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FCCE

Federação das Câmaras


de Comércio Exterior

Foreign Trade Chambers


Federation

Fédération des Chambres


de Commerce Extérieur

Federación de las Cámaras


de Comercio Exterior
Federação das Câmaras de Comércio Exterior
Foreign Trade Chambers Federation

A FCCE é a mais antiga Associação de Classe dedicada a FEDERAÇÃO DAS CÂMARAS DE COMÉRCIO
exclusivamente às atividades de Comércio Exterior. EXTERIOR – FCCE assinou Convênio com o CONSE-
Fundada no ano de 1950, pelo empresário João LHO DE CÂMARAS DE COMÉRCIO DAS AMÉRICAS,
Daudt de Oliveira (a ele se deve, 5 anos antes, a organismo que representa as Câmaras de Comércio
fundação da Confederação Nacional do Comércio – Bilaterais dos seguintes países: ARGENTINA, BOLÍVIA,
CNC ), a FCCE opera ininterruptamente, há mais de CANADÁ , CHILE , CUBA , EQUADOR , MÉXICO ,
50 anos, incentivando e apoiando o trabalho das PARAGUAI , SURINAME , URUGUAI , TRINIDAD E
Câmaras de Comércio Bilaterais, Consulados Estran- TOBAGO e VENEZUELA.
geiros, Conselhos Empresariais e Comissões Mistas a Além de várias dezenas de Câmaras de Comércio
nível federal. Bilaterais filiadas à FCCE em todo o Brasil, fazem parte
A FCCE, por força do seu Estatuto, tem âmbito da Diretoria atual, os Presidentes das Câmaras de
nacional, possuindo Vice-Presidentes Regionais em Comércio: Brasil-Grécia, Brasil-Paraguai, Brasil-Rússia,
diversos Estados da Federação, operando também no Brasil-Eslováquia, Brasil-República Tcheca, Brasil-
plano internacional, através “Convênios de Cooperação” México, Brasil-Belarus, Brasil-Portugal, Brasil-Líbano,
firmados com diversos organismos da mais alta Brasil-Índia, Brasil-China, Brasil-Tailândia, Brasil-ltália e
credibilidade e tradição, a exemplo da International Brasil e Indonésia, além do Presidente do Comitê
Chamber of Commerce (Câmara de Comércio Inter- Brasileiro da Câmara de Comércio Internacional, o
nacional – CCI), fundada em 1919, com sede em Paris Presidente da Associação Brasileira da Empresas
e que possui mais de 80 Comitês Nacionais, nos 5 Comerciais Exportadoras – ABECE, o Presidente da
continentes, além de operar a mais importante “Corte Associação Brasileira da Indústria Ferroviária – ABIFER,
Internacional de Arbitragem” do mundo, fundada no ano o Presidente da Associação Brasileira dos Terminais de
de 1923. Contêineres, o Presidente do Sindicato das Indústrias
A FEDERAÇÃO DAS CÂMARAS DE COMÉRCIO Mecânicas e Material Elétrico, entre outros. Some-se,
EXTERIOR tem sua sede na Avenida General Justo no ainda, a presença de diversos Cônsules e diplomatas
307, Rio de Janeiro, (Edifício da Confederação Nacional estrangeiros, dentre os quais o Cônsul-Geral da
do Comércio – CNC) e mantém com essa entidade, há República do Gabão, o Cônsul do Sri Lanka (antigo
quase duas décadas “Convênio de Suporte Administrativo “Ceilão”), e o Ministro Conselheiro-Comercial da
e Protocolo de Cooperação Mútua”. Em passado recente Embaixada de Portugal.
A Diretoria
Diretoria 2006-2009
Presidente

JOÃO AUGUSTO DE SOUZA LIMA

1 st V i c e - P r e s i d e n t e

PAULO FERNANDO MARCONDES FERRAZ

Vice-Presidentes Vice-Presidente Europa


Arlindo Catoia Varela Jacinto Sebastião Rego de Almeida (Portugal)
Gilberto Ferreira Ramos Vice-Presidente Nor te
Joaquim Ferreira Mângia Cláudio do Carmo Chaves
José Augusto de Castro
Vice-Presidente Sudeste
Ricardo Vieira Ferreira Martins
Antonio Carlos Mourão Bonetti
Vice-Presidente Sul
Arno Gleisner

Diretores

Diana Vianna De Souza Luiz Oswaldo Aranha


Marie Christiane Meyers Marcio Eduardo Sette Fortes de Almeida
Alexander Zhebit Oswaldo Trigueiros Júnior
Alexandre Adriani Cardoso Raffaele Di Luca
Andre Baudru Ricardo Stern
Augusto Tasso Fragoso Pires Roberto Nobrega
Cassio José Monteiro França Roberto Cury
Cesar Moreira Roberto Habib
Charles Andrew T'Ang Roberto Kattán Arita
Daniel André Sauer Sergio Salomão
Eduardo Pereira De Oliveira Sizínio Pontes Nogueira
José Francisco Fonseca Marcondes Neto Sohaku Raimundo Cesar Bastos
Luis Cesario Amaro da Silveira Stefan Janczukowicz

Conselho Fiscal (Titulares)

Delio Urpia de Seixas


Elysio de Oliveira Belchior
Walter Xavier Sarmento
E DITORIAL

Brasil e Nigéria: incentivando APOIO

a aproximação
Relegado por mais de duas décadas como um continente de importância secundária,a África vem
se firmando, ao longo dos últimos anos, como uma das regiões prioritárias para as relações políticas
e comerciais do governo brasileiro.As evidências são muitas.Desde diversas viagens presidenciais até
a organização da 1ª Cúpula Mercosul-África, na Nigéria, em 2006, a busca por parcerias em vários
níveis com os Estados africanos traduz o objetivo de se estreitar os contatos de forma plena.Malgrado
as considerações de viés idealista que essa aproximação sugere – o resgate da diplomacia Sul-Sul-,
convém salientar os efeitos pragmáticos que podem advir através de relações mais aprofundadas com
os países desse continente. Sem embargo, a África ainda passa por problemas de fundo estrutural
- pobreza, fome, conflitos étnicos. No entanto, não obstante o leque de vicissitudes encontrado no
continente negro,há razões para se acreditar que grandes possibilidades de comércio e investimentos
possam ser encontradas por lá. Aliás, países como a China já acordaram para isso.
Com a missão de também incentivar o comércio e o fluxo de investimentos brasileiros nessa
área, a FEDERAÇÃO DAS CÂMARAS DE COMÉRCIO EXTERIOR (FCCE) realizou, no dia
20 de agosto de 2007, o Seminário Bilateral de Comércio e Investimentos Brasil-Nigéria. A série
de eventos promovida pela instituição, que já se consagrou como um dos maiores e mais bem
sucedidos encontros do setor de comércio exterior no Brasil, conta com o apoio e participação do
governo federal,através dos Ministérios das Relações Exteriores e do Desenvolvimento da Indústria
e Comércio Exterior, das principais associações de classe, tais como a Confederação Nacional de
Comércio (CNC),a Câmara de Comércio Internacional – ICC,aAssociação de Comércio Exterior CONSELHO DE
do Brasil (AEB) e o Conselho das Câmaras de Comércio das Américas. CÂMARAS DE COMÉRCIO
A escolha da Nigéria para o 29º seminário organizado pela FCCE não poderia ser mais pertinente. DAS AMÉRICAS

Afinal, esse é o país de maior população da África (cerca de 134 milhões de habitantes), a segunda
maior economia do continente (ficando atrás apenas da África do Sul), o 11º maior produtor de Expediente
petróleo do mundo, e nosso vizinho no Oceano Atlântico Sul. Não bastassem todas essas caracte-
Produção
rísticas,ainda compartilhamos com a Nigéria similaridades étnicas,oriundas do passado escravagista
Federação das Câmaras de Comércio - FCCE
dos dois países, e reivindicações por uma maior participação política em fóruns multilaterais.
Av. General Justo, 307 / 6º andar
É bastante salutar perceber que a atual administração governamental nigeriana busque promover Tel.: 55 21 3804 9289
políticas internas que objetivem o combate à corrupção, o saneamento financeiro do país, o for- e-mail: fcce@cnc.com.br
talecimento do Estado de Direito e a estabilidade econômica, conforme anunciou o embaixador Editor
plenipotenciário da Nigéria no Brasil, Kayode Garrick.A colocação dos ativos do banco nigeriano O coordenador da FCCE
Guaranty Trust Bank na Bolsa de Valores de Londres, feito inédito para uma instituição bancária Textos e Reportagens
localizada na África Sub-saariana, é uma prova de que essas políticas vêm dando resultado. Essa Brunno Braga
soma de fatores positivos poderá servir de estímulo para que empresários se sintam mais confiantes Projeto Gráfico, Edição e Arte
em investir na Nigéria. For’Avant Gráfica e Editora

O encontro promovido pela FCCE mostrou, todavia, que ainda há muito por fazer. É verdade Tel.: 55 21 3276 7003
e-mail: foravant@foravant.com.br
que temos um déficit comercial nessas relações, mas o que chama a atenção é constatar que quase
Revisão
100% das nossas compras concentram-se nos mercados de petróleo e derivados. Por outro lado,
Brunno Braga
mesmo apresentando uma grande diversificação nos produtos que são vendidos à Nigéria, não
Fotografia
conseguimos alcançar patamares condizentes com a real potencialidade consumidora desse país. Christina Bocayuva
Daí, a necessidade de fortalecer os canais diplomáticos e empresariais para que juntos sejam Secretaria
encontrados denominadores comuns e, por conseguinte, condicionem melhorias quantitativas e Maria Conceição Coelho de Souza
qualitativas nas áreas de comércio e investimentos.E esse papel vem sendo desempenhado com afinco Sérgio Rodrigo Dias Julio
pela FCCE, conforme o leitor poderá tomar conhecimento pelas páginas que assim seguem.
As opiniões emitidas nesta revista são de
BOA LEITURA responsabilidade e de seus autores . É permitida a
reprodução dos textos, desde que citada a fonte.

O EDITOR

4 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • N I G É R I A


SUMÁRIO

6 ENTREVISTA 31 ENCARRAMENTO
Para o embaixador plenipotenciário A África é um continente que tem
suas potencialidades reais ainda
da Nigéria no Brasil, Kayode Garrick,
sub-exploradas. Por isso, cabe a
buscar o estreitamento das relações
diversos países, que queiram obter
entre o seu país e o Brasil está no ganhos nas relações com os países
rol de prioridades do seu governo, africanos, estabelecer diretrizes que
sobretudo no setor de energia. possam contemplar esse objetivo.

10 DIPLOMACIA 35 ENERGIA
Embaixador Fernando Jacques
Em razão das suas grandes reservas de petróleo, a
Pimenta afirma que seminários com
Nigéria atrai o interesse das maiores companhias
países africanos são importantes
petrolíferas do mundo. E a Petrobras, que pertence ao
para dirimir preconceitos em
clube dos gigantes do campo da energia em âmbito
relação a esse continente
internacional, não está alheia às potencialidades
energéticas existentes no país africano.

16 ABERTURA 38 COMERCIO EXTERIOR


A Nigéria é um país conhecido mundialmente pelas Secretário do MDIC afirma que as
suas imensas reservas de petróleo. No entanto, o maior relações Brasil-Nigéria precisam
país do continente africano também conta com outros receber um incremento maior nas trocas
setores potenciais a serem explorados comercialmente comerciais
pelo Brasil.

40 ECONOMIA
Considerado um dos mais
importantes bancos da
África, a diretora do Guaranty
Trust Bank comemora
20 PAINEL I os recentes sucessos da
instituição
Fomentar a parceria entre Brasil e Nigéria no campo
comercial, atrair investimentos em infra-estrutura no
país africano e aumentar o volume de comércio entre
os dois países são desafios que norteiam as relações
bilaterais entre as duas nações vizinhas do Atlântico
42 HISTÓRIA
Sul. Diplomata brasileiro mostra,
em projeto, hábitos levados
24 PAINEL II por ex-escravos brasileiros
libertos à África
A Nigéria é o 11º maior produtor de petróleo do mundo
e o primeiro do continente africano. Mas, em tempos
de aquecimento global, a obtenção de matrizes
alternativas de energia vem se tornando uma meta a
ser alcançada por diversos países do mundo.

28 PAINEL III 44 MÚSICA


O setor de serviços vem apresentando fortes tendências Sucesso de público e de crítica, cantora nigeriana é
de crescimento dentro do cenário recente do comércio sinônimo de qualidade e sofisticação musical
exterior. Por isso, elaborar estratégias para incentivar
as trocas comerciais com o resto do mundo configura-
se essencial

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • N I G É R I A 5


ENTREVISTA

“A Nigéria é um país
que pode propiciar
uma parceria
de longo prazo
com investidores
brasileiros”
Embaixador da Nigéria no Brasil diz que país
africano busca firmar diversas parcerias com o
Brasil
Para o embaixador plenipotenciário da Nigéria no Brasil, Kayode
Garrick, buscar o estreitamento das relações entre o seu país e
o Brasil está no rol de prioridades do seu governo, sobretudo no
setor de energia. Em entrevista concedida à Revista da FCCE,
durante o Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimen-
tos Brasil-Nigéria, o diplomata disse acreditar que as condições
são mais do que favoráveis para que esse objetivo seja alcançado.
Ocupando o cargo de embaixador no Brasil desde 2005, mas atu-
ando na pasta de Relações Exteriores do seu país há duas décadas,
Garrick se refere às semelhanças culturais, populacionais, geográ-
ficas e climáticas, além do processo de saneamento econômico
conduzido pelo governo nigeriano, como os pontos necessários
para que a aproximação entre Brasil e Nigéria se dê de maneira
mais consistente. Acompanhe os trechos da entrevista

6 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • N I G É R I A


ENTREVISTA

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • N I G É R I A 7


ENTREVISTA

Como o senhor avalia a impor-


tância deste seminário?
Garrick - Este seminário coroa as
intenções de maior aproximação
entre os dois países. Recentemente,
o presidente do Brasil, Luis Inácio
Lula da Silva, esteve na Nigéria onde
se comprometeu a firmar inúmeros
acordos nos mais diversos setores.
Esses acordos vão criar um grande
impacto na sociedade nigeriana como
um todo.

Qual é a sua experiência no Bra-


sil como embaixador nesses dois
anos exercendo o cargo?
Garrick - Muito boa. Eu sempre
nutri grande interesse pelo Brasil, pois
sempre percebi que temos muito em
comum, sobretudo em assuntos rela-
cionados à cultura, desenvolvimento
social, história. Por isso, vislumbro ser
de grande valia estreitar ainda mais as
relações entre os nossos países por in-
termédio de parcerias e cooperação.

E quais seriam essas áreas de


cooperação?
Garrick - Elas são muitas. O governo
da Nigéria enviou, recentemente, téc-
nicos para o Brasil para aprender mais
a respeito das técnicas de produção de
energias alternativas. A nossa missão
técnica já esteve na usina hidrelétrica
de Itaipu e em usinas de etanol em São
Paulo. Queremos também aprender
mais a respeito da produção de energia
“A Nigéria é um país bastante da agricultura. Sendo o Brasil uma das do vírus HIV.
dependente da produção de pe- maiores potências mundiais na área A situação socioeconômica atu-
agrícola, acredito ser muito importan- al da Nigéria é propícia para a
tróleo. O nosso governo entende te estabelecer acordos de cooperação implementação desses acordos
que é importante diminuir essa para o desenvolvimento da agricultura firmados?
dependência”. em nosso país. Além desses acordos de Garrick- A Nigéria apresenta um
K AYO D E G A R R I C K cooperação que eu mencionei, temos grande fosso que separa uma pequena
também avançado nas discussões sobre parte da população, que é muito rica,
atômica. A Nigéria é um país bastante convênios para investimentos em in- e a maioria muito pobre. Mas o nosso
dependente da produção de petróleo e fra-estrutura, no campo da educação, governo está implementando políticas
o nosso governo entende que é impor- e na saúde, no qual está previsto envio para minorar esses problemas. Hoje
tante diminuir essa dependência Há de medicamentos para conter o avanço há maior acesso à educação. Vemos
também em curso acordos no campo

8 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • N I G É R I A


ENTREVISTA

Perfil do Embaixador refinarias de etanol no país, o que é, vemos algum interesse em saber mais
por si só, um importante passo dado. sobre a Nigéria por parte do empresa-
O Embaixador Extraordinário e As refinarias estão operando, mas não riado paulista, onde a Fiesp (Federação
Plenipotenciário da Nigéria no Brasil, na sua capacidade máxima. Até recen- das Indústrias do Estado de São Paulo)
Kayode Garrick está no serviço de temente, a Nigéria teve uma economia tem feito um ótimo trabalho no sentido
relações exteriores do seu país desde marcada por uma forte presença do de buscar maior conhecimento sobre
1979. Bacharel em Letras (Francês) Estado, com as refinarias de petróleo investimentos no meu país. Além disso,
pela Universidade de Ifé, além de falar pertencentes ao governo. A experi- estou muito feliz que a FCCE tenha de-
Inglês e Francês, é fluente em Alemão, ência nos mostrou que essa estratégia cidido realizar esse seminário, mesmo
Português e Italiano. não era a mais eficiente. Dessa forma, porque essa é a primeira vez que nós
Antes de assumir, em 2005, o posto decidimos passar para o setor privado temos esse tipo de evento na cidade do
de Embaixador no Brasil, ele atuou,
o controle das refinarias para dar maior Rio de Janeiro. Em breve, estaremos
dentro da carreira diplomática, em
eficiência. Contamos com o auxílio promovendo eventos desse tipo em
diversos setores, como o chefe do
Departamento da África (Região Sul), técnico do Brasil para que possamos outros estados brasileiros. A Internet
chefe da Escola de Treinamento do alcançar esse objetivo. é também uma ótima ferramenta para
Ministério de Assuntos Estrangeiros, facilitar o acesso às informações sobre
diretor da Escola de Treinamento do É possível criar um compromisso a Nigéria.
Ministério de Assuntos Estrangeiros, de cooperação entre os empresá-
diretor da Secretaria Geral do Ministé- rios dos dois países? “Sendo o Brasil uma das maiores
rio de Assuntos Estrangeiros e diretor Garrick - É o que desejamos. Na déca- potências mundiais na área agri-
– Assuntos Internacionais e Segurança da de 70, o Brasil era um dos principais cola, acredito ser muito impor-
Externa –Assessoria em Segurança exportadores de produtos para Nigé-
Nacional. ria. Com o passar do tempo, contudo, tante estabelecer acordos de coo-
Fora do seu país, o embaixador atuou vimos que isso não era uma situação peração para o desenvolvimento
Embaixada da Nigéria França, Zâmbia, sustentável. Se os brasileiros quisessem da agricultura em nosso país”.
Zimbábue, Suíça e, antes de assumir o que nós continuássemos a comprar os
cargo no Brasil, atuou como ministro K AYO D E G A R R I C K
seus produtos, sem desenvolver meios
da Embaixada da Nigéria nos Estados
Unidos.
para a produção local, num curto es-
paço de tempo, estaríamos bastante E senhor acredita que o gover-
“Como o Brasil, a Nigéria tam- endividados e diminuiríamos o nosso no brasileiro pode ser um bom
bém apresenta um grande fosso fluxo de comércio, como de verdade intermediador no processo de
que separa uma pequena parte aconteceu nas últimas décadas. Então, integração econômica entre os
da população, que é muito rica, e qual foi a lição que aprendemos com dois países?
isso? Trabalhar em conjunto, criar join- Garrick - Sem dúvida. Para se ter
a maioria muito pobre”. idéia, até 2005, nós ainda estávamos
K AYO D E G A R R I C K
ventures, trabalhar em diversas áreas.
Hoje, a Nigéria é um país que pode preocupados com os problemas oriun-
também que estão sendo criados dos da dívida que a Nigéria contraiu do
propiciar uma parceria de longo prazo
empregos no setor de infra-estrutura Brasil através de um acordo e que nós
com investidores brasileiros.
e serviços. Acredito, contudo, que o estávamos com dificuldades de honrar.
E quais são os atrativos que a
Brasil pode dar um melhor incremen- No final de 2005, o governo brasileiro
Nigéria dispõe para atrair inves-
to, por intermédio de parcerias entre decidiu perdoar parte da nossa dívida,
timentos brasileiros?
os nossos países. e então conseguimos pagar o resto.
Garrick - Muito esforço tem sido
No campo do etanol, Brasil e Assim, novos interesses em investir na
feito para atrair investimentos de
Nigéria firmaram um acordo Nigéria surgiram, depois desse episó-
vários países, inclusive de empresas
que visa ao suprimento desse dio. É claro que ainda não está num
brasileiras para a Nigéria. Eu acredito
biocombustível no país e também ritmo desejável, mas o nosso governo
que um dos principais entraves é a
dar apoio técnico para a produ- está fazendo o máximo para acelerar
falta de informação do empresariado
ção interna . Já há algum avanço esse processo. Portanto, estou muito
brasileiro a respeito das nossas reais po-
nesse sentido? confiante quanto às melhorias nas re-
tencialidades econômicas. No entanto,
Garrick - Sim. Já temos montadas lações entre os nossos países.
já há algum progresso nesse sentido. Já

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • N I G É R I A 9


DIPLOMACIA

“Há perspectivas tes da política externa do governo


brasileiro em relação à África, afir-

muito positivas nas mando que há sucessos em todas as


áreas, do setor comercial ao campo

nossas relações com cultural. Diplomata de carreira,


Pimenta ingressou no Itamaraty em

a Nigéria” 1976 e assumiu diversas posições no


exterior. Em entrevista à Revista da
FCCE, ele saúda a iniciativa da fede-
Diplomata afirma que seminários com países ração em promover encontros bila-
africanos são importantes para dirimir terais com países africanos, a fim de
que empresários brasileiros tomem
preconceitos em relação ao continente conhecimento das oportunidades
que o continente oferece. Abaixo,
acompanhe trechos da entrevista
concedida durante o Seminário
Bilateral de Comércio Exterior e
Investimentos Brasil-Nigéria.

