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A o rig em do

HOM EM M ODER N O
H omo Sapiens

B enedito P eix oto e D eivid S ilva

1ª Edição
Copyright©Benedito Peixoto e Deivid Silva

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Julho de 2008

Primeira Edição

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B enedito P eix oto e D eivid S ilva

A o rig em do
HOM EM M ODER N O
H omo Sapiens

Julho de 2008

São Paulo - Brasil


ÍNDICE

1. A EVA GENÉTICA........................................................ 7
○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○...........................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................

2. O COMBATE FINAL..................................................... 15 ○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○

3. TRABALHO DURO....................................................... 19
○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○

4. A DESPEDIDA............................................................... 25
○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○

5. TURBULÊNCIA NO AVIÃO......................................... 29 ○○○○○○○○○○○○○○○○

6. DO INSTITUTO PARA KEY......................................... 31 ○○○○○○○○○○○○○○○○

7. FIM DA ESTRADA........................................................ 35
○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○

8. DIÁLOGO ENTRE MAG E ANA FLÁVIA................... 37 ○○○○○○○

9. O POVOADO!................................................................. 41
○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○

10. SEM COMIDA E SEM ÁGUA..................................... 43 ○○○○○○○○○○○○○○

11. O POVO GALLEU..........................................................


E A TERRA DOS PÁSSAROS: 110000 AC...................... 45 ○○○○○○○○○

12. OS HIGHLANDERS..................................................... 49 ○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○

13. O PRIMEIRO ÊXODO DA FAMÍLIA DE EVA.......... 55 ○○○○

14. PORTÕES DO IÊMEN: 80000 AC............................... 57 ○○○○○○○○○○○

15. MIL ANOS DE INVERNO: 74000 AC......................... 65 ○○○○○○○○○

16. AUSTRÁLIA, SEGUNDO ÊXODO............................. 69 ○○○○○○○○○○○

17. A JORNADA DO HERÓI DO LÍBANO.........................


NO ORIENTE MÉDIO: 44000 AC..................................... 73 ○○○○○○○○○○○○○

18. A JORNADA DE LIBANO........................................... 77 ○○○○○○○○○○○○○○○○

19. FRAN NA TRILHA.........................................................


DOS BISÕES DESGARRADOS EUROPEUS.................. 81 ○○○○○○○

20. A CONQUISTA DA AMÉRICA................................... 85 ○○○○○○○○○○○○○○


B enedito P eix oto e D eivid S ilva

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A EVA GENÉTICA
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É empolgante o torneio de judô que se desenrola no
ginásio de esportes da academia de artes marciais da cidade.
O Ginásio Fênix encontra-se com suas arquibancadas
completamente lotadas de torcedores empolgados. Cada um
torcendo por sua equipe favorita, agitando suas bandeiras to-
dos realmente muito animados neste dia, torcendo cada qual
pelo seu lutador favorito, uns chorando outros gritando e o
competidor lá dentro do tatame dando tudo de si para chegar
a final da competição.
Olhando da beirada da quadra, a torcida parece uma
massa de gente num tumulto caótico de gritos superpostos,
de faixas e cartazes com mensagens otimistas.
Três academias trouxeram até a sua própria bandinha,
cada uma tentando fortalecer seu competidor.
No centro da quadra, os competidores vencedores, vão
passando para as próximas fases. E já estamos nas disputas
das quartas de final. O torneio vai se afunilando, agora só res-
taram os melhores atletas, o clima se torna mais tenso entre os
treinadores, e os fisioterapeutas têm trabalho para amenizar a
dor das contusões sofridas pelos seus atletas ao final de cada
vitória, tentando colocá-los aptos para a próxima e mais difí-
cil luta. O clima de dentro do ginásio está literalmente quente,
denso, com cheiro de suor resultante das lutas. Uma verdadei-
ra panela de pressão, cozinhando a sopa humana primordial,
onde os primeiros que saem são os derrotados. No final so-
mente irão restar os ganhadores e a nata primordial.

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B enedito P eix oto e D eivid S ilva

Observando os competidores de longe, é que realmente


se percebe, pela sua aparência que estão cansados. O suor
escorre de suas cabeças e é secado pelo grosso quimono que
vestem. Vê-se pela fisionomia deles, que procuram passar um
ar de vitória, apesar das dores dos golpes recebidos até então.
Pois eu duvido que não estejam sentindo nada. Isso
ocorre nos intervalos entre uma luta e outra. Visto da arqui-
bancada parece uma situação meio confusa, há muita gente
em volta dos atletas. Os treinadores passam instruções técni-
cas para seus competidores e a massa agitada tenta amenizar
as suas contusões. Os namorados tentam dar aquela força de
que precisam. De suas equipes, dentre os que já perderam ten-
tam incentivar levantando os braços e fazendo barulho, de-
pois saem de cabeça baixa, outros não se deixam abater.
As pessoas que passam com seus carros pelas ruas da
academia, nem imaginam o caos que está imperando lá dentro.
Os juizes atentos a cada golpe, o treinador gritando pe-
dindo calma e atenção no que o adversário está tentando fazer,
pedindo mais raça para seu competidor. E o tempo passando.
Quando de repente surge uma lutadora incrível dando um Ypon.
Comecei a olhar para ela e ela pulando gritando para seu treina-
dor e todos em festa pela sua vitória quando a mesma consegue
passar da semifinal para a final do Torneio Cobra Kai de Judô
do Vale do Paraíba. Quando a lutadora sai do tatame e vai ao
encontro do lutador toda feliz dizendo.
– Consegui. Nunca achei que iria chegar tão longe.
É a judoca Ana Flávia rodeada pela sua equipe, ela é
de estatura mediana e sua pele é de tonalidade morena. As
luzes do ginásio refletem na negritude de seus cabelos. Eles
são lisos e compridos como os cabelos das atrizes nos filmes
chineses de artes marciais. Seus cabelos eram presos como
um rabo de cavalo. Seus olhos grandes e de cor castanho-es-
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curo refletiam uma beleza hipnotizante. Seu rosto cheio de


gotas de suor escorrendo pelo quimono era meio ovalado. E
o treinador lhe dava as últimas instruções para o próximo
combate. Lutando pela categoria Amador o técnico começa
a dar algumas informações da adversária a sua competidora.
– A sua Adversária é muito forte, ela tem golpes rápidos.
– Ela logo responde. Eu sei San-sei, sei que as minhas
probabilidades são pequenas.
– Não! você não pode pensar assim, treinamos tanto
tempo para quê? Para você desistir tão fácil, nem pensar. Ta
certo que a sua adversária é a Campeã do Brasileiro uma das
melhores, mas você vai vencê-la.
– Tudo bem. Mas o que faço agora?
– Confie em você garota. Dizia ele. Fixe nos olhos dela
e antecipe os seus movimentos. Ela não tem como vencê-la.
– Vou conseguir. Dizia ela, fixando o olhar em sua
adversária.
– Você vai entrar com todas as suas forças como tem
lutado até agora e vai vencer está entendido?
– Sim, quero fazer de tudo para eu ganhar esta minha
ultima luta como lutadora. Senhor.
– Calma, e vai logo para o ataque, atacando-a sempre
por baixo. Vai! Vai! Ta na hora.
Com toda aquela pressão a lutadora entra no tatame
faz o sinal da cruz, cumprimenta os juizes e a adversária e
começa a luta final. Logo que começa, a adversária já apresen-
ta um golpe na lutadora e sai na frente com um Vasary. Um a
zero, logo ela se recupera e dá um golpe atirante na adversária.
A luta fica um a um e a torcida em loucura. Faltando 30 se-
gundos para acabar a luta o seu treinador já a beira da loucura
pede a ela mais raça e mais velocidade no golpe e diz a ela
também o número 3. Esse número representava um golpe,
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onde a lutadora colocou o pé direto entre as pernas da


adversária e a jogou por cima de suas costas e ela caiu com as
costas no chão e a lutadora aplicou mais um Ypon.
Vencedora, todo o estádio em festa alucinante, sua mãe,
seu pai e seu namorado ali, chorando pela sua vitória alegres
pareciam junto com a torcida que iam explodir o estádio de
tanta alegria. Nessa festa toda, nosso repórter conseguiu uma
brecha para poder chegar até a campeã do torneio, a mesma
já teria ganhado os prêmios então vamos escutar nossa cam-
peã, sendo entrevistada pelo nosso repórter local. Vê-se que
ela está sendo amparada, segundo nossas fontes, por Augusto
e responde às questões.
– Olá! Boa noite Ana Flávia. Disse-lhe o repórter. Sou
Lewis Souza repórter do programa Esporte e Cia. Posso fa-
zer algumas perguntas?
– Claro, pode sim.
– Como você avalia sua atuação no torneio?
– Bem, uh... Ofegante. Boa noite Lewis e aos amigos
que estão me vendo. Estou muito feliz por ter realizado uma
boa atuação neste torneio. A final foi muito difícil, pois eu e a
Juliana já nos conhecemos a um bom tempo. Sabia que ela é
muito forte e agressiva. Consegui uma vantagem sobre ela ao
antecipar alguns de seus movimentos decisivos, depois foi só
manter a calma, e ela muito agressiva, acabou errando um de
seus movimentos, então encaixou muito bem o meu ataque.
– Com essa vitória radiante que você teve agora, o que
irá fazer daqui por diante?
– Vou comemorar aqui com meus amigos as vitórias
que conquistamos. Respondeu ela, recobrando o fôlego. Pois
amanhã será um dia muito corrido e difícil para mim. Depois,
Sim! Vou para casa tomar um belo de um banho, descansar.

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– Será? E o que você irá fazer amanhã? Perguntou-lhe


o repórter.
– Amanhã será um dia de despedidas para mim. Aliás,
hoje já está sendo um dia de despedidas.
– Vou pra casa arrumar minhas malas, passar na Uni-
versidade para pegar alguns arquivos, após passar na agência de
viagens pegar minhas passagens e também meu passaporte.
– Puxa! Que vida corrida essa a sua Flavia! Mas mala,
arquivos, passagens e passaportes, para quê? Vai competir em
outro lugar? Perguntou-lhe ele.
– Vou para a Europa. Mas não para competir em tor-
neios de judô. Vou fazer parte de meu doutorado em
rastreamento genético.
– Desculpa, mas o que tem a ver ser Judoca com traba-
lho na Europa?
– Não! é que essa foi minha última luta. Eu também
faço parte de um grupo de pesquisadores de várias partes do
mundo numa pesquisa sobre a origem do homem.
– Origem do homem? Interessante. Respondeu o re-
pórter. Você também é uma cientista? Por favor, conte-nos
um pouco mais sobre seu trabalho na Europa.
– Eu e minha equipe ficamos responsáveis de coletar o
DNA mitocondrial de voluntários de um pequeno, mas anti-
go povoado.
– E vocês vão coletar este material para qual finalida-
de? Perguntou-lhe.
– O DNAm dos voluntários, juntamente com os de
indivíduos dos vários continentes que já possuímos, permiti-
rá a nós traçarmos melhor a grande árvore genealógica dos
seus antepassados de 50000 a 80000 anos. Poderemos saber
quem eram eles, por onde andaram até hoje, as aventuras épi-
cas que tiveram que passar no decorrer do tempo, quais deles
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enfrentaram os períodos glaciais ou os climas desérticos. Se


eles tiveram que atravessar mares, quais eles atravessaram e
quando? Por quais continentes eles andaram? E em quais mo-
mentos da jornada humana eles se encontravam?
– São questões como estas que tentaremos responder
na Universidade para os voluntários e para todos os seus mais
de seis bilhões de parentes, que estão espalhados pelos cinco
continentes.
– E a resposta para cada uma destas perguntas está no
DNA mitocondrial, presente em quase todas as células. E ele
nos revela que todos os atuais habitantes da Terra descendem
de uma mesma mulher, a “Eva genética”, que teria vivido a
cerca de cento e quarenta mil anos atrás no continente africano.
– Desculpa-me mais uma vez, mas o que fez ter o inte-
resse em pesquisar sobre tudo isto?
– Vou contar mais ou menos e rapidinho para você.
Eu cursei Geografia, e sempre tive o interesse em descobrir
de onde nós humanos viemos, saindo um pouco de todas as
teorias que conhecemos, assim resolvi fazer Doutorado e co-
mecei a pesquisar ainda mais sobre o assunto e agreguei mui-
tas informações para o trabalho. Então em contato com uma
Universidade na Europa também descobri que existia uma
pequena turma de pesquisadores que estavam trabalhando com
o mesmo tipo de pesquisa que o meu. Mandei algumas infor-
mações a eles e acabei recebendo uma bolsa de estudos para
fazer pós-graduação lá com eles. Então estou indo segunda-
feira para a Europa para começar a trabalhar.
– Nossa não é à toa que eu disse logo no início da nos-
sa conversa que você tem uma vida corrida em mulher. Eu
neste momento gostaria de desejar boa sorte e dizer também
que gostaria de ser o pioneiro quando você voltar para o Bra-
sil em saber qual foi o direcionamento do trabalho.
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Claro deixarei com você meu e-mail e podemos man-


ter contato direto de como está indo o trabalho.
O repórter saindo então do ginásio, mais uma vez acaba
se encontrando com Flávia, dá um adeus àquela menina ou quem
sabe mulher fantástica com quem acabara de conversar e grita:
– Olha não esqueça do nosso combinado.
– Pode deixar Lewis, não esqueço de jeito algum, ago-
ra boa sorte para você também e espero poder receber vários
e-mails seus também.
Assim se despediram e foram cada um para suas casas.
Depois de duas horas Flávia já estava em sua casa, ela
começa então a fazer todos os seus preparativos. Livros para
um lado, mala para outro, pede para seu Pai ir até a agência
Net Viagens para pegar sua passagem e também seu passa-
porte. Ela vai para o outro lado da cidade até a Universidade
terminar de gravar seus arquivos. Aliás, muito importante, para
já na segunda de manhã estar com tudo pronto. Terminando
tudo ainda no sábado Flávia tira o domingo para dar tchau
aos amigos e se despedir da família. Ao começar a se despe-
dir dos amigos logo chega em sua casa seu namorado, Rogé-
rio. Ela está com o coração apertado, começa a chorar e diz
ao namorado: Rô, depois de dois anos de namoro eu não
sabia que terminaria tudo assim, você sabendo do meu sonho
e não me apoiando para fazer aquilo que mais quero. O namo-
rado também já chorando diz a Flávia:
– Meu bem, você sabe que não é bem assim e eu te
amo muito. Só estarei dando a liberdade para você trabalhar
em paz, não tendo que sempre ter que prestar conta comigo
ou quem quer que seja. Desejo a você toda sorte do mundo e
se for para ficarmos juntos quando você voltar, nós... Vere-
mos como vamos ficar.

