Sei sulla pagina 1di 39



editorial // número três . março 007


Somos uma espécie de pão de mistura. Gostamos dos novos sabores das
coisas. Os sabores que se inventam todos os dias em todas as partes. Temos
orgulho de sermos muitos em tantos, e, de às vezes, sermos únicos em tão
poucos. Se as diferenças se pudessem comprar, gastaríamos tudo para as
ter todas e sermos diferentes do resto de tudo. Exaltamos as cores que se
entranham e os sorrisos com defeitos. Gostamos dos que não se parecem,
dos lados esquerdos e das ovelhas runhosas. Escolhemos o caminho e nã há
volta que o troque. E podem perguntar os mais incautos o que fazemos. Nós
responderemos sempre “amadores, de profissão”.

Ricardo Galésio

CAPA
Untitled
foto de Emiliano Rodriguez

FICHA TÉCNICA
Director de Arte e Conteúdos
Ricardo Galésio
Colaboradores
Ana Elisa
Ângelo Fernandes
Emiliano Rodriguez
Hugo Mortágua
João Alves dos Santos
Juliana Reis
Koen Leicher
Lambros FisFis
Nelson Araújo
Pedro Palrão
Rodrigo Falcão Nogueira
Sara Toscano
Agradecimentos
Emiliano Rodriguez
Lomografia Portugal 
hong kong I // do you wanna color?
Oriente, s. m. (do Lat. oriente). 1. Região que fica para o lado onde nasce o
Sol; Este; Leste; Levante; Nascente. 2. O mundo asiático. Fig. 3. Começo.
4. Orientação.

