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O documento discute a preparação profissional no curso de Educação Física. Apresenta como o mercado de trabalho sofreu mudanças, exigindo maior flexibilidade dos profissionais. Destaca que estágios, práticas e extensão são importantes para ligar teoria e prática. Também aborda a regulamentação da profissão e a importância da organização profissional para a qualidade dos serviços.
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Titolo originale
ANTUNES, Alfredo - Mercado de trabalho e educação física - aspectos da preparação profissional
O documento discute a preparação profissional no curso de Educação Física. Apresenta como o mercado de trabalho sofreu mudanças, exigindo maior flexibilidade dos profissionais. Destaca que estágios, práticas e extensão são importantes para ligar teoria e prática. Também aborda a regulamentação da profissão e a importância da organização profissional para a qualidade dos serviços.
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O documento discute a preparação profissional no curso de Educação Física. Apresenta como o mercado de trabalho sofreu mudanças, exigindo maior flexibilidade dos profissionais. Destaca que estágios, práticas e extensão são importantes para ligar teoria e prática. Também aborda a regulamentação da profissão e a importância da organização profissional para a qualidade dos serviços.
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aspectos da preparao profissional Alfredo Cesar Antunes Mestre em Cincias da Motricidade - UNESP Coordenador do curso de Educao Fsica da Faculdade Comunitria de Campinas - Unidades 3 e 4 e-mail: esportesnorte@hotmail.com Resumo Nos ltimos anos aconteceram mudanas significativas no mercado de trabalho na rea da Educao Fsica, como a regulamentao da profisso e as novas diretrizes curriculares, alm da produo de conhecimento e caracterizao acadmico- cientfica. O estgio supervisionado, as prticas curriculares e as atividades de extenso constituem um processo de transio profissional, que procura ligar duas lgicas: educao e trabalho. Na atual situao de mudanas curriculares na rea fundamental propor aes dinmicas e mecanismos eficientes para uma reorganizao estrutural da formao profissional. Palavras-chave: educao fsica, preparao profissional, estgio, prticas, extenso. Abstract In the last years significant changes in the work market in the area of the Physical Education had happened, as the regulation of the profession and the new curricular lines of direction, beyond the production of knowledge and academic- scientific characterization. The supervised period of training, practical curricular and the activities of extension constitute a process of professional transition, that it joins two logics: education and work. In the current situation of curricular changes it is basic to consider dynamic actions and efficient mechanisms for a structural reorganization of the professional preparation. Key-words: physical education, professional preparation, period of training, practical, extension. Introduo As transformaes no mundo do trabalho tm refletido em mudanas na configurao do conjunto da vida individual, social e cultural. A competitividade e a produtividade se tornaram paradigmas no mundo da produo e do trabalho tornando a tecnologia e o conhecimento cientfico essenciais. Portanto, a qualificao dos recursos humanos e a qualidade dos conhecimentos produzidos so fundamentais. A nova forma de operar do capitalismo que se baseia na flexibilidade dos processos de trabalho, dos mercados, dos produtos e padres de consumo responsvel tambm pelo surgimento de novos mercados, servios, tecnologias, etc, (HARVEY apud CATANI, OLIVEIRA e OURADO, 2001). Nesse contexto houve uma ampliao nas reas de atuao do profissional de Educao Fsica. A rea escolar, a mais tradicional, oferece possibilidades na educao infantil, ensino fundamental, mdio e superior. Na rea da sade surgem maiores oportunidades de trabalho com equipes multiprofissionais em hospitais, clnicas e