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IMAGENS

BENEDITO PEIXOTO
2

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Outros Liros do autor publicados:


Aspectos do Eletromagnetismo em 3+1 e 2+1
Dimensões com quebra da identidade de
Bianchi, ed. UNESP;
Imagens : Ed. Papel Virtual;
A origem do homem moderno:
Ed. CBJE;
Missa - Diálogo Supremo: Ed. CBJE
Antologias:
Estudantes do rasil 2000,
Ed. Litteris/ Casa do Novo Autor ed,;
Anuário de escritores 2001, ed. Litteris/
Casa do Novo Autor ed,;
Grandes escritores do Interior de SP,
Casa do Novo Autor ed.
3
Imagens
Para:
Simone, Paulo, Mariana e Constante

INTRODUÇÃO

No tema Imagens, é abordado, a partir da frase


“Deus é Deus de vivos, não de mortos” (Mt 22, 32),
tanto a característica do objeto, levando-se em
consideração o universo da arte de representação,
quanto do sujeito a quem se refere.
Durante o desenvolvimento dos capítulos, o
leitor depara-se com as sutilezas que o tema pode
esconder como os ícones, a presença de Deus, a relação
dos santos na Igreja e a intercessão deles por nós.
O objetivo da presente obra, é levar o leitor a
se interessar mais pela Igreja, formada pelo povo de
Deus, perceber a importância do testemunho do cristão
para seu próximo ou para as gerações futuras e mostrar
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que todos os que vivem ou já se foram por causa do
amor de Jesus, permanecem com ele em sua Igreja.
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ÍCONES

O 1o mandamento e os ídolos

O primeiro mandamento da Lei de Deus nos


diz:
Eu sou o Senhor, teu Deus, que te fez sair da
terra do Egito, da casa da servidão:
Não terás outros deuses diante de mim.
Não farás par ti ídolos ou coisa alguma que
tenha a forma de algo que se encontre no alto do céu,
embaixo na terra ou nas águas debaixo da terra. Não te
prosternarás diante destes deuses e não os servirás,
porque eu sou o Senhor, teu Deus, um Deus ciumento,
visitando a iniquidade dos pais nos filhos até a terceira
e a quarta geração - se eles me odeiam -, mas
provando a minha fidelidade a milhares de gerações -
6
se eles me amam e guardam os meus mandamentos (Ex
20, 2 - 6).
Tendo em mente a lembrança das procissões e
romarias, e da comunidade, as quais levam consigo uma
ou várias imagens de alguns dos santos da Igreja, muita
gente possui uma idéia fixa de que imagem é uma
escultura de alguma pessoa, feita em madeira, em gesso,
em barro, ou em outro mineral, e que a morte é um fim
total da pessoa até o dia da sua ressurreição. Esta é uma
concepção um tanto simplista do conceito de imagem e
o fato de Deus ser o Deus de vivos não de mortos, sendo
Deus de Abraão, de Isaac, de Maria, de Moisés, é
abordado apenas nos aspectos que são convenientes
para a crença das pessoas que pensam assim.
Vivendo num mundo em que a imagem é
fundamental para a comunicação de qualquer
ensinamento que se queira passar, o fato de reduzir o
conceito de imagem a uma estátua - ídolo, implica na
possibilidade de se estar trabalhando com todo o
restante do universo da imagem, de forma a evidenciar
que não se está caindo em idolatria. Ao se fazer isto, se
está manipulando o primeiro mandamento no conceito
de imagem que ele traz consigo.
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Este primeiro mandamento proíbe o homem,
que crê no Senhor, de fabricar qualquer tipo de imagem
divina, nada que tenha a forma de qualquer objeto
visível, quer seja uma representação de algo que esteja
no céu ou de algo que esteja na Terra, fazendo uma
enumeração completa de imagens divinas ou ídolos.
Este mandamento diz que não devemos nos
prostrar diante de outros deuses e servi-los, porque não
são o Senhor, nosso Deus. É uma condenação a
qualquer tipo de idolatria, que nos afasta da presença do
Deus único. É também uma rejeição de todo tipo se
superstição, muito comum hoje.
Estaríamos nos corrompendo, se nos
comportássemos dessa maneira, fabricando uma forma
qualquer de divindade, seja ela a imagem de um homem,
ou de uma mulher, imagem de qualquer tipo de animal,
quer seja ele um pássaro ou um réptil, ou um peixe,
prostrando-se diante dessas divindades e as servindo.
Há um tomado de cuidado também quanto aos
astros: estrelas, sol, lua. São muito belos, são o que são,
objetos celestes que um dia nunca existiram e não
podem criar algo a partir do nada como Deus os criou e
não possuem capacidade de reger a nossa vida diária,
8
pois nem mesmo eles podem reger-se a si mesmos, pois
estão condicionados pelas leis da natureza, as quais
foram formuladas antes de suas existências.
Sabendo que imagem é qualquer representação
de um objeto, quer seja pela pintura, pela escultura,
pelo desenho ou por qualquer outra forma de arte, ela
sempre esteve presente na vida das pessoas e ainda
permanecerá por muito tempo.
Se este mandamento tratasse da total proibição
da fabricação de qualquer tipo de imagem, não teriam
chegado até nós as riquezas bíblicas, simbolizadas pelas
imagens das mais variadas formas, representações do
que há no céu e do que há na Terra, como as imagens
dos querubins que Deus mandou fazer para o Templo, a
descrição da imagem da arca da aliança e de toda a
belíssima descrição da decoração do Templo de
Salomão, recebida por Deus como sua Casa, com os
vários querubins tanto ao lado da arca da aliança, quanto
decorando o Templo, juntamente com imagens de leões,
da figura do mar, dos touros, palmas e lotus. Objetos
feitos em metal, cerâmica e pintura.
Levando este mandamento ao pé da letra,
estaríamos cometendo idolatria se fizermos uso de
9
simples representações de objetos como de uma foto da
nossa identidade, de um quadro de arte, sacra ou
profana, das milhares de imagens que recebemos da
telinha de nossa televisão diariamente, de uma estampa
em nossas camisetas, de qualquer figura representando
qualquer coisa que exista, como a figura de uma pessoa
muito querida, a qual noas traz belas recordações como
de nossos filhos, de Maria, de Jesus e de são Francisco
de Assis, ou a figura do Espírito Santo representado em
forma de pomba, ou a representação de qualquer ser
vivo trazendo consigo uma mensagem bíblica para a
nossa vivência cristã.
Da mesma forma estaremos cometendo
idolatria se fizermos das imagens, imagens divinas,
prostrando-nos diante delas e as servindo, realmente
como se fossem deuses, e isso vai contra o este
mandamento.
Devemos ter sempre em mente que Deus age
no meio de nós, e por nosso intermédio, através dos
dons que ele nos deixou, mas não se deixa manipular
jamais.
Falsos profetas sempre existiram e sempre
atraíram para junto de si muitos adeptos e admiradores,
10
de todas as classes sociais e de todos os credos, atraídos
pela propaganda que o envolve e o fascina, como um
punhado de açúcar próximo da entrada de um
formigueiro consegue atrair a atenção de todo o
formigueiro.
Se este mandamento fosse realmente radical,
não teriam chegado até nós também, o significado de
Deus ter mandado fabricar a serpente de bronze, sinal de
sua presença no meio do povo, para que sua fé em seu
Senhor não sofresse tanto.
Não nos haveriam chegado a decoração dos
túmulos e das sinagogas, quer das catacumbas romanas,
com as imagens pintadas em suas paredes dos primeiros
santos e santas cristãos e de muitas outras figuras, quer
das pinturas das sinagogas.
Se fosse uma proibição total, o próprio ato de
imaginar em nossa mente a Jerusalém Celeste, com suas
formas magníficas, todo o ouro e todas as pedras
preciosas que a compõem, seria um ato de idolatria da
nossa parte, pois construímos as imagens em nossa
mente, e estaríamos agindo da mesma forma quando
imaginamos o Espírito Santo pousando sobre Jesus em
forma de pomba e depois sobre os apóstolos e também
11
sobre Maria, mãe do Cristo, em forma de línguas de
fogo.
O fato de termos em mente, ou concretamente
as imagens dos santos da Igreja que já faleceram, é para
mostrar que Deus agiu no meio deles e continua agindo.
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Os bezerros de ouro, santuários...

