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Albino A. C. de Novaes
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CONSIDERAÇÕES GERAIS - HISTORIADORES (NÃO ESPÍRITAS)
Os pseudo-epígrafos do Velho Testamento, os Manuscritos do Mar
Morto, os Códices Nag-Hammadi, um manuscrito árabe que contem
uma versão do testemunho do historiador judeu Josefo sobre Jesus,
as escavações arqueológicas na Palestina, especialmente em
Cafarnaum e Jerusalém, levam-nos a especular sobre um Jesus
histórico que supera o Jesus Mítico em sabedoria, espiritualidade e
divindade.
“(...) agora já não podemos conhecer qualquer coisa sobre a vida e a
personalidade de Jesus, uma vez que as primitivas fontes cristas não
demonstram interesse por qualquer das duas coisas, sendo alem
disso, fragmentarias e muitas vezes lendárias; e não existem outras
fontes sobre Jesus”
Assim se expressou RUDOLF BULTMANN, consagrado professor da
Universidade de Marburg.
Mas, em nossos dias, a opinião que predomina é que podemos
conhecer muito bem o que Jesus queria fazer, podemos saber muito
sobre o que ele disse.
R. BULTMANN, na primeira pagina da sua THEOLOGY OF NEW
TESTAMENT, fez uma afirmação ao mesmo tempo audaz e sucinta:
“A mensagem de Jesus é antes um pressuposto para a Teologia do
Novo Testamento do que uma parte dessa Teologia (...). Assim, o
pensamento teológico- a Teologia do Novo Testamento- tem inicio
com o QUERIGMA da igreja primitiva, e não antes”.
Esclarecemos que o temo QUERIGMA é o mesmo que mensagem,
proclamação, pregação. Mais tarde este termo passou a designar a
pregação da Cristandade Primitiva a respeito de Jesus.
Num esboço da Teologia do Novo Testamento, ainda não encontramos
elementos que permitam omitir de seu contexto a Mensagem de
Jesus. Não podemos reduzir a vida e o pensamento de Jesus, a um
contexto estritamente histórico.
Os sonhos, as idéias, os símbolos e os termos de seus primeiros
seguidores foram certamente herdados por Jesus de um modo direto.
Vemos tais sonhos, idéias, símbolos e termos profundamente
entranhados no mundo e no pensamento do Judaísmo Antigo.
Vejamos a seguir a abordagem de BULTMANN logo ao inicio da
Teologia do Novo Testamento:
“é de importância primordial para a tradição do Evangelho a
integração do ministério terreno de Jesus e do querigma, para que o
primeiro se torne a base que sustenta o segundo. Essa
“rememoração” de Jesus permanece sendo, especialmente nos
grandes Evangelhos, a intenção primaria (...). Se desejarmos
representar a Teologia do Novo Testamento de acordo com sua
estrutura intrínseca, temos então de começar com a questão do Jesus
terreno”.
Os documentos do Novo Testamento, bem como suas Teologias e
suas tendências não podem ser representadas sem considerarmos a
vida singular de Jesus, um símbolo de autoridade, mais do que isto,
um paradigma para escritores do Novo Testamento. O Novo
Testamento e toda a Teologia Crista se desenvolveram da crise e da
conseqüente tensão gerada no confronto entre tradição e adição,
entre historia relembrada e fé articulada. Não temos medo em
afirmar, ser a Teologia tradicional, firmada em bases dogmáticas e
numa fé articulada para atender a interesses de grupos sectários.
Duzentos anos de pesquisa não foi suficiente para se produzir um
Jesus histórico. A nosso ver uma biografia de Jesus é e será sempre
impossível. As informações que nos tem chegado a respeito de Jesus
são escassas, algumas são truncadas e os próprios evangelistas não
se interessaram muito em Jesus como uma pessoa do passado ou
como um homem do mundo.
Entre os Espíritas há os que não se interessam pela pesquisa do
Jesus homem, do Jesus inserido no contexto do mundo, ou ainda, do
Jesus histórico. Afirmam que seus ensinamentos devem ser o único
alvo. Concordamos que a mensagem de Jesus deva ser tratada
prioritariamente, mas se conhecermos uma pouco mais sobre o
Mestre Nazareno, certamente seus ensinamentos serão mais bem
compreendidos.
Retornemos aos Historiadores.
Certos aspectos específicos da vida de Jesus eram essenciais para a
vida e o pensamento quotidiano de seus primeiros apóstolos:
conhecer Jesus era o primeiro passo para conhecer sua filosofia, seu
posicionamento diante dos fatos sociais, políticos e religiosos da
época.
A vida levada por Jesus somada a antigas tradições formativas fez
com que seus seguidores aprendessem a pensar ensinar e até
suportar sofrimentos, até mesmo o martírio. No primeiro século
reinava
entre cristãos e judeus a crença de que o presente estava
impregnado de futuras expectativas.
As tradições sobre Jesus nos Evangelhos resultam de pregações,
ensinamentos e polemicas conflitante com os judeus.
Como foram escritos os Evangelhos?
Marcos, em algum instante por volta de 70 de nossa era, compôs o
primeiro Evangelho, recorrendo a um complexo de tradições que
refletia não apenas o que vinha ocorrendo desde a crucificação de
Jesus no ano 30 d.C., mas também as ações lembradas e as palavras
de Jesus anteriores ao ano 30.