centros de tratamento. No lazer podem ser desenvolvidos trabalhos em prefeituras, clubes, hotis, entre outros locais que oferecem atividades de lazer. No esporte as aes do profissional de educao fsica podem ocorrer no contexto profissional, amador e de iniciao. Ainda, surgem oportunidades em empresas, principalmente em academias e escolas de iniciao esportiva. Assim, o novo modelo de formao profissional se expressa na polivalncia, agilidade e flexibilidade profissional (profissional multicompetente). Contudo, Catani, Oliveira e Dourado (2001) alertam sobre o princpio da indissociabilidade ensino, pesquisa e extenso. Segundo Meghnagi (1998), a dialtica entre competncias possudas e mudanas requeridas 142 constante e somente a diminuio da distncia entre elas pode gerar novas snteses de conhecimentos adequados para impedir uma provvel excluso do mercado de trabalho. Ainda, destaca a importncia em se redefinir a educao profissional a partir de uma perspectiva que estabelea vnculos entre pesquisa, experimentao e negociao entre os protagonistas sociais, ou seja, instrumentos que permitam a interao e complementaridade entre a teoria e a prtica. Estes instrumentos so os estgios curriculares, as prticas como componente curricular e os projetos de extenso. So instrumentos de interao entre os contedos tericos transmitidos na graduao e as experincias e conhecimentos adquiridos da observao e participao em situaes reais de trabalho. So instrumentos privilegiados para que o futuro profissional se identifique com a rea que ir atuar. Assim, as atuais perspectivas do mercado de trabalho e as demandas sociais em Educao Fsica devem merecer a ateno das Instituies de Ensino Superior (IES) na elaborao dos projetos pedaggicos. Para essas instituies significa aproximar-se mais das necessidades e interesses da populao com relao s atividades fsicas e esportivas e, para os profissionais, compreender a natureza dinmica do conhecimento que deve possuir para sustentar a atividade profissional (BARROS, 2006). Organizao profissional Alm desses fatores, outro que influencia na profisso a organizao profissional. Para Lawson (1984) numa profisso a ao est baseada no conhecimento sobre a essncia do servio que oferecido e sobre quem presta esse servio. Como o conhecimento muda com as mudanas sociais os profissionais so capazes de alterar o modo como eles trabalham. Quando uma ao no est baseada nesse critrio ela se caracteriza como ocupao que um conjunto de tcnicas obtidas pelo processo de tentativa e erro e pouco influencivel pela produo de conhecimentos cientficos. Segundo Flexner, citado por Barros (1993), para que uma atividade se caracterize como profissional deve apresentar alguns critrios. O primeiro determina que a atividade profissional deve ser de natureza intelectual, ou seja, baseada em um corpo de conhecimentos. Em seguida, deve ser prtica, para atender prestao de servios. A atividade profissional tambm deve ser dinmica, para atender atualizao profissional. A profisso deve apresentar organizao interna, uma instituio que a represente. preciso possuir contedo que possa ser comunicado (comunicabilidade). E finalmente, contribuir para o desenvolvimento e bem- estar da humanidade, ou seja, altrusmo. A Profisso de Educao Fsica foi regulamentada atravs da Lei n 9.696/1998 que, proporcionou a criao do sistema CONFEF/CREFs (Conselho Federal de Educao Fsica/Conselhos Regionais de Educao Fsica), que apresenta como objetivo acompanhar e fiscalizar a qualidade dos servios prestados a sociedade nessa rea. Segundo Barros (1996) a organizao profissional da rea de Educao Fsica permite a interao entre produo de conhecimentos (teoria) e prestao de servios (prtica) e a atualizao e reformulao dos currculos. Steinhilber (1996) afirma que a organizao profissional da Educao Fsica a defesa da sociedade contra a prtica profissional leiga e irresponsvel, atravs do carter disciplinar de promover o controle tico e punir quando for necessrio, isto , os conselhos so rgos fiscalizadores e mantenedores da qualidade profissional. Apesar da