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DESEMPENHO DE GEODRENOS NA CONSOLIDAÇÃO DE MATERIAIS


ALUVIONARES DO TEJO

Performance of prefabricated band-shaped vertical drains in the consolidation of aluvial


materiais of River Tajus

Pedro Guedes de Melo


IST, UTL, Lisboa, pmelo@civil.ist.utl.pt; Consulgeo, Lisboa, consulgeo@mail.telepac.pt

Resumo: Descreve-se a aplicação de geodrenos na consolidação da fundação lodosa de aterros executados


para a construção de armazéns industriais na zona do Forte da Casa, junto ao Rio Tejo. A evolução desse
processo de consolidação foi monitorizada, através da observação de várias marcas de assentamento
colocadas na base dos aterros e de células de medição da pressão da água intersticial colocadas nos
materiais lodosos da fundação, durante cerca de 14 meses. Da análise dos resultados de observação foram
inferidos os valores dos parâmetros de cálculo que controlam esse processo de consolidação. Da
comparação desses valores com os obtidos em ensaios realizados com amostras desses materiais lodosos
foi possível avaliar de que forma a perturbação causada pela instalação dos geodrenos (designado na
bibliografia anglo-saxónica por “smear effect”) condiciona o desenrolar do processo de consolidação.

Abstract: The application of prefabricated band-shaped vertical drains for the consolidation of a soft soil
foundation of embankments built for industrial warehouses in the area of Forte da Casa, close to River
Tagus, is described. The development of this consolidation process was monitored through the
observation of several settlement plates placed at the base of the embankments and pore water pressure
cells placed inside the soft soil, during 14 months. From the analysis of the observed results, the values
for main parameters that control the consolidation process were obtained. From the comparison of these
values with the ones obtained from tests performed with samples from this soft soil it was possible to
evaluate the effect of the disturbance cause by the installation of the vertical drains, called “smear effect”.

1 INTRODUÇÃO

Inserido num conjunto de empreendimentos que têm vindo a ser realizados na zona entre Lisboa
e Alverca, junto ao rio Tejo, está o Lezíria Park, construído em Forte da Casa. Trata-se de um
conjunto de 11 armazéns industriais, dos quais 6 foram já construídos e os outros 5 estão em fase
de construção. Para a implantação destes armazéns foi necessário elevar a cota geral da zona em
cerca de 3m, para o que foi necessário construir um aterro de grandes dimensões em planta
(400mx100m), (ver planta esquemática da obra na Figura 1).
Do ponto de vista geotécnico, a construção deste aterro assume particular relevância uma vez que
na zona existe, sob uma camada superficial de aterros de reduzida espessura, uma camada de
materiais lodosos, de baixa resistência ao corte e elevada deformabilidade. Das soluções possíveis
para lidar com essas fracas características mecânicas dos materiais de fundação, a opção recaiu
sobre a instalação de malhas de geodrenos, atravessando toda a formação lodosa, associada à
colocação de pré-cargas, com vista a proceder à consolidação da fundação antes da construção
N

