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1. O documento fornece diretrizes sobre a coleta de amostras de insetos em locais de crime para fins forenses. 2. A entomologia forense pode ajudar investigações criminais fornecendo informações sobre o intervalo pós-morte, local do crime e identidade de vítimas ou culpados. 3. As diretrizes incluem procedimentos para inspecionar a cena do crime, coletar adultos, imaturos e registrar fatores ambientais que podem influenciar a decomposição.
Descrizione originale:
Titolo originale
Cartilha - Coleta de Amostras de Insetos Para Fins Forenses (MJ, 2006)
1. O documento fornece diretrizes sobre a coleta de amostras de insetos em locais de crime para fins forenses. 2. A entomologia forense pode ajudar investigações criminais fornecendo informações sobre o intervalo pós-morte, local do crime e identidade de vítimas ou culpados. 3. As diretrizes incluem procedimentos para inspecionar a cena do crime, coletar adultos, imaturos e registrar fatores ambientais que podem influenciar a decomposição.
Copyright:
Attribution Non-Commercial (BY-NC)
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1. O documento fornece diretrizes sobre a coleta de amostras de insetos em locais de crime para fins forenses. 2. A entomologia forense pode ajudar investigações criminais fornecendo informações sobre o intervalo pós-morte, local do crime e identidade de vítimas ou culpados. 3. As diretrizes incluem procedimentos para inspecionar a cena do crime, coletar adultos, imaturos e registrar fatores ambientais que podem influenciar a decomposição.
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Instituto Nacional de Criminalstica Zara Hellowell Diretora
rea de Percias de Meio Ambiente Emlio Lenine Carvalho Catunda da Cruz Responsvel
MINISTRIO DA JUSTIA DEPARTAMENTO DE POLCIA FEDERAL DIRETORIA TCNICO-CIENTFICA INSTITUTO NACIONAL DE CRIMINALSTICA
COLETA DE AMOSTRAS DE INSETOS PARA FINS FORENSES
PCF Guilherme Henrique Braga de Miranda PCF Guilherme Silveira J acques EPF Marcio Pereira de Almeida Estag. Mariana Serpa Bomfim da Silva
Sumrio
1. Introduo.........................................................................................................................1 1.1 Sobre a Entomologia.....................................................................................................1 1.2 Aplicaes da Entomologia Forense.............................................................................3 2. Metodologia de coleta.......................................................................................................3 2.1 Procedimento no local...................................................................................................4 2.1.1 Coleta de adultos....................................................................................................7 2.1.2 Coleta de imaturos..................................................................................................8 2.1.3 Acondicionamento e transporte..............................................................................9 3. Consideraes Finais.....................................................................................................10 4. Bibliografia Complementar..............................................................................................11
Agradecimentos: Ao Prof. Dr. J os Roberto Pujol-Luz (NEnt/UnB), pelas sugestes e reviso tcnica.
Fotos gentilmente cedidas: NEnt Ncleo de Entomologia Urbana e Forense Dr. Roberto Wanderley (IML/PCDF)
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Procedimentos de Coleta de Amostras de Insetos para Fins Forenses
1. Introduo
Entomologia forense a cincia que aplica o estudo dos insetos a procedimentos jurdicos especficos, como ferramenta auxiliar s investigaes criminais. Os insetos podem ajudar na investigao de um crime fornecendo a estimativa do tempo transcorrido aps a morte, tambm conhecido como Intervalo Ps-Morte (IPM), baseado no tempo em que o inseto leva para se desenvolver de ovo ou larva at o estgio no qual ele foi encontrado no cadver. Pode-se inferir onde o crime ocorreu, atravs do conhecimento da fauna na regio encontrada; o culpado do crime, relacionando insetos ou fragmentos encontrados no suspeito e vtima ou no suspeito e local do crime. Os insetos apresentam uma ampla gama de relaes com os outros seres vivos, sendo do nosso interesse para esta cartilha sua participao no processo de decomposio da matria orgnica animal, incluindo o homem. Devido ao olfato apurado, esses animais percebem os odores exalados pelos cadveres muito antes que eles sejam percebidos pelos seres humanos, sendo os primeiros a chegarem cena do crime, onde se instalam e procriam, pois a carne decomposta forma um timo hbitat, seja como stio de cpula, estmulo a oviposio ou fonte protica. Portanto, so verdadeiras testemunhas. Veremos a aplicao deste conhecimento rea forense.
1.1 Sobre a Entomologia
O ramo da zoologia que estuda os insetos denominado entomologia. O Filo Arthropoda constitui o maior e mais diversificado grupo do Reino Animal, sendo formado por insetos, crustceos, aracndeos, miripodes e outros. Os artrpodes so os organismos que apresentam corpo composto por uma seqncia de segmentos, recobertos por um tegumento rgido (cutcula). Os artrpodes surgiram de organismos vermiformes, de padro prximo aos aneldeos (minhocas), que sofreram mudanas evolutivas como o surgimento de olhos, antenas e um par de apndices por segmento.