regulamentao da profisso fundamental a competncia profissional. Porm, essa competncia apenas ser completa se estiver embasada em um corpo de conhecimento que d suporte terico (cientfico) e prtico ao profissional que atua no mercado. Os profissionais de educao fsica devem ser capazes de oferecer servios confiveis e de qualidade e ter uma nova postura tica e profissional, que leve a transformaes polticas e econmicas (BARROS, 2000). Tojal (2004) destaca que a regulamentao da profisso foi talvez o que mais levou a categoria a unir- se e demonstrar um esprito de classe profissional. E, esclarece que um conselho profissional no um rgo de atuao corporativista, mas com o papel de sair em defesa da sociedade para que a profisso que representa preste o melhor atendimento com conhecimento e aplicao de preceitos ticos. Para que essa categoria profissional seja reconhecida e respeitada pelos seus beneficirios. Perfil profissional A formao em nvel superior de graduao plena em Educao Fsica vem sendo objeto de um amplo processo de discusso. Com o Parecer n 894/1969 e a Resoluo n 69/1969 foi fixado o currculo mnimo, a durao e a estrutura dos cursos superiores de graduao 143 em Educao Fsica. Porm, esses licenciados atravs da Resoluo MEC/CFE 69/69 (Ministrio da Educao e Cultura/ Conselho Federal de Educao), alm das escolas, atuavam tambm em outros espaos no-escolares. Um amplo processo de debates e proposies culminou com a aprovao pelo CFE/MEC do Parecer n 215/87 e da Resoluo n 03/87, que vieram normatizar a reestruturao dos currculos plenos para os cursos de graduao em Educao Fsica que, a partir da, deveriam contemplar um ncleo de disciplinas de Formao Geral e um ncleo de disciplinas de Aprofundamento de Conhecimentos. Tambm, ocorreu a criao do bacharelado em Educao Fsica com o objetivo de preparar profissionais para a atuao em instituies no escolares que prestam servios sociedade na rea da Educao Fsica e esporte. necessrio registrar que, alm do aspecto profissional (mercado de trabalho), a criao do bacharelado em Educao Fsica tambm sofreu influncias das discusses sobre suas matrizes tericas para caracteriz-la como uma disciplina acadmica. Depois da Lei 9394/96, ocorreram algumas alteraes nesse processo e o CNE/CES (Conselho Nacional de Educao/Cmara de Educao Superior), passou a adotar procedimentos e diretrizes diferenciadas para essas duas vertentes profissionais. Portanto, o currculo deve oferecer uma slida formao bsica, preparando o futuro graduado para enfrentar os desafios das rpidas transformaes da sociedade, do mercado de trabalho e das condies de exerccio profissional (Parecer CNE/CES 776/97). No que se refere Licenciatura, o Conselho Nacional de Educao/Conselho Pleno (CNE/CP), definiu atravs da Resoluo n. 1/99 que a preparao de professores para a Educao Bsica, deve ser realizada como um processo autnomo, em curso de licenciatura plena, numa estrutura com identidade prpria. O Decreto n 3.276, de 6 de dezembro de 1999, no pargrafo 4 do Art. 3, define: A formao de professores para a atuao em campos especficos do conhecimento far-se- em cursos de licenciatura, podendo os habilitados atuarem no ensino da sua especialidade, em qualquer etapa da educao bsica. Assim, com a fundamentao contida no Parecer CNE/CP 9/01 e da Resoluo CNE/CES 1/2002, o curso de licenciatura adquiriu terminalidade e integralidade prpria em relao ao Bacharelado (graduao), constituindo-se em um projeto especfico, definindo um perfil profissional e um espao prprio e exclusivo no mercado de trabalho no sistema de ensino bsico formal. A Resoluo CNE/CES 7/2004 (atuais diretrizes) definiu os parmetros legais e orientadores para a preparao dos Bacharis de Educao Fsica. Propuseram um redimensionamento do currculo, direcionando-o para a formao de um profissional de Educao Fsica qualificado para o seu campo de atuao e priorizando a definio das competncias. Define que o Graduado em Educao Fsica deve estar qualificado para analisar a realidade social e intervir acadmica e profissionalmente nas diferentes manifestaes do movimento humano