EN 10

Zona com geodrenos espaçados de 1.5m pré-carga de 20kPa Bloco 5

Bloco 1 Bloco 2 Bloco 3 Bloco 4 Bloco 5 Bloco 6 Bloco 1 Bloco 2 Bloco 3 Bloco 4

Zona com geodrenos espaçados de 1.5m pré-carga de 45kPa

Zona com geodrenos espaçados de 1.3m pré-carga de 10kPa

Linha de Caminho de Ferro

Escala: 50m

Figura 1 - Planta esquemática do local da obra

dos armazéns. Os espaçamentos das malhas de geodrenos instaladas e a magnitude das pré-cargas
foram ajustadas em função da utilização das várias zonas do lote, nomeadamente, zonas de
armazém, zonas de circulação, zonas de parqueamento.
Assim, foi necessário analisar no Projecto do aterro, e observar durante a fase construtiva desse
aterro, a evolução no tempo do processo de consolidação dessa formação lodosa.
Para apoio ao Projecto, foi levado a cabo um programa de prospecção, que inclui a realização de
diversos ensaios “in situ” e em laboratório, a partir do qual foi possível caracterizar a formação
lodosa.
Durante a fase construtiva, foi montado um sistema de observação que permitiu monitorizar o
comportamento dos aterros e fundação. Esse sistema incluiu a instalação de 22 marcas de
assentamento na base do aterro e 6 células de medição da pressão da água intersticial instaladas
na fundação lodosa. Estes equipamentos foram lidos durante cerca de 14 meses, registando a
evolução do processo de consolidação da fundação.
O objectivo deste trabalho é a apresentação das principais conclusões que foi possível retirar da
análise dos resultados da observação. Particular destaque é dado ao efeito de perturbação criado
nos materiais lodosos com o processo de instalação dos geodrenos (designado na literatura anglo-
saxónica por “smear effect”), aspecto poucas vezes considerado no âmbito dos estudos deste tipo
de obras mas com uma influência considerável ao nível da velocidade com que se desenrola o
processo de consolidação desses materiais.

2 CONDIÇÕES GEOTÉCNICAS GERAIS DA OBRA

A caracterização geológica e geotécnicas destes materiais é pormenorizadamente descrita em


Guedes de Melo (2006). Do ponto de vista geológico, foi identificada no local de implantação dos
aterros a sequência litológica típica da zona, a qual inclui as seguintes formações em
profundidade, a partir da superfície:
Formações actuais a recentes
C1A - Depósitos de aterro arenosos, areno-argilosos e argilosos (SPT médio entre 10 e 20
golpes).
C1B - Depósitos aluvionares constituídos por lodos muito moles (SPT quase sempre nulo).
C1C - Depósitos aluvionares constituídos por areias de granulometria variável, lodosas, areão
e seixos dispersos (SPT entre 10 e 30 golpes).
Formação quaternária
C2 - Formação heterogénea constituída por areias, por vezes argilosas, areão e seixos
dispersos, medianamente compactas a muito compactas (SPT médio entre 30 golpes e a
“nega”).
Formação miocénica
C3 - Formação heterogénea constituída por arenitos de granulometria variável, margosos a
calcários e argilosos (SPT correspondendo à “nega").

Tendo em conta este perfil geológico, a formação que naturalmente centrou as atenções do ponto
de vista de caracterização geotécnica foi a C1B, constituída fundamentalmente por lodos. As
características geológico-geotécnicas destes materiais foram avaliadas em duas campanhas de
prospecção realizadas em 1997 e em 2002 pela empresa Teixeira Duarte (1997, 2002a e 2002b),
sendo os resultados dos vários ensaios in situ e em laboratório realizados apresentados no estudo
elaborado por Consulgeo (2002). Nessa análise foram posteriormente integrados outros resultados
da caracterização geotécnica de outros locais situados nas proximidades deste que vieram nuns
casos confirmar e noutros complementar, resultados referidos nos trabalhos citados.
Esses materiais lodosos são materiais finos (com percentagens passadas no peneiro nº200 ASTM
em regra superiores a 80% e com percentagens de argila da ordem de 40%), de média a elevada
plasticidade (com limite de liquidez entre 60 a 70% e índice de plasticidade entre 30 a 40%). São
materiais normalmente consolidados, com uma curva de compressão virgem caracterizada por
um índice de compressibilidade, Cc, de 0.75 e um índice de vazios para tensão vertical unitária,
e0, de 2.9.
Em termos de consolidação foram obtidos em laboratório valores do coeficiente de consolidação
vertical entre 3.5x10-8m2/s e 4x10-8m2/s para patamares de carga de 50kPa a 80kPa e 160kPa a
310kPa. De referir ainda que num local próximo daquele em estudo foram estimados para esta
formação lodosa, através dos resultados dos ensaios CPTU, valores do coeficiente de
consolidação radial entre 1.2x10-7m2/s e 1.8x10-7m2/s, com um valor médio de 1.5x10-7m2/s.
O nível freático foi detectado na zona à cota 0, e para estes materiais foi obtido um valor do peso
volúmico saturado de 16.1kN/m3.
É habitual este tipo de formações lodosas apresentar uma “crosta” superficial ligeiramente
sobreconsolidada, fundamentalmente devido a fenómenos de dissecação. O facto é que os
resultados disponíveis não parecem revelar a sua presença. Admite-se que a camada de aterros
já existentes sobre a formação lodosa tenha introduzido um estado de tensão que terá levado a que
a tensão de pré-consolidação dos materiais dessa “crosta” tenha sido ultrapassada ou que os
materiais dessa “crosta” tenham sido identificados na campanha de prospecção como materiais
de aterros.