Para o senhor, qual é a importância


da realização de seminários como
este?
Pimenta - O seminário é muito impor-
tante e oportuno, uma vez que a África,
ao contrário do que muita gente pensa,
é um continente que tem um potencial
enorme e está passando por um pro-
cesso de grandes transformações, tanto
no plano político quanto no econômico,
e gerando oportunidade de negócios. Este
encontro serve justamente para difundir
as potencialidades existentes. Tivemos,
este ano, o seminário Brasil-Angola, e o
próximo será o seminário Brasil-Moçam-
Jacques Pimenta, Diretor do Deaf, elogia iniciativa da FCCE em promover seminários com países africanos bique. Tudo isso mostra a importância
desse continente nas relações comerciais
É necessário apostar nas potencia- Ministério das Relações Exteriores com o nosso país.

lidades do mercado nigeriano, o do Brasil, Fernando Jacques de Ma- “Este encontro serve justamente
nosso maior parceiro comercial na galhães Pimenta. Estando à frente do para difundir as pontecialidades
departamento desde 2005, Pimenta existentes”
África. Essa é a visão do diretor do
F E R N A N D O P I M E N TA
Departamento da África (Deaf) do comemora os bons resultados recen-

10 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • N I G É R I A


DIPLOMACIA

Num plano geral, como estão se 1,4 bilhão, e importamos US$ 3,8 bilhões Dados sobre a Nigéria
desenvolvendo as nossas relações desse país. É claro que os valores são
Idioma Inglês
com a África? resultados dos altos preços do petróleo
Pimenta - O nosso comércio com a verificados nos últimos anos. Capital Abuja
África praticamente triplicou ao longo Qual é o papel do Deaf dentro do Presidente Umuru Yar’ Adua
dos últimos quatro anos. Saltou de US$ 5 MRE?
bilhões em 2002 para US$ 15 bilhões em Pimenta - O nosso departamento trata Área
2006. Além disso, estamos fortalecendo da África dentro de um plano geral, e - Total - 923.768 Km²
- % água -1,4%
o nosso relacionamento em outras áreas. não em pontos específicos. Por exemplo,
Aumentamos inclusive o número de em- há no Itamaraty vários departamentos População
- Total (2004) - 133.8813.703
baixadas no continente. Os africanos fiz- que cuidam de temas como promoção - Densidade - 147/Km²
eram a mesma coisa. Temos, atualmente, comercial, responsável por dar apoio
30 embaixadas residentes na África. Esses a empresários brasileiros que vão ao Independência - do Reino Unido
1º de Outubro de 1960
continente. Há a agência brasileira de
“Agora, há interesse de parte dos cooperação, voltada especificamente para
nigerianos na obtenção de ener- assuntos de cooperação técnica. O MRE Moeda Naira
gia renovável” também dispõe do departamento cultural, Hino Nacional Arise O Compatriors
F E R N A N D O P I M E N TA que se ocupa de vários programas, como Nigeria’s Call Obey
o que trata do convênio e intercâmbio de
PIB / 2006 US$191.4 bilhões
dados são importantes porque Brasil e estudantes africanos. Já a nossa função é
África têm muitas complementaridades, coordenar e supervisionar aspectos pro-
muitos interesses comuns. Dessa forma, tocolares, atuando junto à chancelaria dos
todos nós temos a ganhar com esse países da África.
processo de estreitamento nas nossas O programa de bolsas para estu-
relações. dantes africanos é um dos mais
E qual a análise que o senhor faz das notáveis dentro das relações Bra-
relações bilaterais Brasil-Nigéria? sil-África. É bastante visível a pre-
Pimenta – A Nigéria é um país extrema- sença de estudantes africanos nas
mente importante do continente africano, maiores universidades públicas
com uma significativa extensão territorial brasileiras. O senhor pode nos for-
e com uma população de 134 milhões necer informações a respeito deste
de pessoas. Nós já temos acordos no programa?
campo da energia fóssil. O Brasil compra Pimenta - O governo brasileiro tem
petróleo desse país que, junto com a Argé- um programa de bolsas para estudantes
lia, é um dos maiores fornecedores dessa do mundo todo. No entanto, as estatísti-
matriz energética no continente. Agora,
há interesse de parte dos nigerianos na “Duas missões na Nigéria es-
obtenção de energia renovável. Duas tiveram recentemente no Brasil
missões da Nigéria estiveram recente-
mente no Brasil para estudar e aprender para estudar mais sobre agri-
mais sobre a agricultura e a geração de cultura e geração de energia
energia no Brasil. Estamos estudando uma
missão brasileira para ir à Nigéria. É bom renovável.”
lembrar que atualmente temos acordos F E R N A N D O P I M E N TA
bilaterais em vários setores como saúde, cas mostram que, de 2001 a 2006, os
educação e não só no setor comercial. estudantes africanos respondem por
O senhor mencionou as compras 75% do total de quatro mil estudantes
brasileiras de petróleo nigeriano. estrangeiros no Brasil. É claro que, dentro
Poderia colocá-las em números? dessa porcentagem, estão os estudantes
Pimenta – O Brasil tem um déficit es- africanos dos países de língua portuguesa.
trutural com a Nigéria, em decorrência Há também, no entanto, boa presença de
das importações de petróleo. Para se ter países africanos francófonos e anglófonos,
uma idéia, em 2006 nós exportamos US$ esse último é o caso da Nigéria.

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • N I G É R I A 11


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ABERTURA

“Parceria e diversificação das


trocas comerciais”
Brasil e Nigéria discutem meios para intensificar o comércio
entre os dois países

Mesa da Sessão de Abertura do seminário da esquerda para direita: Emmanuel Ukpe, Cathy Echeozo, Marco Moreira Leite, Fernando Jacques Magalhães Pimenta,
Kayode Garrick, Armando Meziat, Murade Isaac Miguigy Murargy ,Teóphilo de Azedo Santos , Maurício doVal e Arlindo CatoiaVarela

A Nigéria é um país conhecido mundialmente pelas bilaterais realizados pela instituição, e que reuniu, ao
suas imensas reservas de petróleo. No entanto, um dos longo da sua trajetória, empresários, representantes dos
maiores paises do continente africano também conta governos brasileiro e dos países convidados, acadêmicos
com outros setores potenciais a serem explorados e estudantes da área de relações internacionais entre
comercialmente pelo Brasil. O Seminário Bilateral de demais participantes.
Comércio Exterior e Investimentos Brasil-Nigéria,

P
promovido, no dia 20 de agosto, pela Federação das ara compor a mesa da Sessão Solene de Abertura, Souza
Câmaras de Comércio Exterior (FCCE), no prédio da Lima convidou o vice-presidente da FCCE, Arlindo
Catoia Varela; o Conselheiro Comercial da Embaixada
Confederação Nacional do Comércio (CNC), no Rio de da Nigéria, Emmanuel Ukpe; a diretora-executiva do Guaranty
Janeiro, teve como objetivo tratar das possibilidades de Trust Bank, Cathy Echeozo; o 1º vice-presidente da FCCE, Paulo
Marcondes Ferraz; o diretor de Comércio e Serviços do Ministério
estreitamento nas relações entre os dois países. O semi- do Desenvolvimento da Indústria e Comércio Exterior (MDIC),
nário, conforme lembrou o presidente da FCCE, João Maurício do Val; o presidente do Conselho Empresarial de Co-
mércio Exterior, Marco Pólo Moreira Leite; o diretor-geral do
Augusto de Souza Lima, foi o 29º da série de encontros Departamento da África do Ministério das Relações Exteriores,

16 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • N I G É R I A


ABERTURA

empresários também procuram agregar


valor às suas exportações e diversificam
os mercados. É lógico que ainda existem
os gargalos na infra-estrutura que nós
precisamos resolver. Contudo, acredito
que o Brasil está no caminho certo. Os
seminários da FCCE servem para que a
gente conheça, se aprofunde e se integre
cada vez mais com os nossos parceiros”,
concluiu. Em seguida, ele passou a palavra
para o embaixador plenipotenciário da
Nigéria no Brasil, Kayode Garrick, que
fez o pronunciamento especial.

Fortalecer as relações
O diplomata nigeriano iniciou o seu dis-
curso elogiando a iniciativa da FCCE em
Sessão de abertura: Embaixador Garrick e o Secretário de Comércio Exterior do MDIC, Armando Meziat realizar o evento. “Sinto-me honrado em
fazer parte deste seminário. Eu gostaria de
Embaixador Fernando Jacques Magalhães “Nos últimos quatro anos e elogiar o presidente da FCCE e o Conselho
Pimenta; o presidente do Conselho Supe- Superior da Câmara pela iniciativa em
meio,as exportações brasileiras
rior da FCCE,Teóphilo de Azeredo Santos; criar esta série de encontros bilaterais. Eu
o Embaixador Plenipotenciário de Mo- saltaram de US$ 60 bilhões para gostaria, portanto, em nome do governo
çambique no Brasil, Murade Isaac Miguigy US$ 150 bilhões.” da Nigéria, de agradecer a homenagem
Murargy; o Embaixador Plenipotenciário A R M A N D O M E Z I AT especial que está sendo feita ao nosso
da Nigéria no Brasil, Kayode Garrick; e o país. É estimulante a presença, aqui, de
Secretário de Comércio Exterior, Arman- analisou. Ele acrescentou dados que mos- muitas personalidades importantes para
do Meziat, que presidiu a sessão. tram que, de janeiro a agosto de 2007, há a crescente cooperação entre a Nigéria
Ao fazer o discurso de abertura do crescimento das exportações da ordem e o Brasil” declarou. Segundo Garrick, o
seminário, Meziat disse ser bastante pra- de 15%, atingindo, assim, a marca de evento acontece num período interessante
zeroso estar presidindo a sessão, uma vez US$ 95,7 bilhões. Nesse mesmo período, dentro da longa história das relações entre
que a série de seminários promovidos Meziat afirmou que as importações au- os dois países. Ele ressaltou os laços histó-
pela FCCE traduz o que vem acontecen- mentaram 27%, somando US$ 70 bilhões, ricos e culturais, o que, segundo afirmou
do no comércio exterior brasileiro nos o que representa um superávit acumulado o embaixador, facilitam o fortalecimento
últimos anos. “Esse setor (o de comércio no ano de US$ 25 bilhões. da aproximação. “Nossas populações com-
exterior) está em alta, demonstrando um Meziat atribuiu esse quadro de cres- partilham atributos genéticos e culturais
desempenho realmente espetacular. Nos cimento das exportações brasileiras às comuns que são visíveis em nossa vida
últimos quatro anos e meio, as exportações alterações que vêm se processando na cotidiana”.
brasileiras saltaram de US$ 60 bilhões economia nacional. Ele argumentou que Num breve retrospecto histórico, o
para US$ 150 bilhões. Nesse período foi as empresas deixaram de exportar de embaixador contou que a reaproximação
gerado um superávit da ordem de U$ 160 forma ocasional, e passaram a incorporar entre a Nigéria e o Brasil começou nos
bilhões” declarou o secretário de Comér- o conceito de exportação como uma estra- anos 60, quando o país africano, após
cio Exterior. Em seguida, Meziat destacou tégia empresarial. O palestrante ressaltou, se tornar independente, formalizou as
a importância do crescimento do volume ainda, que atualmente existem ações que relações diplomáticas com Brasil. Após
das importações no contexto econômico buscam capacitar a mão-de-obra nacional um afastamento entre as décadas de 80
nacional. “Se somarmos os últimos doze e disseminar informações que ocorrem de e 90 do século passado, as relações bila-
meses, as importações já chegam a US$ forma crescente no setor de comércio ex- terais entre os dois países assumiram um
106 bilhões. Isso mostra um perfil alta- terior. “Eu diria que as empresas brasileiras ritmo acelerado nos últimos anos. Esse
mente positivo para a economia brasileira, têm dado uma demonstração de grande movimento culminou na troca de visitas
uma vez que 70% das importações são competência. Elas buscam priorizar in- presidenciais em 2005. O embaixador
feitas pela indústria e para a indústria, e vestimentos em inovações tecnológicas, comentou o último encontro entre os
estão relacionadas a bens de capital, ma- redução de custos, melhoria da sua produ- presidentes do Brasil, Luís Inácio Lula da
térias primas e produtos intermediários”, tividade, melhoria nos seus produtos. Os Silva, e da Nigéria, Umaru MusaYar’Adua,

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • N I G É R I A 17


ABERTURA

na Alemanha, durante a Cúpula do G-8,


em junho de 2007. Na ocasião, eles rea-
firmaram compromissos para ampliar as
relações bilaterais entre ambos os países.
O embaixador mencionou, como exemplo
de resultado das conversações entre os dois
chefes de Estado, o envio de uma equipe
técnica nigeriana, composta por 14 profis-
sionais da área de energia, que esteve, em
agosto, em visita oficial de uma semana ao
Brasil. “Mais visitas deste tipo estão sendo
agendadas” prometeu.

“Nossas populações comparti-


lham atributos genéticos e cultu-
rais comuns que são visíveis em
nossa vida cotidiana”.
E M B A I X A D O R K AYO D E G A R R I C K

Diversificar a pauta de exportações


nigerianas
O diplomata destacou o aumento do
comércio entre a Nigéria e o Brasil. Ele
considerou como bastante positivo os
números apresentados de 2003 a 2006. Embaixador Garrick em discurso durante a Sessão Solene de Abertura do Seminário
“Em 2003, importamos do Brasil cerca de
US$ 470 milhões, para alcançar, em 2006, bem mais diversificadas. “Obviamente, isso junho de 2007, o volume negociado entre
o volume de US$ 1,14 bilhão. Durante o revela que há muito trabalho por fazer. os dois países foi da ordem de US$ 2,7
mesmo período, as importações brasilei- Mas, na medida em que nos esforçamos bilhões. Podemos considerar essa quantia
ras aumentaram. Elas passaram de US$ para melhorar o volume e a qualidade de como insignificante quando comparada ao
1,5 bilhão para aproximadamente US$ 4 comércio entre os dois países, espera-se fluxo total de comércio do Brasil, que será,
bilhões. O total de fluxo comercial entre que, para os próximos anos, mais empresas segundo estimativas, de US$ 155 bilhões
os dois países, durante o mesmo período brasileiras se interessem nos potenciais em 2007. Há oportunidades abundantes
(2003-2006), aumentou de US$ 2 bilhões oferecidos pela Nigéria como um mercado em ambos os países. Nigéria e Brasil têm
para US$ 5,2 bilhões, um crescimento de para os produtos brasileiros. Além disso, condições de aumentar significativamente
150%”, disse. Segundo ele, as estimativas as empresas brasileiras precisam aproveitar o volume e a qualidade desse comércio”,
são que em 2007 haja um considerável as condições de investimento sendo muito declarou.
aumento no volume de comércio entre os favoráveis no momento”, afirmou. Ele Ele disse que medidas para alcançar
dois países, superando as cifras apresenta- comentou que a Nigéria está trabalhando esse objetivo foram implementadas pelo
das em 2006. para dinamizar a sua economia, substituin- governo passado, liderado por Oluse-
Levando em conta os números mencio- do o perfil de país meramente exportador gun Obaanjo. O ex-presidente iniciou
nados, a Nigéria tornou-se, em 2006, o de petróleo para se tornar uma economia reformas profundas na economia e nas
quinto maior exportador em valor para multifacetada. “Precisamos valorizar a instituições governamentais. “A adminis-
o Brasil. O país africano manteve essa nossa exportação”, declarou. tração atual, sob o comando do presidente
posição na primeira metade de 2007. Não obstante o fato de a Nigéria conse- Umaru Musa Yr’Adua, se comprometeu
Entretanto, embora a Nigéria tenha um guir manter a sua posição no ranking dos a continuar com as reformas”, declarou.
superávit comercial significativo com o mercados de importação brasileiro, além Segundo Garrick, a reforma bancária é um
Brasil, o petróleo e produtos derivados de ser o mais importante parceiro comer- exemplo de saneamento institucional bem
representaram 99% das exportações nige- cial da África (em termos de volume), o sucedido dentro desse processo. “O setor
rianas, enquanto que as exportações brasi- fluxo total de comércio entre o país africa- bancário que apresentava uma infinidade
leiras para o país do oeste da África foram no e o Brasil ainda é relativamente baixo, de instituições pequenas e instáveis, conta
considerou o diplomata. “Entre janeiro e hoje com 25 bancos consolidados e alta-

