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Trata-se aqui de examinar as relações de distinção entre técnica e trabalho, que não são sinônimos, face às
disciplinas especificamente implicadas na conceitualização de trabalho, em especial a ergonomia.
A primeira distinção refere-se à noção de ato. Sob a luz da investigação ergonômica, em especial a ergonomia
de língua francesa, somo levados a atribuir um lugar primordial à análise da atividade, diferenciando-a da
definição de tarefa. A tarefa é que deseja-se obter ou que deveria-se fazer. A atividade é, perante a tarefa, o
que é feito realmente pelo operador para tentar atingir, o mais perto possível, os objetivos fixados pela tarefa.
Em relação à técnica, o trabalho é caracterizado, por conseguinte, pelo quadro social de obrigações e de
limitações que o precede. Por diferença com um ato não situado em relação a uma prescrição, ou seja, um ato
referente a uma fabricação qualquer, o trabalho stricto sensu implica um contexto que contribui de maneira
decisiva para defini-lo. Também, no conceito de trabalho, substituir-se-á à noção de ato aquela de atividade
mais precisa e mais específica.
Por outro lado, a eficácia é certamente uma dimensão central comum à técnica e ao trabalho. Mas o trabalho
sempre é situado num contexto econômico. O critério isolado da eficácia da atividade sobre o real é
insuficiente para homologar uma atividade como um trabalho. É necessário ainda que esta eficácia seja útil.
Esta utilidade pode ser uma utilidade técnica, social ou econômica. Mas o critério utilitário, ou mesmo
utilitarista no sentido econômico do termo, é inexpugnável do conceito de trabalho.
É sobre este critério que pode-se estabelecer a distinção entre um lazer e um trabalho, entre o trabalho e o
não-trabalho. Jogar tênis, montar à cavalo, jogar bridge, etc., todas estas atividades implicam o uso de
técnicas. Mas se a eficácia técnica dos atos não está sujeita aos critérios de utilidade, está no domínio do lazer
ou do não-trabalho. É em relação a este critério utilitarista que se distingue a pessoa em férias do monitor.
Para este último, trata-se de uma atividade julgada e reconhecida não somente para a sua eficácia técnica,
mas pela a sua utilidade social e econômica (em proveito de um município ou um clube privado, por
exemplo).
Devemos agora abordar de maneira mais precisa que o temos feito até agora o conceito de “real”, na teoria da
técnica e no trabalho. Estivemos considerando equivalentes três termos: o ambiente físico, a realidade e o
real. Mas não podemos progredir na crítica dos pressupostos teóricos próprios a cada uma das abordagens do
fator humano, se não esclarecemos o conceito de real, que apresenta não somente um conteúdo teórico e
enigmático, mas que tem também implicações epistemológicas essenciais à nossa discussão.
Definiremos o real como “o que, no mundo, se ressalta pela sua resistência ao controle técnico e ao
conhecimento científico”.
Em outros termos, o real é aquilo sobre o qual fracassa a técnica, após todos os recursos técnicos terem sido
utilizados corretamente. O real está, por conseguinte, substancialmente ligado ao fracasso. É o que no mundo
nos escapa e se torna por sua vez um enigma a decifrar. O real se apresenta assim como um convite constante
ao trabalho de investigação e de descoberta. Mas, assim que dominada pelo conhecimento, uma nova situação
faz emergir novos limites de aplicação e de validade, assim como novos desafios ao conhecimento e o saber.
Consequentemente, o real não é da competência do conhecimento, mas o que está para além do domínio de
validade do conhecimento e o "know-how" atuais. O real apreende-se primeiro sob forma da experiência na
acepção de experiência vivida.
O real deve, por conseguinte, conceitualmente ser distinguido da realidade. A realidade é “o caráter daquilo
que não se constitui tão somente um conceito” mas um estado de coisas. A dificuldade lexical vem que o
adjetivo que corresponde à realidade é também: real. O que designamos por real aqui não é o caráter real de
um estado de coisas - a sua realidade - mas o real como substantivo. O real é a parte da realidade que se opõe
à simbolização.
A contribuição decisiva da ergonomia à teoria do trabalho é ter indicado o caráter incontornável, inexorável, e
sempre renovado do real no trabalho (A. Wisner, 1993). Trata-se, no plano conceitual, de um progresso cuja
importância é incomensurável e do qual as consequências para a abordagem do fator humano não foram, até
agora, corretamente assumidas, nem mesmo por certos ergonomistas que se encontraram em certa medida
ultrapassados pelas incidências teóricas e práticas das suas próprias descobertas.
Com efeito, “o real do trabalho” é uma dimensão essencial à inteligibilidade dos comportamentos e das
condutas humanas numa situação concreta. A falibilidade humana perante a tarefa é inevitável, dado que o
real não se faz compreender que sob a forma do fracasso.