fotos de RODRIGO FALCÃO NOGUEIRA 





rabo de saias //
Entrei na esperança de te ver. Estava ali precisamente para isso. Ultimamente …o prazer da tua pele encostada na minha relembra-me as velhas
acorres-me à mente demasiadas vezes para conseguir evitar este lugar. encruzilhadas das quais me desabituei e cheguei mesmo a trocar por novas
Atravessei a sala aos encontrões à multidão que se interpunha entre nós. estradas…
Estava calor e as paredes suavam…sentia-se o quente emanado pelos Ali me esperavas e ali eu te esperava encontrar. Sem dizeres sequer uma
corpos a flutuar no ar que respirávamos…inspirávamos de um trago o odor palavra levantaste-te…ergueste-te e com os teus passos mostraste-me o
das outras respirações. Cheguei perto de ti…olhaste-me num segundo e caminho que querias que eu seguisse contigo. Conhecia-o perfeitamente,
desviaste-te sem olhar para que eu me pudesse encostar no balcão ao mas a leveza do teu andar, a forma como ondulavas na multidão hipnotizava-
teu lado. Murmuraste algo que não percebi…as tuas palavras afogaram- me e obrigava-me a seguir o teu rasto, todas as tuas passadas, todos os teus
se nas conversas que saturavam o espaço à nossa volta. Mas a tua falta desvios.
de persistência perante o meu gesto de incompreensão mostraram-me Aquele quarto, onde eu te tinha visto pela primeira vez e onde pela
que tinham sido meras palavras de ocasião bafejadas no ar sem qualquer primeira vez te deste a conhecer. Desconheço se o dono dele suspeita do
intenção de conversa. Sabes quão pouco isso me afecta… que ali se passa entre nós…o olhar dele não mostra qualquer indício que o
Vislumbrei-te a média luz e vi que trazias o vestido vermelho que envergavas deixe adivinhar, ou sequer eu o procuro pois que tal não me amargura ou
na noite em que te conheci…para mim era como que uma tua segunda angustia…aliás pouco ou nada me interessa. Naquele momento queria ver-
pele, faz parte da imagem que guardo de ti…Naquela noite assim que te te despir o vestido vermelho, conhecer pela milésima vez a tua pele interior,
vi despertaste-me o olhar, e tudo o resto quando me deste um beijo no os poros que te revestem e te deixam sentir-me, provar vezes sem conta
rosto…um mísero acto de cordialidade que me incendiou por dentro. Pude o sabor dos teus lábios carnudos e sentir o teu suor misturar-se no meu.
fazer-me descaradamente porque não havia o risco de trair alguém. Conheci Naqueles momentos tudo desvanece, tudo se desfaz em grãos de areia que
bem os teus lábios nessa noite e o teu corpo foi perdendo os seus segredos se dispersam…vejo-me contigo a existir sozinhos, os dois, ainda que lá fora
nas noites seguintes. Deixaste-me percorrer com os dedos distâncias o barulho possa sempre ser ensurdecedor.
incalculáveis na tua pele, e com os teus desenhaste trilhos da tua aventura Como todas as outras vezes restringimo-nos a míseros momentos
no meu corpo, tocaste sinfonias dedilhando os meus sentidos. Tentámos em esvoaçantes…cada vez mais damos nas vistas e estou em risco de ser
vão conhecermo-nos mais profundamente, mergulhar nos sentimentos um descoberto. Não que me pese muito a culpa que me enche por estar a trair
do outro…mas fomos sempre abalroados pelo mar tempestuoso que somos. alguém, não que me sinta acometido de uma qualquer dor apunhalada por
Vagueámos em sentidos opostos, embarcámos em novos rumos, seguimos tão egoístas actos…cada vez mais me desprendo desses pormenores, tão
novos caminhos… grandes parecem e tão grande peso parecem acarretar mas nada mais sinto
Até ao dia em que os nossos olhares se voltaram a cruzar, se voltaram a fixar, que o beijar de uma pena a pousar dentro de mim… Além do mais, ele sabe
até ao dia em que revivemos num segundo o que havíamos tido. Fraquejámos como eu sou, sabe a efemeridade que cada vez mais tinge o que nós temos
e embarcámos ambos na caminhada da qual nos desviáramos…apenas para e os momentos que partilhamos, a banalidade que vejo em nós…e sabe,
a ela voltarmos e dela fazermos um hábito, uma nova rotina cumprida em perfeitamente, que eu não resisto a um rabo de saias.
encontros propositadamente casuais.
texto de PEDRO PALRÃO 11
grace kelly // ou a imaginada biografia
Gosto dos meus falsetes agudos. Tento não exagerar mas não tenho
conseguido. Gosto de actuar em palcos grandes com luzes vermelhas. E dos
movimentos sexys que faço. Não gosto nada que me confundam com os
outros, os que passaram e os que por aí vêm. Gosto do estilo dos anos
oitenta e das cores dessa década. Gosto do brilho. Não gosto das miúdas
parvas que ficam histérias com o Robbie. Não gosto de esoterices. Não gosto
de passadeiras vermelhas. Gosto de tocar piano e de ser bom a tocar piano.
Gosto de cantar bem. Tento ser melhor todas as vezes. Sei os truques de
palco e gosto. Gosto das discotecas decadentes dos bairros suburbanos.
Gosto da cultura pop. Não gosto que me peçam dinheiro. Não gosto do cheiro
a tabaco. Nem do sabor dele. Gosto de dançar até às tantas no meio de
desconhecidos. Gosto de falar francês. Não gosto dos franceses. Não gosto
de pessoas estúpidas. Nem de mostarda. Não gosto de salada. Gosto da
neve. Gosto da Grace Kelly. E do Freddy. Não gosto dos Scissor Sisters. Gosto
dos acessórios de merchandising da Madonna. Gosto dos passos de dança
do Michael Jackson antes de Neverland. Gosto do barulho dos telemóveis
quando a bateria está fraca. Não acredito quando as pessoas dizem que me
ouvem. Mas gosto que me ouçam. Gosto de Londres. E do Líbano. Gosto dos
filmes parvos com finais felizes. Não gosto do escuro. Gosto de estar nos
tops. Não gosto que me sobrevalorizem. Não gosto de cair. Gosto quando me
levanto. Não gosto de pensar nisso.

texto de ALGUÉM QUE SE FAZ PASSAR PELO PRÓPRIO 13


rumos colaterais //
Uma minúscula ínsula de tradições, perdida na urbanidade corrompida pelos
tempos vindouros, e infértil na idoneidade de evocar o que outrora o tempo
ofertou. O que se vive são rasgos de um pretérito imaculado e pueril, nas
estantes de uma memória evocada em jogos ingénuos e trasladados num
cenário longe da realidade recapitulada. Naquela ilha, longe das barreiras
cinzentas obscurecidas pela mácula da metodização progressiva, habita-se
em universos inviolados, vive-se pela memória e nascem espaços alheios
com vivências mais reais do que a vida em si.