e no mbito do contedo especfico da Educao Fsica. Assim, quando se trata da licenciatura os novos projetos pedaggicos dos cursos de graduao em Educao Fsica devem estar em acordo com o Parecer CNE/CP 9/2001, 27/2001 e 28/2001 e as Resolues CNE/CES 1/02 e 2/02. A graduao em nvel superior de graduao plena (bacharelado) deve estar de acordo com o parecer CNE/CP 58/04 e a Resoluo CNE/ CES 7/04, uma vez que essa legislao substitui a anterior Resoluo CFE 03/87. Em relao formao profissional em Educao Fsica, a legislao atual possibilita duas vertentes de formao: licenciatura e bacharelado. Os Cursos de Licenciatura em Educao Fsica (licenciatura de graduao plena) formam professores de Educao Fsica para atuar exclusivamente na Educao Bsica/escolar: educao infantil, ensino fundamental e mdio. As exigncias para a formao do licenciado so: 400 horas de prticas como componente curricular, 400 horas de estgio curricular supervisionado, 1.800 horas de contedos curriculares de natureza cientfico-cultural e 200 horas de atividades acadmico- cientfico-culturais complementares. Totalizando uma carga horria mnima de 2.800 horas e trs anos de tempo mnimo para integralizao do curso. Os Cursos de Bacharelado (graduao em Educao Fsica, em nvel superior de graduao plena) habilitam o Profissional de Educao Fsica para atuao em todo e qualquer segmento de mercado inerente rea por meio das diferentes manifestaes da atividade fsica e esportiva, excetuando-se a Educao Bsica, ou seja, estando impedido de atuar na educao bsica. A formao do graduado (bacharel) indica duas dimenses: formao ampliada e formao especfica. A formao ampliada deve abranger as dimenses da relao do ser humano-sociedade, biolgica do corpo humano e produo do conhecimento cientfico e tecnolgico. A formao especfica deve atender as dimenses culturais do movimento humano, tcnica- 144 instrumentais e didtico-pedaggica. Com relao carga horria total como a matria no foi revogada pela atual diretriz (Resoluo CNE/ CES 7/04) vale o documento anterior que regulamenta o assunto (Resoluo CFE 03/87). Assim, para a formao do graduado (bacharel) a carga horria mnima 2.880 horas e quatro anos de tempo mnimo para integralizao do curso. A Resoluo n 07/CNE/CES (2004) que Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de graduao em Educao Fsica, no artigo 10, complementa essa questo apontando que a prtica como componente curricular dever ser vivenciada em diferentes contextos desde o incio do curso, o estgio profissional curricular vivenciado em diferentes campos de interveno sob a superviso de profissional habilitado e qualificado, a partir da segunda metade do curso e no caso de ncleos temticos de aprofundamento 40% da carga horria do estgio profissional curricular supervisionado dever ser cumprida no campo de interveno acadmico-profissional correlato. Assim, imprescindvel, portanto, que haja coerncia entre a formao oferecida, as exigncias prticas esperadas do futuro profissional e as necessidades de formao (Parecer CNE/CES 058/04). Os estgios profissionalizantes de qualquer rea profissional so regulamentados pela Lei n 6.494 de 07/12/1977 e pelo Decreto Lei n 87.497 de 18/08/ 1982. De acordo com a lei e o decreto os estgios devem propiciar a complementao do ensino e da aprendizagem e representa as atividades de aprendizagem social, profissional e cultural, e proporcionadas ao estudante pela participao em situaes reais de vida e trabalho de sua rea. Na rea da Educao Fsica, os estgios curriculares eram desenvolvidos em conjunto com a disciplina prtica de ensino. A nova legislao fez uma separao entre os estgios e do que se passou denominar de prticas como componente curricular. O papel da Instituio de Ensino Superior (IES) no s o de formar ou preparar pessoal qualificado para o mercado de trabalho, mas tambm deve pelas suas possibilidades extencionistas e de pesquisa, antecipar solues. Portanto, a organizao do currculo no feito apenas do momento da anlise do vivido, mas das diferentes possibilidades para um tempo futuro (TOJAL, 1995). Cincia da motricidade