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Pato ou coelho?
Brasília
Agosto - 2007
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RELEMBRANDO
é que a teoria seja construída de tal forma que ela possa ser falsificada. Se
ocorrer de uma observação refutar uma teoria, a teoria deve ser substituída por
outra, com a condição de que a nova teoria também possa ser falsificada.
podem ser falsificadas. Assim, as tautologias não podem ser teorias científicas,
pois não são falsificáveis. Da mesma forma, as hipóteses religiosas não podem
ciência!
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Vimos, além disso, que Popper acredita na possibilidade do progresso científico,
pois, embora jamais possamos ter certeza de que as hipóteses científicas são
falsificacionistas acreditam que podem ter certeza que uma hipótese é falsa,
releia o material da última unidade. Converse com seu tutor e com os seus
UM PRESSUPOSTO DO FALSIFICACIONISMO
Como vimos, o critério falsificacionista para que uma teoria seja considerada
científica é que ela seja falsificável. É necessário, portanto, que seja logicamente
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As hipóteses são meras conjecturas, sempre sujeitas à falsificação. Os
seguro sobre o mundo, são elas que nos permitiriam ter certeza a respeito do que
é falso.
devemos confiar naquilo que o mundo nos diz via nossas observações.
Porém, veremos nesta unidade que as coisas não funcionam bem assim. A
teorias adequadas.
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DEPENDÊNCIA ENTRE OBSERVAÇÃO E TEORIA
A maior parte de nós pensaria que não há uma diferença entre experiências
instante, acreditamos que aquilo que ela enxerga seria compartilhado por qualquer
um outro local, outra pessoa enxergaria o objeto de outra forma. Mas não é disso
que estamos falando, pois a crença em questão exige que as condições sejam
semelhantes.
Entretanto, por mais estranho que pareça, há uma série de razões para duvidar de
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Certamente, você já conhece o enigma apresentado pelo cubo acima, conhecido
como Cubo de Necker por ter sido publicado pela primeira vez pelo cientista suíço
Louis Albert Necker em 1832. O problema que esse cubo coloca é: Em que face
do cubo encontra-se o “x”? Uma resposta bem natural seria dizer que o “x” se
encontra no canto superior direito da face da frente. Porém, existem outras formas
de se ver essa figura, e talvez você esteja vendo de outra maneira! Você pode
estar vendo o “x” no canto superior da face de trás do cubo. Se você não
conseguiu ver dessa forma, tente! Pergunte a alguém se consegue ver dessa
forma. Outras possibilidades são que o “x” seja visto no centro da face da frente
enquanto outras conseguem ver das quatro formas. Talvez, uma criança pequena
nem mesmo chegue a perceber faces nesse cubo, a criança, que ainda não
experiências visuais diferentes ao olhar para o cubo. Alguns verão o “x” na face da
frente do cubo, outros verão o “x” na face de trás. Alguns verão o “x” no centro de
uma das faces e outros verão num canto de uma face do cubo. Alguns sequer
verão um cubo! Chalmers (1993, p. 49) nos fornece um exemplo. Ele afirma que
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não inclui o costume de representar objetos tridimensionais por desenhos em
Outro exemplo muito comum é o da figura que está na capa desta unidade. Essa
figura pode ser vista como um coelhinho ou como um pato, dependendo da sua
forma de olhar para ela. Você consegue ver um coelho na figura? E um pato? Há
estímulo visual não é um pato nem um coelho, mas apenas algumas manchas no
papel. O que nos faz enxergar coisas diferentes? Não seriam as nossas
Podemos generalizar a idéia acima. Num sentido importante, aquilo que vemos
depende de uma série de fatores, como a nossa cultura, por exemplo. Há também
fatores subjetivos, como aquilo que esperamos, que desejamos e/ou aquilo em
dizer qual é o naipe e o número das cartas (por exemplo, “seis de ouros”). De
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isto é, cartas que não existem num baralho de cartas comum como, por exemplo,
seis de espadas ou seis de copas. Ao ver o quatro de copas preto, dizem que é
as pessoas passam a ver o que antes não viam! Essa informação é suficiente para
experimento feito pelos psicólogos nos mostra que aquilo que vemos depende,
entre outras coisas, de nossas expectativas. Como diz Hanson (1975, p.130), “no
ver existe algo mais do que aquilo que nos chega aos olhos”.
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No experimento das cartas anômalas, vemos claramente que as hipóteses
cartas anômalas no baralho, ele simplesmente não as via, pois a sua teoria era de
que todas as cartas daquele baralho eram cartas normais. Quando o sujeito soube
que havia cartas anômalas naquele baralho, começou a ver de outra maneira.
Imagine que Jones está perdido em uma ilha deserta. Usando bambu e cipós, ele
arqueiro e, em geral, consegue acertar todas as aves nas quais mira. Porém,
certo dia, Jones enjoa da sua alimentação e decide variar. Ele decide usar o seu
arco para pegar peixes. Jones está certo de que não terá dificuldades em sua
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nova empreitada. Para sua surpresa, entretanto, ele não consegue acertar um
peixe sequer. Não importa o quanto tente, ele sempre erra o peixe que deseja
acertar.
Felizmente para Jones, a ilha não é deserta. Ela é habitada por uma comunidade
comunidade usam o arco-e-flecha para pescar e sempre são bem sucedidos. Isso
intriga Jones. Como é que eles acertam sempre e ele nunca? Jones decide
Percebe que os índios não miram diretamente na imagem do peixe, mas a uma
luz entre meios diferentes, o que modifica a velocidade da luz e sua trajetória,
provocando a ilusão de que a imagem está em um local onde ela não está.
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Inicialmente, Jones se baseou na teoria de que a luz sempre tinha uma trajetória
adequada para lidar com a questão e pôde, então, incorporar peixes à sua dieta.
falsificacionismo? Essa questão, nós vamos deixar para que você responda!
dependente da teoria, certo? Como essa conclusão pode se constituir como uma
Agora, vamos pensar nos pressupostos do indutivista. Qual é o peso dado pelo
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teoria. Portanto, não é possível que a ciência comece com a observação. Além
disso, vimos que a observação não é tão confiável a ponto de poder servir de base
Atividades
dos órgãos mais importantes para o nosso conhecimento acerca do mundo. Esses
(p. 134).
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Para saber mais
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