texto e fotos de ÂNGELO FERNANDES 15


17
19
21
23
a selva urbana // ou como apertar o cinto
alargando o tamanho das calças com tranquilidade:
um relato verídico
Ainda não passou assim tanto tempo que já nos tenhamos esquecido Dirigi-me ao restaurante que escolhi e noto à entrada que já possuem a
das célebres advertências: “É hora de apertar o cinto” e “O país está de célebre promoção do “encha-o-prato-com-tudo-o-que-conseguir-que-não-
tanga”, mas a minha favorita é a que circulava pelas ruas nos comentários paga-mais-por-isso”. Lá está! Mais um fruto da competição. Eu limitei-me
às afirmações anteriores: “Talvez teremos que fazer mais furos no cinto, ao ménu que estava disponível através da promoção do cinema. Feliz da
porque apertado já ele está!”. Embora seja assim, há dias em que somos vida observo uma rapariga que saltitava de bancada em bancada a encher
recordados que há quem viva mais e melhor com menos... muito menos. o seu prato com tudo o que conseguia. «Engraçado - pensei eu - ela nem
Hoje foi um desses dias e estou em pulgas para partilhar esta história. É que é gorda. Deve ter mais olhos que barriga!». Junto com ela estava um rapaz
em Portugal há uma regra muito importante: Vale tudo quando se trata de que parecia ser o seu namorado, também ele com o prato cada vez mais
ser mais esperto que o vizinho. cheio...
A quarta-feira não costuma ser o dia de eleição para ir ao cinema por três Vou-vos dar uma imagem para perceberem bem o absurdo da coisa. Peguem
motivos: 1º - não é fim de semana; 2º - não é segunda feira, portanto os num prato da vossa cozinha e meçam com a vossa mão um palmo na vertical.
bilhetes não são mais baratos; 3ª - não é quinta-feira, logo não há estreias. Agora que já têm uma ideia da quantidade de comida nos pratos daquele
Mas graças a uma palavra, que nem é um palavrão, chamada de competição senhor e daquela senhora podemos continuar.
podemos ter acesso a um bom jantar mais um bilhete de cinema por 8€ no Antes de pagarem a módica quantia de 5,99€ ainda ouvi o rapaz dizer à
shopping de Oeiras (passo a publicidade). Como todos sabem a competição rapariga que gostava de levar mais arroz. Arroz branco? – perguntou ela; Não,
entre duas ou mais entidades serve sempre um propósito maior e tende daquele ali, de cenoura – respondeu ele. Não fui o único a ficar surpreendido
a salientar o que de melhor e pior há nessas mesmas entidades que com as capacidades de digestão deste casal elegante. A empregada nunca
competem. Neste caso, quem sai beneficiado somos nós, consumidores, e tinha visto uma coisa assim: Já cá trabalho há algum tempo e eles deram-
não é necessário falar mais sobre os beneficios: todos nós os conhecemos. me a volta ao estômago! Eu respondi que era uma boa ideia alimentar-se
Mas continuemos a falar sobre competição entre empresas. Existem vários com a fome dos outros... não gasta tanto e mantém a linha.
restaurantes que aderiram à promoçao que o shopping lançou. A escolha é Intrigado, escolhi um lugar perto deste casal. Comentei com a minha
variada desde a comida mais saudável à tipica picanha brasileira com arroz, companhia o que se tinha passado e depois de rir-mos um bom bocado
feijão, couve e farófia. Foi por esta última que eu me decidi por congregar começamos os dois a bisbilhotar a mesa ao fundo.
todos os amino-ácidos, fitoquimicos, hidratos de carbono, proteínas e calorias Ele estava sózinho. Ela estava junto ao balcão de outro restaurante. Mais
que eu considero necessários para viver bem. comida??? Não. Dois tupperwares do serviço take-away. Em cima da mesa 25
já estava um tupperware verde, de trazer por casa, cheio de carne e uma
caixa de aluminio com tampa de cartão. Os pratos deles obviamente que
já estavam com a quantidade normal de comida para um jantar. mas na
verdade tinham ali ao todo comida suficiente para mais quatro refeições.
Os nossos queixos estavam caídos. Sentia um misto de gozo e admiração
por aquelas duas personagens que estavam a furar o sistema com tanto
à vontade. Notava-se que já não era a primeira vez. Tinham trazido um
tupperware de casa e já faziam tudo com um mecanismo impressionante.
No final da refeição o rapaz levantou-se e foi buscar um café cheíssimo.
Partilharam! Depois deste acto romântico ela levantou-se com um papel na
mão e entregou-o na loja de gelados. Provavelmente uma promoção qualquer
que eu desconheço. Trouxe dois gelados de copo, cheios até acima.