3 - SOLUÇÃO ADOPTADA PARA A CONSOLIDAÇÃO DA FUNDAÇÃO LODOSA

Tal como referido, em toda a área de implantação da obra foi realizado um aterro de grande
dimensões para elevar a sua cota geral. Tendo em conta a ocorrência, na fundação desse aterro,
de materiais do tipo lodoso, foi necessário recorrer a uma solução que permitisse acelerar o
processo de consolidação desses materiais. A solução adoptada consistiu na colocação de malhas
de geodrenos, de distribuição triangular em planta, associadas à colocação de pré-cargas.
A sequência construtiva dos aterros compreendeu, assim, as seguintes etapas:
S regularização da camada superfícial do terreno, procurando minimizar as perturbações
causadas a esses materiais superficiais;
S colocação de uma camada de material drenante, com cerca de 0.8m de espessura, para
escoamento gravítico da água expulsa pela consolidação da fundação;
S instalação dos geodrenos a partir do topo da camada drenante, por forma a que eles
atravessem essa camada lodosa e a sua parte superior fique inserida nessa camada
drenante (ver Figura 2);
S construção dos aterros (incluindo pré-cargas) sobre a camada drenante.

Figura 2 - Vista geral da obra após a colocação da camada drenante e instalação dos geodrenos
na fundação
Este procedimento foi utilizado em toda a área do lote. Contudo, estando identificados nesse lote
três zonas distintas de utilização, e consequentemente, de carregamentos - arruamento junto ao
limite do lote próximo da linha de caminho de ferro, zona de parque de viaturas pesadas junto aos
armazéns e área dos armazéns (ver Figura 1) - os espaçamentos das malhas de geodrenos e as
magnitudes das pré-cargas foram ajustadas em função dessa utilização. Assim:
S na zona dos armazéns aplicou-se uma malha de geodrenos com espaçamento em planta
de 1.5m e uma pré-carga associada à colocação de uma altura extra de aterro da ordem de
1m, isto é, uma pré-carga da ordem de 20kPa (de referir que a cota final do aterro sob a
laje dos armazéns situa-se 1.3m acima da cota final geral do lote)
S na zona junto ao limite do lote próximo da linha de caminho de ferro a malha de
geodrenos foi colocada com um espaçamento em planta de 1.3m, sendo a pré-carga de
cerca de 10kPa, associada à colocação de uma altura adicional de aterro de 0.5m;
S na zona de estacionamento de veículos pesados, para cargas e descargas dos armazéns,
a malha de geodrenos teve um espaçamento em planta de 1.5m, sendo a pré-carga da
ordem de 45kPa, associada à colocação de 2.3m adicionais de aterro.

Para acompanhar a evolução do processo de consolidação foi instalado em obra um sistema de


