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O USO DO JORNAL
COMO MATERIAL EDUCATIVO
Uma Análise do Programa Folha Educação
do Jornal Folha de S.Paulo
Agradeço à Profª. Drª. Vera Lúcia M. Chaia pela orientação que recebi,
sem a qual seria impossível a realização deste trabalho.
INTRODUÇÃO...................................................................................................01
CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................113
BIBLIOGRAFIA................................................................................................115
O uso do Jornal como material educativo – Antonio Alberto Trindade – Mestrado – PUC/SP – 1999.
INTRODUÇÃO
1
Gunter Rene, Gerente de Programas Educacionais da Newspaper Association of America - Folha de
S.Paulo - 11/09/96, em entrevista concedida por ocasião do 3º Congresso Internacional de Jornal na
Educação ocorrido em Brasília.
2
ibidem
3
Aidar, Flavia. Ex-coordenadora do Programa Folha Educação – 1993 a 1997 e atual Gerente de Projetos
do Instituto Itaú Cultural – SP.
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O uso do Jornal como material educativo – Antonio Alberto Trindade – Mestrado – PUC/SP – 1999.
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O uso do Jornal como material educativo – Antonio Alberto Trindade – Mestrado – PUC/SP – 1999.
tal material na escola, nos vêm algumas indagações: o que pode justificar a
validade do jornal como material educativo ? Todos os jornais valem como
material educativo ? Em que posição o jornal se coloca neste ambiente de
predomínio do livro didático ? Com quais atores, sistemas, metodologias,
práticas pedagógicas e políticas, estruturas e objetivos educacionais estão
dialogando os programas de uso do jornal em sala de aula e que implicações
tem isso ? O que de fato propõem tais programas e qual visão de educação os
orienta ? Pelo que representam as empresas jornalísticas e seus produtos na
sociedade, como avaliar tais propostas cujos contornos não se limitam ao plano
educativo ?
Estas são algumas das principais questões que envolvem o tema e com
base nas quais nomeamos como nossos objetivos centrais nesta pesquisa:
3
O uso do Jornal como material educativo – Antonio Alberto Trindade – Mestrado – PUC/SP – 1999.
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Machado, Nilson José. Professor-doutor do Depto. de Metodologia do Ensino e Educação Comparada
da Faculdade de Educação da USP; Colaborador do Programa Folha Educação.
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O uso do Jornal como material educativo – Antonio Alberto Trindade – Mestrado – PUC/SP – 1999.
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O uso do Jornal como material educativo – Antonio Alberto Trindade – Mestrado – PUC/SP – 1999.
CAPÍTULO 1
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A discussão sobre o tema, contudo, data de antes de 1920. Um texto de José Ortega y Gasset ( Revista
da Faculdade de Educação da USP, volume 19, nº1, 1993 ) na Espanha, discute o que deve ser ensinado
na escola. O texto é uma reflexão motivada pelas manifestações dos professores espanhóis contra a
obrigatoriedade da leitura de Don Quixote na escola, imposta pela Real Ordem Espanhola. Para tais
professores o jornal é que deveria ser utilizado como material pedagógico. Machado, Nilson José. USP
6
A Associação Nacional de Jornais é uma sociedade civil, sem fins lucrativos, constituída por empresas
jornalísticas, fundada em 17 de agosto de 1979. Desde 1986, sua sede está localizada em Brasilia, capital
do Brasil. O quadro de associados da ANJ é constituído por empresas editoras de jornais brasileiros de
circulação diária e paga, editados em língua portuguesa, há no mínimo três anos sem interrupção,
excluindo destes os órgãos oficiais ou dependentes de pessoas jurídicas de direito público. Atualmente,
seu quadro social está composto por 105 sócios, sendo 103 jornais e dois colaboradores.
7
A AMJ ( Associação Mundial de Jornais ) é uma entidade internacional formada por empresas
jornalísticas, agências noticiosas e executivos e entidades nacionais do setor originários de 73 países.
Seus membros representam cerca de 15 mil publicações. A AMJ tem sua sede em Paris e desenvolve
ações voltadas à defesa da Liberdade de Expressão, à promoção da mídia jornal e ao uso de jornais na
educação.
8
A Sociedade Interamericana de Imprensa é uma organização sem fins lucrativos, criada em 1926 e
reorganizada em 1950, com sede em Miami ( EUA ). A entidade é constituída por empresas jornalísticas e
seus executivos de todo o continente. Seus objetivos são de defender a Liberdade de Expressão, promover
o desenvolvimento da imprensa nas Américas, lutar pela dignidade, os direitos e a responsabilidade da
atividade jornalística e estimular o aprimoramento ético, editorial, técnico e gerencial dos meios
impressos.
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Folha de S.Paulo, 11/09/96, Caderno São Paulo, p.3
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O uso do Jornal como material educativo – Antonio Alberto Trindade – Mestrado – PUC/SP – 1999.
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Esta afirmação precisaria ser estudada para fins de confirmação. Uma transferência de Know-how é
algo bastante profundo e que necessita, para ocorrer, de ações e processos bem mais profundos que os que
propõem os programas Jornal na Educação ainda que se possa identificar nestes, elementos que
certamente constariam de um processo de formação com tais objetivos.
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O uso do Jornal como material educativo – Antonio Alberto Trindade – Mestrado – PUC/SP – 1999.
de cem canais, talvez 500 - , boa parte do tempo que as pessoas passam
diante do televisor será consumido na escolha do que assistir. Saber localizar,
compreender e utilizar as informações na era da Internet significa a diferença
entre ser um navegador e ser um náufrago." 11
11
Texto de Apresentação de Material de Propaganda dos programas Jornal na Educação da ANJ, 1997.
12
A questão da importância da informação na "era da Internet" merece estudo aprofundado. A
estruturação de uma utilização adequada na escola dos recursos tecnológicos disponíveis atualmente não
será possível sem que tenhamos uma reflexão profunda sobre o papel da informação cotidiana nos
processos educativos e sem que tenhamos metodologias que nos possibilitem favorecer a que o aluno faça
uma leitura crítica das informações disponíveis, pressuposto para um uso significativo destas.
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Conferência realizada em São Paulo nos dias 10 e 11 de setembro de 1997, no Memorial da América
Latina.
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Todos os comentários são fruto de interpretação deste autor, que tenta expor de maneira fiel alguns dos
pontos interessantes discutidos na Conferência.
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Propõe-se que o jornal seja oferecido aos alunos "como ele é":
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Material de Propaganda dos Programas Jornal na Educação da ANJ, 1997. A numeração dos objetivos
não consta do material da ANJ.
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ibidem. A idéia da existência de um "estilo escolar" não é clara. Se o material jornal pode ser pensado
como material educativo e se tal material pode ser proposto para ocupar um lugar na escola, isso significa
que, de alguma forma, tanto o material como a proposta, para estarem de acordo com a realidade da
dinâmica do mundo da educação, devem estar sujeitos aos mesmos processos de avaliação dos materiais
e propostas existentes nas escolas. É com base em tais avaliações, movidas por razões e fatores diversos,
que ocorrem as reformas no ensino e na escola. Neste sentido, as empresas jornalísticas que desejam atuar
com programas Jornal na Educação têm que estar abertas a mudanças e reformulações que eventualmente
atinjam seus produtos e propostas.
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Jornais que não foram vendidos na data da publicação.
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Texto de Material de Propaganda dos programas Jornal na Educação da ANJ, 1997. A numeração dos
resultados não consta do material da ANJ.
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aula, embora estas sejam dadas como existentes, pensamos que nosso
trabalho deverá apontar elementos que nos possibilitarão concordar ou
discordar disso.
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Fonte: AMJ - 1997.
20
A Organização das Nações Unidas para a Educação e a Cultura ( UNESCO ) - é um organismo das
Nações Unidas dedicado à educação, à ciência e à cultura. Entretanto, desde sua fundação, em 4 de
novembro de 1946, dedica-se também à questões relacionadas à comunicação, em particular à Liberdade
de Expressão. Sua sede é em Paris e conta atualmente com 185 países membros. AMJ - 1997.
21
A pesquisa foi realizada durante os meses de junho a agosto de 1997. Dos respondentes brasileiros,
42% têm entre 4 e 8 anos de escolaridade e 57% frequentam a escola a mais de 8 anos. Para a informação
sobre anos de frequência à escola na pesquisa, foi solicitado aos respondentes que não considerassem os
anos de Jardim ou Pré-escola.
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Lêem jornais diários pelo menos uma vez por semana 60% dos
respondentes; destes, 24% lêem apenas as manchetes, 39% lêem os
quadrinhos, 51% lêem o setor de esportes, 48% lêem notícias sobre o mundo,
39% lêem notícias sobre a cidade ou região onde moram, 43% lêem a
programação da televisão, 26% lêem comentários e opiniões e apenas 8%
lêem os editoriais24.
22
Fonte: Universo Online - BBS da Folha de S.Paulo - http://www.uol.com.br
23
Os respondentes podiam optar por até três atividades num grupo de dez opções. Isso explica o porque
de a soma das porcentagens ultrapassar os 100%.
