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I Introdução
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A CNEC é uma instituição comunitária que atua no país à 60 anos da educa;ao infantil ao ensino superior.
Está presente em 23 Unidades da Federação. São 928 escolas que atendem perto de meio milhão de
brasileiros. Fonte: Anuário da Campanha Nacional de Escolas da Comunidade. Brasília. 2000
escolha dessas escolas era puramente a falta de escolas públicas? Os alunos que
estudavam nestas escolas constituíam uma clientela distinta? Por ser comunitária
havia uma formação de valores como solidariedade, participação,
comprometimento? E, como tais fatores influenciavam no processo de formação
dos alunos?
Concordo que uma das maneiras de avançar esta reflexão é olhar com mais
atenção para a prática pedagógica que vêm sendo produzida pela dinâmica das
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lutas sociais que não aceitam a exclusão e que lutam pelo seu direito de exercer a
sua cidadania. E, neste sentido, os estudos dos trabalhos produzidos pelas ONGs
são uma referência importante nesta discussão.
Vale a pena indagar: Como a escola formal lida com essas questões e com essas
pessoas? Pessoas marginalizadas da sociedade, que a escola se incumbe de
também marginalizar e excluir. A escola formal não está preparada (nós) para
‘educar’, ‘ensinar’ essas pessoas. Também a família, como outro espaço
educativo, geralmente acaba por ‘optar’ pela exclusão
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Já PEÑA-ALFARO (1993) em " Alcoolismo: os seguidores de Baco" , dissertação
de mestrado defendida na Universidade da Paraíba, o autor faz uma análise
através da psicologia e da antropologia, fazendo uso do mito de Dionísio.
E são nas palavras2 da Dra. Ivani Fazenda que busco este sustento, na sua
análise sobre a etimologia da palavra interdisciplinaridade, ela coloca:
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Este comentário foi transcrito da palestra da Dra. Ivani Fazenda - em Setembro de 2001 no auditório do
Centro Universitário Newton Paiva em Belo Horizonte para o Curso de Pedagogia.
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da história. E quem eu vou encontrar na história das
disciplinas? A história das pessoas que constroem os
conhecimentos. Portanto, a interdisciplinaridade é entendida
como o encontro entre pessoas em movimento."
Uma luta que permite ao ser humano parar de morrer, só pode nos trazer lições
fundamentais de pedagogia. É assim, que CALDART (2000) No seu trabalho
sobre a Pedagogia da Luta pela Terra argumenta e acrescenta:
II Os Grupos:
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"Sou alguém que teve a oportunidade de ter sua vida
resgatada pelos princípios que norteiam os programas dos
Grupos Anônimos" (MASCARENHAS: 1996,7)
Um fenômeno cada vez mais comum em nossa sociedade, em número cada vez
maior, os grupos anônimos de auto-ajuda, em que pessoas de diferentes idades e
classes sociais buscam apoio mútuo para superar vícios e comportamentos
compulsivos crescem cada vez mais. Eles funcionam em várias cidades e reúnem
pessoas com os mais diversos tipos de problemas e afinidade.
Em uma recente estimativa5 (2000) foi verificado que o A.A. possui atualmente
cerca de 99.024 grupos em 146 países, com 1.990.504 membros. No Brasil, a
estimativa é que existam 6.000 grupos, com 200 000 freqüentadores. E, em Minas
Gerais, estima-se que tenham 539 grupos.
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A designação alcoólatra, ainda é muito utilizada em A.A. , mas tem sido gradualmente substituída por
alcoólico, isto se justifica porque etimologicamente alcoólatra traduz-se por adorador do álcool (sufixo latra:
adorador). Alcoólico ou alcoolista supõe mais submissão do que adoração, segundo membros do A.A.
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De acordo com um dos princípios de A.A. (12ª tradição), os seus membros são identificados apenas pelo pré-
nome. Nesse sentido os seus co-fundadores também são assim denominados.
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A freqüência aos grupos é variável e os dados divulgados são de responsabilidade do Escritório de Serviços
Gerais e Serviços de informação do A A
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Além disso, existem cerca de 30.000 grupos de Al-Anon 6 e Alateen registrados no
Escritório de Serviços Mundiais em 112 países. No Brasil há cerca de 1.200
grupos de Al-Anon e 80 grupos de Alateen.
Jogadores Anônimos teve o seu início através de uma reunião entre dois homens
no mês de janeiro de 1957. Estes homens possuíam uma história repleta de
confusão, encrencas, misérias, dívidas e uma obsessão para jogo. Eles
começaram a se reunir regularmente e conforme passaram-se os meses, nenhum
deles retornou a jogar. Em consequência disto, formou-se uma publicidade
favorável e a primeira reunião do grupo de Jogadores Anônimos aconteceu numa
Sexta-feira, 13 de Setembro de 1957, em Los Angeles, Califórnia. Desde essa
data o grupo vem crescendo por todas as partes do mundo.
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jogadores compulsivos. Além disto, não são apenas reuniões presenciais, as
reuniões virtuais são diárias e atendem a centenas de pessoas.
Aquela fala despertou meu olhar e, em uma breve incursão na vida cotidiana fui
percebendo:
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Nos ônibus: enormes propagandas de loterias. Nos bares: as máquinas "caça-
níqueis" e a sinuca são presença constante. Nos shopping centers, geralmente a
área mais movimentada está repleta de adolescentes e seus jogos eletrônicos.
Nos cinemas: diversos títulos, entre eles o filme Gladiador.
Nas bancas de revistas, vários títulos "ensinam" a ganhar na loto e na sena. Uma
importante revista semanal destaca: " Show do milhão é uma mania nacional. No
final de abril, a Estrela anunciou o lançamento da terceira versão do show do
milhão - as duas principais já venderam 1 milhão de peças..." Um jornal comenta
na página policial que o assassinato de uma jovem pode estar ligado ao jogo
RPG.
