, não está alheia às potencialidades
energéticas existentes no país africano.
40 ECONOMIA
Considerado um dos mais
importantes bancos da
África, a diretora do Guaranty
Trust Bank comemora
20 PAINEL I os recentes sucessos da
instituição
Fomentar a parceria entre Brasil e Nigéria no campo
comercial, atrair investimentos em infra-estrutura no
país africano e aumentar o volume de comércio entre
os dois países são desafios que norteiam as relações
bilaterais entre as duas nações vizinhas do Atlântico
42 HISTÓRIA
Sul. Diplomata brasileiro mostra,
em projeto, hábitos levados
24 PAINEL II por ex-escravos brasileiros
libertos à África
A Nigéria é o 11º maior produtor de petróleo do mundo
e o primeiro do continente africano. Mas, em tempos
de aquecimento global, a obtenção de matrizes
alternativas de energia vem se tornando uma meta a
ser alcançada por diversos países do mundo.
“A Nigéria é um país
que pode propiciar
uma parceria
de longo prazo
com investidores
brasileiros”
Embaixador da Nigéria no Brasil diz que país
africano busca firmar diversas parcerias com o
Brasil
Para o embaixador plenipotenciário da Nigéria no Brasil, Kayode
Garrick, buscar o estreitamento das relações entre o seu país e
o Brasil está no rol de prioridades do seu governo, sobretudo no
setor de energia. Em entrevista concedida à Revista da FCCE,
durante o Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimen-
tos Brasil-Nigéria, o diplomata disse acreditar que as condições
são mais do que favoráveis para que esse objetivo seja alcançado.
Ocupando o cargo de embaixador no Brasil desde 2005, mas atu-
ando na pasta de Relações Exteriores do seu país há duas décadas,
Garrick se refere às semelhanças culturais, populacionais, geográ-
ficas e climáticas, além do processo de saneamento econômico
conduzido pelo governo nigeriano, como os pontos necessários
para que a aproximação entre Brasil e Nigéria se dê de maneira
mais consistente. Acompanhe os trechos da entrevista
Perfil do Embaixador refinarias de etanol no país, o que é, vemos algum interesse em saber mais
por si só, um importante passo dado. sobre a Nigéria por parte do empresa-
O Embaixador Extraordinário e As refinarias estão operando, mas não riado paulista, onde a Fiesp (Federação
Plenipotenciário da Nigéria no Brasil, na sua capacidade máxima. Até recen- das Indústrias do Estado de São Paulo)
Kayode Garrick está no serviço de temente, a Nigéria teve uma economia tem feito um ótimo trabalho no sentido
relações exteriores do seu país desde marcada por uma forte presença do de buscar maior conhecimento sobre
1979. Bacharel em Letras (Francês) Estado, com as refinarias de petróleo investimentos no meu país. Além disso,
pela Universidade de Ifé, além de falar pertencentes ao governo. A experi- estou muito feliz que a FCCE tenha de-
Inglês e Francês, é fluente em Alemão, ência nos mostrou que essa estratégia cidido realizar esse seminário, mesmo
Português e Italiano. não era a mais eficiente. Dessa forma, porque essa é a primeira vez que nós
Antes de assumir, em 2005, o posto decidimos passar para o setor privado temos esse tipo de evento na cidade do
de Embaixador no Brasil, ele atuou,
o controle das refinarias para dar maior Rio de Janeiro. Em breve, estaremos
dentro da carreira diplomática, em
eficiência. Contamos com o auxílio promovendo eventos desse tipo em
diversos setores, como o chefe do
Departamento da África (Região Sul), técnico do Brasil para que possamos outros estados brasileiros. A Internet
chefe da Escola de Treinamento do alcançar esse objetivo. é também uma ótima ferramenta para
Ministério de Assuntos Estrangeiros, facilitar o acesso às informações sobre
diretor da Escola de Treinamento do É possível criar um compromisso a Nigéria.
Ministério de Assuntos Estrangeiros, de cooperação entre os empresá-
diretor da Secretaria Geral do Ministé- rios dos dois países? “Sendo o Brasil uma das maiores
rio de Assuntos Estrangeiros e diretor Garrick - É o que desejamos. Na déca- potências mundiais na área agri-
– Assuntos Internacionais e Segurança da de 70, o Brasil era um dos principais cola, acredito ser muito impor-
Externa –Assessoria em Segurança exportadores de produtos para Nigé-
Nacional. ria. Com o passar do tempo, contudo, tante estabelecer acordos de coo-
Fora do seu país, o embaixador atuou vimos que isso não era uma situação peração para o desenvolvimento
Embaixada da Nigéria França, Zâmbia, sustentável. Se os brasileiros quisessem da agricultura em nosso país”.
Zimbábue, Suíça e, antes de assumir o que nós continuássemos a comprar os
cargo no Brasil, atuou como ministro K AYO D E G A R R I C K
seus produtos, sem desenvolver meios
da Embaixada da Nigéria nos Estados
Unidos.
para a produção local, num curto es-
paço de tempo, estaríamos bastante E senhor acredita que o gover-
“Como o Brasil, a Nigéria tam- endividados e diminuiríamos o nosso no brasileiro pode ser um bom
bém apresenta um grande fosso fluxo de comércio, como de verdade intermediador no processo de
que separa uma pequena parte aconteceu nas últimas décadas. Então, integração econômica entre os
da população, que é muito rica, e qual foi a lição que aprendemos com dois países?
isso? Trabalhar em conjunto, criar join- Garrick - Sem dúvida. Para se ter
a maioria muito pobre”. idéia, até 2005, nós ainda estávamos
K AYO D E G A R R I C K
ventures, trabalhar em diversas áreas.
Hoje, a Nigéria é um país que pode preocupados com os problemas oriun-
também que estão sendo criados dos da dívida que a Nigéria contraiu do
propiciar uma parceria de longo prazo
empregos no setor de infra-estrutura Brasil através de um acordo e que nós
com investidores brasileiros.
e serviços. Acredito, contudo, que o estávamos com dificuldades de honrar.
E quais são os atrativos que a
Brasil pode dar um melhor incremen- No final de 2005, o governo brasileiro
Nigéria dispõe para atrair inves-
to, por intermédio de parcerias entre decidiu perdoar parte da nossa dívida,
timentos brasileiros?
os nossos países. e então conseguimos pagar o resto.
Garrick - Muito esforço tem sido
No campo do etanol, Brasil e Assim, novos interesses em investir na
feito para atrair investimentos de
Nigéria firmaram um acordo Nigéria surgiram, depois desse episó-
vários países, inclusive de empresas
que visa ao suprimento desse dio. É claro que ainda não está num
brasileiras para a Nigéria. Eu acredito
biocombustível no país e também ritmo desejável, mas o nosso governo
que um dos principais entraves é a
dar apoio técnico para a produ- está fazendo o máximo para acelerar
falta de informação do empresariado
ção interna . Já há algum avanço esse processo. Portanto, estou muito
brasileiro a respeito das nossas reais po-
nesse sentido? confiante quanto às melhorias nas re-
tencialidades econômicas. No entanto,
Garrick - Sim. Já temos montadas lações entre os nossos países.
já há algum progresso nesse sentido. Já
lidades do mercado nigeriano, o do Brasil, Fernando Jacques de Ma- “Este encontro serve justamente
nosso maior parceiro comercial na galhães Pimenta. Estando à frente do para difundir as pontecialidades
departamento desde 2005, Pimenta existentes”
África. Essa é a visão do diretor do
F E R N A N D O P I M E N TA
Departamento da África (Deaf) do comemora os bons resultados recen-
Num plano geral, como estão se 1,4 bilhão, e importamos US$ 3,8 bilhões Dados sobre a Nigéria
desenvolvendo as nossas relações desse país. É claro que os valores são
Idioma Inglês
com a África? resultados dos altos preços do petróleo
Pimenta - O nosso comércio com a verificados nos últimos anos. Capital Abuja
África praticamente triplicou ao longo Qual é o papel do Deaf dentro do Presidente Umuru Yar’ Adua
dos últimos quatro anos. Saltou de US$ 5 MRE?
bilhões em 2002 para US$ 15 bilhões em Pimenta - O nosso departamento trata Área
2006. Além disso, estamos fortalecendo da África dentro de um plano geral, e - Total - 923.768 Km²
- % água -1,4%
o nosso relacionamento em outras áreas. não em pontos específicos. Por exemplo,
Aumentamos inclusive o número de em- há no Itamaraty vários departamentos População
- Total (2004) - 133.8813.703
baixadas no continente. Os africanos fiz- que cuidam de temas como promoção - Densidade - 147/Km²
eram a mesma coisa. Temos, atualmente, comercial, responsável por dar apoio
30 embaixadas residentes na África. Esses a empresários brasileiros que vão ao Independência - do Reino Unido
1º de Outubro de 1960
continente. Há a agência brasileira de
“Agora, há interesse de parte dos cooperação, voltada especificamente para
nigerianos na obtenção de ener- assuntos de cooperação técnica. O MRE Moeda Naira
gia renovável” também dispõe do departamento cultural, Hino Nacional Arise O Compatriors
F E R N A N D O P I M E N TA que se ocupa de vários programas, como Nigeria’s Call Obey
o que trata do convênio e intercâmbio de
PIB / 2006 US$191.4 bilhões
dados são importantes porque Brasil e estudantes africanos. Já a nossa função é
África têm muitas complementaridades, coordenar e supervisionar aspectos pro-
muitos interesses comuns. Dessa forma, tocolares, atuando junto à chancelaria dos
todos nós temos a ganhar com esse países da África.
processo de estreitamento nas nossas O programa de bolsas para estu-
relações. dantes africanos é um dos mais
E qual a análise que o senhor faz das notáveis dentro das relações Bra-
relações bilaterais Brasil-Nigéria? sil-África. É bastante visível a pre-
Pimenta – A Nigéria é um país extrema- sença de estudantes africanos nas
mente importante do continente africano, maiores universidades públicas
com uma significativa extensão territorial brasileiras. O senhor pode nos for-
e com uma população de 134 milhões necer informações a respeito deste
de pessoas. Nós já temos acordos no programa?
campo da energia fóssil. O Brasil compra Pimenta - O governo brasileiro tem
petróleo desse país que, junto com a Argé- um programa de bolsas para estudantes
lia, é um dos maiores fornecedores dessa do mundo todo. No entanto, as estatísti-
matriz energética no continente. Agora,
há interesse de parte dos nigerianos na “Duas missões na Nigéria es-
obtenção de energia renovável. Duas tiveram recentemente no Brasil
missões da Nigéria estiveram recente-
mente no Brasil para estudar e aprender para estudar mais sobre agri-
mais sobre a agricultura e a geração de cultura e geração de energia
energia no Brasil. Estamos estudando uma
missão brasileira para ir à Nigéria. É bom renovável.”
lembrar que atualmente temos acordos F E R N A N D O P I M E N TA
bilaterais em vários setores como saúde, cas mostram que, de 2001 a 2006, os
educação e não só no setor comercial. estudantes africanos respondem por
O senhor mencionou as compras 75% do total de quatro mil estudantes
brasileiras de petróleo nigeriano. estrangeiros no Brasil. É claro que, dentro
Poderia colocá-las em números? dessa porcentagem, estão os estudantes
Pimenta – O Brasil tem um déficit es- africanos dos países de língua portuguesa.
trutural com a Nigéria, em decorrência Há também, no entanto, boa presença de
das importações de petróleo. Para se ter países africanos francófonos e anglófonos,
uma idéia, em 2006 nós exportamos US$ esse último é o caso da Nigéria.