24
Os respondentes podiam optar por até 3 atividades num grupo de oito opções.
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Dos 100% que lêem jornal pelo menos uma vez por semana.
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Indagados sobre o que acham que vai acontecer com os jornais quando
a maior parte das pessoas tiverem acesso à Internet, 41% assinalou que "a
Internet não vai acabar com os jornais impressos em papel; ambos vão
continuar existindo como hoje" e 23% assinalou que "a Internet será usada
como fonte de informação para assuntos específicos; para notícias em geral, o
jornal será mais utilizado." 26
26
Selecionamos apenas os dados que nos interessam apresentar. Por isso a soma não atinge os 100%.
27
No Brasil apenas 1,3 % da população utiliza a Internet. Fonte: DataFolha - Julho/ 1998.
28
Gramsci, Antonio. Os Intelectuais e a Organização da Cultura. P. 122
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lêem jornal pelo menos uma vez por semana ) e que para estes, os
setores de "esportes" ( 51% ) e de "notícias sobre o mundo" ( 48 % ) - que
freqüentemente aparecem de forma menos comentada e aprofundada que as
notícias da vida nacional identificadas como "assuntos políticos e econômicos"
- são os de maior preferência. Estes assuntos - políticos e econômicos - no
caso do Brasil, podemos dizer que se enquadram, na opinião dos
respondentes, como "notícias ruins", algo que fica sugerido nas respostas
sobre quais são os principais problemas do país, onde as opções pobreza
( 80% ), desemprego ( 65% ) e corrupção ( 63% ) concentram a maioria das
opiniões.
No que se refere a se o jornal traz opiniões diferentes que ajudam a
pensar, o resultado é importante e a favor do jornal; 47% dos respondentes
consideram que sim. Esse resultado se reforça visto que, 73% dos
respondentes, concordam de alguma forma com a afirmação de que, no jornal,
os assuntos são tratados com mais profundidade que em outros meios. Mesmo
que os resultados não tenham correspondência com o uso efetivo que estas
pessoas fazem do jornal, é importante perceber que as características próprias
deste produto são notadas com satisfatória nitidez, algo que certamente é
possível a tais pessoas na medida em que “comparam” o jornal a outros
veículos de informação que utilizam. Por fim, o fato de 64% dos respondentes
concordarem totalmente ou em parte com a afirmação "o jornal traz poucas
coisas interessantes para pessoas como eu" supõe que, o fato de o jornal
ajudar a pensar e de tratar os assuntos com maior profundidade não é o
suficiente para que tais pessoas o considerem como fundamental para suas
vidas.
Nesta parte destinada a conhecer um pouco sobre os programas Jornal
na Educação, pudemos perceber que ainda é bastante incipiente o acúmulo
que as empresas jornalísticas têm no que se refere aos resultados
pedagógicos de tais programas. Isso pode significar um problema, já que há
países que os desenvolvem há muito tempo.
Pensando nas palavras de Rene Gunter - no início do capítulo -
observamos que, no que se refere a objetivos educacionais e resultados
educativos, não podemos exigir dos programas Jornal na Educação menos do
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As informações que obtivemos sobre outros programas Jornal na Educação nos mostrou que há em
alguns deles uma maior participação dos profissionais jornalistas - e outros - nas atividades de
treinamento desenvolvidas com os professores que coordenam os trabalhos com o uso do jornal na escola.
Não há, contudo, informações que nos permitam relacionar tal envolvimento a algum processo
sistemático com vistas a uma estruturação sólida dos programas. O que percebemos é que, em alguns
programas, o valor dado à questão educativa, pedagógica, cultural é maior que em outros. Citamos como
exemplo o programa Correio Escola, do Jornal Correio Popular.
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CAPÍTULO 2
“Da 1a. a 4a. série, cada professor receberá um caderno com sugestões de
atividades nas áreas de Língua Portuguesa, Ciências, Matemática e Estudos
Sociais. De 5a. a 8a. série, a disciplina Estudos Sociais dá lugar à História e
Geografia. Um conjunto de atividades, por área de conhecimento, foi pensado
para cada dupla de séries, com gradações no nível de habilidades e conceitos
exigidos. Essa divisão não é apenas útil e prática, mas se sustenta na afinidade
de conteúdos e procedimentos metodológicos adotados para 1a. e 2a. séries,
3a. e 4a., 5a. e 6a., 7a. e 8a. . Vale lembrar no entanto, que só o professor
saberá ajustar cada atividade à realidade de seus alunos, ao seu ritmo e
interesses." 31
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Ex-coordenadora do Projeto Folha Educação - 1993 a 1997.
31
Caderno de Sugestões de Atividades do Folha Educação, p. 8
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Prof. Dr. do Departamento. de Metodologia do Ensino e Educação Comparada da Faculdade de
Educação da USP; Colaborador do Programa Folha Educação.
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fez entender que as análises necessárias nos lançam ao campo mais amplo
dos trabalhos com o jornal na educação, o que nos leva a tratar de questões
que certamente não estão restritas à experiência desenvolvida no Folha
Educação. De qualquer maneira, será a partir da análise deste Programa
específico que extrairemos as questões que necessitam aprofundamento; será
a partir do estudo teórico destas questões que buscaremos uma compreensão
mais ampla dos trabalhos desenvolvidos no campo do jornal na educação.
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Aidar, Flavia. Entrevista concedida em 10/12/98 no Instituto Cultural Itaú - SP, onde a educadora
exerce o cargo de Gerente de Projetos. O fato de os Programas serem desenvolvidos na área de Marketing
talvez revele um pouco dos motivos da ausência de argumentos, por parte da ANJ, no que se refere aos
aspectos pedagógicos dos Programas Jornal na Educação, já que nestes há pouco envolvimento de
profissionais dos setores do jornal mais voltados para a redação das matérias jornalísticas que para a
comercialização do produto. Na Folha de S.Paulo, o Programa ocorre no setor de Marketing Cultural.
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"Eu acho que as pessoas têm projetos hoje diferentes dos projetos que tinham
a 30, 40 anos ou há mais tempo ainda, mas as pessoas não são
essencialmente diferentes como seres humanos. Então, eu acho que essa
crítica à escola como algo parado no tempo, a crítica de que o mundo lá fora
muda e a escola nunca muda, não é pertinente. (...) A escola é o lugar onde
tem que haver equilíbrio entre projetos e valores; os projetos mudam e estão
ligados a transformações, a mudanças; mas todos os projetos são sustentados
por uma arquitetura de valores e, projetos estão para a transformação assim
como os valores estão para a conservação. A escola tem uma dimensão
34
Machado, Nilson José. Caderno de Sugestões de Atividades do Folha Educação - p.1
35
op. cit. p.13. Isso demonstra um pouco da escola e do professor brasileiros. O professor analisa o aluno
a partir da posse dos saberes escolares. A idéia de desenvolver trabalho educativo no qual os conteúdos e,
consequentemente, a avaliação dos alunos, levem em consideração conteúdos e objetivos diferentes
daqueles tradicionalmente trabalhados e desejados pela escola, exige certamente uma dose de reciclagem
na formação deste professor e até mesmo uma reformulação dos objetivos da escola.
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Entrevista realizada no Departamento de Metodologia do Ensino da Universidade de São Paulo em
15/12/98. Em seu texto intitulado "Sobre o ensino médio: máximas e mínimos" Machado observa que
"internamente e no planejamento curricular, a forma de organização linear é amplamente predominante na
organização do trabalho escolar, comprometendo-se muitas vezes desnecessariamente com uma fixação
relativamente arbitrária de pré-requisitos e com uma seriação excessivamente rígida, que responde em
grande parte pelos números inaceitáveis associados à repetência e à avasão escolar". Para a superação de
tal problema, Machado propõe a substituição - tanto nas relações interdisciplinares quanto no interior das
diversas disciplinas - de tais "cadeias lineares" pela "imagem alegórica de uma rede, de uma teia de
significações". Conclui observando que "não se pode pretender conhecer A para, então, poder-se
conhecer B ou C, ou X, ou Z, mas o conhecimento de A, a construção do significado de A faz-se a partir
das relações que podem ser estabelecidas entre A e B, C, X, G, ... e o resto do mundo". Machado, Nilson
José, Cidadania e Educação, Escrituras Editora . pp.140, 143.
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"O jornal, pela sua agilidade, pela permanente sintonia com a realidade
imediata, pelas características da linguagem que utiliza, pode constituir-se em
um instrumento fundamental para uma maior sintonia entre a escola e a
realidade." 38
37
A referência ao "texto" que aparece diversas vezes neste capítulo, deve-se a importância que atribuímos
a que o leitor identifique quando uma citação foi extraída do Caderno do Folha Educação ( o texto ) e
quando a citação foi extraída da entrevista ou de outra obra produzida por Machado. Tal identificação se
justifica pela importância de percebermos o quanto Machado fundamenta, com suas próprias idéias e
reflexões, o Folha Educação.
