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Vídeo
Objetivo: Aprender os conhecimentos básicos para montar um vídeo. Elaborar um roteiro, filmar. Captar imagens no
computador, montagem e edição de vídeo.
Teatro
Objetivo: Aprender como montar uma peça de teatro através de um tema específico.

Elaborar um Blog
Objetivo: Montar um blog com conteúdo escolhido pelo grupo, dialogando com as temáticas da Caravana.

Educação: Quem define a qualidade?


Objetivo: Refletir sobre a situação nas escolas
públicas no Brasil e a qualidade do ensino. O valor das
organizações sociais no processo educativo do aluno.

Uso Estratégico da Internet


Objetivo: Introduzir participantes nas ferramentas de
Web 2.0 através de uma demonstração e uso de
gerenciador de conteúdo Joomla e a tecnologia Wiki.

Roda de Diálogo sobre Comunicação Livre


e Comunitária
Objetivo: Promover uma mostra de experiências em
comunicação alternativa e debater sobre a
comunicação convencional e meios alternativos de
fazer mídia.

Etnia, gênero e sexualidade


Objetivo: Refletir sobre a identidade juvenil a partir das questões étnicas, de gênero e da sexualidade.
Direito a educação de qualidade
Objetivo: Contribuir com a reflexão sobre a realidade da educação juvenil, qualidade e os meios de acesso a ela.
Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável
Objetivo: Favorecer a discussão e reflexão sobre a questão ambiental no Nordeste e no Brasil, bem como sobre a
proposta do desenvolvimento sustentável, problemas , desafios e propostas.
Trabalho e Juventude
Objetivo: Refletir com os/as jovens sobre a situação atual da juventude no mundo do trabalho, abordando seus
problemas, desafios e identificando propostas.
Radio Livre
Objetivo: Dar a palavra aos jovens e as pessoas encontradas ao longo do caminho, para que se expressem sobre as
suas problemáticas, demonstrando a importância do meio ambiente nas lutas políticas.

Rádio Comunitária
Objetivo: Mostrar como funciona uma rádio comunitária, dando notícias sobre os acontecimentos no caminho e no FSM.

Informações sobre dados e contatos de facilitadores das Oficinas no site oficial da Caravana:
www.caravanadecomunicacao.org.br
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É necessária uma aldeia inteira
para cuidar de uma criança”
Provérbio africano
Por Sandro Silva de Lima

Com a intenção, dentre outras, de promover uma maior mobilização social, jovens de muitos
estados do Nordeste do Brasil, com o apoio de diversos segmentos da sociedade civil,
organizaram a Caravana de Comunicação e Juventudes.
Sensibilizando as pessoas através de oficinas e práticas artísticas, que debatiam diversos
pontos importantes para a juventude e a sociedade, os/as jovens da Caravana contribuíram para
mobilizar as pessoas, ajudando-as a refletirem sobre seus problemas, a não vê-los como algo
natural, mas como algo possível de modificação.
As juventudes mostraram a força dos/das jovens que muitos acusam estar ausentes do debate
acerca dos problemas sociais de nosso mundo. Parece que não é bem assim. Aqui e ali,
encontramos diversos e diversas jovens, das áreas rurais e urbanas, trabalhando, debatendo,
fazendo intervenções sociais e políticas, mobilizando outros e outras jovens para a missão de
pensar e construir coletivamente suas bandeiras de luta.
Outro ponto forte e inovador desta ação foi a participação ativa das juventudes na construção e
execução dessas intervenções. No exercício da criatividade e da construção coletiva, os/as jovens
foram capazes de organizar mobilizações, deixando nas ações realizadas sua marca de alegria e
de responsabilidade por onde passaram.
A mobilização social vivida na Caravana revelou outro elemento importante: a mudança, a
transformação da percepção e das práticas juvenis. Durante e depois da Caravana, as pessoas, os
ambientes, o mundo não era mais o mesmo para muitos desses jovens que foram transformados
por esta ação. Acreditamos que essa transformação foi resultado das experiências educativas
vivenciadas coletivamente pelos jovens e pelas jovens, presentes nos sorrisos compartilhados,
nos olhares, nos desejos suscitados, no sentir as pessoas e os lugares, no brincar.
Os processos mobilizadores da Caravana tiveram um ponto alto: o Fórum Social Mundial/2009.
Esse evento constituiu-se como espaço onde as juventudes mostraram sua alegria e indignação.
O Fórum Social Mundial/2009 representou este lugar de encontro, de fortalecimento, de apoio as
nossas pautas de luta, aumentando nossa capacidade de ter esperança. Foi também um
verdadeiro espaço enriquecedor de formação mútua, promotor de mudanças no coração e na
mente daqueles que participaram da Caravana de Comunicação e Juventudes.

Mobilizamos tantas pessoas e fomos tão mobilizados que mais e mais


acreditamos hoje que “um outro mundo é possível”.
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Essa caravana me fez


mostrar meu lado
sentimental e isso foi muito
importante para mim,
obrigado caravana, amo
todos vcs!
(Arthur Rodrigues da Silva
Santos)

Criamos uma oficina itinerante,


resolvemos indiferenças, o dialogo
com as comunidades e autoridades
com entrega das reinvidicações da
juventude.
(Antonio Helio Roque Da Silva)

Os jovens desta caravana


mostraram que querem ver as
coisas acontecendo.
(Antonio Helio Roque da Silva)

O fato de estarmos juntos, jovens do


nordeste distintos do Brasil, essa troca de
saberes, essa mistura de culturas, de
sotaques, esse cuidar um do outro, o
exercício da tolerância, o exercício do amor,
esses para mim foram os melhores
aprendizados. (Edgleison Vieira Rodrigues)
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Por Osmar Rufino Braga


O propósito deste texto é tentar responder a uma questão levantada no processo da sistematização: como os
jovens e as jovens se perceberam e que representações sociais foram construindo de si mesmos/mesmas
durante o percurso de sua inserção sociopolítica e cultural no contexto da Caravana de Comunicação e
Juventudes?
Para responder a questão acima, tivemos que fazer uma “caravana” pelos percursos dos/das jovens na sua
experiência de inserção sociopolítica e cultural. Nessa “viagem”, procuramos observar e, na medida do possível,
registrar, as percepções, os discursos, as expressões, as linguagens, as reflexões, as atitudes manifestadas
pelos jovens e pelas jovens, buscando identificar as representações sociais que os caravaneiros e as
caravaneiras fizeram na sua trajetória de inserção sociopolítica e cultural proporcionada pela Caravana;
procuramos observar como os/as jovens foram tematizando suas questões, conflitos, descobertas e intervenções
nas realidades nas quais se inseriram e onde interagiram com outros sujeitos. Vimos que essas vivências,
experimentos e seus significados não foram iguais para todos e todas. Cada qual foi fazendo o percurso traçado
pela Caravana, ao mesmo tempo em que, dentro si e na relação com os outros/as, iam fazendo seu percurso
pessoal, grupal e social, afirmando-se ou descobrindo-se como sujeito/a na convivência com os outros/as, com as
comunidades e, porque não dizer, com o mundo, visto que mergulharam nas questões mundiais pautadas pelo
Fórum Social de Belém (PA), destino final da Caravana de Comunicação e Juventudes.
As reflexões compartilhadas neste texto são frutos do processo de sistematização, desenvolvido por um
grupo de participantes da Caravana, representantes dos estados que se envolveram na organização e realização
deste grande evento de mobilização social das juventudes do Nordeste.
No texto, dialogaremos com alguns referenciais teóricos, os quais nos ajudarão a refletir sobre os achados
nos percursos vividos pelos/pelas jovens na Caravana, sobre os significados e sentidos dessa experiência de
inserção sociopolítica e cultural nas comunidades do Nordeste por onde a Caravana passou.
Muito útil nos será a categoria “representação social”, cujo conceito defendido por Jovchelovitch (2000, p. 41)
adotaremos nesta reflexão. Essa autora diz que