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Mesa da Sessão de Abertura do seminário da esquerda para direita: Emmanuel Ukpe, Cathy Echeozo, Marco Moreira Leite, Fernando Jacques Magalhães Pimenta,
Kayode Garrick, Armando Meziat, Murade Isaac Miguigy Murargy ,Teóphilo de Azedo Santos , Maurício doVal e Arlindo CatoiaVarela
A Nigéria é um país conhecido mundialmente pelas bilaterais realizados pela instituição, e que reuniu, ao
suas imensas reservas de petróleo. No entanto, um dos longo da sua trajetória, empresários, representantes dos
maiores paises do continente africano também conta governos brasileiro e dos países convidados, acadêmicos
com outros setores potenciais a serem explorados e estudantes da área de relações internacionais entre
comercialmente pelo Brasil. O Seminário Bilateral de demais participantes.
Comércio Exterior e Investimentos Brasil-Nigéria,
P
promovido, no dia 20 de agosto, pela Federação das ara compor a mesa da Sessão Solene de Abertura, Souza
Câmaras de Comércio Exterior (FCCE), no prédio da Lima convidou o vice-presidente da FCCE, Arlindo
Catoia Varela; o Conselheiro Comercial da Embaixada
Confederação Nacional do Comércio (CNC), no Rio de da Nigéria, Emmanuel Ukpe; a diretora-executiva do Guaranty
Janeiro, teve como objetivo tratar das possibilidades de Trust Bank, Cathy Echeozo; o 1º vice-presidente da FCCE, Paulo
Marcondes Ferraz; o diretor de Comércio e Serviços do Ministério
estreitamento nas relações entre os dois países. O semi- do Desenvolvimento da Indústria e Comércio Exterior (MDIC),
nário, conforme lembrou o presidente da FCCE, João Maurício do Val; o presidente do Conselho Empresarial de Co-
mércio Exterior, Marco Pólo Moreira Leite; o diretor-geral do
Augusto de Souza Lima, foi o 29º da série de encontros Departamento da África do Ministério das Relações Exteriores,
Fortalecer as relações
O diplomata nigeriano iniciou o seu dis-
curso elogiando a iniciativa da FCCE em
Sessão de abertura: Embaixador Garrick e o Secretário de Comércio Exterior do MDIC, Armando Meziat realizar o evento. “Sinto-me honrado em
fazer parte deste seminário. Eu gostaria de
Embaixador Fernando Jacques Magalhães “Nos últimos quatro anos e elogiar o presidente da FCCE e o Conselho
Pimenta; o presidente do Conselho Supe- Superior da Câmara pela iniciativa em
meio,as exportações brasileiras
rior da FCCE,Teóphilo de Azeredo Santos; criar esta série de encontros bilaterais. Eu
o Embaixador Plenipotenciário de Mo- saltaram de US$ 60 bilhões para gostaria, portanto, em nome do governo
çambique no Brasil, Murade Isaac Miguigy US$ 150 bilhões.” da Nigéria, de agradecer a homenagem
Murargy; o Embaixador Plenipotenciário A R M A N D O M E Z I AT especial que está sendo feita ao nosso
da Nigéria no Brasil, Kayode Garrick; e o país. É estimulante a presença, aqui, de
Secretário de Comércio Exterior, Arman- analisou. Ele acrescentou dados que mos- muitas personalidades importantes para
do Meziat, que presidiu a sessão. tram que, de janeiro a agosto de 2007, há a crescente cooperação entre a Nigéria
Ao fazer o discurso de abertura do crescimento das exportações da ordem e o Brasil” declarou. Segundo Garrick, o
seminário, Meziat disse ser bastante pra- de 15%, atingindo, assim, a marca de evento acontece num período interessante
zeroso estar presidindo a sessão, uma vez US$ 95,7 bilhões. Nesse mesmo período, dentro da longa história das relações entre
que a série de seminários promovidos Meziat afirmou que as importações au- os dois países. Ele ressaltou os laços histó-
pela FCCE traduz o que vem acontecen- mentaram 27%, somando US$ 70 bilhões, ricos e culturais, o que, segundo afirmou
do no comércio exterior brasileiro nos o que representa um superávit acumulado o embaixador, facilitam o fortalecimento
últimos anos. “Esse setor (o de comércio no ano de US$ 25 bilhões. da aproximação. “Nossas populações com-
exterior) está em alta, demonstrando um Meziat atribuiu esse quadro de cres- partilham atributos genéticos e culturais
desempenho realmente espetacular. Nos cimento das exportações brasileiras às comuns que são visíveis em nossa vida
últimos quatro anos e meio, as exportações alterações que vêm se processando na cotidiana”.
brasileiras saltaram de US$ 60 bilhões economia nacional. Ele argumentou que Num breve retrospecto histórico, o
para US$ 150 bilhões. Nesse período foi as empresas deixaram de exportar de embaixador contou que a reaproximação
gerado um superávit da ordem de U$ 160 forma ocasional, e passaram a incorporar entre a Nigéria e o Brasil começou nos
bilhões” declarou o secretário de Comér- o conceito de exportação como uma estra- anos 60, quando o país africano, após
cio Exterior. Em seguida, Meziat destacou tégia empresarial. O palestrante ressaltou, se tornar independente, formalizou as
a importância do crescimento do volume ainda, que atualmente existem ações que relações diplomáticas com Brasil. Após
das importações no contexto econômico buscam capacitar a mão-de-obra nacional um afastamento entre as décadas de 80
nacional. “Se somarmos os últimos doze e disseminar informações que ocorrem de e 90 do século passado, as relações bila-
meses, as importações já chegam a US$ forma crescente no setor de comércio ex- terais entre os dois países assumiram um
106 bilhões. Isso mostra um perfil alta- terior. “Eu diria que as empresas brasileiras ritmo acelerado nos últimos anos. Esse
mente positivo para a economia brasileira, têm dado uma demonstração de grande movimento culminou na troca de visitas
uma vez que 70% das importações são competência. Elas buscam priorizar in- presidenciais em 2005. O embaixador
feitas pela indústria e para a indústria, e vestimentos em inovações tecnológicas, comentou o último encontro entre os
estão relacionadas a bens de capital, ma- redução de custos, melhoria da sua produ- presidentes do Brasil, Luís Inácio Lula da
térias primas e produtos intermediários”, tividade, melhoria nos seus produtos. Os Silva, e da Nigéria, Umaru MusaYar’Adua,
mente competitivos com seus equivalentes e diversificar o valor total e o volume das
em qualquer parte do globo”. exportações não petrolíferas da Nigéria.
“Esses incentivos foram elaborados para
Reformas e investimentos resolver os principais problemas de ofer-
A reforma econômica da Nigéria tam- ta, demanda e competitividade do preço
bém testemunhou a quitação dos enormes das exportações nigerianas. Há também
débitos multilaterais junto ao clube de incentivos fiscais para algumas linhas de
credores de Paris e de Londres, entre os comércio, assim como benefícios e outras
anos 2005 e 2007, através de um processo garantias”, declarou o palestrante. Para
de gerenciamento de débito, envolvendo mais detalhes a respeito desses incentivos,
o pagamento de grandes quantidades de regimes tarifários e outras medidas de po- Os presidentes do Brasil, Luís Inácio Lula da
dinheiro, recompra de débito e baixa no lítica fiscal na Nigéria, Garrick informou Silva, e da Nigéria, Umaru MusaYar’Adua, na
perfil da dívida. Nesse período, a Nigéria o endereço da página da comissão para Alemanha, durante a Cúpula do G-8, em junho
conseguiu acumular significativas reservas promoção de investimento da Nigéria na de 2007.
estrangeiras, por intermédio da venda de Internet: www.nipc-nigeria.org
seu petróleo e de gás natural. Garrick nas relações bilaterais. “Por isso, hoje, a
informou que, entre 2006 e 2007, o país Conseguimos também estabilizar China superou os Estados Unidos, para
acumulou cerca de US$ 40 bilhões em a nossa moeda (o naira), através se tornar o principal parceiro de impor-
reservas. “Conseguimos também estabi- do programa econômico de re- tação da Nigéria, com 11% do comércio.
lizar a nossa moeda (o naira), através do formas e investimentos diretos Cerca de 20 mil chineses estão morando
programa econômico de reformas e inves- estrangeiros em setores fora do e trabalhando na Nigéria. Nesse cenário,
timentos diretos estrangeiros em setores campo petrolífero.” é bastante possível que a Nigéria e o Bra-
fora do campo petrolífero. Recentemente, E M B A I X A D O R K AYO D E G A R R I C K sil consigam dobrar seus números atuais
o valor dos investimentos alcançou a or- de comércio bilateral no sentido real da
dem de US$ 3 bilhões. Somente o setor O embaixador classificou como gra- cooperação Sul-Sul. Espera-se que este
de telecomunicação representou cerca de tificante as estatísticas disponíveis que seminário alcance um novo indicador de
US$ 1 bilhão investidos na Nigéria”. Essas mostram o crescimento das economias melhoria significativa do atual balanço
reformas e as novas habilidades de gestão, da Nigéria e do Brasil. Mostrando estar comercial e fluxo entre os dois países”,
acopladas à guerra contra corrupção e à informado sobre a situação do comércio disse.
promoção de maior transparência nas des- exterior brasileiro, Garrick citou dados a O embaixador nigeriano terminou a sua
pesas do governo, a Nigéria, pela primeira respeito dos primeiros sete meses do ano exposição dizendo que o atual momento
vez, recebeu a nota BB menos das agên- de 2007, nos quais mostram aumento nas é bastante propício para que se busquem,
cias de rating Fitch e Standard & Poor’s, vendas ao exterior em relação ao período em conjunto, políticas de cooperação
a mesma avaliação dada a países como o correspondente ao ano de 2006. “O Bra- econômica. “Jamais se verificou condições
Vietnam, Filipinas, Venezuela e Brasil. sil pode, portanto, conseguir seus alvos políticas e econômicas tão grandes como
Apoiados pelas reformas econômicas e econômicos do ano, incluindo US$ 152 agora para o fortalecimento de esforços
outras também em curso, as oportunida- bilhões em exportações, que representam comuns e de cooperação mútua entre a
des de investimento existentes na Nigéria um aumento de 10% sobre as exportações Nigéria e o Brasil. Nossos presidentes
já são realidade. Segundo o embaixador, as de 2006. Analogamente, a Nigéria garante demonstraram um forte compromisso em
inversões estão sendo feitas não somente alcançar um crescimento de 7% do PIB até estreitar os laços entre os dois países. O
nos tradicionais setores de petróleo e gás, o final de 2007. Isto é possível consideran- desafio, agora, está conosco para alcançar
mas também em eletricidade, minerais do o crescimento do setor não petrolífero os objetivos desejados. Nós teremos que
sólidos, transportes (aviação, ferrovias, que registra uma média de crescimento desenvolver a vontade, evoluir a estratégia
estradas e navegação), bancário e teleco- de 8%, comparado com os 3% nos anos certa, construir uma parceria verdadeira
municações. A fim de incentivar o inves- 90. O consistente rendimento elevado da e assumir o compromisso de conduzir o
timento local e estrangeiro na economia exportação de petróleo também tem asse- comércio e os investimentos entre nossos
nigeriana, Garrick contou que o governo gurado que as reservas externas da Nigéria dois países. Eu não tenho dúvidas de que
estabeleceu alguns incentivos. Os incenti- alcançassem uma marca histórica de US$ isso é bem possível com o compromisso
vos recaem sobre os setores da indústria, 44,09 bilhões em maio de 2007”, disse. dos dois lados”, concluiu o embaixador.
agricultura, telecomunicações, energia Um outro fato significativo apontado Após o término do pronunciamento do
elétrica, turismo e transporte. Há também pelo palestrante é a tendência dos países diplomata, o presidente da Sessão de Aber-
“incentivos de exportação”, visando a en- emergentes de mostras enorme dinamis- tura, Armando Meziat, deu por encerrada
corajar e auxiliar exportadores a aumentar mo no comércio internacional, sobretudo a primeira etapa do seminário.