38
Caderno de Sugestões de Atividades do Folha Educação, p. 13. Em seu texto intitulado "Sobre livros
didáticos: quatro pontos", Machado observa que "os jornais , em diversos países, têm buscado sublinhar
suas possibilidades como recurso pedagógico, elaborando programas de utilização em sala de aula cujas
metas evidenciam certas limitações dos livros didáticos que não lhes são inteiramente intrínsecas,
decorrendo, em grande parte, da idéia de conhecimento, que necessitaria ser seriamente repensada".
Machado, Nilson José, Cidadania e Educação, Escrituras Editora . p. 121
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"Essa é uma coisa cada vez mais importante porque você vive uma avalanche
de dados desorganizados. Esses dados não conseguem nem se transformar
em informação para a gente, pois uma informação é mais que um dado; é
preciso haver alguém interessado em alguma coisa para um dado poder se
transformar em informação; às vezes, há um amontoado de dados sem
interessar a ninguém. Então, os jornais são veículos de informação
especialmente importantes; (...) o jornal de ontem ninguém quer mais ler, mas,
mesmo essa vida de um dia é muito maior do que da palavra falada da
televisão [ onde ] o nível de organização [ da informação ] é mais baixo. (...)
Mas não basta acumular informação para você ter conhecimento; precisa
39
haver conexão, organização, compreensão e o jornal analisa muito mais
do que a televisão. (...) O jornal é um instrumento importante nesse 'meio de
campo' entre os dados e as informações mas principalmente nesse 'meio de
campo' entre as informações e o conhecimento. É claro que o jornal não basta
e é claro que falar de conhecimento é falar da escola. Mas o jornal ajuda nesse
espaço entre a informação que circula, fragmentada e o conhecimento
organizado que se elabora na escola." 40
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Grifo nosso
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Entrevista realizada no Departamento de Metodologia do Ensino da Universidade de São Paulo em
15/12/98.
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que reverterá numa melhor compreensão daquilo com o que se está tomando
contato.
Machado entende que entre o conhecimento organizado que é
trabalhado na escola - e podemos pensar em sua reflexão anterior sobre a
necessidade de a escola reformular os conteúdos com os quais trabalha - e a
informação que circula fragmentada, a utilização do jornal pode ajudar. Por
tudo isso entendemos que, na visão de Machado, o aluno precisa de
informação organizada, precisa ter acesso àquelas informações de que
necessita ou pode necessitar para viver, para poder concretizar seus
interesses, algo que a escola, com sua estrutura e conseqüente visão do que é
necessário ensinar hoje, não oferece satisfatoriamente.
A idéia da necessidade da informação para a formação da pessoa é algo
bastante marcante nas palavras de Machado. Perguntado em que sentido
exatamente a informação é tão imprescindível e ainda sobre como a escola
pode trabalhar visando satisfazer essa suposta necessidade, Machado observa
que:
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Grifo nosso
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Grifo nosso
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Entrevista realizada no Departamento de Metodologia do Ensino da Universidade de São Paulo em
15/12/98.
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Entrevista realizada em 10/12/98 no Instituto Cultural Itaú - SP
45
Segundo o discurso empresarial, "para se integrar no contexto da época atual e exercer eficazmente um
papel na atividade econômica, o indivíduo tem que, no mínimo, saber ler, interpretar a realidade,
expressar-se adequadamente, lidar com conceitos científicos e matemáticos abstratos, trabalhar em grupos
na resolução de problemas relativamente complexos, entender e usufruir das potencialidades tecnológicas
do mundo que nos cerca. E, principalmente, precisa aprender a aprender, condição indispensável para
poder acompanhar as mudanças e avanços cada vez mais rápidos que caracterizam o ritmo da sociedade
moderna. Novas Tecnologias, Trabalho e Educação, Um debate multidisciplinar. Vários Autores. Editora
Vozes, 1994. Organizadores - Ferretti, Celso João ( e outros ), p.88
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"(...) o pior livro é melhor do que nenhum livro. Há jornais que servem de
exemplo; há jornais que servem de contra-exemplo e nesse sentido qualquer
jornal serve. É claro que, quando você está pensando nessa mediação que o
jornal faz da construção da realidade, nessa análise, nessa organização das
informações, na construção de imagens, na construção de versões, nessa
construção da realidade, é claro que as caricaturas, quanto mais
extravagantes, menos são úteis. Se você pega jornais que são pura
extravagância, isso serve de contra-exemplo, serve para mostrar caricaturas,
mas (...) a gente está querendo muito mais ver a construção da realidade do
que propriamente ficar dizendo que o jornal não presta. Qualquer um presta
mas escolher é bom."47
46
Entrevista concedida em 10/12/98 no Instituto Cultural Itaú - SP
47
Grifo nosso. Entrevista realizada no Departamento de Metodologia do Ensino da Universidade de São
Paulo em 15/12/98.
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Grifo nosso.
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Entrevista realizada no Departamento de Metodologia do Ensino da Universidade de São Paulo em
15/12/98.
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"O aprendizado reflexivo sobre o mundo e sobre a realidade que nos cerca
exige muita informação, porém, mais do que isso, exige organização e a
capacidade de reflexão sobre este universo de acontecimentos,
instrumentalizando o jovem, de maneira ágil, de modo que dele se aproprie e
seja capaz de responder aos desafios do presente." 50
50
Aidar, Flávia. Caderno de Sugestões de Atividades do Folha Educação, p. 8
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Esta é uma característica do jornal que necessariamente deve estar sendo aproveitada nas sugestões de
atividades para uso do jornal em sala de aula.
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O uso do Jornal como material educativo – Antonio Alberto Trindade – Mestrado – PUC/SP – 1999.
informação não se pode exercer a cidadania. Mas, vale dizer, nas palavras de
Flavia Aidar está sugerido que, sem formação, não é possível utilizar-se da
informação disponível.
"Eu acho que essa é uma perspectiva equivocada de formalizar a questão por
parte da mídia, do governo, da secretaria etc. A vida é disparada numa pessoa
a queima-roupa; você nasce. Não chega o momento em que você diz que está
preparado para se casar, para ter um filho. As coisas não são assim; não há
essa nitidez desse momento de estar preparado. Como diz Antonio Machado ‘o
caminho se faz caminhando’. Eu acho que a gente não tem que achar
professores ou alunos preparados ou despreparados; esses são os professores
que a gente têm, esses são os alunos que a gente têm, esse é o país que a
gente é, e se se está de acordo que o jornal é um instrumento fundamental,
vamos usar da forma possível com o que tem aí." 52
52
Entrevista realizada no Departamento de Metodologia do Ensino da Universidade de São Paulo em
15/12/98. Machado, freqüentemente atribui os diversos problemas do desempenho do professor às
precárias condições de trabalho que este enfrenta. No livro , Educação e Cidadania, contudo, mesmo não
atribuindo qualquer culpa ao professor no que se refere à escolha do livro didático de má qualidade,
observa que "a forma de utilização praticamente conduz à escolha de determinado livro, uma vez que
parece muito mais fácil entrar em sintonia com um autor que trilha caminhos conhecidos, que não cria
'dificuldades', não aumenta a carga de trabalho do já sobrecarregado professor, oferecendo, pelo contrário,
inúmeras facilitações de cunho supostamente pedagógico". Em outro texto também já citado aqui
intitulado "Sobre o ensino médio: máximas e mínimos" , Machado, discorrendo sobre a questão da
valorização da função docente, comenta que "a intenção tantas vezes afirmada [ pelo governo ] de
melhorar a remuneração apenas dos [ professores ] mais competentes ignora o fato indiscutível de que
professores competentes foram paulatinamente retirando-se da sala de aula, em processo contínuo que já
dura muitos anos". Machado, Nilson José - Cidadania e Educação, pp.112, 159. Escrituras Editora.
Machado parece optar sempre por tocar na questão das más condições de trabalho do professor brasileiro
quando o assunto é a crítica do trabalho deste profissional; mesmo que evite criticar o professor
diretamente, Machado aponta problemas que estão também diretamente ligados à formação deste.
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O uso do Jornal como material educativo – Antonio Alberto Trindade – Mestrado – PUC/SP – 1999.
possibilidade que ambos têm de utilizar um material como o jornal. Flavia Aidar,
fazendo considerações sobre a mesma questão, observa que o professor não
está preparado nem para dar aulas e que o jornal desestabiliza o professor
mal informado, pois é difícil para este trabalhar com o não-saber dele mesmo.53
TRUE $ GOOD
_____ _____
FALSE ? BAD
53
Entrevista concedida em 10/12/98 no Instituto Cultural Itaú - SP
54
Grifo nosso. Se há a intenção de romper de maneira competente com o apego dos professores aos
conteúdos programáticos, o Jornal deve propor atividades reconhecidas por tais profissionais como
verdadeiramente importantes e válidas. Para tanto, a participação dos mesmos na elaboração das
atividades com jornal pode ser algo fundamental.