humana A cincia da motricidade humana proposta pelo filsofo portugus Manuel Srgio Vieira e Cunha (no Brasil citado como Srgio, M.) um referencial terico importante para a reflexo sobre formao profissional na rea da educao fsica. A cincia da motricidade humana preconiza uma cincia do movimento humano ou quinantropologia. Para Srgio a cincia do movimento humano faz parte das cincias do homem como uma regio da realidade especfica, ou seja, o movimento humano. Srgio (1987, 1989) argumenta que o verdadeiro objeto de estudo da Educao Fsica a motricidade humana, partindo do princpio de que o homem um ser em busca da transcendncia e a motricidade a capacidade de movimento dessa transcendncia, ou seja, se baseia na intencionalidade operante e na ascenso do Homem para o mais humano, tanto do ponto de vista biolgico quanto psicolgico, ideolgico, cultural e espiritual. A motricidade humana compreende o treino, a dana, a motricidade infantil, a ginstica, o jogo desportivo, o desporto, o circo, a educao especial, a reabilitao e a ergonomia, entre outras atividades, e que teria no ldico e na motricidade as categorias dominantes. Para Srgio a Educao Fsica deve tornar-se a cincia da Motricidade Humana, definida como a cincia da compreenso e de explicao das condutas motoras, visando ao estudo das constantes tendenciais de motricidade humana, em ordem ao desenvolvimento global do indivduo e da sociedade, e tendo como 145 fundamento simultneo o fsico, o biolgico e o antropossociolgico. Tojal (2004) entende e concorda com a proposta inicial apresentada por Manuel Srgio que o objeto de estudo da denominada educao fsica dever ser o movimento humano (pg. 101). Segundo Tojal (1994), para Manuel Srgio, a cincia da Motricidade Humana a cincia da compreenso e de explicao das condutas motoras. o radical cientfico onde se fundamenta o desporto, a dana, a ginstica, e outras. Para ela, alm do fsico h o social, o poltico e tudo o que compe a complexidade humana (TOJAL, 2005). Tojal (1997) entende que se deve formar o profissional de motricidade humana para atuar nos diferentes aspectos do desenvolvimento do humano junto sociedade, a sua cultura e natureza que o cerca. A motricidade humana representa a intencionalidade operante do prprio indivduo, na busca da superao de algo que lhe interessa, visando alcanar seu absoluto, que s seu, para o que necessita de ajuda profissional que o auxilie a identificar as capacidades de que dispe e as possibilidades e caminhos para a consecuo desse seu objetivo (TOJAL, 2005). Esta busca pela superao deve ser realizada pelo profissional de Educao Fsica desde o incio da graduao sem prazo para terminar. Os instrumentos desta busca da superao profissional so os conhecimentos cientficos e tcnicos adquiridos nas disciplinas, estgios, projetos de extenso e nas prticas como componente curricular e nas buscas realizadas aps a graduao como cursos de atualizao, ps-graduao, experincias profissionais. Com a velocidade da transformao do conhecimento novas expectativas e necessidades surgiro em toda a sociedade e a formao profissional ter que se adaptar a essas mudanas. Reconhecendo a formao do profissional de educao fsica como um processo contnuo, acredita- se que a etapa da graduao decisiva para a aquisio e desenvolvimento das habilidades e competncias no processo de aprendizagem dinmica do futuro profissional. O conhecimento necessrio ao profissional de Educao Fsica tem sido constantemente transformado. Em funo disso, as Instituies de Ensino Superior devem preparar o profissional com competncia tanto para a atuao profissional, quanto para a atualizao necessria ao seu desenvolvimento. Nesse sentido, a preparao profissional compreendida como um processo de constante aprendizado, pois com a superao cada vez mais rpida do conhecimento, a concepo de formao profissional como um processo completo e acabado perde seu sentido. Da o fato de considerar primordial a valorizao do estgio curricular, prticas como componente curricular e s atividades complementares na preparao do futuro profissional de