Mateus e Lucas dependeram de Marcos, não do moderno e eclético
texto grego de Marcos. João possivelmente, também conheceu
Marcos e dele herdou a criação literária, ou seja, o gênero
“evangelho”. Todos os evangelistas herdaram tradições, algumas das
quais só pertenciam a um deles. Todos os evangelistas escreveram a
partir de uma perspectiva sociológica e teológica distinta.
Mas podemos formular algumas outras perguntas para completar a
primeira:
Que fontes estavam a disposição de Marcos e dos outros evangelista?
Até onde eram autenticas? Como se pode confiavelmente distinguir
entre o verdadeiro e o falso? O que é digno de confiança e o que é
fabricado? Como foram significativamente moldadas as tradições dos
evangelistas pelo processo de transmissão? Será que alguém durante
a vida de Jesus deixou por escrito alguma coisa sobre o que ele
ensinara?
Infelizmente estas, e outras perguntas, similares continuam sem
respostas conclusivas. Mas isto não deve desanimar os historiadores.
Não devemos desavisadamente ignorar a mais simples das questões:
como poderemos explicar o aparecimento de um evangelho? O que o
precedeu? Como foi possível para Marcos fazer o que fez, se tudo o
que o precedeu foram querigmas ou proclamações desprovidas de
qualquer interesse ou conteúdo históricos?
O fato é que, desde as primeiras décadas do movimento associado a
Jesus, houve algum interesse histórico no homem Jesus de Nazaré:
isto o prova a mera existência dos Evangelhos- que incluem a
celebração da vida e dos ensinamentos de Jesus anterior a Páscoa.
Os Evangelhos contam a historia dos feitos e dos ensinamentos de
um homem. Não apenas Lucas (1:1-4) e João (21:25), mas também
Marcos e Mateus indicam que o interesse no Jesus que precedeu a
Páscoa lhe eram anterior.
Marcos dá ênfase a afirmação, herdada de Jesus, de que está agora
começando o ato final no drama dinâmico em que Deus se move para
uma humanidade imoral.
Mateus luta para provar que todas as profecias concebíveis foram
cumpridas por Jesus:
Lucas tende a fazer a historia universal trifurcar em três períodos: o
templo de Israel, o meio do tempo ou o tempo de Jesus, e o tempo
da igreja. Ele também abranda a tendência de Marcos para dar
ênfase ao presente como o fim do tempo e da historia e sua
afirmação escatológica injusta de que Jesus regressará
triunfantemente a qualquer momento. Considerando a tradição do
Evangelho e sua transmissão, observamos que:
1. Os Evangelhos procedem de uma geração ulterior a de Jesus;
mas, embora os evangelistas não fossem testemunhas
oculares, eles foram informados por testemunhas oculares. A
tradição oral nem sempre desmerece a fé.
2. Os Evangelhos e outros documentos do Novo Testamento
refletem as necessidades da igreja (...) e a dedicação a tradição
histórica não implica ou exige perfeição em transmitir.
3. Os Evangelhos contem elementos legendários ou míticos, tais
como Jesus caminhando sobre as águas; mas seguramente os
Evangelhos são categoricamente diferentes das lendas e mitos
bem conhecidos (...). Embora se deva admitir a presença de
lendas e mitos não-historicos e não verificáveis nos Evangelhos,
a historia fundamental sobre Jesus decorre de tradições
autenticas muita antigas.
4. Mateus claramente amplia e muita vez transforma em alegoria
Marcos e Q, uma fonte perdida somente conhecida porque
Mateus e Lucas herdaram porções dela (...).
5. Na busca de material autentico referente a Jesus temos de
reconhecer (...) que palavras que não são autenticas de Jesus
podem corretamente conservar a real intenção de Jesus (...).
6. Mateus e Lucas trabalhando a partir de Marcos e Q alteraram os
ditos de Jesus e, enquanto Marcos deve ter exercido a mesma
liberdade exegética, é obvio, comparando Marcos com Q e os
ditos de Jesus encontrados apenas em Mateus com os que
figuram apenas em Lucas, que muitos dos ditos de Jesus
remontam muito antes de 70. é simplesmente inverídico que os
ditos de Jesus foram criados pelos primeiros cristãos ou
inventados pelos evangelistas. (Creio que o mesmo
pensamento se aplica aos ditos de Jesus reunidos por
evangelistas não canônicos e que muitos foram distorcidos,
acrescentados ou modificados).
7. A Epístola aos Romanos 1:3-4 e outras tradições podem tender
a indicar que os seguidores de Jesus só começaram a afirmar
que ele era “o Cristo” depois que Jesus (voltou entre os
mortos). Não se sugere dessa percepção que a cristologia só se
iniciou depois da Páscoa ou que a cruz e o aparecimento de
Jesus apos a crucificação foram os únicos aspectos importantes
da vida de Jesus.
8. Os Evangelhos são confessionários pós-Pascoa. Esclarecemos
que aqueles que buscam ver as tradições autênticas de Jesus
no Novo Testamento não estão empenhados numa operação de
salvação. A pesquisa sobre Jesus está desvinculada
(totalmente) da procura de um fundamento razoável para a fé e
da necessidade de retratar o herói divino a ser imitado.
9. Há um retrato comum de Jesus em Mateus, Marcos e Lucas.
Este retrato expõe Jesus como pessoa distintamente
reconhecível na Palestina do primeiro século.