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O uso do Jornal como material educativo – Antonio Alberto Trindade – Mestrado – PUC/SP – 1999.
Nesta parte, Machado expõe sua visão sobre a forma como o jornal é
apresentado ao leitor; uma forma que favorece a leitura e compreensão dos
conteúdos, dada a característica da informação jornalística, que une, num
mesmo espaço, diferentes tipos de texto ( manchetes, chamadas, resumos,
descrições, etc. ) junto à imagens e dados quantitativos. Ao falar de
“convergência das atenções”, Machado expressa a idéia de que o leitor pode,
55
Machado, Nilson José. Caderno de Sugestões de Atividades do Folha Educação - p.12. No livro
Matemática e Língua Materna de Nilson José Machado - Cortez Editora, o autor observa que "para
caracterizar a impregnação entre Matemática e a Língua Materna, referimo-nos inicialmente a um
paralelismo nas funções que desempenham, enquanto sistemas de representação da realidade, a uma
complementaridade nas metas que perseguem, o que faz com que a tarefa de cada uma das componentes
seja irredutível à da outra, e a uma imbricação nas questões básicas relativa ao ensino de ambas, o que
impede ou dificulta ações pedagógicas consistentes, quando se leva em consideração apenas uma das duas
disciplinas". P. 91. Como em todo este capítulo, o pensamento, ou idéias, de Machado mostra-se
plenamente presente na fundamentação que utiliza para justificar o uso do Jornal como material educativo
na escola.
37
O uso do Jornal como material educativo – Antonio Alberto Trindade – Mestrado – PUC/SP – 1999.
no jornal, decifrar mais rapidamente uma mensagem, visto que esta é a ele
apresentada a partir de mais de um recurso de comunicação.
"O jornal não substitui o livro didático. São funções diferentes. O livro não pode
virar caderno e nem jornal. O papel do livro é um, o papel do caderno é outro e
o papel do jornal é outro; não dá para reduzir um ao outro. A escola tem dentro
de si dois materiais didáticos muito importantes e irredutíveis um ao outro que
são o livro e o caderno. O livro didático representa uma forma mais ou menos
estável de registro dos conteúdos igual para todos os alunos e o caderno
significa um registro absolutamente pessoal. O livro é igual para todos, o
caderno, cada aluno tem o seu e cada professor organiza de uma forma. A
importância do caderno decresceu muito; chegou-se até ao ponto de
[ criarem ] aqueles livros57 em que os alunos tinham que escrever no livro o que
é uma corrupção da idéia de caderno, porque o caderno é um lugar para o
aluno escrever do seu modo pessoal e do modo característico do trabalho do
professor que está ali na classe, não é para ser uma coisa padronizada,
56
Caderno de Sugestões de Atividades do Folha Educação - p.15
57
A respeito da utilização do livro didático e do caderno, Machado observa que "a desconsideração de
que os materiais apresentam uma complementaridade verdadeiramente essencial (...) já conduziu , em
diferentes momentos , a desvios contraproducentes, como o que ocorreu com a emergência e a
disseminação dos livros 'consumíveis' ". Machado, Nilson José. Cidadania e Educação, Escrituras Editora,
p.111.
38
O uso do Jornal como material educativo – Antonio Alberto Trindade – Mestrado – PUC/SP – 1999.
que todos tenham que escrever a mesma palavra no mesmo lugar. (...) O
caderno é esse instrumento de conhecimento registrado e construído dessa
forma pessoal, e é fundamental para a construção da autonomia do aluno. Mas
ele pode acabar gerando algum tipo de dependência, ao contrário do que se
quer, se não houver essa mediação de coisas externas à relação entre o
professor e o aluno; então, acaba sendo uma dependência do aluno em
relação à palavra do professor. O livro, por outro lado, já significa a
autonomia; se eu preciso de alguma coisa, eu vou buscar no livro, vou estudar
lá sozinho. Entre essa individualidade do caderno e esse caráter geral do livro,
é que entra e é importante entrar o jornal. Porque o jornal é um material que
não tem o caráter de registro individual do caderno, mas ele não é para ser lido
como um livro; é para ser lido, interpretado; você concorda, discorda; você
não vai discordar do texto do livro porque aquilo ali é conhecimento organizado.
No jornal eu concordo, não concordo, debato." 58
58
Entrevista realizada no Departamento de Metodologia do Ensino da Universidade de São Paulo em
15/12/98. Embora Machado considere que o jornal não substitui o livro didático, observa que "o livro
didático precisa ter seu papel redimensionado, diminuindo-se sua importância relativamente a outros
instrumentos didáticos, como o caderno, seu par complementar, e outros materiais, de um amplo espectro
que inclui textos paradidáticos, não-didáticos, jornais, revistas, redes informacionais etc.". Observa ainda
que "a articulação de todos esses recursos, tendo em vista as metas projetadas para as circunstâncias
concretas vivenciadas por seus alunos, é uma tarefa da qual o professor jamais poderá abdicar e sem a
qual seu ofício perde muito de seu fascínio". Cidadania e Educação de Nilson José Machado, p.111.
Escrituras Editora, p. 112.
39
O uso do Jornal como material educativo – Antonio Alberto Trindade – Mestrado – PUC/SP – 1999.
59
Caderno de Atividades do Folha Educação, p. 15
40
O uso do Jornal como material educativo – Antonio Alberto Trindade – Mestrado – PUC/SP – 1999.
"O recurso aos jornais para atividades escolares não pode constituir-se em
alternativa para a utilização do texto literário". "Tanto a linguagem jornalística
quanto a literária apresentam características desejáveis de assimilação durante
a aprendizagem da língua corrente. Apresentá-las como alternativas exclusivas
60
Machado, Nilson José. Caderno de Sugestões de Atividades do Folha Educação - p. 16. Também a esse
respeito, em seu livro Cidadania e Educação, Machado observa que, "em um livro didático, de modo
geral, poucas vezes se consegue escapar da apresentação convencional, que distingue com nitidez o
momento da teoria do momento dos exercícios de aplicação; estes, por sua vez, quase sempre limitam-se
a problemas esteriotipados, onde também se distingue com nitidez os dados - sempre necessários e
suficientes para a resolução - dos pedidos, a serem determinados com a utilização dos dados". pp. 121,122
41
O uso do Jornal como material educativo – Antonio Alberto Trindade – Mestrado – PUC/SP – 1999.
"Não parece mero acaso o fato de existirem cada vez mais jornalistas
construindo obras literárias e literatos escrevendo regularmente em jornais".
61
Caderno de Sugestões de Atividades do Folha Educação - p.14
62
ibidem.
42
O uso do Jornal como material educativo – Antonio Alberto Trindade – Mestrado – PUC/SP – 1999.
"há 30 ou 40 anos, era muito mais simples o enquadramento do que ocorre fora
da escola no âmbito de cada uma das disciplinas. Hoje, elas multiplicaram-se,
subdividiram muitas vezes os seus objetos, conduzindo a uma aparência de
fragmentação tão grande no conhecimento sistematizado que tal
enquadramento parece cada vez mais difícil" (...). Conclui seu argumento
observando que ao representar a realidade, o jornal o faz de uma maneira
abrangente, sem recortá-la em segmentos com fronteiras bem nítidas, como a
escola o faz através das disciplinas. 64
63
Entrevista realizada no Departamento de Metodologia do Ensino da Universidade de São Paulo em
15/12/98.
64
Caderno de Sugestões de Atividades, p. 13
65
Entrevista realizada no Departamento de Metodologia do Ensino da Universidade de São Paulo em
15/12/98.
43
O uso do Jornal como material educativo – Antonio Alberto Trindade – Mestrado – PUC/SP – 1999.
"Os conteúdos têm que estar a serviço de metas maiores ligadas às pessoas.
As pessoas têm que ser capazes de ler diferentes linguagens, se expressar em
diferentes linguagens, as pessoas têm que ser capazes de articular coisas e
compreender, as pessoas têm que ser capazes de argumentar, defender
pontos de vista, de resolver problemas ( não de matemática ou de física ); as
pessoas têm que ser capazes de elaborar propostas e projetos de intervenção
na realidade. Essas são competências que se adquire através das disciplinas;
através das matérias; os conteúdos têm que estar a serviço disso. É com essas
competências que eu tenho que estar preocupado. O aluno tem que ser capaz
de defender pontos de vista, argumentar. Confiar na possibilidade de se chegar
a um acordo mas argumentando, com a palavra, esse é o instrumento. Se se
perde a confiança nisso, o que é que você vai fazer na escola ? A escola tem
que estar a serviço disso. Isso se aprende nas diversas disciplinas." 66
A idéia de que as pessoas "têm que ser capazes" de atingir algo nos
remete à discussão polêmica sobre objetivos educacionais. Como sabemos,
um dos grandes pontos de atrito no campo das concepções de educação
encontra-se justamente nesta questão, a saber, se são os educadores que
devem decidir - e de que forma - o que os educandos devem saber ou ser
capazes de desenvolver ou se os educadores devem definir seus propósitos
66
Entrevista realizada no Departamento de Metodologia do Ensino da Universidade de São Paulo em
15/12/98.