educao fsica. O estgio curricular, as prticas como componente curricular e os projetos de extenso proporcionam uma ao formadora atravs da aplicao na realidade social, dos conhecimentos adquiridos ao longo do processo acadmico com competncia e habilidade de forma a contribuir tambm como um feedback dos contedos de cada disciplina. Tambm proporciona uma ao social e poltica, pois alm de oportunizar a empregabilidade, favorece a reflexo, a anlise e a avaliao das diferentes atuaes do profissional no amplo mercado de trabalho apresentado ao graduado em Educao Fsica. Segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais do curso de graduao em Educao Fsica, o estgio supervisionado constitui um processo de transio profissional, que procura ligar duas lgicas (educao e trabalho) e que proporciona ao estudante a oportunidade de demonstrar conhecimentos e habilidades adquiridos e tambm treinar as competncias que j detm sob superviso de um profissional da rea. necessrio que a prtica esteja presente na preparao do futuro profissional no apenas para cumprir uma determinao legal no que se refere a carga horria, mas no preparo do futuro profissional fundamental a interao com a realidade e/ou com situaes similares quelas de seu campo de atuao, tendo os contedos como meio e suporte para constituio das habilidades e competncias, isto , levando-se em conta a indissociabilidade teoria-prtica como um elemento fundamental para orientao do trabalho. Para se entender as dificuldades enfrentadas hoje quanto questo do estgio, preciso saber que, antes da Resoluo 03/87 a licenciatura era simplesmente uma tradio na Educao Fsica e a nica opo de formao na rea. O aluno ingressava na Faculdade de Educao Fsica para o curso de licenciatura e era muito comum comear a trabalhar em qualquer espao do mercado de trabalho, e isso muitas vezes era considerado estgio. O estgio encarado por muitas IES apenas como uma formalidade e muito burocrtico. Essa concepo diminui a responsabilidade da IES e o real valor do estgio na formao do futuro profissional. 146 Alm disso, atualmente com a regulamentao da profisso de Educao Fsica o descumprimento da caracterizao da situao de estgio considerado exerccio ilegal da profisso e pode levar tanto o aluno quanto o supervisor de estgio a responderem judicialmente por seus atos. Silva (2003) apresenta como um dos problemas relativos realizao dos estgios a impessoalidade da relao estagirio/orientador e a falta de significado dos estgios obrigatrios. Esses fatores impedem ou anulam todo o potencial dos estgios, das prticas e projetos de extenso como instrumentos eficientes de preparao profissional e interao das IES com o mercado de trabalho. Competncias profissionais A sociedade atual, com acesso a informaes, tecnologias e conhecimentos, exige servios de qualidade e profissionais competentes. Cabe aos cursos de preparao profissional, selecionar esses conhecimentos e transmiti-los aos futuros profissionais para preparar profissionais competentes para o mercado de trabalho. Competncia profissional a capacidade de identificar, articular intelectualmente e colocar em prtica os conhecimentos, valores, tcnicas e habilidades necessrias ao desempenho eficiente e eficaz requerido no exerccio profissional de Educao Fsica (BARROS, 2006). Competncia tambm pode ser definida como o conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes necessrias para o bom desempenho profissional (NASCIMENTO, 2006). O conhecimento conceitual caracterizado pelos contedos e teorias que constituem a matria de ensino. O conhecimento procedimental composto por estratgias e procedimentos utilizados para tornar acessvel e compreensvel o contedo ensinado. As informaes do momento e condies em que os conceitos e procedimentos podem ser utilizados caracterizam o conhecimento contextual. Segundo Feitosa e Nascimento (2006), o profissional de Educao Fsica deve manifestar atitudes de iniciativa para a criao de novas oportunidades de interveno, ser voluntarioso, ter predisposio para assumir riscos, fomentar inovao e ter criatividade