Na época do rei de Israel Jeroboão, ele,


Jeroboão, dissera a si mesmo que se o povo continuasse
a subir para Jerusalém, na casa do Senhor para lhe
oferecer sacrifícios, poderia acabar seguindo ao rei de
Judá, e quanto a ele, acabaria sendo morto por seu
próprio povo.
Como havia um cisma entre o reino de Israel e
o reino de Judá, para fazer com que o povo de Israel
deixasse de prestar culto ao Senhor no Templo de
Jerusalém, Jeroboão instituiu dois santuários nacionais
no reino de Israel, um em Betel e outro em Dan e teve a
idéia de fazer dois bezerros de ouro a serem instalados
nos dois santuários, nos quais seriam prestados culto aos
deuses de Israel (1Rs 12, 23 - 30). Desta forma, o povo
de Israel ficava privado de prestar culto ao Senhor no
Templo de Jerusalém, casa do Senhor. E nisto consistia
o seu pecado.
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Uma outra situação, a da demora de Moisés
para trazer do alto da montanha as tábuas da Lei para o
povo, fez com que eles se reunissem com Aarão para
lhe pedir que fabricassem deuses para que seguissem à
sua frente, pois já desacreditavam em Moisés. Aarão
recolheu todo o ouro que estava no poder do povo e
fabricou-lhes a estátua de um bezerro. Disseram que
aqueles eram os deuses de Israel.
Miká era um levita, que tinha em sua casa um
pequeno santuário com uma estela divina (Jz 17, 4 ss;
18, 15 ss). Entre todos que serviram no Santuário
nacional de Dan, Miká foi o primeiro, e para lá levou
consigo o ídolo. O profeta Amós menciona este
santuário com desprezo, dizendo que os israelitas
cairiam e nunca mais se levantariam, por jurarem pelo
pecado de Samaria, bendizendo o Deus de Dan e o
poder de Ber-Sheba (Am 8, 14). Apesar disso, o deus
adorado em Dan era o Senhor, Iaweh.
Em todos estes relatos, se os homens forem
levadas apenas por interesses pessoais, se verifica que as
relações entre os homens, quanto à sua salvação, pode
se tornar de tal modo conflitiva, que um ambiente de
separação tende a se instalar nessa realidade. E todo
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esse clima, então formado, serve apenas para aumentar
as rivalidades entre as partes envolvidas.
Estes relatos ocorreram no passado, mas ainda
estão bem vivos na realidade cultural em que vivemos.
Um mundo em que há tantos cristãos que professam a
mesma fé em um mesmo Deus e apesar de tudo, se
esforçam para permanecerem em constante separação.
Todas as vezes em que o povo de Deus se separou de
seu Caminho, ele precisou de um pretexto que não lhe
desse também uma separação com seu Deus. Os
bezerros de ouro permanecem na nossa atualidade, além
de pretextos, verdadeiros pedestais sob os quais tendem
a verdadeira “salvação”.
Sempre foi uma atitude comum do homem,
buscar a verdade, nem que para tanto, ele tenha que se
separar daqueles que não estão de acordo com ele,
sobre o pretexto de estarem se afastando dela mais do
que pensa. Na busca da verdade, ele vai atrás das
orientações de um guia que o conduza, seja ele quem
for, o homem nunca vai sozinho, sempre necessita que
algo ou alguém o conduza.
A verdadeira orientação para o homem, é a
revelação cristã, que proporciona a todos seguir o
15
caminho da verdade. Ela está relacionada com a lei do
amor que todos trazem gravado em seus corações,
fazendo com que todos estejam sempre aptos a cumpri-
la.
O fato de o rei Jeroboão, para se autobeneficiar
diante de seu povo, utilizar-se da razão ao construir para
seu reinado os dois santuários, a fim de que, em sua
mente, todas as pessoas de seu reino fossem
desobrigados de prestar culto a Deus no Templo de
Jerusalém, é um exemplo que ainda hoje permanece
atual.
Agindo segundo as ordens do rei Jeroboão, o
povo de Israel ficava privado de prestar culto ao Senhor
no Templo de Jerusalém, casa do Senhor. E nisto
consistia o seu pecado.
O homem é inteligente, e como tal, pode se
tornar perigoso para sua própria vida, todas as vezes que
separa a razão da fé, podendo levar consigo outros
tantos como ele.
No meio de tanta diversidade em que estamos
inseridos, fica fácil e tentador para qualquer pessoa, em
determinado momento de sua vida, seguir por um
caminho que mais lhe convém, mesmo que isto implique
16
a ele sair de sua Igreja e prestar culto a Deus em outra
comunidade.
Esta passagem do período do Rei Jeroboão,
onde havia o cisma entre os reinos de Judá e de Israel, é
um exemplo para os dias de hoje, em que a divisão entre
os cristãos se faz notar das mais diversas formas
possíveis, como em todas as denominações pelas estão
separadamente agrupados.
É difícil transmitir para todos estes cristãos a
importância vivermos na mesma casa que, por Deus, nos
foi preparada.
O reino de Deus está destinado a todos os
homens, e a sua realidade se notará presente à medida
em que os homens testemunhem o amor ao próximo, à
medida em que perdoam-se, e se ajudem mutuamente.
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Sinais

Assim como na Bíblia há muitos sinais


representando os momentos da ação de Deus no meio do
povo, hoje também não é diferente.
As doze pedras retiradas do rio Jordão e
erguidas em Guilgal, quando da sua travessia, servindo
se sinal para aquele povo e para as gerações futuras
como nós, de que quando se lembrarem daquelas
imagens de pedra erigidas em Guilgal, se recordariam
também de como Deus agia e age no meio povo(Js 4,
6).
Ele se utiliza de pessoas de seu povo para
mostrar para toda a comunidade, através de sinais e
prodígios, que sua aliança é mantida fielmente por ele
próprio, e que em nenhum momento se deixou
manipular pelos que se beneficiavam de sua graça.
As imagens dos incensórios em (Nm 17, 3),
como os próprio Senhor falou, são sinais que servirão
para o povo perceber a importância que Deus dá a algo
18
que lhe é sagrado. E se um objeto representado pela
imagem de um incensório sagrado tem tal importância
perante Deus, muito mais a vida de uma pessoa santa e
que foi sagrada a Deus, será um sinal no meio do povo
de que a presença de Deus se faz sentir por meio dela.
O bastão de Aarão em (Nm 17, 18), também
era um sinal para o povo, de tal forma que diante de sua
presença, se lembrariam que o Senhor estaria sempre
próximo dele, por mais rebeldes que pudessem ser, em
determinado momento de falta de fé da parte deles.
Os filactérios em (Ex 13, 9; Dt 6, 8; 11, 18; Mt
23, 5), eram objetos feitos com quatro lacunas onde
eram inseridas rolinhos contendo o mandamento de
amar a Deus (Dt 11, 13 - 21) e não servir a outros
deuses; o Shema, que era o credo em um único Deus (Dt
6, 4 - 9); a Páscoa ( Ex 13, 11 - 16) e os Ázimos (Ex 13,
1 - 10). Eram usados na cabeça e no braço, parecidos
com os escapulários, os quais são trazidos pendentes ao
peito.
A imagem do arco-íris em (Gn 9, 12 - 13. 17),
como o próprio Deus diz, é o sinal da aliança perpétua,
estabelecida entre Deus e todo o ser vivo, qualquer que
seja na Terra, por todas as gerações.
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A serpente abrasadora de bronze feita por
Moisés, a pedido do Senhor, em (Nm 21, 4 - 9; Sb 16, 6
- 7), já prefigurava a imagem do Salvador, de Jesus
crucificado, de tal modo que todo aquele que cresse
teria a sua vida restituída.
Deus se mantém fiel à sua aliança com todos as
famílias de todos os povos e de todas as gerações prova
disto são todos os sinais realizados no meio do povo.
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SUA PRESENÇA

Casa do Senhor

Como consta na descrição de (Ex 25, 10ss), a


arca da aliança, a qual o Senhor mandara fabricar para
abrigar as duas tábuas de pedra, era como uma caixa
portátil que media cerca de 1,3 metro por 0,7 metro e
0,7 metro. Era feita de madeira de acácia, revestida
com placas de ouro puro por dentro e por fora.
O Senhor mandara fazer também, a imagem
de dois anjos querubins de ouro representados sobre a
arca da aliança, colocados em cada extremidade do
propiciatório. Os dois querubins do Templo de
Salomão tinham cerca de 5 metros de altura e suas
asas eram da mesma dimensão, se tocavam e tocavam
21
as extremidades das paredes do lugar do propiciatório
do Santo dos Santos (1Rs 6, 23ss).
O propiciatório era o lugar em que Deus se
fazia presente. Haviam também imagens esculpidas
de querubins no interior e exterior das paredes da
Casa (1 Rs 6, 29), também, na entrada da câmara
sagrada, havia querubins esculpidos (1Rs 6,31-32), foi
feito o mesmo na entrada da grande Sala, com a
escultura de imagens de querubins (1Rs 6,33-35).
Para o Templo, foram destinados vários
objetos fabricados de metal: foram feitas a imagem do
Mar em metal fundido, o qual tinha cerca de 5 metros
de diâmetro e de forma circular, ficando repousado
sobre a imagem de doze bois (1 Rs 7,23-25). Foram
feitos 10 suportes em bronze na forma de painéis,
sobre os quais haviam imagens de leões, touros e
querubins (1Rs 7,27-29,36). Após Salomão
construir a Casa do Senhor e a casa do rei, o Senhor
lhe disse: “Ouvi a oração e a súplica que me dirigiste:
consagrei esta casa que me construíste, a fim de nela
fixar meu nome para sempre; meus olhos e meu
coração estarão nela sempre. Quanto a ti, se
caminhares em minha presença como Davi, seu pai,
22
com um coração íntegro e com retidão, agindo
conforme tudo o que te ordenei, se observares minhas
leis e minhas normas, manterei para sempre o teu
trono real sobre Israel como o disse a Davi, teu pai:
‘jamais faltará um dos teus para sentar-se no trono de
Israel’. Todavia, se vós e vossos filhos vierdes a
afastarvos de mim, ou não observardes as leis e as
normas que vos prescrevi, se prestardes culto a outros
deuses e vos prosternardes diante deles, então
exterminarei Israel da face da Terra que lhe dei;
lançarei para longe de minha face esta Casa que
consagrei ao meu nome, e Israel se tornará a fábula e a
zombaria de todos os povos. Quem passar pelas
vizinhanças desta Casa tão elevada ficará estupefado
e exclamará: ‘Por que razão o Senhor agiu assim para
com esta Terra e em relação a esta Casa?’ E
responder-lhe-ão: “Porque eles abandonaram o
Senhor, seu Deus, que fez sair seus antepassados da
Terra do Egito; porque eles aderiram a outros deuses,
prosternando-se diante deles e os servindo; é por isso
que o Senhor fez cair sobre eles toda essa desgraça”
(1Rs 9,1-9).
23