18 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • N I G É R I A


ABERTURA

mente competitivos com seus equivalentes e diversificar o valor total e o volume das
em qualquer parte do globo”. exportações não petrolíferas da Nigéria.
“Esses incentivos foram elaborados para
Reformas e investimentos resolver os principais problemas de ofer-
A reforma econômica da Nigéria tam- ta, demanda e competitividade do preço
bém testemunhou a quitação dos enormes das exportações nigerianas. Há também
débitos multilaterais junto ao clube de incentivos fiscais para algumas linhas de
credores de Paris e de Londres, entre os comércio, assim como benefícios e outras
anos 2005 e 2007, através de um processo garantias”, declarou o palestrante. Para
de gerenciamento de débito, envolvendo mais detalhes a respeito desses incentivos,
o pagamento de grandes quantidades de regimes tarifários e outras medidas de po- Os presidentes do Brasil, Luís Inácio Lula da
dinheiro, recompra de débito e baixa no lítica fiscal na Nigéria, Garrick informou Silva, e da Nigéria, Umaru MusaYar’Adua, na
perfil da dívida. Nesse período, a Nigéria o endereço da página da comissão para Alemanha, durante a Cúpula do G-8, em junho
conseguiu acumular significativas reservas promoção de investimento da Nigéria na de 2007.
estrangeiras, por intermédio da venda de Internet: www.nipc-nigeria.org
seu petróleo e de gás natural. Garrick nas relações bilaterais. “Por isso, hoje, a
informou que, entre 2006 e 2007, o país Conseguimos também estabilizar China superou os Estados Unidos, para
acumulou cerca de US$ 40 bilhões em a nossa moeda (o naira), através se tornar o principal parceiro de impor-
reservas. “Conseguimos também estabi- do programa econômico de re- tação da Nigéria, com 11% do comércio.
lizar a nossa moeda (o naira), através do formas e investimentos diretos Cerca de 20 mil chineses estão morando
programa econômico de reformas e inves- estrangeiros em setores fora do e trabalhando na Nigéria. Nesse cenário,
timentos diretos estrangeiros em setores campo petrolífero.” é bastante possível que a Nigéria e o Bra-
fora do campo petrolífero. Recentemente, E M B A I X A D O R K AYO D E G A R R I C K sil consigam dobrar seus números atuais
o valor dos investimentos alcançou a or- de comércio bilateral no sentido real da
dem de US$ 3 bilhões. Somente o setor O embaixador classificou como gra- cooperação Sul-Sul. Espera-se que este
de telecomunicação representou cerca de tificante as estatísticas disponíveis que seminário alcance um novo indicador de
US$ 1 bilhão investidos na Nigéria”. Essas mostram o crescimento das economias melhoria significativa do atual balanço
reformas e as novas habilidades de gestão, da Nigéria e do Brasil. Mostrando estar comercial e fluxo entre os dois países”,
acopladas à guerra contra corrupção e à informado sobre a situação do comércio disse.
promoção de maior transparência nas des- exterior brasileiro, Garrick citou dados a O embaixador nigeriano terminou a sua
pesas do governo, a Nigéria, pela primeira respeito dos primeiros sete meses do ano exposição dizendo que o atual momento
vez, recebeu a nota BB menos das agên- de 2007, nos quais mostram aumento nas é bastante propício para que se busquem,
cias de rating Fitch e Standard & Poor’s, vendas ao exterior em relação ao período em conjunto, políticas de cooperação
a mesma avaliação dada a países como o correspondente ao ano de 2006. “O Bra- econômica. “Jamais se verificou condições
Vietnam, Filipinas, Venezuela e Brasil. sil pode, portanto, conseguir seus alvos políticas e econômicas tão grandes como
Apoiados pelas reformas econômicas e econômicos do ano, incluindo US$ 152 agora para o fortalecimento de esforços
outras também em curso, as oportunida- bilhões em exportações, que representam comuns e de cooperação mútua entre a
des de investimento existentes na Nigéria um aumento de 10% sobre as exportações Nigéria e o Brasil. Nossos presidentes
já são realidade. Segundo o embaixador, as de 2006. Analogamente, a Nigéria garante demonstraram um forte compromisso em
inversões estão sendo feitas não somente alcançar um crescimento de 7% do PIB até estreitar os laços entre os dois países. O
nos tradicionais setores de petróleo e gás, o final de 2007. Isto é possível consideran- desafio, agora, está conosco para alcançar
mas também em eletricidade, minerais do o crescimento do setor não petrolífero os objetivos desejados. Nós teremos que
sólidos, transportes (aviação, ferrovias, que registra uma média de crescimento desenvolver a vontade, evoluir a estratégia
estradas e navegação), bancário e teleco- de 8%, comparado com os 3% nos anos certa, construir uma parceria verdadeira
municações. A fim de incentivar o inves- 90. O consistente rendimento elevado da e assumir o compromisso de conduzir o
timento local e estrangeiro na economia exportação de petróleo também tem asse- comércio e os investimentos entre nossos
nigeriana, Garrick contou que o governo gurado que as reservas externas da Nigéria dois países. Eu não tenho dúvidas de que
estabeleceu alguns incentivos. Os incenti- alcançassem uma marca histórica de US$ isso é bem possível com o compromisso
vos recaem sobre os setores da indústria, 44,09 bilhões em maio de 2007”, disse. dos dois lados”, concluiu o embaixador.
agricultura, telecomunicações, energia Um outro fato significativo apontado Após o término do pronunciamento do
elétrica, turismo e transporte. Há também pelo palestrante é a tendência dos países diplomata, o presidente da Sessão de Aber-
“incentivos de exportação”, visando a en- emergentes de mostras enorme dinamis- tura, Armando Meziat, deu por encerrada
corajar e auxiliar exportadores a aumentar mo no comércio internacional, sobretudo a primeira etapa do seminário.

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • N I G É R I A 19


PAINEL I

Na busca por investimentos


brasileiros
Diretora do nigeriano GTB diz que o atual ambiente financeiro da
Nigéria está propício para receber investimentos de empresas brasileiras

Emmanuel Ukpe e Cathy Echeozo: participantes do Painel I discutiram o cenário para intensificação dos investimentos entre Brasil e Nigéria

Fomentar a parceria entre Brasil e Nigéria no campo comercial, atrair investimentos em infra-estrutura no país
africano e aumentar o volume de comércio entre os dois países são desafios que norteiam as relações bilaterais entre
as duas nações vizinhas do Atlântico Sul. O Painel I do seminário - que teve como tema: Perspectivas de Incremento e
Desenvolvimento da Balança Comercial-, procurou, por intermédio dos palestrantes convidados, discutir os rumos das
economias dos dois países para fortalecimento do intercâmbio comercial. O painel foi presidido pelo presidente do
Conselho Empresarial de Comércio Exterior da Associação do Comércio do Rio de Janeiro, Marco Pólo Moreira
Leite, e moderado pelo vice-presidente da FCCE, Arlindo CatoiaVarela. Os expositores da sessão foram o diretor de
Comércio Exterior do MDIC, Arthur Pimentel, e a diretora-executiva do Guaranty Trust Bank, Cathy Echeozo.

P
ara dar início aos trabalhos do cimento do número de cursos voltados que aproveitem seminários como esses”,
painel, Marco Pólo Moreira para o setor de comércio exterior. “A afirmou Moreira Leite. Segundo o repre-
Leite ressaltou a importância do presença de vocês (estudantes) aqui é de sentante da ACRJ, o comércio exterior
evento para o comércio exterior brasileiro. suma importância. O futuro do comércio está cada vez mais focado na especialização
Em seguida, ele destacou a presença do exterior brasileiro está nas suas mãos. O em países, ao contrário do que existia no
grande número de universitários da área Brasil não tem uma tradição nesse campo passado, quando prevalecia uma visão mais
de Relações Internacionais presente à porque nunca teve faculdades à altura da generalista. Após a sua breve participação,
palestra, afirmando que é extremamente necessidade que esse setor representa para ele passou a palavra ao primeiro expositor
positivo para a economia brasileira o cres- o país. Um pequeno conselho para vocês é do painel, o diretor do Decex, Arthur

20 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • N I G É R I A


PAINEL I

Pimentel. para dar maior velocidade às investidas ção Mundial do Comércio) traz aqueles
Pimentel começou a sua palestra tra- empresariais. Qualquer passo em falso, ditames básicos do regramento comercial
çando o panorama do comércio exterior qualquer atraso, pode gerar a perda de internacional e o governo e as empresas
brasileiro entre os períodos de 2006 e os negócios”, afirmou Pimentel. têm que estar atentos a isso. Temos, em
meses de janeiro a julho de 2007. Antes, O processo que cuida da parte das do- função de todos esses estudos e experi-
contudo, ele deu alguns detalhes a respeito cumentações exigidas para o empresário ências, condições de desenvolver análises
das funções do órgão onde trabalha. Ele atuar nos intercâmbios internacionais é de comercialização dos produtos por
relatou que a Secretaria de Comércio também de responsabilidade do Decex. setor. Estamos pretendo disponibilizar
Exterior do MDIC está subdivida em Ele informou que entre as documenta- isso na Internet, principalmente para o
quatro departamentos. Departamento ções que pedem o aval do departamento, empresário que queira fazer um estudo
de Comércio Exterior (Decex); Departa- os mais solicitados são o licenciamento de de pesquisa de mercado”, afirmou.
mento Internacional (Deint), responsável produtos à importação e o registro das Para melhor auferir resultados positivos
pelo acompanhamento dos acordos inter- exportações em operações que requeiram dentro dessa meta, o diretor do Decex
nacionais firmados pelo Brasil; o Depar- uma autorização prévia (geralmente para destacou a importância do sistema infor-
tamento de Defesa Comercial (Decom); mercadorias negociadas em Bolsas de Va- matizado denominado Radar Comercial,
e o Departamento de Planejamento e lores internacionais, e que precisam ser pertencente ao Depla. Pimentel explicou
Desenvolvimento (Depla), responsável acompanhadas diariamente, em razão dos que esse sistema é um instrumento de
pelo desenvolvimento e planejamento níveis de oscilações dos preços interna- inteligência que possui um banco de da-
da geração de estatísticas dos nossos nú- cionais). O diretor do Decex comentou dos de 52 países. Juntos eles representam
meros, através do SISCOMEX (Sistema ainda sobre o registro de operações de mais de 98% do comércio internacional.
Integrado de Comércio Exterior). crédito para financiamento. “Nem sempre Nesse sistema, é possível verificar preços,
Ao especificar o papel exercido pelo o empresário brasileiro consegue vender quantidades e, principalmente, valores de
Decex, Pimentel explicou que as fun- à vista no exterior. Utiliza-se, então, a comercialização de diversos produtos em
ções desenvolvidas pelo departamento ferramenta Proex, um instrumento de diversos países. “Com o Radar Comercial,
envolvem, basicamente, todas as ope- financiamento operacionalizado pelo o empresário consegue analisar se o preço
rações de exportação, importação e as Banco do Brasil”. do seu produto está competitivo para
operações de drawback - instrumento, que O Sistema Integrado de Comércio Ex- aquele mercado. Esse é um instrumento
segundo ele, incentiva as exportações, terior (SISCOMEX), que envolve o pro- de muito valor em termos de pesquisa”.
desonerando as importações de compo- cessamento de dados sobre importação
nentes (matérias-primas e insumos)para e exportação, também recebeu destaque Balança comercial brasileira
posterior exportação. “O drawback acaba por parte do expositor. Ele contou que De 1997 a 2003, Pimentel avaliou
trazendo maior competitividade aos há em curso no Decex, trabalhos voltados que o Brasil passou por um período de
nossos produtos no exterior”, afirmou. para desenvolver uma atualização desse “letargia nas exportações”. No entanto,
Pimentel disse também que o Decex atua sistema. “Já o batizamos de NOVOEX. segundo ele, de 2003 em diante, o país
no processo de simplificação dos trâmites Pretendemos colocá-lo em disponibilida- começou a experimentar uma evolução
administrativos do comércio exterior. de no segundo semestre de 2008. O NO- quantitativa e qualitativa no seu comércio
Segundo ele, o departamento busca estar VOEX nasce da necessidade de enquadrar exterior.“Acredito que hoje o Brasil está
sempre atento às realidades do mercado, o antigo SISCOMEX dentro do rol das num caminho virtuoso sem volta. Está
auxiliando na redução de tempo e de novas especificidades do empresariado no caminho do progresso e do desen-
custos para o empresariado brasileiro. brasileiro, apresentando, assim, mais volvimento, aproveitando também a boa
“De nada adianta o empresário investir na facilidades operacionais”. Segundo Pi- onda que se instalou no mercado inter-
competitividade, se o governo brasileiro mentel, o SISCOMEX gera informações nacional. Depois de pequenas oscilações
não consegue acompanhar esses passos. O múltiplas, pois ele capta todos os dados de um determinado período, verifica-se
nosso papel é atuar em conjunto com o referentes aos setores de exportação e também, do lado das importações, a ten-
setor empresarial brasileiro. Com isso, o importação. Esse banco de dados alimenta dência de crescimento. Com isso, a gente
Decex consegue dar maior transparência outros sistemas informatizados, como o consegue, na composição de exportações
e objetividade às ações e processos, apri- Aliceweb, que é uma ferramenta de esta- e importações, observar o saldo bastante
morando as funções. O departamento tísticas disponível na Internet. maduro”, analisou. O diretor do Decex
também forma um grupo de trabalho Intermediar a busca da melhor sintonia afirmou que para considerar um país bem
constante para verificar mercados, anali- com as regras internacionais também inserido no comércio internacional, é
sar os empecilhos e discutir com os outros faz parte das preocupações do Decex, necessário que a sua economia demonstre
órgãos do governo as medidas necessárias segundo Pimentel. “A OMC (Organiza- uma boa corrente de comércio. Em sua

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • N I G É R I A 21


PAINEL I

avaliação, o Brasil está caminhando para


ter esse perfil. Para corroborar tal análise,
ele citou os recentes dados do comércio
exterior analisado os dados de comércio
de janeiro a julho de 2007. Eles mostram
tendência de crescimento das exporta-
ções (17%) e das importações (28%),
em relação ao mesmo período do ano
passado. “Se a gente conseguir somar ma-
nufaturados com os semi-manufaturados,
podemos estar falando de quase 70% das
exportações brasileiras, o que significa
que o Brasil deixou de ser exportador
de produtos básicos”. Pimentel também
chamou a atenção para o destino das ex-
portações dos produtos manufaturados,
composto, em grande parte, por países
desenvolvidos. Para ele, esse quadro
demonstra a qualidade dos produtos na-
cionais no mercado internacional. “Como
podemos verificar, são países, como os
Estados Unidos, os principais comprado-
res de manufaturados brasileiros”, disse.
Do lado das importações, os dados do Pimentel disse que o comércio exterior brasileiro está num caminho virtuoso sem volta.
MDIC demonstram que, de janeiro a ju-
bora a Nigéria esteja em 5º lugar na lista financeiro nigeriano que, nos últimos anos,
de maior país exportador para o Brasil, sofreu intensas reformas em seu funcio-
“O drawback acaba trazendo quando são retiradas as vendas nigerianas namento. “O nosso setor financeiro está
de petróleo, observa-se que são poucos pronto para receber negócios brasileiros.
maior competitividade aos nossos
produtos que o Brasil está comprando Recentemente, realizamos uma profunda
produtos no exterior.” da Nigéria. “A gente precisa diversificar, reforma no setor financeiro nigeriano
A RT H U R P I M E N T E L fazer um trabalho de sondagem através do desenvolvido pelo Banco Central do país.
Sistema Radar e fazer mais contatos com Essas reformas permitiram que Nigéria
lho de 2007, o setor de bens de consumo os verdadeiros vendedores da Nigéria. se tornasse um país atraente para rece-
lidera a pauta, registrando um aumento Assim, poderemos encontrar subsídios ber investimentos diretos estrangeiros”,
da ordem de 32%, em relação ao mesmo para diversificar as compras brasileiras”. afirmou. O enxugamento do número
período do ano anterior. Nessa mesma De janeiro a julho, o Brasil exportou US$ de bancos no país foi um dos exemplos
comparação, o setor de bens de capital, 897 milhões, um incremento de 23,4 %, apresentados pela executiva. Ela contou
cresceu 24%. Já o setor de matérias pri- em relação ao mesmo período de 2006, e que a Nigéria possuía uma centena de
mas, mostrou um aumento da ordem de importou US$ 2,733 bilhões, um aumen- pequenas instituições bancárias instáveis
28%, e o setor de óleos, subiu 22%. “Esse to de 31,1% , quando comparado ao ano e que, através do saneamento do mercado
quadro mostra a necessidade brasileira de anterior. Ao concluir a sua apresentação, financeiro, o governo da Nigéria conseguiu
comprar cada vez mais para poder gerar Pimentel passou a palavra para a pales- a consolidação de 25 grandes bancos. Ela
também mais exportações”. trante seguinte, a diretora do Guaranty
Trust Bank, Cathy Echeozo.
Intercâmbio Brasil Nigéria Ao iniciar a sua apresentação, Echeozo
Em relação ao comércio bilateral entre disse que o seminário representa uma A NIGÉRIA É O 25° DESTINO
Brasil e Nigéria, Pimentel comentou que grande oportunidade para que Brasil e DAS VENDAS BRASILEIRAS E
o maior país da América Latina precisa Nigéria trabalhem juntos os mais diferen- O 5° PAÍS FORNECEDOR PARA
fazer um trabalho de vendas dos seus pro- tes níveis dentro do setor econômico. De
dutos para o país africano. Atualmente, a O BRASIL
acordo com a diretora-executiva do GTB,
Nigéria está em 25º lugar no ranking de essa tarefa é possível, sobretudo em razão
destinos das exportações brasileiras. Em- do ótimo ambiente apresentado pelo setor

22 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • N I G É R I A


PAINEL I

no mercado. “Atualmente, há cerca de 100 leiras é o sucesso comercial e financeiro


companhias de seguros atuando na Nigéria. que o banco vem auferindo nos últimos
Dessa forma, esse setor passou a se tornar anos. “Só para ilustrar, em julho de 2007,
confiável”. Ainda no quadro de moderni- o GTB conseguiu ser listado para atuar na
zação na economia, o sistema de pensões Bolsa de Valores de Londres, tornando-se
foi modificado para melhor atender e di- o primeiro banco da África e a primeira
namizar os serviço, desonerando, assim, os companhia da Nigéria a constar da lista de
cofres nigerianos. A executiva mencionou empresas na praça financeira londrina. Nós
ainda o processo de privatizações nos mais conseguimos levantar US$ 800 milhões
diversos setores como parte integrante das dentro do sistema de receitas de depósitos
transformações econômicas conduzidas da Bolsa (GDR, em sua sigla em inglês),
pelo governo da Nigéria. A corrente de através de ações negociadas. Isso nos deu
privatizações permeou os setores de infra- uma boa margem para empréstimos a
estrutura, transportes, telecomunicações empresas de todo o mundo, inclusive
e companhias de petróleo e gás. “Essas empresas brasileiras. Em janeiro deste ano,
reformas propiciam ambiente melhor para nós emitimos no mercado internacional
recebimento de investimentos estrangeiros US$ 350 milhões em eurobônus. Assim,
privados em nosso país”. O próximo passo, nós temos, atualmente, mais de US$ 1
segundo a palestrante, será acertar o siste- bilhão para movimentar”, disse.
“Realizamos uma profunda refor- ma monetário nigeriano. “A Nigéria tem Outro aspecto importante considerado
ma no setor financei- muito a aprender com o Brasil, sobretudo pela expositora é o desejo da Nigéria em
ro nigeriano desenvolvido pelo após verificarmos o sucesso da estabiliza- aprender com o Brasil a se tornar um país
ção do real frente ao dólar”. mais dinâmico economicamente. Segundo
Banco Central do país.
O mercado interno nigeriano e a sua ela, o Brasil tem muito a ensinar na área
C AT H Y E C H E O Z O potencialidade foi também objeto de des- de desenvolvimento na produção de manu-
taque por parte da expositora. Ela afirmou faturados, voltados tanto para o mercado
declarou que o capital mínimo para que as
acreditar que a forte tendência para o con- interno como para o comércio exterior.
instituições financeiras possam operar no
sumo na Nigéria pode ser fator de atração O setor agrícola também foi levantado
país africano é de 25 bilhões de naira (mo-
para empresas brasileiras. “Apesar de ter como item carente de desenvolvimento
eda nigeriana), algo em torno de US$ 200
uma população menor que a brasileira, a dentro do setor econômico nigeriano.
milhões. Segundo ela, como conseqüência
Nigéria ainda apresenta uma das maiores Nesse contexto, segundo Echeozo, o Bra-
dessa reforma, quatro bancos nigerianos
populações do mundo. É o maior mercado sil pode, com a sua experiência, auxiliar
conseguiram atingir o mercado financeiro
da África, em termos populacionais”. Nes- tecnicamente a produção de produtos
de capitais, acumulando o montante de
se quadro, ela informou que medidas inter- alimentícios para a população da Nigéria,
cerca de US$ 1 bilhão em ações. “O GTB
nas estão sendo tomadas pelo governo para especialmente na área do plantio de cana-
é um desses bancos. Isso significa que os
tornar a Nigéria um país socialmente mais de-açúcar. “A Nigéria tem uma grande área
principais bancos nigerianos podem em-
estável. “Estamos conseguindo solidificar o cultivável, mas precisamos da experiência
prestar recursos financeiros às empresas
estado de Direito. Estamos capacitando a brasileira nesse setor para atuar com mais
brasileiras que queiram fazer negócios na
mão-de- obra nigeriana. Ela está se tornan- eficiência. A Nigéria é um grande con-
Nigéria. Graças a essa reforma, o setor
do competitiva, tanto em qualidade quanto sumidor de açúcar. Verifico, portanto, a
financeiro nigeriano se encontra seguro,
em custo. Queremos também promover a importância de se buscar parcerias nessa
estável e forte, e está pronto para traba-
nossa infra-estrutura. Por isso, gostaríamos área”. Além dessas demandas, a executiva
lhar em parceria com as multinacionais do
de contar com mais empresas brasileiras disse que também estão sendo buscadas
mundo todo, incluindo as multinacionais
para investimentos nessa área”. parcerias na produção dos biocombustí-
brasileiras”.
Em relação ao GTB, ela ressaltou que a veis. “Todos sabemos que a Nigéria é uma
Echeozo informou que o setor de se-
instituição está ávida por firmar parcerias das potências na produção de petróleo e
guros também foi reformado. O capital
com empresas brasileiras, auxiliando-as gás. No entanto, vemos a importância que
mínimo exigido para um firma de seguros
nas informações necessárias para tornar os biocombustíveis vem tomando. Esse
operar na Nigéria aumentou, o que fez
mais viáveis os futuros negócios a serem campo representa, sem dúvida, o legado
com que o setor sofresse um saneamento
empreendidos no país africano. Echeozo brasileiro para o mundo”, concluiu. Em
semelhante ao ocorrido no setor bancário,
declarou que o que gabarita o GTB a ser seguida, o presidente do Painel, Marco
permitindo que apenas companhia saudá-
um bom parceiro para as empresas brasi- Pólo Moreira Leite, encerrou a sessão.
veis, do ponto de vista financeiro, atuem

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • N I G É R I A 23


PAINEL II

Kayode Garrick, Fabio Martins Faria, José Augusto de Castro e André Leitão Paes: palestrantes do Painel II discutiram o futuro da parceira energética.