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Os dois se abraçam e um deseja muitas felicidades ao


outro e Rogério sai da sala.
Quando Flávia toda tristonha sai da sala e vai até a co-
zinha lá está uma grande festa que sua família lhe tinha prepa-
rado com tudo que ela gostava e todos parentes que ela ama-
va. Assim foi o domingo de Flávia cheio de surpresas, até o
final da tarde quando ela se volta para seu quarto para dormir
e esperar amanhecer para poder partir.
Às seis horas da manhã de segunda-feira, o relógio toca
e ela está pronta para ir atrás de um sonho e mostrar para o
mundo que através do rastreamento genético se observa cla-
ramente que todas as pessoas são descendentes de Eva...

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O COMBATE FINAL
2
O casal Elizabete e Augusto sai de casa e se dirigem
para o trabalho.
– Bom dia minha querida! Disse Augusto para a sua
esposa, com aquela aparência de quem acabara de acordar.
Elizabete dormia do lado direito da cama do casal.
Ela, virando-se para ele, passa sua mão macia e quente
no rosto áspero do marido, fixa o seu olhar nos olhos dele,
lhe dá um beijinho em seus lábios e diz para ele:
– É, bom dia. Ela estava desgostosa por ter de levan-
tar naquela manhã fria de junho.
– Queria ficar aqui mais um pouco. Disse ela com os
olhos entreabertos.
– Podemos ficar mais um pouco, o tempo hoje ama-
nheceu muito frio, e posso chegar um pouco mais tarde na
Universidade, por causa do recesso. Respondeu ele, com aquele
seu olhar de segundas intenções.
– É, mas alguém tem que trabalhar de verdade nesta
casa. Disse ela, fechando a boca dele com sua mão. E então
ela se levantou.
– Sim senhor! Debochou ele da tirada.
– Ah... Um bom banho quente vai acabar com toda essa
preguiça e essa cara de sono. Disse ela num tom conciliador.
Elizabete é uma arquiteta reconhecida em sua terra, tra-
balha em um escritório de uma grande empresa responsável
por obras de reurbanização e revitalização em vários pontos
do país. Ela tem um cargo de liderança dentro do escritório.

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Após o banho, durante o café, ao passar a manteiga no


pão, Augusto faz uma indagação à Elizabete.
– Querida você se lembra de quando me disse que só
você trabalha de verdade nessa casa?
– Eu não me lembro não queridinho, com certeza ain-
da estava dormindo. Você não deve ter percebido, pois tem
trabalhado demais. Está orientando seis alunos, não está? Per-
guntou-lhe ela.
– Sim, estou. Respondeu ele.
– Dois deles deram aulas em seu lugar desde o início
do ano, não deram?
– Eles cumpriam o estágio de docência. Eu mesmo pas-
sei por isso. Disse ele, já com remorso por ter feito a pergunta.
– Você me disse que as amostras coletadas pelos seus
alunos são analisadas pelo computador, que fica a disposição
da equipe vinte e quatro horas por dia só para isso. Ainda
bem que vocês têm recesso no meio do ano, e no final, férias,
feriados, ... e tudo mais. Realmente você trabalha muito queri-
do. Hoje eu faço questão de levar você para o seu trabalho.
Depois você me liga que vou buscá-lo, está bom?
Augusto não queria prolongar mais o caloroso café.
Pois ele conhecia muito bem quais eram as fraquezas de sua
mulher, que um dia ele havia conquistado.
– Certo Liza, você venceu desta vez. Mas querida, eu
preparei uma surpresa para você. Surpresa esta que nem ele
mesmo sabia, mas não queria sair em desvantagem da situação.
– Puxa, você sabe o quanto eu amei todas as suas sur-
presas. E então, pode me contar?
– Agora não. É para a noite. Ele disse isso pensando
que teria o dia todo para preparar um agrado para a esposa.
Ao saírem de casa, Liza levou o marido em seu sedã
preto até a entrada do Departamento no qual o Augusto tra-
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balha. Era dentro do Campus da Universidade. De lá, ela se


dirigiu para o seu escritório no centro da cidade.
Caminhando pelos corredores espaçosos do Departa-
mento, em direção à sua sala, o doutor Augusto vai cumpri-
mentando os seus colegas de trabalho que encontra pela frente.
Para uma de suas colegas, a doutora Aline, ele pede uma ajuda
para resolver o problema da surpresa noturna para sua esposa.
– Bom, se for para ficar em casa, com o homem da
minha vida... disse ela pensativa. Eu gostaria de chegar em
casa e encontrá-la limpa, perfumada, arrumada e um belo jan-
tar a luz de velas me esperando. Após é claro de um delicioso
banho de ervas perfumadas.
– Por que você não pensa nisso? Disse ela.
– Já fiz algo parecido com isso para ela há alguns me-
ses. Respondeu ele.
– Mas valeu assim mesmo. Vou continuar a pensar no
assunto. Respondeu ele, e se encaminhou para a sala de sua
orientanda Ana.
Para chegar às salas dos professores, tinha que passar
pelas salas dos alunos. Ele queria despedir-se dela, desejando-
lhe um bom dia e uma feliz viagem para a Europa.

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TRABALHO DURO
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Flávia estava na sala salvando seus arquivos em seu pen
drive para a viagem, quando seu orientador entra e vai logo
perguntando.
– Bom dia Flávia, como foi o seu torneio ontem?
Toda eufórica ela responde.
– Você nem imagina fui campeã do torneio,
foi maravilhoso!
– Meus parabéns, agora espero que esteja voltada in-
teiramente para o seu trabalho, porque sabe tem que ter muita
dedicação e vontade.
– Eu sei, agora já estou terminando de salvar todos os
meus dados para juntar com os seus. Esta é a minha última
cópia de segurança. É bom se precaver sempre. Eu vou levar
esta cópia no pen drive e a que está em meu note book. As
outras ficarão aqui e na rede, caso precise. E creio que já está
tudo pronto para minha partida.
– Ótimo, depois que terminar tudo aí, por favor, vá
até minha sala para podermos acertar os finalmente.
Então Flávia começa uma conversa muito íntima com
sua amiga de sala, onde falam sobre sua partida e tudo que ela
irá deixar aqui no Brasil para trás, inclusive o namorado.
Flávia diz logo a sua amiga Patrícia:
– Patrícia, eu estou com muito medo de deixar a mi-
nha família e principalmente o Rô, aqui, sinceramente estou
empenhada no meu trabalho, mas que dá uma dor no peito,
há, isso dá.

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– Eu sei amiga, mas você tem que ver que seu futuro
está batendo na sua porta, e só depende de você. Como eu
gostaria de um dia ter uma chance igual a sua.
– Calma Path pode ter certeza que você terá sua chance,
não pode é ter pressa.
– Eu sei. Mas fico aqui imaginando você lá no instituto,
fazendo pesquisa de campo com descendentes de ecênios no
norte da Inglaterra.
– Mas não esqueça de imaginar também a minha situa-
ção com o Rô. Nestes dois anos que passamos juntos, ele sem-
pre esteve presente na minha vida seja nos problemas quanto
na alegria e hoje tenho que dizer adeus a ele.
– Calma amiga também não é assim o João Rogério
entendeu a sua situação, não entendeu? Acho que ele é muito
legal com você, pois se fosse outro, garanto que ia te dar um
ponta pé e nunca mais queria nem te ver pintada de ouro.
– Pois é, nós conversamos sobre o assunto e resolve-
mos dar um tempo pelo menos até eu voltar para o Brasil. Eu
sei que o amo muito mais sabe que ele sozinho aqui não con-
seguirá ficar sem um carinho feminino não é? Sabe como são
os homens. E é lógico, tem a internet. Podemos nos ver lá, na
realidade virtual, mas...
– Mas mudando de assunto, pois já vi que você daqui a
pouco vai começar a chorar, me conta como foi ontem sua
luta, vai Flávia.
– Nossa amiga você nem imagina, logo o início do tor-
nei, nas primeiras lutas que eu vi antes da minha vez, já come-
cei a achar que não ia nem chegar na segunda fase classificatória.
– Até parece mesmo, convencida, sabe que é uma ótima
lutadora e treinou muito por isso, sua boba.
– Não! Pode até parecer que estou fazendo de coitadi-

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nha, acontece que a cada luta aparecia umas lutadoras muito


fortes, marombadas mesmo e que derrubavam tudo que tinha
na sua frente. Mas eu fui, e quando cheguei na semifinal e tive
que lutar com uma senhora de lutadora chamada Ana Carolina
que tinha o apelido de Ana Trator, daí que eu logo pensei por
um segundo que só poderia conseguir disputar o terceiro lugar,
porque olhava o tamanho da mulher. Meu Deus, afasta de mim
esse pensamento e dai me forças para vencer! Obrigada! Fiz
isso enquanto olhava nos olhos dela. Você pode não acreditar
comecei a gostar da situação. Senti que podia vencer aquilo.
– Quando entrei dentro do tatame e começou a luta foi
muito diferente e eu ganhei. Daí para mim naquele momento
era só festa porque não imaginava que chegaria tão longe. Há!
E eu só chorava até então; foi quando os altos falantes anuncia-
ram a luta final. Eu contra a Juliana. Ela era de uma academia lá
de Lorena. Lembra do Fábio meu treinador me deu a maior
bronca por ter dito a ele que não ia ganhar a luta, mas aí ele me
deu a maior força e quando entrei no tatame só tinha olhos para
analisar a posição de ataque daquela tal de Juliana. Logo no
início tomei um golpe que me deixou bamba, mas quando fal-
tavam apenas alguns segundos para o término da luta fiz um
milagre e ganhei a luta, daí por diante só festa, não é amiga, até
agora não estou acreditando que venci aquela luta.
– Eu já sabia mesmo, pois sempre acreditei em você.
Tudo que faz vai fundo, veja só no seu trabalho como está
indo a mil por hora. Pena que não pude comparecer lá na
Fênix, mas estava daqui torcendo pela minha melhor amiga.
– Eu sei Path, foi difícil, mas o que importa agora é só
comemorar. Ontem, toda a minha família foi lá em casa se
despedir de mim. Foi um choro só, todos estavam chorando
e imagine até meu pai aquele casca grossa do senhor Maurício
estava chorando.

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– Não acredito, o senhor Mauricio chorando. Mas tam-


bém você não quer nada não é, a filha do coração tão novinha
indo para o exterior para estudar, tendo que deixar ele sozinho
aqui e tantos milhares de quilômetros de distância, dá por visto.
– Claro estou brincando, sei que é muito difícil para
um pai e uma mãe ter que deixar a filha ir morar sozinha no
exterior ainda num lugar que nem imaginam como é, conhece
na teoria, mas na prática nem imagina. Bem Path, está chegan-
do minha hora, vou deixar aqui algumas coisas pessoais para
você se lembrar de mim. Toma conta da minha mesa, do meu
micro, enfim, deste ambiente que criamos juntas nesta sala.
Quero receber todos os dias e-mails de você me contando
como está a situação aqui.
– Ta mais você também não vai esquecer de mandar reca-
dos e falar de você lá e de como está indo o seu trabalho, escutou.
– Pode deixar nunca esquecerei de você e ninguém deste
departamento que só me trouxeram alegria.
– Path! O Path! Presta atenção, por favor, eu vou lá na
sala do orientador me despedir dele e pegar mais algumas
coisas para eu poder ir embora ta bom, depois passo aqui
para nos despedir.
– Vai lá! boa sorte amiga!
Quando Flávia chega até a sala do orientador, ali en-
contra uma caixa cheia de livros e vai logo perguntando.
– O que é isso professor?
– Estes são livros que separei para você levar, vão te
ajudar muito.
– Muito obrigada, pode ter certeza que vou ler todos.
Pegando um dos livros de dentro da caixa, o professor
lhe mostra o livro que ela começou a trabalhar em sua nova
área de pesquisa.

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– Este é só para você se lembrar de quando começou


aqui conosco, proferindo-nos seminários semanais sobre os
tópicos deste livro.
– Bem professor gostaria de te agradecer por tudo que
tem feito por mim aqui na Universidade, e gostaria de te dizer
também que me ensinou coisas que vou levar para vida intei-
ra. Tchau professor, espero que dê tudo certo lá, e eu possa
voltar para ser sua colega de trabalho.
– Agradecer o quê, você que é uma aluna exemplar e se
você aprendeu, é que você se esforçou para isso. Deixa eu te
dar um abraço e dizer que torço muito pelo seu sucesso. E
pode ter certeza, quando voltar terá um lugar aqui na Univer-
sidade para você, em uma dessas cadeiras. Não como aluna,
mas sim como uma professora e pesquisadora. Vá com Deus
minha filha e nunca perca essa vontade de vencer.
– Obrigada professor, por tudo mesmo, sem você não
sei o que seria de mim nesta pesquisa, fique com Deus tam-
bém e até breve.
Voltando para sua sala, já no corredor, o professor sai
correndo atrás de Flávia e diz.
– Menina como você vai embora sem levar o pen drive
com todos os seus dados. E menina que só não esquece a ca-
beça porque está grudada no corpo.
Chegando em sua sala, um grande choro está monta-
do, se despedindo da amiga Path e do restante da turma.
Flávia mesmo chorando, partindo diz aos colegas.
– Nem fui ainda, mas já estou morrendo de saudades,
fiquem com Deus, levo vocês todos no coração. Lembre-se
acredite e tudo será criado, transformado e ou renovado. Bei-
jos... Tenho que ir vou passar em casa pegar meus pais e par-
tir, já está quase na hora do vôo. Tchauuuuuuuuu.