Deus se revela entre nós

Gradualmente, Deus nos revela a sua


imagem. No tempo do antigo testamento, ele se
comunicava com seu povo, a princípio, numa chama,
em um monte, e depois no próprio templo que
mandou construir para a arca da aliança.
No monte Horeb, a montanha do Senhor,
Deus se manifestara a Moisés numa sarça que ardia
em chamas mas não se consumia. O Senhor o chamara
pelo nome, pois tinha preparado para ele uma grande
missão e sabia que podia contar com a ajuda dele.
Moisés, vendo aquela imagem em fogo e escutando a
voz do Senhor, a princípio vacilou, cobrindo o rosto,
temendo ver a Deus. Ele disse para Moisés que ouviu
as preces de seu povo, que estava no Egito sendo
brutalmente oprimido pelo poder do faraó, e revela a
Moisés o seu plano para ajudá-los a saírem de lá.
24
Disse que conhecia seus sofrimentos e que iria libertá-
lo (Ex 3ss).
E durante a longa jornada dos israelitas para
a sua liberdade, Deus se mostrou presente com eles.
Ele estava presente na imagem do cajado de Moisés
que fez muitos milagres no meio do povo para que
acreditassem nele, ele se revelou também nas curas
que se sucederam por intermédio de Moisés. Na
transformação das águas do rio em sangue, as quais
serviam de consumo para os egípcios. Na praga das
rãs, que se proliferaram e infestaram todos os lares do
povo do faraó. Deus se fez presente na praga dos
mosquitos, que como o pó caíram sobre os homens as
mulheres e os animais. Na praga dos insetos, que
infestou todo o pais. Na peste que atingiu todo o gado
egípcio matando-os. Na peste dos furúnculos, que
atingiu todos os homens, todas as mulheres e todos os
animais do faraó. No granizo que caiu e matou todos
os homens, as mulheres e os animais que estavam no
campo. Nos gafanhotos que comeram toda comida e
árvores que restaram da destruição do granizo. Nas
trevas que pairaram sobre os egípcios por três dias. Na
25
morte dos primogênitos entre eles o filho do faraó,
que assim os deixou partir do Egito.
Deus se revela na figura das pessoas simples e
que muitas vezes sofrem e rezam para que ele os ajude.
E ele sempre atende as nossas orações dando-nos o que
mais precisamos, pois ele assumiu um compromisso
conosco e jamais o quebrou. Ele sempre esteve conosco
e sempre estará pois nos ama a cada um como seus
filhos.
26

Assume um compromisso com todas as


famílias

O Senhor disse a Abrão: “Parte da tua terra,


da tua família e da casa de teus pais para a casa que eu
te mostrarei. Tornarei grande o teu nome. Tu sejas uma
benção. Eu abençoarei os que te abençoarem, e que te
injuriar, eu o amaldiçoarei: em ti serão abençoadas
todas as famílias da terra”. Abrão partiu como o
Senhor lhe havia dito, e Lot partiu com ele (Gn 12, 1 -
4).
Deus assumiu um compromisso com todas as
famílias da Terra. Todas elas seriam agraciadas com as
suas bênçãos por Abraão.
Deus sela a aliança feita na presença de
Abraão ao passar por entre os animais repartidos na
imagem do braseiro fumegante e da tocha de braseiro.
Esta aliança é selada novamente, de forma unilateral
pelo Senhor, pois Abraão não passou por entre elas.
27
Aparentemente muitos agem como que não
acreditassem nas promessas de Deus. Mesmo ele
próprio tendo vindo como a um de nós, na figura de
Jesus, e ter dito que veio para servir, que veio para que
todos tenham vida em abundância, pelo amor. Mesmo
tendo dito que nunca mais flagelaria todos os seres vivos
como fez com dilúvio (Gn 8,21).
Mas ele nos ama tanto que em vários momentos
vem confirmar as suas promessas, não nos deixando
esquecer que ele é por nós sempre, desde a nossa
criação, passando por Moisés, com todos os sinais que
deixou no meio do povo, passando por Abraão com os
sinais da aliança, do filho, da descendência e da Terra, e
ao longo de toda a nossa história até hoje. Ele está no
meio de nós. Ele se comprometeu por nós.
Os judeus aparentemente tomaram este
compromisso para si, mas o cristianismo veio reabrir
isto. A aliança de Deus engloba todas as famílias da
Terra.
28

Nossos compromissos, planos...

Todos queremos o melhor para nós. Muitas


vezes fazemos de nossas vidas uma eterna busca.
Buscamos pela felicidade, pela saúde, por um corpo da
moda, buscamos por Deus...
Dentro da diversas situações pelas quais
passamos durante nossa vida, se prestarmos um pouco
de atenção, podemos perceber os indícios da presença
de Deus atuando em nosso meio, pelo qual fazemos
parte na nova aliança selada por Jesus. Estes são sinais
do amor que ele tem por todos nós.
Jesus nos ensinou e nos mostrou que só
seremos verdadeiramente felizes, possuidores da vida
eterna, se primeiro, amarmos a Deus acima de tudo, e
segundo amarmos o nosso próximo como gostaríamos
de ser amados. E isso implica em tomarmos uma
decisão, deixando de lado alguma coisa nossa.
Uma das coisas necessárias para fazermos parte
do imenso amor que é o próprio Deus, é em nossa vida,
29
estarmos sempre dispostos a mudar o caminho em que
trilhamos para encontrar com o nosso próximo,
principalmente se ele necessita de uma ajuda. Como na
parábola do bom samaritano (Lc 10, 29 - 37), onde um
homem indo da cidade de Jerusalém para a de Jerico,
foi assaltado e espancado por ladrões, ficando caído na
estrada quase morto. Um sacerdote passando pela
mesma estrada, se deparou com aquele homem no chão,
e não fazendo nada para ajudá-lo, foi-se adiante, e
mesma coisa fez um levita, detentor de uma função
sagrada, que vendo-o foi-se, sem nada fazer. Ainda não
estavam preparados para mudarem seus próprios
caminhos por causa de seus compromissos. Mas um
samaritano, considerado pelos judeus um herético e
cismático, que também se deparou com aquele
moribundo, vendo-o o ajudou, colocando-lhe em seu
meio de transporte, levando-o para um local em que
cuidaram dele.
Muitos são os sinais da presença de Deus neste
mundo. Podemos vê-lo principalmente na imagem
daqueles que de alguma forma são excluídos da
sociedade, não tendo acesso a alguma das necessidades
básicas que garantem a toda pessoa uma vida saudável.
30
É também na imagem destas pessoas excluídas que
encontramos a Deus.
Portanto, é importante deixarmos um pouco de
lado nossos próprio caminhos para irmos de encontro a
Jesus. Ele pode ser encontrado na figura do doente que
vamos visitar, da criança e do idoso, que vamos cuidar,
do mendigo das ruas de nossa cidade que passa fome e
frio, do preso que muitas vezes é obrigado a cumprir
uma pena muito maior da que lhe é imposta. Todas as
vezes que mudamos nossos caminhos para ajudar a estas
pessoas, estamos agradando ao Senhor.
Penso no quanto estamos agradando ao Senhor
todas as vezes que vamos à Igreja juntamente com nosso
grupo para o adorar e louvar, e quando o vemos pedindo
uma esmola em nossa porta, fingimos vê-lo e entramos,
e durante a semana não praticamos nenhuma ação para
ajudar aquele nosso próximo.
Somos o templo vivo do Senhor, isto é, ele
habita em nosso seio. Para qualquer lugar que formos,
ele está conosco e não podemos esperar pela certeza de
estarmos nos aproximando de Deus em nossa caminhada
diária, se todas as vezes que ele nos estende as suas
próprias mãos maltratadas pelo frio, elo tempo, pelas
31
torturas, pela fome, pelas prisões e por todo tipo de
desgraças sociais que as assolam, não formos capazes de
mudar o nosso caminho para o encontro com Cristo,
mas seguimos à frente, no nosso caminho em busca da
nossa felicidade.
Quando nos colocamos a serviço do nosso
próximo na busca da vida, estamos sendo como imagem
do Senhor como todos os santos são exemplos para nós
da presença atuante de Deus em nosso meio.
32

Deus sua presença

O Senhor sempre esteve ao lado de seu povo,


mesmo nos momentos mais difíceis, em que se
desacreditava nele. Da mesma forma, ele está sempre
presente conosco, principalmente na figura de cada ser
humano, por mais irreconhecível que pareça. Sim ele
está ali ao nosso alcance na figura de nosso irmão
clamando por nós, está com fome, com frio, com sede.
Temos consciência disto.
Ao longo da nossa história, Deus tem nos
mostrado sua presença por intermédio de sinais
realizados no meio de seu povo. Assim, a imagem da
serpente de bronze que mandara Moisés construir para
que aqueles que fossem mordidos e olhassem para ela
tivessem sua vida salva, da própria arca da aliança que
mandara fabricar, eram sinais da presença do Senhor
naquele meio como seu único Deus. Mostrava para
aquele povo que o Senhor estava ao lado deles e agia em
seu favor, desde que cressem.
33
O povo que seguia os caminhos de Deus era
por ele instruído e conduzido da melhor forma possível.
Eram exortados por ele de que era o seu único Deus e
que deveriam adorar somente a ele e se amarem. E
apesar dos sinais que fazia, muitos acabavam
esquecendo do Senhor, seu Deus passando a adorar
ídolos e imagens as quais podiam ver e tocar. Desta
forma, magoavam a si mesmo sendo excluídos da
presença de Deus, não porque ele queria, mas por sua
própria vontade.
Com o advento de Jesus, Deus vem até a nós
em nossa própria imagem, se fazendo como um de nós.
Ele estava aqui no meio de nós, pudemos vê-lo e
contemplar a sua face.
Aqui mesmo, na nossa presença, continuamos
sendo agraciados com muitos sinais de sua presença
atuante. Desta forma, Deus agia no meio deles assim
como age ainda hoje em nossas comunidades. Todas as
imagens que temos são sinais de que Deus agiu por
intermédio daquela pessoa e continua agindo, pois Deus
não é Deus de mortos, é Deus de vivos. Deus é Deus de
Moisés, de Abraão, de Elias, de Maria, de José, de todos
os santos que estão no céu intercedendo por nós junto a
34
Jesus nosso único Mediador. Mesmo assim tem gente
agindo como se fosse uma pessoa que não acredita na
vitória de Jesus sobre a morte e que Deus é Deus de
vivos, não de mortos (Mt 22, 32), nem levam em
consideração que na transfiguração de Jesus, Moisés e
Elias apareceram conversando com ele (Mc 9, 2 - 10) e
também, muitos santos já falecidos apareceram para
várias pessoas após a morte de Jesus (Mt 27,52 - 53).
35