para enfrentar novos desafios provocados pelas mudanas na sociedade. Os programas de preparao profissional no devem ser planejados exclusivamente para acompanhar os conhecimentos da prtica atual, mas devem preparar as pessoas para as mudanas futuras (LAWSON, 1984). A prxima gerao de profissionais da Educao Fsica no necessitar de uma grande variedade de conhecimentos desconectados, em vez disso necessitar conhecer como orientar as pessoas com relao s atividades fsicas e esportivas. A deciso por cursar Educao Fsica dever estar relacionada deciso de ser um profissional que atue de forma competente e no por ter sido atleta ou por possuir habilidades em algum esporte ou prtica corporal. A realidade acadmica do curso de Educao Fsica deve ser marcada por novas propostas no sentido de aperfeioar a formao profissional, buscando em sua especificidade contemplar, com o mximo de qualidade, a amplitude dos objetivos que organizam a associao teoria e prtica para a capacitao profissional. Uma questo imprescindvel a vinculao entre a teoria e a prtica. A teoria entendida como a produo do conhecimento de que trata a disciplina (contedos de ensino) e a prtica, como a aplicao desse conhecimento. Da a necessidade de que o profissional entenda esta vinculao, afastando a dicotomia entre a teoria e a prtica. E, os estgios, prticas como componente curricular e projetos de extenso so os principais instrumentos para que este vnculo acontea. A experincia prtica fundamental para a atuao profissional. O profissional de Educao Fsica tambm constri seu prprio conhecimento denominado conhecimento de trabalho ou operacional. Esse conhecimento tcito, a partir do qual aprendem com outros colegas, por ensaio e 147 erro, adaptam suas aes de acordo com o contexto, utilizam os conhecimentos aprendidos na sua formao acadmica. Por isso, fundamental oferecer oportunidades e condies para os alunos participarem de projetos, pesquisas, trabalhos em grupo, principalmente em situaes reais ou simulaes de seu ambiente de atuao profissional. Os estgios, projetos de extenso e prticas como componente curricular so fundamentais para a formao de um profissional autnomo. O profissional reflete antes, durante e aps a ao de ensinar. Elabora o seu prprio conhecimento ao incorporar e transcender o conhecimento tcnico- cientfico. A aprendizagem dever ser orientada pelo princpio metodolgico da ao-reflexo-ao, considerando a resoluo de situaes-problema como uma das estratgias didticas privilegiadas para a construo do conhecimento. Assim, as experincias prticas adquirem novos sentidos quando associadas aos conhecimentos e contedos tcnicos, cientficos e didtico-pedaggicos (BETTI, 1996). Segundo Tojal (2004) no suficiente preparar o profissional, para atuar no mercado de trabalho junto sociedade, apenas para atender os atuais anseios da sua clientela, mas necessrio dot-lo de habilitao suficiente para que seja capaz de mudar de ocupao, dentro da mesma rea no momento em que sinta necessidade, sem que seja obrigado a comear um novo curso acadmico. A coerncia entre a formao oferecida, a prtica esperada do futuro profissional e a pesquisa sero garantidas atravs de aes direcionadas para a formao de um profissional autnomo e multicompetente. Deve existir o oferecimento ao futuro profissional de uma condio formativa que permita exercer mltiplas funes dentro da sua rea de conhecimento. No uma preparao altamente especializada e segmentada nem uma preparao generalista e desfocada, mas uma preparao forte na estruturao bsica de conhecimentos da rea. O profissional deve conhecer as possibilidades de desenvolvimento do homem, suas condies fsica e emocional, diante de situaes diferentes (TOJAL, 2004). Alm do prprio ensino a preocupao tambm deve estar na aprendizagem, ou seja, desenvolvimento de suas capacidades intelectuais, habilidades humanas e profissionais, atitudes e valores integrantes vida profissional. O professor ter um papel de mediador ou orientador do processo de aprendizagem do futuro profissional. Assim, algumas caractersticas so fundamentais