Emmanuel Ukpe e Cathy Echeozo: participantes do Painel I discutiram o cenário para intensificação dos investimentos entre Brasil e Nigéria
Fomentar a parceria entre Brasil e Nigéria no campo comercial, atrair investimentos em infra-estrutura no país
africano e aumentar o volume de comércio entre os dois países são desafios que norteiam as relações bilaterais entre
as duas nações vizinhas do Atlântico Sul. O Painel I do seminário - que teve como tema: Perspectivas de Incremento e
Desenvolvimento da Balança Comercial-, procurou, por intermédio dos palestrantes convidados, discutir os rumos das
economias dos dois países para fortalecimento do intercâmbio comercial. O painel foi presidido pelo presidente do
Conselho Empresarial de Comércio Exterior da Associação do Comércio do Rio de Janeiro, Marco Pólo Moreira
Leite, e moderado pelo vice-presidente da FCCE, Arlindo CatoiaVarela. Os expositores da sessão foram o diretor de
Comércio Exterior do MDIC, Arthur Pimentel, e a diretora-executiva do Guaranty Trust Bank, Cathy Echeozo.
P
ara dar início aos trabalhos do cimento do número de cursos voltados que aproveitem seminários como esses”,
painel, Marco Pólo Moreira para o setor de comércio exterior. “A afirmou Moreira Leite. Segundo o repre-
Leite ressaltou a importância do presença de vocês (estudantes) aqui é de sentante da ACRJ, o comércio exterior
evento para o comércio exterior brasileiro. suma importância. O futuro do comércio está cada vez mais focado na especialização
Em seguida, ele destacou a presença do exterior brasileiro está nas suas mãos. O em países, ao contrário do que existia no
grande número de universitários da área Brasil não tem uma tradição nesse campo passado, quando prevalecia uma visão mais
de Relações Internacionais presente à porque nunca teve faculdades à altura da generalista. Após a sua breve participação,
palestra, afirmando que é extremamente necessidade que esse setor representa para ele passou a palavra ao primeiro expositor
positivo para a economia brasileira o cres- o país. Um pequeno conselho para vocês é do painel, o diretor do Decex, Arthur
Pimentel. para dar maior velocidade às investidas ção Mundial do Comércio) traz aqueles
Pimentel começou a sua palestra tra- empresariais. Qualquer passo em falso, ditames básicos do regramento comercial
çando o panorama do comércio exterior qualquer atraso, pode gerar a perda de internacional e o governo e as empresas
brasileiro entre os períodos de 2006 e os negócios”, afirmou Pimentel. têm que estar atentos a isso. Temos, em
meses de janeiro a julho de 2007. Antes, O processo que cuida da parte das do- função de todos esses estudos e experi-
contudo, ele deu alguns detalhes a respeito cumentações exigidas para o empresário ências, condições de desenvolver análises
das funções do órgão onde trabalha. Ele atuar nos intercâmbios internacionais é de comercialização dos produtos por
relatou que a Secretaria de Comércio também de responsabilidade do Decex. setor. Estamos pretendo disponibilizar
Exterior do MDIC está subdivida em Ele informou que entre as documenta- isso na Internet, principalmente para o
quatro departamentos. Departamento ções que pedem o aval do departamento, empresário que queira fazer um estudo
de Comércio Exterior (Decex); Departa- os mais solicitados são o licenciamento de de pesquisa de mercado”, afirmou.
mento Internacional (Deint), responsável produtos à importação e o registro das Para melhor auferir resultados positivos
pelo acompanhamento dos acordos inter- exportações em operações que requeiram dentro dessa meta, o diretor do Decex
nacionais firmados pelo Brasil; o Depar- uma autorização prévia (geralmente para destacou a importância do sistema infor-
tamento de Defesa Comercial (Decom); mercadorias negociadas em Bolsas de Va- matizado denominado Radar Comercial,
e o Departamento de Planejamento e lores internacionais, e que precisam ser pertencente ao Depla. Pimentel explicou
Desenvolvimento (Depla), responsável acompanhadas diariamente, em razão dos que esse sistema é um instrumento de
pelo desenvolvimento e planejamento níveis de oscilações dos preços interna- inteligência que possui um banco de da-
da geração de estatísticas dos nossos nú- cionais). O diretor do Decex comentou dos de 52 países. Juntos eles representam
meros, através do SISCOMEX (Sistema ainda sobre o registro de operações de mais de 98% do comércio internacional.
Integrado de Comércio Exterior). crédito para financiamento. “Nem sempre Nesse sistema, é possível verificar preços,
Ao especificar o papel exercido pelo o empresário brasileiro consegue vender quantidades e, principalmente, valores de
Decex, Pimentel explicou que as fun- à vista no exterior. Utiliza-se, então, a comercialização de diversos produtos em
ções desenvolvidas pelo departamento ferramenta Proex, um instrumento de diversos países. “Com o Radar Comercial,
envolvem, basicamente, todas as ope- financiamento operacionalizado pelo o empresário consegue analisar se o preço
rações de exportação, importação e as Banco do Brasil”. do seu produto está competitivo para
operações de drawback - instrumento, que O Sistema Integrado de Comércio Ex- aquele mercado. Esse é um instrumento
segundo ele, incentiva as exportações, terior (SISCOMEX), que envolve o pro- de muito valor em termos de pesquisa”.
desonerando as importações de compo- cessamento de dados sobre importação
nentes (matérias-primas e insumos)para e exportação, também recebeu destaque Balança comercial brasileira
posterior exportação. “O drawback acaba por parte do expositor. Ele contou que De 1997 a 2003, Pimentel avaliou
trazendo maior competitividade aos há em curso no Decex, trabalhos voltados que o Brasil passou por um período de
nossos produtos no exterior”, afirmou. para desenvolver uma atualização desse “letargia nas exportações”. No entanto,
Pimentel disse também que o Decex atua sistema. “Já o batizamos de NOVOEX. segundo ele, de 2003 em diante, o país
no processo de simplificação dos trâmites Pretendemos colocá-lo em disponibilida- começou a experimentar uma evolução
administrativos do comércio exterior. de no segundo semestre de 2008. O NO- quantitativa e qualitativa no seu comércio
Segundo ele, o departamento busca estar VOEX nasce da necessidade de enquadrar exterior.“Acredito que hoje o Brasil está
sempre atento às realidades do mercado, o antigo SISCOMEX dentro do rol das num caminho virtuoso sem volta. Está
auxiliando na redução de tempo e de novas especificidades do empresariado no caminho do progresso e do desen-
custos para o empresariado brasileiro. brasileiro, apresentando, assim, mais volvimento, aproveitando também a boa
“De nada adianta o empresário investir na facilidades operacionais”. Segundo Pi- onda que se instalou no mercado inter-
competitividade, se o governo brasileiro mentel, o SISCOMEX gera informações nacional. Depois de pequenas oscilações
não consegue acompanhar esses passos. O múltiplas, pois ele capta todos os dados de um determinado período, verifica-se
nosso papel é atuar em conjunto com o referentes aos setores de exportação e também, do lado das importações, a ten-
setor empresarial brasileiro. Com isso, o importação. Esse banco de dados alimenta dência de crescimento. Com isso, a gente
Decex consegue dar maior transparência outros sistemas informatizados, como o consegue, na composição de exportações
e objetividade às ações e processos, apri- Aliceweb, que é uma ferramenta de esta- e importações, observar o saldo bastante
morando as funções. O departamento tísticas disponível na Internet. maduro”, analisou. O diretor do Decex
também forma um grupo de trabalho Intermediar a busca da melhor sintonia afirmou que para considerar um país bem
constante para verificar mercados, anali- com as regras internacionais também inserido no comércio internacional, é
sar os empecilhos e discutir com os outros faz parte das preocupações do Decex, necessário que a sua economia demonstre
órgãos do governo as medidas necessárias segundo Pimentel. “A OMC (Organiza- uma boa corrente de comércio. Em sua
Kayode Garrick, Fabio Martins Faria, José Augusto de Castro e André Leitão Paes: palestrantes do Painel II discutiram o futuro da parceira energética.
A importância da parceria
energética
Dados mostram a relevância da Nigéria como país fornecedor de petróleo
para o Brasil e destaca o interesse do país africano pelos biocombustíveis
A
Nigéria é o 11º maior produtor de petróleo Petróleo e Fontes Alternativas de Energia, tratou do tema
do mundo e o primeiro do continente africa- com dois palestrantes convidados: o coordenador da
no. Mas, em tempos de aquecimento global, Diretoria Internacional da Petrobras, André Leitão Paes,
a obtenção de matrizes alternativas de energia vem se e do diretor de Planejamento e Desenvolvimento do
tornando uma meta a ser alcançada por diversos países Comércio Exterior do MDIC(Depla), Fabio Martins
do mundo, inclusive para esse país africano, que conta Faria, que também atuou como moderador da sessão. O
com abundantes reservas de combustível fóssil. O Pai- painel foi presidido pelo vice-presidente da Associação
nel II, intitulado As Relações Brasil-Nigéria nos Setores de dos Exportadores do Brasil, José Augusto de Castro.
“O comércio exterior brasileiro Fabio Martins Faria disse que a Nigéria é um grande mercado para produtos manufaturados brasileiros.
vem dando mostras de
merece destaque dentro do quadro das também se destacam. Os produtos bási-
grande dinamismo” exportações brasileiras. Ao apresentar o cos aparecem em quarto lugar na pauta,
F A B I O M A RT I N S F A R I A gráfico no qual mostra o desempenho das tendo a soja como a principal commodity
vendas internacionais de cada produto, negociada no exterior. O minério de ferro
Otimismo ele demonstrou a participação expressiva aparece logo em seguida, apresentando
Antes de tratar especificamente das das manufaturas, que respondem por um crescimento de 23,5%. Os produtos
relações bilaterais entre Brasil e Nigéria, 55% da pauta, e que, este ano, registra químicos, as carnes, máquinas e equipa-
Faria fez questão de reforçar o sentimen- um crescimento de 12%. No entanto, ele mentos, dão prova da diversificação da
to de otimismo verificado pelo governo considerou o aumento significativo dos nossa pauta de exportações. “O Brasil é
brasileiro em relação aos números obti- produtos básicos, sobretudo em função um exportador significativo de máquina
dos no comércio exterior nos primeiros da evolução das cotações dos preços das e equipamentos do mundo. Temos nesse
sete meses do ano. “Como já afirmou o commodities que o Brasil exporta para segmento um crescimento em torno de
nosso secretário de Comércio Exterior o mundo. “Somos grandes exportadores 17%”, afirmou o expositor. Os setores de
(Armando Meziat), estamos caminhando de produtos da agroindústria e produtos O Brasil é um exportador signifi-
para fechar o ano com US$ 155 bilhões minerais que estão vivendo um momento
muito favorável nas suas cotações. Isso cativo de máquina e equipamen-
de exportações. Nos primeiros sete
meses do ano, verificamos um aumento tem feito crescer a participação dos pro- tos do mundo.Temos nesse seg-
de 17% das exportações brasileiras. As dutos básicos na pauta de exportação do mento um crescimento em torno
importações também vêm crescendo de comércio exterior brasileiro. Contudo,
em termos de volume, ou seja, em termos
de 17%
forma bastante expressiva, na casa dos F A B I O M A RT I N S F A R I A
28%, surpreendendo alguns analistas de valor total exportado, a participação
dos produtos manufaturados domina couros e calçados, prejudicados, especial-
que costumam apresentar números um mente, pela concorrência com os similares
pouco pessimistas. Em suma, o comércio amplamente a pauta das exportações bra-
sileiras”, avaliou. O setor de material de chineses e com a apreciação cambial, estão
exterior brasileiro vem dando mostras no final da lista de itens apresentados.