ÁGAPE

Um novo mandamento

Antes de partir para junto do Pai, Jesus deixou


para seus discípulos um novo mandamento. Assim
como ele os havia amado, seus discípulos deveriam
amar uns aos outros (Jo 13, 34).
O apóstolo Paulo, em sua primeira carta aos
Coríntios, escreve-lhes a respeito dos dons do Espírito
Santo que são dados a cada um para estarem a serviço
da comunidade. Paulo ensina à busca pelos dons
melhores, e indica que o amor é, entre todos, o melhor
caminho, e que devemos procurar por ele.
Em seu hino ao amor, o apóstolo Paulo, fala
que o amor está acima de muitos dons como o de
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línguas e das profecias, e que o amor gera
conseqüências muito boas para aqueles que o buscam.
Fala, Paulo, em seu hino ao amor:
Mesmo que eu fale a língua, a dos homens e a
dos anjos, se me falta o amor, sou um metal que ressoa,
um címbalo retumbante.
Mesmo que tenha o dom da profecia, o saber
de todos os mistérios e de todo o conhecimento, mesmo
que tenha a fé mais total, a que transporta montanhas,
se me falta o amor, nada sou.
Mesmo que distribua todos os meus bens aos
famintos, mesmo que entregue o meu corpo às chamas,
se me falta o amor, nada lucro com isso.
O amor tem paciência, o amor é serviçal, não
é ciumento, não se pavoneia, não se incha de orgulho,
nada faz de inconveniente, não procura o próprio
interesse, não se irrita, não guarda rancor, não se
regozija com a injustiça, mas encontra a sua alegria na
verdade.
Ele tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo
suporta.
O amor nunca desaparece.
As profecias? Cessarão.
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O conhecimento? Será abolido.
Pois nosso conhecimento é limitado e limitada
a nossa profecia.
Mas quando vier a perfeição, o que é limitado
será abolido.
Quando eu era criança, falava como criança,
pensava como criança, raciocinava como criança.
Quando me tornei homem, pus fim ao que era
próprio da criança.
Agora, vemos em espelho e de modo confuso;
mas então, será face a face.
Agora, o meu conhecimento é limitado; então,
conhecerei como sou conhecido.
Agora, portanto, permanecem estas três
coisas, a fé, a esperança e o amor, mas o amor é o
maior. (1Cor 13).
Nas palavras de Jesus sobre o amor, proferidas
aos seus discípulos, está inserida a valorização da
pessoa humana como tal, pois todos fazem parte do
plano de Deus, que é amor.
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Amigos

Jesus deixou para seus discípulos a ordem de


que se amassem uns aos outros, e fazendo isso, são
seus amigos. Como Jesus, nosso maior amigo, mesmo
disse : Ninguém tem maior amor do que aquele que
se despoja da vida por aqueles a quem ama (Jo 15,
13).
Ter e cultivar os círculos de amizade, é de
fundamental importância para a vida saudável de
qualquer pessoa. Esta relação com outras pessoas é algo
inerente dele mesmo, até mesmo para nascer, o ser
humano depende da ajuda de muitas pessoas, a começar
pela ajuda de seus pais.
Uma amizade sincera e verdadeira, supera as
provações que o tempo impõe em seu meio, e na hora de
mostrar a sua fidelidade, principalmente naqueles
momentos difíceis, não hesita em amparar, fazendo com
que se sinta segurança.
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Ter um amigo fiel, é mais do que ganhar na
supersena acumulada há várias semanas. Como diz Ben
Sirac: Amigo fiel é um elixir de longa vida: os que
temem o Senhor o encontrarão. Quem teme o Senhor
dirige bem sua amizade: como ele é tal será seu
companheiro (Sr 5, 16 - 17).
O verdadeiro amigo permanece fiel em todos
os momentos da vida principalmente nos mais difíceis.
Como Jesus, provam o seu amor, a exemplo dos cristãos
que trabalham nas missões além fronteiras,
testemunhando a Cristo ressuscitado.
Ser amigo não implica em ser perfeito. Os
amigos também erram. Estes são os momentos difíceis,
em que a amizade dos envolvidos é posta à prova. É um
momento que deve ser aproveitado para um diálogo,
para refletir o quanto se está sendo amigo ou apenas se
está seguindo um modismo da cultura de massa, em que
é comum se fazer calúnias do primeiro que aparece para
pô-lo à prova e o difamar. Um verdadeiro amigo não cai
nessa. Nestes momentos, ele pode ser tachado de careta,
de não pertencer à turma, de ser o mais chato, mas se ele
é um verdadeiro amigo, será fiel sempre, saberá estar
40
atento para escutar o que se tem para falar, o ombro e a
palavra estarão lá no memento certo.
O mundo em que vivemos atualmente, põe
muito à prova a amizade entre as pessoas,
principalmente aquelas que vivem em centros urbanos,
em que a vida passa rápida e no menor descuido,
trabalhamos, comemos, dormimos, e até a família passa
desapercebida. O meio urbano é uma realidade que está
em constante transformação e o cultivo da amizade
saudável neste meio em constante mudança, deve ser de
forma perseverante pois o homem não nasceu para
viver sozinho, isolado num mundinho pessoal, que tenha
a sua cara e seja do seu jeito. Ele é um ser social, e com
isso deve sempre poder interagir com seu semelhante da
melhor forma possível.
Em nossa vida, temos a oportunidade de contar
com a ajuda de muitos amigos verdadeiros, Jesus é o
maior deles. Muita gente tem uma pessoa que é sua
melhor amiga, que marca presença atuante nos
momentos que você precisa, pode estar na família ou
fora dela. O anjo da guarda, é um amigo inseparável e
que apesar de ser muitas vezes esquecido pela pessoa, é
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sempre fiel a ela. Tantos santos e santas, que intercedem
por nós, são nossos amigos.
A amizade deve ser respeitada, deve ser
lembrada, deve ser amada, não pelo intuito de receber
qualquer tipo de retribuição, mas como sentimento de
gratidão por tudo.
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O amor aos nossos inimigos

Desde o início do cristianismo, na celebrações


eucarísticas, já se rezava para uma série de situações,
entre elas, pedia-se pelos governantes, aqueles que
detinham o poder, e que inúmeras vezes perseguiam,
prendiam, caluniavam e matavam os cristãos por causa
de sua fé.
Durante um dos períodos históricos mais
medonhos para a Igreja, onde os cristãos romanos, para
celebrar o mistério da paixão, morte e ressurreição de
Jesus, tinham que se reunir em escondido, debaixo da
Terra, nas catacumbas, era moldado nos cristãos um
sentimento de tolerância para com o governo que os
perseguiam. Este sentimento marcaria uma grande fase
da Igreja, sendo sentida até hoje. Os cristãos
reconheciam a autoridade dos seus governantes e
procuravam mostrar-lhes a fé que professavam.
Os cristãos defendiam a sua fé, como por
intermédio dos apologistas no século dois como o
filósofo cristão Aristides, dirigindo-se ao imperador
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romano Adriano defendendo a fé cristã; como Justino, o
bispo Melitão de Sardes e o filósofo cristão Atenágoras
de Atenas, que em escrita ao imperador romano Marco
Aurélio, fazem sua apologia ao cristianismo; e o escritor
eclesiástico Tertuliano de Cartago, o qual dirige uma
defesa do cristianismo aos governantes do império
romano.
A prática daquelas palavras de Jesus, de que
deveríamos nos amar, era um elemento fundamental
para manter a Igreja unida em seu amor. Pois apesar de
terem tantos inimigos, e o próprio imperador romano
como agente opressor, os cristãos souberam ser fortes
em suas fraquezas para não caírem na tentação de
revidarem da mesma forma às agressões sofridas.
Souberam dar um autêntico testemunho de amor, o qual
fez maravilhas em seu meio. Este deveria ser um
exemplo para os “cristãos” e seus “inimigos cristãos” de
muitos países deste mundo de Deus.
Amar os nossos inimigos, implica também em
reconhecer nossas próprias limitações. e desta forma, o
amor termina prevalecendo apesar de tamanho
sofrimento ocorrido em um tempo passado, e quando o
amor suplanta o mal enraizado dentro de nossas
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limitações, há uma superabundância da graça de Deus
em nós e em nossa comunidade.
Sabemos que como cristãos, devemos amar o
nosso próximo da mesma forma que gostaríamos de ser
amados. Este amor ao nosso próximo cotem também um
sentimento de tolerância a ele, porque toda pessoa é
importante para nós e deve ser respeitada. Pensando
assim, aparenta não ficar claro. As atitudes e os
pensamentos de determinada pessoa podem ser
condenados e abominados, por estarem totalmente fora
dos nossos caminhos, mas a pessoa humana como
criatura de Deu possui um valor muito elevado para nós,
sendo uma das razões da própria vinda do Senhor como
um de nós, merecendo ser amada por nós. Assim,
estaremos dando um espaço para que o Senhor atue por
nós, beneficiando à uma conversão nossa e do nosso
próximo, pelo nosso testemunho autêntico de fé.
Pelo fato de sermos amigos de Jesus, não
deveríamos cultivar os sentimentos de vingança e de
rancor dentro de nós para demonstra-lo às pessoas que
são nossos adversários. Agindo desta forma, estaremos
amando o nosso próximo como gostaríamos de ser
amados, pois Deus é nosso Senhor e Pai.
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Muitas pessoas quando se reúnem, se reúnem
para por alguém à prova, de tal forma a condená-lo
perante a sociedade e a seus amigos. Quando isto
realmente ocorre, o amor à Deus e amor ao próximo
podem estar sendo deixados de lado e o afastamento de
Deus pode estar ficando mais evidente neste meio, pois
do amor é que depende todas as Sagradas Escrituras.
Jesus ensinou que devemos amar os nossos
inimigos e orar pelos que nos perseguem para assim
sermos verdadeiramente filhos de nosso Pai que está
nos céus. Devemos procurar fazer o possível para
sermos uma fonte de bênçãos para aqueles que nos
perseguem de alguma forma.
E estes ensinamentos entram em contradição
com o que o mundo nos ensina hoje, onde devemos ser
competitivos e individualistas. Devemos ser fortes e
manter a nossa fé nos ensinamentos de Jesus, só assim
poderemos ser verdadeiramente felizes neste mundo que
Deus nos deu e vencer todo tipo de competitividade e de
individualidade que apenas servem para nos afastar uns
dos outros e de nosso Senhor. É por meio do bem que
venceremos o mal.
46
O poder de nosso Senhor é o mesmo, e paira
sobre os que são bons e sobre os que são maus, e Deus é
bom para todos. Ele nos mostrou que não teremos
recompensa nenhuma se amarmos apenas aqueles que
nos amam e interagirmos apenas com eles. E se não
formos dignos da recompensa de Deus, nossas vidas
acabarão sendo um inferno, com todo tipo de atentado
contra nós.
47