para a aprendizagem. Incentivar a iniciativa dos alunos para buscar e analisar informaes, conhecer diferentes teorias e refletir sobre suas aplicaes. Integrar o processo ensino-aprendizagem com a pesquisa. Valorizar experincias e conhecimentos anteriores dos alunos. Motivar e despertar o interesse dos alunos para novas aprendizagens. Incentivar a formulao de perguntas. Permitir o contato do aluno com situaes reais e prticas de sua profisso. Fazer com que o aluno assuma o processo de aprendizagem como seu e possa fazer transferncias do que aprendeu para situaes profissionais (MASETTO, 2003). A interao entre IES, poder pblico, iniciativa privada, entre outros fundamental para uma preparao profissional de qualidade, pois fornece aos futuros profissionais instrumentos eficientes de transferncia de conhecimentos e aes preparando- os para enfrentar os desafios das rpidas transformaes da sociedade, do mercado de trabalho e das condies do exerccio profissional. Alm disso, fornece elementos para os gestores acadmicos elaborarem polticas de aprimoramento do ensino e da pesquisa, j que funcionam como uma ferramenta de identificao das demandas sociais, inovao e difuso do conhecimento. Consideraes finais Na atual situao de mudanas curriculares na rea da educao fsica, fundamental propor aes dinmicas e mecanismos eficientes para uma 148 reorganizao estrutural da preparao dos profissionais da rea. Muitos estudos abordam a preparao profissional na rea de educao fsica, contudo, existe uma carncia de pesquisas sobre os benefcios que as Instituies de Ensino Superior que oferecem cursos nesta rea podem proporcionar ao mercado de trabalho e como esse mercado pode auxiliar no processo de formao do futuro profissional. Tais benefcios podem decorrer das atividades da prtica como componente curricular, do estgio profissional curricular supervisionado e dos programas de extenso previstos na legislao especfica. Tojal (2005) advoga que: o Profissional de Educao Fsica deve ser capaz de identificar que, pela transcendncia ou superao, o homem torna-se sujeito e no objeto da histria e, portanto, as relaes a serem resgatadas pelo Profissional devem privilegiar, no biolgico, a ateno, a estrutura, o funcionamento e as possibilidades do corpo do indivduo; no social, a dinmica da sociedade, a condio de estrutura e herana cultural e o sistema de valorizao da sociedade, no sentido da eficcia individual; na natureza, as diferentes possibilidades de criao e adaptao a determinada cultura em relao ao meio e ao clima, enfim, esse profissional dever conhecer todas as possibilidades de desenvolvimento do homem, suas condies fsica e emocional, principalmente diante de condies e situaes diferentes e inusitadas (TOJAL, p. 57-58). A preparao profissional deve visar competncia. E, a competncia deve estar embasada em conhecimentos, habilidades e atitudes. Estes trs elementos so adquiridos no decorrer do curso de preparao e aperfeioados durante sua carreira profissional. Porm, a formao inicial a base para a formao continuada. Um curso de preparao profissional em educao fsica deve garantir o desenvolvimento de todos estes elementos. Para que isto acontea no basta estar previsto no projeto pedaggico, mas ser vivenciado por alunos e professores no processo de preparao profissional. Referncias Bibliogrficas BARROS, J.M.C. A preparao profissional continuada em educao fsica. Frum Nacinal dos Cursos de Formao Profissional em Educao Fsica no Brasil. Belo Horizonte, 17 a 19 de agosto, 2000. _____. Educao Fsica e esporte: Profisses? Revista Kinesis, Rio Claro, v.11, p. 5-16, 1993. _____. Perspectivas e tendncias na profisso. Motriz, Rio Claro, v.2, n.1, p.49-52, jun.,1996. _____. Educao Fsica na sociedade brasileira atual e a regulamentao da profisso. Motriz. v. 2, p.107-109, 2000. BRASIL. Ministrio de Educao e Cultura. 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CAPIÌTULO 1 - As DCNs e A evolucÌaÌo Do Conceito de Competeìncias para Marcos de Competeìncias e EPAs - Um Entendimento Necessaìrio para adequacÌoÌes Da formacÌaÌo Meìdica