de grande dinamismo”, disse o diretor do transporte encabeça a lista dos principais
produtos exportados, incluindo toda a Faria ressaltou, no entanto, que mesmo
Depla, que lembrou que a atual estimativa enfrentando tais vicissitudes, o setor de
do quadro das exportações modificou as parte automotiva, auto-peças, caminhões,
ônibus, tratores, aeronaves e motores. couro e calçados está crescendo 14% este
previsões de volume de exportações na ano. “Esse aumento se dá, sobretudo, pelas
casa de US$ 152 bilhões feitas no início Esse setor representa cerca de 14% da
nossa pauta exportadora. Os setores de exportações de couro, mas também há
do ano. contribuições da área de calçados. Esse
Segundo Faria, o setor de manufaturados metalurgia e de petróleo-combustível
setor tem buscado nichos que têm per-
mitido contrabalançar as dificuldades de consumo, que apresentou um crescimento pelo então ministro Furlan. O ex-ministro
colocação de volume” analisou. bastante acelerado de janeiro a julho deste levou um grupo de empresários para in-
Em termos de destino dos principais ano, cresceu 32,5% em relação aos mes- crementar o comércio entre os dois países,
produtos brasileiros, o diretor do Depla mos meses do ano passado. “Mas os bens sobretudo para reduzir o déficit que se
informou que a União Européia está em de consumo duráveis (eletrodomésticos e apresenta na balança comercial brasileira.
primeiro lugar como mercado comprador. eletroeletrônicos em geral) representam Esse perfil de país superavitário se repete
Ele comentou, porém, sobre a grande somente 13% do total do que o Brasil no comércio da Nigéria com o mundo. De
representatividade que passou a ter, nos importa”, explicou. acordo com o quadro apresentado pelo ex-
últimos anos, os países da América Latina Entre os principais fornecedores, a Ásia positor, o total exportado, em 2006, pelo
como compradores dos produtos brasi- surge como a principal supridora, sobre- país africano foi de aproximadamente US$
leiros. “O grupo Aladi (Associação Lati- tudo pela relevância da importação de 50 bilhões, enquanto que, nesse mesmo
no-Americana para o Desenvolvimento e componentes para a indústria brasileira. ano, as suas compras totalizaram cerca de
Integração), é o segundo bloco de destino Dentro desse quadro, a China se destaca US$ 30 bilhões. “Portanto, há um espaço
das nossas exportações. O interessante é como importante fornecedor mundial de bastante significativo para o crescimento
que verificamos um crescimento bastante componentes. “É um fenômeno global, do comércio com o Brasil, mesmo porque
intenso nas duas mãos, ou seja, as nossas a maioria dos países tem a China como as nossas vendas, em 2006, foram US$ 2
exportações têm crescido para a América grande país exportador na área de eletro- bilhões num país que importa cerca de
Latina, mas as nossas compras de produtos eletrônica” analisou o diretor da Depla. Já US$ 30 bilhões. Precisamos explorar o
desses países também estão aumentando”. a União Européia aparece como o segundo incremento do comércio com a Nigéria.”,
Para o expositor, a Ásia e África também bloco exportador para o Brasil, com cres- conclui a exposição.
vêm tendo crescimento expressivo como cimento de 27% nas vendas. Em relação
mercados. Ele alerta, contudo, que no- ao grupo Aladi, houve um crescimento Petrobras na Nigéria
que diz respeito às compras de produtos de 28%, mesmo percentual apresentado O segundo expositor do painel foi o
africanos, verifica-se uma considerável pelos EUA. coordenador da Área Internacional da
concentração de produtos primários, em Petrobras, André Leitão Paes. Responsável
razão do seu incipiente parque industrial. Um mercado em ascensão pela coordenação de negócios da empresa
“As importações são muito concentradas No intercâmbio Brasil-Nigéria, a curva na Nigéria, ele iniciou a sua apresentação
quando a origem é africana. Diferente do de crescimento também foi considerável. fazendo um breve histórico da atuação da
que ocorre com as exportações, quando Sendo o volume das trocas de comércio companhia no país africano que, segundo
somos fornecedores de produtos bastante deficitário para o Brasil, o gráfico mostra- informou, é um dos destaques entre os 21
diversificados”. do pelo diretor do Depla mostrou que esse países onde a Petrobras atua. Dentro do
déficit vem crescendo significativamente, panorama internacional, a Nigéria aparece
Exportação de sobretudo devido às importações de pe- em quarto lugar, com 167 milhões barris,
Manufaturados tróleo. A Nigéria é hoje o 25º destino das do total de 1,2 bilhão de barris. Em termos
Na lista de produtos importados, as vendas brasileiras. Embora se verifique o percentuais, esse volume corresponde a
matérias-primas e bens intermediários aumento do valor exportado, a Nigéria 13,2% das reservas da área internacional.
representam grande parte do que o Bra- representa cerca de 1% da pauta de desti- “Começamos as nossas atividades na Nigé-
sil compra do exterior. Faria destacou a no das exportações nacionais. “Em termos ria em 1998, com a aquisição de dois blo-
importância desses produtos para o de- de valor agregado, a Nigéria é um grande cos de exploração de petróleo. O primeiro
senvolvimento da economia brasileira, já mercado para produtos manufaturados foi o OPL 216, e, depois, o OPL 246. De-
que eles serão usados pela indústria para o brasileiros, que representam 76% de tudo pois, abrimos o nosso escritório em 2000
beneficiamento. Em seguida, aparecem os o que o Brasil vende para o país africano. e, desde então, tivemos um crescimento
bens de capital, que teve um crescimento É um mercado bastante expressivo para os bastante razoável. Hoje, temos quatro
de 25% nos primeiros sete meses do ano, produtos desse setor”, afirmou. A gasolina blocos administrados no país”, disse Paes.
em relação ao mesmo período do ano e o açúcar estiveram entre os principais
passado. “Esses dados nos faz ter segurança produtos vendidos em 2006. “Começamos as nossas ativida-
para afirmar que essas importações são de Na importação, a Nigéria se destaca des na Nigéria em 1998, com a
qualidade. Elas (as importações) vão gerar como o 5º maior fornecedor de produtos aquisição de dois blocos de explo-
emprego e aumento de produção no país”, (em termos de volume) para o Brasil.
disse Faria. Na área de petróleo-combus- Segundo informou Faria, a condição ração de petróleo”
tível, Faria mostrou que as importações deficitária desse comércio motivou a ida
ANDRÉ LEITÃO PAES
cresceram 22%, e o setor de bens de de uma missão à Nigéria, feita, em 2006,
co maior por ser o primeiro no qual houve sabilidade social na Nigéria. Nesse país,
um acordo entre os sócios que inclui no os maiores investimentos sociais da estatal
seu texto o compromisso de adequação brasileira estão nos setores de saúde e
dos dez princípios do Global Compact educação. “Em 2006, a Petrobras começou
(acordo que visa ao tratamento de temas a conceder bolsas de estudo. Na parte
voltados ao respeito ao meio ambiente, de saúde, temos atuado na prevenção à
direitos humanos e transparência nas malária e à Aids”. Ele disse também que
operações de negócios, como o combate há investimentos da estatal brasileira para
à corrupção)”. Em relação aos blocos auxiliar o desenvolvimento da agricultura
de desenvolvimento e produção, o OML na Nigéria.
127 e OML 130, respondem juntos pelo Em meados do mês de agosto, a direto-
total de 1,6 bilhão de barris de petróleo ria-geral da Petrobras anunciou o plane-
produzidos, com operações nos campos jamento estratégico da empresa para os
de Agbami (OML127) e Akpo, Egina, próximos quatro anos (2008-2012). De
Egina South e Preowei (OML 130). Den- acordo com o quadro apresentado pelo
Os investimentos da Petrobras na tro do OML 127, a Petrobras atua em expositor, o total de investimentos está
área internacional previstos es- parceria com Chevron , Statoil, Famfa Oil na ordem de US$ 112 bilhões, divididos
tão na ordem de US$ 15 bilhões e NNPC, possuindo 13% de participação. por segmentos: exploração e produção
Quanto à parceria formada para atuar no (E&P), downstream, petroquímica, gás e
ANDRÉ LEITÃO PAES OML 130, Paes informou que as empresas energia e biocombustíveis. “Desse total,
que atuam em conjunto com a Petrobras os investimentos da Petrobras na área
são CNOOC, Sapetro, NNPC, e a estatal internacional previstos estão na ordem
O coordenador da Petrobras explicou
brasileira detém 20% do total dos ativos de US$ 15 bilhões para os próximos
que os quatro blocos estão divididos em
empreendidos. quatro anos”, declarou. Ele revelou que
dois de desenvolvimento e produção - Oil
o objetivo do plano de investimentos é
Mining Lease - (OML 127 e OML 130), e Produção de Etanol transformar a Petrobras num das cinco
dois de exploração - Oil Prospect Licence
Os negócios mais recentes da Petrobras maiores empresas do setor de energia do
- (OPL 324 e OPL 315). Ele acrescentou
na Nigéria têm como objetivo buscar a mundo. “No planejamento estratégico
que a empresa atua em águas profundas, na
diversificação da atuação da companhia. anterior, a intenção era se tornar empresa
faixa de mil a dois mil e seiscentos metros
Entre as estratégias traçadas pela empresa, líder na América Latina. Nesse novo plano,
de profundidade.
está a preparação de um acordo entre a a meta é mais ambiciosa. É uma mudança
O OPL 324 é o mais antigo entre os
Petrobras e a NNPC (estatal petrolífera de enfoque que vem acontecendo já há um
dois blocos de exploração de petróleo. A
nigeriana) que visa à prestação de auxílio bom tempo”, concluiu.