O nosso próximo

Próximo é aquela pessoa que está ali, ao nosso


alcance. Próximo é todo aquele que está junto do outro,
e que pode falar com ele, toca-lo com suas mãos, sentir
o seu calor e a sua emoção.
Vivemos em um mundo no qual habitam
bilhões de pessoas, inseridas num contexto de cultura e
de religiões diferentes, vivendo em países do primeiro,
do segundo e do terceiro mundo, ricos, muito ricos,
pobres ou miseráveis.
Seja qual for a situação social em que se vive,
todo este contexto, no qual estamos inseridos, perpassa
nossas vidas.
Muitas vezes, somos assediados pela sociedade
e seus multi meios de tal forma, que somos impelidos a
viver dentro de um padrão de vida pré-determinado por
ela, se quisermos ser taxados de bons, factíveis a
freqüentarem e interagirem no mesmo ambiente social.
Como na relação entre os Judeus e os Samaritanos no
48
tempo de Maria, mãe de Jesus, em que, apesar de serem
vizinhos geograficamente, eram tão separados que
consideravam os outros como heréticos, cismáticos,
loucos e não podiam se interagir de forma alguma. Era
cada um para seu lado, apesar de terem a mesma origem
e de adorarem o mesmo Deus. História parecida com a
qual muitas pessoas vivem atualmente.
Jesus mostrou, tanto na parábola do bom
samaritano (Lc 10, 29 - 37) quanto da samaritana ao
lado do poço, na cidade de Sicar (Jo 4, 1 -42), que o
nosso próximo não é somente aquela pessoa que faz
parte da nossa comunidade, compartilhando conosco
dos mesmos costumes. O nosso próximo pode ser aquele
que consideramos estar numa posição marginal e ou
exclusiva, em relação à nossa realidade.
Jesus ensinou a ir ao encontro do outro, aquele
que aparenta ser diferente, e a entrar em contato com
ele, em reconhecer a realidade dele e praticar o que
aprendemos, amando-o como gostaríamos de ser
amados. E as conseqüências deste amor serão os atos de
fraternidade entre os irmãos e o reconhecimento de nós
mesmos, de nossas limitações e que precisamos do
outro, por mais diferente que possa parecer para nós.
49
Também o fato de vivermos nesta mesma casa, chamada
Terra, nos impele à interação interpessoal e esta
interação só é possível de duas maneiras: benévola ou
malévola para a nossa existência.
Por causa do anúncio do evangelho, e do amor
ao próximo como conseqüência dele, muitas pessoas se
sentem impelidas a levarem à frente esta missão. E,
desta forma, um número cada vez maior de pessoas têm
a possibilidade de serem atingidas pelas bem
aventuranças evangélicas.
Não precisamos esperar que o tempo faça com
que esbarremos em nosso suposto próximo, para então
termos a oportunidade de tomar uma decisão sobre o
que fazer nesta situação na qual nos deparamos.
Podemos e devemos ir até ele, pois sabemos em muitas
situações quem ele é, como aqueles que fazem parte de
nossa comunidade os quais vemos diariamente a sua
situação e passamos adiante, ou aqueles nossos irmão
que estão em outras regiões ou em outros continentes, e
que são expostos por anunciantes na tela de nossa
televisão, para o nosso consumo.
Esta ação de ir ao encontro do próximo, é uma
tarefa possível para nós, e atestam isso todas as pessoas
50
que sendo como nós, souberam ouvir as palavras de
Jesus e as por em prática, quer em suas comunidades,
quer em lugares muito afastados de sua família. E o
exemplo de todos os cristãos que contribuíram para o
anúncio do evangélico e hoje contemplam a glória do
Senhor, é para todos .um sinal de que é possível viver o
ideal cristão do amor, pois se eles sendo pessoas como
qualquer um de nós, conseguiram viver o anúncio da
boa nova deixado por Jesus, e testemunhá-lo para os
seus próximos, também podemos e devemos.
Estaremos fazendo a nossa parte na construção
do reino de Deus se praticarmos a justiça para com
nosso próximo, e assim estaremos sendo merecedores
das bênçãos de Deus, pois ele abençoa a morada dos
justos (Pr 3, 33).

Os exemplos de Jesus
51
Jesus é o maior exemplo vivo de amor ao
próximo. Ao pedir para o anjo Gabriel que anunciasse à
Maria que fora escolhida por Deus para ser a mãe do seu
Senhor, ele estaria mostrando para todos, o quanto nos
ama, a ponto de querer vir ao nosso encontro e habitar
em nosso meio.
Mesmo na barriga de Maria, proclamada de a
bem aventurada por todas as gerações, Jesus já estava
sendo uma fonte de bênçãos para os que dele eram
próximos, assim como para sua família, quanto para a
família de Elisabete.
Ao nascer, Jesus quis também estar próximo
das pessoas mais excluídas da sociedade, nascendo
como os mais pobres, e tendo uma recepção calorosa
por eles e pelo coral dos anjos do céu que cantavam
louvores de Deus e dizia: Glória a Deus no mais alto
dos céus e sobre a terra paz para os seus bem amados
(Lc 2, 13 - 14), assim já sendo um sinal de sua missão
neste mundo.
Já em seu oitavo dia de vida, Jesus foi levado
ao Templo para ser consagrado a Deus, e lá também
fora como uma benção para os profetas que lá estavam
e esperavam por ver o Cristo, aquele que preparou a
52
salvação para todos os povos, luz da Terra e glória de
todos que fazem parte de seu povo. E em nosso Senhor,
bebê ainda, se cumpria as escrituras que falavam sobre
ele.
Quando já estava na idade da adolescência,
com seus dose anos de idade, Jesus já se encontrava no
Templo junto aos mestres, sendo para eles como uma
benção, ouvindo-os o que tinham para falar,
interrogando-os e respondendo às questões que faziam
para ele de forma inteligente, chegando a surpreende-
los.
Em sua vida pública, Jesus sempre deixou o seu
exemplo, tanto no chamamento de seus discípulos,
quanto em suas pregações nas sinagogas e em todos os
lugares, anunciando a boa nova aos pobres,
proclamando a libertação aos que estavam presos,
curando e operando milagres no meio do povo.
Durante a sua pressão, no monte das oliveiras,
ele deixou para nós um exemplo de vida, permanecendo
fiel à sua missão, não abandonando-a mesmo quando o
seu próprio discípulo o negava, e nem reagindo da
mesma forma como foi abordado.
53
Ele foi, e ainda continua sendo, para todos um
exemplo, quer ao receber todos os insultos que recebeu
dos homens que o vigiavam, quer nos momentos em
que foi surrado, coroado de espinhos e intimidado no
sinédrio, interrogado por Pilatos e zombado por
Herodes.
Mesmo sendo inocente, Jesus foi condenado,
crucificado e na cruz morreu ao entregar o seu espírito
nas mãos de Deus. Ele era Deus e se quisesse, não
precisaria passar pelo que passou, mas o fez assim,
mostrando que, sendo homens podemos alcançar a
verdade pelo caminho da vida.
Ele não deixou de estar próximo de seus
discípulos. No terceiro dia, ressuscitou e se encontrou
com os seus, permanecendo com eles durante quarenta
dias, e durante este período foi para eles como uma
benção. E eles foram testemunhas disto.
Ao se completarem o tempo de sua
permanência ao lado de seus discípulos, Jesus foi para
os céus, ao lado de seu Pai, deixando a promessa de
enviar o Espírito Santo para a sua Igreja. Fato este que
veio a se concretizar durante a festa de Pentecostes,
resultando no início e difusão de sua Igreja.
54
Hoje, Maria está ao lado de Jesus, coroada
como rainha do céu e da Terra, como mãe da Igreja e
nossa mãe também.
55

NA IMAGEM DO PÃO E DO VINHO

Jesus e os discípulos de Emaús (Lc 24, 13 -


35)