instrumentação baseado em marcas de assentamento instaladas na base dos aterros e células de
medição da pressão da água interstical, instaladas no meio da fundação lodosa (ver Figura 3).
Relativamente às marcas de assentamento, foram instaladas 30, distribuídas em toda a área do
lote. Estas marcas foram colocadas na base dos aterros, sobre a camada de material drenante, por
forma a facilitar a instalação dos geodrenos. Tal facto, justificável por questões construtivas, tem
o inconveniente de não permitir acompanhar a consolidação da fundação desde o início, facto que
pode ser importante se pretender realizar uma análise completa da evolução de todo o processo.
Na Figura 3, apesar de estarem representadas todas as marcas, apenas é indicada a designação de
26 marcas. Nas restantes 4, a muito reduzida espessura (ou mesmo a ausência) de materiais
lodosos conduziu a assentamentos praticamente nulos.
Para além das marcas de assentamento foram também instaladas 6 células de medição de pressão
da água intersticial. Estas células, colocadas no meio da camada lodosa da fundação, foram
instaladas nas zonas do arruamento junto ao limite do lote e na zona de parqueamento de veículos
pesados.
No Quadro 1 apresentam-se as condições geométricas associadas à fundação dos aterros nos
locais onde estão instalados os vários equipamentos instalados. De notar que a espessura da
camada lodosa atinge, na zona, um máximo da ordem dos 5m.

4 - AVALIAÇÃO TEÓRICA DA EVOLUÇÃO DO PROCESSO DE CONSOLIDAÇÃO

Para acompanhamento da evolução do processo de consolidação foi desenvolvida uma solução


teórica, baseada no método das diferenças finitas, a qual foi programada numa folha de cálculo
por forma a permitir obter, para cada equipamento, um rápido ajuste entre modelo numérico e
dados de observação. Essa solução, detalhadamente descrita em Guedes de Melo (2005), permite,
N

EN 10

M25
M23 M24 M26

M22 M21 M20 M19 M18 M15/C6


M17 M16

M2 M4/C2 M6 M8/C4 M10 M12 M14

M1 M3/C1 M5 M7/C3 M9 M11 M13/C5

Linha de Caminho de Ferro

Escala: 50m

Figura 3 - Planta esquemática com localização dos equipamentos de observação

simultaneamente:
S reproduzir o comportamento de marcas de assentamentos e de células de pressão
intersticial;
S fazer intervir os parâmetros clássicos que controlam o processo de consolidação;
S ter em conta o efeito conjugado da drenagem vertical e da drenagem radial na
consolidação, no sentido de reproduzir a presença de fronteiras permeáveis no topo e/ou
base da camada lodosa e ainda a eventual existência de geodrenos verticais;
S variar o carregamento ao longo do tempo, por forma a ter em conta, em qualquer instante
do processo de consolidação, um aumento da cota do aterro;
S variar as condições de drenagem no tempo, como por exemplo, a associada à instalação
de geodrenos após a construção, mesmo que faseada, dos aterros;
S variar os coeficientes de consolidação radial e vertical dos lodos ao longo do tempo.

Na solução desenvolvida, e de uma forma simplificada, é considerado um coeficiente de


consolidação radial equivalente, no qual se englobam os efeitos da permeabilidade do solo na
direcção radial e da perturbação nessa permeabilidade criada pela cravação dos geodrenos
(“smear effect”). Este aspecto é analisado em detalhe no final do trabalho.
Esta solução numérica considera que a tensão aplicada sobre a fundação (neste caso o peso dos
aterros) é uniformemente distribuída e que os movimentos do terreno a ela associada são apenas
verticais (assentamentos). Para o caso em estudo esta hipótese é perfeitamente válida, tendo em
conta a relação entre a área de implantação dos aterros e a espessura da formação lodosa.
Quadro 1 - Características geométricas dos locais onde foram instalados
os equipamentos de observação

Células de pressão Espaçamento Cota da Cota superior Cota inferior


Marcas de
intersticial dos geodrenos superfície do da camada da camada
assentamento
(cota em metros) (m) terreno (m) lodosa (m) lodosa (m)
M1 1.3 2.5 1.0 -4.0
M3M5 C1 (-1.6) 1.3 2.5 0.5 -3.5
M2 M4 M6 C2 (-1.5) 1.5 2.5 1.5 -3.0
M7 M9 M11 M13 C3 (-1.6) C5 (-1.4) 1.3 2.5 0.0 -3.5
M8 M10 M12 C4 (-1.2) 1.5 2.5 0.5 -3.0
M14 M15 C6 (-1.5) 1.3 2.5 0.5 -3.0
M16 M17 M18 1.5 2.5 1.0 -2.5
M19 M20 M21 M22 1.5 2.5 1.5 -2.0
M23 M24 M25 M26 1.5 2.5 1.5 -0.5