Petrobras atua, nesse bloco, em parceria
á empresa nigeriana no desenvolvimento Após a conclusão da palestra do repre-
com as empresas Exxon Mobil e a Statoil.
do etanol como combustível alternativo. sentante da Petrobras, o presidente do
Nesse trabalho em conjunto, ela dispõe de
“Já assinamos o MOU (Memorando de painel, José Augusto de Castro, fez um
37,5% do total. “Nós somos responsáveis
Entendimento, em sua sigla em inglês), balanço das exposições apresentadas,
pela operação, e tivemos grande sucesso
para fechar um acordo de suprimentos de afirmando estar otimista em relação ao
nesse lado operacional. A Petrobras já
etanol. Esse acordo continua em negocia- futuro da economia nigeriana “Há um de-
furou dois poços nesse bloco, um deles
ção para o acerto de alguns detalhes, mas talhe que eu gostaria de destacar. Durante
inclusive foi recorde na profundidade.
deve ser concluído ainda este ano”, disse o seminário, falamos de investimentos,
No momento, a empresa está efetuando
Paes. O gás natural também está no plano exportação e importação e não foi fei-
estudos, avaliando outras possibilidades”,
estratégico de diversificação operacional ta, uma única vez, menção à expressão
afirmou. Já o bloco OPL 315 é mais recen-
da Petrobras no país africano. Em 2007, dívida externa. No passado, quando a
te. Adquirido em 2005, a Petrobras tem
a empresa brasileira começou a trabalhar gente pensava em Nigéria, pensávamos
como parceiros Statoil e a Ask Petroleum,
com o GNL (gás natural liquefeito), fir- o país com dívida externa. O petróleo
e a estatal petrolífera brasileira conta com
mando um acordo com a Nigéria LNG, simplesmente reverteu essa situação. A
45% de participação. “Já fizemos alguns
uma das empresas que fornecem o pro- Nigéria, conforme anunciado aqui, tem
estudos de sísmica e estamos avaliando
duto na Nigéria. um superávit alto, em torno de US$ 30
a perfuração de um poço que deverá ser
O coordenador da Petrobras Interna- bilhões e, agora, superado o problema da
atingido no mês de junho no ano que vem.
cional contou ainda que a empresa atua, dívida externa, a ordem agora é buscar o
Esse bloco tem uma importância um pou-
de forma expansiva, no setor de respon- desenvolvimento”.
SERVIÇOS E LOGÍSTICA
Palestrantes discutem a importância dos setores de serviços e dos
investimentos em logística para o comércio exterior entre Brasil e Nigéria
Embaixador Garrick, Mauricio doVal e Jovelino Gomes Pires discutem os investimentos em logística durante o Painel III do seminário Brasil e Nigéria
Brasil participar de forma mais competitiva de atacado, do varejo, de franquias e de comercial de serviços, deve receber
no mercado internacional”, disse. serviços comissionados. “Havendo estra- também uma atenção especial”, disse.
O palestrante explicou que, em termos tégias que desenvolvam oportunidades Essa situação se reverte com a Nigéria.
práticos, tratar de estratégias de políticas importantes para esses dois setores, nós As importações brasileiras de serviços
públicas de comércio obriga, necessaria- estaremos otimizando os recursos dis- da Nigéria alcançaram US$ 9,3 milhões,
mente, o governo a focar no setor de ser- poníveis para apoiar o comércio exterior no ano passado, concentrando-se, basica-
viços. Para ele, a capacidade de acarretar brasileiro. Então, os recursos investidos mente, em remessas para pagamento de
um movimento conseqüente nos outros para incrementar os setores de serviços aluguel de equipamentos. Já as exporta-
setores torna indispensável olhar com de engenharia de construção civil e de ções atingiram US$ 5,2 milhões em que
cuidado a exportação de serviços. Ele citou setores de distribuição têm efeito especial a concentração maior dessas exportações
dois tipos de setores que são capazes de e multiplicador maior do que qualquer foi de serviços de consultoria em comér-
mobilizar e arrastar tanto outros setores outro setor da economia”, avaliou. cio exterior. “As relações comerciais de
de serviços como uma extensa cadeia de serviços entre Brasil e Nigéria ainda são
exportação de bens e de produtos ma- FLUXO INTERNACIONAL DE praticamente inexpressivas. No entanto,
nufaturados. O primeiro deles é o setor SERVIÇOS elas demonstram uma capacidade muito
de engenharia de construção civil e sua Apesar de destacar que o comércio de grande de investimentos e ações que
capacidade de geração e oportunidades serviços tenha registrado crescimento, possam intensificar o fluxo de comércio
de negócios para exportação de bens. o setor apresentou déficit nas suas tran- entre os dois países a partir de melhoras
O segundo, é a exportação de serviços sações com os demais países do mundo. consistentes em termos de oportunidades
de distribuição, considerando os setores Em 2006, as exportações de serviços de serviços”, declarou.
“Nossas exportações de serviços alcançaram US$ 18 bilhões e as importa- Na visão do diretor do MDIC, há muitas
ções US$ 27 bilhões. “Qualquer estratégia oportunidades na área de serviços, além
têm crescido de forma sustentada de melhora de resultados de balanço de de outros setores da economia, verifica-
nos últimos três anos” pagamentos, mesmo através da balança das nas relações comerciais entre Brasil
M AU R Í C I O DO VAL
e Nigéria. Ele disse que o país africano ele, tudo isso encarece os serviços de co-
consegue atrair interesse de qualquer país, “As projeções do Goldman Sachs mércio de bens para o exterior. No entan-
em razão das suas grandes reservas de indicam que, em 2025, a Nigéria to, ele elogiou a iniciativa da Companhia
petróleo. Além desse aspecto importan- do Vale do Rio Doce, que, recentemente,
te, o representante do MDIC ressaltou o será a 20ª economia do mundo.” criou a empresa de navegação Log-In. Esse
amadurecimento da economia nigeriana. M AU R Í C I O DO VAL movimento fará com que essa no empresa
“É fato que a Nigéria é um país que, nos
últimos cinco anos, teve uma média de ao longo dos últimos anos, ele citou que
crescimento do seu PIB da ordem de 7%. há oportunidades interessantes na área
As projeções do Goldman Sachs (banco de engenharia e construção civil, além da
de investimentos americano) indicam que, disponibilidade de recursos minerais. “A
em 2025, a Nigéria será a 20ª economia do qualidade reconhecida internacionalmente
mundo, e, em 2050, a 12ª”, avaliou. dos serviços de engenharia de construção
no Brasil poderia ser um elemento fomen-
“O Brasil tem que buscar diversificar tador das relações comerciais entre os dois
o seu comércio máximo possível.” países (Brasil e Nigéria)”, concluiu.
M AU R Í C I O DO VAL
Logística
Em termos de oportunidades, o pales- O segundo expositor do painel foi
trante disse que é importante destacar Jovelino Gomes Pires, presidente da
as posturas das relações comerciais que Câmara de Logística da Associação dos
o Brasil vem tendo, principalmente com
os seus vizinhos. “Quando há um déficit
Exportadores do Brasil (AEB). Para ele, “Brasil e Nigéria estão no
o grande problema que o Brasil apresenta hemisfério sul. Se diminuir
comercial ou um superávit permanente na troca de bens é a dificuldade de o país
verifica-se um inibidor da intensificação conseguir superar os gargalos estruturais os gargalos logísticos, o fluxo de
do fluxo de comércio. Então, muito mais para colocar produtos ou vender serviços comércio entre os dois países pode
do que buscar aumentar o seu superávit no exterior. “O primeiro passo a ser dado
nas relações comerciais com os seus par- ter resultados maravilhosos”
é o do planejador. A sua função é fazer um
ceiros tradicionais, o Brasil tem que buscar trabalho de levantamento de transparên- J OV E L I N O G O M E S P I R E S
diversificar o seu comércio o máximo cia de mercado. Isso é importantíssimo, adquira cinco novas embarcações por in-
possível. Isso exige inclusive ações do porque quem está no interior do País termédio de recursos oriundos do Fundo
governo que estimulem as importações pode procurar, através do MDIC, abrir de Marinha Mercante, com financiamento
de produtos”, afirmou.Ele defendeu, da portas, e, pelo trabalho de transparência do Banco do Brasil. O trajeto a ser feito
mesma forma, a necessidade de se refletir de mercado, saber o que se pode oferecer”, pelos navios da Log-In será no entorno da
sobre as oportunidades que o mercado afirmou. Na avaliação do representante da costa brasileira, podendo se estender para
brasileiro representa na busca de receber AEB, esse processo interessa à Nigéria. o Atlântico Sul. “Isso pode ser benéfico
e dar oportunidade a uma geração de Pires explicou que o país africano nutre para as relações com a Nigéria”
fluxo de comércio. “Nós buscamos dar também interesse em produtos, peças e Não obstante o sucesso das grandes
oportunidades para os nossos parceiros componentes que o Brasil pode oferecer. empresas brasileiras - como a CVRD,
que têm uma relação de déficit comer- O investimento em logística foi ressalta- Petrobras e Embraer-, no comércio ex-
cial importante conosco a partir de um do pelo expositor como fator importante terior, Pires declarou que o Brasil precisa
projeto importador, utilizando basica- para a redução de custos do comércio incentivar mais a participação das pequenas
mente o nosso setor de distribuição, nos exterior brasileiro. “Brasil e Nigéria estão e médias empresas no comércio exterior.
serviços de atacado. Buscamos também o no hemisfério sul. Se diminuir os gargalos “Não precisa ser grande pra fazer comér-
equilíbrio nas nossas relações comerciais logísticos, o fluxo de comércio entre os cio exterior. Na Alemanha, 60% do seu
em que temos uma posição deficitária, a dois países pode ter resultados maravi- comércio exterior é feito por pequenas
partir do envolvimento e da concessão e lhosos, pois haverá uma baixa nos custos e médias empresas. Nos Estados Unidos,
oportunidades maiores para o setor de do transporte de logística”, afirmou. Pires esse percentual é semelhante. E nós não
engenharia e construção civil” declarou o lembrou que atualmente há enormes pro- podemos ficar muito atrás disso”, concluiu.
diretor do MDIC. blemas de transporte de mercadorias no Após o término da exposição do represen-
No caso específico da Nigéria , que de- Atlântico Sul, como o alto preço do frete, tante da AEB, o presidente do painel deu
tém um superávit comercial consistente greves, demora no escoamento. Segundo por encerrada a sessão.
Embaixador Fernando Jacques Pimenta, diretor do Deaf, reafirma na sessão solene de encerramento a posição otimista para futuro das relações Brasil-Nigéria
A
África é um continente que tem a Sessão Solene de Encerramento do Se- também convidado a compor a mesa o
suas potencialidades reais ainda minário Bilateral de Comércio Exterior e conselheiro comercial da Embaixada da
sub-exploradas. Por isso, cabe a Investimentos Brasil-Nigéria. Para compor Nigéria no Brasil, Emmanuel Ukpe.
diversos países, que queiram obter ganhos a mesa da sessão, o presidente da FCCE,
nas relações com os países africanos, esta- João Augusto de Souza Lima convidou o A importância da África
belecer diretrizes que possam contemplar embaixador da Nigéria no Brasil, Kyode O diretor do Deaf iniciou o seu discur-
esse objetivo. E o Brasil, nesse sentido, tem Garrick; o embaixador de Moçambique no so agradecendo à iniciativa da FCCE em
feito a sua parte. Por isso, ter a Nigéria Brasil, Murade Murargy; vice-presidente realizar o seminário, enfatizando os esfor-
como parceiro especial na África é crucial, do Conselho Superior da FCCE, Gustavo ços da instituição de aproximar o Brasil
em razão do seu peso político e econômico Capanema; os vice-presidentes da FCCE, com demais países africanos. Para ele, a
dentro do continente africano. Essa foi Arlindo Catoya Varela, Joaquim Ferreira importância de se voltar os olhos para a
a idéia geral apresentada pelo diretor do Mângia, Ricardo Vieira Martins; os dire- África reside no fato de que o continente
Departamento da África do Ministério das tores da FCCE, Roberto Habib, Cássio está atraindo interesses de diversas nações
Relações Exteriores, embaixador Fernando Monteiro França, Luis Cesário Amaro da importantes do mundo, cientes das enor-
Jacques Magalhães Pimenta, que presidiu Silveira; e, pra realizar o pronunciamento mes potencialidades existentes naquela
especial da sessão de encerramento, foi região. “Não é por outra razão que estamos
31
ENCERRAMENTO
assistindo uma corrida de diversos países Relações múltiplas pula, a ser realizada na Venezuela”, disse o
– EUA, Índia e China – em disputa pelo Sobre a parceria com a Nigéria em diplomata. Nessa cúpula, os grupos envol-
mercado africano. Todos estão tentando particular, Pimenta reafirmou a posição vidos já apresentarão propostas concretas,
obter uma posição privilegiada na África. que o país ostenta como líder nas relações entre elas, o restabelecimento de uma
O continente vem passando por transfor- comerciais com o Brasil no continente. linha aérea direta entre Brasil e Nigéria.