A Filha Helena Pimenta


A vontade de observar o ambiente para ver se mais alguém tinha reparado
dramaturgia e encenação
no mesmo que nós atingiu-me com uma força tentadora. Como Oscar Wilde
versão Margarida Fonseca Santos
disse: consegue-se resistir a tudo, menos à tentação!
cenografia José Manuel Castanheira

Rebelde
Para maior das surpresas, nas nossas costas estava um casal a comer um
direcção musical João Cabrita
frango assado e batatas fritas de pacote à mão. Acontece que o pássaro está
figurinos Ana Garay
embrulhado no mesmo papel que faz publicidade ao hiper mercado que
vende o frango assado a 1,99€. movimento Nuria Castejón
E eu que pensava que tinha poupado imenso ao pagar 8€ por uma refeição desenho de luz José Carlos Nascimento
de José Pedro Castanheira e Valdemar Cruz com
e um filme. Fora de brincadeiras, a palavra foi transmitida e a inspiração
partilhada: cabe a cada um compreender e aprender a usar o sistema em Tudo por uma paixão... Alexandre Ovídio, Amílcar Zenha,
proveito próprio. do Portugal de Salazar à Cuba de Che Guevara Ana Brandão, Anabela Teixeira,
Já agora, o filme escolhido foi “In pursuit of happyness” e recomenda-se Bibi Gomes, Célia Alturas, Eurico Lopes,
vivamente! Estreia a 15 Março Joana Brandão, José Henrique Neto,
Jaime Vishal, Lídia Franco,
Sala Garrett M/12
texto de HUGO MORTÁGUA Manuel Coelho, Marques d’Arede, 27
Nádia Santos, Raquel Dias, Rui Quintas,
Sérgio Silva e Vítor Norte
américa do sul // a terra prometida
Emiliano é fotógrafo. Argentino. Viajou por vários países da América do Sul e
captou as vidas daqueles que lá vivem. Nós gostámos. Muito.