44
O uso do Jornal como material educativo – Antonio Alberto Trindade – Mestrado – PUC/SP – 1999.
67
Freire, Paulo. Pedagogia do Oprimido, p. 61
68
Bloom, Benjamin S., Taxionomia de Objetivos Educacionais. vol. 1 - Domínio Cognitivo. vol. 2 -
Domínio Afetivo. Editora Globo 1972. Traduzido do original norte-americano Taxionomy of Educational
Objectives, 1956 por Flávia Maria Santana da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
45
O uso do Jornal como material educativo – Antonio Alberto Trindade – Mestrado – PUC/SP – 1999.
69
Na relação verdadeira entre educador-educando, deve haver duas pessoas que se encontram com suas
experiências de vida, mantendo uma relação amorosa, dialogante, comunicadora. Wanderley, Luiz
Eduardo W., O que é Universidade, Editora Brasiliense, 1984, p.53
70
Freire, Paulo. Pedagogia do Oprimido, p. 69
46
O uso do Jornal como material educativo – Antonio Alberto Trindade – Mestrado – PUC/SP – 1999.
47
O uso do Jornal como material educativo – Antonio Alberto Trindade – Mestrado – PUC/SP – 1999.
entendido acho que a educação tem que visar muito mais essa formação
pessoal do sujeito do que a formação para o trabalho nesse sentido estrito." 71
71
Entrevista realizada no Departamento de Metodologia do Ensino da Universidade de São Paulo em
15/12/98.
72
Entrevista realizada no Departamento de Metodologia do Ensino da Universidade de São Paulo em
15/12/98.
48
O uso do Jornal como material educativo – Antonio Alberto Trindade – Mestrado – PUC/SP – 1999.
isso foi injetado no mundo do trabalho. Agora, eu acho que a gente está num
movimento mais ou menos em sentido contrário de se repensar a forma de
organização interna da escola a partir dessa reorganização no mundo do
trabalho. Mas na verdade as coisas estão muito misturadas hoje porque o
conhecimento se transformou no principal fator de produção; isso não é
retórica, é fato concreto." 73
73
Entrevista realizada no Departamento de Metodologia do Ensino da Universidade de São Paulo em
15/12/98.
49
O uso do Jornal como material educativo – Antonio Alberto Trindade – Mestrado – PUC/SP – 1999.
74
No Programa Folha Educação, as sugestões de atividades foram desenvolvidas pelos seguintes
colaboradores: Marice Ribenboim, Monique Deheinzelin e Regina Scarpa ( para 1ª a 4ª série ) e Nilson
José Machado, Maria José Godoy Pereira e Márcia Vescovi Fortunato ( para 5ª a 8ª série ). Nilson José
Machado nos informou que ele elaborou todas as atividades da disciplina Língua Portuguesa para 5ª a 8ª
série, além das atividades de Matemática. Entrevista realizada na USP em 15/12/98.
50
O uso do Jornal como material educativo – Antonio Alberto Trindade – Mestrado – PUC/SP – 1999.
CAPÍTULO 3
75
No caderno de Sugestões de Atividades há pouco mais de 40 sugestões de atividades, mas algumas
delas se repetem. Assim sendo, as 40 atividades que analisamos representam 100 % das propostas.
76
Segundo Nilson José Machado, "os Cadernos [ de sugestões de atividades ] são simples exemplos de
formas de utilização; exemplos de modos de exploração da matéria jornalística na sala de aula.
Entrevista realizada no Departamento de Metodologia do Ensino da Universidade de São Paulo em
15/12/98.
51
O uso do Jornal como material educativo – Antonio Alberto Trindade – Mestrado – PUC/SP – 1999.
52
O uso do Jornal como material educativo – Antonio Alberto Trindade – Mestrado – PUC/SP – 1999.
53
O uso do Jornal como material educativo – Antonio Alberto Trindade – Mestrado – PUC/SP – 1999.
54
O uso do Jornal como material educativo – Antonio Alberto Trindade – Mestrado – PUC/SP – 1999.
77
Quanto à primeira frase de Dimenstein, vale dizer que o uso do jornal não impede que o ensino seja
abstrato; assim como a ausência do jornal não implica, necessariamente, em ensino abstrato. Há
certamente outros fatores que interferem nesta questão como, por exemplo, a formação do professor e sua
consciência e habilidade ao tratar com os conteúdos curriculares. Na segunda frase devemos observar
que para a prática da cidadania, além da posse da informação é preciso que a pessoa tenha consciência do
que fazer com ela, algo que coloca a questão num plano mais profundo. Na terceira frase, vale observar
que, a informação não garante a liberdade, mesmo que seja um elemento fundamental para a conquista
desta. Caderno de Sugestões de Atividades, pp. 6,7,8.
55
O uso do Jornal como material educativo – Antonio Alberto Trindade – Mestrado – PUC/SP – 1999.
vida, como instrumento que o possibilita saber o que está acontecendo e a agir
com base nas informações que obtém.
56
O uso do Jornal como material educativo – Antonio Alberto Trindade – Mestrado – PUC/SP – 1999.
57
O uso do Jornal como material educativo – Antonio Alberto Trindade – Mestrado – PUC/SP – 1999.
58
O uso do Jornal como material educativo – Antonio Alberto Trindade – Mestrado – PUC/SP – 1999.
Resultados da análise:
1 2 3 4 5 6 7 8 9
1 1 2 2 2 2 2 2 1 2 2
78
Caderno de Sugestões de Atividades do Folha Educação - 5ª a 8ª série, p.22
79
op. cit. p.23
59
O uso do Jornal como material educativo – Antonio Alberto Trindade – Mestrado – PUC/SP – 1999.
Resultados da análise:
1 2 3 4 5 6 7 8 9
1 1 1 2 2 2 2 1 2 2
80
Caderno de Sugestões de Atividades do Folha Educação - 5ª a 8ª série, p.24
60
O uso do Jornal como material educativo – Antonio Alberto Trindade – Mestrado – PUC/SP – 1999.
Resultados da análise:
1 2 3 4 5 6 7 8 9
1 1 2 2 2 2 2 2 1 1
Material Proposto: Texto "92% de esgoto brasileiro é jogado nos rios" ( Folha
de S.Paulo, 3/2/93 )82.
Resultados da análise:
1 2 3 4 5 6 7 8 9
2 2 2 2 2 2 2 1 2 1
81
Caderno de Sugestões de Atividades do Folha Educação - 5ª a 8ª série, p.26
82
Na atividade foi proposto este texto específico, mas pelas suas características, julgamos que poderia ser
utilizado qualquer texto que envolva a representação com porcentagens.
83
op. cit. p.27
61
O uso do Jornal como material educativo – Antonio Alberto Trindade – Mestrado – PUC/SP – 1999.
Resultados da análise:
1 2 3 4 5 6 7 8 9
2 2 1 2 2 2 2 1 2 1
Resultados da análise:
1 2 3 4 5 6 7 8 9
2 2 2 2 2 2 2 1 1
84
Na atividade foi proposto este texto específico, mas pelas suas características, julgamos que poderia ser
utilizado qualquer texto com informações que possibilitem a formulação de problemas.
85
Caderno de Sugestões de Atividades do Folha Educação - 5ª a 8ª série, p.28
62
O uso do Jornal como material educativo – Antonio Alberto Trindade – Mestrado – PUC/SP – 1999.
Resultados da análise:
1 2 3 4 5 6 7 8 9
1 1 2 1 2 2 2 2 1 2 1
Resultados da análise:
1 2 3 4 5 6 7 8 9
1 1 2 1 2 1 2 2 1 2 1
86
Caderno de Sugestões de Atividades do Folha Educação - 5ª a 8ª série, p.29
87
op. cit. p.31
63
O uso do Jornal como material educativo – Antonio Alberto Trindade – Mestrado – PUC/SP – 1999.
Resultados da análise:
1 2 3 4 5 6 7 8 9
1 1 2 1 2 1 2 2 1 2 1
88
Caderno de Sugestões de Atividades do Folha Educação - 5ª a 8ª série, p.32
89
op. cit. p.33
64
O uso do Jornal como material educativo – Antonio Alberto Trindade – Mestrado – PUC/SP – 1999.
Resultados da análise:
1 2 3 4 5 6 7 8 9
1 1 2 1 2 2 2 2 1 2 2
Resultados da análise:
1 2 3 4 5 6 7 8 9
2 2 2 2 2 2 2 1 1
Ler matéria jornalística, calcular seu custo com base nos valores praticados
pelo jornal Folha de S.Paulo para anúncios classificados e reescrevê-la com
menor número de palavras.
90
Caderno de Sugestões de Atividades do Folha Educação - 5ª a 8ª série, p.34
91
op. cit. p.41
65
O uso do Jornal como material educativo – Antonio Alberto Trindade – Mestrado – PUC/SP – 1999.