(...) as representações sociais são


sempre a representação de um objeto,
ou seja, elas ocupam o lugar de alguma
coisa, elas re-apresentam alguma coisa.
Neste sentido, elas re-constroem a
realidade, de uma forma autônoma e
criativa. Elas possuem um caráter
produtor de imagens e significante, que
expressa, em última instância, o
trabalho do psiquismo humano sobre o
mundo [...].
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Da mesma forma, buscaremos dialogar com Deleuse, Guatarri e Sodré, autores que nos ajudarão a entender
a relação entre o individual e o comum, entre a singularidade e a pluralidade nas relações sociais e nas ações
coletivas criadas e estabelecidas na e pela Caravana.
Igualmente importante será a teoria dialógica de Paulo Freire, com a qual buscaremos refletir sobre o fazer
pedagógico, político e cultural, assumido pelos/pelas jovens, no processo de tematização das questões juvenis e
comunitárias.
A visão biológica do chileno Humberto Maturana iluminará a reflexão e o entendimento sobre o significado e o
aprendizado da convivência na diversidade, questão sempre trazida à tona pelos/pelas jovens em suas vivências.
O texto está divido em três partes: na primeira, fazemos alusão breve ao público que participou da Caravana;
na segunda, parte central desta reflexão, abordamos as representações sociais que os/as jovens fazem de sua
experiência e de suas práticas nos percursos vividos na Caravana; na terceira, concluímos o texto, apresentando
algumas considerações a reflexão desenvolvida neste trabalho.

No total foram 200 jovens, divididos


equilibradamente entre homens e mulheres, de
faixa etária entre 16 a 29 anos, das áreas rurais
e urbanas dos Estados do Ceará, Pernambuco,
Bahia, Alagoas, Rio Grande do Norte e Piauí,
engajados/das ou ligados/das a projetos
sociais, ONGs, movimentos, redes e
organizações juvenis1.
Esses/essas jovens tinham percepções de
mundo, trajetórias, habilidades, orientação
sexual e nível de inserção sociopolítica
diferentes, e perfil educacional semelhante (a
maioria tinha ou estava concluindo o ensino
médio). Havia uma parcela de jovens que não foi
devidamente preparada, apresentando certa
dificuldade no desenvolvimento das atividades
propostas pela Caravana, fato que a desafiou do
ponto de vista da inserção sociopolítica e dos
aprendizados.

1. Os/as jovens de que estamos falamos pertencem ou estão ligados e ligadas a Movimentos de Juventudes – Grupo Jovem Geração
Futuro, Grupo de Jovens Fala Sério (Ceará), Rede de Jovens do Nordeste - RJNE, Pastoral de Juventude do Meio Popular, Rede de
Resistência Solidária, Centro Popular de Cultura e Comunicação (Fortaleza-CE), Coletivo Gambiarra Imagens, IntegraSol, Projeto
Crescendo no Morro, Projeto Peixearte, Grupo Pé no Chão, Caranguejo Uca; a Entidades Ambientalistas e pela reforma agrária –
Movimento dos Sem Terra – MST; a Organizações Não-Governamentais, Centros de Defesa dos Direitos Humanos e entidades de
defesa do direito à comunicação – Escola de Formação Quilombo dos Palmares - EQUIP, Grupo de Apoio às Comunidades Carentes -
GACC, Obra Kolping do Nordeste (Ceará e Piauí), Visão Mundial (Ceará, Alagoas e Rio Grande do Norte), Centro de Comunicação da
Juventude - CCJ, Diaconia (Ceará e Pernambuco), Volens, MSD/ASD; a Entidades ligadas ao mundo do trabalho – Sindicato dos
Trabalhadores Rurais (STR), Serviço de Tecnologia Alternativa – SERTA; a Redes Sociais – Rede de Jovens do Nordeste, Rede de
Resistência Solidária; a Organizações de Mulheres e organizações pela livre orientação sexual – Movimento de Mulheres
Trabalhadoras Rurais do Nordeste - MMTR-NE; a Organismos governamentais ligados aos setores populares – Programa
Conexões de Saberes (projeto de extensão comunitária da UFPE);
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Eu nunca tive a experiência


de sair do meu estado para
ir para outro(...) eu aprendi
como viver em conjunto
(Edgleison).
No processo de sistematização, como já falamos, tivemos que
fazer uma “caravana” pelas vivências e experiências vividas
pelos/pelas jovens no contexto da Caravana de Comunicação e
Juventudes. Neste percurso pelas trajetórias experienciadas
pelos/pelas jovens, procuramos observar e anotar como sentiram e
perceberam a própria experiência; e como sentiram e perceberam as
suas práticas sociopolíticas e culturais. Os significados e sentidos
dessas vivências e experiências, dialogando com alguns referenciais
teóricos, serão compartilhados nesta parte do trabalho.

Para muitos/muitas jovens da Caravana, a experiência de sair de casa, do seu bairro, da sua comunidade, foi
uma experiência de “êxodo”, de desterritorialização e de reterritorialização. Essa experiência, para os/as jovens,
representou o aprendizado da convivência, do viver coletivo, do con-viver com o diferente.
Duas dimensões nos chamam a atenção nessa experiência de “êxodo”, que, no contexto da Caravana,
assumiu um caráter educativo: a da desterritorialização/reterritorialização, e a da convivência.
A saída de casa, do bairro e da comunidade de origem, na verdade, não representou só um passeio por outros
mundos rurais e urbanos. Representou uma dupla
experiência, mesmo que temporária, de desterritorialização e
de reterritorialização. Na primeira (desterritorialização), os/as
jovens vivenciaram a saída de seus ambientes, onde
construíram, afirmaram relações sociais e deram significação
às suas identidades; onde suspenderam sua segurança
(psicológica) e se abriram para construir e afirmar outras
relações sociais, afetivas e político-culturais, de certa forma
buscando construir outros territórios para si (no sentido cultural
e psicológico). Guatarri e Deleuse (1991, p. 66), fazendo
referência a processos como estes, ressaltam:
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Foi muito interessante observar os/as jovens entre os/as jovens. A fala deste caravaneiro
buscando um “chão” interno e externo (um território) explicita muito bem o tipo de relação vivida na
para pisar, construir segurança na sua inserção
sociopolítica e cultural em outros territórios, processo
que não se deu sem conflitos e contradições, embora Não tem uma participação individual.
profundamente educativo. Nessa aventura, é que os/as Toda participação aqui tá sendo
jovens vivenciaram a produção de si na relação com os coletiva; a gente tá construindo esse
outros e com as comunidades.
coletivismo, e o que tá dando força à
Vimos também que a produção (social, política,
cultural, psicológica, etc.) de si, do outro e das Caravana é essa diversidade no
comunidades nas relações estabelecidas, remeteu coletivo (...) (RAMON).
os/as jovens à experiência da reterritorialização. Isto é,
o processo inverso, de construir-se individual e Vi m o s t a m b é m q u e o p r o c e s s o d e
coletivamente na relação com as outras pessoas, com reterritorialização implica um “compartilhar o
os outros territórios; de estabelecer novas relações, mesmo espaço com outras pessoas tão diferentes
afirmar novas identidades, enfim, incorporar novos no modo de agir, mas que têm o objetivo em comum”
aprendizados – individuais e coletivos. O depoimento (NETO - Baturité – Ceará). Isto é, os/as jovens
desta caravaneira é muito significativo nesse sentido: vivenciaram a experiência de inserir-se e assumir
outros territórios, estabelecendo diálogos e
construindo propostas com os outros jovens e com
O fato de estarmos juntos, jovens de as comunidades, fazendo pontes entre seus
"nordestes" distintos do Brasil; essa saberes e os saberes locais, dando significado e
troca de saberes, essa mistura de sentido coletivo ao fazer sociopolítico e cultural
culturas, de sotaques; esse cuidar um na/da Caravana.
do outro, o exercício da tolerância, o A outra dimensão vivenciada pelos/pelas jovens
na sua experiência de “êxodo” foi a da convivência.
exercício do amor, esses para mim Muitos/muitas jovens falaram, poetizaram e
foram os melhores aprendizados experimentaram o aprendizado da convivência,
(AURILENE). oportunizado pelos espaços e relações educativas
estabelecidas pela e na Caravana. É como fala o
O processo da reterritorialização implicou a jovem abaixo:
(re)construção, (re)significação ou (re)afirmação dos
próprios referenciais, numa relação dialógica, na
perspectiva freireana: (...) A Caravana está me dando a
oportunidade de estar dentro dos
O diálogo é o encontro entre [seres movimentos; estou começando
humanos], mediatizados pelo mundo, agora dentro dos movimentos, e é
para designá-lo. [...] o diálogo é o muito importante... ela está me
encontro no qual a reflexão e a ação, dando a oportunidade de interagir
inseparáveis daqueles que dialogam, com as outras pessoas, com outras
orientam-se para o mundo que é comunidades e está realmente me
preciso transformar e humanizar, este permitindo conhecer os meus
diálogo não pode reduzir-se a direitos e deveres(...) A Caravana
depositar idéias em outro
(FREIRE, 1980, p.83).
está me dando a oportunidade de
aprender coisas novas e de passar
o que eu sei. Então, está tendo essa
A reterritorialização vivida pelos/pelas jovens não troca de experiência(...)
se deu sem conflitos. Ela foi se constituindo na
(EDGLEISON).
pluralidade, diversidade, num grau de abertura à
realidade, numa perspectiva de interação muito forte
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Este outro jovem fala que o aprendizado da convivência não foi um processo simples e, portanto, sem
conflitos e dificuldades. Ele diz o seguinte:

Acho ainda que eu poderia ter me doado um


pouco mais, talvez a inexperiência tenha
contribuído para que isso não acontecesse
(...); experimentei conviver com a
complexidade das pessoas e saber
administrar isso como uma qualidade divina
(Josivan).

A convivência, construída e vivenciada pelos/pelas


jovens da Caravana aproxima-se da visão defendida por
Maturana (2001, p. 29), em que afirma que a convivência
é viver com o outro como legítimo outro, isto é, “ao
conviver com o outro, (este) se transforma
espontaneamente, de maneira que seu modo de viver se
faz progressivamente mais congruente com o do outro no
espaço da convivência”.
Percebemos que o aprendizado da convivência se materializou no “saber trabalhar em grupo, (no) conhecer
as formas de participação de cada indivíduo e (no) conviver com toda uma diversidade” (RICARDO). Esse
processo se deu de forma intensiva e foi decisivo na construção e afirmação das identidades construídas nos
percursos vividos pelos/pelas jovens, na experiência de inserção sociopolítica e cultural nos territórios por onde
passaram.
O aprendizado da convivência na diversidade foi fundamental na construção/afirmação das pessoas, de seus
desejos, de sua subjetividade e do grupo. Ela contribuiu na viabilização da participação das pessoas, na sua
inserção e comprometimento, fortalecendo suas singularidades e a pluralidade instituída – o grupo de
caravaneiros e caravaneiras.
No trânsito da busca e da construção da convivência, foi bonito perceber a explosão da subjetividade, como
exprimiu essa jovem, integrante da Caravana:

Preciso aumentar o brilho do meu olhar, fazer


meu coração inundar de tanto reivindicar,
desejar que o mundo pare nesse instante,
nesse momento delirante, que vale mais,
muito mais. (Celene).

Vimos, então, muitas passagens nos percursos vividos


pelos/pelas jovens na e da Caravana, onde faziam circular suas
singularidades, enquanto pessoas, e a pluralidade, enquanto grupo.
A articulação entre essas singularidades (indivíduos/pessoas) e a
pluralidade (grupos) produziu uma totalidade muito integrada, como
assinala este jovem:

Conseguimos nos integrar com extrema facilidade,


acredito que isso se deve ao fato de todos já terem
um nível de engajamento nas comunidades de
origem e pela vontade de atuar (Hélio).
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Esta singularização e pluralidade, portanto, revelam a constituição de um sujeito social (coletivo) que se abre
para a inserção sociopolítica e cultural, como bem expressa a fala deste jovem caravaneiro:

Foi essa a sensação... sinto-me agora mais fortalecido e experiente, para mostrar à
sociedade aquilo que ela não quer ver (Willian).
Esta visão comunga com a visão acerca do
individual e do comum, expressa por Sodré (1999, p.
141), quando afirma:

Importante é ter em mente que a


parte, o individual, a espécie, o
singular, não se separam, enquanto
diferenças, do todo, do grupo, do
gênero, da natureza comum e
universal. Singular e comum são
duas faces de uma mesma moeda ou
de um mesmo movimento, que se
encontram no instante de geração de
um ser qualquer.

Foi no movimento dessa tecitura, onde os jovens afirmavam sua singularização e a pluralidade, que sua
experiência de inserção sociopolítica e cultural foi construída; foi nesse movimento que construíram significados e
sentidos para o seu fazer na Caravana, produzindo novas relações sociais e interferindo na sociedade.

Na “caravana” que fizemos pelos percursos juvenis dos caravaneiros e caravaneiras, também observamos as
práticas, suas representações, sentidos e significados.
As práticas sociopolíticas e culturais desenvolvidas na Caravana podem ser organizadas ou enunciadas em
torno dos seguintes blocos: práticas diagnósticas; práticas comunicativas e informacionais; práticas de
mobilização; práticas de intervenção e proposição. Observando essas práticas na Caravana, podemos definir
cada uma delas.
Práticas diagnósticas: inserção no contexto comunitário local, observação direta e levantamento das
realidades socioeconômicas, políticas e culturais das comunidades;
Práticas de mobilização: processos e atividades que visam ocupar a rua, a praça, os espaços , convocar
vontades, colocar em movimento as pessoas, suas potencialidades e desejos em função de um propósito
comum, sob uma interpretação e um sentido também compartilhados;
Práticas comunicativas e informacionais: uso das diferentes mídias e linguagens de comunicação – grafite,
rádio, vídeos, internet, etc. – para comunicar um tema, problema, mobilizar pessoas, fazer formação
política;
Práticas de intervenção e proposição: processos e atividades voltados para debater ou colocar em
discussão um tema, uma questão, um problema e, a partir da participação coletiva, construir soluções e
proposições. As intervenções podem ser feitas na rua, na praça, numa sala, enfim, em qualquer lugar. O
uso da arte, cultura e das mídias e linguagens variadas foi central nessas práticas.
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Nas atividades sociopolíticas e culturais da Caravana, essas práticas foram vivenciadas de forma integrada
(a divisão aqui é didática) pelos/pelas jovens e desenvolvidas através de diferentes formas: visitas, oficinas, rodas
de conversa, cordéis, poesias, teatro, seminários, músicas, dentre outras formas. Todas buscaram garantir a
dimensão educativa, mobilizando a participação ativa e comprometida dos sujeitos e comunidades.

Observando as falas e as vivências em relação a essas diferentes práticas, é possível


afirmar que os/as jovens as vêem de forma multifacetária, tanto no seu conteúdo,
como na sua implementação e nos seus resultados. É muito significativa a frase
deste jovem: “o mundo é da cor que a gente pinta” (JOSÉ WILLIAN).