29
31
33
35
37
39
41
43
45
47
cru-a
cru a
copos que andam download
ricardo galésio
vídeo da música eu não quero estar de pedro miranda
solas suadas
download do ricochete
tim burton design pdf
interdit de fumer nouvelle loi?
arrumadores europe
revista cru
mãe preta amália rodrigues
influência da música pdf
dança pdf tree
coreografia simétrica
guache download
monumentos esotéricos de lisboa
brindes de casamento em tecido de feltro
daniella d ambrósio
joël tettamanti
mulchande j
cláudia cristóvão
lombada fuse
karina alves
meredyth sparks
misses mundo dos anos 1995 até 2007
quanto tempo dura o espectáculo dos stomp
apanhadas na praia
sapatos geox - colecção
downloads de livros esotéricos para baixar
eunice costa
musica friends for live pdf
ebook software
atar sapatos
masurca c a.com
lightpower
publicidade gratuita
keyphrases // used on search engines trabalhos com papel veludo autocolante
Existe uma coisa boa (não só mas também) em ter uma revista na internet, conseguir número de bilhete único perdido
é o facto de ficarmos a conhecer bem quem nos lê. O servidor permite-nos acordos de só tu alcançar do ff
saber, das pessoas que chegaram até ao nosso site através de um motor de airfare
busca, que termos usaram na pesquisa. Os resultados são surpreendentes. elevador filetype pdf
Apresentamos aqui os do mês de Fevereiro. lambros fisfis 49
reinvention of the city //
The city, like fashion, is subject to change. Not only architectural change, but From Bowling alone to Fruitstock
also change in the importance they have in society and (world) economy. This falling apart of the traditional industrial city in the 70’s and 80’s, together
The manner people tend to look at the city also changes over time. Here with a descending economic conjuncture, led people like Robert Putnam to
are some ideas on how cities are subject to change, often without man write about people Bowling alone. In his book Putnam shows how we have
noticing. become increasingly disconnected from family, friends, neighbors, and our
democratic structures. People do not go bowling with friends and family
A little bit of history anymore, instead, they go alone.
The share of the world’s population living in urban areas increased from just This was the era of cocooning. Everybody withdrew within the safe walls of
3 percent in 1800 to 14 percent in 1900. By 1950, it reached 30 percent, home. The city was not the most popular place to live in these times. People
before exploding to nearly half of all people across the globe or 2.8 billion who lived in the city and had the luck of having a nice bank account chose
people, by 2000. Today more than three quarters of the population of the to by themselves a house on the countryside to – almost literally – flee to
advanced or developed countries live in urban areas. during weekends. The city was the necessary evil.
Industrialization has always been called the driving force of urbanization. By Today the economy is doing well, rich and developing countries. A recent
the nineteenth century cities evolved from market places – where farmers World Bank study calculated that the global economy will be powered
could trade their surpluses of agricultural goods – to industrial powerhouses. increasingly by developing countries in the next 23 years. Per capita incomes
Raw iron ore rolled into a city and it came out as a finished car. The Industrial in the developing countries will rise 3.1 percent a year on average, up from
Revolution gave rise to the city as we know it. Masses of people, division of 2.1 percent over the past 25 years. The average income in rich countries will
labour and mass consumption. All in one place. also rise dramatically: the average income of the children of today’s baby
boomer is likely to be nearly twice that of their parents.
The city is dead, long live the city This positive economic situation is accompanied with a growing confidence,
By the 1970’s an 1980’s traditional industrial cities began to fall. The division in oneself and in other people. People are stepping out of their houses again,
of labour that had once been organized within regions began to be stretched in search of experiences, which they preferably share with other people.
across the whole world. Engineers in the Western world figured out how to The city is becoming the ideal meeting place for people to share these
build the best possible engine, they mailed their plans to Taiwan, and the experiences. City parks people preferred to walk around in 70’s and 80’s are
finished engine came back a month later. becoming central meeting places in the city again.
On top of that our economy evolved from an industrial to a more ‘brains- A nice example of smart people tapping into this trend is Innocent. The
oriented’ one. The rise of the information economy prompted a lot of people UK based smoothie producer, each year organizes Fruitstock: a free music
to believe that the telephone, the computer and the internet would lead festival in London’s Regent’s Park. Last year Innocent was astonished to
to the death of the city. Economic geographers have however argued that welcome not less than 150.000 people. You can go and have a look at the
the forces of globalization are eroding the power of the nation state, but festival pictures on http://www.fruitstock.co.uk/, and you will immediately
increasing the role of regions and cities as the key economic and social see how it reminds you of that other music festival at the end of the golden
organizing units in the world. sixties. How was it called…?
In his The Rise of the Creative Class, Richard Florida argues that ‘place’ (read Today’s cities are being reinvented: from industrial powerhouse to global
cities) has replaced the giant corporation of the industrial age as the central talent magnet, from a collection of highly individualistic bowlers living next
economic and social organizing unit of our time. Florida argues that the global to each other to the social and experiential hearts of our modern life society,
war for talent, for creative and innovative people is taking place between from Bowling alone to Fruitstock.
cities. Somewhat simplified: the city that shows the greatest openness to
new people, new ideas and new dreams will win this global war for talent. texto de KOEN LEICHER
For it is openness that creative people need in order to be able to be feel
good, and productive of course. Cities are becoming global talent magnets. 51
notos índigo //
ilustração e texto de NELSON ARAÚJO