A importância da parceria
energética
Dados mostram a relevância da Nigéria como país fornecedor de petróleo
para o Brasil e destaca o interesse do país africano pelos biocombustíveis

A
Nigéria é o 11º maior produtor de petróleo Petróleo e Fontes Alternativas de Energia, tratou do tema
do mundo e o primeiro do continente africa- com dois palestrantes convidados: o coordenador da
no. Mas, em tempos de aquecimento global, Diretoria Internacional da Petrobras, André Leitão Paes,
a obtenção de matrizes alternativas de energia vem se e do diretor de Planejamento e Desenvolvimento do
tornando uma meta a ser alcançada por diversos países Comércio Exterior do MDIC(Depla), Fabio Martins
do mundo, inclusive para esse país africano, que conta Faria, que também atuou como moderador da sessão. O
com abundantes reservas de combustível fóssil. O Pai- painel foi presidido pelo vice-presidente da Associação
nel II, intitulado As Relações Brasil-Nigéria nos Setores de dos Exportadores do Brasil, José Augusto de Castro.

24 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • N I G É R I A


PAINEL II

O diretor da Depla, o primeiro exposi-


tor do painel, iniciou a sua apresentação,
comentando sobre as oportunidades de
comércio existente no país africano. Ele
acrescentou que os resultados do estrei-
tamento das relações Brasil-Nigéria ainda
estão muito aquém das reais potencialida-
des, não obstante notar o crescimento no
volume de investimentos e do comércio
bilateral. “Eu já tive a oportunidade de ir
à Nigéria por duas vezes. Estive em Lagos
e, realmente, é um país que apresenta
perspectivas de forte crescimento eco-
nômico, além de ser uma das nações mais
promissoras da costa oeste africana. O país
tem grandes reservas minerais e uma área
de agricultura bastante extensa”, afirmou
Martins Faria.

“O comércio exterior brasileiro Fabio Martins Faria disse que a Nigéria é um grande mercado para produtos manufaturados brasileiros.
vem dando mostras de
merece destaque dentro do quadro das também se destacam. Os produtos bási-
grande dinamismo” exportações brasileiras. Ao apresentar o cos aparecem em quarto lugar na pauta,
F A B I O M A RT I N S F A R I A gráfico no qual mostra o desempenho das tendo a soja como a principal commodity
vendas internacionais de cada produto, negociada no exterior. O minério de ferro
Otimismo ele demonstrou a participação expressiva aparece logo em seguida, apresentando
Antes de tratar especificamente das das manufaturas, que respondem por um crescimento de 23,5%. Os produtos
relações bilaterais entre Brasil e Nigéria, 55% da pauta, e que, este ano, registra químicos, as carnes, máquinas e equipa-
Faria fez questão de reforçar o sentimen- um crescimento de 12%. No entanto, ele mentos, dão prova da diversificação da
to de otimismo verificado pelo governo considerou o aumento significativo dos nossa pauta de exportações. “O Brasil é
brasileiro em relação aos números obti- produtos básicos, sobretudo em função um exportador significativo de máquina
dos no comércio exterior nos primeiros da evolução das cotações dos preços das e equipamentos do mundo. Temos nesse
sete meses do ano. “Como já afirmou o commodities que o Brasil exporta para segmento um crescimento em torno de
nosso secretário de Comércio Exterior o mundo. “Somos grandes exportadores 17%”, afirmou o expositor. Os setores de
(Armando Meziat), estamos caminhando de produtos da agroindústria e produtos O Brasil é um exportador signifi-
para fechar o ano com US$ 155 bilhões minerais que estão vivendo um momento
muito favorável nas suas cotações. Isso cativo de máquina e equipamen-
de exportações. Nos primeiros sete
meses do ano, verificamos um aumento tem feito crescer a participação dos pro- tos do mundo.Temos nesse seg-
de 17% das exportações brasileiras. As dutos básicos na pauta de exportação do mento um crescimento em torno
importações também vêm crescendo de comércio exterior brasileiro. Contudo,
em termos de volume, ou seja, em termos
de 17%
forma bastante expressiva, na casa dos F A B I O M A RT I N S F A R I A
28%, surpreendendo alguns analistas de valor total exportado, a participação
dos produtos manufaturados domina couros e calçados, prejudicados, especial-
que costumam apresentar números um mente, pela concorrência com os similares
pouco pessimistas. Em suma, o comércio amplamente a pauta das exportações bra-
sileiras”, avaliou. O setor de material de chineses e com a apreciação cambial, estão
exterior brasileiro vem dando mostras no final da lista de itens apresentados.
de grande dinamismo”, disse o diretor do transporte encabeça a lista dos principais
produtos exportados, incluindo toda a Faria ressaltou, no entanto, que mesmo
Depla, que lembrou que a atual estimativa enfrentando tais vicissitudes, o setor de
do quadro das exportações modificou as parte automotiva, auto-peças, caminhões,
ônibus, tratores, aeronaves e motores. couro e calçados está crescendo 14% este
previsões de volume de exportações na ano. “Esse aumento se dá, sobretudo, pelas
casa de US$ 152 bilhões feitas no início Esse setor representa cerca de 14% da
nossa pauta exportadora. Os setores de exportações de couro, mas também há
do ano. contribuições da área de calçados. Esse
Segundo Faria, o setor de manufaturados metalurgia e de petróleo-combustível
setor tem buscado nichos que têm per-

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • N I G É R I A 25


PAINEL II

mitido contrabalançar as dificuldades de consumo, que apresentou um crescimento pelo então ministro Furlan. O ex-ministro
colocação de volume” analisou. bastante acelerado de janeiro a julho deste levou um grupo de empresários para in-
Em termos de destino dos principais ano, cresceu 32,5% em relação aos mes- crementar o comércio entre os dois países,
produtos brasileiros, o diretor do Depla mos meses do ano passado. “Mas os bens sobretudo para reduzir o déficit que se
informou que a União Européia está em de consumo duráveis (eletrodomésticos e apresenta na balança comercial brasileira.
primeiro lugar como mercado comprador. eletroeletrônicos em geral) representam Esse perfil de país superavitário se repete
Ele comentou, porém, sobre a grande somente 13% do total do que o Brasil no comércio da Nigéria com o mundo. De
representatividade que passou a ter, nos importa”, explicou. acordo com o quadro apresentado pelo ex-
últimos anos, os países da América Latina Entre os principais fornecedores, a Ásia positor, o total exportado, em 2006, pelo
como compradores dos produtos brasi- surge como a principal supridora, sobre- país africano foi de aproximadamente US$
leiros. “O grupo Aladi (Associação Lati- tudo pela relevância da importação de 50 bilhões, enquanto que, nesse mesmo
no-Americana para o Desenvolvimento e componentes para a indústria brasileira. ano, as suas compras totalizaram cerca de
Integração), é o segundo bloco de destino Dentro desse quadro, a China se destaca US$ 30 bilhões. “Portanto, há um espaço
das nossas exportações. O interessante é como importante fornecedor mundial de bastante significativo para o crescimento
que verificamos um crescimento bastante componentes. “É um fenômeno global, do comércio com o Brasil, mesmo porque
intenso nas duas mãos, ou seja, as nossas a maioria dos países tem a China como as nossas vendas, em 2006, foram US$ 2
exportações têm crescido para a América grande país exportador na área de eletro- bilhões num país que importa cerca de
Latina, mas as nossas compras de produtos eletrônica” analisou o diretor da Depla. Já US$ 30 bilhões. Precisamos explorar o
desses países também estão aumentando”. a União Européia aparece como o segundo incremento do comércio com a Nigéria.”,
Para o expositor, a Ásia e África também bloco exportador para o Brasil, com cres- conclui a exposição.
vêm tendo crescimento expressivo como cimento de 27% nas vendas. Em relação
mercados. Ele alerta, contudo, que no- ao grupo Aladi, houve um crescimento Petrobras na Nigéria
que diz respeito às compras de produtos de 28%, mesmo percentual apresentado O segundo expositor do painel foi o
africanos, verifica-se uma considerável pelos EUA. coordenador da Área Internacional da
concentração de produtos primários, em Petrobras, André Leitão Paes. Responsável
razão do seu incipiente parque industrial. Um mercado em ascensão pela coordenação de negócios da empresa
“As importações são muito concentradas No intercâmbio Brasil-Nigéria, a curva na Nigéria, ele iniciou a sua apresentação
quando a origem é africana. Diferente do de crescimento também foi considerável. fazendo um breve histórico da atuação da
que ocorre com as exportações, quando Sendo o volume das trocas de comércio companhia no país africano que, segundo
somos fornecedores de produtos bastante deficitário para o Brasil, o gráfico mostra- informou, é um dos destaques entre os 21
diversificados”. do pelo diretor do Depla mostrou que esse países onde a Petrobras atua. Dentro do
déficit vem crescendo significativamente, panorama internacional, a Nigéria aparece
Exportação de sobretudo devido às importações de pe- em quarto lugar, com 167 milhões barris,
Manufaturados tróleo. A Nigéria é hoje o 25º destino das do total de 1,2 bilhão de barris. Em termos
Na lista de produtos importados, as vendas brasileiras. Embora se verifique o percentuais, esse volume corresponde a
matérias-primas e bens intermediários aumento do valor exportado, a Nigéria 13,2% das reservas da área internacional.
representam grande parte do que o Bra- representa cerca de 1% da pauta de desti- “Começamos as nossas atividades na Nigé-
sil compra do exterior. Faria destacou a no das exportações nacionais. “Em termos ria em 1998, com a aquisição de dois blo-
importância desses produtos para o de- de valor agregado, a Nigéria é um grande cos de exploração de petróleo. O primeiro
senvolvimento da economia brasileira, já mercado para produtos manufaturados foi o OPL 216, e, depois, o OPL 246. De-
que eles serão usados pela indústria para o brasileiros, que representam 76% de tudo pois, abrimos o nosso escritório em 2000
beneficiamento. Em seguida, aparecem os o que o Brasil vende para o país africano. e, desde então, tivemos um crescimento
bens de capital, que teve um crescimento É um mercado bastante expressivo para os bastante razoável. Hoje, temos quatro
de 25% nos primeiros sete meses do ano, produtos desse setor”, afirmou. A gasolina blocos administrados no país”, disse Paes.
em relação ao mesmo período do ano e o açúcar estiveram entre os principais
passado. “Esses dados nos faz ter segurança produtos vendidos em 2006. “Começamos as nossas ativida-
para afirmar que essas importações são de Na importação, a Nigéria se destaca des na Nigéria em 1998, com a
qualidade. Elas (as importações) vão gerar como o 5º maior fornecedor de produtos aquisição de dois blocos de explo-
emprego e aumento de produção no país”, (em termos de volume) para o Brasil.
disse Faria. Na área de petróleo-combus- Segundo informou Faria, a condição ração de petróleo”
tível, Faria mostrou que as importações deficitária desse comércio motivou a ida
ANDRÉ LEITÃO PAES
cresceram 22%, e o setor de bens de de uma missão à Nigéria, feita, em 2006,

26 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • N I G É R I A


PAINEL II

co maior por ser o primeiro no qual houve sabilidade social na Nigéria. Nesse país,
um acordo entre os sócios que inclui no os maiores investimentos sociais da estatal
seu texto o compromisso de adequação brasileira estão nos setores de saúde e
dos dez princípios do Global Compact educação. “Em 2006, a Petrobras começou
(acordo que visa ao tratamento de temas a conceder bolsas de estudo. Na parte
voltados ao respeito ao meio ambiente, de saúde, temos atuado na prevenção à
direitos humanos e transparência nas malária e à Aids”. Ele disse também que
operações de negócios, como o combate há investimentos da estatal brasileira para
à corrupção)”. Em relação aos blocos auxiliar o desenvolvimento da agricultura
de desenvolvimento e produção, o OML na Nigéria.
127 e OML 130, respondem juntos pelo Em meados do mês de agosto, a direto-
total de 1,6 bilhão de barris de petróleo ria-geral da Petrobras anunciou o plane-
produzidos, com operações nos campos jamento estratégico da empresa para os
de Agbami (OML127) e Akpo, Egina, próximos quatro anos (2008-2012). De
Egina South e Preowei (OML 130). Den- acordo com o quadro apresentado pelo
Os investimentos da Petrobras na tro do OML 127, a Petrobras atua em expositor, o total de investimentos está
área internacional previstos es- parceria com Chevron , Statoil, Famfa Oil na ordem de US$ 112 bilhões, divididos
tão na ordem de US$ 15 bilhões e NNPC, possuindo 13% de participação. por segmentos: exploração e produção
Quanto à parceria formada para atuar no (E&P), downstream, petroquímica, gás e
ANDRÉ LEITÃO PAES OML 130, Paes informou que as empresas energia e biocombustíveis. “Desse total,
que atuam em conjunto com a Petrobras os investimentos da Petrobras na área
são CNOOC, Sapetro, NNPC, e a estatal internacional previstos estão na ordem
O coordenador da Petrobras explicou
brasileira detém 20% do total dos ativos de US$ 15 bilhões para os próximos
que os quatro blocos estão divididos em
empreendidos. quatro anos”, declarou. Ele revelou que
dois de desenvolvimento e produção - Oil
o objetivo do plano de investimentos é
Mining Lease - (OML 127 e OML 130), e Produção de Etanol transformar a Petrobras num das cinco
dois de exploração - Oil Prospect Licence
Os negócios mais recentes da Petrobras maiores empresas do setor de energia do
- (OPL 324 e OPL 315). Ele acrescentou
na Nigéria têm como objetivo buscar a mundo. “No planejamento estratégico
que a empresa atua em águas profundas, na
diversificação da atuação da companhia. anterior, a intenção era se tornar empresa
faixa de mil a dois mil e seiscentos metros
Entre as estratégias traçadas pela empresa, líder na América Latina. Nesse novo plano,
de profundidade.
está a preparação de um acordo entre a a meta é mais ambiciosa. É uma mudança
O OPL 324 é o mais antigo entre os
Petrobras e a NNPC (estatal petrolífera de enfoque que vem acontecendo já há um
dois blocos de exploração de petróleo. A
nigeriana) que visa à prestação de auxílio bom tempo”, concluiu.
Petrobras atua, nesse bloco, em parceria
á empresa nigeriana no desenvolvimento Após a conclusão da palestra do repre-
com as empresas Exxon Mobil e a Statoil.
do etanol como combustível alternativo. sentante da Petrobras, o presidente do
Nesse trabalho em conjunto, ela dispõe de
“Já assinamos o MOU (Memorando de painel, José Augusto de Castro, fez um
37,5% do total. “Nós somos responsáveis
Entendimento, em sua sigla em inglês), balanço das exposições apresentadas,
pela operação, e tivemos grande sucesso
para fechar um acordo de suprimentos de afirmando estar otimista em relação ao
nesse lado operacional. A Petrobras já
etanol. Esse acordo continua em negocia- futuro da economia nigeriana “Há um de-
furou dois poços nesse bloco, um deles
ção para o acerto de alguns detalhes, mas talhe que eu gostaria de destacar. Durante
inclusive foi recorde na profundidade.
deve ser concluído ainda este ano”, disse o seminário, falamos de investimentos,
No momento, a empresa está efetuando
Paes. O gás natural também está no plano exportação e importação e não foi fei-
estudos, avaliando outras possibilidades”,
estratégico de diversificação operacional ta, uma única vez, menção à expressão
afirmou. Já o bloco OPL 315 é mais recen-
da Petrobras no país africano. Em 2007, dívida externa. No passado, quando a
te. Adquirido em 2005, a Petrobras tem
a empresa brasileira começou a trabalhar gente pensava em Nigéria, pensávamos
como parceiros Statoil e a Ask Petroleum,
com o GNL (gás natural liquefeito), fir- o país com dívida externa. O petróleo
e a estatal petrolífera brasileira conta com
mando um acordo com a Nigéria LNG, simplesmente reverteu essa situação. A
45% de participação. “Já fizemos alguns
uma das empresas que fornecem o pro- Nigéria, conforme anunciado aqui, tem
estudos de sísmica e estamos avaliando
duto na Nigéria. um superávit alto, em torno de US$ 30
a perfuração de um poço que deverá ser
O coordenador da Petrobras Interna- bilhões e, agora, superado o problema da
atingido no mês de junho no ano que vem.
cional contou ainda que a empresa atua, dívida externa, a ordem agora é buscar o
Esse bloco tem uma importância um pou-
de forma expansiva, no setor de respon- desenvolvimento”.