Resultados da análise:
1 2 3 4 5 6 7 8 9
1 2 2 2 2 2 2 1 1
Resultados da análise:
1 2 3 4 5 6 7 8 9
1 1 2 1 2 2 2 2 1 1
92
Caderno de Sugestões de Atividades do Folha Educação - 5ª a 8ª série, p.42. Na proposta faz-se
referência à característica deste tipo de matéria jornalística que, obrigada pelo leitor, é redigida com maior
isenção do que a de uma agência de viagens.
93
op. cit. p.43. O Caderno observa que a não pretensão da neutralidade do texto jornalístico não
significa falha técnica ou de caráter; observa que a intenção do autor por mais dissimulada que seja,
sempre está presente no produto final.
66
O uso do Jornal como material educativo – Antonio Alberto Trindade – Mestrado – PUC/SP – 1999.
Resultado da análise:
1 2 3 4 5 6 7 8 9
1 1 1 2 1 2 1 1 2 1
Resultados da análise:
1 2 3 4 5 6 7 8 9
1 2 1 2 2 2 1 1 2 1
94
Caderno de Sugestões de Atividades do Folha Educação - 5ª a 8ª série, p.44
95
op. cit. p.45
67
O uso do Jornal como material educativo – Antonio Alberto Trindade – Mestrado – PUC/SP – 1999.
Resultados da análise:
1 2 3 4 5 6 7 8 9
1 1 1 2 1 2 1 1 2 1
Objetivo: Fazer análise atenta de termos que têm significados mais amplos que
os que conhecemos com a aprendizagem da língua escrita97.
Resultados da análise:
1 2 3 4 5 6 7 8 9
1 1 1 2 2 2 2 1 2 1
96
Caderno de Sugestões de Atividades do Folha Educação - 5ª a 8ª série, p.46
97
O Caderno trabalha com texto que trata do termo "analfabeto" que, "tem sido transferido
analogicamente, em tempos recentes, para áreas que não têm a ver de modo direto com o alfabeto ou com
a aprendizagem da língua escrita ( fala-se de analfabetismo matemático )".
98
op. cit. p.47
68
O uso do Jornal como material educativo – Antonio Alberto Trindade – Mestrado – PUC/SP – 1999.
Resultados da análise:
1 2 3 4 5 6 7 8 9
1 1 2 1 2 1 2 1 1 2 1
Resultados da análise:
1 2 3 4 5 6 7 8 9
1 1 1 2 2 2 1 2 1
99
Caderno de Sugestões de Atividades do Folha Educação - 5ª a 8ª série, p.48
100
op. cit. p.49
69
O uso do Jornal como material educativo – Antonio Alberto Trindade – Mestrado – PUC/SP – 1999.
Resultados da análise:
1 2 3 4 5 6 7 8 9
2 1 2 1 2 2 2 2 1 2 1
Resultados da análise:
1 2 3 4 5 6 7 8 9
1 1 2 1 2 2 2 2 1 2 1
101
Caderno de Sugestões de Atividades do Folha Educação - 5ª a 8ª série, p.50- O Caderno traz como
exemplo alguns títulos: " Cofap corta caciques e acaba com os prejuízos; Haddad quer 'âncora' na
economia; Fifa autoriza no Japão teste da 'morte súbita'."
70
O uso do Jornal como material educativo – Antonio Alberto Trindade – Mestrado – PUC/SP – 1999.
Ler texto jornalístico que trate de temas complexos que sempre vêm a baila e
travar discussões em grupo a partir de fragmentos significativos do mesmo
visando a explorar o tema.
Resultados da análise:
1 2 3 4 5 6 7 8 9
1 1 2 1 2 2 2 2 1 2 2
Resultados da análise:
1 2 3 4 5 6 7 8 9
1 1 1 2 2 2 2 1 2 2
102
Caderno de Sugestões de Atividades do Folha Educação - 5ª a 8ª série, p.52
103
op. cit. p.53 . A foto utilizada como exemplo mostra uma mulher fotografada de biquíni tomando sol
na sacada de seu apartamento; a partir desta, faz-se a reflexão sobre privacidade.
71
O uso do Jornal como material educativo – Antonio Alberto Trindade – Mestrado – PUC/SP – 1999.
Resultados da análise:
1 2 3 4 5 6 7 8 9
1 1 2 1 2 2 2 2 1 2 2
104
Caderno de Sugestões de Atividades do Folha Educação - 5ª a 8ª série, p.58
105
op. cit. p.59
106
Estamos chamando de material indireto aquele que pode servir como ilustração para introduzir ou
aprofundar estudos e reflexões sobre um outro tema qualquer.
72
O uso do Jornal como material educativo – Antonio Alberto Trindade – Mestrado – PUC/SP – 1999.
Resultados da análise:
1 2 3 4 5 6 7 8 9
1 2 1 2 2 2 2 1 2
Material Proposto: Matérias que tratam do assunto de cada uma das datas
comemoradas.
Resultados da análise:
1 2 3 4 5 6 7 8 9
2 2 1 2 2 2 2 1 2
107
Caderno de Sugestões de Atividades do Folha Educação - 5ª a 8ª série, p.60
108
op. cit. p.61
73
O uso do Jornal como material educativo – Antonio Alberto Trindade – Mestrado – PUC/SP – 1999.
Resultados da análise:
1 2 3 4 5 6 7 8 9
1 1 1 2 2 2 2 1 2 2
Resultados da análise:
1 2 3 4 5 6 7 8 9
1 1 1 1 1 2 2 2 2
109
Caderno de Sugestões de Atividades do Folha Educação - 5ª a 8ª série, p.62
74
O uso do Jornal como material educativo – Antonio Alberto Trindade – Mestrado – PUC/SP – 1999.
Resultados da análise:
1 2 3 4 5 6 7 8 9
1 1 2 1 1 1 2 2 1 2 1
110
Caderno de Sugestões de Atividades do Folha Educação - 5ª a 8ª série, p.63- O Caderno propõe que se
explore, por exemplo, questões referentes à Renda per capita, PIB/PNB, Reservas internacionais etc.
111
op. cit. p.64
75
O uso do Jornal como material educativo – Antonio Alberto Trindade – Mestrado – PUC/SP – 1999.
Resultados da análise:
1 2 3 4 5 6 7 8 9
2 1 1 2 2 2 2 1 2 2
Resultados da análise:
1 2 3 4 5 6 7 8 9
1 2 1 1 2 2 2 1 2 2
112
Caderno de Sugestões de Atividades do Folha Educação - 5ª a 8ª série, p.65
76
O uso do Jornal como material educativo – Antonio Alberto Trindade – Mestrado – PUC/SP – 1999.
Resultados da análise:
1 2 3 4 5 6 7 8 9
1 1 1 1 1 2 1 2 2
Resultados da análise:
1 2 3 4 5 6 7 8 9
1 1 1 2 2 2 1 1 2 1
113
Caderno de Sugestões de Atividades do Folha Educação - 5ª a 8ª série, p.66
114
op. cit. p.67
77
O uso do Jornal como material educativo – Antonio Alberto Trindade – Mestrado – PUC/SP – 1999.
Resultados da análise:
1 2 3 4 5 6 7 8 9
2 2 1 1 2 2 2 1 2 2
115
Caderno de Sugestões de Atividades do Folha Educação - 5ª a 8ª série, p.72
116
op. cit. p.73
78
O uso do Jornal como material educativo – Antonio Alberto Trindade – Mestrado – PUC/SP – 1999.
Resultados da análise:
1 2 3 4 5 6 7 8 9
1 2 1 2 2 2 2 1 2
Resultados da análise:
1 2 3 4 5 6 7 8 9
1 2 1 2 2 2 2 1 2
117
Caderno de Sugestões de Atividades do Folha Educação - 5ª a 8ª série, p.75
118
op. cit. p.77
79
O uso do Jornal como material educativo – Antonio Alberto Trindade – Mestrado – PUC/SP – 1999.
Resultados da análise:
1 2 3 4 5 6 7 8 9
1 1 2 1 1 1 2 2 1 2 2
Resultados da análise:
1 2 3 4 5 6 7 8 9
2 2 2 2 2 2 2 1 2
119
Caderno de Sugestões de Atividades do Folha Educação - 5ª a 8ª série, p.78
120
op. cit. p. 80
80
O uso do Jornal como material educativo – Antonio Alberto Trindade – Mestrado – PUC/SP – 1999.
Resultados da análise:
1 2 3 4 5 6 7 8 9
2 2 2 2 2 2 2 1 2
Resultados da análise:
1 2 3 4 5 6 7 8 9
2 1 2 1 2 2 2 2 1 2 2
121
Caderno de Sugestões de Atividades do Folha Educação - 5ª a 8ª série, p.81
81
O uso do Jornal como material educativo – Antonio Alberto Trindade – Mestrado – PUC/SP – 1999.
82
O uso do Jornal como material educativo – Antonio Alberto Trindade – Mestrado – PUC/SP – 1999.
122
Esta informação não está expressa na tabela que apresentamos, mas pode ser constatada mediante
leitura do total das orientações contidas nos Cadernos para a realização das atividades.