53
55
altered stages of consciousness //
The lights closed. The red curtain opened slowly. They knew they had seen these things but not in this life. Two people that
She took one big breath and walked unhurriedly out placing her body in the met by luck only 2 months ago in the rehearsals. How could they feel as if
centre of the stage. One pointy bright light revealed her to the eyes of the they have spent a lifetime of experiences together? That was the thought
audience. that was troubling their minds. Their emotions and contact was as if they
The music started. had known each other a lifetime. But they had just met. They both felt it but
hadn’t talked about it. Until that time when what happened was so strong
When the first set of rhythmical hits came to an end, the musician with the and powerful that couldn’t be left unspoken.
silver hat started feeling uncomfortable with his own emotions which were
flowing like a circus inside his chest, wildly tickling his throat. He coughed So they stood up and spoke. Inspired by the wind and its soft chords their
madly, shaking his upper torso so aggressively that embarrassed the whole childish voices became a loud DO, RE, MI of translated emotions: DOcile
audience. moments, REvolutionary thoughts, MIxed experiences… The audience barely
And again he coughed… wishing to swap his emotions with any other understood that the song was slowly being transformed into a shy hymn and
umpassionate lady that was staring at him horrified that exact moment... leisurely into a comfortable mantra which little by little woke up the living
nature outside the theatre.
But his mind was magnetized by the dancer. For a moment he thought of
throwing his instrument away and kidnap her in front of the audience. He But the mantra all of a sudden became faster and faster. Sounds of big
was dreaming of the two of them travelling around the world. Just the 2 drums were shaking the ground giving life and pumping vitality in everything
of them as if no one else existed. Him and her, together in the sea, the around. Soon the setting around the theatre was transformed into a big
mountains, the desert, the jungle, the sky… everywhere! festival with a carnivalesque spirit.

So he stood up, grabbed her by the hand and closing their eyes… together Women and men, satyrs, muses and beasts danced around the place, picking
they left! flowers and shiny stones to make disguises for the carnival festivity.
When their costumes were ready to be worn, what they had always though
Moments of travelling gave them a poetic look of the world. And like any to be their real faces… suddenly felt on the floor like masks… like old leaves!
writer that plays puzzles with words, expressing one bird with an endless Only then, they understood that their journey had taken them far… they had
metaphor or the whole world in half a sentence, they started cutting and just reached the other side of the mirror!
pasting their perspectives on time, people and traditions, growing one single
psychedelic memory of their lives. texto de LAMBROS FISFIS e SARA TOSCANO 57
sex industry // prague
When writing a free choice theme essay about cultural or historical differences
between two countries, lots of options are available. Architecture, politics,
beer or car industry, even toilet paper can be an interesting subject. But from
everything that I have experienced in Prague as a tourist, the phenomenon
that amazes me more is the visible sex industry. In this concept, prostitution
– in the streets or brothels -, pornography, strip clubs, massage shops and
many other forms are included. In Portugal all this exists, naturally, but
it is extraordinarily much more underground than in the Czech Republic’s
capital.
R. Barri Flowers identified three main reasons for modern prostitution: Drugs,
Third World poverty and the Disintegration of communism. To these many
others can be added and several of them converge in this country. On the
other hand, Portugal has a very different background and yet the business
exists.
Prague, nowadays nicknamed as “Amsterdam of the East” by many began
building its reputation since the Velvet Revolution in 1989. It is understandable There are also social and psychological reasons that explain why women
that this occurred because the previous dictatorship smothered most of these here were keener to adhere to this kind of activities. Lena, a former Prague
activities. After the Iron Curtain fall, suddenly everyone had to rebalance, prostitute, questioned about how she reacted when she was invited to
the market was free, tourism exploded, people had very low financial join the industry stated: “So I thought why not? (…) I realised that I might
resources and the country had to explore the industries that most suited its like to try it, because before I didn’t have any problems with having sex
characteristics. The car, beer, electronic components, and shoes industries, or fun with somebody.” On the other hand, in Portugal for example, the
besides many others, were successful, but not only. Capitalism implied now more conservative, catholic and man power based values inhibited the sex
a new philosophy. Not to produce what brought social benefits to those who industry to operate so visibly. A couple of years ago a brothel opened in
need, but to invest in what brings profit and to those who have wealth. Bragança, a small Portuguese town. The success was immediate but a
In fact, most of Prague’s sex industry clients are foreigners. Being an incredibly movement called “Bragança’s mothers” supported by the church and the
beautiful, inexpensive and central city in Europe placed Wenceslas Square in community quickly pressured it to close. They ended up moving to Spain,
the epicentre of the sex boom. Gorgeous blonde women completed the just a few kilometres away, and the clients were able to keep visiting
perfect pack. their ‘special girlfriends’.
These days more than twenty low cost flights arrive daily in Prague. London, In the Czech Republic, by contrast, the activity is growingly accepted
for example, is just two hours away, and groups of British young men queue and a year ago The Czech government approved a new law to license
to have cheap beer and sex in simple weekend escapades or big organised prostitutes and confine the trade to certain areas as part of an effort
husband-to-be parties. to curb legal prostitution. The goal is to control the activity of the
Last summer I was visiting Prague and a certain night, around 2am, I was estimated 25,000 prostitutes who operate in Prague and near the
somewhere downtown and wanted to eat something. I could easily find German and Austrian borders mainly.
drink, casinos and prostitutes, but not food. Prague’s nightlife knows what’s
really profitable and offers it in quantity and quality. texto de JOÃO ALVES DOS SANTOS 59
old city stencil // montevideo
fotos de JULIANA REIS