E é precisamente, parece, esta noção de fracasso que falta na teoria ergonômica e na teoria do trabalho, noção
no entanto indefectivelmente ligada à do real. A prescrição, ou seja, aquilo que em ergonomia designa-se sob
o nome de tarefa ou modos operacionais prescritos, se ela nunca pode ser respeitada integralmente quando o
trabalhador se esforça para atingir os objetivos da tarefa, é precisamente devido ao real do trabalho. A tarefa,
ou seja, aquilo que se deseja fazer, não pode nunca ser atingida exatamente. É necessário sempre nenovar os
objetivos fixados no início. Tal é a demonstração feita pela análise ergonômica da atividade. Em outros
termos, o real do trabalho, se aceitarmos assumir as consequências teóricas do conceito, conduz à conclusão
que a atividade real contem sempre uma parte de fracasso face ao qual o operador ajusta os objetivos e a
técnica. O fracasso, parcial, é por conseguinte incluído fundamentalmente nos conceitos de eficácia e de
utilidade, fato ignorado pela a maior parte das concepções do fator humano.
Perante o fracasso de uma técnica, de um "knowhow" ou um conhecimento, uma trabalhador pode se superar
e ganhar experiência com a sua falha. E de fato, “a atividade” real contem já uma parte de reajuste,
realinhamento dos modos operacionais perante a resistência do real, para chegar o mais perto possível dos
objetivos fixados pela tarefa. A atividade condensa, portanto, em certa medida o sucesso do saber e o fracasso
causado pelo real, num compromisso que contem uma dimensão de imaginação, de inovação, de invenção.
Na perspectiva assim aberta, podemos dar ao trabalho uma nova definição: “atividade coordenada útil”. Esta
nova definição enuncia-se nos termos seguintes: “O trabalho é a atividade coordenada realizada pelos homens
e as mulheres para fazer face ao que, numa tarefa utilitária, não pode ser obtido estritamente pela execução
da organização prescrita.” Esta definição contem as noções inicialmente retidas para caracterizar o trabalho.
Mas leva em conta de maneira mais precisa o real: aquilo que na tarefa não pode ser obtido pela execução
prescrita de maneira rigorosa. E insiste na dimensão humana do trabalho: é o que deve ser ajustado,
renovado, imaginado, inventado, acrescentado pelos homens e as mulheres para ter em conta o real do
trabalho.
III. - A noção de « atividade subjectivante » (aporte da etnografia industrial)
A partir de dados empíricos, os autores fazem essencialmente levar a sua investigação sobre os tacit skills
(habilidades tácitas), a sua forma e os requisitos psico-sensoriais necessários ao seu desenvolvimento e a sua
eficiência em situação real de trabalho. Ou seja, muito especificamente, o que é levado a efeito pelos
operadores para fazer face ao que, na produção, não pode ser obtido pela execução estrita das instruções.
O conceito de atividade subjectivante inscreve-se por conseguinte no ois “na crítica da racionalidade” já
evocada em introdução e que será incluído na segunda parte, e numa perspectiva coerente com a distinção
operada pela ergonomia de língua francesa entre tarefa e atividade, com a tradição sociológico compreensiva
essencialmente ilustrada por autores de língua alemão, e com “a crítica do momento decisivo cognitivo”
(Böhle e Milkau).
Reteremos sobretudo desta contribuição que empresta largamente à etnologia, que ás atividades Estado-
Membro questão na definição mesmo do trabalho não são réductibles à o que objectivou-se os nossos atos e
osso modos operacionais, e que tem suou descrição integral bem como tem análise IP dinâmica IP suou
aplicação passam também descascou análise DAS marcas destes atos sóbrio a transformação do assunto, por
um lado, descascaram análise costas contributos IP subjectividade alterada forma final costas modos
operacionais, por outro lado.
Em outros termos, o conceito de atividade subjectivante constitui a mediação conceptual que não cumpria
présupposés physicalistes sobre as interacções entre o homem e o posto de trabalho. Esta mediação permite
intercalar, entre a objectividade limpa ao mundo do ambiente ou o posto de trabalho e a objectividade da
expressão material do comportamento, um tempo de subjectivation - a atividade subjectivante - no qual
constrangimento objectivo e processo subjectivo apoiam-se mutuamente até no detalhe da sua dinâmica
interna, mas sem nunca estar a vir à extremidade do desvio entre as duas dimensões do comportamento
(objectivo) e a sua intenção (subjectivo).
Em resumo, do ponto de vista teórico, assumir as consequências do conceito de atividade nas investigações
sobre o fator humano, é fazer lugar na teoria do trabalho aos conceitos de:
É ainda do lado da antropologia que vamos encontrar elementos de théorisation sobre a inteligência da
prática. Mas esta vez é à psicologia histórica e a antropologia histórica que deve-se a conceptualização da qual
temos necessidade para uma teoria do fator humano. Caracterizar a inteligência mobilizada em frente do real
(à o que se indica pela sua resistência ao controlo pelos conhecimentos e o conhecimento disponíveis), é
recorrer à uma teoria da inteligência da prática do trabalho.