mações muito importantes nos campos No entanto, ele disse que os contatos Através de conversações entre os demais
político, econômico e social. E o Brasil entre os dois países transcendem o campo países sul-americanos e africanos, pode-se
não poderia estar ausente nesse processo”, comercial, pois abrangem outras áreas. “É explorar rotas de grande rentabilidade e
afirmou Pimenta. uma parceria muito rica. É um país com que atenda à demanda de movimentação
O embaixador revelou que o Brasil o qual o Brasil está desenvolvendo uma entre os dois continentes. “Eu sou um
desenvolve políticas muito ativas para parceria estratégica que envolve diferentes otimista no desenvolvimento das relações
reforçar as atuais relações com a África. campos, como na área da saúde, energia e com a África, e, particularmente, com a
“Não agimos apenas motivados com a agricultura. Em suma, temos desenvolvido Nigéria. As expectativas são mais do que
possibilidade de ganhos e lucros, mas parcerias interessantes com a Nigéria nos positivas”, concluiu o embaixador que pas-
também em razão do imenso legado que mais diversos setores”, afirmou, acres- sou a palavra para o conselheiro comercial
a África nos deixou. O Brasil tem uma centado que as relações com a Nigéria da Embaixada da Nigéria no Brasil.
grande dívida social e cultural com o
continente africano. A África contribuiu,
equivalem àquelas que o Brasil possui “Sou um otimista com o desenvolvi-
com a Argentina, pois o país, localizado
de forma muito interessante, para a nossa mento das relações com a África.”
ao oeste do Atlântico Sul, é considerado
formação social. Então, é muito natural pelo governo brasileiro como estratégico J A C Q U E S P I M E N TA
que o Brasil procure desenvolver o nos- dentro do âmbito geopolítico.
so relacionamento com o continente”. Embaixada da Nigéria de portas
Na visão do embaixador, esse relaciona-
Contudo, ele fez questão de ressaltar que, abertas
mento não diz respeito, apenas, às relações
mesmo aumentando, nos últimos anos, bilaterais. Ele contou que Nigéria e Brasil Após agradecer a participação das en-
o grau de relacionamento com os países também coordenam as relações no plano tidades responsáveis pela realização do
africanos (assim como para outras regiões multilateral, dadas as afinidades de posi- seminário, Ukpe ressaltou que as relações
do hemisfério sul), o governo brasileiro ções e interesses comuns dentro de foros entre Brasil e Nigéria, apesar de terem
não descurou das relações com os seus internacionais como a Organização das melhorado nos últimos anos, não devem
parceiros comerciais tradicionais, como Nações Unidas (ONU) e a Organização se pautar apenas dentro do espectro
os Estados Unidos e Europa. “É um equi- Mundial de Comércio. De acordo com exportação/importação. Ele levantou a
voco pensar que as relações internacionais Pimenta, a importância de Brasil e Nigéria importância de se incentivar os investi-
representem um jogo de soma zero, em foi reconhecida quando foram convidados mentos diretos na Nigéria. “Como um
que só se pode ganhar e obter resultados, a participar da última reunião do G-8 (gru- país rico em recursos naturais e que passa
quando o outro perde. Nós não achamos po dos sete países mais ricos do mundo por um intenso processe de saneamento
assim. Achamos que é possível desenvolver mais a Rússia), realizada na Alemanha, e estabilidade política e econômica, urge
as relações de uma forma global”, decla- em junho de 2007, onde o presidente necessário o empenho dos dois governos
rou. Em sua análise, a intensificação das do Brasil, Luis Inácio Lula da Silva, e seu em estabelecer mecanismos para que au-
relações SUL-SUL ocorre motivada pelo colega nigeriano, Umaru Musa Yar’Adua, mentem o fluxo de investimentos”. Ele
aumento das oportunidades existentes reafirmaram compromissos de parcerias disse ainda estar satisfeito com a notícia
nessa região hemisférica. Por isso, segundo em diversas áreas. A realização, em 2006, de que, até o ano que vem, será recriada a
ele, surge a necessidade de uma ação mais da 1ª Conferência de Chefes de Estado e linha aérea entre Brasil e Nigéria, o que fa-
incisiva do governo para poder chegar a de Governo da América do Sul e África, cilitará o intercâmbio comercial e turístico
esses resultados. Para demonstrar essa na Nigéria foi um outro exemplo dado por entre os dois países. Por fim, Ukpe disse
tendência, Pimenta disse que no ano de ele para corroborar a tese de que Brasil e que a embaixada da Nigéria em Brasília
2006, pela primeira vez, o comércio do o país africano atuam em conjunto dentro está de portas abertas a todos que queiram
Brasil com os países em desenvolvimento do âmbito das discussões multilaterais. “O obter mais informações a respeito de como
foi superior ao comércio realizado com sucesso desse encontro fez com que se investir no país africano. “Esse seminário
os países desenvolvidos. “Isso mostra que firmasse um compromisso para que ele foi de uma importância enorme, pois deu
existem múltiplas oportunidades a serem seja realizado de dois em dois anos. Tanto um grande passo rumo a um maior forta-
exploradas e nós estamos focalizando dessa Brasil quanto a Nigéria estão coordenando lecimento de dois dos maiores países do
maneira”, analisou o diplomata. as ações para a realização da próxima cú- Atlântico Sul”, concluiu.
Porto de Itaguaí: localizado na região metropolitana da cidade do Rio, é uma das promessas na área de investimentos em logística para os próximos anos
brasileiros. Nos últimos anos, consegui- Pires - É preciso que haja prioridades, têm que competir uns com os outros. A
mos muitos sucessos e eles não param de pois os recursos são poucos. Por isso eu administração portuária tem que ter uma
se suceder. Vivemos um processo de cres- defendo que a administração das rodovias postura mais mercadológica, com gestores
cimento. Contudo, quando conseguimos esteja nas mãos da iniciativa privada. Se o do mercado que buscam resultados e não
resolver um caso, aparecem outros. governo aprovar o processo de concessão, um quadro de indicações políticas como
“Faltam invesmentos do governo vamos ver que todos – as concessionárias, vemos hoje.
o usuário e o próprio governo - vão se
nas estradas e nos portos.” beneficiar com o incremento estrutural e Mesmo apresentando bons números
J OV E L I N O P I R E S comercial propiciado pelas melhorias no expressivos nas exportações nos
E quais seriam os outros problemas setor rodoviário. últimos anos poderíamos ter resul-
que vêm aparecendo? tados ainda melhores caso políticas
Pires - Mesmo com os avanços, ainda E qual a avaliação da situação dos mais eficazes de redução de gargalos
é possível observar grandes gargalos de portos brasileiros? fossem implementadas?
transporte em terra e mar. E por que isso? Pires - Em 1983, eu estive na China e Sem dúvida. Em 1960, o Brasil representa-
Porque faltam investimentos do governo vi que o porto de Xangai estava sendo va 1,25% do comércio internacional. Em
nas estradas e na recuperação dos portos. recuperado. Nesse mesmo período, as 2006, nós somos 1,1%. Isso significa que,
E há um outro problema como impostos obras de construção do porto de Sepeti- em quase meio século, nós não andamos
sobre automóveis, impostos sobre com- ba (localizado na área metropolitana do para frente. O mundo passou por um
bustíveis (Cide) e tantos outros. Além Rio) foram iniciadas. Hoje, quase 25 anos período recente de forte crescimento e
disso, falta planejamento melhor. depois, o porto de Xangai é um dos mais nós andamos com o freio de mão puxado.
importantes do mundo, em termos de O Brasil é um país grande, rico e forte.
Quais seriam as prioridades para as movimentação, enquanto que o porto de Nós não temos esse direito de frear o seu
reformas nas rodovias? Seria mais Sepetiba somente agora começa a mostrar crescimento. E para crescer, precisamos
importante priorizar as rodovias vigor. O sucesso de reestruturação do criar mecanismos para o desenvolvimento
localizadas no nordeste ou aquelas porto chinês se deu porque o governo re- das empresas e não aumentando a tribu-
que estão localizadas no sudeste, solveu dar uma abordagem empresarial ao tação. Só assim, estaremos empregando
onde está a maior parte do PIB do setor portuário. Essa é a visão empresarial mais gente e caminhando para um país
País? que os portos brasileiros precisam ter. Eles melhor.
Armando Meziat disse que está satisfeito com os últimos números do comércio exterior brasileiro
O senhor tem participado de forma
Os últimos resultados do comércio que o registrado no mesmo período bastante atuante nos seminários bi-
exterior deram ao governo brasi- de 2006, um recorde histórico. Para laterais promovidos pela FCCE. Qual
o balanço que o senhor faz dessa
leiro um alto grau de otimismo. o secretário de Comércio Exterior série de encontros?
De janeiro a agosto de 2007, as ex- (Secretaria ligada ao Ministério Meziat - Os seminários têm sido extre-
mamente benéficos, já que eles se inserem
portações brasileiras somaram US$ do Desenvolvimento, Indústria dentro do atual momento de crescimento
102,4 bilhões, valor 16% maior do e Comércio Exterior), Armando no comercio exterior brasileiro. Os se-
minários dão ênfase às relações bilaterais tos que mostra que o Brasil já está presente fra-estrutura, no campo da logística, uma
nas diversas discussões que são necessárias na Nigéria. O que temos que fazer agora é alta carga tributária que prejudica a com-
nesse processo de crescimento. E isso é crescer as vendas para atender à demanda petitividade das empresas. Mas as coisas
muito bom, pois o setor de exportação é nigeriana. É lógico que a Nigéria deve estão melhorando. Nós quase triplicamos
fator gerador de bem-estar da população, comprar produtos de outros mercados, as nossas exportações em quatro anos e
porque ele acaba gerando empregos onde mas através de uma maior aproximação e meio.Tudo isso faz parte de uma evolução
não existiam anteriormente. Os empregos um maior conhecimento dos instrumentos na economia do País e que se reflete muito
são gerados a partir da demanda de outros nigerianos de fomento pode ser que a pre- no setor de comércio exterior.
países. Cada vez que exportamos, mais sença brasileira possa crescer nesse país.
demandas vão surgindo, seja do lado das Em relação aos impasses existen-
empresas que buscam funcionários para A China está, cada vez mais, mar- tes dentro da Rodada de Doha, é
atingir determinada meta, seja do lado dos cando presença dentro do mercado possível vislumbrar um desfecho
países que compram os nossos produtos e africano. Isso preocupa o governo favorável para o desenvolvimento
acabam importando mais e mais. brasileiro que também busca es- do comércio mundial?