Relativamente aos geodrenos, a solução considera que estes têm uma elevada capacidade de
condução da água, não condicionando, por isso, a evolução do processo de consolidação.
A aplicação da solução para a análise da evolução dos assentamentos de uma dada marca no
tempo é directa, uma vez que esses assentamentos são calculados através da conjugação da
integração do processo de consolidação na direcção vertical e radial. No que respeita à evolução
da pressão intersticial (medida nas células) a solução apenas permite que seja identificado, em
cada instante, o valor médio dessa pressão na camada, independentemente da posição do ponto
considerado, quer em profundidade, quer na distância a um geodreno.
Em resumo, com esta solução é possível obter uma reprodução do comportamento individual de
cada marca de assentamentos, enquanto que para as células de pressão intersticial é obtida uma
reprodução da evolução média do excesso da pressão interticial numa camada. Importa realçar
que o comportamento de uma célula de pressão intersticial é muito dependente da sua localização
relativamente a uma fronteira drenante (camada de topo e/ou base ou geodreno) e que essa
localização em obra é sempre dificil de conhecer com rigor. Justifica-se, assim, que a análise seja
feita com valores médios do excesso da pressão interticial.

5 - RESULTADOS DE OBSERVAÇÃO OBTIDOS

Os resultados de observação obtidos nas marcas de assentamento e nas células de pressão


intersticial são apresentados nas Figuras 4 a 18. Com base nesses resultados procurou-se, por
ajuste progressivo, identificar qual o conjunto de valores de parâmetros de cálculo que, aplicados
na solução teórica, permitem reproduzir, de forma tão próxima quanto possível, os resultados da
observação de todos os equipamentos. Nas referidas Figuras 4 a 18 são também apresentados os
modelos teóricos associados ao conjunto de valores de parâmetros de cálculo identificado como
sendo o que melhor reproduz o comportamento global dos equipamentos.
Relativamente às referidas figuras, importa realçar, em primeiro lugar, que para o ajuste entre
resultados de observação e resultados numéricos foi necessário estimar o valor dos assentamentos
já processados quando os equipamentos foram instalados. De notar que as marcas de
assentamento e as células foram instaladas quando já estava colocada a camada de material
drenante existente na base dos aterros.
Por outro lado, importa referir que se procurou que os procedimentos construtivos a adoptar em
obra correspondessem a uma prática corrente neste tipo de trabalhos geotécnicos, por forma a
mostrar que o tipo de acompanhamento do processo de consolidação apresentado neste trabalho
é possível em condições de obra corrente. Assim, alguns dos desvios localizados entre resultados
de observação e resultados numéricos podem estar associados a situções de obra, como por
exemplo, a acumulação de terras num dado local do aterro, não registada, fruto de um eventual
atraso no espalhamento e compactação dessas terras no aterro.
No que respeita à solução numérica, considerou-se, de forma simplificada, que a permeabilidade
se mantém constante ao longo do tempo, embora a solução numérica permitisse ter em conta a
sua variação com a evolução da consolidação.
Por último, é de referir que as malhas de geodrenos, instaladas entre o princípio de Setembro de
2003 e o final de Novembro de 2003, têm uma distribuição triangular em planta. Deste modo, o
raio da zona de influência de cada geodreno é dado por 0.525 vezes o espaçamento entre
geodrenos.
Como se pode observar nas Figuras 4 a 18, foi possível obter com a solução numérica
desenvolvida uma boa reprodução da evolução do processo de consolidação da camada lodosa,
tanto em termos de assentamentos, como de excesso de pressão intersticial. Para todos os
equipamentos, os ajustes entre dados de observação e modelo numérico foram obtidos com um
único valor de cada parâmetro geotécnico utilizado na solução numérica:
S índice de compressibilidade, Cc, igual a 0.75;
S índice de vazios para uma tensão vertical de 1kPa, e0, igual a 2.9;
S coeficiente de consolidação na direcção vertical, cv, igual a 4x10-8m2/s;
S coeficiente de consolidação equivalente na direcção radial, cvr, igual a 6x10-8m2/s.