De fato, no contexto da
Caravana, as práticas sociopolíticas A Caravana foi um processo múltiplo de
e culturais assumiram uma conhecimentos, foi um processo de muitas atuações
diversidade de conteúdos, sentidos formadoras e atuações políticas de mudanças para um
e abordagens, numa dimensão outro mundo. (...) A troca de informações e
criativa do saber, como bem explicita
experiências com outras pessoas. (Vanessa)
essa jovem:

Este caravaneiro, na mesma direção, referindo-se às práticas de


intervenção nas comunidades, parece mostrar que a ação pedagógica tem uma
dimensão subjetiva, na medida em que, através dela, o/a jovem também se
produz enquanto pessoa e enquanto sujeito político-pedagógico:

Se aa proposta
Se proposta era
era fazer
fazer intervenções
intervenções em em
comunidades para
comunidades para tematizar
tematizar aa possibilidade
possibilidade dede um
um
outro mundo,
outro mundo, de
de ajudá-las
ajudá-las aa entrar
entrar em
em contato
contato com
com
as pautas
as pautas que
que não
não chegam
chegam atéaté elas,
elas, também
também éé
importante notar
importante notar oo quanto
quanto asas intervenções
intervenções
ocorreram dentro
ocorreram dentro de
de nós.
nós. (SANDRO
(SANDRO APRENDIZ)
APRENDIZ)

O que inferimos, a partir dessas falas, é que, as práticas político-pedagógicas e socioculturais, para os/as
jovens, são vistas como auto-formadoras e portadoras de mudanças subjetivas, antes mesmo de atingirem seus
objetivos maiores. O próprio ato sociopolítico-pedagógico-cultural pensado para outros sujeitos, em si, já é auto-
formador e produtor de mudanças dos sujeitos que o constroem; o tema, a questão, o problema que originou o ato
político-pedagógico-cultural, já carrega, nesse fazer, a auto-formação dos sujeitos, já produz, nesses sujeitos,
relações subjetivas e objetivas que criam, recriam e potencializam o mundo dos envolvidos e das envolvidas
nesse ato. O pensamento de Freire (2002, p. 51) reforça essa compreensão:

A partir das relações do ser humano com a realidade, resultantes de estar com ela
e de estar nela, pelos atos de criação, recriação e decisão, vai ele dinamizando o seu
mundo. [...] vai acrescentando e ela algo de que ele mesmo é o fazedor. Vai
temporalizando os espaços geográficos. Faz cultura. E ainda o jogo destas relações
do ser humano com o mundo e deste com os outros seres humanos, desafiando e
respondendo ao desafio, alterando, criando, que não permite a imobilidade, a não ser
em termos de relativa preponderância, nem das sociedades nem das culturas. E, na
medida em que cria, recria e decide, vão se confirmando as épocas históricas. É
também criando, recriando e decidindo que o ser humano deve participar destas
épocas.
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Mas, não estamos falando de qualquer ato político-pedagógico e sociocultural. Estamos falando de um ato
político-pedagógico e sociocultural que articula duas dimensões: a linguagem artística e o discurso político, como
assinala um dos caravaneiros:

A Caravana tem um grande potencial de


mobilização política e a força dela reside
na facilidade de ligar linguagem artística
(provocadora) e o discurso político
(MATHIEU ORFINGER)

Ora, esse aspecto fez a diferença no trabalho


político-pedagógico e sociocultural desenvolvido
pelos/pelas jovens na Caravana, pois estamos falando
de práticas pedagógicas e políticas multifacetárias, ou
seja, que combinam e articulam várias dimensões: a
artístico-cultural, a da mobilização social, a da discussão
política de temas e questões; a da criatividade e
comunicação. Essas dimensões, sempre vivenciadas e
trabalhadas de forma integrada pelos/pelas jovens, no
jogo das trocas e relações estabelecidas na Caravana,
produziram grande impacto na vida dos próprios jovens e
das próprias jovens, bem como na vida de outros
sujeitos/as envolvidos na ação da Caravana. Micinete
(2009), uma das jovens da Caravana, no seu texto
apresentado nessa publicação, destaca muito bem o
“papel da arte como mobilização política e cultural”:

(...) Podemos batucar os nossos gritos de revolta contra a opressão que quer nos impedir de
sermos gente de direitos. Nós encenamos, nos colocando no lugar do outro, e, fazendo isso,
mostramos que é possível a transformação das pessoas para se indignarem contra situações de
violência. (...) No final de tudo, o importante mesmo, não é exibir uma solução, mas provocar um
bom debate. Até porque, cada realidade, pede soluções diferentes (...).

A dimensão artístico-cultural, pela importância e peso que teve na ação e intervenção


dos/das jovens na Caravana, também é destacada por este jovem caravaneiro:

O destaque que eu faria é o destaque cultural, onde a gente conseguiu pegar toda a
problemática que a juventude está passando, que as comunidades estão passando,
e transformar isso em cultura, em arte, e expressar isso de uma forma bastante
diferente. Acho que essa passagem da gente pelas diversas cidades, também traz
conosco um pouco da memória desse povo (...).

Refletindo e analisando o que diz esse jovem, e considerando as diferentes e multifacetadas formas de
trabalhar os temas, as questões sociais, os problemas das comunidades na Caravana, podemos afirmar que a
experiência cultural e político-pedagógica vivida pelos/pelas jovens foi muito profunda e contribuiu para
potencializar o poder criador que os/as jovens possuem no diálogo consigo mesmos/as e com a realidade social.
Ao mesmo tempo em que mergulharam artístico-culturalmente na realidade dos outros jovens e das
comunidades, vivenciaram-se como sujeitos políticos, capazes de modificar a realidade. Esse fato nos lembra o
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que Freire fala sobre o processo de mudança, de transcendência que acontece com o ser humano quando se
assume como ser capaz de transformar-se e de transformar a situação histórica em que vive. Ele afirma:

Na medida em que [o ser humano] faz essa emersão no tempo, libertando-se de sua
unidimensionalidade (uma só dimensão), discernindo-a, suas relações com o
mundo se impregnam com o sentido conseqüente. Na verdade, já é quase um lugar-
comum afirmar-se que a posição normal do ser humano no mundo, visto como não
está apenas nele, mas com ele, não se esgota em mera passividade. Não se
reduzindo tão-somente a uma das dimensões de que participa - a natural e a
cultural - da primeira, pelo seu aspecto natural, da segunda, pelo seu poder criador,
o ser humano pode ser eminentemente interferidor (grifo nosso)... Herdando a
experiência adquirida, criando e recriando, integrando-se às condições de seu
contexto, respondendo a seus desafios, objetivando-se a si próprio, discernindo,
transcendendo, lança-se o ser humano num domínio que lhe é exclusivo - o da
História e o da Cultura (FREIRE, 2002, p. 49).

A partir da reflexão do referido autor, vemos que


as práticas político-pedagógicas e socioculturais
dos/das jovens priorizam dois aspectos
fundamentais: o da integração/inserção criativa no
contexto social e cultural, e o da intervenção. É
nesse processo que acontece o que Freire (2002)
chama de "enraizamento sociocultural", processo
onde a pessoa afirma-se como sujeito crítico e
político, e onde afirma sua capacidade criadora. Na
Caravana, essa experiência de inserção nas
comunidades e de intervenção criativa, vivenciada
de forma dialógica, alegre, prazerosa e
extremamente aberta, superou todas as
dificuldades, problemas e cansaços nos percursos
desta ação, a ponto de uma jovem, abatida pelo
enfado da caminhada, externar:

Havia momentos em que eu queria


dormir, descansar, que não dava pra
continuar. Quando ouvia aquela
batucada e todo mundo lá, na maior
animação, não sei como, só sei que
não dava pra ficar parada.
(Joana D´arc)

Com Freire (2002), podemos dizer que o ser humano integrado é um ser humano sujeito. Essa integração,
tomada como capacidade de se inserir e interferir na realidade na perspectiva de sua transformação, foi bastante
vivenciada na Caravana e revela o diferencial das práticas político-pedagógicos e socioculturais pensadas e
desenvolvidas pelos jovens e pelas jovens. Observamos que foi pela integração, isto é, pela inserção e
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intervenção crítica e criativa na realidade, que os/as jovens se apropriaram dos temas fundamentais no
contexto da Caravana, reconhecendo suas tarefas concretas, as daquele momento e as do futuro. Os
depoimentos destes caravaneiros são indicadores dessa constatação:

(...) De jovem para jovem, temos que levantar os desafios e as potencialidades, e


construirmos o mundo, que, com equidade, possa atender a todos em sua
diversidade. Os jovens dessa Caravana mostraram que querem ver as cosias
acontecendo (HÉLIO).
Saímos de nossas casas com o objetivo de diminuir as tristezas, as injustiças, a
falta de democracia social que existe na nossa região Nordeste, no nosso país e no
nosso mundo (Sandro).