Logo na manhã de domingo, Jesus ressuscitou e


depois de ter aparecido pela primeira vez para Maria
Madalena, da qual expulsara sete demônios, aparece
para dois de seus discípulos que seguiam para a aldeia
de Emaús, próxima a Jerusalém. Não percebendo que
era o próprio Jesus que estava ao seu lado seguindo
com eles, falavam sobre a paixão e morte de seu mestre.
Jesus percebendo a situação, os indagou sobre
o que estavam conversando e, desta forma, conseguiu
chamar a atenção deles para si. O discípulo chamado
Cléofas, ficou surpreso com aquele homem de
passagem para Jerusalém, pois certamente não estava
56
sabendo dos fatos que aconteceram durante todos
aqueles dias. Eles lhe contaram o que acontecera com
Jesus de Nazaré, falavam que era um grande profeta em
palavras e ações perante a Deus e perante ao povo, e
como os seus sumos sacerdotes e chefes o entregaram
para ser condenado à morte por crucificação e, quanto a
eles, seus discípulos, esperavam que Jesus fosse libertar
Israel. Eles lhe contaram que já haviam passados três
dias que todos esses fatos haviam ocorrido e que
entretanto algumas discípulas de Jesus, Maria Madalena,
Maria mãe de Tiago e Salomé os haviam assustado, pois
tendo ido de madrugada ao túmulo e não encontrado seu
corpo, elas foram dizer que tiveram a visão de anjos
que declararam que ele estava vivo. Disseram mais, que
alguns de seus companheiros, entre eles Pedro, foram
ao túmulo e acharam tudo como as mulheres haviam
dito, mas quanto a Jesus, não o viram.
Jesus então lhes disse: “Espíritos sem
inteligência, corações tardos para crer tudo o que os
profetas declararam! Não era preciso que o Cristo
sofresse isso para entrar na sua glória?.” E começando
por Moisés e todos os profetas, ele lhes explicou em
todas as Escrituras o que lhe concernia.
57
Jesus fingiu que ia prosseguir adiante quando
se aproximavam da aldeia em que os discípulos se
dirigiam. Os dois pediram para ele que ficasse com eles
pois já era no entardecer. Ele aceitou o convite e entrou
para ficar com eles. Ora, quando se pôs à mesa com
eles, tomou o pão, pronunciou a benção, partiu-o e lhes
deu. Então os seus olhos se abriram e eles o
reconheceram, depois ele se lhes tornou invisível. E
disseram um ao outro: “Não ardia em nós o nosso
coração quando ele nos falava no caminho e nos
explicava as escrituras?”
Naquele mesmo momento, os discípulos de
Emaús partiram de volta para Jerusalém para encontrar
com os Onze apóstolos e os outros discípulos.
Encontrando-os confirmaram-lhes dizendo: É verdade!
O Senhor ressuscitou e apareceu a Simão.
E eles contaram o que passara no caminho e
como eles o haviam reconhecido na fração do pão.
Jesus deixa para nós exemplos para serem
vividos em comunidade. Primeiramente, o amor, que
nos é demonstrado de forma mais sublime possível, e
em seguida uma conseqüência dele mesmo, o ir ao
encontro do outro, do diferente de nós.
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Quando deixamos de lado nossos adjetivos
desqualificantes, arregaçamos as mangas e vamos ao
encontro do outro, estaremos sendo para ele e para a
comunidade, um sinal da presença de Deus.
Ir ao encontro do outro quer dizer, em linhas
gerais, ajudar, fazer a sua parte para a construção do
reino de Deus. É fazer coisas simples, mas que são
essenciais para a vida, como fazer uma visita a alguém
que está necessitando, quer em um asilo, em um
hospital, em um presídio, em um orfanato, ou em outra
situação.
Quando Jesus se encontra com os discípulos de
Emaús, ele chega a eles, não como Deus glorioso e
todo poderoso, mas como a uma pessoa qualquer. Não
chega impondo todo seu conhecimento para eles, como
poderia, mas ele parte do discurso deles próprios para os
ajudar a enxergarem face a face a verdade. Da mesma
forma, nós, quando estamos a serviço em nossa
comunidade, devemos agir como Jesus, não levando
tudo pronto e fazendo tudo conforme a nossa vontade,
mas de forma comunitária, isto é, partilhando o que se
tem para ser ensinado e deixando-se ensinar, ajudando e
deixando-se ajudar, e assim construir junto a
59
comunidade. Assim estaremos deixando para ela, e para
a posteridade um sinal de que Deus agia ali, naquela
comunidade pois eles tinham tudo em comum, repartiam
os dons da vida entre si. Do contrário, se alguém agir
como o mundo nos ensina, sendo individualista,
querendo fazer todas as coisas do nosso jeito, achando
ser a melhor forma para a comunidade pois somos mais
preparados, estaremos deixando para a nossa
comunidade e para a posteridade, um sinal de que o
adversário de Deus agiu naquele meio pelo intermédio
nosso. E isto não é um bom exemplo.
Durante a nossa caminhada, em algum
momento, o próprio Jesus se depara conosco, e estando
lado a lado conosco, tenta nos provocar uma tomada de
atitude. Mas muitas vezes não o reconhecemos, pois
somos como São Tomé, só acreditamos vendo o seu
sinal profundamente. Conhecemos a sua mensagem, e
ele sabe disto mais do que nós mesmos, mas falta algo
mais ainda de nós para ser dado.
Ele nos ensinou a vivermos em comunidade,
sabemos disto, mas criamos dificuldades para pormos
em prática este ensinamento, pois as a situação dela não
é boa, há sinais de corrupção que não fazem parte da
60
mensagem que o mestre deixou, há atritos que provocam
falatórios, há manobras que são realizadas às
escondidas, há jogo de interesses pessoais, necessidade
de aparecer, de ser o primeiro. Isto acontece porque,
somos livres para seguirmos os nossos caminhos.
Se falamos em amor, em vida em comunidade,
mas escolhermos viver no caminho da rivalidade, é esta
vida que estamos preparando para nós mesmos. O
direito à escolha nos é dado. Em nenhum momento,
Jesus obriga seus discípulos a seguirem ele, pelo
contrário, sabendo que no seu projeto está incluído a
participação atuante de seus discípulos, ele vai ao seu
encontro e os chama a cada um.
Cada um tem um papel importante dentro da
evangelização. O anúncio deve chegar a todos, e para
isto é necessário permanecermos unidos e fiéis a Jesus e
aos seus ensinamentos. E isto implica em deixarmos de
lado todo sentimento de superioridade, que nos é
ensinado pelo mundo hoje, e irmos ao encontro de
quem precisa, não como um ser superior, mas como um
servo humilde, que saiba escutar o outro, algo que muito
falta nos dias de hoje. que saiba valorizá-lo, algo que
muitas vezes esquecemos de fazer quando vamos ajudar
61
o outro e tentamos impor-lhe o nosso projeto “de Jesus”,
que sabe incentivá-lo mostrando lhe que é amado, não
entre aspas, ou em palavras, mas em atitudes concretas,
de tal forma que ele possa sentir que faz parte de uma
comunidade viva.
Quando conseguimos perceber os sinais da
presença do Senhor em nosso meio, somos levados a um
sentimento de querer por em prática o que ele nos pede
e levarmos adiante a sua mensagem a todas as pessoas,
demonstrá-la aos demais também pois é um exemplo
que para nós foi muito bom, sendo que conseguimos
viver uma vida nova, digna de ser vivida e em
comunidade.
62

A Ceia o Senhor

Por volta do ano de 56, o Apóstolo Paulo,


escrevendo aos cristão de Corinto, os exorta sobre como
participarem dignamente da ceia do Senhor, da forma
como ele próprio havia recebido de Jesus ( 1Cor 11, 23
- 26).
De fato, eis o que eu recebi do Senhor, e o que
vos transmiti: O Senhor Jesus, na noite em que foi
entregue, tomou o pão, e após ter dado graças, partiu-o
e disse: “Isto é o meu corpo, em prol de vós, fazei isto
em memória de mim”. Ele fez o mesmo quanto ao
cálice, após a refeição, dizendo: “Este cálice é a nova
aliança no meu sangue; fazei isto todas as vezes que
dele beberdes, em memória de mim”. Pois todas as
vezes que comerdes deste pão e beberdes deste cálice,
anunciais a morte do Senhor, até que ele venha.
O gesto de Jesus em deixar para nós seu
próprio corpo e sangue, mostra-nos o quanto o Senhor
está presente conosco e o quanto ele nos ama e valoriza.
63
Ele vem mostrar que não há a necessidade de
temer as estruturas de morte que atuam contra tudo
aquilo que ele ensinou, viciando as pessoas, fazendo
com que o meio familiar seja desintegrado,
prevalecendo o individualismo, o ser “perfeito”.
A sua permanência com os seus, debaixo da
aparências do pão e do vinho, mais do que um
memorial, é um verdadeiro sinal da presença de Deus
conosco.
Em tudo isso, está presente um forte sentimento
de liberdade que é demonstrado para todos, segundo o
qual as pessoas são livres para seguirem o seu caminho.
Jesus nos ama tanto que mostrou o melhor caminho
para chegarmos até ele, transfigurado na lei do amor, a
qual, requer de todos uma doação plena para Deus e
para o próximo. É amar e respeitar a figura do outro
como gostariam de ser amados e respeitados. É fazer
para o próximo o que gostaria que fosse feito para si. A
maior prova deste amor se encontra na mesa da
eucaristia, onde o próprio Cristo se ofertou em corpo e
sangue para remissão de todos. Um sinal derradeiro de
que Deus ama a todos e os quer livres de todo tipo de
mal que os possa afligir.
64
Ele se fez humano para deixar o exemplo de
que apesar de ser limitado, o homem e a mulher têm um
Pai que os ama, que é por eles e que se faz presente com
eles em todo tempo e lugar, capacitando-os a vencer os
combates da vida e todas aquelas adversidades que os
acompanham no dia a dia.
É nas próprias fraquezas que as pessoas têm a
chance de se tornarem fortes diante de Deus, assim
como o apóstolo Paulo, que em seus momentos de
fraqueza, encontrava forças, as forças de Deus que o
apoiavam naqueles momentos difíceis pelos quais
passava por causa dos ensinamentos de Jesus.
Todos os cristãos, têm uma responsabilidade
muito grande, de realmente celebrar a memória de Jesus
de forma abundante, o dia todo, cada dia de sua vida,
ou seja, com a certeza de o terem sempre em sua
presença, e assim, serem testemunhas vivas de seu amor
por todos. Não se acanhando para dar, com o sentimento
mais puro possível, o seu testemunho, seja ele em
palavras, ou em ações concretas. Pois quando se diz ser
cristão mas não toma a responsabilidade de ser sal e luz
para o seu próximo, está sendo falso consigo mesmo e
se afastando da nova e eterna aliança entre Deus e os
65
homens e as mulheres, pois não está permitindo que ele
possa se encontrar no caminho de Jesus, no seio de uma
comunidade viva, se sentindo amado, amparado e
incluído nela.
66

Justino e a missa

Por volta do ano de 155, os cristãos não eram muito


amados. Eles deixavam de participar de festas oficiais,
os não cristãos não podiam participar de suas reuniões e
não honravam o gênio do imperador, tudo isto deveria
levá-los à antipatia, pois eram perseguidos e levados à
Roma a fim de serem atirados às feras como diversão do
povo. Durante este período, vários dirigentes cristãos
escreviam ao imperador, tentando mostrar-lhes sua fé e
sua moral. Num destes escritos, ao imperador Antônio
Pio (138 - 161), S. Justino Mártir escreve como os
cristãos celebravam a Eucaristia. Escreve Justino:

[No dia “do Sol”, como é chamado, reúnem-se num


mesmo lugar os habitantes, quer das cidades, quer dos
campos.
67
Lêem-se, na medida em que o tempo o permite, ora os
comentários dos Apóstolos, ora os escritos dos
profetas.