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A DESPEDIDA
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Já em casa, Flávia pega toda as suas malas e vai se diri-
gindo a seu veículo, com um ar meio triste, mas contente, tris-
te por deixar sua família, mas muito alegre por estar realizan-
do o grande sonho de sua vida. Chorando ainda, vai logo abra-
çando o papai e a mamãe, e diz:
– Eu Amo muito vocês, se não fosse por vocês não
estaria aqui realizando tudo isso.
Eles todos entram no carro e se dirigem até o Aeroporto.
No aeroporto, Flávia se despede de seus familiares, de
seu “namorado” e se encaminha para o embarque.
Flávia chega e já vai dando conta de todas as burocracias
para o embarque. Para ela, tudo já estava certo. Ela já se sentia
pronta para a viagem mais eletrizante de sua vida, agora não ha-
via mais volta, somente quando acabasse todo o seu trabalho.
– Pai fique com Deus cuide bem da mamãe. Disse ela
para seu pai.
– Mãe fique com Deus cuide bem do papai.
– Filha vá com Deus você também. Que ele possa te
abençoar, te dar muita força e coragem para terminar o mais
rápido possível o seu trabalho. Estaremos aqui firmes e rezan-
do por você para dar tudo certo e ver você voltar mais alegre
como está indo agora. Tchau filha ta na hora, vai com Deus.
Como já é de costume, Flávia entrando para o corre-
dor de embarque, seu pai grita:
– Filha você está esquecendo a sua bolsa.
Flávia volta, pega a bolsa e diz:
– Novidade não pai.
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B enedito P eix oto e D eivid S ilva

– Pois é filha espero que não esqueça assim da sua fa-


mília. Tchauuu.
– Bom, pessoal.
Disse Flávia para todos.
– Já disse para vocês que eu não gosto de despedidas.
Vejam isso como mais uma viagem. Quando chegar em Lon-
dres, estarei conectada à rede através de meu I fone e assim
poderemos nos comunicar.
– Toma cuidado com o frio de lá, Flávia.
Disse sua tia Maria, que fez questão de ir se despedir
de sua querida sobrinha.
– Oh, titia, você sabe que a Inglaterra agora está pas-
sando pelo final do período do equinócio de primavera. Dis-
se Flávia à sua tia, abraçando-a alegremente. Não está fazen-
do tanto frio. Mas prometo que vou me cuidar.
Com ela, segue também a colega de trabalho douto-
ra Cilene.
Neste instante, seus olhos oblongos se voltam para o
grande amor de sua vida.
– E você, João. Não vai me dizer nada? Perguntou ela
para seu amor.
– Eu amo muito você. Respondeu ele, fitando-a. Já es-
tou sentindo saudades de seu calor. Este seu sorriso enigmáti-
co de Mona Lisa me encanta. Cuide-se bem. Tenha uma boa
viagem. Você sabe que eu não gostaria que você fosse a um
lugar tão distante de mim.
Flávia apenas lança para ele aquela sua combinação de
olhar e de sorriso que para ele reflete todos os bons momen-
tos que passaram juntos.
– Mas é seu trabalho. Disse ele. E com certeza vai aju-
dar muitas pessoas. Você deve fazer o melhor para você. Es-
tes seis meses vão demorar a passar para mim.
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A orig em do H O M E M M O D E R N O - H omo Sapiens

Naquele momento, eles se abraçaram. Na verdade, ne-


nhum dos dois sabia o quanto suas vidas iriam mudar por
causa daquela viagem.
Um beijo sela a despedida. Rolam lágrimas e olhares,
espelhando a angústia pelo desconhecido que chega.
– Bom, pessoal. Disse Flávia para todos. Já disse para
vocês que eu não gosto de despedidas. Vejam isso como mais
uma viagem. Quando chegar em Londres, estarei conectada à
rede através de meu I fone e assim poderemos nos comunicar.

Flávia vai se dirigindo ao avião, já tremendo de medo


e triste por ter que se afastar fisicamente de pessoas tão queri-
das. A verdade é que todos sabiam que aqueles seis meses
poderiam se tornar um ano ou mais.

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B enedito P eix oto e D eivid S ilva

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A orig em do H O M E M M O D E R N O - H omo Sapiens

TURBULÊNCIA NO AVIÃO
5
Quando Flávia entra no avião, está com um aspecto
frio e pesado. Por sua surpresa toda com medo de viajar, en-
contra com sua amiga doutora Cilene que também estaria indo
para a Europa e por sorte haviam comprado as passagens
com os assentos próximos.
A doutora Cilene está sentada a seu lado direito, junto
à janela. E percebendo o estado de Ana, indaga-lhe sobre o
motivo de tal expressão de sentimento.
– Ana parece que você está um pouco nervosa e ansio-
sa. É seu primeiro vôo?
– Sim. Respondeu Ana. Nunca havia voado antes. Di-
zem que os piores momentos são a decolagem e a aterrissagem.
Do seu lado esquerdo ainda vazio Ana coloca sua
revista. Quando por sua tranqüilidade surge seu grande ami-
go Roberto.
A partir daquele instante se viu protegida e melhor
ainda teria mais alguém com quem conversar durante toda
a viagem.
– Olá Flávia á quanto tempo não nos vemos?
– Oi Roberto! Pois é, tanto tempo.
– Como vai, e seus estudos Flávia?
– Vou maravilhosamente bem. Meus estudos! É, vão
bem! Estou nessa viagem por isto mesmo. Vou para a Europa
fazer meu doutorado. Lembra aquele meu trabalho relaciona-
do a Rastreamento Genético.
– E como esqueceria. Ele nos deu tanto o que falar não
é mesmo.
29
B enedito P eix oto e D eivid S ilva

– Não se preocupe. Disse a doutora entrando na conver-


sa de Ana e Roberto. Isso passa logo, você vai perceber. Vamos
falar sobre o seu trabalho. Diga-me como vai o seu trabalho?
– Pois é Cilene. Respondeu Ana. Todos nós temos um
tipo de DNA especial chamado de DNA mitocondrial, tam-
bém chamado de DNAm, o qual é transmitido apenas pelas
mulheres para os seus filhos e suas filhas. Este DNAm dificil-
mente sofre algum tipo de alteração com o passar do tempo.
A doutora Cilene ouvia com atenção à explicação da
jovem, feliz por ter conseguido desviar a tensão de Ana du-
rante a decolagem.
– E de geração após geração o mesmo DNAm é pas-
sado para todos os descendentes. Dizia Ana. “Inalterado”. Já
foi comprovado que precisamente a cada vinte mil anos, ele
sofre uma mutação. E esta mutação é vista pelos pesquisado-
res como um marcador. O meu trabalho consiste justamente
em ajudar a mapear estes marcadores, e se possível, nos mais
variados grupos de pessoas espalhadas pelo planeta e encon-
trar o parente em comum dos mais diversos grupos étnicos
dos humanos modernos.
Conversa vai conversa vem, que Flávia nem se dá con-
ta que o avião já levantou vôo, e eles estão sobrevoando o
oceano. Quando de repente o avião passa por uma pequena
turbulência dentro de uma nuvem, e Flávia começa a ficar to-
talmente nervosa. Roberto que também é a primeira vez que
voa de avião também fica apreensivo, mas logo passa e os
dois voltam ao normal, e continuam suas conversas lembran-
do desde a infância que estudaram juntos.

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A orig em do H O M E M M O D E R N O - H omo Sapiens

DO INSTITUTO PARA KEY


6
Já estabelecida na cidade há semanas, Ana tem sua roti-
na diária de trabalho no instituto de Genética da Universida-
de. Ela se junta ao time que irá embarcar na missão de coleta
de dados genéticos.
Eis parte de equipe: Mc Night, o jovem escocês res-
ponsável e chefe da equipe, e também o responsável pela con-
dução de todos até a o local de coleta. Juntamente com ele
vão os ingleses Vick e Benson, a brasileira Ana, e os holande-
ses Van Hall e Boyle.
Todos se encontram no saguão do instituto e Ana Flá-
via fala com Mc Night.
– Olá, Mc Night! Disse-lhe a jovem. Como você é
oficialmente o nosso comandante, deve saber como vamos
chegar até o povoado de Key. Não sabe?
– Não vejo o doutor Quest por aqui. Indaga Van Hall
a Mc Night. Ele não irá conosco?
O doutor Quest ajudou a fundar o grupo de pesquisa em
mapeamento genético no instituto e difundi-lo para outros países
da Europa e da América. Ele é o responsável pelo projeto.
– Vamos levar este equipamento para a van. Respon-
deu Mc Night para Ana e para os outros integrantes da equi-
pe. Pois parte do trajeto iremos fazer a pé por causa da neve
que caiu naquela região ontem, a estrada ainda não foi
desbloqueada. Esse clima desregulado nessa época é um efei-
to do aquecimento global. Vai ser uma pequena aventura até
chegarmos a Key. Quanto ao doutor Quest, Van Hall? Ele irá

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B enedito P eix oto e D eivid S ilva

no helicóptero da universidade levando o equipamento mais


pesado e o restante da equipe.
Querendo saber mais sobre o povoado de Key, Ana
fala com o Vick e seus colegas Benson e Van Hall.
– Vocês sabem onde fica povoado de Key? Pergunta Ana.
– Bem Ana, pelo que sei, ele fica num local de difícil aces-
so na Reserva Natural, ao norte do país. Respondeu Vick. E como
o Mc disse, não sei se poderemos chegar até lá de carro.
– Deveríamos ir de helicóptero com o doutor Quest.
Disse Van Hall.
Percebendo o interesse de Ana, Mc Night vai falar com ela.
– Não se preocupe Ana. Disse-lhe Mc Night. O povo
de Key, apesar de viver isolado é formado de gente boa. São
pessoas de vida simples e humilde, que o governo tem ajuda-
do principalmente na parte de saúde. A região das terras altas
sempre foi pouco habitada porque os mais jovens vinham para
o sul, em busca de trabalho nas indústrias e de melhores salá-
rios. O investimento em infra-estrutura para o turismo vem
mudando esta situação.
– Ora Mc Night, não estou preocupada, só curiosa por
conhecê-los. No Brasil, também há vários povos que vivem
de certa forma isolados. Vai ser muito interessante poder es-
tabelecer com precisão a relação da linhagem genética predo-
minante do povo de Key com todos os outros grupos que
temos estudado.
– Além disso. Disse Benson. Vocês podem me ajudar
com estas mochilas?
Vick ajudou Benson a carregar a sua mochila até a van.
Já na van, Mc Night como sendo o responsável pela
equipe, conferiu todos os materiais que tinham de levar. Benson
teve que deixar mais da metade de tudo que estava em suas
duas mochilas, inclusive uma delas.
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A orig em do H O M E M M O D E R N O - H omo Sapiens

– Turma! Como responsável por vocês, preciso lembrá-


los que só devemos levar o material que está na lista que cada
um recebeu. Pois vamos ter que carregá-lo em uma parte do
trajeto para o povoado de key.
Dito isso, se voltaram para Benson, olhares e expres-
sões sorridentes.
– Tudo bem. Disse Ben. Só estava me prevenindo. E
se o meu repelente de mosquitos acabar adivinhem de quem
eu vou usar!
E lá se foram na van, em direção à saída da cidade.
Durante o trajeto, Ben toma a precaução de verificar
outra vez o seu equipamento.
– Qual é o problema, Ben? Serei o seu anjo da guarda.
Disse-lhe Vick.
– Grande ajuda. Respondeu Ben. Já que será você quem
vai estar atrás de mim, puxando minha corda! O meu equipa-
mento está OK, checado e pronto!
– E quanto a você Ana? Perguntou-lhe Mc Night. O
que você espera desta nossa pequena expedição?
– Bem, Mc. Eu espero que tudo ocorra bem, sem ne-
nhum imprevisto e que possamos colaborar de forma cons-
trutiva com o povo de Key. E pelo visto, esta parece ser uma
tradição do Instituto, em parceria com o governo. Espero tam-
bém que não interfiramos muito na cultura deles.
– Eles sabem se cuidar muito bem. – Disse Mc. E sua
cultura tem sido preservada o máximo possível. E além do mais,
eles nos fornecerão uma grande ajuda. Esta nos proporcionará
compreender melhor a origem das pessoas do continente.
– O que você fazia no Brasil, além da universidade?
Perguntou Mc para Ana.
– Eu sou judoca. No Brasil, treinava numa academia.

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B enedito P eix oto e D eivid S ilva

– Uh uh uh iaaá! Gritou Ben. Gesticulando um golpe


de Karatê.
– Ai, que bobinho você, Ben. Disse-lhe Vick.
– Ainda bem que você vai levar a corda. Disse Boyle
para Ben.
– É bom saber que tem uma atleta conosco. Disse Van
Hall, que estava com um fone de MP3 em uma de suas orelhas.
– Num tom irônico, Boyle indaga Ana sobre o DNAm.
– Mas o que eu não engulo mesmo Ana, é que só vocês
mulheres conseguem transmitir o DNAm para os filhos.