treitar as relações com os países do Meziat - Todos os esforços estão sendo
“O nosso saldo comercial no ano continente? feitos na direção de se alcançar os melho-
passado foi de US$ 45 bi, mas Meziat - De fato, é preciso reforçar a res resultados possíveis, por isso, sou um
com a Nigéria contabilizamos melhoria na competitividade, agregando
um déficit nesse período.” valor aos produtos fabricados no Brasil
A R M A N D O M E Z I AT
na disputa com os similares chineses em
outros mercados, assim como também INTERCÂMBIO COMERCIAL
diversificar os destinos. Isso já pode ser
Qual a importância da Nigéria no
sentido dentro das estratégias comerciais BRASIL - NIGÉRIA
quadro das relações comerciais
das nossas empresas. As empresas nacio-
atualmente na visão da Secretaria
nais deixaram de ser exportadoras even-
de Comércio Exterior? JANEIRO/JULHO 2007
tuais. Elas incorporam as necessidades de
Meziat – Temos um comércio exterior
aumentar a sua competitividade, sobretu-
com a Nigéria bastante sui generis. Isso EXPORTAÇÕES
do no campo da inovação tecnológica que
porque o Brasil historicamente tem su-
é fundamental. Por isso, não precisamos US$ 897 milhões
perávit comercial com diversos países do
temer a China, já que o nosso empresaria-
mundo. O nosso saldo comercial no ano Incremento de 23,4 % (2007/06)
do tem feito bem as melhorias necessárias
passado foi de US$ 45 bilhões, mas com
para competir no exterior.
a Nigéria nós contabilizamos um déficit
nesse período. Embora o embaixador da IMPORTAÇÕES
Nigéria tenha dito que as exportações de “O Brasil esta tendo um papel S$ 2,733 bilhões
petróleo da Nigéria respondem por tudo preponderante nas discussões para
que o país vende para cá, e, por outro Incremento de 31,1% (2007/06)
o destravamento da
lado, as nossas exportações sejam um
tanto mais diversificadas, é óbvio que se rodada(Doha). Avançar nas
encontramos um déficit comercial com a conversações será positivo para o
Nigéria, significa que nós podemos crescer mundo todo.” otimista. O bloqueio da rodada não está
as nossas exportações para esse país. Nós A R M A N D O M E Z I AT nas nossas mãos. O que há é uma disputa
temos lastro comercial para alcançar esse
entre os países desenvolvidos. Mas o Brasil
objetivo. Dentro desse espírito, eu acho
Mas o empresariado nacional re- está tendo um papel preponderante nessas
que o seminário tende a facilitar e criar os
clama dos problemas existentes na discussões para o destravamento da roda-
caminhos para que isso possa acontecer.
infra-estrutura, carga tributária da. Avançar nas conversações será positivo
Quais são os produtos líderes na
elevada e outros itens incluídos no para o mundo todo, principalmente se ela
pauta de exportações para a Nigé-
chamado custo Brasil. (a Rodada de Doha) cumprir o seu papel,
ria?
Meziat - Bem, é preciso ressaltar que já que ela é também conhecida como a
Meziat - A nossa pauta vai desde produtos
as exportações brasileiras são livres de Rodada do Desenvolvimento, buscando
primários, como açúcar, até automóveis,
produtos. É claro que nós temos todos dar aos países pobres garantias de entrada
tratores, ou seja, toda uma gama de produ-
esses problemas de gargalos em nossa in- no mercado dos países ricos.
Orgulho africano
Considerado um dos mais importantes bancos da África, a diretora do
Guaranty Trust Bank comemora os recentes sucessos da instituição
Cathy Echeozo, diretora do GTB, diz que o banco africano, primeiro a ter ações na Bolsa de Londres, tem interesses em investir no Brasil.
“Somos um banco forte, com ativos importantes e consolidar a sua presença, não somente na África, mas
estamos alcançando mercados antes difíceis para uma também nas principais praças financeiras do mundo.
instituição financeira africana” Com essa análise bastante “Nós já conseguimos respeito no mundo financeiro num
positiva, a diretora-executiva do banco nigeriano Gua- curto espaço de tempo (o GTB está em operação desde
ranty Trust Bank, Cathy Echeozo, deixa claro o clima 1990)”, disse Echeozo em entrevista à Revista da FCCE
de otimismo vivido pelo banco atualmente. E não seria durante o Seminário Bilateral de Comércio Exterior
para menos. Considerado o banco mais importante da e Investimentos Brasil-Nigéria. Ela foi expositora do
Nigéria e um dos principais do continente africano, o Painel I do seminário, intitulado: Perspectivas de Incre-
GTB vem desenvolvendo políticas que objetivam se mento e Desenvolvimento da Balança Comercial.
“Conseguimos respeito no
mundo financeiro num
curto espaço de tempo”
C AT H Y E C H E O Z O
O Brasil na África
Diplomata mostra, em projeto, a existência de hábitos do Brasil levados
por ex-escravos brasileiros que retornaram à África.
O doloroso período escravocrata
deixou marcas indeléveis den-
tro da sociedade brasileira. Há inúme-
Rafiu cardoso é muçulmano, vive
em Lagos Island, no bairro brasileiro
(Brazilian Quarter) e frequenta a
ros estudos que atestam a importância “Brazilian Olosun Mosque” e o vizinho
da composição dos povos africanos, “Brazilian Social Club”. Seu bisavô,
que aqui embarcaram como escravos João Antônio Cardoso, viveu no Brasil e
morreu em Lagos, em 1873.
por mais de 250 anos de tráfico, e que
até hoje ajudam a formar a identidade
nacional. O que pouco se sabe é que em
determinados espaços do continente
Nestor Olayemi Carrena nasceu
africano, aspectos culturais brasileiros em Lagos, no que é hoje a Carrena
estão fortemente presentes e ajudam Street (Brazilian Quarter), em 6 de
a compreender a relevância dos con- setembro de 1913. Nestor diz que
tatos históricos firmados ao longo do seus avós maternos são originários
tempo entre o Brasil e a África. O de Porto Alegre, sua mãe de Lagos e
seu pai do Daomé (atual Benin).
mais curioso, contudo, é saber que a
influência cultural brasileira se deu
por intermédio do processo de “re-
torno” de ex-escravos brasileiros, que O patriarca da família Feraez chamava-se
libertos, decidiram rumar à África. Os Borges e teria vindo do Brasil no século
XIX, instalando-se en Uidá. Seu filho, Félix
retornados não só levaram com eles a Manuel Marcos Borges Feraez, (1905-
vontade de regressar à terra-mãe dos 1980) levou a família para Porto-Novo,no
seus antepassados, mas também trou- Bênin, onde casou-se.
xeram hábitos adquiridos no Brasil e
que até hoje se fazem sentir em quatro
países africanos: Nigéria, Benin, Togo
e Gana. Essas informações e outras
estórias podem ser encontradas no Euzébio é secretário da “Association of
projeto Cartas d’África, desenvolvido Lagos Tittle Chiefs”, organização que
pelo diplomata de carreira Carlos da congrega homens que, por serviços
Fonseca e que relata como os “brasilei- prestados, recebem do Obá de Lagos o
título honorífico de ‘Chefe’.O bisavô de
ros”, descendentes de escravos nascidos Euzébio, Domingo Damázio, foi do Brasil à
no Brasil que retornaram à África em Nigéria no final do século XIX. Criou família
meados do século XIX, ainda mantêm em Lagos, tendo três filhos.
as tradições socioculturais brasileiras.
Fonseca explica que o projeto está
dividido em três frentes: fotográfico,
histórico e “epistolar”, que se concen-
tra nas cartas dirigidas aos brasileiros no final da década de 1980, quando em entrevista à Revista da FCCE.
em geral e a seus parentes (pessoas de descobriu a existência de uma comu- Anos mais tarde, mais precisamente
mesmo sobrenome que residam no nidade que se definia como “brasileira” em 1999, surgiu uma nova oportuni-
Brasil) em particular e que deu nome no Benin. “Ainda não havia lido nada a dade de viajar ao continente africano,
ao projeto. respeito. Depois me dei conta de que já dessa vez para fazer uma reportagem
De acordo com Fonseca, a idéia havia farta literatura a respeito. Resolvi para o Correio Braziliense. Ao todo,
surgiu após viagem realizada à África, pesquisar o assunto”, disse Fonseca, o diplomata realizou três viagens para
a realização
“Verifiquei que as da pesquisa,
famílias sendo que
visitadas comem
os custos foram patrocinados pelas
feijoada cuzcuz, arroz doce, carne seca (quando
revistas que publicaram o material
encontram)”,
(Correio, O Dia, Veja e Icaro). “Fo-
Carlos da Fonseca.
ram três viagens, entre 1999 e 2001.
A pesquisa demorou de três a quatro
meses, mais levantamentos feitos no
Brasil. Como resultado dessas viagens
e pesquisas realizadas no continente,
surgiu o projeto”, afirmou.
O diplomata disse que ficou bastante
de hoje.
Um outro ponto da pesquisa a
receber grande destaque é o bairro
nigeriano chamado Brazilian Quartet,
surpreso com que encontrou nesses Brazilian Quartet localizado na cidade de Lagos, ex-ca-
países, em matéria de cultura e hábitos Fonseca conta que visitou cerca de pital da Nigéria. O Brazilian Quartet
brasileiros. “A manutenção da culinária 50 famílias. Entre as histórias ouvidas trata-se do bairro criado pelos retor-
e de algumas expressões em português e pesquisadas, a família Souza no Benin nados a partir do final do século XIX.
usadas no cotidiano chamou bastante seja talvez a mais cinematográfica.”Um Grandes e ricas famílias “brasileiras”
a minha atenção. Verifiquei que as filme já foi, inclusive, feito sobre o viviam em casarões de muitos quartos.
famílias visitadas comem feijoada, personagem central dessa família “Hoje sobraram apenas famílias mais
cuzcuz, arroz doce, carne seca (quando (Francisco Félix de Souza): Cobra Ver- pobres. As demais saíram de lá e foram
encontram). A língua Ewê, do Benin, de, do diretor alemão Werner Herzog, para partes melhores da cidade. Para o
incorporou palavras como cadeira, em 1987. No filme, o personagem leva futuro, Fonseca disse que ainda preten-
mesa, molho. No dia-a-dia, muitos outro nome, mais é o mesmo”, disse. de continuar pesquisando o assunto,
ainda usam saudações como bom dia, O baiano Francisco Félix de Souza nas- especialmente para tentar descobrir
boa tarde. Além disso, preservam algu- ceu em 1771. Filho de um português ramos de famílias de retornados que
mas importantes tradições religiosas e com uma escrava, aquela transgressora ficaram no Brasil. “Há três famílias
folclóricas brasileiras, como a festa de união que tanto incendiou as carnes com membros aqui e lá (Nigéria), que
Nosso Senhor do Bonfim (no Benin) e, por estes trópicos, o mulato acabou se conhecem e se comunicam. Aparen-
por ocasião dessa data, o bumba-meu- alforriado e, aos 17 anos, tomou a temente, haveria também outras que
boi (burrinha)”, disse. Para o diploma- decisão que moldaria a vida de várias costumavam se comunicar, mas que
ta, que atualmente trabalha no Instituto gerações seguintes: mudar-se para a foram se distanciando com o tempo.
Rio Branco, o Benin e a Nigéria são os terra de seus antepassados, a África. Quero ver se descubro algumas delas”,
países nos quais a tradição é mantida de Assim, em 1788, Francisco Félix de afirmou, acrescentando que, em maio
forma mais viva. “No Togo houve, por Souza desembarcou em Benin e, por de 2008, ele promoverá uma expo-
razões políticas, uma reação contrária ironia do destino, tornou-se um prós- sição com fotos e relatos das famílias
às famílias “brasileiras”, muitas das pero traficante de escravos. Morreu “brasileiras” africanas. Mas enquanto
quais fugiram. Em Gana, a comunidade aos 94 anos, teve 53 mulheres, oitenta a exposição não vem, é possível obter
Tabom tem especificidades próprias, filhos e 12 000 escravos, deixando aos mais detalhes sobre o projeto visitan-
que nada têm a ver com o resto dos herdeiros um fabuloso império de do o site: http://www.cartasdafrica.