61
63
65
67
seetadino // rostos da cidade
Sou o mais velho deste cemitério. Somos 8. Há uma semana foi embora o do resto, tinha que ser, senão dava em maluco.
mais velho. Agora sou eu. Estou aqui há 32 anos. Tenho agora 56 anos. Pois claro que sofro. Custa-me muito perder alguém. Estar no funeral é uma
Nunca pensei noutra profissão. Mas também nunca pensei nesta. Durante sensação estranha, e ver um coveiro a enterrar alguém dos meus é estranho,
muitos anos também fui guarda-nocturno, para aguentar as contas…é que mas sofro, e choro.
sabe, é um trabalho difícil, mas pagam muito mal. Já são poucos os que Acho que esta profissão fez de mim uma pessoa diferente. Sim, talvez seja
trabalham aqui, são poucos os que querem, são poucos os que conseguem natural. Para começar sou mais solitário. Passo horas sozinho, a andar pelo
e ainda pagam mal…está a ver! Não, não é para todos, aliás não é para meio das campas, jazigos, olho para as fotos, famílias, penso nestas vidas,
quase nenhuns. Já vi muitos chegarem aqui, e depois saírem a chorar, ou penso muito na minha vida, na dos meus. Passo muito tempo sozinho. Mas
malucos. não pense que penso no sentido da vida todos os dias…isto depois passa a
Não gosto de me lembrar dos primeiros tempos. Mas lembro-me muitas ser o nosso trabalho do dia-a-dia, das 9h as 17h.
vezes, quando olho para os rapazes novos que aí aparecem, coitados, cheios Não é nada fácil, pagam mal, ninguém pensa muito nisto e é um trabalho
de dúvidas nas cabeças, a saírem mal dispostos e mais confusos que sei lá triste…mas alguém tem que o fazer, e mais cedo ou mais tarde consegue
o quê. Andei muito tempo a “bater mal”. É dizermos adeus todos os dias, a fazer-se.
todo o tipo de gente. E depois os familiares e amigos sentem as coisas de Não lhe posso dizer muita coisa sobre o funcionamento do cemitério, sobre
muitas maneiras, e isso passa para nós. Para não falar das acusações, que como entram os corpos, para onde vão, quando entram, quando saem,
não tratamos bem das pessoas, que a enterramos vivas, que temos que as quantos são, essas coisas não estou autorizado a dizer. Posso dizer-lhe que
desenterrar porque não levavam não sei o quê com elas, que precisam de somos 8, que ninguém pega neste trabalho, e temos que tomar banho todos
as ver mais uma vez, que não tivemos piedade nem compaixão, que somos os dias antes de sairmos do trabalho por estarmos em contacto com os
insensíveis…diga-me a menina, como é que a uma dada altura podemos corpos. O resto pode ser que depois escreva um livro.
continuar a ser sensíveis? Isto nos primeiros tempos é muito complicado.
Claro que depois a pessoa vai desligando, foi o que fui fazendo, separar isto texto de ANA ELISA 69
laurear a pevide /
/ lisboa
EVENTO
ModaLisboa - Lisbon Fashion Week
A semana da moda está de volta à capital, desta vez sob o conceito “Play”.
Miguel Vieira, José António Tenente e Ana Salazar são alguns dos nomes que
marcarão presença.
De 8 a 11 de Março, no Museu Nacional de História Natural