Depois, quando o leitor terminou, o que preside toma a


palavra para aconselhar e exortar à imitação de tão
sublimes ensinamentos.

A seguir, pomo-nos de pé e elevamos as nossas preces]


por nós mesmos (...) e por todos os outros, onde quer
que estejam, a fim de sermos considerados justos pela
nossa vida e pelas nossas ações, e fiéis aos
mandamentos, para assim obtermos a salvação eterna.

Quando as orações terminaram, saudamo-nos uns aos


outros com um ósculo. Em seguida, leva-se àquele que
preside aos irmãos pão e um cálice de água e de vinho
misturados.

Ele os toma e faz subir louvor e glória ao Pai do


universo, no nome do Filho e do Espírito Santo e rende
graças (em grego: eucharistian) longamente pelo fato
de termos sido julgados dignos destes dons.
68

Terminadas as orações e as ações de graças, todo o


povo presente prorrompe numa aclamação dizendo:
Amém.

Depois de o presidente ter feito a ação de graças e o


povo ter respondido, os que entre nós se chamam
diáconos distribuem a todos os que estão presentes pão,
vinho e água “eucaristizados” e levam (também) aos
ausentes. (Catecismo da Igreja Católica 1345).

E assim, a estrutura básica da missa permaneceu a


mesma durante todos os séculos que se passaram até a
nossa atualidade.
Este exemplo de Justino, mostra bem como a mensagem
de Jesus era transmitida e vivida entre as comunidades
cristãs. Este seu testemunho de vida é para os cristãos
um exemplo de como deve ser um autêntico cristão.
Justino é um santo porque soube acolher a palavra de
Deus e vivê-la com intensidade. Seu exemplo de
dedicação pelas coisas do reino de Deus é um modelo
de como podemos seguir os ensinamentos de Jesus.
Muitos podem fazer e fazem o que ele fez, procurando
69
levar aos governantes os conhecimentos da fé e da moral
cristã para que o cristianismo seja mais valorizado,
propiciando um maior fortalecimento da imagem da
família como sendo base da vida.
No período de Justino, os cristãos eram perseguidos,
atacados e levados às arenas para servirem como
diversão para a platéia, e muitos cristãos como o
próprio Justino saiam em defesa dos ideais que
seguiam.
Hoje ainda, permanecem os ataques aos ideais de Jesus
Cristo, sendo também levados com toda força. Força-se
a desfazer a imagem da família cristã, com uma
profunda tentativa de degradação da moral e da fé por
intermédio de pessoas muito influentes que estão por
detrás de meios de comunicação de massa.
Os exemplos de Justino são também nos dias de hoje,
seguidos por muitos cristãos, os quais saem em defesa
da fé e da moral que professam. E esta, aparentemente
sempre foi uma luta desigual, sim , em aparência apenas,
pois há algo mais no cristão, além de seu corpo e de seu
conhecimento, que o impulsiona a sempre seguir em
frente, mesmo quando é massacrado por um rolo
70
compressor que tenta lhe tirar a sua dignidade, a sua
sobriedade, a sua liberdade e a sua vida.
É o próprio Espírito Santo que leva o cristão à frente,
leva-o a anunciar a mensagem de Jesus a todos os seus
governantes, e leva-os a se defenderem de todo sistema
que tenta denegrir a sua imagem, e assim a de Cristo
presente em si e em todos os cristãos.
Justino deixou o modelo de ser cristão para nós, modelo
este, que não era de sua autoria, mas do próprio
ensinamento e da vida de Jesus, e que ele, assim como
muitos outros tantos santos da Igreja souberam vivê-lo
e a vida destas pessoas são dignas de servirem de
exemplo para nós cristãos hoje sim, pois mostram para
nós que é possível viver os ideais cristãos num meio em
que reina o confronto e a prevalência de um ideal
individualista em meio a uma diversidade tremenda de
ideais, de valores e de culturas.
O nosso testemunho de vida hoje, assim como sempre
teve no decorrer da nossa história, tem muito valor.
Muitos crêem mas mensagens de Jesus quando as vêem
refletidas no amor que os cristãos demonstram entre si
na comunidade em que vivem.
71
Vêem como se amam na medida em que não percebem
neles divisões insuperáveis e controversas entre o que
falam e o que vivem.
Vêem como se amam, na medida em que as pastorais da
comunidade trabalham juntas de forma orgânica para o
bem comum de todos.
Vêem como se amam quando os seus problemas e as
soluções são compartilhados.
Vêem como se amam na medida em que todos tenham a
oportunidade de ocupar o seu espaço na comunidade,
havendo o espaço para a criança, para o adolescente,
para o jovem, para o adulto e para o idoso, todos
inseridos na mesma família.

Doação

Um dos gestos mais bonitos que é feito entre


os cristãos, é a fração do pão, a qual está coordenada
com todo tipo de atividade de doar. É toda atitude
gratuita e amorosa que é desenvolvida em prol do seu
72
irmão necessitado, amparando-o físico ou
espiritualmente. É um gesto de fraternidade que foi
deixado para cada um, mostrando também que as
pessoas devem se comportar como irmãos. Apesar da
nacionalidade de cada um ou da sua continentalidade,
ou mais, além de terem raízes culturais tão diversas,
todos têm uma origem em comum, de uma mesma
família, de uma mesma casa. E uma família é feliz
quando todos se amam e se ajudam em sua edificação
plena.
É muito bom o sentimento que se tem quando
de pertence a uma comunidade que sabe repartir. Esta é
uma atitude de conversão que se testemunha na
comunidade, atitude esta que deveria ser freqüentemente
renovada por todos, todos os dias.
A vida agitada que se leva hoje, quase sempre
remete as pessoas ao individualismo para se ter o seu
pão de cada dia. Mas este individualismo sempre acaba
levando a uma série de problemas para elas mesmas,
que nem são necessários serem citados aqui, pois cada
um conhece bem suas próprias necessidades.
Muitas vezes são deixados de lado tudo o que
se aprendeu sobre o amor, para por em prática apenas o
73
que é conveniente para cada um, o individualismo.
Desde criança, as pessoas aprendem que não vivem em
função delas mesmas, isoladas em seu mundinho
pessoal.
O gesto de repartir faz parte de cada um, e
todos sabem disto, ao menos em teoria, escondida em
alguma região de sua mente. A partir do momento em
que se consegue quebrar a casca que aparentemente a
protege, se perceberá que fora dela há alguém que é
parecido consigo mesmo e que a partir daí está dando
para aquela pessoa e para si mesmo, a oportunidade de
compartilhar o que se tem de mais importante. Isto não é
algo tão difícil quanto parecia antes, pois o ato de
repartir é um ato de amor, tanto para a família quanto
para as pessoas que são marginalizadas que estão a
nossa volta, em nosso convívio e à Cristo, que está
presente em cada uma delas a partir de sua ressurreição.
Ao celebrar o mistério eucarístico, todos estão
em sintonia com o que o Senhor pediu naquela quinta
feira. Aquele pão e aquele vinho rendidos graças, são
sinais da verdadeira presença de Jesus, que se deu a
todos de corpo e sangue como a mais perfeita oferenda a
74
Deus pai, e selo autêntico da aliança entre o criador e a
humanidade.
Debaixo das aparências do pão e do vinho
rendidos graças, está um dos sinais mais extraordinários
da presença de Deus, somente compreendido pela fé.
75

MARIA

O canto de Maria (Lc 1,46-56)

“Minha alma exulta o Senhor


e meu espírito se encheu de júbilo por
causa de Deus, meu Salvador,
porque ele pôs os olhos sobre a sua
humilde serva.
Sim, doravante todas as gerações me
Proclamarão bem aventurada,
porque o Todo-poderoso fez por mim
grandes coisas: santo é o seu Nome,
76
A sua bondade se estende de geração em
geração sobre aqueles que o temem.
Ele interveio com toda a força do seu
braço:
dispersou os homens de pensamento orgulhoso;
precipitou os poderosos de seus tronos
e exaltou os humildes;
os famintos, ele os cobriu de bens
e os ricos, despediu-os de mãos vazias.
Veio em socorro de Israel, seu servo
Lembrado de sua bondade,
Como dissera aos nossos pais
em favor de Abraão e da sua descendência,
para sempre.”
O canto de Maria, lá pelos seus dezesseis anos
de idade, nos traz consigo o canto de todas as pessoas,
que de alguma forma, como ela e a sua família recente,
são excluídos ou marginalizados de uma estrutura
social, devido a não estarem aptos a seguir um
determinado padrão de vida.
77

O anúncio de sua missão

Desde o inicio de sua longa jornada, a


humanidade vem recebendo mensagens de Deus, ora
através do intermédio de pessoas, chamadas pela
comunidade como profetas, ora entre o intermédio de
anjos com aparência humana, ou por intermédio Dele
mesmo. E estas mensagens sempre revelavam a verdade
sobre o povo e que viria alguém para mudar toda a
situação pela qual passavam. A espera era angustiosa
pois para as pessoas, o tempo sempre fora limitado pelo
espaço de suas vidas, e isto contribuía para o
afastamento de muitas pessoas do seu Deus único,
apesar de tantos sinais demonstrados da Sua presença
em seu meio. Era também para as pessoas, uma espera
sofrida pois viviam numa região que nunca teve paz
prolongada, até hoje. Viviam numa região marcada pela
conquista e pela dominação de espaços territoriais.
Na época de Maria a situação não era
diferente, mas mudaria drasticamente. Cumprindo a
78
palavra feita desde o início da humanidade, “Porei
hostilidade entre ti e a mulher, entre a tua descendência
e a descendência dela. Esta te atingirá a cabeça e tu lhe
atingirás o calcanhar” (Gn 3,15), Deus assume o partido
dos “excluídos”, prefigurados na época nas imagens dos
pobres, dos doentes, da mulher, dos pastores, dos
cobradores de impostos, enfim, todos os que possuíam
alguma forma de impureza.
Maria, a cheia de graça, exemplo dos mais
puros para nós, do ser cristão. Na graça do Senhor, ela
aceitou o convite trazido especialmente pelo anjo
Gabriel do próprio Deus.
Saindo da adolescência, ela soube acolher a
missão que lhe fora trazida, a qual mudaria
radicalmente a situação do povo de Deus e mais
especificamente da própria condição da mulher.
Pela missão que ela recebeu, de ser a nova
Eva, a mãe do messias tão esperado. Ela seria felicitada
dentre todas as gerações e lembrada como a ave cheia
da graça do Senhor.
79