2 Alguns insetos de interesse forense comuns no cerrado
Dpteros (moscas)
Muscidae Calliphoridae Sarcophagidae
Colepteros (besouros)
Staphilinidae Histeridae
Cleridae Dermestidae 3 1.2 Aplicaes da Entomologia Forense
As pesquisas nessa rea so feitas desde 1850 e, nas ltimas dcadas, vm obtendo progressos significativos. Peritos criminais e legistas passam a contar com o auxlio de entomologistas para aprimorarem seu trabalho. A Entomologia Forense divide- se em trs categorias distintas: URBANA - inclui aes cveis relacionadas presena de insetos em imveis e seus efeitos (por exemplo, danos provocados por cupins). Essa modalidade muito utilizada em aes envolvendo compra e venda de imveis; DE PRODUTOS ESTOCADOS - trata da contaminao de produtos comerciais estocados. Como exemplo, o caruncho, um besouro que ataca o feijo; MDICO-LEGAL - categoria relacionada rea criminal, em geral, associada a morte violenta. O estudo de insetos pode ser utilizado em investigaes sobre: (1) trfico de entorpecentes, (2) maus tratos e (3) morte violenta. Com relao morte violenta, a metodologia entomolgica pode prestar esclarecimentos quanto identidade do morto, causa da morte, o lugar de ocorrncia do infortnio e, principalmente, o intervalo de tempo entre a morte e a data em que o cadver foi encontrado (cronotanatognose). Em Braslia, encontramos profissionais especializados na Universidade de Braslia (UnB). O Ncleo de Entomologia Urbana e Forense (NEnt) coordenado pelo Professor de Entomologia e Parasitologia Dr. J os Roberto Pujol-Luz. O NEnt foi criado por um convnio entre o Laboratrio de Dipterologia e Entomologia Forense (estudo de moscas) do Departamento de Zoologia do Instituto de Cincias Biolgicas da Universidade de Braslia e o Instituto de Criminalstica da Polcia Civil do Distrito Federal, com apoio da Secretaria Nacional de Segurana Pblica SENASP/MJ .
2. Metodologia de coleta
Esta cartilha tem por objetivo padronizar os procedimentos relacionados coleta e conservao de amostras de material entomolgico para fins forenses, no mbito do DPF, levando em considerao os trabalhos publicados que relacionam as variadas tcnicas 4 especficas utilizadas nesta rea. Desta forma, pretendemos oferecer um guia para ser utilizado pelos peritos e outros policiais encarregados de coletar provas em locais de crime onde seja constatada a presena de insetos.
2.1 Procedimento no local
As descobertas que so feitas na cena do crime estabelecem a direo de uma investigao. A primeira providncia quando se chega ao local do crime fazer um breve reconhecimento e inspeo visual a fim de identificar os vestgios destes insetos. Em seguida, deve-se fazer um relato do que foi encontrado, especialmente quanto ao tipo de inseto, sua atividade, estgio de desenvolvimento, localizao no corpo e rea circunvizinha. As descries devem ser acompanhadas por fotografias ilustrativas. O dia, a hora e a estao climtica na qual o corpo foi descoberto devem ser anotados. Deve ser analisado o tipo de local onde a morte se deu, por exemplo: se em via pblica ou no interior de imveis. Nas reas externas, deve ser observado se o cadver estava localizado em rea de sol ou sombra, em rea urbana ou rural, prximo a dejetos ou a pontos com saneamento bsico. importante tambm observar a vegetao do local. necessrio que todos os componentes da equipe envolvidos na investigao criminal sejam treinados para reconhecer a potencialidade de tais evidncias. Na solicitao de um exame entomolgico necessrio:
conhecer sua existncia e utilidade; saber como evitar a distribuio do vestgio; saber onde procurar; saber reconhecer o vestgio; dispor de protocolo de coleta; dispor de equipes treinadas para coleta e para anlise. dispor do material necessrio para coleta.
Diversos fatores podem influenciar no processo de decomposio dos corpos e na velocidade de desenvolvimento da fauna associada. A temperatura determina o tempo de desenvolvimento das espcies de ovo a adulto. Faz-se necessrio, ento, registrar a 5 temperatura do ambiente, do cadver (a temperatura retal a mais precisa), do solo e da massa de larvas. Quando as larvas so coletadas apenas na necropsia importante estabelecer o perodo no qual o corpo ficou guardado e em que condies de temperatura.
adaptado de www.anatomy.unimelb.edu.au/researchlabs/whitington/index.html
O ciclo de vida das moscas est dividido em: Adulto, Ovo (massa de ovos), Larva (L1, L2, L3), Pupa (puprio) e Adulto. A durao de cada fase varia de acordo com a espcie e depende da temperatura.
massa de ovos massa de larvas 6
Itens que devem compor o kit de coleta de insetos:
termmetro de sonda; termohigrmetro; rede entomolgica; algodo; sacos plsticos; potes plsticos com tampa (tubo de filme fotogrfico); acetato de etila ou ter; lcool 70%; gua; pinas; agulha histological; luvas descartveis; mscaras descartveis. isopor; gelogel; vermiculite; garrafa trmica; etiquetas; caneta marcadora permanente; elsticos; organza; placas de Petri; papel filtro; copos plsticos ou isopor;
Informaes a serem coletadas no local do crime
adaptado de CATTS & HASKELL, 1990
7 2.1.1 Coleta de adultos
utilizada uma rede entomolgica comum, porm como as moscas voam rpido, preciso anestesi-las no campo para retir-las do interior da rede. Utiliza-se acetato de etila ou ter como anestsico. O mtodo mais apropriado aquele no qual os adultos coletados devem ser colocados diretamente em sacos plsticos adaptados rede e presos com um n. Deixar os sacos contendo as moscas bem fechados.