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A orig em do H O M E M M O D E R N O - H omo Sapiens

FIM DA ESTRADA
7
O vento trazia além do frescor agradável, o odor das
flores das plantas. Benson e Vick, seguidos depois por Van
Hall e Mc Night desceram rapidamente sem maiores dificul-
dades pela escarpa, pois esta já seria a sua terceira estadia no
povoado de Key.
Ao lado do povoado, a equipe de Mc Night se encon-
tra com a equipe do Dr. Brandon, que foi recepcioná-los jun-
tamente com a liderança do povoado.
Oi Mc! Como foi a sua jornada? Perguntou o Dr.
Brandon para Mc Night. Saudando-o em seguida com um
aperto de mãos. Um sorriso fica estampado em suas faces.
Estamos todos aqui. Agora vai dar para concluir o
nosso trabalho.
Bem, que bom poder revê-lo aqui neste lugar. Disse-
lhe o Dr. Brandon, o qual seguiu cumprimentando o restan-
te da equipe. Van Hall, meu amigo, Vick e Boyle meus cum-
primentos.
O Dr. Brandon também foi apresentado à nova inte-
grante do grupo de pesquisa do instituto.
Você só pode ser a Ana Flávia do Brasil, a Dra. Cilene
me falou bem de você. Ela também estudou aqui conosco e
nos ajudou a expandir nosso grupo de pesquisa no Brasil. Que
bom poder ver o crescimento de nossa família.
No povoado, também se apresentaram para a comiti-
va de recepção formada pelas autoridades locais. O Dr.
Brandon fez as honras de apresentá-los.

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B enedito P eix oto e D eivid S ilva

Este é o Lorde Samuel, prefeito de Key. Eles nos pre-


pararam uma grande recepção.
Lorde Samuel, com sua comitiva deram as boas vin-
das aos recém chegados. Todos foram levados para a região
central do povoado, onde a população os aguardava em
maior número.
O Dr. Brandon trouxera no helicóptero, além de parte
da equipe para Key, o material para repor o estoque da Saúde
e da educação.
Passada a acolhida, foram até a casa de Mag, outra im-
portante líder local. Sua casa localizava-se ao lado do centro
médico, e seria o posto da equipe.

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A orig em do H O M E M M O D E R N O - H omo Sapiens

DIÁLOGO ENTRE MAG E ANA FLÁVIA


8
Na noite em que chegaram ao povoado, depois de te-
rem guardado todos os materiais e os equipamentos. O gru-
po cansado caminha em direção à beira da fogueira para des-
cansar e prosear. A conversa começa e todos falam de suas
histórias, começam a lembrar de suas famílias, namorados,
namoradas e etc. Ana Flávia, sentada ao lado de Mag e todos
os outros, aproveitou para responder as mensagens de sauda-
de enviadas por João e pela Path.
– Oi! Disse Mag para Ana Flávia.
– Você, eu ainda não conheço. Você é nova no grupo
do Dr. Brandon. Sou a Mag. Trabalho na Prefeitura.
– Prazer em conhecê-la Mag. Respondeu Ana para
Mag, cumprimentando-a, num aperto de mãos.
– Mag, apesar de não nos conhecermos, temos um pa-
rente em comum, com certeza.
– Venha, está escurecendo, vamos nos juntar aos ou-
tros, próximo a fogueira. Você poderá me contar sobre esse
parente que você conhece.
E vão as duas para junto da grande fogueira feita de
troncos de árvores. O prefeito, Lorde Samuel sempre fazia
questão de proporcionar uma boa recepção para seu velho
amigo Dr. Brandon, como forma de agradecimento de todos
os moradores, ajuda anual dada pela universidade.
Era uma festa que mobilizava praticamente todas as
famílias do povoado de Key. As pessoas dançavam ao ritmo
da música gaélica. A bebida era de sua própria produção, vin-
da dos pomares com parreiras e videiras que cultivavam.
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B enedito P eix oto e D eivid S ilva

O cheiro de carneiro assado abria-lhes ainda mais o


apetite depois de toda a energia gasta no trajeto até Key.
Junto à fogueira, Mag e Ana Flávia continuam os seus
diálogos. Mag ficou intrigada. Queria saber que parente era
este que tinha com a Flávia, pois ela não conhecia ninguém de
sua família que tivesse ido para a América. Ela se lembrava
que tinha parentes em Londres e em Liverpool.
– Então Flávia... Disse Mag para a Flávia. Você me
deixou curiosa. Não me lembrei de ninguém de minha família
que foi para a América . Quem foi o nosso parente?
– Bom, Mag. Neste instante, eu não sei quem ele foi,
mas sei que a resposta a esta questão está aqui, dentro de nós
duas. Neste instante, Flávia segura a mão de Mag e aponta
com o seu dedo para suas mãos.
– Como assim Ana?
– Sabe Mag. Cada célula de nosso corpo possui o cha-
mado DNAm que só é passado pela mulher aos filhos. E nes-
sa passagem, praticamente ele não sofre nenhuma mudança.
Somente com o passar de muito tempo, a cada ciclo de vinte
mil anos, ele sofre apenas uma mutação. E esta mutação é vis-
ta como um marcador. Desta forma, comparando estes
marcadores entre as pessoas de várias cidades, de vários paí-
ses, ou de continentes diferentes, é possível descobrir o grau
de parentesco entre elas, seu ancestral em comum e assim po-
demos traçar a rota de suas jornadas pela Terra até cento e
cinqüenta mil anos atrás, com precisão.
– Puxa vida, não pensei na minha família dessa forma.
Disse-lhe Mag. Como pode ser? O DNA é algo tão pequeno
que nem podemos ver. Como ele pode nos contar com preci-
são, a história da humanidade.
– Sim Mag. A nossa história. É fantástico saber como
uma única célula nossa possa conter tanta informação com
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A orig em do H O M E M M O D E R N O - H omo Sapiens

respeito ao nosso passado. Para tanto, as informações que


coletaremos de vocês serão tão importantes para todos nós.
– Nossa! Exclamou Mag para Ana Flávia. E quanto ao
nosso parente?
– Está em nós Mag. Você também pode participar do
programa, deixando-nos coletar uma amostra da saliva de sua
bochecha com um cotonete. O qual será levado para o depar-
tamento para a análise do DNAm e fazer a comparação entre
os nossos marcadores. Em pouco tempo descobriremos muita
coisa sobre quem foi o nosso antepassado, tais como onde ele
vivia, o que ele fazia, por onde ele andava, e o que nos levou
a vivermos hoje em continentes diferentes.
– Eu quero saber. Disse Mag.

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B enedito P eix oto e D eivid S ilva

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A orig em do H O M E M M O D E R N O - H omo Sapiens

O POVOADO!
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Benson, Van Hall, Boyle e Vick também estavam em
volta da fogueira. Somente o doutor Mc Night permanecia
fora do círculo, estava sozinho mexendo no seu Note book,
lendo e-mails e revendo algumas informações do trabalho.
Mc Night estava um pouco triste, mas era só olhar para
Ana Flávia que a felicidade já ficara estampada em teu rosto.
Ele olhava para ela e ficava imaginando coisas como o quanto
ela era um espetáculo de mulher em todos os sentidos, e o
quanto ele já estava ficando apaixonado por ela. Disfarçava e
quando a olhava novamente ali estava o sorriso estampado
em seu rosto.
Ana Flávia vendo seu parceiro triste e isolado chama-
o para lhe fazer companhia na roda junto com os outros.
Chegando Mc Night com o sorriso nas orelhas, senta
logo ao lado de Ana Flávia. Que por sua vez também sente
um calafrio na espinha, sabe aquela coisa que dá nos adoles-
centes quando vão beijar pela primeira vez, ou quando o grande
amor de sua vida lhe dá um abraço, é essas coisas são assim.
Mc Night já sentado pergunta a Ana Flávia.
– O que tanto vocês conversam?
– Ana toda risonha o responde. Estou aqui contando a
Mag sobre como era o mundo há 150000 anos atrás. Melhor
fazendo uma pequena descrição do nosso trabalho.

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B enedito P eix oto e D eivid S ilva

Figura 1: Há 150000 anos, os humanos viviam na África oriental.

– Puxa que legal, vai continua aí, to ouvindo.


– Bem, continuando de onde parei, foi mais ou menos
assim. Há 150000 anos atrás os registros climáticos aponta-
vam para uma grande glaciação no planeta, um fenômeno re-
sultante de mudanças climáticas, que afetou extensas partes
do globo. A Terra fica muito mais fria em seus extremos nor-
te e sul, e na África, os desertos o calor e a seca se intensificam
mais ainda, pois os pólos retêm uma quantidade maior de água,
interferindo em seu ciclo natural. Neste período os nossos
ancestrais estavam num grande deserto da África Oriental, um
local muito seco e com muita dificuldade de encontrar água
doce e também comida. Um local como um campo sujo, geo-
graficamente falando.
– Puxa Ana parece que você foi fundo nisso, você co-
nhece mesmo, diz Mag.

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A orig em do H O M E M M O D E R N O - H omo Sapiens

SEM COMIDA E SEM ÁGUA


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Naquele período compreendido ao redor de cento e
cinqüenta mil anos atrás, a caça era de fundamental importân-
cia para a sobrevivência humana. Isso explica como a raça
humana se desenvolveu.
– Desenvolveu-se, como assim Ana? Não entendi! In-
daga Mag.
– Deixe que eu responda a esta questão Ana, isso está
na ponta da língua, diz Mc Night.
– Mag, este processo de caçar provém de muita estra-
tégia e concentração, para a mesma ser concretizada. E mais,
era a uma forma de comunicação que existia na época. Isso
indicam os registros. Porém, depois de caçada sua presa, a ela
era levada para o acampamento e dividida entre todos, para
que saciassem suas fome.
– Isso aí Mc, ta arrebentando, esse homem é um amor,
não é mesmo Mag?
– Não sei de nada, sou casada e vocês se virem aí. Mas
deixa isso para depois e conta mais vai Ana.
Todos caem na risada.
– Vamos lá. Os homens daquela época tinham a pele
totalmente negra. A cor da pele evoluiu para ser suficiente-
mente escura para bloquear os raios UV do Sol, que podem
penetrar na corrente sanguínea e destruir o ácido fólico. Esse
ácido é também chamado de folacina. Ela é essencial para a
síntese do DNA, para evitar a perda de fertilidade e para o
bom desenvolvimento do feto. A cor da pele também evoluiu
para ser clara o suficiente para possibilitar a produção de vi-
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B enedito P eix oto e D eivid S ilva

tamina D. Mas mesmo assim, os homens não estavam


agüentando suportar aquele calor imenso e estavam morren-
do, pois tinham que conseguir mais forças para sair atrás de
comida e de água.
– Coitados não Ana! Imagina o sofrimento daquele
povo! Exclama Mag.
– Pois é Mag, devido a isto e às intempéries provocadas
pela seca, toda a população se vê sem condições de sobrevi-
vência naquele local. Já que faltavam forças, mas também falta-
vam comida, recursos, terras e etc. Além das alterações climáti-
cas que estavam sofrendo. Mas eis que surge uma solução!!
Continua o seu comentário Ana.
– Eles seguiam as manadas que iam rumo ao norte, e
com isso, a mais ou menos 110000 anos, sai o primeiro grupo
de pessoas. Seriam em torno de 20 ou 30 pessoas em busca de
um lugar melhor e com mais condições.
– Não diga que eles seguiram na direção das manadas
de animais? Indaga Mag.
– Sim Mag, foram o primeiro grupo de humanos mo-
dernos que saíram em direção ao norte do continente africano,
indo em direção ao Egito, chegando até à região atual de Israel.

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A orig em do H O M E M M O D E R N O - H omo Sapiens

O POVO GALLEU E A TERRA


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DOS PÁSSAROS: 110000 AC

A liderança do povo Galleu era formada por caçadores


legendários, entre eles Legate. Eles habitavam a região do Egito
antigo com o Mar Vermelho. Eram tempos difíceis e o povo
estava se preparando para mudar de lugar, pois eram nômades.
As mulheres além de cuidar dos filhos, coletavam se-
mentes e frutas. Mal sabiam elas de sua importância para o
desenvolvimento da agricultura e posterior fixação do homem
na terra.
O caçador Legate estava decepcionado com a pouca
quantidade de espécies animais que estavam à disposição de
seu povo. Discutindo com sua família, decidiram se mudar,
indo em direção ao norte. As aves no céu pareciam lhes indi-
car um caminho para uma terra melhor. Dessa forma, foram
comunicar a sua decisão para as lideranças.
– Povo Galleu. – Disse Legate. – Minha família, e as
famílias de Romano com sua esposa Galila e de Rael com sua
mulher Naza. Somos ao todo quase quarenta pessoas, entre
homens, mulheres e crianças. Decidimos atravessar o pântano
formado pelas águas do Mar Vermelho, rumando ao norte e
estabelecermos em terras melhores do que esta em que
estamos. – O nível do Mar Vermelho estava bem abaixo do
atual por causa da glaciação, produzindo uma ponte de terra
alagada em seu extremo norte.
– A maior parte do povo de Galleu preferiu continuar
seguindo o rio Nilo, enfrentando os períodos de seca e de
enchente, apesar da região árida que ele atravessava. Muitos
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B enedito P eix oto e D eivid S ilva

já haviam atravessado o Mar vermelho, mas as condições do


outro lado não lhes pareciam melhores do que as da região
do Nilo.
– Se formos acompanhando o Mar Mediterrâneo, po-
deremos atravessar o deserto da Arábia. – Disse Romano.
– É loucura! Não tem como atravessar aquilo tudo! –
Disse um dos caçadores. – Quase morri naquele deserto in-
fernal. E depois, os animais não vão tanto ao norte.
– Já percorri aquele deserto por uma semana. – Disse
Rael. – Acredito que com mais uma semana de caminhada
pelo deserto, conseguiremos chegar até a terra que os pássa-
ros com certeza encontraram.
– Como já era uma decisão tomada, lá foram eles deser-
to adentro com suas famílias, em busca da terra dos pássaros.
– E após três semanas percorrendo aquele deserto, eles
conseguiram chegar até a região da Galiléia, mas a metade
deles já havia perecido no deserto.
– Seu último acampamento foi numa caverna nas pro-
ximidades de Nazaré. As famílias de Naza, e de Galila aguar-
daram na caverna por Legate e seus dois companheiros Ro-
mano e Rael voltarem com provisões. Ainda estavam em ple-
no deserto, seu alimento estava no fim e não havia mais como
voltar para o Egito. Esperaram, esperaram...
– Mas eles não sobreviveram.
– Por que? Pode me explicar. Pergunta Mag assustada.
– Simples Mag, eles estavam num calor absurdo na Áfri-
ca não é mesmo? Caminharam muito, mas eles estavam muito
fracos, aliados a isso tiveram de enfrentar um deserto mais
intenso, e suas peles e seus corpos não agüentaram a alteração
e acabaram morrendo.
– Desculpa Ana, como tem certeza disso? Pergunta no-
vamente Mag.
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A orig em do H O M E M M O D E R N O - H omo Sapiens

Figura 2: Há 110000 anos, partem da África


para a Ásia pelo Mar Vermelho.