Por último, ainda fazendo o percurso pelas vivências e experiências


dos/dos jovens, descobrimos que as práticas político-pedagógicas e
socioculturais trabalharam uma dimensão importante: a intervenção no
espaço público. A fala deste caravaneiro é muito significativa nesse sentido:

Através do diálogo, elaboramos uma carta,


apresentando as reivindicações da juventude;
participamos de uma audiência pública com
as autoridades e entregamos ao prefeito de
Crateús (cidade do Estado do Ceará) as
reivindicações dos grupos do interior e da
cidade (Hélio).

Essa experiência de intervenção no espaço público foi muito importante e expressiva durante toda a
Caravana. Ela destaca que os processos educativos desenvolvidos pelos/pelas jovens se preocuparam e
trabalharam o enfoque e a perspectiva da cidadania ativa, aquela que busca formar cidadãos/cidadãs
autônomos/autônomas e críticos/críticas, capazes de assumir o exercício do controle social na esfera pública,
tornando-se atores sociopolíticos na sociedade.
Vimos serem explicitadas e vivenciadas uma visão e uma prática de educação popular, edificada numa
"pedagogia do público, da decisão, da construção de um sentido comum" (PONTUAL, 2005, p. 11). Uma
educação que promove a apropriação crítica dos temas emergentes da cidadania, principalmente daqueles
temas relacionados com a justiça de gênero, as relações interculturais e intergeracionais, empoderamento e
governo das cidades e das regiões (PONTUAL, 2005). Trata-se, então, de uma pedagogia da gestão
democrática, capaz de contribuir para a construção de novas formas de exercício do poder no terreno da
Sociedade Civil e por parte do Estado.

Compartilhamos neste texto algumas reflexões sobre as experiências e as práticas


político-pedagógicas e socioculturais dos/das jovens participantes da Caravana de
Comunicação e Juventudes, acompanhando seus percursos, observando e dialogando com
seus discursos e vivências, com o intuito de identificar e sistematizar seus significados e
sentidos.
45

Inicialmente, fizemos uma rápida caracterização do público participante da Caravana. Em


seguida, realizamos uma "caravana" através de seus percursos, refletindo sobre os sentidos
e significados de suas experiências e de suas práticas sociopolíticas e culturais.
Aprendemos que temos muito que aprender com a experiência da Caravana de
Comunicação e Juventudes, considerando todas as suas dimensões - a da
organização/planejamento, a político-pedagógico; a metodológica, a temática. Priorizamos,
nesta reflexão, as dimensões político-pedagógica e metodológica. Os percursos juvenis
observados e analisados, ora por dentro, ora por fora da Caravana, permitem-nos afirmar e
destacar alguns aspectos, tomados aqui como desafios, que deverão ser aprofundados na
continuidade desta experiência:

- O processo político-pedagógico e
metodológico precisa considerar o
caráter multifacetário da intervenção
sociopolítica e sociocultural, onde
podemos trabalhar as diferentes
dimensões, abordagens, conteúdos e
instrumentos;
- É necessário ficar atento e trabalhar
de forma sistemática a dimensão da
subjetividade, fazendo as pontes entre
as motivações profundas dos sujeitos
envolvidos na ação e os desafios da
intervenção sociopolítica e cultural;
- Aprofundar o caráter auto-formativo e
produtor de sujeitos políticos das
próprias vivências político-pedagógicas
e socioculturais, refletindo e
sistematizando os saberes de
experiência e os aprendizados da
prática;
- Estudar o papel da arte e da cultura
nos processos de mobilização social e
político-pedagógicos, analisando como
as abordagens artístico-culturais podem
oferecer subsídios estratégicos para
uma intervenção efetiva, mas alegre,
prazerosa e extremamente
conscientizadora, na perspectiva da
educação popular;
- É fundamental estruturar e articular,
no processo político-pedagógico e
sociocultural, duas dimensões chaves
no trabalho: a inserção no contexto
sócio-comunitário e a intervenção
política.

Finalizando, e diante desses desafios, afirmamos nosso desejo de continuar refletindo


sobre nosso fazer político-pedagógico e sociocultural, potencializando experiências como as
da Caravana de Comunicação e Juventudes, crendo que elas podem trazer e produzir novas
formas de intervenção social e política, revitalizando a educação popular.
46

Por Maria Micinete

A juventude que fez e tomou parte da Caravana de Comunicação e Juventudes utilizou da arte o tempo
todo para chamar a atenção para o que está acontecendo com as juventudes do Nordeste e do mundo
inteiro.
Nós nos unimos nessa Caravana com o intuito de mobilizar outros jovens e outras jovens para
discutirmos questões que nos afligem, para debatermos direitos básicos e universais que nos são negados,
direitos como o respeito ao ser humano, independentemente de raça, etnia, opção religiosa e sexualidade.
Quando a gente pintava o rosto, vestia-se de chita, botava o megafone na boca e as faixas nas mãos, era
para cortejar outros/outras jovens, mostrando que somos capazes de grafitar um mundo mais bonito; que a
gente pode dançar esperanças para situações conflitantes, que às vezes nos matam antes mesmo de
tentarmos enfrentá-las. Podemos batucar os nossos gritos de revolta contra a opressão que quer nos
impedir de sermos gente de direitos. Nós encenamos, colocando-nos no lugar do outro, e, fazendo isso,
mostramos que é possível a transformação das pessoas para se indignarem contra situações de violência.
Através do click da câmara fotográfica, mais do que imagem, a gente quis mostrar coisas capazes de dizer
sentimentos, que as palavras não conseguiram alcançar. No final de tudo, o importante mesmo, não era
exibir uma solução, mas provocar um bom debate. Até porque, cada realidade, pede soluções diferentes.
Essa é a cara desse pessoal que pegou a estrada, porque nossos olhos brilham com a possibilidade de
que, juntando-nos, “um outro mundo é possível”.
47