/ lisboa
EVENTO
Work in Progress
Apresentação de trabalhos do ilustrador e designer Nelson Araújo.
8 de Março, às 19h30, no café Mar Adentro

/ porto
CONCERTO
Remix Ensemble
Num programa que reflecte a tensão entre as questões da «complexidade»
e «simplicidade» na música contemporânea, o Remix Ensemble propõe a
voyage voyage // eternellement audição de Five de Jonh Cage, obra de instrumentação aberta que representa
Eu tinha um casaco preto. E uma camurcina preta com um elástico apertado uma certa reconciliação do compositor com a harmonia.
no cós. Preto. E umas calças de pele justas que entravam nos sapatos Celeront. 18 de Março, às 18h00, na Sala Suggia da Casa da Música
Tinha umas collants beige e o cabelo punk. Entrei naquele sítio insípido do
primeiro andar. A sala era mais ou menos escura e mais ou menos limpa. / helsínquia
Havia uma lanterna em cima da mesa. Uma caixa registadora por detrás do EXPOSIÇÃO
balcão. Um radiozinho suspenso com nylon, preso nas lâmpadas roxas das Formula 1 - The Great Design Race
moscas. Era altura dos cabelos loiros e das meias de mousse. Um rapaz, ao Esta exposição explora de forma impressionante a história da Formula 1 no
fundo, comandava um aparelho de slides. Passava-os a toda a velocidade que diz respeito ao design e à inovação dos automóveis.
enquanto mastigava uma chiclete de banana. Falei com a empregada Até 22 de Abril, no DesignMuseo
de verde, a única que estava a olhar para mim. Não fazia ideia onde se
comprariam aqueles discos. Só lá em cima e com muita sorte, disse-me. Fui / weil am rhein
lá tentar. Não, aqui não. Em Bazolash não se vende esse tipo de material. EXPOSIÇÃO
Tem influências nefastas na mentalidade dos fracos. Há quem diga até que The Museum Collection
as claras, ao pé desse tipo de coisas, nem chegam a castelo. Uma das maiores colecções de design industrial contemporâneo do mundo,
com peças representativas de diversos estilos e correntes.
texto de RICARDO GALÉSIO Colecção Permanente, no Vitra Design Museum 71
/ copenhaga
FESTIVAL
Natfilm Festival 2007
O mais importante festival de cinema dinamarquês acolhe, na sua 18ª edição,
uma selecção dos melhores e mais inovadores filmes de todo o mundo.
De 23 de Março a 1 de Abril, em diversas salas de cinema

/ istambul
EXPOSIÇÃO
Turkey by Magnum nós estamos em www.cru-a.com
Esta exposição apresenta a perspectiva de alguns fotógrafos de uma das fala connosco através do info@cru-a.com
mais prestigiadas agências de fotografia do mundo, a Magnum, acerca do envia coisas boas para play@cru-a.com
país. a CRU A número quatro sai a 3 de Abril
Até 20 de Maio, no Istanbul Modern

/ sydney
CONCERTO
Mariza - Concerto em Lisboa
A fadista apresenta em concerto o seu mais recente trabalho gravado ao
vivo nos jardins da Torre de Belém.
7 e 8 de Março, no Concert Hall da Sydney Opera House

/ nova iorque
EXPOSIÇÃO
High Times/Hard Times: New York Painting 1967-1975
Apresenta trabalhos de artistas que estiveram ou viveram em Nova Iorque
entre 1967 e 1975.
Até 22 de Abril, na National Academy

http://
www.jenstark.com/ Esculturas em papel
www.youtube.com/ O site das possibilidades
www.worldpressphoto.com/ Fotojornalismo a concurso
www.gulbenkian.pt/ A Fundação 73

Potrebbero piacerti anche