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • N I G É R I A 27


PAINEL III

SERVIÇOS E LOGÍSTICA
Palestrantes discutem a importância dos setores de serviços e dos
investimentos em logística para o comércio exterior entre Brasil e Nigéria

Embaixador Garrick, Mauricio doVal e Jovelino Gomes Pires discutem os investimentos em logística durante o Painel III do seminário Brasil e Nigéria

de dar a devida importância a esses


M
O Painel III, intulado: As exportações de auricio do Val, o primeiro
expositor, disse que é preciso
serviços e produtos manufaturados – Con- assuntos, o último painel do Semi- contextualizar a importância
strução Civil e infra-estrutura, discutiu nário Bilateral de Comércio Exterior dos serviços para o comércio exterior, uma
vez que esse setor representa, no mundo,
o papel do setor de serviços que vem e Investimentos Brasil-Nigéria apre-
cerca de US$ 2,7 trilhões anuais. O diretor
apresentando fortes tendências de sentou à platéia presente ao evento as do MDIC, no entanto, ressaltou que dentro
desse fluxo de comércio, a participação do
crescimento dentro do cenário re- oportunidades e desafios que os dois
Brasil ainda é diminuta. “A nossa exporta-
cente do comércio exterior. Por isso, países têm para que se consiga criar ção de serviços representa apenas 0,7%
elaborar estratégias para incentivar uma linha de comércio mais pujante do total das exportações mundiais. Ape-
sar disso, as exportações nesse setor têm
as trocas comerciais com o resto do dentro da área de serviços. O painel crescido de forma sustentada nos últimos
mundo configura-se essencial para os teve como palestrantes Maurício do três anos. Mas, ainda que muito aquém
das suas potencialidades, nós obtivemos
países que buscam se inserir de forma Val, diretor do Departamento de nas exportações de serviços incrementos
relevante no comércio mundial. É Políticas de Comércio Exterior e de anuais superiores inclusive às exporta-
ções de bens”, afirmou. Segundo do Val,
preciso, portanto, focar mais investi- Serviços do Ministério do Desen- houve, em 2006, um acréscimo de 20%
mentos em infra-estrutura e logística volvimento, Indústria e Comércio nas exportações de serviços em relação a
2005, enquanto que o setor de bens teve
para agilizar o processo de troca de Exterior, e Jovelino Gomes Pires, um acréscimo de 17% no mesmo período.
bens entre os dois países, assim como presidente da Câmara de Logística “Há uma capacidade de reação para o setor
de serviços se ele for tratado de forma
as relações comerciais entre o Brasil da Associação dos Exportadores do atenciosa com relação às disponibilidades
e o resto do mundo. Com o objetivo Brasil (AEB). de instrumentos que tornem possível o

28 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • N I G É R I A


PAINEL III

Brasil participar de forma mais competitiva de atacado, do varejo, de franquias e de comercial de serviços, deve receber
no mercado internacional”, disse. serviços comissionados. “Havendo estra- também uma atenção especial”, disse.
O palestrante explicou que, em termos tégias que desenvolvam oportunidades Essa situação se reverte com a Nigéria.
práticos, tratar de estratégias de políticas importantes para esses dois setores, nós As importações brasileiras de serviços
públicas de comércio obriga, necessaria- estaremos otimizando os recursos dis- da Nigéria alcançaram US$ 9,3 milhões,
mente, o governo a focar no setor de ser- poníveis para apoiar o comércio exterior no ano passado, concentrando-se, basica-
viços. Para ele, a capacidade de acarretar brasileiro. Então, os recursos investidos mente, em remessas para pagamento de
um movimento conseqüente nos outros para incrementar os setores de serviços aluguel de equipamentos. Já as exporta-
setores torna indispensável olhar com de engenharia de construção civil e de ções atingiram US$ 5,2 milhões em que
cuidado a exportação de serviços. Ele citou setores de distribuição têm efeito especial a concentração maior dessas exportações
dois tipos de setores que são capazes de e multiplicador maior do que qualquer foi de serviços de consultoria em comér-
mobilizar e arrastar tanto outros setores outro setor da economia”, avaliou. cio exterior. “As relações comerciais de
de serviços como uma extensa cadeia de serviços entre Brasil e Nigéria ainda são
exportação de bens e de produtos ma- FLUXO INTERNACIONAL DE praticamente inexpressivas. No entanto,
nufaturados. O primeiro deles é o setor SERVIÇOS elas demonstram uma capacidade muito
de engenharia de construção civil e sua Apesar de destacar que o comércio de grande de investimentos e ações que
capacidade de geração e oportunidades serviços tenha registrado crescimento, possam intensificar o fluxo de comércio
de negócios para exportação de bens. o setor apresentou déficit nas suas tran- entre os dois países a partir de melhoras
O segundo, é a exportação de serviços sações com os demais países do mundo. consistentes em termos de oportunidades
de distribuição, considerando os setores Em 2006, as exportações de serviços de serviços”, declarou.
“Nossas exportações de serviços alcançaram US$ 18 bilhões e as importa- Na visão do diretor do MDIC, há muitas
ções US$ 27 bilhões. “Qualquer estratégia oportunidades na área de serviços, além
têm crescido de forma sustentada de melhora de resultados de balanço de de outros setores da economia, verifica-
nos últimos três anos” pagamentos, mesmo através da balança das nas relações comerciais entre Brasil
M AU R Í C I O DO VAL

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • N I G É R I A 29


PAINEL III

e Nigéria. Ele disse que o país africano ele, tudo isso encarece os serviços de co-
consegue atrair interesse de qualquer país, “As projeções do Goldman Sachs mércio de bens para o exterior. No entan-
em razão das suas grandes reservas de indicam que, em 2025, a Nigéria to, ele elogiou a iniciativa da Companhia
petróleo. Além desse aspecto importan- do Vale do Rio Doce, que, recentemente,
te, o representante do MDIC ressaltou o será a 20ª economia do mundo.” criou a empresa de navegação Log-In. Esse
amadurecimento da economia nigeriana. M AU R Í C I O DO VAL movimento fará com que essa no empresa
“É fato que a Nigéria é um país que, nos
últimos cinco anos, teve uma média de ao longo dos últimos anos, ele citou que
crescimento do seu PIB da ordem de 7%. há oportunidades interessantes na área
As projeções do Goldman Sachs (banco de engenharia e construção civil, além da
de investimentos americano) indicam que, disponibilidade de recursos minerais. “A
em 2025, a Nigéria será a 20ª economia do qualidade reconhecida internacionalmente
mundo, e, em 2050, a 12ª”, avaliou. dos serviços de engenharia de construção
no Brasil poderia ser um elemento fomen-
“O Brasil tem que buscar diversificar tador das relações comerciais entre os dois
o seu comércio máximo possível.” países (Brasil e Nigéria)”, concluiu.
M AU R Í C I O DO VAL
Logística
Em termos de oportunidades, o pales- O segundo expositor do painel foi
trante disse que é importante destacar Jovelino Gomes Pires, presidente da
as posturas das relações comerciais que Câmara de Logística da Associação dos
o Brasil vem tendo, principalmente com
os seus vizinhos. “Quando há um déficit
Exportadores do Brasil (AEB). Para ele, “Brasil e Nigéria estão no
o grande problema que o Brasil apresenta hemisfério sul. Se diminuir
comercial ou um superávit permanente na troca de bens é a dificuldade de o país
verifica-se um inibidor da intensificação conseguir superar os gargalos estruturais os gargalos logísticos, o fluxo de
do fluxo de comércio. Então, muito mais para colocar produtos ou vender serviços comércio entre os dois países pode
do que buscar aumentar o seu superávit no exterior. “O primeiro passo a ser dado
nas relações comerciais com os seus par- ter resultados maravilhosos”
é o do planejador. A sua função é fazer um
ceiros tradicionais, o Brasil tem que buscar trabalho de levantamento de transparên- J OV E L I N O G O M E S P I R E S
diversificar o seu comércio o máximo cia de mercado. Isso é importantíssimo, adquira cinco novas embarcações por in-
possível. Isso exige inclusive ações do porque quem está no interior do País termédio de recursos oriundos do Fundo
governo que estimulem as importações pode procurar, através do MDIC, abrir de Marinha Mercante, com financiamento
de produtos”, afirmou.Ele defendeu, da portas, e, pelo trabalho de transparência do Banco do Brasil. O trajeto a ser feito
mesma forma, a necessidade de se refletir de mercado, saber o que se pode oferecer”, pelos navios da Log-In será no entorno da
sobre as oportunidades que o mercado afirmou. Na avaliação do representante da costa brasileira, podendo se estender para
brasileiro representa na busca de receber AEB, esse processo interessa à Nigéria. o Atlântico Sul. “Isso pode ser benéfico
e dar oportunidade a uma geração de Pires explicou que o país africano nutre para as relações com a Nigéria”
fluxo de comércio. “Nós buscamos dar também interesse em produtos, peças e Não obstante o sucesso das grandes
oportunidades para os nossos parceiros componentes que o Brasil pode oferecer. empresas brasileiras - como a CVRD,
que têm uma relação de déficit comer- O investimento em logística foi ressalta- Petrobras e Embraer-, no comércio ex-
cial importante conosco a partir de um do pelo expositor como fator importante terior, Pires declarou que o Brasil precisa
projeto importador, utilizando basica- para a redução de custos do comércio incentivar mais a participação das pequenas
mente o nosso setor de distribuição, nos exterior brasileiro. “Brasil e Nigéria estão e médias empresas no comércio exterior.
serviços de atacado. Buscamos também o no hemisfério sul. Se diminuir os gargalos “Não precisa ser grande pra fazer comér-
equilíbrio nas nossas relações comerciais logísticos, o fluxo de comércio entre os cio exterior. Na Alemanha, 60% do seu
em que temos uma posição deficitária, a dois países pode ter resultados maravi- comércio exterior é feito por pequenas
partir do envolvimento e da concessão e lhosos, pois haverá uma baixa nos custos e médias empresas. Nos Estados Unidos,
oportunidades maiores para o setor de do transporte de logística”, afirmou. Pires esse percentual é semelhante. E nós não
engenharia e construção civil” declarou o lembrou que atualmente há enormes pro- podemos ficar muito atrás disso”, concluiu.
diretor do MDIC. blemas de transporte de mercadorias no Após o término da exposição do represen-
No caso específico da Nigéria , que de- Atlântico Sul, como o alto preço do frete, tante da AEB, o presidente do painel deu
tém um superávit comercial consistente greves, demora no escoamento. Segundo por encerrada a sessão.

30 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • N I G É R I A


ENCERRAMENTO

Brasil e Nigéria buscam parceria


estratégica
Diretor do Deaf afirma que os dois países são importantes tanto do ponto
de vista comercial como estratégica

Embaixador Fernando Jacques Pimenta, diretor do Deaf, reafirma na sessão solene de encerramento a posição otimista para futuro das relações Brasil-Nigéria

A
África é um continente que tem a Sessão Solene de Encerramento do Se- também convidado a compor a mesa o
suas potencialidades reais ainda minário Bilateral de Comércio Exterior e conselheiro comercial da Embaixada da
sub-exploradas. Por isso, cabe a Investimentos Brasil-Nigéria. Para compor Nigéria no Brasil, Emmanuel Ukpe.
diversos países, que queiram obter ganhos a mesa da sessão, o presidente da FCCE,
nas relações com os países africanos, esta- João Augusto de Souza Lima convidou o A importância da África
belecer diretrizes que possam contemplar embaixador da Nigéria no Brasil, Kyode O diretor do Deaf iniciou o seu discur-
esse objetivo. E o Brasil, nesse sentido, tem Garrick; o embaixador de Moçambique no so agradecendo à iniciativa da FCCE em
feito a sua parte. Por isso, ter a Nigéria Brasil, Murade Murargy; vice-presidente realizar o seminário, enfatizando os esfor-
como parceiro especial na África é crucial, do Conselho Superior da FCCE, Gustavo ços da instituição de aproximar o Brasil
em razão do seu peso político e econômico Capanema; os vice-presidentes da FCCE, com demais países africanos. Para ele, a
dentro do continente africano. Essa foi Arlindo Catoya Varela, Joaquim Ferreira importância de se voltar os olhos para a
a idéia geral apresentada pelo diretor do Mângia, Ricardo Vieira Martins; os dire- África reside no fato de que o continente
Departamento da África do Ministério das tores da FCCE, Roberto Habib, Cássio está atraindo interesses de diversas nações
Relações Exteriores, embaixador Fernando Monteiro França, Luis Cesário Amaro da importantes do mundo, cientes das enor-
Jacques Magalhães Pimenta, que presidiu Silveira; e, pra realizar o pronunciamento mes potencialidades existentes naquela
especial da sessão de encerramento, foi região. “Não é por outra razão que estamos

31
ENCERRAMENTO

assistindo uma corrida de diversos países Relações múltiplas pula, a ser realizada na Venezuela”, disse o
– EUA, Índia e China – em disputa pelo Sobre a parceria com a Nigéria em diplomata. Nessa cúpula, os grupos envol-
mercado africano. Todos estão tentando particular, Pimenta reafirmou a posição vidos já apresentarão propostas concretas,
obter uma posição privilegiada na África. que o país ostenta como líder nas relações entre elas, o restabelecimento de uma
O continente vem passando por transfor- comerciais com o Brasil no continente. linha aérea direta entre Brasil e Nigéria.
mações muito importantes nos campos No entanto, ele disse que os contatos Através de conversações entre os demais
político, econômico e social. E o Brasil entre os dois países transcendem o campo países sul-americanos e africanos, pode-se
não poderia estar ausente nesse processo”, comercial, pois abrangem outras áreas. “É explorar rotas de grande rentabilidade e
afirmou Pimenta. uma parceria muito rica. É um país com que atenda à demanda de movimentação
O embaixador revelou que o Brasil o qual o Brasil está desenvolvendo uma entre os dois continentes. “Eu sou um
desenvolve políticas muito ativas para parceria estratégica que envolve diferentes otimista no desenvolvimento das relações
reforçar as atuais relações com a África. campos, como na área da saúde, energia e com a África, e, particularmente, com a
“Não agimos apenas motivados com a agricultura. Em suma, temos desenvolvido Nigéria. As expectativas são mais do que
possibilidade de ganhos e lucros, mas parcerias interessantes com a Nigéria nos positivas”, concluiu o embaixador que pas-
também em razão do imenso legado que mais diversos setores”, afirmou, acres- sou a palavra para o conselheiro comercial
a África nos deixou. O Brasil tem uma centado que as relações com a Nigéria da Embaixada da Nigéria no Brasil.
grande dívida social e cultural com o
continente africano. A África contribuiu,
equivalem àquelas que o Brasil possui “Sou um otimista com o desenvolvi-
com a Argentina, pois o país, localizado
de forma muito interessante, para a nossa mento das relações com a África.”
ao oeste do Atlântico Sul, é considerado
formação social. Então, é muito natural pelo governo brasileiro como estratégico J A C Q U E S P I M E N TA
que o Brasil procure desenvolver o nos- dentro do âmbito geopolítico.
so relacionamento com o continente”. Embaixada da Nigéria de portas
Na visão do embaixador, esse relaciona-
Contudo, ele fez questão de ressaltar que, abertas
mento não diz respeito, apenas, às relações
mesmo aumentando, nos últimos anos, bilaterais. Ele contou que Nigéria e Brasil Após agradecer a participação das en-
o grau de relacionamento com os países também coordenam as relações no plano tidades responsáveis pela realização do
africanos (assim como para outras regiões multilateral, dadas as afinidades de posi- seminário, Ukpe ressaltou que as relações
do hemisfério sul), o governo brasileiro ções e interesses comuns dentro de foros entre Brasil e Nigéria, apesar de terem
não descurou das relações com os seus internacionais como a Organização das melhorado nos últimos anos, não devem
parceiros comerciais tradicionais, como Nações Unidas (ONU) e a Organização se pautar apenas dentro do espectro
os Estados Unidos e Europa. “É um equi- Mundial de Comércio. De acordo com exportação/importação. Ele levantou a
voco pensar que as relações internacionais Pimenta, a importância de Brasil e Nigéria importância de se incentivar os investi-
representem um jogo de soma zero, em foi reconhecida quando foram convidados mentos diretos na Nigéria. “Como um
que só se pode ganhar e obter resultados, a participar da última reunião do G-8 (gru- país rico em recursos naturais e que passa
quando o outro perde. Nós não achamos po dos sete países mais ricos do mundo por um intenso processe de saneamento
assim. Achamos que é possível desenvolver mais a Rússia), realizada na Alemanha, e estabilidade política e econômica, urge
as relações de uma forma global”, decla- em junho de 2007, onde o presidente necessário o empenho dos dois governos
rou. Em sua análise, a intensificação das do Brasil, Luis Inácio Lula da Silva, e seu em estabelecer mecanismos para que au-
relações SUL-SUL ocorre motivada pelo colega nigeriano, Umaru Musa Yar’Adua, mentem o fluxo de investimentos”. Ele
aumento das oportunidades existentes reafirmaram compromissos de parcerias disse ainda estar satisfeito com a notícia
nessa região hemisférica. Por isso, segundo em diversas áreas. A realização, em 2006, de que, até o ano que vem, será recriada a
ele, surge a necessidade de uma ação mais da 1ª Conferência de Chefes de Estado e linha aérea entre Brasil e Nigéria, o que fa-
incisiva do governo para poder chegar a de Governo da América do Sul e África, cilitará o intercâmbio comercial e turístico
esses resultados. Para demonstrar essa na Nigéria foi um outro exemplo dado por entre os dois países. Por fim, Ukpe disse
tendência, Pimenta disse que no ano de ele para corroborar a tese de que Brasil e que a embaixada da Nigéria em Brasília
2006, pela primeira vez, o comércio do o país africano atuam em conjunto dentro está de portas abertas a todos que queiram
Brasil com os países em desenvolvimento do âmbito das discussões multilaterais. “O obter mais informações a respeito de como
foi superior ao comércio realizado com sucesso desse encontro fez com que se investir no país africano. “Esse seminário
os países desenvolvidos. “Isso mostra que firmasse um compromisso para que ele foi de uma importância enorme, pois deu
existem múltiplas oportunidades a serem seja realizado de dois em dois anos. Tanto um grande passo rumo a um maior forta-
exploradas e nós estamos focalizando dessa Brasil quanto a Nigéria estão coordenando lecimento de dois dos maiores países do
maneira”, analisou o diplomata. as ações para a realização da próxima cú- Atlântico Sul”, concluiu.