Por Gerson Flávio


Parecia uma Utopia quando começamos a pensar na
possibilidade de realizarmos uma caravana formada por
jovens que faria o percurso de Recife a Belém do Pará.
Só vinha na cabeça a imagem de um comboio pela
estrada afora... E foi assim, inspirados na experiência
realizada pelo Media Sana, rumo ao Fórum Social
Mundial de Porto Alegre, que no CCJ (Centro de
Comunicação e Juventude) a gente começou a falar
desse sonho.
Bart e eu começamos a montar uma estratégia. Vamos
reunir as ONGs de Pernambuco, as agências de
cooperação internacional, os movimentos sociais.
Fizemos o convite para a primeira reunião no CCJ,
compareceu um bom grupo. Sentimos que a proposta da
caravana seduzia as pessoas. O companheiro Omar, de
tantos anos de experiência na Oxfam e cooperação
internacional, nos animou com várias idéias que ele
trouxe que nos ajudariam na mobilização e na captação
de recursos para o projeto.
As reuniões em Recife se sucederam, foram formadas
comissões de trabalho, os jovens começaram a se
integrar nelas, pouco a pouco, foram tomando conta do processo de organização. Pelo trabalho realizado pela Diaconia
em Fortaleza, inclusive com a perspectiva da criação de um CCJ lá, mobilizamos as organizações e movimentos
populares de Fortaleza para uma primeira reunião.
Com o apoio do GACC, entidade parceira de Volens, acolhidos por Mathieu, Verônica e outras pessoas da instituição,
eu e Bart partimos para lá, com a cara e a coragem. Fizemos uma primeira reunião na sede do GACC, um número
excelente de pessoas representativas das organizações e movimentos locais. Apresentamos o nosso esboço de projeto
de uma caravana, a qual chamávamos simplesmente de a Caravana da Comunicação. De cara, recebemos uma
enxurrada de questionamentos, para muitas perguntas nós não tínhamos respostas, queríamos construí-las
coletivamente. Para isso havíamos mobilizado as organizações em Pernambuco e em Fortaleza.
Começávamos a nossa corrida contra o tempo. Quando elaboramos o primeiro projeto vimos que não seria moleza
mobilizar tantos recursos, mas esse desafio nos impulsionava. A notícia de que estávamos organizando uma caravana
ganhou mundo quando foi para a internet. Outros estados começaram a se comunicar conosco. Surgiu até uma
proposta de uma organização do Paraná que propunha integrar a caravana com um ônibus de 50 jovens do Sul do país.
Depois veio a Bahia que entrou pra valer no processo organizativo.
E assim o sonho foi se tornando realidade, a cada dia que se aproximava do Fórum Social Mundial, uma novidade
surgia: um contato novo, um apoio novo, uma pessoa que se interessava em ajudar seduzida pela maravilhosa idéia
nascida dentro do CCJ. Para mim, a criação do CCJ, a sua primeira turma de jovens comunicadores populares, tiveram
um papel fundamental para a concretização desse sonho. O carinho e o empenho de Bart e Carine, cooperantes da
Volens, que desde o início cuidaram do CCJ como quem cuida de uma criança recém nascida. O envolvimento das
entidades parceiras do CCJ, eu me lembro de reuniões fora do expediente de trabalho com o Pastor Arnulfo, onde
buscávamos seus conselhos e sugestões quanto ao projeto financeiro, e ele sempre nos apoiou. Era um entusiasta
daquela caravana que estava sendo gestada. O engajamento dos jovens, especialmente aqueles que foram
tecnicamente capacitados e politicamente formados nas primeiras turmas do CCJ.
Todo esse conjunto de esforços criou uma sinergia e num determinado momento nós tínhamos a certeza de que o
sonho seria realizado. Por força de circunstâncias profissionais acabei nem podendo acompanhar de perto o processo e
a trabalheira final na organização da Caravana, acompanhava tudo pela internet. Muitas outras pessoas, jovens de
outros movimentos, foram se engajando. Acabei nem indo fisicamente, mas espiritualmente me fortaleci na busca de
sonhos que se concretizam coletivamente, de pensar um outro mundo possível, de não perder de vista a Utopia.
48

Embora o primeiro contato na cidade de Juazeiro houve troca de experiência e de realidade, lidar
com o diferente foi bastante difícil até a chegada em Teresina-Pi, onde a democracia e o respeito
ao outro não foi prioridade, quando era solicitado menos excesso em relação ao grupo; podendo
mencionar também a falta de uma real concepção do que seria o FSM por grande parte dos
integrantes da CCJ-Ba, mesmo havendo uma formação sobre o evento. Chegando em Teresina, a
sensação de estar participando do FSM se intensificou quando a pulsação do corpo foi
substituída pelo som dos tambores e energia dos demais jovens que ali se encontravam
representando o estado do Pernambuco e do Ceará, recepcionando a CCJ-Ba com uma grande
ciranda, que se tornou o ponto chave da integração dos participantes. A caravana da Bahia ficou
incumbida de realizar uma oficina na comunidade de Timon-Ma, no bairro de Cidade Nova, um
lugar carente, desprovido da infra-estrutura e do olhar atento dos governantes locais, foi ai que
pude deparar com uma realidade trágica, principalmente quando Kivia e eu, conhecemos a família
de Sr. José, morador de uma casa de taipa de mão, dentro de um cômodo único, sobrevivendo no
limiar da dor de sua doença e a fraqueza de não poder sustentar seus três filhos de forma digna;
repetindo assim durante toda a caminhada, historias de dor e de indignação, nos levando a
questionar sobre qual seria a dignidade existente naquela população? mas durante a tarde
quando as oficinas estavam sendo ministradas surge um novo sentido, pois éramos observados
por cerca de quinze jovens com olhares curiosos, dispostos a mudança através das provocações
causadas pela oficina de Salvador, sobre “Juventude no século XXI”, estimulando através de
contextualização sobre os movimentos políticos e culturais para instigar a luta e mudança em
uma comunidade carente de informações, esta passagem pela cidade de Timon, mostrou uns dos
pontos mais inesquecíveis de todo o trajeto da CCJ.
(Suemys Luize Pansani Tavares)
49

Por Arlene Freire

Fazer uma nova comunicação, dando


a ela um status de mediadora do diálogo
dos jovens entre si e destes com a
sociedade, essa foi uma conquista da
Caravana de Comunicação e Juventudes.
Durante todo o processo da
Caravana foram produzidos textos, fotos,
vídeos, programas de rádio e várias
outras formas de comunicação. Foi
possível ver as mensagens de mudança
pintadas nos rostos e nos grafites, ouvir
gritos por um mundo melhor que
ecoavam nas músicas e passeatas, feitas
pelos jovens nordestinos.
A abertura que a juventude teve
dentro da Caravana para planejar e
executar ações instituiu um espaço de
debate onde o/a jovem se enxergou
capaz de intermediar diálogos entre a sua
comunidade e seus representantes,
percebendo-se protagonista para definir
ações que transformam a realidade,
como relata um dos jovens caravaneiros:

Criamos uma oficina


itinerante, resolvemos
indiferenças, o diálogo com as
comunidades e autoridades
com entrega das
reivindicações da juventude".
(Hélio Roque).
50

As juventudes da Caravana utilizaram


com competência as novas ferramentas de
comunicação e levaram seus vídeos para o
mundo através do Youtube e do site da
Caravana, tornando públicas as histórias
de dor, como as histórias vividas no bairro
Cidade Nova, na cidade de Timon, no
Maranhão. Uma das jovens, que visitou e
vivenciou a realidade maranhense,
destaca:

(...) Uma comunidade


completamente esquecida
pelas autoridades locais e
desacreditada de que "Um
outro mundo seria possível".
Deparei-me com situações
delicadas, não diferentes das
que vejo em Salvador...
Conversei com a população e
me senti inútil diante
daqueles problemas que
apenas naquele dia, apenas
naquele Fórum, associações,
ONGs, instituições, o mundo
estaria perto, e depois o que
seria daquilo tudo?
(Alessandra Nascimento Gomes)

A Caravana foi uma experiência de


comunicação e mobilização ímpar. Através
de uma metodologia autônoma, criou um
espaço onde os/as jovens estabeleceram
diferentes diálogos com as comunidades e
mostraram ter capacidade de analisar
criticamente a realidade em que vivem,
construindo e apontando soluções.

Pois sós somos fracos e


frágeis, mas unidos somos a
forca e as decisões do Pais...
(Luis Rufino da Silva Neto)
51

Por Mathieu Orfinger

Hoje, nesse mundo dito globalizado, em


um sistema político que tem como modelo a
democracia "representativa", enfrentamos
certo descrédito dos políticos eleitos e uma
crise do sistema que os elegeu, que não
fiscaliza nem controla o que é público,
apesar dos mecanismos de participação
popular estabelecidos na Constituição
Federal do Brasil.
Nesse contexto, é da maior importância
continuar a ocupação e a participação nos
espaços políticos clássicos, mas
precisamos ir além, na direção de uma
democracia cada vez mais direta, com
ampla e efetiva participação da população.
A Caravana de Comunicação e
Juventudes foi um exemplo de experiência
de aprendizagem da participação política
juvenil, onde as juventudes de todas as
cores e rostos, cabelos raspados, compridos
ou rastafári, de todos os tipos, com gostos
variados e escolhas definidas se juntaram
para levantar a bandeira da construção de
"um outro mundo possível". Foram jovens de
vários estados do Nordeste, tanto das
periferias urbanas como da área rural, que
percorreram a estrada pelo interior do país,
mobilizando outros e outras jovens,
conhecendo e discutindo seus problemas,
construindo propostas de mudança da
condição juvenil.
Caracterizada por um perfil político e de
acúmulo em relação à temática de
comunicação e educação popular, as
juventudes mostraram para as instituições,
grupos e movimentos sociais, que é possível
re-inventar nossa intervenção, nossa
atuação formativa e nosso jeito de fazer a
transformação social. Apoiados em
52