De notar que os valores dos três primeiros são idênticos aos determinados com o ensaio
edométrico.
Importa realçar que estes valores para os principais parâmetros que controlam a consolidação dos
lodos foram obtidos considerando resultados de observação de um número muito significativo
de equipamentos de instrumentação, aos quais estão associados diferentes espaçamentos entre
geodrenos, diferentes espessuras de materiais lodosos na fundação, diferentes alturas de aterros
executados e diferentes ritmos de construção dos aterros. Foi possível, assim obter um elevado
nível de confiança relativamente aos valores identificados.
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Aterro
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Assentamento (cm)

Cota do aterro (m)


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Observação
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Modelo numérico
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2003 2004 2005
Data (ano)
Figura 4 - Assentamentos observados na marca M1

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Assentamento (cm)

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Observação
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Modelo numérico
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2003 2004 2005
Data (ano)
Figura 5 - Assentamentos observados nas marcas M3 e M5

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Assentamento (cm)

Cota do aterro (m)

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Observação
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Modelo numérico
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2003 2004 2005
Data (ano)
Figura 6 - Assentamentos observados nas marcas M2, M4 e M6
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Aterro
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Assentamento (cm)

Cota do aterro (m)


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Observação
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Modelo numérico
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2003 2004 2005
Data (ano)
Figura 7 - Assentamentos observados nas marcas M7, M9, M11 e M13

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Aterro
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Assentamento (cm)

Cota do aterro (m)


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Observação
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Modelo numérico
50 -20
2003 2004 2005
Data (ano)
Figura 8 - Assentamentos observados nas marcas M8, M10 e M12

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Aterro
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Assentamento (cm)

Cota do aterro (m)

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Observação
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Modelo numérico
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2003 2004 2005
Data (ano)
Figura 9 - Assentamentos observados nas marcas M14 e M15
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Aterro
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Assentamento (cm)

Cota do aterro (m)


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Observação
45 -18
Modelo numérico
50 -20
2003 2004 2005
Data (ano)
Figura 10 - Assentamentos observados nas marcas M16, M17 e M18

-25 10
Aterro
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Assentamento (cm)

Cota do aterro (m)


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Observação
45 -18
Modelo numérico
50 -20
2003 2004 2005
Data (ano)
Figura 11 - Assentamentos observados nas marcas M19, M20, M21 e M22

-25 10
Aterro
-20 8
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Assentamento (cm)

Cota do aterro (m)

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5 -2
10 -4
15 -6
20 -8
25 -10
30 -12
35 -14
40 -16
Observação
45 -18
Modelo numérico
50 -20
2003 2004 2005
Data (ano)
Figura 12 - Assentamentos observados nas marcas M23, M24, M25 e M26
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Aterro

Excesso de pressão intersticial (kPa)


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Cota do aterro (m)


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Observação
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Modelo numérico
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2003 2004 2005
Data (ano)
Figura 13 - Excesso de pressão intersticial observado na célula C1

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Aterro
Excesso de pressão intersticial (kPa)

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Cota do aterro (m)


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Observação
-5 -18
Modelo numérico
-10 -20
2003 2004 2005
Data (ano)
Figura 14 - Excesso de pressão intersticial observado na célula C2

65 10
Aterro
Excesso de pressão intersticial (kPa)

60 8
55 6
50 4
45 2
Cota do aterro (m)

40 0
35 -2
30 -4
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20 -8
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10 -12
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0 -16
Observação
-5 -18
Modelo numérico
-10 -20
2003 2004 2005
Data (ano)
Figura 15 - Excesso de pressão intersticial observado na célula C3
65 10
Aterro

Excesso de pressão intersticial (kPa)


60 8
55 6
50 4
45 2

Cota do aterro (m)