83
O uso do Jornal como material educativo – Antonio Alberto Trindade – Mestrado – PUC/SP – 1999.
123
As porcentagens não somam os 100% porque os dados se sobrepõem na medida em que identificamos
ambos os vínculos - com a informação e com os conteúdos curriculares - numa atividade.
124
Esta afirmação pode ser perfeitamente constatada se o leitor fizer, ele próprio, a leitura das atividades e
submetê-las a esta categoria de análise. Por outro lado, nossa afirmação encontra sua confirmação nos
resultados que obtivemos com as análises sobre a importância da atualidade da matéria utilizada nas
atividades, sobre a interação do aluno com a realidade social cotidiana e sobre a exigência de
acompanhamento dos desdobramentos do assunto.
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85
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125
As porcentagens não somam os 100% porque os dados se sobrepõem na medida em que identificamos
ambos os objetivos - pedagógico e cultural - numa atividade.
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Comentários
126
A Taxionomia de Bloom nos parece, em diversos aspectos, tão polêmica que temos que considerá-la
como importante para ilustrar o oposto daquilo que defendemos em educação neste campo dos objetivos
educacionais. Vale dizer ainda que, a importância da Taxionomia de Bloom está também no fato de ela
estar servindo como referência a muitos de nossos educadores, o que revela a situação complicada em que
se encontra a educação brasileira. Não caberia aprofundar as reflexões sobre o tema "Objetivos
Educacionais" aqui, visto que não estamos nos propondo a analisar os resultados educativos do Folha
Educação; a continuidade da pesquisa, contudo, necessitará de uma tal reflexão e, neste caso, conhecer
profundamente a Taxionomia de Bloom é algo fundamental. Fica, contudo, a indicação bibliográfica e
nossa observação de que para a elaboração de atividades de qualquer tipo na escola, a reflexão sobre os
objetivos educacionais deve estar em primeiro plano.
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CAPÍTULO 4
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
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De fato, temos diversas empresas jornalísticas, cada uma com sua linha
editorial e com seu produto; alguns destes são bastante semelhantes, num
sentido geral, ao que nos tem servido como objeto de análise; mas a grande
variedade de jornais disponíveis no mercado nos leva a indagar se todos
servem como material educativo.
91
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127
Gramsci, Antonio. Os intelectuais e a Organização da Cultura, p. 163
128
ibidem
92
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129
Gramsci, Antonio. Concepção Dialética da História, p. 32
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94
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130
Gruppi, Luciano. O Conceito de Hegemonia em Gramsci - tradução Carlos Nelson Coutinho, 2ª
edição, p.1. O termo hegemonia deriva do grego eghestai, que significa "conduzir", "ser guia", "ser líder";
ou também do verbo eghemoneuo, que significa " ser guia", "preceder", conduzir, e do qual deriva " estar
à frente", "comandar" , "ser o senhor". Por eghemonia, o antigo grego entendia a direção suprema do
exército. Trata-se, portanto, de um termo militar. Hegemônico era o chefe militar, o guia e também o
comandante do exército. Na época das guerras de Peloponeso, falou-se de cidade hegemônica para indicar
a cidade que dirigia a aliança das cidades gregas em luta entre si.
131
Sobre esta questão devemos considerar que, mesmo quando um dado jornal abre espaço para as mais
diferentes manifestações culturais, a freqüência, volume, setor do jornal, destaque etc. com que se
apresentam revelam um pouco do domínio da visão de mundo do editor ou do grupo social ao qual
pertence. Por outro lado, o valor da informação para o exercício crítico não depende apenas da ocorrência
do aparecimento de visões opostas ou divergentes num jornal, sobretudo se pensarmos que, estar
informado, gera a necessidade de se informar mais e melhor, o que freqüentemente leva aquele que
passa a fazer uso crítico da informação a procurar novas fontes para melhor se inteirar dos temas de seu
interesse ou sobre os quais a abordagem que encontrou em determinado produto jornalístico não lhe
satisfez por algum motivo.
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132
Gramsci, Antonio, Concepção Dialética da História, p. 34
96
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133
Wolf, Mauro - Teorias da Comunicação, Editorial Presença - Portugal - 1995. Esta teoria associa os
conteúdos dos mass-media ao objetivo de controle social, perseguido pelas classes dominantes. Segundo
tal teoria, a censura de certos temas, o empolamento de outros, a existência de mensagens evasivas, a não-
legitimação das opiniões marginais ou alternativas, são alguns dos elementos que fazem dos mass-media
um instrumento, puro e simples, de hegemonia e de conspiração da elite no poder. pp 97, 98.
134
Outra teoria no campo da communication research cuja preocupação central está em identificar de que
forma se articulam as relações entre o sistema dos mass-media e as outras estruturas e instituições sociais
e em entender que reflexos dessa relação se produzem no funcionamento e nos confrontos dos mass-
media. Wolf, Mauro. Teorias da Comunicação, p. 96.
97
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135
op. cit. p. 98
136
op. cit. p. 110. Esta teoria salienta que, os efeitos e as funções sociais dos mass-media não podem
prescindir do modo como se articula, dentro da relação comunicativa, o mecanismo de reconhecimento e
de atribuição de sentido, que é parte essencial desta relação.
137
ibidem
138
ibidem
139
ibidem
98
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140
Wolf, Mauro. Teorias da Comunicação, pp. 110, 111
141
op. cit. p. 130.
142
ibidem
99
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143
op. cit. p. 132. A necessidade e importância de pensar o fator realidade cotidiana via mídia como
elemento constitutivo da experiência de vida é bastante grande hoje, sobretudo para quem trabalha com
educação. Necessitamos pensar o que a informação vivida - aquela que o homem de senso comum
absorve como mais um dos elementos do seu cotidiano - representa para este homem do ponto de vista
educativo. No caso do aprofundamento das reflexões neste campo do Jornal na Educação, pode-se
analisar um possível processo educativo a partir da informação vivida ou no qual ela é também um
elemento “simples” da realidade do homem de senso comum. Aqui estaríamos nos aproximando do
trabalho de Paulo Freire, na medida em que estaríamos tratando de uma realidade ( a conexão
homem/mundo via relação mídia/homem ) da qual poderíamos partir para, quem sabe, entender quais são
os elementos concretos dos quais, como na proposta de Paulo Freire, extrairíamos possíveis “temas
geradores”. Assim como no chamado Método Paulo Freire parte-se de procedimentos pedagógicos
fundados na realidade vivida do educando, pode-se pensar neste mesmo procedimento a partir dos novos
elementos de realidade vivida proporcionados pela mídia. Tal reflexão torna-se ainda mais importante na
medida em que a proposta do projeto que estamos analisando pretende levar para a sala de aula uma
realidade que representa para os educandos aquilo do que participam - vivem - indiretamente, por
estarem inseridos numa realidade mais ampla que a do bairro ou da cidade onde moram, mas que, mesmo
assim, os influencia e influencia suas vidas.
144
Grifo nosso.Wolf, Mauro. Teorias da Comunicação, p. 140,141. Os dados da pesquisa resultam de 111
entrevistas e de uma análise de conteúdo da cobertura informativa do tema "economia" nas três estações
de televisão nacional [ EUA ], em dois jornais diários de Minneapolis e nos semanários Times e
Newsweek, durante um período de três semanas.
100
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101
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"A questão fundamental (...) está em que, faltando aos homens uma
compreensão crítica da totalidade em que estão, captando-a em pedaços nos
quais não reconhecem a interação constituinte da mesma totalidade, não
podem conhecê-la. E não o podem porque, para conhecê-la, seria necessário
partir do ponto inverso. Isto é, lhes seria indispensável ter antes a visão
totalizada do contexto para, em seguida, separarem ou isolarem os elementos
ou as parcialidades do contexto, através de cuja cisão voltariam com mais
145
O método de que falamos não pode ser confundido com a capacidade de exercer determinadas
habilidades genéricas. Implica a chamada "boa formação". Só a partir do domínio de conteúdos
significativos em diferentes campos e da habilidade de trazê-los à tona, o educando poderá fazer um uso
importante da informação que obtiver por meio de qualquer material.
102
O uso do Jornal como material educativo – Antonio Alberto Trindade – Mestrado – PUC/SP – 1999.
146
Freire, Paulo. Pedagogia do Oprimido, p. 96
147
op. cit. pp. 62,63. Segundo Paulo Freire, "a concepção 'bancária' (...) sugere uma dicotomia inexistente
homens-mundo. Homens simplesmente no mundo e não com o mundo e com os outros. Homens
espectadores e não recriadores do mundo. Concebe a sua consciência como algo espacializado neles e não
aos homens como 'corpos conscientes'. A consciência como se fosse alguma seção 'dentro' dos homens,
mecanicamente compartimentada, passivamente aberta ao mundo que a irá 'enchendo' de realidade. Uma
consciência continente a receber permanentemente os depósitos que o mundo lhe faz, e que se vão
transformando em seus conteúdos. Como se os homens fossem uma presa do mundo e este um eterno
caçador daqueles, que tivesse por distração 'enchê-los' de pedaços seus".