competências, habilidades, energias e potenciais


artísticos próprios das juventudes contemporâneas,
os/as jovens participantes dessa Caravana foram seus
protagonistas, debateram temas como comunicação
alternativa, desenvolvimento sustentável, juventude e
trabalho, sexualidade, gênero e etnia, direito à
educação, dentre outros.
Os jovens e as jovens venceram desafios que
desencadearam profundos e marcantes aprendizados.
Algumas vezes, esses aprendizados chegaram em
momentos inesperados, de forma surpreendente,
quando, por exemplo, realizou-se uma "oficina
itinerante" pelos corredores da universidade, enquanto
as salas pagas e reservadas pelo Fórum Social Mundial
para a realização destas oficinas, ficaram
definitivamente fechadas. A energia criativa e a
versatilidade da juventude possibilitaram dialogar com
os sentimentos de um público muito maior que o público
que podia estar confinado nas salas inicialmente
previstas, multiplicando e ampliando o impacto da ação.
A Caravana parece ter despertado o poder individual
de mudança dentro de cada jovem e, ao mesmo tempo,
a força de transformação da realidade pelo coletivo. É
muito interessante notar que, voltando da Caravana,
jovens integraram-se em espaços de discussão política
e estão se mobilizando para a mudança nas suas
comunidades, resultado este que, às vezes, algumas
ONGs e associações não conseguem alcançar através
de projetos de dois ou três anos.
Aqui, o resultado chegou sozinho, como o gato
solitário "Le chat qui s'en allait tout Seul" da estória
francesa, que minha mãe me contava. Ele vai embora, tendo tomado o leite de casa, depois segue seu
caminho. Assim, os jovens se alimentaram na Caravana, construíram seus aprendizados com autonomia,
vivenciando uma experiência de formação e de militância para além do contexto institucional de cada entidade.
Essa experiência de aprendizado da participação política evidenciou outro resultado interessante: a
descoberta da força da arte e da comunicação para mobilizar a sociedade no enfrentamento das problemáticas
sociais. A força da arte e da comunicação na Caravana nos chama a atenção para o que disse Paulo Freire,
quando falou que "não é no silêncio que os homens se fazem, mas na palavra, no trabalho, na ação-reflexão. Por
isso, o diálogo é uma exigência existencial". A situação de diálogo entre os/as jovens que a Caravana
potencializou, destacou existências individuais e desafios coletivos, revelou a situação multifacetária das
juventudes do Nordeste.
A vivência e o diálogo com as juventudes dos lugares por onde a Caravana passou, criaram nos jovens um
novo sentimento de "estar no mundo", ampliando suas percepções, sua visão e reflexão política, geográfica e
filosófica. Ao terem contato, por exemplo, com a realidade de outros jovens de uma comunidade que seria
desapropriada para a construção de uma barragem, os/as caravaneiros/ras mergulharam no diálogo criador de
sentimentos de amor, de reconstrução de um mundo onde as juventudes deveriam se organizar e as
comunidades se mobilizariam na criação de outras perspectivas.
Concluindo esta reflexão, podemos dizer que, olhando as tramas vividas pelos jovens na experiência da
Caravana, é possível re-inventar a participação na nossa sociedade, potencializando principalmente a força e o
poder juvenil. É possível, inclusive, superar a visão da participação clássica, reinventando-a com criatividade,
arte-cultura e com o diálogo crítico e reflexivo, valorizando as experiências populares de luta e resistência das
populações nordestinas.
53

Senhores e Senhoras,

A Caravana de Comunicação e
Juventudes é uma iniciativa conjunta de
organizações, movimentos sociais, redes,
grupos de jovens e tem o apoio de órgãos
públicos de alguns municípios da região
Nordeste. Tem como objetivo central contribuir
para a democratização da comunicação,
levando à cena pública e ao Fórum Social
Mundial 2009 os conteúdos, olhares e
questões das juventudes do Norte e Nordeste
do Brasil.
Nós que fazemos a Caravana de
Comunicação e Juventudes em Crateús, junto
com a Cáritas Diocesana, Sindicato dos Professores do Município, Sindicato dos trabalhadores Rurais,
Paróquia Senhor do Bonfim e demais entidades apoiadoras, com a juventude crateuense das comunidades
de Poti, Realejo, Jatobá dos Umbelinos, Açude dos Barrosos, Fátima I e II, Frei Damião e Sede, viemos
convocar a todos e todas a pensar e construir caminhos e soluções para os problemas do município, a partir
das proposições e posicionamentos da juventude como protagonistas e sujeitos de direito.
Através desta carta queremos fazer valer o clamor dos jovens e das jovens que participaram dessa
Caravana e desejam mudança, queremos a partir das discussões realizadas nas oficinas, reivindicar:

1. DIREITO À EDUCAÇÃO
Ampliação da estrutura escolar com laboratórios de informática, biologia e química, Biblioteca ampla, com
profissionais capacitados, aula de informática para todos da comunidade;
Maior valorização da cultura e esporte;
Abertura da escola para os jovens no fim de semana, feriado e férias;
Maior utilização da quadra de esporte pela comunidade;

2. SEXUALIDADE, GÊNERO E ETNIA


Sensibilizar e continuar essa reflexão nos espaços públicos, em especial nas escolas;
Resgatar e fortalecer os grupos de jovens e outros trabalhos focados na juventude;
Capacitar outros e outras jovens;
Levantar debates sobre o tema sexualidade, gênero e etnia nas escolas e nos grupos;
Mobilizar jovens para os trabalhos de formação através da cultura, teatro, dança;
Atuar juntamente com o Conselho Tutelar no combate à exploração Sexual de Crianças e Adolescentes e
outros;
Cobrar das escolas e autoridades o cumprimento e o exercício da Lei 10.639;
Utilização dos meios de comunicação e outros espaços para se discutir o tema sexualidade, gênero e
etnia;
54

3. MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL


Trabalhar a agricultura com práticas de conservação de solo;
Construção do aterro sanitário;
Recuperação das áreas degradadas;
Educação ambiental nas escolas, nas comunidades, nos espaços públicos;
Coleta seletiva do lixo nas comunidades;
Difusão da Agroecologia na sociedade;
Realização de projetos de reciclagem;
Reflorestamento do meio ambiente que pede socorro;
Maior debate e discussão com a comunidade Açude dos Barrosos sobre as questões ligadas ao meio
ambiente;
Maior assistência técnica para os agricultores jovens e adultos;
Formação de grupos nas comunidades para discutir as problemáticas relativas ao meio ambiente;
Apoio dos sindicatos e entidades aos grupos de proteção ambiental;

4 . JUVENTUDE E TRABALHO
Mais oportunidades de trabalho e renda para as pessoas;
Mais cursos de qualificação para a juventude;
Ampliação das escolas e universidades com cursos diversificados para os jovens;
Ampliação das escolas técnicas, das escolas familiares agrícolas;
Mais apoio e incentivo ao jovem da área rural na plantação e produção agropecuária;
Maior preparação do jovem para o mundo do trabalho;
Maior oportunidade de acesso dos jovens ao micro-crédito;

5. PROTAGONISMO, PARTICIPAÇÃO E IDENTIDADE JUVENIL


Construção de espaços culturais e de lazer nas comunidades e na cidade;
Ampliação dos cursos profissionalizantes de nível médio e superior;
Maior esclarecimento da população sobre a construção da Barragem Lago de Fronteiras;
Maior participação e diálogo com a comunidade nas definições sobre a Barragem Lago de Fronteiras de
Poti;
Garantia do cumprimento dos direitos das pessoas e da comunidade de Poti com a construção da
Barragem;

Certos de que vamos ser ouvidos/das e sermos atendidos/das, nos comprometemos em levar ao
Fórum Social Mundial as visões de mundo, desafios e inquietações das comunidades, assim como a
juventude crateuense se comprometem em monitorar e acompanhar a realização das propostas aqui
apresentadas.
Reafirmando nosso compromisso e a esperança, clamamos: "Ajunta aí, meu povo! Outro mundo é
possível".