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10 -12
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0 -16
Observação
-5 -18
Modelo numérico
-10 -20
2003 2004 2005
Data (ano)
Figura 16 - Excesso de pressão intersticial observado na célula C4

65 10
Aterro
Excesso de pressão intersticial (kPa)

60 8
55 6
50 4
45 2

Cota do aterro (m)


40 0
35 -2
30 -4
25 -6
20 -8
15 -10
10 -12
5 -14
0 -16
Observação
-5 -18
Modelo numérico
-10 -20
2003 2004 2005
Data (ano)
Figura 17 - Excesso de pressão intersticial observado na célula C5

65 10
Aterro
Excesso de pressão intersticial (kPa)

60 8
55 6
50 4
45 2
Cota do aterro (m)

40 0
35 -2
30 -4
25 -6
20 -8
15 -10
10 -12
5 -14
0 -16
Observação
-5 -18
Modelo numérico
-10 -20
2003 2004 2005
Data (ano)
Figura 18 - Excesso de pressão intersticial observado na célula C6
6 - EFEITO DA PERTURBAÇÃO CAUSADA PELA CRAVAÇÃO DOS GEODRENOS

Com o processo de instalação dos geodrenos, o solo em torno do geodreno é perturbado


conduzindo ao designado “smear effect”. A dimensão da zona de perturbação depende de vários
factores, entre eles o método de cravação dos geodrenos, a dimensão e forma da ponta da
ferramenta de cravação e as características do solo, nomeadamente, a sua estrutura. Este efeito
de perturbação não foi explicitamente tido em conta na aplicação da solução numérica
desenvolvida mas, implicitamente, ele aparece contemplado no valor do coeficiente de
consolidação radial equivalente obtido do ajuste entre resultados de observação e resultados da
solução numérica.
No sentido de avaliar, no caso em estudo, a influência deste efeito de perturbação causado pela
cravação dos geodrenos, foi considerado o procedimento simplificado apresentado por Lin et al.
(2000). Segundo estes autores, esse efeito pode ser tido em conta considerando um coeficiente
de permeabilidade horizontal equivalente do solo dado por:

kh ln (re/rw)
ke ' (1)
ln (re/rs) % (k h /ks) ln (rs/rw)

onde kh é o coeficiente de permeabilidade, na direcção horizontal, do solo não perturbado, ks é


o coeficiente de permeabilidade, na direcção horizontal, do solo na zona perturbada, re é o raio
de influência do geodreno, rw é o raio equivalente do dreno e rs é o raio da zona perturbada. A
mesma relação pode ser expressa em termos de coeficiente de consolidação horizontal.
Dos resultados disponíveis, e tal como anteriormente referido, o valor médio do coeficiente de
consolidação horizontal do solo na direcção radial, obtido dos ensaios “in situ”, é de 1.5x10-7 m2/s
e o coeficiente de consolidação radial equivalente, obtido do ajuste entre resultados de observação
e resultados numéricos, é de 6.0x10-8m2/s. O raio equivalente de um geodreno, rw, é determinado
com base numa circunferência com igual perímetro ao de um geodreno, o qual, neste caso,
conduz a 3.3cm.
Os dois últimos parâmetros - o raio da zona perturbada e o coeficiente de consolidação radial na
zona perturbada - são de mais difícil determinação. Para o raio da zona perturbada, rs, Indraratna
and Redana (1998) propõem, a partir dos resultados duma série de ensaios de laboratório, que ele
se considere igual a 4 a 5 vezes o raio equivalente da ponta da ferramenta de cravação dos
geodrenos, rm. No caso em estudo, para uma área da ponta da ferramenta de cravação de 60cm2,
ao que corresponde um valor de rm de 4.4cm, e assumindo rs igual a um valor intermédio da
proposta de Indraratna and Redana (1998) de 4.5rm, obtém-se para rs um valor de 19.8cm.
Considerando o exposto, chega-se a um coeficiente de consolidação na direcção radial da zona
perturbada de 3.8x10-8m2/s a 4.0x10-8m2/s, para espaçamentos de geodrenos em malha triangular
de 1.3m a 1.5m, tal como adoptado. Estes valores são idênticos aos obtidos para o coeficiente de
consolidação na direcção vertical, quer através dos ensaios em laboratório, quer por comparação
entre resultados de observação e resultados numéricos.
7 - CONCLUSÕES