32 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • N I G É R I A


LOGÍSTICA

Investir em logística para o


desenvolvimento nacional
Diretor da Câmara de Logística da AEB pede que governo adote visão
mercadológica para superar os gargalos no setor de infra-estrutura
Para que as expectativas de o Brasil
conseguir alcançar crescimento
razoável em 2007– 5% segundo
técnicos do governo federal-, não há
como tergiversar: é preciso investir
em logística e infra-estrutura e, por
conseguinte, dirimir os gargalos que
tanto prejuízos causam ao País. Esses
investimentos, que há anos estão
sendo cobrados pelo setor empre-
sarial brasileiro, ainda carecem de
planejamento que possa dar ao setor
de infra-estrutura brasileiro mais
dinamismo e eficácia. A análise é do
diretor da Câmara de Logística da
Associação de Comércio Exterior
do Brasil, Jovelino Gomes Pires.
Palestrante do Painel III do Seminá-
rio Bilateral de Comércio Exterior Jovelino Gomes Pires disse que o governo federal precisa focar mais em investimentos em infra-estrutura
e Investimentos Brasil-Nigéria, ele
Qual é o papel da Câmara de Logís- pela Câmara que o senhor poderia
defende, entre outras medidas, tica da AEB? citar?
ampla visão empresarial de polí- Pires - A Câmara tem uma série de ques- Pires - Conseguimos implantar o pro-
tões pontuais. Ela possui, atualmente, grama de modernização da estrutura
ticas governamentais para o setor cerca de 200 especialistas trabalhando portuária e agora nós estamos pleiteando
de logística nacional como fator em diversos campos possíveis. Assim, um projeto semelhante para a malha fer-
primordial para que os obstáculos cada segmento específico dos grupos de roviária, com isenção tributária, de forma
trabalho trazem uma série de informa- que o empresário possa produzir no país
existentes no comércio exterior ções sobre gargalos existentes dentro da com condições melhores. Há também a
sejam superados. Após a palestra, área de logística brasileira e, dessa forma, recuperação da frota de marinha mercante,
nós trabalhamos junto aos setores gover- tanto embarcações de longo curso como
Pires concedeu entrevista à revista
namentais para harmonizar interesses de para a navegação de cabotagem. A Log-In
da FCCE. Acompanhe os principais todas as posições para melhor promover (antiga DoceNave) já está com contrato
trechos da entrevista. o desenvolvimento do país. assinado para a construção de cinco navios.
E os avanços recentes conseguidos São navios ideais para atuar nos portos

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • N I G É R I A 33


LOGÍSTICA

Porto de Itaguaí: localizado na região metropolitana da cidade do Rio, é uma das promessas na área de investimentos em logística para os próximos anos

brasileiros. Nos últimos anos, consegui- Pires - É preciso que haja prioridades, têm que competir uns com os outros. A
mos muitos sucessos e eles não param de pois os recursos são poucos. Por isso eu administração portuária tem que ter uma
se suceder. Vivemos um processo de cres- defendo que a administração das rodovias postura mais mercadológica, com gestores
cimento. Contudo, quando conseguimos esteja nas mãos da iniciativa privada. Se o do mercado que buscam resultados e não
resolver um caso, aparecem outros. governo aprovar o processo de concessão, um quadro de indicações políticas como
“Faltam invesmentos do governo vamos ver que todos – as concessionárias, vemos hoje.
o usuário e o próprio governo - vão se
nas estradas e nos portos.” beneficiar com o incremento estrutural e Mesmo apresentando bons números
J OV E L I N O P I R E S comercial propiciado pelas melhorias no expressivos nas exportações nos
E quais seriam os outros problemas setor rodoviário. últimos anos poderíamos ter resul-
que vêm aparecendo? tados ainda melhores caso políticas
Pires - Mesmo com os avanços, ainda E qual a avaliação da situação dos mais eficazes de redução de gargalos
é possível observar grandes gargalos de portos brasileiros? fossem implementadas?
transporte em terra e mar. E por que isso? Pires - Em 1983, eu estive na China e Sem dúvida. Em 1960, o Brasil representa-
Porque faltam investimentos do governo vi que o porto de Xangai estava sendo va 1,25% do comércio internacional. Em
nas estradas e na recuperação dos portos. recuperado. Nesse mesmo período, as 2006, nós somos 1,1%. Isso significa que,
E há um outro problema como impostos obras de construção do porto de Sepeti- em quase meio século, nós não andamos
sobre automóveis, impostos sobre com- ba (localizado na área metropolitana do para frente. O mundo passou por um
bustíveis (Cide) e tantos outros. Além Rio) foram iniciadas. Hoje, quase 25 anos período recente de forte crescimento e
disso, falta planejamento melhor. depois, o porto de Xangai é um dos mais nós andamos com o freio de mão puxado.
importantes do mundo, em termos de O Brasil é um país grande, rico e forte.
Quais seriam as prioridades para as movimentação, enquanto que o porto de Nós não temos esse direito de frear o seu
reformas nas rodovias? Seria mais Sepetiba somente agora começa a mostrar crescimento. E para crescer, precisamos
importante priorizar as rodovias vigor. O sucesso de reestruturação do criar mecanismos para o desenvolvimento
localizadas no nordeste ou aquelas porto chinês se deu porque o governo re- das empresas e não aumentando a tribu-
que estão localizadas no sudeste, solveu dar uma abordagem empresarial ao tação. Só assim, estaremos empregando
onde está a maior parte do PIB do setor portuário. Essa é a visão empresarial mais gente e caminhando para um país
País? que os portos brasileiros precisam ter. Eles melhor.

34 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • N I G É R I A


EN ERGIA

Ocupando posição de destaque


Geral nos assuntos que envolvam a
Petrobras-Nigéria no Brasil. Vale destacar
que, apesar de trabalhar no Brasil, sou
responsável também pelos resultados da
empresa nesse país, tendo meu desempe-
nho avaliado por este item.

Qual o balanço que o senhor


pode fazer nesses quase dez anos
de atuação da Petrobras nesse país
da África?
Paes: A Petrobras Nigéria tem uma histó-
ria de grande sucesso. Ela conta hoje com
uma carteira de ativos que inclui dois
campos gigantes (Akpo e Agbami), além
de um leque diversificado de oportunida-
des, o que permite o estabelecimento de
um cenário de crescimento e atuação de
longo prazo no país. A partir de 2009,
a Petrobras-Nigéria se tornará a segunda
subsidiária mais importante da Área In-
ternacional em termos de produção com
cerca de 65 mil barris por dia.

O senhor falou da importância da


Para Paes, a Nigéria é um dos paises prioritarios para investimentos da Petrobras em âmbito internacional Nigéria dentro do quadro inter-
nacional da Petrobras. É possível
Em razão das suas grandes reser- as posições da Petrobras no país afirmar que esse país, e os demais
países da costa oeste africana
vas de petróleo, a Nigéria atrai o localizado na costa oeste da África. podem representar uma boa alter-
interesse das maiores companhias Em entrevista concedida à Revista nativa, em termos de suprimento
de petróleo, à oferta desse produto
petrolíferas do mundo. E a Petro- da FCCE, Paes disse que a Nigéria oriundo do Oriente Médio?
bras, que pertence ao clube dos tem posição de destaque dentro do Paes: A costa oeste africana é uma im-
portante alternativa, onde, como disse
gigantes do campo da energia em quadro internacional da empresa anteriormente, a Nigéria tem uma posição
âmbito internacional, não está e que acordos, parcerias e investi- de destaque. A Petrobras, em seus últimos
planos estratégicos, considera esta como
alheia às potencialidades energéticas mentos estão sendo negociados para uma área foco, principalmente no objetivo
existentes no país africano. Repre- aumentar ainda mais a participação “Expansão de reservas e produção de
óleo e gás”. Neste contexto, a Petrobras-
sentando a estatal brasileira, o co- da Petrobras na Nigéria. Nigéria tem um papel fundamental, con-
ordenador de Negócios da Nigéria, tribuindo diretamente para o alcance das
Quais são as atribuições do cargo metas propostas.
André Leitão Paes, participou do que o senhor ocupa?
Seminário Bilateral Brasil-Nigéria, Paes:Trabalho como coordenador dos A Nigéria é conhecido como um país
negócios da Nigéria. Eu atuo como fa- historicamente instável. Como a
onde proferiu palestra para a platéia cilitador entre os assuntos da sede e da Petrobras lida com esses problemas
presente, explicando e informando Petrobras-Nigéria e vice-versa, além de internos desse país?
ser o representante direto do Gerente Paes: A Petrobras, como signatária do

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • N I G É R I A 35


E NERGIA

Pacto Global da ONU (http://www.


pactoglobal.org.br), atua no combate
à corrupção em todas as suas formas,
inclusive em casos de extorsão e propina.
A Petrobras- Nigéria, como subsidiária
da Petrobras, está em sintonia com essas
ações. Em termos contratuais, a Nigéria
sempre honrou com os contratos da in-
dústria do petróleo e isso traz um conforto
a mais a nossa atuação.

Na palestra, o senhor afirmou que


está em processo de finalização,
um acordo que irá fornecer etanol
para a Nigéria. Quais são os detalhes
que faltam para fechar o acordo e,
dentro dos termos em andamento,
é possível informar quantos litros
serão destinado a esse país?
Paes: Foi assinado um contrato entre a
Petrobras e a estatal nigeriana de petró-
leo (NNPC) para fornecimento de uma
primeira carga de 20 mil m3 de álcool
anidro, visando a dar início ao programa
nigeriano de mistura de etanol à gasolina,
que é apoiado pela Petrobras. No mo- Sede da Petrobras em Lagos
mento, estamos aguardando providências Nigéria estar em uma das áreas focos para grama de capacitação profissional
burocráticas daquela empresa nigeriana o upstream, ela poderá ter uma parcela desenvolvido pela empresa para
para que possamos efetuar o embarque razoável em função do desenvolvimento empregar a mão de obra local?
do produto. dos campos já descobertos, exploração Paes: A Petrobras Nigéria conta com
do bloco OPL 315 e novos negócios que cerca de 25 funcionários locais que em sua
O senhor também mencionou na poderão ser adquiridos. maioria são jovens entrantes no mercado
palestra que a Petrobras fechou de trabalho que passam por um processo
um acordo com a Nigéria LNG para No campo de operações da Petro- contínuo de treinamento e desenvolvi-
atuar no campo do gás natural bras na Nigéria, existe algum pro- mento em suas atividades.
liquefeito(gnl). Está previsto, nos
termos do acordo, a exportação de Planos de Investimentos da Petrobras 2008-2012
gnl nigeriano para o Brasil?
Paes: A Petrobras assinou um Master
Agreement com a Nigeria LNG. Este
tipo de acordo não garante fornecimento
direto, trata-se de uma qualificação como
comprador de futuras cargas caso haja
disponibilidade.

Dentro do plano estratégico da


PETROBRAS, anunciado há pouco,
estão previstos investimentos da or-
dem de US$ 15 bilhões para área
internacional. Desse total, quanto
será destinado à Nigéria?
Paes: Na realidade, o plano não define
valores por país. Contudo, em função da

36 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • N I G É R I A


P ROMOÇÃO C OMERCIAL

“As relações entre Brasil e


Nigéria podem melhorar” ”

Brasil e Nigéria são nações que Ukpe: As relações comerciais entre os


dois países ainda são fracas. As expor-
representam lideranças nos seus
tações de petróleo dominam a pauta
respectivos continentes.Por esse nigeriana para o Brasil enquanto que as
motivo, é mais do que viável o es- nossas compras de produtos brasileiros
tabelecimento de parcerias comer- ainda apresentam números insignificantes.
Contudo, acredito que essa corrente de
ciais de relevo entre os dois países. comércio tem condições de ser melhorada.
A análise é do Ministro Conselheiro A Nigéria é dotada de enormes recursos
da Embaixada da Nigéria no Brasil, naturais, propícios para o desenvolvimento
da agricultura. O nosso país necessita
Emmanuel Ukpe. Organizador da também melhorar a sua base tecnológica
delegação nigeriana presente ao para sair do status de país de exportações
Seminário de Comércio Exterior de produtos primários. Se conseguirmos
desenvolver as relações comerciais e as
e Investimentos Brasil-Nigéria, ele “A Nigéria é dotada de enormes empresas brasileiras resolverem investir
falou à Revista da Federação das recursos naturais, propícios para mais na Nigéria, as bases para que esse
Câmaras de Comércio Exterior o desenvolvimento da objetivo seja alcançado estarão prontas.

(FCCE) sobre os prognósticos e agricultura”


EMMANUEL UKPE
“As grandes oportunidades
perspectivas das relações bilaterais comerciais entre os dois países
entre Brasil e Nigéria. Quais são as possibilidades de in- pedem comprometimentos
crementar o fluxo de investimentos
públicos em diversos setores
entre Brasil e Nigéria?
Ukpe: O fluxo de investimentos entre socioeconômicos.”
O senhor pode descrever as suas Brasil e Nigéria pode melhorar através da EMMANUEL UKPE
funções junto à Embaixada da Ni- implementação de mais acordos bilaterais,
géria no Brasil? existentes desde a década de 1970. As
Ukpe: Como Ministro Conselheiro da grandes oportunidades existentes nos dois Quais são as vantagens existentes
Embaixada, as minhas funções são acom- países pedem comprometimentos públicos para que empresários brasileiros
panhar as políticas econômicas do Brasil, em diversos setores socioeconômicos. Por invistam na Nigéria e vice-versa?
Paraguai e Bolívia ( a Embaixada da Nigéria isso, seminários, como o realizado pela Ukpe: As vantagens para investimentos
no Brasil também está creditada para atuar FCCE, são capazes de criar canais positivos mútuos nos dois países se dão muito em
no Paraguai e na Bolívia); levantamento de no sentido de dotar o setor privado de um razão das similaridades que envolvem Bra-
áreas de interesses comerciais para os dois banco de informações que possam gerar sil e Nigéria. Ambos os países são líderes
países, realização de feiras e exposições investimentos. em seus respectivos continentes. Eles
com temas voltados ao comércio exterior; também são países que ostentam imensos
acompanhamento de encontros, seminá- Como o senhor avalia a evolução territórios, grandes populações, vegetação
rios e conferências; assim como auxílio na das relações comerciais entre Brasil e clima idênticos. Além disso, o futuro
organização de serviços protocolares. e Nigéria? da cooperação Sul-Sul tem se mostrado
bastante promissor.

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • N I G É R I A 37


COMÉRCIO EXTERIOR

Exportar é gerar bem-estar para


a população
Secretário diz que as relações Brasil-Nigéria precisam receber um
incremento maior nas trocas comerciais
Meziat, esses números comprovam
o empenho do governo brasileiro
para o setor, apesar de reconhecer
que precisa superar as vicissitudes
existentes na economia brasileira.
Dentro esse cenário, Meziat diz que
a iniciativa da FCCE em promover
seminários bilaterais de comércio
e investimentos vai ao encontro do
bom momento vivido pelo país no
comércio exterior. Participando do
Seminário Bilateral Brasil-Nigéria
como palestrante na sessão solene
de abertura, o secretário afirma, em
entrevista à Revista da FCCE, que as
relações do Brasil com o país africa-
no necessita ser impulsionado, com
o objetivo de aumentar o comércio
dos produtos brasileiros na região.
Acompanhe, abaixo, os trechos da
entrevista.

Armando Meziat disse que está satisfeito com os últimos números do comércio exterior brasileiro
O senhor tem participado de forma
Os últimos resultados do comércio que o registrado no mesmo período bastante atuante nos seminários bi-
exterior deram ao governo brasi- de 2006, um recorde histórico. Para laterais promovidos pela FCCE. Qual
o balanço que o senhor faz dessa
leiro um alto grau de otimismo. o secretário de Comércio Exterior série de encontros?
De janeiro a agosto de 2007, as ex- (Secretaria ligada ao Ministério Meziat - Os seminários têm sido extre-
mamente benéficos, já que eles se inserem
portações brasileiras somaram US$ do Desenvolvimento, Indústria dentro do atual momento de crescimento
102,4 bilhões, valor 16% maior do e Comércio Exterior), Armando no comercio exterior brasileiro. Os se-

38 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • N I G É R I A


C OMÉRCIO E XTERIOR

minários dão ênfase às relações bilaterais tos que mostra que o Brasil já está presente fra-estrutura, no campo da logística, uma
nas diversas discussões que são necessárias na Nigéria. O que temos que fazer agora é alta carga tributária que prejudica a com-
nesse processo de crescimento. E isso é crescer as vendas para atender à demanda petitividade das empresas. Mas as coisas
muito bom, pois o setor de exportação é nigeriana. É lógico que a Nigéria deve estão melhorando. Nós quase triplicamos
fator gerador de bem-estar da população, comprar produtos de outros mercados, as nossas exportações em quatro anos e
porque ele acaba gerando empregos onde mas através de uma maior aproximação e meio.Tudo isso faz parte de uma evolução
não existiam anteriormente. Os empregos um maior conhecimento dos instrumentos na economia do País e que se reflete muito
são gerados a partir da demanda de outros nigerianos de fomento pode ser que a pre- no setor de comércio exterior.
países. Cada vez que exportamos, mais sença brasileira possa crescer nesse país.
demandas vão surgindo, seja do lado das Em relação aos impasses existen-
empresas que buscam funcionários para A China está, cada vez mais, mar- tes dentro da Rodada de Doha, é
atingir determinada meta, seja do lado dos cando presença dentro do mercado possível vislumbrar um desfecho
países que compram os nossos produtos e africano. Isso preocupa o governo favorável para o desenvolvimento
acabam importando mais e mais. brasileiro que também busca es- do comércio mundial?
treitar as relações com os países do Meziat - Todos os esforços estão sendo
“O nosso saldo comercial no ano continente? feitos na direção de se alcançar os melho-
passado foi de US$ 45 bi, mas Meziat - De fato, é preciso reforçar a res resultados possíveis, por isso, sou um
com a Nigéria contabilizamos melhoria na competitividade, agregando
um déficit nesse período.” valor aos produtos fabricados no Brasil
A R M A N D O M E Z I AT
na disputa com os similares chineses em
outros mercados, assim como também INTERCÂMBIO COMERCIAL
diversificar os destinos. Isso já pode ser
Qual a importância da Nigéria no
sentido dentro das estratégias comerciais BRASIL - NIGÉRIA
quadro das relações comerciais
das nossas empresas. As empresas nacio-
atualmente na visão da Secretaria
nais deixaram de ser exportadoras even-
de Comércio Exterior? JANEIRO/JULHO 2007
tuais. Elas incorporam as necessidades de
Meziat – Temos um comércio exterior
aumentar a sua competitividade, sobretu-
com a Nigéria bastante sui generis. Isso EXPORTAÇÕES
do no campo da inovação tecnológica que
porque o Brasil historicamente tem su-
é fundamental. Por isso, não precisamos US$ 897 milhões
perávit comercial com diversos países do
temer a China, já que o nosso empresaria-
mundo. O nosso saldo comercial no ano Incremento de 23,4 % (2007/06)
do tem feito bem as melhorias necessárias
passado foi de US$ 45 bilhões, mas com
para competir no exterior.
a Nigéria nós contabilizamos um déficit
nesse período. Embora o embaixador da IMPORTAÇÕES
Nigéria tenha dito que as exportações de “O Brasil esta tendo um papel S$ 2,733 bilhões
petróleo da Nigéria respondem por tudo preponderante nas discussões para
que o país vende para cá, e, por outro Incremento de 31,1% (2007/06)
o destravamento da
lado, as nossas exportações sejam um
tanto mais diversificadas, é óbvio que se rodada(Doha). Avançar nas
encontramos um déficit comercial com a conversações será positivo para o
Nigéria, significa que nós podemos crescer mundo todo.” otimista. O bloqueio da rodada não está
as nossas exportações para esse país. Nós A R M A N D O M E Z I AT nas nossas mãos. O que há é uma disputa
temos lastro comercial para alcançar esse
entre os países desenvolvidos. Mas o Brasil
objetivo. Dentro desse espírito, eu acho
Mas o empresariado nacional re- está tendo um papel preponderante nessas
que o seminário tende a facilitar e criar os
clama dos problemas existentes na discussões para o destravamento da roda-
caminhos para que isso possa acontecer.
infra-estrutura, carga tributária da. Avançar nas conversações será positivo
Quais são os produtos líderes na
elevada e outros itens incluídos no para o mundo todo, principalmente se ela
pauta de exportações para a Nigé-
chamado custo Brasil. (a Rodada de Doha) cumprir o seu papel,
ria?
Meziat - Bem, é preciso ressaltar que já que ela é também conhecida como a
Meziat - A nossa pauta vai desde produtos
as exportações brasileiras são livres de Rodada do Desenvolvimento, buscando
primários, como açúcar, até automóveis,
produtos. É claro que nós temos todos dar aos países pobres garantias de entrada
tratores, ou seja, toda uma gama de produ-
esses problemas de gargalos em nossa in- no mercado dos países ricos.

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • N I G É R I A 39


ECONOMIA

Orgulho africano
Considerado um dos mais importantes bancos da África, a diretora do
Guaranty Trust Bank comemora os recentes sucessos da instituição

Cathy Echeozo, diretora do GTB, diz que o banco africano, primeiro a ter ações na Bolsa de Londres, tem interesses em investir no Brasil.