– Pois é Mag, é difícil, mas nossos Ancestrais tinham


pela frente que atravessar o extremo deserto do Oriente Mé-
dio. Um deserto que para eles demonstrou ser intransponível
naquela época. Eles ficaram sem ter como voltar atrás. E numa
caverna da Galiléia chamada de Cáfica, nas proximidades de
Nazaré, no ano de 1933, foram encontrados os ossos desse
grupo de humanos modernos, datada como os mais antigos,
em torno de 110000 anos. Por isso podemos chegar à conclu-
são de que esta teria sido a primeira saída dos humanos mo-
dernos da África.

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B enedito P eix oto e D eivid S ilva

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A orig em do H O M E M M O D E R N O - H omo Sapiens

OS HIGHLANDERS
12
– Isso é muito interessante Ana, não tinha idéia que o
trabalho de vocês teria ido tão longe assim. Posso lhe fazer
uma última pergunta?
– Claro Mag estou a sua disposição, esse trabalho só
vai nos ajudar a enxergarmos melhor como a nossa família
colonizou o planeta com o passar dos anos.
Nisso Mc Night já estava cochilando ao lado de Ana.
– Veja só Ana o Dr. Está dormindo.
– Deixe-o aqui, até eu queria um cantinho aconchegan-
te como este para descansar. Mas, e daí qual sua pergunta.
– Bem Ana, além de tudo aquilo que já me disse, tudo bem,
mas por que realmente nossos ancestrais não sobreviveram?
– É Mag não sobreviveram porque toda a vida natural
se desenvolve em função das condições climáticas do planeta.
Como aqui nas Highlands, vocês vivem meio isolados. O cli-
ma e a geografia são muito agressivos, o que fez com que
muitos fossem para regiões mais desenvolvidas após a revo-
lução industrial.
– Quando Ana acaba de fazer seu comentário para
Mag, chega mais junto deles o restante do grupo. Van Hall já
meio alterado da bebida, vendo Mc deitado ao seu lado, per-
gunta a Flávia se ela está namorando ele.
– Flávia ri e diz que não, mas com os olhos já entregando
que pelo menos algum sentimento estava tendo pelo doutor.
– Nisso Boyle, pergunta o que tanto eles estavam con-
versando naquela rodinha.

49
B enedito P eix oto e D eivid S ilva

– Ana Flávia diz, que estava contando a Mag sobre os


seus ancestrais há 150000 anos atrás e de sua primeira saída a
110000 anos em direção ao Egito. Já que várias tentativas de-
les de se estalarem na Europa, não deram certo.
– É muito lindo poder falar disso não Ana, mas já que
estão falando da primeira saída posso contar da Segunda a
80.000 anos, Mag você vai adorar.
– Claro Boyle eu gostaria de saber de tudo.
Com gestos, gargalhadas e encenações Boyle começa a
fazer um teatro para contar a história. E ainda acaba acordan-
do Mc Night para escutar suas palhaçadas.
Com isso Mc se vê recebendo carinho de sua princesa
de Ébano, ficando todo contente e radiante. Boyle começa.
– A mais ou menos 80.000 anos atrás o mundo estava
esfriando novamente. Uma nova Glaciação estaria começando
no mundo e nossos ancestrais passaram a sofrer tudo de novo.
– Nossa Boyle os mesmos que Ana contou? Não é pos-
sível tudo de novo! Indaga Mag.
– Claro que não eram os mesmos Mag. Eram seus des-
cendentes, que viveram naquele período.
– Mas todo o planeta estava sofrendo por causa da
mudança climática resultante da glaciação. O nível dos ocea-
nos baixara muito e o interior do continente africano era as-
solado pela escassez de água. O que tornava o clima daquele
ambiente mais quente e seco, empurrando-os em direção do
litoral. Os nossos ancestrais tiveram que deixar um pouco de
ser caçadores e passaram a ser pescadores, pois estavam ocu-
pando as praias. Nesse momento, eles se desenvolveram muito,
inventaram muitas ferramentas e mais, deixaram muitos
registros para nós hoje. Mag você se lembra de Eva que é a
mãe de todos os humanos modernos que vivem no mundo?

50
A orig em do H O M E M M O D E R N O - H omo Sapiens

– Claro!
– Então, nesse grupo que agora são pescadores, está uma
mulher que faz parte direta da linhagem da Eva primitiva.
– Nova Eva? Pergunta Mag.
– É! Uma mãe tem uma filha, que depois esta filha se
torna mãe e assim por diante, de geração em geração. E o
nome Eva é sugestivo, pois não há como saber como ela e
seus descendentes se chamavam naquela época. Sendo que a
escrita ainda não existia.
– Sim, né Boyle! Ôôôô.
– Pois é! Essa “nova Eva” era descendente direta da
nossa mãe Eva. Continua Boyle. É, mais a vida estava muito
difícil e o mar Vermelho estava muito salgado. Há! E só para
lembrar o mar Vermelho fazia parte da região da África onde
eles habitavam. Por isso, dificultou e muito a sobrevivência
do nosso povo. Devido a este aspecto Mag, é que até pouco
tempo existiam poucas evidências de que nossos ancestrais
teriam ocupado a região costeira. Mas deixa eu te falar, hein!
Eles ocuparam sim a faixa litorânea do mar Vermelho. Sabe
por que eu posso dizer isso? Sabe? Sabe?
– Fala Boyle não enrola! Diz Ana.
– Não quero, não quero.
– Anda Boyle eu estou curiosa, seu gracioso. Diz Mag.
– Se você não contar, eu vou contar pra Mag, viu seu
bobo, diz Ana.
– Está bem paixão, vou contar, sem nervosismo, cal-
ma. Bem vamos lá Mag. Em 1999 um Geólogo disse ter feito
uma descoberta reveladora sobre a ocupação litorânea pelos
humanos modernos naquela região.
– Para de graça, conta logo! Diz Mag toda ansiosa.
– Então, ele revelou a descoberta de um recife de pe-
dra de mais de 125000 anos. Em suas camadas haviam claras
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B enedito P eix oto e D eivid S ilva

evidências da ocupação humana. Havia além das conchas de


moluscos agrupadas, os instrumentos de pedra lascada, con-
feccionados com certeza pelos humanos no preparo dos ali-
mentos. E também gravetos e outros materiais fossilizados
que permitiram a datação por carbono. A região foi chamada
de Parque de Ostras. Tudo isso é maravilhoso, é ótimo poder
contar como eram nossos ancestrais não é mesmo. Espera aí
pessoal vou buscar uma cerveja e já volto.
– Enquanto isso Mc Night olha para Ana e pensa con-
sigo mesmo: – Mas que bela mulher! E pergunta para ela:
– Você está sozinha Ana? Está conseguindo se adaptar aqui?
– Boyle de longe vê aquela cena e já vem gritando.
– Isso vai dar namoro, eu tenho certeza! Trabalhar que
é bom nada!
– Você é um palhaço Boyle! – Disse Vick toda tímida,
mas querendo ajudar a amiga. – Ela acabou de sair de um
relacionamento no Brasil! Diz ela num tom bem enrolado.
– Que bom que tenho uma mãe aqui! Respondeu Ana.
Nisso todos caem na risada.
Boyle chega já arrasando pedindo a atenção de todos
novamente e volta ao seu teatro à beira da fogueira.
– Pois bem pessoal, além de tudo o que eu já disse, tem
mais e muito mais ainda só que vou deixar para o maior dos
maiores especialista nisso que eu já conheci. Por favor, senhor
Mc Night se dirija ao centro e comece o seu teatro agora.
Vamos rapaz agora. Beijos para todos e até a próxima.
– Mc Night um pouco tímido diz, por que eu? Você
está indo tão bem, continua vai seu pudim de cerveja.
– Ana Flávia olha para ele e com todo aquele jeitinho
de morena hipnotizante e diz:
Por favor, continua pra gente?

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A orig em do H O M E M M O D E R N O - H omo Sapiens

– É fazer o que, desse jeitinho todo meigo não tem


como falar não, tudo bem eu vou tentar contar para vocês
como teria sido o primeiro êxodo africano.

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B enedito P eix oto e D eivid S ilva

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A orig em do H O M E M M O D E R N O - H omo Sapiens

O PRIMEIRO ÊXODO DA FAMÍLIA DE EVA


13
– Bem! O professor Estiven, pesquisador em
rastreamento genético do DNA atual, propõe que nossos an-
cestrais vieram da África por uma rota mais ao sul, na direção
do Iêmen. Pelo lado da Praia da Costa Oeste do Mar Verme-
lho do lado africano e do outro podiam ver as montanhas do
Iêmen. Bem neste ponto os nossos ancestrais cruzaram a 1ª
etapa para fora da África, isso tudo há 80.000 anos atrás.

Figura 3: Há 80.000 anos, o primeiro Êxodo da África para a Ásia


dos humanos modernos.
– Espere aí Mc, como, onde, quantos e por que saíram
em direção ao Iêmen? Pergunta Benson o menos informado
da turma neste aspecto.
– Olha Benson, um pequeno grupo de pessoas fez um
Êxodo para a história da humanidade, através dos portões da
tristeza. Atravessando-o encontraram a planície do Iêmen
cheio de vida, um grupo pequeno sim de mais ou menos 250
pessoas, todas divididas entre grupinhos de 5 a 20 pessoas.
Aqui a vida de nossos ancestrais era totalmente marcada pela
grande dificuldade de encontrar comida para o grupo, o cli-
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B enedito P eix oto e D eivid S ilva

ma seco fazia com que eles ficassem mais cansados, dificultan-


do a caça, sem água e somente a vista do outro lado do mar
era que os dava força para prosseguir.
– Puxa Mc! Olha só que sofrimento não. Depois nós
reclamamos da nossa vida, temos que dar graças a Deus por
eles ter conseguido, porque se não eu nem você e nem nin-
guém estaríamos aqui hoje, diz Ana meio sonolenta.
– É mesmo Ana, a vida deles era uma loucura. Eles
comiam o que viam pela frente. Imagine aquelas pessoas que
vivem hoje lá na África, nos países mais necessitados, passan-
do fome. Nossos ancestrais viviam numa situação um pouco
pior. Hoje os países africanos mais necessitados recebem al-
gum tipo de ajuda internacional. Os nossos ancestrais não, não
tinham nada e além de tudo não tinham nem o que caçar. O
mais legal de tudo isso é que Eva fazia parte desse grupo, pois
todos nós praticamente somos descendentes dessa mulher fora
da África. Sabe por que, usando uma linha genética
mitocondrial única e contínua, os cientistas descobriram que
alguns de nossos ancestrais foram para o Norte e Oeste, ou-
tros foram de Leste e Sul.
– Cara, como você é inteligente, olha, conseguir guar-
dar tanta informação desse jeito não é pra qualquer um não.
Parabéns, diz Van Hall.
– Nisso Boyle não consegue se segurar e diz: Não é à
toa que a mulher mais linda aqui presente está apaixonada por
este tranqueira.
Ana Flávia fica toda encabulada, e pede a seu príncipe:
– Conclui essa saída vai, o mais interessante está no
final, eu acho, é claro. Risos.

