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20 de agosto de 2008

Edição nº 4

Perspectivas Relegitimadoras do Sistema Penal


Informativo
Palestrante Douglas Fischer, Subprocuradora-Geral da República Maria
Imagens do congresso Eliana Menezes de Farias e procurador da República Marcus Marcelus:
público marca presença no terceiro dia do evento.

Livraria Monte Parnaso


doou livros dos Debate: a participação
palestrantes para sorteio. é grande. Público
A estudante de Direito da “esquenta” as
Universidade Católica de discussões. As
Goiás, Priscila Gomes, foi perguntas foram feitas
uma das premiadas com oralmente e de forma
exemplar da obra de escrita.
Douglas Fischer.

Retórica do equilíbrio “Acredito que o garantismo


é uma posição acerca do
República em São Paulo,
Silvio Luiz Martins de Olivei-
dade de condenação em um
processo seja alta é a qualidade
princípio da ra. Não só na dosagem das da investigação”, diz acreditar o
A dosagem entre a ação e a omis- rio da Asmego (Associação proporcionalidade”, ensina. penas, mas na necessidade palestrante.
são e a necessidade de uma visão dos Magistrados do Estado Porém, de acordo com ele, de saber quando e como
sistêmica da realidade. Neste pon- de Goiás) com capacidade no Brasil, apenas uma face agir e quais instrumentos Para investigação de crimes do
to convergem as opiniões dos de pensar por si mesmo. da definição de garantismo investigativos ideais para os colarinho branco, Silvio Luiz
palestrantes do Congresso. Em “Não quero que aceitem o é aplicada. “Há o crimes de alta lesividade aponta a interceptação telefôni-
seu terceiro dia, o evento já dese- que estou falando”, repetia. garantismo negativo (proibi- difusa. ca, a infiltração policial, a dela-
nha suas premissas. “O princípio ção de excessos) e o positi- ção premiada e o mandado de
da proporcionalidade é o equilíbrio Para tanto, Fischer alertou vo (proibição da proteção Sob o título “Análise busca como caminhos a serem
que precisamos buscar”, ditou o que é preciso ter uma visão deficiente do Estado). É probatória nos crimes do seguidos. “Estamos perdendo a
palestrante e procurador Regional sistêmica da realidade. “Não preciso evoluir na aplicação colarinho branco”, a palestra luta e vamos perdar mais ainda
da República no Rio Grande do se pode ter um olhar frag- deste último conceito”. de Silvio Luiz foi marcada se algum desses instrumentos
Sul, Douglas Fischer. mentário das coisas”, pon- por perguntas de diversos de investigação for flexibilizado
tuou. Tendo como ponto de A busca por esse equilíbrio procuradores da República ou retirado”, alerta.
Provocativo e polemizador, o partida a Constituição, ele também foi ditada pelo e estudantes de direito. “O
palestrante não se conteve em buscou a relação do concei- Fotos: Via Foto Digital -
palestrante e procurador da que faz com que a possibili-
apenas repassar seu conheci- to de garantismo e a aplica- Johnathan Mateus
mento ao público. Ele queria ção dessa definição no
mais. A vontade dele era que Sistema Penal brasileiro.
cada indíviduo saísse do auditó-
Página 2, 20/08/2008