Crateús, 21 de janeiro de 2009.


55

ABRAVO (PI)
ABRAÇO SISAL - (BA)
ACOOPAMEC (BA)
ASSOCIAÇÃO SANTO DIAS (CE)
CAATINGA - Ouricuri (PE)
CABEÇA ATIVA (PE)
CARITAS ( PI)
CCJ- Centro de Comunicação e Juventude (PE)
CHANGEMAKERS (Noruega)
COLETIVO GAMBIARRA IMAGENS (PE)
CONEXÕES DE SABERES (PE e PI)
CONSELHO ESTADUAL DA JUVENTUDE (PI)
COORDENAÇÃO ESTADUAL DE DIREITOS HUMANOS E JUVENTUDE (PI)
CONSELHO NOVA VIDA (CONVIDA)
DIACONIA
EQUIP - Escola de Formação Quilombo dos Palmares (PE)
ESCUTA (CE)
FALA SÉRIO (CE)
FETAG (PI)
GACC - Grupo de Apoio às Comunidades Carentes (CE)
GAJOP - Gabinete de Assessoria às Organizações Populares (PE)
GERAÇÃO FUTURO (PE)
INSTITUTO GANDHI (PI
INTEGRASOL (CE)
MMTR-NE - Movimento da Mulher Trabalhadora Rural do Nordeste
MST - Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra
OBRA KOLPING (CE e PI)
PEIXEARTE (PE)
RÁDIO LIVRE-SE (PE)
RECID (PI)
REDE DE JOVENS DO NORDESTE (PE)
REDE DE RESISTÊNCIA SOLIDÁRIA (PE)
REDE DE ARTICULAÇÃO DO GRANDE JANGURUSSU E ANCURI (CE)
REFAISA
SERTA - Serviço de Tecnologia Alternativa - Glória de Goitá (PE)
SOLTANDO A VOZ (CE)
VISÃO MUNDIAL BRASIL - Unidades Operacionais de Fortaleza-CE, Rio Grande do Norte, Sertão I (AL) e
Salvador-BA
VOLENS - Brasil - Bélgica
56

VOLENS (Bélgica)
Christian AID (Inglaterra)
TEARFUND (Inglatrerra)
ZUIDDAG (Bélgica)
Operation Daywork (Noruega)
AIN - Igreja da Noruega
DISOP (Bélgica)
SOS Abandonados (Bélgica)
CESE (BA)
VISÃO MUNDIAL (BR)
BANCO DO NORDESTE
SECRETARIA DE TRABALHO E DESENVOLVIMENTO SOCIAL DO CEARÁ
GOVERNO DO ESTADO DE PERNAMBUCO
GOVERNO DO ESTADO DO PIAUÍ
EMATER - (PI)
PREFEITURA MUNICIPAL DE RECIFE (PE)
PREFEITURA MUNICIPAL DE CRATEÚS (CE)
PROGRAMA CONEXÕES DE SABERES
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
EMATER (PI)
CÁRITAS DIOCESANA DE CRATEUS (CE)
SINDICATO DOS PROFESSORES DO MUNICÍPIO DE CRATEUS (CE)
SINDICATO DOS TRABALHADORES RURAIS DE CRATEUS (CE)
PARÓQUIA SENHOR DO BONFIM - CRATEUS (CE)
IRPAA (BA)
COOPERATIVAS DE CRÉDITO (BA)
DOADORES PARTICULARES
Mais detalhe sobre os apoios no site www.caravanadecomiunicacao.org.br
57

Data da Audiência: 21 de janeiro de 2009


Local: Teatro
Objetivo: discutir os problemas e questões apresentadas pela Caravana de Comunicação e
Juventudes a partir do documento “Carta da Juventude”.

Instituições Governamentais e Não Governamentais presentes:


Secretaria de Negócios Rurais, Urbanos e Meio Ambiente
Regional da FETRAECE
Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Crateús
Vereador Marcio Cavalcante – Presidente da Câmara Municipal de
Crateús
Paróquia Senhor do Bonfim
Sindicato dos Professores do Município de Crateús
Comunidade Jatobá dos Umbelinos
Comunidade Poti
Comunidade Realejo (representado por uma jovem da Caravana)
Comunidade Açude dos Barroso (representado por um jovem da
Caravana)
Comunidade Fátima I e II (representado por um jovem da Caravana)
Coordenação da Caravana de Comunicação e Juventude

Encaminhamentos:
1. Multiplicar e difundir junto às associações, comunidades, ONGs e grupos juvenis a
"Carta da Juventude";
2. Fortalecer a mobilização social dos jovens e das comunidades a fim de levar adiante as
propostas da Caravana;
3. Apresentar projetos sociais como instrumento para viabilizar as propostas da Caravana;
4. Potencializar a luta contra o lixão visando a construção de um Aterro Sanitário;
5. Criar um fórum local para debater e encaminhar as questões referentes à construção da
Barragem Fronteiras e a desapropriação das terras quilombolas;
6. Buscar interferir no Orçamento Público visando o redirecionamento dos recursos
públicos;
7. Apresentar projeto de iniciativa popular em prol da criação da Secretaria de Cultura e do
Fundo de Cultura.
58

Não sei fazer repente Oficinas realizadas


Mas vou mostrar para você Despertaram o saber
A forma de ensinar Dos jovens que ensinam
E a forma de aprender Que também têm que aprender.
Preste bem atenção Tirar o véu da realidade
Na batida do coração Mostrando pra sociedade
Vou começar a dizer! O que ela tem que fazer.

Meu povo e minha galera Os temas foram vários:


Peço licença pra falar Etnia e sexualidade,
Da Caravana da Juventude Protagonismo juvenil,
Sua história eu vou contar O jovem e sua identidade,
Construída com esforço A cidade e o campo
Mobilização e reforço Cantaram o mesmo canto
Pra o projeto realizar. De uma nova realidade.

O Nordeste se juntou A Caravana passou bonita


Para o projeto realizar Por grandiosas cidades
Mobilizou as juventudes Ouricuri foi uma delas
Para um desafio enfrentar Que deixou muitas saudades
Democratizar a comunicação Crateús, Teresina e Juazeiro
Assumir como missão Eita povinho ligeiro
A comunicação popular. Pra falar das novidades.

Três estados se uniram Botamos o pé na estrada


Pra fazer o movimento Seguimos nossa missão
Pernambuco foi o primeiro Não resistimos a energia
O Ceará deu segmento Do povo do Maranhão
Rio Grande do Norte despontou Caxias da Balaida
O Piauí acompanhou Aqui foi nossa parada
Bahia e Alagoas estão dentro. Pra fazer uma intervenção.

Pernambuco de grandes guerreiros Mais uma vez na estrada


De valores culturais Nosso projeto era real
O Ceará tem muita história A caravana animada
E a Bahia não fica atrás E com muito alto astral
Piauí de sol ardente A emoção veio de novo
Rio Grande do Norte bom no repente " Ajunta aí, meu povo "
Alagoas dos canaviais. Viva o Fórum Social !!

Sua atenção eu vou chamar


Para o jeito de fazer
Como o jovem organiza
A maneira de aprender Osmar Braga (CE), Severino José (PE),
A caravana propicia
Nova metodologia Francisco José (CE), Ramon Bonfim (BA),
Pra juventude crescer. Alessandra Masullo (CE).
59

Antillón, Roberto: Sistematización de la experiencia de Imdec em programas de formación metodológica,


1981-1990, Imdec, Guadalajara, 1992.

COSTA, Antonio Carlo Gomes. Protagonismo Juvenil: adolescência, educação e participação. Salvador:
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CORTI, Ana Paula. Diáologos com o mundo juvenil: subsídios para educadores/Aana Paula Corti e Raquel
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BOAL, Augusto. Jogos para atores e não- atores. 3ª ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2000.

DELEUZE, G. & GUATTARI, F. Qu'est-ce que la Philosophie? Paris: Minuit, 1991.

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