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A orig em do H O M E M M O D E R N O - H omo Sapiens

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PORTÕES DO IÊMEN: 80000 AC

Há 80000 anos, os rigores do período glacial faziam com


que aumentasse a seca no interior da África. Desta forma, o
restante da população humana deslocava-se para o litoral, em
direção ao Mar Vermelho. Com isso, eles foram forçados a se
adaptarem a uma vida que dependia dos coletores marinhos.
Os peixes e os mariscos, a princípio, foram benéficos para to-
dos. E com a redução do nível dos mares, o Mar Vermelho se
tornou muito salgado, tornando o alimento mais escasso ainda.
O que deveria ser feito para solucionar esse problema?
Mc Night continua sua explicação contando a história
de uns pescadores. O mais interessante como se a história es-
tivesse ocorrendo ali naquele exato momento.
– Os pescadores Malon, Baloi e Mute retornaram da
pescaria ao final da tarde.
– Malon, meu velho amigo. Disse Mule. Está cada vez
mais difícil pescar aqui no litoral.
– É, mas não há como desistir do mar. O interior está
muito seco e tem poucos animais para caçar. Você viu o esta-
do do grupo do Jodão quando voltou do interior?
– É Malon, quase não conseguiram sobreviver àquela
semana no interior. Eles não conseguiram praticamente ne-
nhuma caça boa.
– Enquanto os dois pescadores conversavam, chegou-
se próximo deles Luana e Baloi com alguns peixes e crustáceos.
– Oi Baloi.
– Oi Luana.¨
– Oi Malon.¨
57
B enedito P eix oto e D eivid S ilva

– Oi Mule.¨
Cumprimentaram-se os amigos.
– Bela pesca vocês conseguiram. Disse Malon para Baloi
e para Luana. Vocês se arriscaram muito no mar, indo na
direção do Iêmen Verde.
– É Malon. Disse Luana. A sobrevivência de nossas
famílias depende da comida que conseguimos. A água do Mar
Vermelho está muito salgada para os peixes. Cada vez mais
temos que adentrar mais no mar para pescá-los.
– Quando estávamos mais afastados da praia, disse
Baloi, dava para ver que os pássaros voavam para os verdes
do Iêmen. Eu tenho certeza que lá, do outro lado, tem mais
comida do que na região em que estamos. Eu e Luana decidi-
mos propor ao restante da tribo que um grupo de nós atra-
vesse o mar até alcançar o Iêmen para verificar se lá há melho-
res condições para nós.
– Sim, Mule. Disse Baloi. Conseguimos chegar além
da metade do caminho para o Iêmen. Eu e Luana vamos nos
candidatar para atravessar o mar até a outra margem, se pos-
sível. Acreditamos que sim. Percebemos que a água não é muito
profunda. Tenho certeza que conseguiremos.
– Acho que vocês estão certos, Baloi. Disse Malon. Se con-
tinuarmos assim como estamos, não haverá como nos alimentar-
mos direito. As crianças estão com fome. E isso é muito ruim.
Continuando a conversa, eles se encaminharam para
a tribo com os poucos peixes e crustáceos que consegui-
ram coletar.
Na tribo, eles proporiam para o conselho o plano de
travessia do mar Vermelho em direção ao Iêmen.
O conselho da tribo era composto pelos cinco sábios
da tribo. Eram eles: Evana, Roman, Mute, Mule e Lauana.
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A orig em do H O M E M M O D E R N O - H omo Sapiens

Durante a discussão no conselho, o plano foi defendi-


do por alguns de seus membros.
– Nossos antepassados viveram nesta região por mui-
to tempo. Disse Evana. Minha avó costumava nos contar his-
tórias sobre sua época. Eles não tinham tantas dificuldades
para se manter aqui. Aqui já foi um paraíso para nós. Tínha-
mos tudo que precisávamos. Havia uma fartura de peixes. Com
as cascas dos moluscos, dava para fazer montes após as suas
limpezas. Mas agora está tudo diferente. Nossas famílias es-
tão cada vez mais numerosas. Sabemos que para vocês caça-
dores, a vida tem sido cada vez mais difícil.
– Por mim, vocês nunca serão esquecidos. Nossos jo-
vens desenham as histórias que vocês nos contam de suas jorna-
das, repletas de aventura nas paredes das montanhas. Um dia,
todos nós, aqui reunidos, deixaremos de existir. Mas os seus
feitos ficarão marcados para a eternidade. Nossos descenden-
tes viverão em outros lugares. É nosso destino. Apóio o plano
de vocês, mas com uma condição. Que apenas um pequeno gru-
po, formado por quatro pessoas experientes, tente atravessar
aquele mar, e chegar até a outra margem. Assim poderão
explorá-lo e ao retornar, nos informar de tudo que consegui-
rem, incluindo da possibilidade da travessia das mulheres e das
crianças. Também precisamos saber se o Iêmen Verde é real-
mente o que nos parece ser. Um lugar com muita fartura.
Nesse momento, o pescador Baloi levantou-se e pôs-
se a disposição.
– Evana e membros deste conselho, eu Baloi e meu
companheiro Luana temos certeza que sim. É possível atra-
vessar o Mar Vermelho. Apesar de sua água ser muito salga-
da, sua profundidade não é muita e a flutuabilidade é boa. Até
onde fomos, a correnteza não é muito intensa.

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B enedito P eix oto e D eivid S ilva

Pela discussão, ficava cada vez mais claro que algo de


novo precisava ser feito, isso se quisessem mudar sua situação
atual de necessidade. Eles não sabiam que a sua região quente,
árida, e com o mar muito salgado, estava daquela forma devi-
do ao fenômeno global da glaciação. Que tornava as zonas
interiores do continente africano árido, o nível do mar baixo,
e por conseqüência, mais salgado. Era por essa razão que os
peixes e os animais terrestres se locomoviam para locais mais
propícios à sua sobrevivência.
Lauana, a representante do conselho se levantou de seu
lugar. Todos olharam para ela. Sua aparência segura e altiva,
decorrente de sua longa experiência e deu o seu parecer sobre
a situação.
– Membros deste renomado conselho. Por muito tem-
po tenho enviado bons homens para caçar no interior. Eu me
sinto responsável por eles e pelo esforço que têm empreendi-
do arriscando suas vidas nas regiões áridas. Sim, eu me sinto
responsável pelas mães que perderam seus maridos nessas
caçadas. Não sei por que no interior tem faltado tanta água,
secando as plantas e espantando os animais para além de nos-
so território. Não posso lhes dizer por que o mar é tão salga-
do que nem os peixes nele conseguem sobreviver. Não sei o
que está ocorrendo, mas sinto que não podemos mais perma-
necer neste local por muito mais tempo, se quisermos sobre-
viver. O meu coração se contorce ao pensar em enviar alguém
para atravessar o Mar Vermelho até o Iêmen. Tenho em meu
interior, a convicção de que aquela imagem verde e forte do
Iêmen está esperando por nós.
Pela situação da aldeia, a decisão de seguir o caminho
das aves até aquela região verdejante além da barreira maríti-
ma que os separava era inevitável. Assim, escutando os rumo-
res de sua tribo Lauana continuou sua exposição.
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A orig em do H O M E M M O D E R N O - H omo Sapiens

– Não consigo ver uma alternativa. Também tenho sen-


tido na pele a fome de nosso povo. Acredito que chegamos
num ponto crucial de nossa jornada. E que se quisermos so-
breviver, temos que partir deste lugar. A proposta de Evana,
de primeiro enviar um grupo pequeno, eu aceito. Mas agora,
depois de refletir muito, só não concordo que seja formado
por pessoas experientes como os pescadores. Pois se todos
nós, homens, mulheres e crianças, tivermos também que ir, e
não somos todos experientes, devemos enviar um grupo mis-
to. Além dos pescadores Baloi e Luana, eu Lauana, como
mulher que sou, possa ir junto com eles. Peço também que
mais um jovem ou uma jovem de nosso grupo se candidate a
ir. Pois se enviarmos apenas pescadores experientes, não ha-
verá como saber das chances reais das mulheres, das crianças
e dos jovens na jornada. E não podemos arriscar a vida de
todos eles ainda mais.
– Sua proposta é drástica Lauana. Disse Romam. Mas
você tem razão.
– Nossa situação neste local é dramática Romam, e pre-
cisamos saber se todos podem ir. Disse Lauana.
– Concordo com você. Disse Romam. Quando dizem
que o nosso tempo de permanência neste local está chegando
ao fim, isso me parece um consenso entre nós. Também não
sei por que os céus, porque a Terra e porque o mar nos tem
agredido tanto. Gostaria que os caçadores que enviamos rumo
ao norte, margeando o Mar Vermelho, nos tivessem trazido
boas notícias, mas não. Minha cabeça dói. Esta é uma decisão
muito arriscada que tomo. Sei que é a mais importante de mi-
nha vida. Sei que levar todo povo para o mar, em direção do
Iêmen com todo o seu verde sedutor, é melhor que levá-los
deserto adentro, rumando para o norte. E quanto a vocês
dois, Mule e Mutê, o que vocês pensam a esse respeito?
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B enedito P eix oto e D eivid S ilva

– Como você disse Romam, as terras verdes no outro


lado do mar, são mais sedutoras do que o deserto que temos
enfrentado. Respondeu-lhe Mule.
– Eu e meu amigo Mule estamos de acordo. Temos
enfrentado o deserto por muito tempo e já perdemos muitos
de nossos melhores amigos para o deserto. E pelo que perce-
bemos, o mar nos aguarda. É dele que temos vivido mais e é
atravessando ele que sobreviveremos a esta carestia dos tem-
pos. A proposta de Lauana é a mais plausível e é a ela que
apoiamos. Não temos outra proposta. Que nossos antepassa-
dos nos ajudem nesta travessia. Diz Mutê.
A discussão entre os membros do conselho se prolon-
gou até altas horas daquela noite quente e iluminada pela luz
da fogueira de lenha trazida dos arredores da aldeia. Uma
corrente de ar frio vindo do lado do Iêmen proporcionava-
lhes uma agradável sensação de frescor. Ao término da reu-
nião, ficou decidido que os pescadores Baloi e Luana, a repre-
sentante do conselho Lauana e o jovem Leve, deveriam mos-
trar que seria mesmo possível todos atravessarem aquela bar-
reira de mar que os separava de sua terra cobiçada. Ficou de-
cidido também que eles sairiam logo pela manhã, ou seja, sem
nenhum tipo de preparo. Pois seria desta forma que o povo
estaria na sua travessia.
Logo ao raiar da manhã, toda a tribo se reuniu na praia
para ver a partida dos aventureiros. Mal sabiam eles que leva-
riam mais de dez horas para atravessar o mar a pé, enfrentan-
do suas correntezas.
Da praia, o povo observava as quatro pessoas cami-
nhando em direção ao Iêmen até que suas silhuetas desapare-
ceram no horizonte. E por mais três dias, o povo esperava
ansioso por notícias deles, até que um garoto os viu retornando
e saiu correndo em direção a seus pais, gritando e apontando
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A orig em do H O M E M M O D E R N O - H omo Sapiens

para o local que os avistava. Todos os quatros conseguiram


retornar após quatro dias de viagem. Estavam abertos os
portões do Iêmen. Todos da tribo partiram mar adentro,
rumo ao Iêmen. Foram homens, mulheres crianças, junto com
os materiais que puderam carregar, na que seria uma das mai-
ores jornadas da história da humanidade. Na região do Iêmen,
com suas planícies ricas em recursos hídricos, com flora e fauna
abundantes, as famílias se multiplicaram e se espalharam pela
região com o passar do tempo. Dessa forma a Ásia foi sendo
colonizada e como conseqüência à produção de melanina em
seus corpos foi diminuindo com o passar dos séculos, pois à
medida que eles se afastavam da linha do equador, indo para
latitudes maiores, menor a incidência de raios UV e a melanina
é o protetor natural contra a ação destes raios.
Mc Night termina sua explicação e todos de olhos bem
esbugalhados e bem atenciosos se deparam com uma situação
bem comovente, uns bem emocionados e outros pensativos.
Boyle nesse instante se recuperando da emoção diz.
– Rapaz você é mesmo demais!

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B enedito P eix oto e D eivid S ilva

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A orig em do H O M E M M O D E R N O - H omo Sapiens

MIL ANOS DE INVERNO: 74000 AC


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Por estas saídas de um local para o outro e em grupos
pequenos, significou uma grande diversidade em 80.000 anos,
nossos ancestrais já apresentavam diferenças físicas, culturais e
sociais em diferentes partes do mundo. Assim 6.000 anos de-
pois o povo sai das praias do Iêmen e chega à Malásia. E fora
do alcance dos rigores do Sol super quente da África, os povos
começam a ficar mais claros, pois seus corpos têm que se adap-
tar ao ambiente mais sombrio das Florestas do sul da Ásia.
– Mc, quais são os povos mais antigos que existem hoje?
Pergunta Boyle.
– Segundo o Dr. Estiven são os Semang que vivem na
Nova Guiné.
– Mc, diz pra eles, como nossos ancestrais conquista-
ram o restante do continente. Diz Ana.
– Bem, após a erupção do Vulcão Koba, por volta de 74000
anos, nossos ancestrais se vêem presos e muitos deles morrem.
Mas também vários conseguiram escapar e sair para outras áreas e
até atravessar um imenso oceano até chegar na Austrália.
– O que? Austrália? Como assim? Pergunta Mag, toda
assustada.
– Simples Mag, o nível dos mares estava a um nível de
50 metros mais baixo do que hoje. Com isso eles consegui-
ram, através de jangadas primitivas confeccionadas com pe-
daços de madeira entrelaçados e alguns remos, atravessar o
imenso oceano até chegar ao continente da Austrália.
– Nossos ancestrais estavam sofrendo nas praias do
Iêmen, pois haviam saído do calor e a seca intensa da África e
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B enedito P eix oto e D eivid S ilva

chegam à planície verde, florida e cheia de vida do Iêmen,


com isso, tudo é diferente, começam a ter novas dificulda-
des em se adaptar. Ali na planície cada grupinho caminhou
para um lado e foram povoar novas áreas, daí então nunca
mais se encontraram.
– Os grupos foram se diversificando muito com o pas-
sar dos anos, mudanças drásticas tomaram conta do nosso
povo, mudanças físicas, sociais e culturais, novamente mar-
cam a nova vida dos nossos ancestrais.
– O nosso grupo a 10.000 Km da África estavam se
situando nas Florestas Tropicais da Ásia, já com a pele mais
clara, com a estatura baixa, nossos ancestrais vão mudando
muito. Começam a se alimentar de peixes, esquilos, raízes de
plantas, folhagens, mudam completamente seus hábitos alimen-
tares, de caça e etc.
– Assim eles continuam a experimentar novas aventu-
ras durante suas vivências. Ali nas Florestas eles tinham que
conviver em atrito com as cobras Najas e as , Cascavéis que
eles iam encontrando pelo caminho. A todo tempo eles se
confrontavam com estas serpentes venenosas nas suas caça-
das do dia-a-dia, era na verdade o maior problema enfrenta-
do pelos caçadores. Além do perigo das cobras, nossos an-
cestrais experimentaram a maior aventura de suas vidas. A
explosão do Vulcão Koba na Sumatra.
– Há 74.000 anos atrás com a explosão do Koba nos-
sos ancestrais se encontram num inferno. Várias explosões, as
rochas sendo lançadas a quilômetros de distancia, o fogo to-
mando conta de toda a floresta, o céu sendo encoberto por
uma vasta poeira do vulcão o ar totalmente tomado pelas cin-
zas e os nossos ancestrais ali, correndo, tentando se proteger.
Mas aonde iam eram tomados pela ferocidade do vulcão. Um
dos homens daquele povo, Kobacopan gritava pedindo so-
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corro, mas o barulho era tão ensurdecedor que as outras pes-


soas não o escutavam. As mulheres corriam com as crianças
no colo, não sabiam para onde ir se refugiar, pois a cada me-
tro que elas andavam uma bola de fogo caia a sua frente. To-
dos estavam desorientados, pois nunca tinham vivido uma
catástrofe tão grande. Mas mesmo assim, eles não desistiam,
pulavam em águas, entravam em cavernas, faziam cabanas com
as árvores caídas, enfim, iam se protegendo como podiam.
– Com a explosão do Koba o Norte da Malásia, a Ín-
dia e o Oriente Médio ficam todos cobertos com uma densa
camada de cinzas vulcânicas durante mais ou menos 6 anos,
esta cinza ficou alocada numa área muito grande e tinha em
média 40 Km de altura, porém, nesta área não era possível a
penetração dos raios solares então a vida deixou de existir
naquele local por vários anos. Este inferno vulcânico fez com
que eles saíssem em busca de novas terras. Eles já haviam pas-
sado por tantas dificuldades até então e não desanimaram.
Veja para chegar até hoje como nossos ancestrais sofreram. E
acha que parou por ai, que nada.
– Por estarem naquela região toda coberta pelo inverno
vulcânico, eles começaram o 2º grande Êxodo para novas terras.
– Mag ainda meio atônita diz para Mc. Meu amigo não
foi nada fácil não é. Nossos ancestrais são ....
– O quê? Pergunta Ana.
– Surpreendentes não sei o que seria de nós se eles ti-
vessem desistido logo no começo de suas jornadas.
– Você acha mesmo Mag então vou contar sobre o 2º
grande Êxodo. Escuta ai.