Entrevista Douglas Fischer “Para o grande criminoso do colarinho branco a pena


restritiva de direito é um bom negócio, ou seja, a pena
não tem qualquer eficácia. Isso passa uma sensação
de que o crime compensa.”
Punição proprocional ao crime
Do Rio Grande do Sul, o procurador Regional da Eu não teria condição de estipular o porquê. Mas
República e Mestre em Direito Douglas Fischer mi- constato que efetivamente tem se abordado muito
nistrou a segunda palestra do terceiro dia do Con- pouco isso nas universidades. Tenho notado ainda
gresso. A busca constante do palestrante foi pela pro- que as jurisprudências e os tribunais, sobretudo os
vocação da platéia. Ele não estava ali apenas para superiores, parecem não compreender o que é efe-
repassar informações ao público. “Quero que vocês tivamente o garantismo. Muitas decisões citam as
tenham suas próprias opiniões. Não quero quer con- teorias garantistas, mas não sabem qual a exten-
cordem comigo”, repetia. O palestrante concedeu a são daquilo que estão dizendo. Existe uma falta de
seguinte entrevista após o evento: conseqüência e isso acaba repetido reiteradamente,
O senhor poderia resumir os principais pontos de gerando precedentes.
sua exposição?
Procurei desenvolver a idéia de que é fundamental O senhor falou da necessidade, em relação ao
interpretarmos o garantismo penal não apenas sob garantismo, de uma visão sistêmica. Falta uma
a visão clássica do garantismo, talvez mais difundi- vigilância sistêmica aos operadores jurídicos? O que o senhor pensa sobre as penas restriti-
da aqui no Brasil. O que se chama de garantismo Como regra geral falta. Tenho visto muitos vas de direito nos crimes do colarinho bran-
negativo no sentido de que o Estado não pode agir posicionamentos já reanalisando os precedentes. co?
com excesso em detrimento dos direitos fundamen- Devemos questionar se efetivamente o que nós te- Há crimes do colarinho branco que não podem
tais do cidadão. Isso é verdade e tem que ser respei- mos está correto ou não. Hoje em dia é muito cômo- ter apenas a pena restritiva de direitos. Para os
tado. Entretanto, o garantismo não é só isso. O do dizermos que os precedentes são esses e ponto crimes menos grave, é válida essa prática. No
garantismo tem outro lado que significa que o Esta- final, não se discute mais. Se for esse efetivamente entanto, se eu tiver uma situação grave e a gran-
do tem o dever fundamental de proteger os intereses o procedimento, é melhor colocar tudo em um com- de maioria dos crimes de colarinho branco são
sociais, os bens coletivos, garantindo segurança ao putador e ele dará a solução. Direito não é isso! graves não posso partir da premissa de que a
cidadão. pena privativa de liberdade não é adequada.
Por que da dificuldade de aplicar o princípio da Acredito que existe um mito de que as penas
Qual a importância disso para o Direito Penal? proporcionalidade nas decisões judiciais? privativas de liberdade não podem ser aplica-
É importante porque na hora que fizermos uma in- Porque aplicar a verdadeira forma de incidência do das aos crimes do colarinho branco porque não
terpretação constitucional precisaremos ver que o príncipio da proporcionalidade é trabalhoso, mas não são ressocializadoras. Grandes crimes, grandes
garantismo não é só aquilo normalmente se repete acho isso uma desculpa. Porque se há trabalho, há fraudes, grandes violações dos direitos funda-
em segmentos da doutrina e da própria jurisprudên- meios de conseguir resolvê-lo. Nós precisamos dar mentais sociais devem ter proprocionalmente
cia brasileira. Então, deve-se fazer uma interpreta- uma prestação jurisdicional eficaz para o réu com uma grande pena, uma pena eficaz, que gere
ção sistêmica da Constituição, trazendo inclusive dou- defesa de seus direitos fudamentais. Não podemos, uma prevenção para o caso concreto e não ape-
trina estrangeira para que possamos repensar qual porém, em detrimento único e exclusivamente dos nas uma pena restritiva de direito. Pois para o
o caminho que devemos adotar na aplicação do ver- direitos fundamentais do réu, esquecer que existe grande criminoso do colarinho branco a pena
dadeiro garantismo penal. outros valores, sobretudo os valores coletivos e os restritiva de direito é um bom negócio, ou seja, a
deveres fundamentais do Estado, para não criar um pena não tem qualquer eficácia. Isso passa uma
Por que a face do garantismo positivo não é uma déficit na prestação dos serviços públicos como um sensação de que o crime compensa.
realidade nas práticas jurídicas brasileiras? todo.

Entrevista Silvio Luiz Martins de Oliveira


Qual a importância desse evento promovido Quais são os gargalos que existem

A quem se pela Escola Superior do MPU? hoje para a efetiva punição dos crimi-
nosos do colarinho branco?
Acredito que este tipo de evento permite disse-
aplicam as leis? minar alguns conceitos e corrigir algumas
definições equivocadas difundidas pela im-
Eu acho que temos no Brasil uma lei penal
branda, pior que isso, temos uma aplica-
Procurador da República em São Paulo e Mestre prensa, muitas vezes por má-fé da própria ção da lei de uma maneira bastante bran-
em Direito, Silvio Luiz Martins de Oliveira discutiu fonte de informação. Portanto, acredito que da. Acho que essa suavidade da lei pode-
o crime do colarinho branco e suas implicações será possível esclarecer alguns desses aspec- ria se tornar mais efetiva se o aplicador fi-
probatórias. Confira: tos, além de permitir um intercâmbio de infor- zesse uso de outros mecanismos de inter-
mações entre os militantes da área. pretação ou de outros mecanismos de apli-
cação que permitissem servir mais aos in-
teresses da Justiça.
Quem são os criminosos de colarinho bran-
co? Falta, então, pragmática às decisões
judiciais?
Existem algumas definições possíveis para o cri-
minoso de colarinho branco. Ou você associa o Acho que falta uma visão prática, principal-
criminoso de colarinho branco como é feito hoje mente por parte de alguns membros de tri-
de maneira mais técnica ao crime contra o Sis- bunais. Eles ignoram o que ocorre no dia-
tema Financeiro ou com a função que ele exer- a-dia das comarcas, na Justiça Estadual,
ce, um crime funcional, de pessoas do alto es- nas subeções judiciárias. Falta, na verda-
calão do governo ou do empresariado. Outra de, uma proximidade do julgador com a
opção é associar a um nível sócio-econômico população.
independentemente a função exercida.

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