Esta forma de inteligência foi identificada e discutida pelos Gregos sob o nome de mètis. Trata-se de uma
inteligência essencialmente comprometida nas atividades técnicas, em especial as atividades de fabrico
(poïèsis). Esta inteligência é caracterizada por diversos traços (detenha e Vernant, 1974).
É enraizada fundamentalmente no compromisso do corpo que funciona graças à uma espécie mimétisme com
os constrangimentos da tarefa (o que retorna muito precisamente à esta utilização “da sensibilidade”
analisada no conceito de atividade subjectivante).
É inventiva e criativa.
1. Limite do conceuto de mètis. - O conceito de mètis é essencialmente descritivo. Dá conta que o uso
desta inteligência implica em relação ao compromisso da subjectividade muito inteira no esforço para fazer
face à situação e que contem de inesperada, de arriscado, de imprevisto. Mas este conceito não dá conta dos
processos cognitivos e afectivos mobilizados, de o seu retalho nem a sua articulação necessária para dar à esta
inteligência a sua eficiência (Salmona, 1991).
Uma parte da investigação actual em psicologia cognitiva de terreno esforça-se de apreender analiticamente
os elos intermédios dos processos em causa (aprendizagem pela descoberta, curso de acção, cognição
situada), mas reiterando a segmentação tradicional entre cognitivo e afectivo. De modo que não possuamos
hoje teoria constituída desta inteligência, para além da conceptualização da atividade subjectivante que é sem
dúvida o ponto mais avançado da investigação nesta direcção.
Abordamos aqui uma das componente comuns pressupostos teóricos das diferentes abordagens científicas do
fator humano no trabalho. A desconfiança, com efeito, em relação à mètis sobe Platão: “Se Platão põe tanto
cuidado a detalhar as componente do mestiço, é apenas para melhor expôr as razões que obrigam-o a
condenar esta forma de inteligência. Deve denunciar-se longamente a miséria, a impotência mas sobretudo o
dano dos procedimentos oblíquos, andamentos desviados e enganos da aproximação. É em nome de mesma e
única Verdade, afirmado pela Filosofia, que as diversas modalidades da inteligência prática encontram-se
reunidas numa condenação única e decisiva.
[ ... sem dúvida o sistema aristotélico vem corrigir a divisão traçada por Platão, dado que pôde-se, não sem
boas razões, reconhecer na teoria da prudência, exposto pela Ética à Nicomaque, uma vontade renouer com a
tradição dos rhéteurs e os sofistas, e com os diferentes conhecimentos sujeitados à contingência e voltados
para os seres sujeitos à mudança.
[ ... ] qualquer que sejam os perigos, permanece que, para o pensamento aristotélico, haver um conhecimento
sobre o inexato, ainda que, conformando-se ao seu objecto, este saber ele mesmo pode ser apenas inexato.
Porque já que as realidades da ciência necessaria e eternamente são que são, nula inteligência de carácter
prática pode ambicionar de atingir a um conhecimento estável: não há ciência possível deo que de
aproximadamente “não é limitado”. De certa maneira e com todas as reservas que acabamos de indicar, a
filosofia aristotélico reabilita sabê-lo conjetural e a inteligência que procede por rodeio.
[ ... ] não é também e sobretudo o sinal que a Verdade platoniana reléguant na sombra um toda uma plano da
inteligência com as suas maneiras limpas de compreender nunca realmente não cessou de assombrar o
pensamento metafísico do Ocidente? ” (Detenha e Vemant, p. 304-306).
O destino feito à este conceito de inteligência da prática pela tradição não exclui no entanto as ressurgências e
reencontra-se hoje o mestiço no meio do debate sobre “a crítica da racionalidade da ação” da qual já temos
feito menção plus haut. Tratando-se do trabalho, e da prática comum do trabalho, com efeito, o conjunto dos
problemas concretos encontrados pelos operadores não parece poder ser resolvido através dos conhecimentos
estabelecidos pelas ciências da natureza, porque o trabalho confronta precisamente os operadores ao mundo
real e não as únicas situações experimentais, artificialmente desenvolvidos pelos cientistas. É por esta razão
que é reposto em causa o paradigma das ciências aplicadas em proveito de uma investigação científica que
toma o terreno para ponto de partida (ciência de terreno, cognição situada, clínica do trabalho, ergonomia)
(Suchman, 1987-1988; A. Wisner, 1994 ; J. Theureau, 1992, L. Pinsky, 1992). Convocar a mètis no arsenal
teórico que permite dar conta do fator humano pode parecer insólito, ou mesmo obsoleto. Não é nada. Fazer
regresso sobre o conceito de mètis, é tentar evitar a construção de um corpus conceptual que passaria
indevidamente para inovador enquanto que corresponderia apenas à redefinição de concepções clássicas
excluídas durante um tempo das análises e os comentários científicos. A teoria da mètis é e residência o
pedestal de qualquer análise do engenho.