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AUSTRÁLIA, SEGUNDO ÊXODO


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– Mc Night continua.
– Neste período, os níveis dos mares se encontravam
baixos, cerca de 50 metros, com isso eles embarcaram numa
viagem nas águas do Oceano Índico até o desconhecido con-
tinente da Austrália. Cerca de 160 Km de mares separam –
nos da terra nova, mas 160 Km de pura adrenalina, pois seus
barcos eram feitos de madeiras, e cipós, remavam com ga-
lhos, com muita dificuldade. Um mar imenso, e pequenos pe-
daços de madeiras amarrados levando nossos ancestrais a ter-
ra nova.
– Quando de repente surgem na água vários tubarões
que começam atacar as pessoas naquelas madeiras, sem armas
como confrontar com esses bichos tão grandes e ferozes.
Mulan tem uma idéia.
– Acerte o remo neste bicho. Mas sem grandes pro-
gressos, nem o machucou. Eis que sai um barco lá de trás e
acertar um dos tubarões bem no olho, vibram, comemoram,
mas não dura muito, um segundo tubarão o ataca e todos caem
em alto mar, uns se afogando, outros se batendo para chegar
ao barco novamente, eles todos gritando socorro, quando o
tubarão puxa para o fundo do mar, Malisa, uma mulher mui-
to esperta, uma das mais belas do grupo é atacada pelo tuba-
rão, que a abocanha primeiro pelas pernas. E quando ela con-
segue se soltar, mesmo sem as duas pernas ela bate os braços
tentando subir, mas não dá mais tempo, outro tubarão que
estava descendo vem logo ao seu encontro e num bote fatal....
Engole a sua cabeça e arrasta todo seu corpo para baixo.
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B enedito P eix oto e D eivid S ilva

Figura 4: O segundo Êxodo em 74000 AC: da África para a Austrália.

– Malisa era esposa de Quibann, que ainda tenta socor-


rer sua mulher, mas já é tarde, Quibann chora muito e não
quer mais continuar sua viagem, quer se jogar ao mar para os
tubarões, mas por sorte os tubarões já teriam indo embora.
Quillan seu irmão o puxa para cima do barco e diz a ele:
– Até parece que você não sabia que iria acontecer isso
com algum de nós, pena que foi com Malisa, olha, poderia ser
qualquer um de nós, pode ter certeza que ela será sempre lem-
brada por nós, pois ela se foi, mas deu a chance de chegarmos
a uma nova terra, agora você tem que dar gloria pela sua es-
posa, ela foi à mulher mais corajosa que eu já conheci, ela
morreu para nos salvar.
– Obrigado Quillan, mas a vida não tem mais sentido
Adeus, seja muito feliz, organize um mundo cheio de rique-
zas, felicidades e sem violências, pois já estamos cansados de
problemas com o nosso povo.
– Quibann se atira ao mar e não volta mais.
– Assim todo o seu povo, chora pela perda e chega a
um consenso que eles não podem desistir jamais, agora prin-
cipalmente, a vitória deles será a vitória de Quibann e Malisa.
Todos chorando e tristes quando de repente avistam o conti-
nente desconhecido. Nossos ancestrais chegam ao litoral aus-
traliano e se reverenciam e encontram um continente vazio e
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A orig em do H O M E M M O D E R N O - H omo Sapiens

pronto para ser explorado. Encontram uma terra de animais


grandes, que atualmente já não existe mais, como Aves que
não voam, e o canguru com mais de 3 metros de altura.
– Entretanto durante muitos anos nossos ancestrais to-
maram conta do continente australiano, dando forma, cultura
e estilo a esse pedaço de terra. Com características próprias
nossos ancestrais deram formações aos povos Aborígines
Australianos que conhecemos atualmente.
– Finalizo por aqui minhas considerações espero ter
dado uma idéia a vocês do que teria ocorrido com nossos
ancestrais. Mas podem ter certeza que não acaba por aqui não.
Sobre todos os assustados, ainda pairava um silêncio
na roda entre eles a beira da fogueira.

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B enedito P eix oto e D eivid S ilva

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A JORNADA DO HERÓI DO LÍBANO NO
ORIENTE MÉDIO: 44000 AC

Testes genéticos com o DNA mitocondrial compro-


vam que os europeus vêm de uma única linhagem que saiu da
África pelo Iêmen seguindo pelo Mediterrâneo, atravessando
a atual Turquia e os Bálcãs a cerca de cinqüenta mil anos. Isso
fez com que o continente europeu fosse colonizado pelos des-
cendentes de nossa Eva genética. Muito tempo após a Ásia e a
Austrália. O grande deserto da Arábia e da Síria formou uma
barreira praticamente intransponível por milhares de anos.

Legenda: Figura 5: A colonização da Europa em 44000 AC


Segundo registros arqueológicos, o clima da região do
crescente fértil começou a melhorar a cinqüenta mil anos. As
chuvas e monções começaram a se intensificar no Golfo
Pérsico, na Síria, na Arábia e na Índia. Formaram-se reserva-
tórios de água entre os rios Tigre e Eufrates. A caça seguia
cada vez mais rumo ao norte, levando consigo os caçadores.
Como conseqüência dessa melhora do clima, a situação do
povo melhorou ainda mais. A região da Mesopotâmia era
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B enedito P eix oto e D eivid S ilva

como que um paraíso com muita água, fartura de comida e de


plantas.
A população se multiplicou, colonizando a região en-
tre os rios Tigre e Eufrates, expandindo-se até as planícies
do Líbano.
Com mais cabeças pensando nas questões do cotidia-
no, houve um avanço na tecnologia. As armas se tornaram
mais leves e mais eficazes nas caçadas, esculturas feitas de pe-
dra eram mais comuns.
Alguns grupos passaram a cultivar a terra, fixando-
se em regiões de melhores condições, que com o passar do
tempo se tornariam nas primeiras cidades. As crianças po-
diam brincar ao lado dos rios e dos lagos de água cristalina
da região. Podiam também pescar mais facilmente nos ria-
chos de leito rochoso. Outras com idades em torno dos
doze anos treinavam com suas lanças para serem bons ca-
çadores no futuro.
O ano é quarenta e quatro mil antes de Cristo. A região
entre os rios Tigre e Eufrates se desenvolve a cada dia que
passa, impulsionado pelo trabalho constante dos caçadores e
dos coletores.
Com a abundância de alimentos e das melhores condi-
ções do meio ambiente em que se localizavam, a vida cultural
e artística teve inevitavelmente um aumento considerável. Os
artesãos em maior número e de posse de mais recursos, tanto
minerais quanto vegetais e animais, tinham mais possibilida-
des para confeccionar armas mais leves e eficientes, tornando
assim o trabalho dos caçadores mais eficiente.
Os caçadores eram os astros daquela época. Eram vis-
tos como verdadeiros heróis. Quando retornavam de suas
jornadas, traziam consigo as histórias de suas aventuras. As
suas lutas ferozes com os grandes animais eram contadas nas
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A orig em do H O M E M M O D E R N O - H omo Sapiens

rodas de fogo ao raiar da noite, e os mais jovens ficavam im-


pressionados, ainda mais com as pinturas que faziam nas pa-
redes das cavernas em que moravam. Eram desenhos daque-
les homens pequeninos, empunhando suas lanças ao enfrentar
aquelas feras enormes e armadas com chifres grandes. Naque-
la época, até mesmo os tigres de sabre não ousavam atacar
aqueles homens. Estas histórias incentivavam as crianças e os
jovens para a mesma prática. Eles eram um modelo para eles,
o que a maioria queria ser.
O período da manhã era esperado por muitos garotos,
que iniciavam seus treinamentos na arte da caça e da coleta.
Os caçadores mais velhos ensinavam sempre para os mais jo-
vens nesta arte.
– Para você conseguir capturar um animal maior e mais
veloz que você. Braços fortes e pernas rápidas não contam
muito. Dizia o velho Samir.
– Conheça o animal, aprenda seus hábitos, seu com-
portamento, saiba como ele vive. Veja um animal grande e
veloz como sendo muitos e suculosos bifes correndo rapida-
mente para a sua boa e velha armadilha.

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B enedito P eix oto e D eivid S ilva

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A orig em do H O M E M M O D E R N O - H omo Sapiens

A JORNADA DE LIBANO
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A pequena aldeia de Mens não tinha mais que duzentos
e cinqüenta pessoas. A maioria utilizava as cavernas como sua
moradia. Ela se localizava nas montanhas baixas, desprovidas
de árvores, que lhes proporcionava maior segurança contra
os predadores ferozes como os tigres de sabre e os ursos.
Um riacho passava ao longo da aldeia, ele era povoa-
do por poucos peixes e servia como um ponto de referência
da aldeia naquela região.
Algumas crianças corriam com suas lanças na mão para
a parte de cima da montanha. De lá se avistava boa parte da
planície de Mens.
– Lá! Gritou o pequeno Lib, apontando seu dedo indi-
cador da mão direita em direção à planície.
– Estou vendo! Disse Art. Estão chegando.
Do topo da montanha, os garotos Lib, Art, Laod e a pe-
quena Moni, avistaram o grupo de Mens chegando da caçada.
Load era irmão de Moni, Lib e Art eram primos.
– Samir! Samir! Saíram eles correndo, descendo a
montanha e gritando para o seu velho treinador. Samir!
Eles chegaram!
O Samir lá embaixo nem os escutara direito devido à
distância que os separava.
– Esperem por mim! Gritou a pequena Moni, por ter
ficado mais para traz.
– Vem Moni! Disse Laod para sua irmãzinha.Voltando-
se para ela com um enorme ar de felicidade, estampado em
sua face.
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B enedito P eix oto e D eivid S ilva

Todos eles desceram a montanha correndo em direção


de seus pais e de seu mestre Samir.
Loeb, que era o líder de Mens e ancião, ao escutar as
crianças, saiu de sua caverna com um ar altivo segurando sua
lança com a mão direita. Ele estava vestido com uma belíssima
pele de tigre dente de sabre. Atrás dele, toda a aldeia, com os
artesãos, as lideranças, as mulheres e as crianças. Esperavam
com júbilo pelos que retornavam para suas famílias.
– Serei um grande caçador. Disse Art para Laod e Lib.
A visão que Art tinha dos homens chegando com man-
timentos para a tribo, fazia seus olhos brilharem. Ele sabia
que também seria como eles.
– Você terá que se esforçar mais, se quiser ser melhor
do que eu. Retrucou Lib. Pois ele era sempre um dos primei-
ros da turma de Samir.
– O Samir disse que eu enxergo mais longe. Disse Laod.
Fixando o seu olhar em seu tio Lob que estava chegando.
Todos estavam felizes com os seus colegas.
– Pode ser, mas quem foi que os avistou primeiro heim?
Perguntou Lib para Laod, o qual nem se importou em res-
ponder tal questão.
Durante a noite, a festa foi muito animada. As pessoas
se pintavam, dançavam e cantavam de tanta felicidade.
Pela manhã, o grupo de Lib saiu com outros grupos
de meninos para o treinamento com o mestre Samir.
– Hoje quero testar as habilidades de vocês. Disse-lhes
Samir. Quero que se dividam em grupos de dois, para partici-
parem desta atividade.
Samir levou-os para uma grande área, onde uma parte
era alagada, terreno pantanoso mesmo, formado com árvo-
res, plantas aquáticas e poucos animais. A outra parte era for-
mada pela continuação da mata num terreno mais elevado. O
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A orig em do H O M E M M O D E R N O - H omo Sapiens