148
Pedagogia do Oprimido, p. 118. Lima, Venício Artur , em sua tese de Doutorado - Comunicação e
Cultura, As idéias de Paulo Freire - publicado pela editora Paz e Terra em 1981, aponta "áreas problema"
contidas nas idéias de Paulo Freire sobre comunicação e cultura. Ele observa que: "uma crítica comum à
tradição dialógica é de que esta 'parece encarar a comunicação oral face-a-face como requisito do
diálogo', julgando que é improvável que ela possa ocorrer por escrito ou através dos 'mass-media' . Tal
como Mournier, ele [ Paulo Freire ] foi acusado de não ser sociológico, focalizando as pessoas ao invés
das instituições. Neste sentido, Freire, de certa maneira, compartilha tanto com a tradição dialógica como
com Mournier o mesmo tipo de debilidade teórica" . (...) "Quanto ao tratamento teórico das instituições
dos 'mass-media' e suas mensagens, não há indicações claras sobre o assunto nas idéias de Freire sobre
comunicação e cultura". pp. 125,126. Uma análise mais profunda apenas das idéias de Freire aqui
apresentadas nos sugere que as críticas acima expostas devem, no mínimo, ser revistas.
103
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149
Uso para o qual o peso do conteúdo da matéria utilizada é nulo ou indiferente.
104
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150
Gramsci, Antonio. Os intelectuais e a Organização da Cultura, p. 164. Segundo Gramsci, "é dever da
atividade jornalística ( em suas várias manifestações ) seguir e controlar todos os movimentos e centros
intelectuais que existem e se formam num país (...) com a exclusão apenas dos que tem um caráter
arbitrário e amalucado" Gramsci observa, contudo, que " mesmo estes [ últimos ] com o tom que
merecem, devem pelo menos ser registrados".
105
O uso do Jornal como material educativo – Antonio Alberto Trindade – Mestrado – PUC/SP – 1999.
para uma prática jornalística bem estruturada. O texto, contudo, é uma busca
do comprometimento deste meio de comunicação com a elevação da cultura, o
que expressa a visão do autor quanto ao significado do produto jornal para a
sociedade. A preocupação do autor quanto à elaboração do jornal remete à
sua intenção de estruturá-lo para uso educativo. Neste sentido, diz Gramsci:
" Uma revista, como um jornal, como um livro, como qualquer outro modo de
expressão didática que seja planejado tendo em vista uma determinada média
de leitores, de ouvintes, etc. de público, não pode contentar a todos na mesma
medida, ser igualmente útil a todos; o importante é que seja um estímulo para
todos." 151
151
Gramsci, Antonio, Os Intelectuais e a Organização da Cultura - p. 180
106
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152
Gramsci, Antonio - Os Intelectuais e a Organização da Cultura, p. 175
153
op. cit. p. 171
154
op. cit. p. 163
107
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Ano: 1995
Livros inscritos: 466
Excluídos: 80
Recomendados com ressalvas: 42
Recomendados: 63
Não recomendados: 281
Ano: 1996
Livros inscritos: 454
Excluídos: 76
Recomendados com ressalvas: 101
Recomendados: 47
Não recomendados: 211
155
Fonte: Secretaria de Ensino Fundamental
156
Sobre as avaliações que o Governo faz dos livros didáticos, Nilson José Machado observa que
"Consideramos medidas desta estirpe francamente inoportunas, estando destinadas apenas a aumentar
ainda mais os problemas existentes no setor. Já existem instrumentos e foros adequados para a gestação
nas transformações relativas à produção e à forma de utilização do livro didático". Educação e Cidadania,
p.124
108
O uso do Jornal como material educativo – Antonio Alberto Trindade – Mestrado – PUC/SP – 1999.
157
Sugerimos uma estatística semelhante relativamente às versões apresentadas por um determinado
jornal, revista ou outro material qualquer, que seja ou possa ser utilizado na escola, sobre um determinado
fenômeno, à luz da história ou da ciência. Isso nos possibilitaria verificar a existência ou não de outras
possíveis "fontes dos erros".
109
O uso do Jornal como material educativo – Antonio Alberto Trindade – Mestrado – PUC/SP – 1999.
158
Grifo nosso. Na citação seguinte, Gramsci se referirá a estas mesmas exposições, tratando do aspecto
metodológico que deverá orientá-las.
159
Gramsci, Antonio - Os Intelectuais e a Organização da Cultura, pp. 170, 171
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160
Gramsci, Antonio - Os Intelectuais e a Organização da Cultura, p. 171
161
Caderno de Sugestões de Atividades do Folha Educação. p. 15
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Caderno de Sugestões de Atividades do Folha Educação. p. 16
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O jornal serve como material educativo não havendo nada que possa
desqualificá-lo em comparação com outros materiais educativos conhecidos e
tradicionalmente utilizados na escola. É um material de características próprias
que deve ser utilizado de uma maneira específica. Serve como o produto
cultural que representa, como portador de conteúdos específicos desejáveis
para o desenvolvimento de processo educativo e como material que pode
ampliar as possibilidades de abordagem dos mais diversos conteúdos
curriculares já trabalhados na escola.
Não será possível às empresas jornalísticas, contudo, sensibilizarem
professores e alunos para o uso adequado do jornal na sala de aula se a
proposta não puder ser apresentada a estes - principalmente aos professores -
pela via da reflexão pedagógica e filosófica - o campo das concepções de
educação. Mesmo que o professor aceite o desafio de trabalhar com o novo
material sem desenvolver reflexões como estas, terá que fazê-las sozinho ou,
se puder, com os colegas mais próximos e igualmente interessados, já que o
uso do jornal interfere nas dinâmicas tradicionais de trabalho desenvolvidas na
escola. Não há como fugir disso. Mesmo que fizer tais reflexões, não há como
expô-las à avaliação de outros e sistematizá-las se não houver planejamento
por parte da escola ou da empresa jornalística prevendo isso. Não há trabalho
ou proposta nova que resista à falta de planejamento destinado a pensá-lo e
reformulá-lo permanentemente com base nas necessidades. No caso dos
programas Jornal na Educação, os mesmos podem vingar como iniciativa do
jornal, mas podem pouco representar para o setor da educação se funcionarem
sem fundamentos pedagógicos fortes capazes de sustentar sua validade
educativa. O trabalho com jornal pode se tornar alvo fácil de críticas de todos
os tipos se não houver justificativas fortes e profundas sobre sua validade; tal
justificativa só existirá se houver um acompanhamento daquilo que o professor
desenvolve em sala de aula. Um acompanhamento significativo e adequado só
pode ocorrer, contudo, se houver incentivo ao professor para que além de
trabalhar com o jornal, o mesmo faça um trabalho concomitante de pesquisa
113
O uso do Jornal como material educativo – Antonio Alberto Trindade – Mestrado – PUC/SP – 1999.
sobre tal uso. O professor, envolvido num processo deste tipo e sendo
valorizado em sua participação, poderá ser o elemento central para a
construção da fundamentação pedagógica no campo do uso do jornal na sala
de aula.
Por fim, queremos reiterar a necessidade de que os programas Jornal
na Educação sejam elaborados mediante profunda reflexão, por parte dos
organizadores/coordenadores do Jornal, sobre educação. Consideramos
fundamental que os programas sejam assistidos por cada um dos responsáveis
dos vários setores do jornal e não apenas por aqueles ligados ao setor de
Marketing. Não há, a nosso ver, outra maneira de transferir para a atividade da
sala de aula o conhecimento e possibilidades do uso do jornal vislumbrada por
aqueles que, pela experiência que adquiriram em determinado setor do jornal,
têm melhores condições de propor e avaliar atividades utilizando os vários
conteúdos que um jornal traz. Entendemos também que, mais que desejável, é
imprescindível que a escola reflita junto às empresas jornalísticas sobre as
melhores maneiras de utilizar o produto em sala de aula. Os profissionais da
escola devem ser melhor informados, sensibilizados e preparados para utilizar
o material e isso só poderá ser feito, a nosso ver, se forem estruturados grupos
envolvendo professores, pedagogos, jornalistas e outros profissionais
interessados com a finalidade de discutir as possibilidades e importância do
uso do jornal na escola.
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O uso do Jornal como material educativo – Antonio Alberto Trindade – Mestrado – PUC/SP – 1999.
BIBLIOGRAFIA
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__________. Paulo Freire - Uma Bibliografia. São Paulo, Cortez Editora, 1996
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O uso do Jornal como material educativo – Antonio Alberto Trindade – Mestrado – PUC/SP – 1999.
NIDELCOFF, Maria Teresa. Uma Escola Para o Povo. São Paulo, Brasiliense,
1978.
Revista da Faculdade de Educação da USP, Volume 19, nº1. São Paulo, 1993.
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O uso do Jornal como material educativo – Antonio Alberto Trindade – Mestrado – PUC/SP – 1999.
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