“Somos um banco forte, com ativos importantes e consolidar a sua presença, não somente na África, mas
estamos alcançando mercados antes difíceis para uma também nas principais praças financeiras do mundo.
instituição financeira africana” Com essa análise bastante “Nós já conseguimos respeito no mundo financeiro num
positiva, a diretora-executiva do banco nigeriano Gua- curto espaço de tempo (o GTB está em operação desde
ranty Trust Bank, Cathy Echeozo, deixa claro o clima 1990)”, disse Echeozo em entrevista à Revista da FCCE
de otimismo vivido pelo banco atualmente. E não seria durante o Seminário Bilateral de Comércio Exterior
para menos. Considerado o banco mais importante da e Investimentos Brasil-Nigéria. Ela foi expositora do
Nigéria e um dos principais do continente africano, o Painel I do seminário, intitulado: Perspectivas de Incre-
GTB vem desenvolvendo políticas que objetivam se mento e Desenvolvimento da Balança Comercial.

40 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • N I G É R I A


ECONOMIA

“Conseguimos respeito no
mundo financeiro num
curto espaço de tempo”
C AT H Y E C H E O Z O

pertencentes aos chamados ‘mercados


emergentes’ vem se demonstrando cada
vez mais presente. “E a Nigeria está entre
esses mercados” disse.
O GTB atua em 104 agências, com
representações na Gâmbia, Serra Leoa e
Gana e recentemente, o banco conseguiu
se classificado com o Triplo A pela agência
nigeriana de risco Agusto & Co. Além dessa
classificação, a instituição financeira obteve
o índice AA- pela agência de classificação
de risco Fitch’s e BB- pela Standard &
Poor’s. “Ambos os índices foram, até hoje,
os melhores resultados já conseguidos por
um banco na África”.
O GTB tem, na sua carteira de clientes,
grandes empresas internacionais, com
destaque para as companhias da indústria
petrolífera, como a Chevron, Shell e a
Exxon-Mobil. Em relação à presença
brasileira dentro do quadro de clientes do
banco, a diretora do GTB disse que apenas
a Petrobras - que tem grandes ativos den-
tro do país africano - está presente, mas
que, em breve, mais empresas brasileiras
poderão constar como correntistas do
banco. “Estamos agora negociando com a
Echeozo disse que o banco GTB pretende atrair multinacionais brasileiras para sua carteira de clientes companhia aérea Ocean Air”. A empresa
de transporte aéreo brasileira já anunciou
Os motivos para avaliar o bom momento londrina. “Esses movimentos terão grande que, até o final de 2007, operará a rota
atual do banco estão ligados a dois recen- impacto no processo que vise ao aumento aérea São Paulo-Lagos, linha essa que
tes movimentos. O primeiro deles foi ter de captação de recursos do banco, o que pertenceu à Varig. Para Echeozo, esse
conseguido autorização para ter ações favorecerá a concessão de empréstimos e movimento significa um passo importante
negociadas na Bolsa de Valores de Londres. investimentos dentro do mercado interno para o fortalecimento das relações com-
A inclusão do GTB na praça londrina da Nigéria”, afirmou a diretora-execu- erciais bilaterais entre Brasil e Nigéria,
pois traria mais agilidade e rapidez para os
ocorreu em julho de 2007, após ter conse- tiva do GTB. Já o segundo movimento,
empresários que desejam fazer negócios.
guido levantar US$ 750 milhões para GDR consistiu na emissão de US$ 350 milhões
“Atualmente, leva-se quase um dia para
(Global Depositary Receipts) – espécie de em eurobônus sem que haja garantias do fazer o trajeto Brasil e Nigéria, devido
certificado bancário negociado em dólar governo, o que demonstra a confiabilidade ao fato de se ter que fazer conexão na
que dá segurança e garantia para que de- auferida pelo GTB no mercado financeiro Europa”, afirmou. “É importante que se
terminada empresa possa operar e bolsas internacional. Segundo Echeozo, os re- crie canais que facilitem os contatos entre
de valores ao redor do mundo. O GTB é centes sucessos do banco refletem a atual os empresários dos dois países. A Nigéria
a primeira empresa nigeriana e o primeiro conjuntura mundial do mercado finan- tem muito a aprender com os brasileiros”,
banco africano a constar na lista da praça ceiro, na qual a atração por instituições concluiu.

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • N I G É R I A 41


HISTÓRIA

O Brasil na África
Diplomata mostra, em projeto, a existência de hábitos do Brasil levados
por ex-escravos brasileiros que retornaram à África.
O doloroso período escravocrata
deixou marcas indeléveis den-
tro da sociedade brasileira. Há inúme-
Rafiu cardoso é muçulmano, vive
em Lagos Island, no bairro brasileiro
(Brazilian Quarter) e frequenta a
ros estudos que atestam a importância “Brazilian Olosun Mosque” e o vizinho
da composição dos povos africanos, “Brazilian Social Club”. Seu bisavô,
que aqui embarcaram como escravos João Antônio Cardoso, viveu no Brasil e
morreu em Lagos, em 1873.
por mais de 250 anos de tráfico, e que
até hoje ajudam a formar a identidade
nacional. O que pouco se sabe é que em
determinados espaços do continente
Nestor Olayemi Carrena nasceu
africano, aspectos culturais brasileiros em Lagos, no que é hoje a Carrena
estão fortemente presentes e ajudam Street (Brazilian Quarter), em 6 de
a compreender a relevância dos con- setembro de 1913. Nestor diz que
tatos históricos firmados ao longo do seus avós maternos são originários
tempo entre o Brasil e a África. O de Porto Alegre, sua mãe de Lagos e
seu pai do Daomé (atual Benin).
mais curioso, contudo, é saber que a
influência cultural brasileira se deu
por intermédio do processo de “re-
torno” de ex-escravos brasileiros, que O patriarca da família Feraez chamava-se
libertos, decidiram rumar à África. Os Borges e teria vindo do Brasil no século
XIX, instalando-se en Uidá. Seu filho, Félix
retornados não só levaram com eles a Manuel Marcos Borges Feraez, (1905-
vontade de regressar à terra-mãe dos 1980) levou a família para Porto-Novo,no
seus antepassados, mas também trou- Bênin, onde casou-se.
xeram hábitos adquiridos no Brasil e
que até hoje se fazem sentir em quatro
países africanos: Nigéria, Benin, Togo
e Gana. Essas informações e outras
estórias podem ser encontradas no Euzébio é secretário da “Association of
projeto Cartas d’África, desenvolvido Lagos Tittle Chiefs”, organização que
pelo diplomata de carreira Carlos da congrega homens que, por serviços
Fonseca e que relata como os “brasilei- prestados, recebem do Obá de Lagos o
título honorífico de ‘Chefe’.O bisavô de
ros”, descendentes de escravos nascidos Euzébio, Domingo Damázio, foi do Brasil à
no Brasil que retornaram à África em Nigéria no final do século XIX. Criou família
meados do século XIX, ainda mantêm em Lagos, tendo três filhos.
as tradições socioculturais brasileiras.
Fonseca explica que o projeto está
dividido em três frentes: fotográfico,
histórico e “epistolar”, que se concen-
tra nas cartas dirigidas aos brasileiros no final da década de 1980, quando em entrevista à Revista da FCCE.
em geral e a seus parentes (pessoas de descobriu a existência de uma comu- Anos mais tarde, mais precisamente
mesmo sobrenome que residam no nidade que se definia como “brasileira” em 1999, surgiu uma nova oportuni-
Brasil) em particular e que deu nome no Benin. “Ainda não havia lido nada a dade de viajar ao continente africano,
ao projeto. respeito. Depois me dei conta de que já dessa vez para fazer uma reportagem
De acordo com Fonseca, a idéia havia farta literatura a respeito. Resolvi para o Correio Braziliense. Ao todo,
surgiu após viagem realizada à África, pesquisar o assunto”, disse Fonseca, o diplomata realizou três viagens para

42 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • N I G É R I A


HISTÓRIA

a realização
“Verifiquei que as da pesquisa,
famílias sendo que
visitadas comem
os custos foram patrocinados pelas
feijoada cuzcuz, arroz doce, carne seca (quando
revistas que publicaram o material
encontram)”,
(Correio, O Dia, Veja e Icaro). “Fo-
Carlos da Fonseca.
ram três viagens, entre 1999 e 2001.
A pesquisa demorou de três a quatro
meses, mais levantamentos feitos no
Brasil. Como resultado dessas viagens
e pesquisas realizadas no continente,
surgiu o projeto”, afirmou.
O diplomata disse que ficou bastante

Exemplo de carta de um descendente de um ex-


escravo brasileiro que fez o ‘retorno’ à África

de hoje.
Um outro ponto da pesquisa a
receber grande destaque é o bairro
nigeriano chamado Brazilian Quartet,
surpreso com que encontrou nesses Brazilian Quartet localizado na cidade de Lagos, ex-ca-
países, em matéria de cultura e hábitos Fonseca conta que visitou cerca de pital da Nigéria. O Brazilian Quartet
brasileiros. “A manutenção da culinária 50 famílias. Entre as histórias ouvidas trata-se do bairro criado pelos retor-
e de algumas expressões em português e pesquisadas, a família Souza no Benin nados a partir do final do século XIX.
usadas no cotidiano chamou bastante seja talvez a mais cinematográfica.”Um Grandes e ricas famílias “brasileiras”
a minha atenção. Verifiquei que as filme já foi, inclusive, feito sobre o viviam em casarões de muitos quartos.
famílias visitadas comem feijoada, personagem central dessa família “Hoje sobraram apenas famílias mais
cuzcuz, arroz doce, carne seca (quando (Francisco Félix de Souza): Cobra Ver- pobres. As demais saíram de lá e foram
encontram). A língua Ewê, do Benin, de, do diretor alemão Werner Herzog, para partes melhores da cidade. Para o
incorporou palavras como cadeira, em 1987. No filme, o personagem leva futuro, Fonseca disse que ainda preten-
mesa, molho. No dia-a-dia, muitos outro nome, mais é o mesmo”, disse. de continuar pesquisando o assunto,
ainda usam saudações como bom dia, O baiano Francisco Félix de Souza nas- especialmente para tentar descobrir
boa tarde. Além disso, preservam algu- ceu em 1771. Filho de um português ramos de famílias de retornados que
mas importantes tradições religiosas e com uma escrava, aquela transgressora ficaram no Brasil. “Há três famílias
folclóricas brasileiras, como a festa de união que tanto incendiou as carnes com membros aqui e lá (Nigéria), que
Nosso Senhor do Bonfim (no Benin) e, por estes trópicos, o mulato acabou se conhecem e se comunicam. Aparen-
por ocasião dessa data, o bumba-meu- alforriado e, aos 17 anos, tomou a temente, haveria também outras que
boi (burrinha)”, disse. Para o diploma- decisão que moldaria a vida de várias costumavam se comunicar, mas que
ta, que atualmente trabalha no Instituto gerações seguintes: mudar-se para a foram se distanciando com o tempo.
Rio Branco, o Benin e a Nigéria são os terra de seus antepassados, a África. Quero ver se descubro algumas delas”,
países nos quais a tradição é mantida de Assim, em 1788, Francisco Félix de afirmou, acrescentando que, em maio
forma mais viva. “No Togo houve, por Souza desembarcou em Benin e, por de 2008, ele promoverá uma expo-
razões políticas, uma reação contrária ironia do destino, tornou-se um prós- sição com fotos e relatos das famílias
às famílias “brasileiras”, muitas das pero traficante de escravos. Morreu “brasileiras” africanas. Mas enquanto
quais fugiram. Em Gana, a comunidade aos 94 anos, teve 53 mulheres, oitenta a exposição não vem, é possível obter
Tabom tem especificidades próprias, filhos e 12 000 escravos, deixando aos mais detalhes sobre o projeto visitan-
que nada têm a ver com o resto dos herdeiros um fabuloso império de do o site: http://www.cartasdafrica.
‘brasileiros’”, declarou. 120 milhões de dólares, em dinheiro com/home.htm.

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • N I G É R I A 43


MÚSICA

Sade: da Nigéria para o mundo


Sucesso de público e de crítica, cantora nigeriana é sinônimo de qualidade
e sofisticação musical
verdadeira, por achar que estas são as integrar sua banda até conseguirem uma
No mundo da música, a década de coisas mais importantes. Na juventu- vocalista. Foi então que ela tomou gosto
80 do século passado foi marcada de, costumava ouvir Curtis Mayfield e pela composição e escreveu com Ray St.
Marvin Gaye, tida por ela como um dos John um de seus maiores hits: Smooth
pelo aparecimento de mega-stars
poucos cantores realmente sintonizados Operator.
dos palcos. Michael Jackson, Ma- com as complexas sensibilidades das do- Em 1984, seu primeiro single Your love
res do coração e capazes de criar coisas is king chegou ao top ten e Sade, abrupta-
donna, Prince foram alguns dos
belas a partir delas. Nessa época, ela não mente, tornou-se um ícone. Suas músicas
artistas que dominaram a cena pop pensava em ser cantora. Seu sonho era permanecem no coração e na mente das
mundial, vendendo milhões de có- ser estilista e, por isso, estudava moda. pessoas por um longo tempo.Talvez este
Começou a cantar por acaso, quando seja um dos motivos dos quais, apenas um
pias de discos e lotando estádios ao amigos de colégio a convidaram para ano depois de seu primeiro single, ela ter
redor do planeta. E, nessa mesma
década, surgiu para o público uma
das cantoras que figuraria como
uma das mais completas e admiradas
do mundo. Helen Folasade Adu,
mais conhecida por Sade, é uma
daquelas poucas cantoras que con-
seguem aliar, dentro do repertório
musical, sofisticação, bom gosto
junto a um indisfarçável apelo pop.
Com seis álbuns gravados e diversos
prêmios conquistados ao longo de
quase vinte e cinco anos de carreira,
a sua música flerta com o jazz, soft
rock, funk e é referência para todos
os amantes da música de qualidade
e com extremo requinte.

Inspiração em Marvin Gaye

N
ascida em Ibadan (Nigéria),
Sade partiu para a Inglaterra
com sua mãe após a separação
dos pais, aos quatro anos. Sade passou
sua vida tentando sentir-se honesta e
44 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • N I G É R I A
MÚSICA

se transformado numa das raríssimas radiofônicos e canções de amor, definiti-


cantoras a estampar a capa da revista vamente, rótulos não lhe caem bem.
americana Time. Desde o começo, sua Como acontece com as pessoas públi- Discografia:
música transcendia o momento. cas, é grande a curiosidade sobre a vida
particular de Sade, seu modo de vida Diamond Life
e de onde vem sua inspiração. Sade, Ano de lançamento: 1984
Rumo ao sucesso entretanto, mantém seu caráter firme e
De fato, com o lançamento de Dia- só aceita entrevistas quando realmente Promise
mond Life, Sade passou a falar com uma tem algo a dizer. Morando temporaria- Ano de lançamento: 1985
audiência global.Trazendo as faixas Your mente em Madri, Sade recusa o mito de
love is king, Smooth Operator e Hang on to tímida e diva reclusa, fazendo questão de Love Deluxe
your love, o álbum ficou 98 semanas na deixar claro que apenas prefere passar Ano de lançamento: 1992
paradas inglesas e 81 semanas, na revista mais tempo entre amigos do que com
Billboard (revista responsável pela di- jornalistas. The Best Of Sade
vulgação da para de sucessos nos Estados Ano de lançamento: 1994
Unidos), o que valeu à Sade o Grammy
de Artista Revelação. O segundo ál- Cinqüenta milhões Lovers Rock
de álbuns Ano de lançamento: 2000
bum, Promise (1985), não deixou
nada a dever ao primeiro vendidos
Lovers Live
e emplacou Is it a Em 1992,
Ano de lançamento: 2002
crime e The swee- Sade gravou
test taboo, uma Love Delu-
das músicas xe . Ta n t o
mais tocadas a crítica
na história quanto o Demi Moore. Em 1994, ela lançou
d o r á d i o. p ú bl i c o Best of Sade, coletânea de 16 faixas que
Como seu aclama- reuniu as melhores músicas já gravadas
antecessor, ram o álbum pela cantora.
este tam- pela sincerida- Depois de oito anos afastada do show-
bém foi um de ali expressa. biz e de 50 milhões de álbuns vendidos,
álbum mul- Resultado: Love Sade não mudou em nada sua forma de
ti-platinado Deluxe ficou 90 encarar a vida e não é preciso muito es-
em todo o semanas na Bill- forço para reconhecer isto. Logo na pri-
mundo. board, puxado pela meira audição, é possível perceber toda
Três anos de- faixa No ordinary love, a sensibilidade que permeia o disco, da
pois, em 1988, tema do filme Pro- acústica Sweetest gift à pungente All about
Sade gravou Stron- posta indecente, our love. Em Lovers rock, Sade continua a
ger than pride, que estrelado por descrever os murmúrios do coração e
tinha as memoráveis Robert Re- seus desejos mais secretos, mantendo-
Paradise, Love is stronger dford e se sempre verdadeira e presente em seu
than pride e Nothing can trabalho. Lovers rock foi gravado entre a
come between us. Este álbum Inglaterra e a Espanha. Suas 11 faixas
desencadeou uma mega tur- foram escritas, arranjadas e produzi-
nê, passando pela Europa, das por Sade e co-produzidas
Austrália e Japão, além por Mike Pela, com quem
de estádios americanos, a artista trabalhou em todos
demonstrando a diver- os seus álbuns anteriores.
sidade de seu público. Em 2002, ela lançou Lovers
Para uma artista que Live, coletânea com músicas
já criou músicas para gravadas ao vivo.
dançar de rosto colado,
trilhas sonoras, sucessos

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • N I G É R I A 45


RELAÇÕES BILATERAIS

Intercâmbio Comercial
Brasil – Nigéria
ARTIGO ELABORADO PELA EQUIPE DO DEPARTAMENTO DE
PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DO COMÉRCIO EXTERIOR
DA SECRETATIA DE COMÉRCIO EXTERIOR DO MDIC

O
fluxo de comércio cresceu vigorosamente desde 2002. Evolução da Balança Comercial da Nigéria
1990 a 2006 – US$ Milhões
Nesse ano, a corrente de comércio do país foi de US$
22,7 bilhões, em 2006, passou para US$ 75,0 bilhões. 55.000

O que representou um aumento de 231,1%. 50.000

O principal motivo do aumento do fluxo comercial nigeriano 45.000


Exportação Importação Saldo
foi o aumento das exportações do país. Em 2002, a Nigéria ex- 40.000

portou US$ 15,1 bilhões, em 2006, passou a exportar US$ 52,0 35.000

bilhões. Cerca de 95% da exportação da Nigéria é composta 30.000

por petróleo e o crescimento das vendas do país coincide com o 25.000

recente aumento do preço internacional da commodity. Segundo 20.000

a OPEP, em 2002, o preço médio do barril foi de US$ 24,4. Já, 15.000

em 2006 registrou-se US$ 61,1. Em 2006, a Nigéria foi o quinto 10.000

maior país exportador de petróleo da OPEP, com vendas de 2,3 5.000


milhões de barris por dia. 0
As importações do país também cresceram, mas em menor 1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006

ritmo. Em 2002, a Nigéria importou US$ 7,5 bilhões e em 2006, Fonte: OMC

US$ 23,0 bilhões. Exportações da Nigéria


Os números revelam que a Nigéria é altamente superavitária Principais Produtos - 2005 - US$ Milhões
em suas relações comerciais com o exterior. No último ano esse
superávit somou US$ 29 bilhões. Número superior ao montante Combustíveis Minerais 44.763

das importações do país. Cacau e Produtos 445


Couros e Peles 186
Os dados disponíveis mostram que, além de petróleo, os demais
Minérios 86
principais produtos exportados pela Nigéria em 2005, segundo o Pescado 77
International Trade Center (ITC), foram: cacau e derivados (total Madeira e Obras 53