solo era forrado por uma grande quantidade de matéria orgâ-


nica, como folhas secas e galhos velhos.
– Eu deixei na região pantanosa dez pedaços de pele
sem pelos. Elas são de bovino e possuem o símbolo de caça-
dor, como esta que lhes mostro. E na região mais seca e mais
alta, deixei mais dez pedaços de pele pintada de marrom com
pelos como esta. O objetivo de cada dupla é trazer para mim
duas destas peles de cada região. Cada pele está guardada por
um monitor. Quando vocês a acharem, um deve se esconder
numa região entorno da pele de até trinta metros do monitor
e contar até trezentos antes de ir pegar sua pele. Enquanto
isso, o outro deverá localizar o integrante do outro grupo que
estiver escondido. Sendo localizado antes de sua contagem de
trezentos, você deve procurar outra pele.
E assim foram eles correndo mata adentro em busca de
suas peles. Art e Lib foram juntos. E não demorou muito para
encontrarem seu primeiro prêmio. Enquanto Art contava o tem-
po ao lado da pele e do monitor, Lib foi se esconder numa
moita sob a água a uns trinta metros de distância. E ficou tor-
cendo para que ninguém o encontrasse. Nesse tempo, chegou
outro grupo. Um dos meninos ficou ao lado de Art e do monitor
enquanto que o outro passou a procurar por Lib para tirá-lo da
jogada e assim poder se camuflar durante o seu tempo para
conquistar a pele. O menino procurou por Lib encima das ár-
vores, dentro da água, entre as folhagens, mas não encontrou
Lib dentro de seu tempo e assim Lib saiu de seu esconderijo
gritando e foi correndo para junto de Art. E dessa forma, am-
bos pegaram seu primeiro troféu e os dois grupos foram em
direções diferentes buscar pelo seu objetivo.
No pântano, Art e Lib conseguiram sua segunda pele
com dificuldade, pois foram os segundos a encontrarem a pele,
e dessa forma, primeiro Lib teve que localizar seu adversário
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B enedito P eix oto e D eivid S ilva

escondido. O garoto estava debaixo de um tronco de árvo-


re semi-submerso, entre folhas e galhos. Este e seu colega
tiveram que procurar por outra pele, enquanto Art conse-
guiu se camuflar também dentro da água, não sendo encon-
trado por ninguém.
A esta altura, o Sol já começava a aquecer toda a re-
gião, e eles partiram para a parte mais alta e seca da mata em
busca de seus dois últimos alvos.
Sem a água, era mais difícil para quem se escondia e
mais fácil para quem procurava. Mas mesmo assim, utilizan-
do-se das situações que encontravam, Art e Lib conseguiram
se camuflar na natureza, escapando de seus perseguidores e
conseguindo suas quatro peles. Eles retornavam contentes
correndo com suas lanças na mão para seu treinador Samir,
quando Lib, tropeçou num galho e caiu batendo a sua cabeça
numa pedra. Ele fora levado para a aldeia, mas acabou mor-
rendo, para a tristeza de todos.
– Ele era meu melhor amigo. Disse Art.
Sua mãe, seu pai e seus parentes, todos choraram pela
sua perda.
Lib foi enterrado em sua caverna predileta, junto com
alguns objetos seus. Ele tinha doze anos quando morreu. Ti-
nha todo um futuro pela frente.
Milhares de anos depois de sua morte, em 1929, seu
corpo foi achado por uma equipe de arqueólogos em sua ca-
verna e datado como o humano moderno mais antigo já en-
contrado. Seu achado foi o elo que faltava na história da
colonização da Ásia e da Europa pelos africanos.

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A orig em do H O M E M M O D E R N O - H omo Sapiens

FRAN NA TRILHA DOS BISÕES


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DESGARRADOS EUROPEUS

O local em que se passa a história é o vale do Neander,


região da atual Alemanha. O clima é de frio intenso com mui-
ta neve. O ambiente é formado por uma floresta meio aberta
e biologicamente diversificado, com alguns cursos de água.
O grupo de Crom era formado por: Fran, trilha; Rus-
so, líder; Sole, trilha; Frota, armas e artesão; Gaio, trilha e
Mona, trilha.
O grupo de Crom contorna a planície a fim de prepa-
rar armadilhas para capturar animais e levá-los para sua tribo.
O grupo de caçadores está percorrendo o vale em bus-
ca de pistas para caça. Todos bem preparados com roupas de
pele de urso e equipamentos para caçar como lanças com
pontas de pedra lascada, e machados com lâminas de pedra
afiada para cortes.
Fran e Sole buscam por pistas na neve.
– Fran, esta neve que cai apaga muito rápido as pega-
das que estamos procurando.
– Aqui está você. Disse-lhe Fran, abaixando e apon-
tando com a ponta de sua lança para um galho coberto de
neve. Veja estes galhos amassados.
– É, o que será que passou por aqui Fran? Perguntou Sole.
– Pelo estado dos galhos e da quantidade da neve, esti-
mo que isso foi feito a umas três horas.
Os dois reviram a neve do solo e encontram os arbus-
tos pisoteados e comidos. Mais adiante encontram os
excrementos.
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B enedito P eix oto e D eivid S ilva

– São bisões Fran. Disse Sole.


– Sim. Respondeu Fran. E seguem para o leste.
Os dois caçadores perceberam que alguns bisões,
rumavam para o leste, tendo passado por ali a algumas horas.
Os outros quatro amigos os acompanham.
– Vamos atrás deles. Disse Russo. Bom trabalho.
– Eles devem contornar aquele morro. Disse Mona,
apontando alguns morros distantes deles, cerca de sete
quilômetros.
– Podemos interceptá-los se formos numa linha reta e
atravessarmos aquela mata. Disse Gaio, apontando sua lança
para uma região arborizada, contornada pelos morros, na
direção dos animais.
– Então vamos. Disse Russo. Podemos alcançá-los em
três horas.
O grupo de Crom vai à busca dos bisões, numa jorna-
da que os irá surpreender no final.
Três horas de travessia, passadas largas e rápidas e en-
fim conseguem se postar à frente do caminho dos bisões e
preparam a armadilha.
Enquanto esperam escondidos atrás das árvores, Mona
vê os animais chegando pelo lado do morro. Sua pelagem
marrom contrasta com a brancura da neve que cobre o solo e
as árvores.
– A neve! Sussurrou Mona para Russo. Ali em frente,
cerca de seiscentos metros de distancia, naquele morrinho.
Moveu-se!
– É. Respondeu Russo. É um caçador! Permaneçam
em seus lugares. Algum bisão deve sobrar para nós.
Assim que os animais começam a passar por aquele
morrinho, aqueles dois caçadores do outro grupo se lançam sobre
uma das feras com suas lanças. Apenas conseguem ferir uma delas.
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A orig em do H O M E M M O D E R N O - Homo Sapiens

Um dos homens se feriu, sendo pisado por um dos bisões.


– Que burros! Sussurrou Frota. Enfrentar a manada
de frente.
– Silêncio! Disse Gaio. Lá vêm eles.
– Vamos tentar pegar aquele já ferido. Disse-lhes Russo.
O grupo de Crom estava bem camuflado atrás das ár-
vores. Os animais passavam perto deles sem serem percebi-
dos. E assim que aquele já ferido chegou ao alcance deles, to-
dos atiraram suas lanças nele. O animal não teve outra chance.
O grupo espera a manada passar, depois se encaminha
para a sua presa e ficam próximos aos dois caçadores desas-
trados. Os dois grupos se observam a uns cem metros de dis-
tância um do outro e vêem suas diferenças.
– Não são dos nossos. Disse Russo. São mais baixos.
Os dois caçadores olham para o grupo de Crom, surpre-
endidos com a técnica utilizada por eles e pela sua fisionomia. To-
mam suas lanças e retornam, desaparecendo por entre as árvores.
Os dois caçadores que desapareceram floresta adentro
eram os neandertais, que chegaram até a Europa entre 250 mil e
500 mil anos AC. No DNA do homem moderno não há ne-
nhum vestígio do DNA do homem de neandertal, evidencian-
do que se eles se cruzaram com os humanos modernos, sua
linhagem se perdeu no passado, ou que eles nunca tenham se
cruzado com os humanos modernos. O que se sabe é que os
humanos modernos e os neandertais conviveram por dez mil
anos na Europa após o seu primeiro contato. Depois deste tem-
po os neandertais haviam se extinguido completamente, apesar
de sua estrutura física ser bem mais preparada para os rigores
do clima do que seus novos vizinhos, que eram mais organiza-
dos, possuindo uma estrutura tecnológica mais diversificada.

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B enedito P eix oto e D eivid S ilva

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A orig em do H O M E M M O D E R N O - H omo Sapiens

A CONQUISTA DA AMÉRICA
20
No dia seguinte, após a coleta das amostras de saliva
dos moradores do povoado, o doutor Quest reúne sua equipe.
– Doutor Mc Night, disse ele. A doutora Keiko nos
comunicou nesta manhã, via rádio, que está precisando de mais
alguns suprimentos. Sua caixa de ferramentas número sete e
cinco litros de óleo diesel.
– E em que local ela está? Perguntou Mc.
– Ela está na face sul do monte Snowdon, com seu as-
sistente Dick.
– A quatro quilômetros daqui. Disse-lhe Mc. Vou le-
var a Ana e o Benson comigo.
Ele então reuniu sua equipe para auxiliar a arqueóloga.
– Por quê ela ou seu assistente não vem buscar seu equi-
pamento, se estão tão perto daqui? Perguntou Ana para Mc.
– Não sei por quê, Ana. Mas não custa nada fazermos
uma visita para ela. Pelo que sei, eles passaram a noite no sítio
arqueológico. E começou a nevar a noite passada.
Mc Night formou a equipe de ajuda para a doutora
Keiko com o Benson e a Ana. Eles levaram a caixa de ferra-
mentas seguindo em direção à montanha. O caminho era mui-
to acidentado, com rochas aflorando sob a neve. É uma re-
gião muito bonita para se ver, com muitas montanhas na cor-
dilheira Tryfan, com o pico de Snowdon se destacando com
seus mil cento e treze metros de altura.
Homens pré-históricos, antigos Celtas e romanos dei-
xaram suas marcas no Parque Nacional de Snowdonia.

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B enedito P eix oto e D eivid S ilva

No meio da montanha, eles se encontraram com Dick,


na segunda base montada por ele para funcionamento da rede
de comunicação. Deste ponto, eles partiram para o local de
pesquisa da doutora Keiko.
Encontraram-na dentro de uma caverna coletando
amostras junto com um colaborador. Sua entrada estava sen-
do protegida do vento e da neve por uma lona azul.
– Olá Keiko! – Disse-lhe Mc Night. Esta é Ana e este é
o Benson.
– Tudo bem doutor Night! Um prazer em poder revê-
lo. Vejo que trouxe o combustível para o nosso pequeno ge-
rador de energia. Já estávamos quase sem energia para ilumi-
nação e aquecimento.
– Está fazendo muito frio, vocês não estão sentindo?
Perguntou-lhes Ana.
– Você se acostuma. Respondeu-lhe Benson. Ela é do
Brasil e deve estar se sentindo como um peixe fora d’ água.
Durante o diálogo que se iniciou entre eles, Ana pode
falar para a doutora Keiko sobre o fato de sua bisavó ter sido
índia no Brasil e a descendência asiática de Keiko. Puderam
falar sobre os vários estudos envolvendo a variabilidade de
genes dos ameríndios do Novo Continente, mostrando que
toda a linhagem de DNA mitocondrial destes povos
ameríndios é encontrada na Ásia.
Ou seja, de como os primeiros americanos, entre vinte
mil e vinte e cinco mil anos atrás, cruzaram o estreito de Bering,
vindos da Sibéria e da China e colonizaram o Continente
Americano. Graças à glaciação que ocorreu há vinte e cinco
mil anos formaram-se pontes de gelo entre a Ásia e a Améri-
ca. Dessa forma, os ameríndios descendem dos asiáticos como
os Chineses.

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Figura 6: A conquista da América em 25000 AC.

– E esse vento que está aumentando? Perguntou Ana.


A sensação de frio só aumenta! Bem que poderiam reforçar
um pouco mais a proteção da entrada desta caverna.
– Não se preocupe Ana. Estamos acostumados com a
neve. – respondeu-lhe Mc Night. E então Keiko! Não quere-
mos interromper o trabalho de vocês. Estão precisando de
mais alguma coisa?
– Não, senhor Night. Respondeu-lhe Keiko. Agrade-
ço muito pela colaboração de vocês. Vejam só estes artefatos
que encontramos. Estes ornamentos são os mais recentes e
creio que sejam dos Celtas. E aquelas pontas de pedra lasca-
da! Tivemos que escavar mais, e com cuidado. Queria levar
este material ainda hoje para a cidade. Encontramos mais
objetos do que esperávamos. E se fôssemos buscar mais ma-
terial para separar e identificá-los, não terminaríamos hoje.
Estou muito grata pela colaboração de vocês.
– Você está trabalhando muito. Disse-lhe Benson. De-
veria parar um pouco.
– Assim que este material for levado ao laboratório
para serem coletados o nível de carbono quatorze, poderá
datar estes artefatos com uma boa precisão. Assim, ficará mais
fácil traçar a rota da jornada dos britânicos nesta região. De-
pois poderei descansar um pouco.
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B enedito P eix oto e D eivid S ilva

Hoje sabemos quem somos, de onde viemos e que


compartilhamos a mesma herança genética de uma mulher,
que foi chamada de “Eva” ancestral.

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Benedito Peixoto, Bacharel e Licenciado em Física


pela UFSCar, Mestre em Física de Partículas e Teoria de Cam-
pos pela FEG-UNESP, Professor de Educação Básica (PEBII)
da rede pública de SP, EE Manuel Cabral, escritor, membro
do SETI@home e do The Plametary Society.

Prof. Deivid Francisco da Silva


Professor de Geografia da escola IDESA Taubaté,
BACHAREL E LICENCIADO EM GEOGRAFIA pela
UNITAU.

89
Esperamos contar com a
sua contribuição de pelo menos
R$ 1,00 pelo nosso arquivo.
O livro impresso custa R$26,00
Escreva para nós:
bplhc@yahoo.com.br

Outros Liros do autor publicados:


●Aspectos do Eletromagnetismo em 3+1 e 2+1

Dimensões com quebra da identidade de


Bianchi, ed. UNESP;
●Imagens : Ed. Papel Virtual;

●A origem do homem moderno:

Ed. CBJE;
●Missa - Diálogo Supremo: Ed. CBJE

Antologias:
●Estudantes do rasil 2000,

Ed. Litteris/ Casa do Novo Autor ed,;


●Anuário de escritores 2001, ed. Litteris/

Casa do Novo Autor ed,;


●Grandes escritores do Interior de SP,

Casa do Novo Autor ed.

E-mail: bplhc@yahoo.com.br

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