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“Um dia claro, vivo: ar seco e de brisa, cheio de oxigênio. Entre esses
silenciosos milagres que me cercam – árvores, água, ervas, sol, geada – o que mais
olho hoje é o céu. Tem este azul delicado, transparente, peculiar ao outono, e as
nuvens brancas dão o seu movimento calmo à grande abóbada. Durante a manhã, o
céu guarda um azul puro, mais vívido. Mas ao aproximar-se o meio-dia, torna-se mais
leve a cor, gris, quase durante duas ou três horas, logo mais pálido por um momento,
até o por do sol. Que vejo ofuscante pelos interstícios de um grupo de altas árvores:
dardos de fogo e uma suntuosa exposição de amarelo, súlfur e vermelho, com o vasto
tonalidades, além de todas as pinturas jamais feitas. Não sei como nem porque, mas
parece-me que devido a estes céus tenho tido neste outono algumas horas de
maravilhoso enlevo, não poderia dizer de perfeita felicidade ? Esse invisível bálsamo
Walt Whitman
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ECOLOGIA INTERIOR - Forças de Cura da Natureza nas Medicinas
Tradicionais
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suas populações.
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nos relacionar com o que está lá fora.
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energético, como altitude, proximidade de grandes massas de água, como um lago ou
o oceano. E também os ciclos naturais, como as estações, o período do dia ou da
noite.
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ginásios com objetivos pedagógicos, terapêuticos e espirituais. Os movimentos do
corpo deviam refletir as leis dos astros, circulando os humores e exercitando os
membros de acordo com os impulsos artísticos de Vênus, a coragem de Marte, a força
plástica de Júpiter, a serenidade de Saturno. Seu contato com os deuses acontecia
nos templos na natureza. Sua alma se abria à influência climática, levando em conta a
iluminação solar, as sombras e as condições atmosféricas. Nessa época, a função da
medicina era a de descobrir as leis da natureza e ensinar os homens a respeitá-las.
Plantão, na República, dizia que a necessidade de médicos e hospitais numa região
era mau sinal, pois os médicos só deveriam existir para tratar dos feridos de guerra.
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Muitos povos – que a ciência racionalista chama de primitivos – tinham esse
poder de harmonizar o espaço interno com o espaço externo, a ecologia exterior com
a ecologia interior. Manter a saúde, colaborar com os reinos vegetais, influenciar o
tempo, eram antigas ciências de povos que tinham a paciência e humildade para ouvir
os ventos. Esses povos tinham muito respeito pelas leis naturais. Acreditavam que se
não tivessem, estariam sujeitos a todos os tipos de catástrofes: vendavais, ciclones,
tempestades. Talvez ainda seja cedo para dizer que eles estavam errados. A
civilização técnico-científica é muito recente na história humana para que possamos
dizer que ela ainda vai ficar muito tempo sobre esta terra.
Teremos que resolver todos os problemas de uma só vez. E isso vai nos levar
a ver que eles são o mesmo problema fundamental que os budistas chamam de
fixação dualística. As linguagens multiplicam a mesma coisa de dez mil formas. “A
Grande Sabedoria vê tudo num só”, dizia Chuang Tzu, enquanto a pequena sabedoria
se embaralha nas distinções. O que hoje chamamos de ecologia, o que chamamos de
medicina e o que chamamos de busca espiritual, para os antigos chineses era a
mesma coisa. As grandes verdades são sempre simples, e ao mesmo tempo
imensos paradoxos. Por isso elas passam despercebidas, e por isso se diz que o
segredo se guarda a si mesmo. O homem está enredado em dez mil problemas, a
situação é séria, e ainda assim poderíamos dizer com toda segurança: meditar ajuda,
caminhar nas florestas ajuda. Olhar as montanhas, ouvir os pássaros, nadar nos
riachos, observar as nuvens do céu, ver passar o tempo. Para os Taoístas, a verdade
não é complicada. A verdade é um equilíbrio. É um movimento e um repouso, é uma
posição. Olhemos para o tempo, vamos meditando, que nós alcançamos esta
posição.
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Laerte Willmann Pereira