Algodão 50
Evolução da Corrente de Comércio da Nigéria
Sementes de Algodão 45
1990 a 2006 – US$ Milhões
Borracha e Obras 41
75.000
Gomas e Resinas 26 Fonte: Intracen
70.000
65.000
60.000
55.000 de US$ 445,4 milhões), couros e peles (US$ 186,2 milhões),
50.000
45.000 minérios (US$ 86,3 milhões), pescado (US$ 76,9 milhões), ma-
40.000 deira e obras (US$ 53,2 milhões), algodão (US$ 49,7 milhões),
35.000
30.000 sementes de algodão (US$ 44,8 milhões), borracha e obras (US$
25.000 40,9 milhões) e gomas e resinas (US$ 25,7 milhões).
20.000
15.000 Já, a pauta importadora nigeriana é bem mais diversificada. De
10.000 acordo com dados do ITC, em 2005 a Nigéria importou: maqui-
5.000
0
naria mecânica (US$ 2.467 milhões), óleos combustíveis (US$
1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2005

2006
2004

2.390 milhões), maquinaria elétrica (US$ 2.130 bilhões), veículos


Fonte: OMC
automóveis (US$ 1.318 milhões), cereais (US$ 913 milhões),

46 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • N I G É R I A


RELAÇÕES BILATERAIS

Importações da Nigéria
Importações da Nigéria
Principais Produtos - 2005 - US$ Milhões
Principais Países Fornecedores - 2005 - US$ Milhões
Maquinaria Mecânica 2.467

Óleos Combustíveis 2.390


China 2.303

Maquinaria Elétrica 2.130


Estados
1.615
Veículos Automóveis 1.318 Unidos

Cereais 913
Reino Unido 1.486
Plásticos e Obras 844

Artigos de Ferro/Aço 787 Países


1.332
Baixos
Ferro e Aço 694

Navios e Barcos 477 França 1.303

Produtos Farmacêuticos 425 Fonte: Intracen

plásticos e obras (US$ 844 milhões), artigos de ferro/aço (US$ Quanto aos mercados fornecedores da Nigéria, em 2005, foram:
787 milhões), ferro e aço (US$ 694 milhões), navios e barcos (US$ China (US$ 2,3 bilhões, 12,8% do total), Estados Unidos (US$
477 milhões) e produtos farmacêuticos (US$ 425 milhões). 1,6 bilhão, 9,0%), Reino Unido (US$ 1,5 bilhão, US$ 8,2%),
Segundo a mesma fonte (ITC) os maiores destinos das vendas Países Baixos (US$ 1,3 bilhão, 7,4%) e França (US$ 1,3 bilhão,
nigerianas no ano de 2005 foram: Estados Unidos (US$ 25,1 bi- 7,2%).
lhões, participação de 54,5% no total), Espanha (US$ 3,9 bilhões, O Brasil possui um peso relevante tanto nas exportações quanto
8,5%), Brasil (US$ 2,7 bilhões, 5,9%), França (US$ 1,5 bilhão, nas importações nigerianas. Em 2004, o Brasil chegou a ser destino
3,2%) e Costa do Marfim (US$ 1,4 bilhão, 3,1%). de 11,2% das exportações do país. Em 2006, esse número foi de
7,5%. Nas importações nigeiranas, o Brasil foi origem de 6,0%
Exportações da Nigéria
no total do último ano.

Intercâmbio comercial entre Brasil e Ni-


Principais Países de Destino - 2005 - US$ Milhões

Estados
Unidos
25.109 géria – 2006
Espanha 3.919
A partir de 1997 a passou a figurar entre as primeiras posições
do ranking de mercados fornecedores ao Brasil. Em 2001, as
Brasil 2.706
importações nacionais provenientes desse mercado ultrapassa-
ram, pela primeira vez, o valor de US$ 1 bilhão e somaram US$
França 1.468
1,4 bilhão. No ano de 2006, as compras nacionais de produtos
Costa do nigerianos foram de US$ 3,9 bilhões.
1.439
Marfim As exportações brasileiras para a Nigéria também se mostram
Fonte: Intracen
significativas, com um expressivo aumento nos últimos três anos.
Participação do Brasil no Comércio Exterior da Nigéria
Evolução do Intercâmbio Comercial Brasil / Nigéria
2000 a 2006
1997 / 2006 - US$ Milhões FOB

4.000

3.000

7,2% 2.000
7,5%
11,2%
6,3% 1.000
8,0% 6,7%

0
3,5%
6,7% -1.000
5,4% 6,0%
3,6% 4,3% 3,6%
2,8% -2.000

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 -3.000


1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

Importação da Nigéria Exportação da Nigéria Fonte: MDIC/SECEX, OMC Exportação Importação Saldo Comercial

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • N I G É R I A 47


RELAÇÕES BILATERAIS

Em 2006, o Brasil exportou US$ 1,4 bi- Intercâmbio Comercial Brasil / Nigéria
lhão a Nigéria. 2006 / 2005 - US$ Milhões FOB

Pelo exposto, nota-se que o Brasil é Variação % 2006/05:

deficitário em suas relações comerciais Exportação + 44,1%


Importação: + 48,3%
Corrente de Comércio: +47,2
com o país. O maior déficit foi registrado
em 2004, de US$ 3,0 bilhões. Em 2006,
o déficit foi de US$ 2,5 bilhões. 5.292
A Nigéria foi o quinto maior fornecedor 3.918 3.596
2.643
ao Brasil em 2006 e galgou três posições 1.374 953
em relação ao ranking de 2005. 4,3% das
importações nacionais se originaram desse -1.690
-2.545
país no ano de 2006.
Já, posição do país como destino das
exportações nacionais é inferior ao da Exportação Importação
Corrente de
Saldo
importação. Com aquisições de 1,0% Comércio

das vendas brasileiras, a Nigéria foi o 26º 2006 2005


maior país de destino das exportações no Fonte: MDIC/SECEX

ano. Em 2005 havia sido o 27º.


A pauta brasileira das exportações para
Principais Produtos Exportados pelo Brasil para a Nigéria
a Nigéria é composta principalmente por
produtos manufaturados, o equivalente 2006 - US$ Milhões FOC
a 76,2% do total. Os produtos semima-
nufaturados responderam por 22,4% do Gasolina 560,6

total, e os básicos por 1,2%. No compa- Açúcar 353,5


rativo de 2006 com 2005, os produtos
Polímeros Plásticos 86,8
manufaturados cresceram 45,8%, os
semimanufaturados aumentaram 41,0% Óleos e Lubrificantes 44,4

e os básicos, 11,0%. Ônibus 38,8


No conjunto da pauta, os principais itens Compostos de Funç. Nitrogenadas 32,6
exportados à Nigéria foram: gasolina, com
Óleos Combustíveis 19,5
participação de 40,8% da pauta e total
de US$ 560,6 milhões, açúcar (25,7%, Álcool Etílico 19,5

US$ 353,5 milhões), polímeros plásticos Zinco em Bruto 17,5


(6,3%, US$ 86,8 milhões), óleos lubrifi-
Fio-máquina de Ferro/Aço 15,9 Fonte: MDIC/SECEX
cantes (3,2%, US$ 44,4 milhões), ônibus

(2,8%, US$ 38,8 milhões), compostos de Ranking da Nigéria nas Importações Brasileiras
Ranking da Nigéria nas Exportações Brasileiras
funções nitrogenadas (2,4%, US$ 32,8 2006 / 2005 - US$ Milhões FOB
2006 / 2005 - US$ Milhões FOB
milhões), óleos combustíveis (1,4%, US$ Ordem Pa ís Valor Δ% Part %
Ordem País Valor Δ
% Part % 2005 2006 2006/05
2005 2006 2006/05 19,5 milhões), álcool etílico (1,4%, US$ 1 1 Estados Unidos 14.850 16,5 16,2
1 1 Estados Unidos 24.773 8,6 18,0
2 2 Argentina 11.740 18,2 8,5
19,5 milhões), zinco em bruto (1,3%, US$ 2 2 Argentina 8.057 30,1 8,8

3 3 China 8.402 22,9 6,1 17,5 milhões) e fio-máquina de ferro/aço 4


3
3
4
China
Alemanha
7.989 50,4 8,7

4 4 Países Baixos 5.749 8,8 4,2 6.503 6,7 7,1

5 5 Alemanha 5.691 13,1 4,1


(1,2%, US$ 15,9 milhões). 8 5 Nigéria 3.918 48,3 4,3

Dentre os principais produtos


Fonte: MDIC/SECEX

6 6 México 4.458 9,4 3,2 5 6 Japão 3.839 13,7 4,2


Fonte: MDIC/SECEX

7 7 Chile 3.914 8,0 2,8 9 7 Coréia do Sul 3.106 34,5 3,4

8 8 Japão 3.895 11,8 2,8 exportados para a Nigéria, na compara- 11 8 Chile 2.908 67,9 3,2
9 9 Itália 3.836 18,8 2,8
ção 2006/2005, destaca-se o aumento 7 9 França 2.837 5,9 3,1
27 26 Nigéria 1.374 44,1 1,0 10 10 Itália 2.571 13,0 2,8

48 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • N I G É R I A


RELAÇÕES BILATERAIS

Exportação Brasileira para a Nigéria por Fator Agregado Estados Brasileiros que Importaram da Nigéria
2006 / 2005 - US$ Milhões FOB 2006 - US$ Milhões FOB

Variação % 2006/05:
São Paulo 1.439,0
§ Básicos: +11,2% 1.046
§ Semimanfaturados: +41,0%
§ Manufaturados: +45,8% Rio Grande do Sul 1.137,9

718
Paraná 1.109,7

Bahia 137,0

308
219 Rio de Janeiro 92,0

17 15 Ceará 2,0

BÁSICOS SEMIMANUFATURADOS MANUFATURADOS


Piauí 0,7 Fonte: MDIC/SECEX

2006 2005
Fonte: MDIC/SECEX

das vendas dos seguintes itens: óleos combustíveis (de zero para
US$ 19,5 milhões), zinco em bruto (+265,6%, para US$ 17,5
Principais Produtos Importados pelo Brasil da Nigéria
2006 - US$ Milhões FOB milhões), chassis com motor (+150,1%, para US$ 13,0 milhões),
óleos lubrificantes (+137,9%, para US$ 44,4 milhões), gaso-
Petróleo em Bruto 3.773,8
lina (+96,5%, para US$ 560,8 milhões) e polímeros plásticos
(+66,0%, para US$ 86,8 milhões).
Naftas 137,0
A importação brasileira proveniente da Nigéria é com-
Couros e Peles 5,4
posta de praticamente um único produto, petróleo em bruto. O
Algodão em Bruto 2,0 Fonte: MDIC/SECEX país é o maior fornecedor de petróleo ao Brasil e em 2006 foi
responsável por 41,6% das importações nacionais do produto. No
ano, as importações de petróleo oriundas desse mercado somaram
Estados Brasileiros que mais Exportaram para a Nigéria
2006 - US$ Milhões FOB
US$ 3,8 bilhões, 96,3% da pauta.
A exportação brasileira para o mercado nigeriano é concentrada
São Paulo 984,6
em São Paulo. No ano, o estado foi responsável por 71,7% das
Rio de Janeiro 71,9

Paraná 70,6
vendas brasileiras à Nigéria, uma monta de US$ 984,6 milhões. As
Rio Grande do Sul 70,6 demais principais unidades da federação que exportaram para o
Minas Gerais 69,5 país foram: Rio de Janeiro (participação de 5,2% no total e soma
Bahia 60,5 de US$ 71,9 milhões), Paraná (5,1%, US$ 70,6 milhões), Rio
Pernambuco 13,8
Grande do Sul (5,1%, US$ 70,6 milhões), Minas Gerais (5,1%,
Santa Catarina 8,7
US$ 69,5 milhões), Bahia (4,4%, US$ 60,5 milhões), Pernam-
Paraíba 5,4
buco (1,0%, US$ 13,8 milhões), Santa Catarina (0,6%, US$ 8,7
Ceará 5,3 Fonte: MDIC/SECEX
milhões), Paraíba (0,4%, US$ 5,4 milhões) e Ceará (0,4%, US$
5,3 milhões).
Número de Empresas Brasileiras Exportadoras e Importadoras no Nas importações nacionais provenientes da Nigéria, São Pulo
Comércio com a Nigéria - 2006 e 2005
foi destino de 36,7%, somando US$ 1.439,0 milhões. Em seguida
estão: Rio Grande do Sul (participação de 29,0%, soma de US$
401 389
1.137,9 milhões), Paraná (28,3%, US$ 1.109,7 milhões), Bahia
(3,5%, US$ 137,0 milhões), Rio de Janeiro (2,3%, US$ 92,0 mi-
lhões), Ceará (0,1%, US$ 2,0 milhões) e Piauí (US$ 730 mil).
Em 2006, 401 empresas brasileiras realizaram vendas à Nigéria,
contra 389 anotadas no ano anterior. No tocante às importações,
contabilizaram-se 22 empresas nacionais compradoras de produtos
nigerianos, ligeiramente abaixo do contabilizado em 2005, total
Exportadores Importadores Fonte: MDIC/SECEX de 24 empresas.

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • N I G É R I A 49


CURTAS

O embaixador Fernando
Jacques Magalhães Pimenta,
que fez o pronunciamento
especial na Sessão de Encerra-
mento do Seminário Bilateral
de Comércio Exterior e Investi-
mentos Brasil-Nigéria, saiu, em
setembro, o cargo de diretor do
Departamento da África (Deaf)
do Ministério das Relações Ex-
teriores. Em seu lugar, entra o
diplomata Fernando Simas de
Magalhães. Pimenta passará
a ocupar o cargo de Cônsul-
Geral do Brasil em Vancouver,
Canadá.

Troca-Troca no MDIC

Presente em diversos seminá-


Presidente da FCCE João Augusto de Souza Lima entrega o aparelho de DVD à sorteada Maria rios bilaterais promovidos pela
Sistela. FCCE, Armando Meziat não
Sorteio de aparelhos de ocupa mais o caro de secretá-
DVDs rio de Comécio Exterior do
Ministério do Desenvolvimento
Juliana dos Santos, estudante Indústria e Comércio Exterior.
do 3º período do curso de Welber Oliveira Barral assume
Relações Internacionais da o cargo até então ocupado por
Univercidade, e Maria Sistela, Meziat, que passou a chefiar a
estudante do 4º período do Secretaria de Desenvolvimento
curso de Turismo da Univer- da Produção (SDP) do MDIC.
cidade, foram contempladas Um dos requisitos para a esco-
com dois aparelhos de DVDs, lha de Barral para o cargo se
durante sorteio realizado an- deveu à sua vasta experiência
tes da Sessão Solene de En- no campo das relações inter-
cerramento, pelo presidente nacionais.
da FCCE, João Augusto de
Souza Lima. Presente a várias Futebol
edições, essa foi a segunda vez
que Maria Sistela se consagra O Ministério das Relações
como uma das ganhadoras da Exteriores está montando um
série de sorteios promovida programa de cooperação es-
pela FCCE durante a realiza- portiva com países africanos.
ção dos seminários bilaterais O objetivo desse projeto é levar
de comércio exterior e in- profissionais de educação física,
vestimentos. “Como esse é o que serão remunerados com
meu segundo DVD que ganho, bolsas oferecidos pelo governo,
eu o doarei para a insttituição para atuarem como técnicos
de caridade da minha Igreja”, de futebol no continente. Vale
disse Sistela. ressaltar que a Copa do Mundo
de 2010 será na África do Sul
Troca-Troca no Deaf e a Nigéria é a maior potên-

50 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • N I G É R I A


CURTAS

baratos e orçamento reduzido.


Segundo a conceituada revista
francesa Cahiers du Cinema,
cerca de mil filmes são produ-
zidos por ano, média superior
à apresentada pelas indústrias
norte-americana e indiana.
Os filmes nigerianos, cujos
temas predominantes são os
que tratam da vida cotidiana do
país, são encontrados em loca-
doras por 50 centavos de dólar
ou vendidos em camelôs pelo
mesmo preço. Estima-se que
as produções atingem a marca
de até meio milhão de unidades
comercializadas, e o cinema ni-
geriano é sucesso nos vizinhos e
já atingiu outros continentes.
MRE vai desenvolver projeto para formação de técnicos de futebol na África.
Petrobras é brasileira
cia do esporte no continente fazer o trabalho de identificação Nollywood mais bem colocada em
africano. de necessidades é a Fiocruz. As abundantes reservas de ranking da revista Fortune
A partir deste diagnóstico, a petróleo fazem da Nigéria um
Ajuda Petrobras vai fechar um acor- país amplamente conhecido A Petrobras é a 65ª empresa
do onde o apoio da empresa no mundo. No entanto, um entre as 500 maiores do mundo,
O Brasil vai ajudar a construir será acertado em termos de outro setor da economia vem segundo o ranking global publi-
fábricas de medicamentos na recursos”, explicou Cerveró. chamando a atenção e surpre- cado pela revista norte-america-
Nigéria e formar técnicos da A previsão é que o acordo seja ende pelo vigor que apresenta na Fortune. De 2006 para 2007,
área de saúde – principalmente assinado dentro de três meses. dentro da economia dessa nação a companhia subiu 21 posições
médicos e enfermeiros. A ini- áfrica: a indústria cinematográ- e continua sendo líder entre as
ciativa é da Fundação Oswaldo Lula na África fica. Nollywood (nome dado à empresas brasileiras, com um fa-
Cruz (Fiocruz) e a Petrobras, indústria de cinema nigeriana) turamento de US$ 72,3 bilhões
que, em setembro, assinaram O Presidente Luiz Inácio tem a terceira maior indústria e lucro de US$ 12,826 bilhões.
um protocolo de intenções nes- Lula da Silva visitou, em mea- cinematográfica do mundo, Entre as empresas de petróleo,
sa área. “A África, de maneira dos de outubro, quatro países atrás apenas de Hollywood a Petrobras ocupa a 12ª posição.
geral, tem grandes problemas africanos. Essa foi a sétima vez e Bollywood. A maioria dos Das dez primeiras empresas que
no acesso a medicamentos, que o Presidente Lula embar- filmes é produzida sem gran- formam o ranking, seis são do
sobretudo aos antiretrovirais, cou rumo à África, onde já des luxos, com equipamentos setor de petróleo.
usados para tratar da Aids”, visitou 17 países. Desta vez,
disse o presidente da Fiocruz, o presidente participou da II
Paulo Buss. Além de Nigéria, Cúpula do Foro de Diálogo Ín-
Moçambique e Angola serão dia-Brasil-África do Sul (IBAS).
os outros dois países africanos A viagem inclui Burkina Faso,
a serem contemplados pelo República do Congo, África do
programa. Sul e Angola. O Presidente esta-
O diretor da Área Interna- rá acompanhado por expressiva
cional da Petrobras, Nestor delegação empresarial, com
Cerveró, afirmou que o volume representantes de empresas
de recursos que a estatal vai dos setores de energia, cons-
investir ainda não está definido, trução, indústria aeronáutica
o que só vai acontecer em um e finanças.
segundo momento. “Quem vai Presidente Luiz Inácio Lula da Silva em sua 7ª viagem a Africa em outubro de 2007

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • N I G É R I A 51


Federação das Câmaras de Comércio Exterior
Foreign Trade Chambers Federation
Fédération des Chambres de Commerce Extérieur
Federación de las Cámaras de Comercio Exterior

Conselho Superior
MembrosVitalícios

Antônio Delfim Netto


Benedicto Fonseca Moreira

Bernardo Cabral
Carlos Geraldo Langoni

Ernane Galvêas
Giulite Coutinho
Gustavo Affonso Capanema (Vice-Presidente)
José Carlos Fragoso Pires

Laerte Setúbal Filho

Milton Cabral
Paulo D’Arrigo Vellinho
Paulo Pires do Rio

Paulo Tarso Flecha de Lima

Philippe Tasso de Saxe-Coburgo e Bragança

Theóphilo de Azeredo Santos (Presidente)

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