Foi analisado neste trabalho um volume considerável de resultados de observação, obtidos de


marcas de assentamento e células de medição de pressão intersticial, associados ao
acompanhamento realizado do processo de consolidação da fundação lodosa de aterros. Com
recurso a uma solução numérica desenvolvida para o efeito, estes resultados permitiram calibrar
um modelo de comportamento do solo lodoso, identificando-se os valores dos principais
parâmetros que condicionam esse processo de consolidação.
Os resultados de observação disponíveis correspondem a um período de observações de 14 meses
e cobrem uma série de situações distintas, associadas a diferentes espaçamentos entre geodrenos,
diferentes espessuras de materiais lodosos na fundação, diferentes alturas de aterros executados
e diferentes ritmos de construção dos aterros.
Do estudo realizado pode concluir-se que o coeficiente de consolidação equivalente na direcção
radial é cerca de 1.5 vezes superior ao coeficiente de consolidação equivalente na direcção
vertical.
Analisando o efeito de perturbação do solo associado à cravação dos geodrenos (“smear effect”)
verifica-se que o valor do coeficiente de consolidação equivalente na direcção radial parece estar
associado a coeficientes de consolidação na direcção radial do solo não pertubado e do solo
perturbado de, respectivamente, 1.5x10-7m2/s e 4.0x10-8m2/s, sendo o primeiro cerca de 4 vezes
superior ao segundo.
Uma nota final para a capacidade demonstrada pela solução numérica no acompanhamento da
evolução do processo de consolidação da fundação lodosa. Como referido, a solução é
programável numa folha de cálculo, podendo, por isso, ficar disponível em qualquer computador
e permitindo, em condições correntes de obra, realizar uma permanente retro-análise dos
resultados de observação.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Consulgeo (2002). TD VIA - Loteamento em Forte da Casa - Vila Franca de Xira. Estudo
Geotécnico. Relatório.
Guedes de Melo, P. (2005). Avaliação numérica do desenvolvimento do processo de consolidação
de solos moles associado à utilização de geodrenos. 2as Jornadas Luso-Espanholas de
Geotecnia, LNEC.
Guedes de Melo, P. (2006). Aterros experimentais sobre fundações lodosas na zona de
Marianhas do Mulato, Vila Franca de Xira. 10º Congresso Nacional de Geotecnia, Lisboa,
pp.1177-1186.
Indraratna, B., Redana, I.W. (1998). Laboratory determination of smear zone due to vertical drain
installation. Journal of Geotechnical and Geoenvironmental engineering, Vol. 124, No.2,
February., pp. 180-184.
Lin, D.G., Kim, H. K. and Balasubramaniam (2000). Numerical modeling of prefabricated
vertical drain. Geotechnical Engineering Journal of the Southeast Asian Geotechnical Society,
Vol. 31, No.2, August, pp. 109-125.
Teixeira Duarte (1997). TD VIA - Plano de pormenor entre Santa Iria da Azoia e Alverca. Estudo
Prévio. Reconhecimento Geotécnico.
Teixeira Duarte (2002a). TD VIA - Loteamento em Forte da Casa - Vila Franca de Xira -
Reconhecimento Geotécnico. Relatório. Março.
Teixeira Duarte (2002b). TD VIA - Loteamento em Forte da Casa - Vila Franca de Xira - Ensaios
de laboratório. Relatório. Março.

AGRADECIMENTOS

O autor deseja agradecer à empresa Teixeira Duarte, S.A. a possibilidade de levar a cabo este
trabalho, envolvendo um invulgar número de equipamentos de observação para este tipo de obras,
e a autorização concedida para a publicação dos seus resultados.

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