‘brasileiros’”, declarou. 120 milhões de dólares, em dinheiro com/home.htm.
N
ascida em Ibadan (Nigéria),
Sade partiu para a Inglaterra
com sua mãe após a separação
dos pais, aos quatro anos. Sade passou
sua vida tentando sentir-se honesta e
44 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • N I G É R I A
MÚSICA
Intercâmbio Comercial
Brasil – Nigéria
ARTIGO ELABORADO PELA EQUIPE DO DEPARTAMENTO DE
PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DO COMÉRCIO EXTERIOR
DA SECRETATIA DE COMÉRCIO EXTERIOR DO MDIC
O
fluxo de comércio cresceu vigorosamente desde 2002. Evolução da Balança Comercial da Nigéria
1990 a 2006 – US$ Milhões
Nesse ano, a corrente de comércio do país foi de US$
22,7 bilhões, em 2006, passou para US$ 75,0 bilhões. 55.000
portou US$ 15,1 bilhões, em 2006, passou a exportar US$ 52,0 35.000
a OPEP, em 2002, o preço médio do barril foi de US$ 24,4. Já, 15.000
ritmo. Em 2002, a Nigéria importou US$ 7,5 bilhões e em 2006, Fonte: OMC
Algodão 50
Evolução da Corrente de Comércio da Nigéria
Sementes de Algodão 45
1990 a 2006 – US$ Milhões
Borracha e Obras 41
75.000
Gomas e Resinas 26 Fonte: Intracen
70.000
65.000
60.000
55.000 de US$ 445,4 milhões), couros e peles (US$ 186,2 milhões),
50.000
45.000 minérios (US$ 86,3 milhões), pescado (US$ 76,9 milhões), ma-
40.000 deira e obras (US$ 53,2 milhões), algodão (US$ 49,7 milhões),
35.000
30.000 sementes de algodão (US$ 44,8 milhões), borracha e obras (US$
25.000 40,9 milhões) e gomas e resinas (US$ 25,7 milhões).
20.000
15.000 Já, a pauta importadora nigeriana é bem mais diversificada. De
10.000 acordo com dados do ITC, em 2005 a Nigéria importou: maqui-
5.000
0
naria mecânica (US$ 2.467 milhões), óleos combustíveis (US$
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2005
2006
2004
Importações da Nigéria
Importações da Nigéria
Principais Produtos - 2005 - US$ Milhões
Principais Países Fornecedores - 2005 - US$ Milhões
Maquinaria Mecânica 2.467
Cereais 913
Reino Unido 1.486
Plásticos e Obras 844
plásticos e obras (US$ 844 milhões), artigos de ferro/aço (US$ Quanto aos mercados fornecedores da Nigéria, em 2005, foram:
787 milhões), ferro e aço (US$ 694 milhões), navios e barcos (US$ China (US$ 2,3 bilhões, 12,8% do total), Estados Unidos (US$
477 milhões) e produtos farmacêuticos (US$ 425 milhões). 1,6 bilhão, 9,0%), Reino Unido (US$ 1,5 bilhão, US$ 8,2%),
Segundo a mesma fonte (ITC) os maiores destinos das vendas Países Baixos (US$ 1,3 bilhão, 7,4%) e França (US$ 1,3 bilhão,
nigerianas no ano de 2005 foram: Estados Unidos (US$ 25,1 bi- 7,2%).
lhões, participação de 54,5% no total), Espanha (US$ 3,9 bilhões, O Brasil possui um peso relevante tanto nas exportações quanto
8,5%), Brasil (US$ 2,7 bilhões, 5,9%), França (US$ 1,5 bilhão, nas importações nigerianas. Em 2004, o Brasil chegou a ser destino
3,2%) e Costa do Marfim (US$ 1,4 bilhão, 3,1%). de 11,2% das exportações do país. Em 2006, esse número foi de
7,5%. Nas importações nigeiranas, o Brasil foi origem de 6,0%
Exportações da Nigéria
no total do último ano.
Estados
Unidos
25.109 géria – 2006
Espanha 3.919
A partir de 1997 a passou a figurar entre as primeiras posições
do ranking de mercados fornecedores ao Brasil. Em 2001, as
Brasil 2.706
importações nacionais provenientes desse mercado ultrapassa-
ram, pela primeira vez, o valor de US$ 1 bilhão e somaram US$
França 1.468
1,4 bilhão. No ano de 2006, as compras nacionais de produtos
Costa do nigerianos foram de US$ 3,9 bilhões.
1.439
Marfim As exportações brasileiras para a Nigéria também se mostram
Fonte: Intracen
significativas, com um expressivo aumento nos últimos três anos.
Participação do Brasil no Comércio Exterior da Nigéria
Evolução do Intercâmbio Comercial Brasil / Nigéria
2000 a 2006
1997 / 2006 - US$ Milhões FOB
4.000
3.000
7,2% 2.000
7,5%
11,2%
6,3% 1.000
8,0% 6,7%
0
3,5%
6,7% -1.000
5,4% 6,0%
3,6% 4,3% 3,6%
2,8% -2.000
Importação da Nigéria Exportação da Nigéria Fonte: MDIC/SECEX, OMC Exportação Importação Saldo Comercial
Em 2006, o Brasil exportou US$ 1,4 bi- Intercâmbio Comercial Brasil / Nigéria
lhão a Nigéria. 2006 / 2005 - US$ Milhões FOB
(2,8%, US$ 38,8 milhões), compostos de Ranking da Nigéria nas Importações Brasileiras
Ranking da Nigéria nas Exportações Brasileiras
funções nitrogenadas (2,4%, US$ 32,8 2006 / 2005 - US$ Milhões FOB
2006 / 2005 - US$ Milhões FOB
milhões), óleos combustíveis (1,4%, US$ Ordem Pa ís Valor Δ% Part %
Ordem País Valor Δ
% Part % 2005 2006 2006/05
2005 2006 2006/05 19,5 milhões), álcool etílico (1,4%, US$ 1 1 Estados Unidos 14.850 16,5 16,2
1 1 Estados Unidos 24.773 8,6 18,0
2 2 Argentina 11.740 18,2 8,5
19,5 milhões), zinco em bruto (1,3%, US$ 2 2 Argentina 8.057 30,1 8,8
8 8 Japão 3.895 11,8 2,8 exportados para a Nigéria, na compara- 11 8 Chile 2.908 67,9 3,2
9 9 Itália 3.836 18,8 2,8
ção 2006/2005, destaca-se o aumento 7 9 França 2.837 5,9 3,1
27 26 Nigéria 1.374 44,1 1,0 10 10 Itália 2.571 13,0 2,8
Exportação Brasileira para a Nigéria por Fator Agregado Estados Brasileiros que Importaram da Nigéria
2006 / 2005 - US$ Milhões FOB 2006 - US$ Milhões FOB
Variação % 2006/05:
São Paulo 1.439,0
§ Básicos: +11,2% 1.046
§ Semimanfaturados: +41,0%
§ Manufaturados: +45,8% Rio Grande do Sul 1.137,9
718
Paraná 1.109,7
Bahia 137,0
308
219 Rio de Janeiro 92,0
17 15 Ceará 2,0
2006 2005
Fonte: MDIC/SECEX
das vendas dos seguintes itens: óleos combustíveis (de zero para
US$ 19,5 milhões), zinco em bruto (+265,6%, para US$ 17,5
Principais Produtos Importados pelo Brasil da Nigéria
2006 - US$ Milhões FOB milhões), chassis com motor (+150,1%, para US$ 13,0 milhões),
óleos lubrificantes (+137,9%, para US$ 44,4 milhões), gaso-
Petróleo em Bruto 3.773,8
lina (+96,5%, para US$ 560,8 milhões) e polímeros plásticos
(+66,0%, para US$ 86,8 milhões).
Naftas 137,0
A importação brasileira proveniente da Nigéria é com-
Couros e Peles 5,4
posta de praticamente um único produto, petróleo em bruto. O
Algodão em Bruto 2,0 Fonte: MDIC/SECEX país é o maior fornecedor de petróleo ao Brasil e em 2006 foi
responsável por 41,6% das importações nacionais do produto. No
ano, as importações de petróleo oriundas desse mercado somaram
Estados Brasileiros que mais Exportaram para a Nigéria
2006 - US$ Milhões FOB
US$ 3,8 bilhões, 96,3% da pauta.
A exportação brasileira para o mercado nigeriano é concentrada
São Paulo 984,6
em São Paulo. No ano, o estado foi responsável por 71,7% das
Rio de Janeiro 71,9
Paraná 70,6
vendas brasileiras à Nigéria, uma monta de US$ 984,6 milhões. As
Rio Grande do Sul 70,6 demais principais unidades da federação que exportaram para o
Minas Gerais 69,5 país foram: Rio de Janeiro (participação de 5,2% no total e soma
Bahia 60,5 de US$ 71,9 milhões), Paraná (5,1%, US$ 70,6 milhões), Rio
Pernambuco 13,8
Grande do Sul (5,1%, US$ 70,6 milhões), Minas Gerais (5,1%,
Santa Catarina 8,7
US$ 69,5 milhões), Bahia (4,4%, US$ 60,5 milhões), Pernam-
Paraíba 5,4
buco (1,0%, US$ 13,8 milhões), Santa Catarina (0,6%, US$ 8,7
Ceará 5,3 Fonte: MDIC/SECEX
milhões), Paraíba (0,4%, US$ 5,4 milhões) e Ceará (0,4%, US$
5,3 milhões).
Número de Empresas Brasileiras Exportadoras e Importadoras no Nas importações nacionais provenientes da Nigéria, São Pulo
Comércio com a Nigéria - 2006 e 2005
foi destino de 36,7%, somando US$ 1.439,0 milhões. Em seguida
estão: Rio Grande do Sul (participação de 29,0%, soma de US$
401 389
1.137,9 milhões), Paraná (28,3%, US$ 1.109,7 milhões), Bahia
(3,5%, US$ 137,0 milhões), Rio de Janeiro (2,3%, US$ 92,0 mi-
lhões), Ceará (0,1%, US$ 2,0 milhões) e Piauí (US$ 730 mil).
Em 2006, 401 empresas brasileiras realizaram vendas à Nigéria,
contra 389 anotadas no ano anterior. No tocante às importações,
contabilizaram-se 22 empresas nacionais compradoras de produtos
nigerianos, ligeiramente abaixo do contabilizado em 2005, total
Exportadores Importadores Fonte: MDIC/SECEX de 24 empresas.
O embaixador Fernando
Jacques Magalhães Pimenta,
que fez o pronunciamento
especial na Sessão de Encerra-
mento do Seminário Bilateral
de Comércio Exterior e Investi-
mentos Brasil-Nigéria, saiu, em
setembro, o cargo de diretor do
Departamento da África (Deaf)
do Ministério das Relações Ex-
teriores. Em seu lugar, entra o
diplomata Fernando Simas de
Magalhães. Pimenta passará
a ocupar o cargo de Cônsul-
Geral do Brasil em Vancouver,
Canadá.
Troca-Troca no MDIC
Conselho Superior
MembrosVitalícios
Bernardo Cabral
Carlos Geraldo Langoni
Ernane Galvêas
Giulite Coutinho
Gustavo Affonso Capanema (Vice-Presidente)
José Carlos Fragoso Pires
Milton Cabral
Paulo D’Arrigo Vellinho
Paulo Pires do Rio