Como usar a rede entomolgica (Pu) adaptado de CATTS & HASKELL, 1990
Insetos menos geis podem ser coletados com pinas e guardados em pequenos potes, separados por semelhana de espcies para evitar predatismo. Por fim, utilizar lcool a 70% para conservao. 8 2.1.2 Coleta de imaturos
As formas imaturas, especialmente as larvas esto normalmente localizadas nos orifcios naturais do corpo, bordas das feridas e lugares abrigados, como por exemplo: atrs da orelha, nas axilas, vestes e cabelos.
larvas pupas
50% mortas: matar em gua quen- 50% vivas: frasco com te e conservar em lcool 70% vermiculita e carne moda
Coleta-se com o auxlio de pinas e pincis, deve ser realizada com muito cuidado para evitar leses ps-morte no corpo ou qualquer fator que possa alterar os vestgios. No caso de ovos, os recipientes devem conter papel filtro umedecido, para evitar a desidratao. No caso de larvas, devem conter algum tipo de protena para alimentao, como pedaos de carne em decomposio. recomendvel coletar larvas de tamanhos diferentes e de diferentes partes do corpo. Para os clculos de IPM, deve ser dada preferncia aos espcimes imaturos mais velhos, os quais correspondero s primeiras posturas. 9 Devido capacidade de disperso de larvas em ltimo nstar, que se afastam do substrato para pupao, o solo tambm deve ser revirado num raio de at 5 metros em torno do cadver, coletando-se amostras. Quando pupas forem coletadas, a cor do puprio deve ser anotada, visto que puprios recentes so claros, escurecendo gradualmente at alcanar a cor marrom, nas 24 horas seguintes. Puprios vazios tambm devem ser coletados, quando localizadas larvas em estgio avanado, pois indicam a emergncia recente de adultos. importante tambm coletar amostras de solos perto ou embaixo do cadver para anlise. Atravs de sacos plsticos, manter a umidade e alguma reserva de ar. Isso est relacionado presena de pupas, fase intermediria entre a larva e o adulto. Em caso de ausncia de insetos no local, quando o corpo for removido, procurar por massas de ovos na regio de contato do mesmo com o substrato.
2.1.3 Acondicionamento e transporte
Adultos conservar em lcool 70%; Pupas em frascos com vermiculita (no perfurar a tampa); Larvas (50% vivas) em frascos com vermiculita e carne moda (no perfurar a tampa); (50% mortas) matar em gua quente (~70 C) e conservar em lcool 70%; Ovos em placa de petri com papel filtro mido.
O material a ser estudado, dever ser prontamente enviado ao INC, que o encaminhar ao NEnt/UnB. Para o envio importante no congelar, bastando colocar em um isopor com gelo-gel. Em caso de necessidade de armazenamento temporrio (superior a 12 horas), o material dever ser reacondicionado em potes com nutrientes (carne em decomposio basta deixar fora da geladeira por algumas horas), vermiculita e fechados com fil ou tule.
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3. Consideraes Finais
As pesquisas sobre Entomologia Forense so recentes, mas passam por acelerado desenvolvimento pelos principais centros de investigao do mundo. No Brasil, destacam- se ncleos especializados de estudo no Rio de J aneiro e em So Paulo e, esforos em carter nacional resultaram na criao do NEnt/UnB em Braslia, sendo necessria a coleta extensiva e o estabelecimento de padres de espcies para todo o territrio nacional. Devido a sua grande importncia para elucidao de questes judiciais, urgente que haja a disseminao deste conhecimento, principalmente entre os policiais que primeiramente chegam ao local do crime. Apesar de escassa, a casustica da Polcia Federal envolvendo morte violenta relevante, ainda mais levando-se em considerao a comoo sempre gerada em crimes contra a vida. relevante citar que o primeiro caso do NEnt, o Massacre de Garimpeiros pelos ndios Cinta Larga, ocorrido na Reserva Roosevelt, Rondnia, em abril de 2004, foi apurado pela PF. 11
4. Bibliografia Complementar CATTS, P.; HASKELL N. H. (Eds.). Entomology & Death: a procedural guide. Clemson: J oyce's Print Shop, 1990. OLIVEIRA-COSTA, J . Entomologia Forense: quando os insetos so vestgios. Campinas: Millennium, 2003. Site: http://www.unb.br/ib/zoo/docente/jrpujol/; Laboratrio de Dipterologia e Entomologia Forense, Departamento de Zoologia, Instituto de Cincias Biolgicas, Universidade de Braslia.