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Em Jó, 19,23-24, lemos: " Os soldados, depois de terem crucificado Jesus,
tomaram quatro partes, uma para cada soldado, e a túnica(...) E disseram: não a
rasguemos, mas lancemos sortes sobre ela, para ver quem a tocará.
Tão grande é o prazer implícito na arte de jogar que em sua prática reside
igualmente o risco de servir como veículo de excessiva canalização da libido,
quando se torna um vício. E, quando isso acontece, o jogo torna-se para muitas
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pessoas motivo de sofrimento, dor, perda, suicídio. O por quê isso acontece? O
que vem a ser um jogador compulsivo? Como uma pessoa chega a desenvolver a
dependência do jogo? Por que algumas pessoas desenvolvem essa dependência
e outras não? As respostas a elas ainda são controvertidas. Permanece como
uma espécie de quebra-cabeças desencaixado. São questões que nos aguçam e
que vamos conviver com elas o tempo todo no nosso trabalho, mas que não é, no
momento, a ênfase da nossa pesquisa.
Mas, afinal que questões próprias do grupo de Jogadores Anônimos que
considerarmos possibilitar uma prática educativa?
O próprio grupo, a sua estrutura, a sua prática. Entre os diversos aspectos dessa
organização, destacamos:
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O processo é gradativo - - Um dia de cada vez. Apenas 24 horas. Respeito às
limitações de cada um, através da prece da Serenidade: Deus concedei-me a
Serenidade para aceitar as coisas que não posso modificar, Coragem para
modificar aquelas que posso e sabedoria para perceber a diferença. A palavra, o
fato de compartilhar as emoções produzindo um sentimento de pertencimento ao
grupo; a idéia de que você é o sujeito da sua mudança e ela se processa pela
linguagem, pela prática discursiva. A escuta, " Aqui dentro a gente pode falar,
porque somos escutados; lá fora vão dizer que a gente é louco." Além disso, os
depoimentos remetem ao ouvinte a verossimilhança do " isso tem a ver comigo", "
foi a mesma coisa comigo" " é igual a minha história". Querer, o único requisito
para se pertencer a irmandade é o desejo de parar de jogar. Divisão do trabalho:
Inexiste - não existe o lado doente e, do outro, aquele que cura. Simplicidade -
vontade e humildade como possibilidade de recuperação. Educação
continuada: não basta parar de jogar - abstinência + reformulação pessoal. Essa
reformulação será buscada durante toda a vida do membro através da
programação do grupo. A literatura produzida pelos membros dos grupos, são
mais de 45 livros. As 12 tradições8 que são propostas que visam manter a
integração do grupo. O anonimato: Pode existir uma identidade anônima? O
princípio do anonimato é o de proteger as pessoas do grupo de serem alvo de
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1a. Tradição: Nosso bem-estar comum deve vir em primeiro lugar; a recuperação individual
depende da unidade do grupo. 2a. Tradição: Nossos líderes são apenas servidores de confiança;
não governam. 3a. Tradição: O único requisito para pertencer a Jogadores Anônimos é o desejo de
parar de jogar. 4a. Tradição: Cada grupo deve ser autônomo, exceto nos assuntos que afetam
outros grupos ou Jogadores Anônimos como um todo. 5 a. Tradição: Jogadores Anônimos tem
apenas um propósito primordial – levar sua mensagem ao jogador compulsivo que ainda sofre. 6 a.
Tradição: Jogadores Anônimos não deve jamais endossar, financiar ou emprestar o nome de
Jogadores Anônimos a qualquer sistema parecido ou empreendimento externo, para que
problemas de dinheiro, propriedade e prestígio não nos desviem do nosso propósito primordial. 7 a.
Tradição: Cada Grupo de Jogadores Anônimos deve sustentar-se através de seus próprios meios,
declinando contribuições externas. 8a. Tradição: Jogadores Anônimos deve permanecer para
sempre não-profissional, mas nossos centros de serviço podem empregar funcionários especiais
9a. Tradição: Jogadores Anônimos como tal jamais deve ser organizado; mas podemos criar juntas
de serviço ou comitês, diretamente responsáveis perante quem servem. Jogadores Anônimos é
dirigido pelo espírito de serviço e não pela força de uma autoridade constituída. 10 a. Tradição:
Jogadores Anônimos não tem opinião alguma sobre assuntos externos; daí que o nome de
Jogadores Anônimos jamais deve ser arrastado para controvérsia pública. 11a. Tradição: Nossa
política de relações públicas está baseada na atração ao invés da promoção; necessitamos manter
sempre o anonimato pessoal em nível de imprensa, rádio, filmes e televisão. 12a. Tradição: O
anonimato é o fundamento espiritual do programa de Jogadores Anônimos, sempre nos lembrando
de colocar os princípios à frente das personalidades.
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preconceitos por parte da sociedade. Ele se dá fora do grupo, permitindo a
atmosfera de confiança mútua de que não serão estigmatizados e de abertura
para falarem de seus problemas. "Deixemos que fiquem guardados, dentro desta
sala, os problemas que nos forem confiados e o anonimato pessoal dos que aqui
compareceram."
REFERÊNCIAS:
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FORQUIN, J.C. Escola e Cultura: as bases sociais e epistemológicas do
conhecimento escolar. Porto Alegre: Artes Médicas, 1993.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz & Terra, 1987
HUIZINGA, Johan. Homo Ludens: o jogo como elemento da cultura. São Paulo:
Editora da Universidade de São Paulo, 1985
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PEÑA-ALFARO, Alex Antônio. Alcoolismo: os seguidores de Baco. São Paulo:
Mercuryo, 1993.
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