Mãe de Deus

Ela cooperou com a obra de Deus de forma


exemplar desde o princípio, partindo do anúncio que
recebera do anjo Gabriel, “Alegra-te ó tu que tens o
favor de Deus, o Senhor está contigo. Não temas, Maria,
pois obtiveste graça junto a Deus. Eis que engravidarás
e darás à luz um filho e lhe darás o nome de Jesus”(Lc
1,28-31). Passando pela aliança definitiva feita entre
Deus e os homens.
Certamente, ela não teve medo durante o
desenrolar de todo esse processo, mesmo quando estava
aos pés do calvário.
Com o seu sim para o plano de Deus, Maria, a
serva do Senhor, se responsabilizou por cada um de
nós. Para a nossa felicidade e através dela, “o Verbo se
80
fez carne e habitou entre nós e nós vimos a sua
glória”(Jo 1,14).
Vivendo numa época em que os valores
culturais colocavam o mais fraco, como a criança, a
mulher, o doente, o pobre, em posição de discriminação.
Pensemos naqueles instantes de apreensão em que
aquela adolescente ficou a ouvir a mensagem daquele
espírito celeste, e a sua pronta resposta, não somente
para Ele, o Pai, mas também para todo o seu povo, que
a muito tempo o esperava. O messias, aquele que os
profetas sempre anunciavam que viria para finalmente
libertar a todos da opressão e da vida sofrida devido à
dominação do império.
O sim de Maria, foi o sim para a nova vida.
O amor teimou a nascer, mas nasceu para nós
todos. Ele está em nossa presença neste momento, em
nosso coração, e na figura do nosso próximo.
Neste mundo, depois de Jesus, nosso único
Mediador junto a Deus Pai, não há pessoa mais
importante do que esta mulher, Maria, a bem
aventurada, ave cheia da graça de Deus. Entre todas as
mulheres do mundo, Maria foi a mais feliz, por Ter sido
a escolhida por Deus para ser a mãe do Nosso Senhor.
81
A devoção, este sentimento religioso, que
temos à Maria não somente ao fato dela ter sido a
mulher escolhida para a mãe do Senhor, mas também
devido a todo o seu testemunho de fé e vida que nos foi
deixado como prova de seu amor. Testemunho este que
foi demonstrado em todo o seu trajeto de vida. Pode ser
visto pelo significado de seu sim a Deus, pelo seu
exemplo, um das marcas do cristão, de serviço prestado
ao próximo, na figura de sua parenta Isabela e do
próprio Jesus.
Ele, que pela sua ressurreição venceu a morte e
uniu a sua Igreja definitivamente ao seu Reino. E é
morrendo nela, que ganhamos a vida em abundância, no
que ela tem de melhor, a presença de Jesus ao nosso
lado para sempre.
Sabemos que a vida desta mulher não foi fácil.
Juntamente com José, seu marido e Jesus, Maria soube
enfrentar de frente todos os problemas que lhe foram
impostos, pois sendo a escolhida de Deus, seu inimigo a
tentaria de toda forma possível impedir que seu filho
Jesus se saísse vitorioso em sua missão gloriosa de
derrotar totalmente o poder do mal, e dar-nos toda a
82
possibilidade de termos uma vida completamente nova
repleta do amor de Deus.
83

Em Caná

A presença de Maria durante a vida de Jesus


foi marcante, resultando na devoção cristocêntrica que
temos por ela. Detentora do primeiro anúncio da
chegada do messias, tão sofridamente esperado (Lc
1,26-38), ela é a mãe de Deus e a nova eva, mãe dos
viventes.
Na festa de casamento em Caná, ela presencia o
primeiro sinal de que a nova aliança entre Deus e os
homens estava para se concretizar, pois sabia desde a
anunciação que Jesus, seu filho era o Messias. Durante a
festa, Maria mostra que está atenta às necessidades das
pessoas, e pela sua fé, consegue fazer com que as
pessoas se aproximem mais de Jesus, pois sem Ele, a
celebração do casamento, não teria o sabor do vinho, e
portanto não seria completa.
O casamento simboliza a aliança entre Deus e
os homens, como a selada por Deus a Abraão e Sara
como sinal de benção para todas as famílias da Terra
84
(Ge 12,1-3).Esta aliança se concretizaria
definitivamente na pessoa de Jesus. E a atitude de
Maria, é a representação das atitudes que devemos ter
perante o Senhor dentro de nossa comunidade. Ela, nos
momentos que precisamos, intercede por nós, como na
festa de casamento em Caná, quando Jesus atende a seu
pedido pois o vinho acabara (Jo 2,11). Se fizermos o
que ele nos pede, simplesmente amar, estaremos sendo-
lhe obediente, como o exemplo de Maria, que como
ninguém , soube acolhê-lo em seu coração através de
sua fé.
85

No Gólgota

Aos pés da cruz, Maria passou por uma das


provações mais fortes de sua vida. A morte de seu filho
Jesus foi como se uma espada lhe atravessasse o
coração. Mas sua fé, diante de tudo aquilo que se
passava, não esmoreceu nem um pouco, pois em seu
coração, a certeza de que Jesus era o Senhor, era a mais
clara possível, e que as escrituras sobre o Messias, a
nova aliança entre o próprio Deus, nosso Criador e a
humanidade estava se cumprindo.
Como sinal de perseverança, ela não se perdeu
em seu momento de maior dor, vendo seu filho morto na
cruz, sobre o Gólgota, o lugar da caveira.
86

Mãe da Igreja e nossa também

Aos pés da cruz, receberia uma nova


maternidade. A de ser a mãe, nossa e a da nova Igreja
que se formava.
“Mulher, eis aí o teu filho” ( Jo 19,6-27). Ao
receber João, o discípulo de Jesus, como seu filho, ela
recebe também cada um dos membros de Cristo. Maria,
pela demonstração de sua fé e sua vida, em acreditar
verdadeiramente no compromisso de Deus com todas as
famílias da Terra, ajudou de forma decisiva para a
formação da Igreja.
Ela é para nós um modelo, sem outro igual, da
Igreja, pela sua fé e pelo seu amor, e que merece ser
honrada e amada como mãe. As virtudes de Maria
são modelos para nós cristãos imitarmos. Nos
espelhamos em sua fé, sua esperança, e seu amor, que
em tudo fez a vontade de Deus.
87

No Pentecostes

Antes da festa de Pentecostes, os apóstolos,


algumas mulheres, entre elas, Maria, a mãe de Jesus e
os irmãos de Jesus, demonstrando toda sua sé e sua
esperança nas promessas de Cristo, permaneciam
assíduos unânimes na oração (At 1,14).
No cenáculo, durante a festa de Pentecostes,
juntamente com os discípulos de Jesus, participa da
glorificação do Senhor, e com o recebimento do Espírito
Santo, testemunha o florescimento da Igreja de Cristo
com um ardor missionário, impulsionado pela atuação
do próprio Espírito Santo.
Ao final de sua vida, Maria foi levada de corpo
e alma para o céu, assim como será a ressurreição de
todos nós.
Com a mãe do nosso Senhor, está imbutido
todo um projeto de evangelização do próximo e de tudo
o que ele representa, sendo filho de Deus, numa atitude
88
nossa de diálogo e de respeito, pois também creio que a
vitória vem, e será por meio de Maria.
89

Rainha do céu e da Terra

“Um grande sinal apareceu no céu, uma


mulher, vestida de sol, a lua debaixo dos pés, e uma
coroa de doze estrelas na cabeça” (Ap 12,1).
Esta mulher, é Maria, figura perfeita da Igreja.
Como um grande sinal aparecido no céu, uma
verdadeira rainha, do antigo e do novo Israel, revestida
de grande esplendor e força.
Maria, lá no céu, intercede por nós.
Na tranfiguração de Jesus em Mt 17,1-9,
Moisés e Elias, conversavam com ele. Abraão, na
presença de Lázaro, dialoga com o rico, na parábola do
rico e de Lázaro, quando mortos (Lc 16,19ss),
mostrando que após a morte, a vida continua em sua
jornada até a sua ressurreição. A conversa de Saul com a
necromante(1 Sm 28), a oração pelos mortos (2 Mc 38 -
45), são evidências de que a vida permanece após a
morte, não como num sono profundo, mas sim de forma
ativa.
90
Quem morre em Cristo, permanece nele, em
seu corpo místico, que é a Igreja que ele fundou sobre
Pedro (Mt 16, 16 - 18). Tanto no céu quanto na Terra,
sua Igreja permanece unida, pois foi ele quem venceu a
morte. E como ele mesmo disse, a Potência da morte
não terá força contra ela (Mt, 16, 18).
Deus ouve o clamor de seu povo, e dessa
forma, nossas orações chegam até o céu, pois como em
(Tb 12, 15), Rafael é um dos sete anjos que apresentam
as orações do povo a Deus, e tem acesso à sua presença
gloriosa.
No céu, Maria é mais que um mero destaque,
ela não é deusa, ela é rainha, a mãe de Jesus, a mãe de
Deus, a mãe da Igreja que Jesus fundou. Se podemos
orar pelos outros, como a nossa oração pelos que já se
foram desta vida é valida (2 Mc 12, 38 ss; Hb 12,1), e a
oração deles por nós também é válida, pois todos os
cristãos, formam uma só Igreja, quer estejam aqui, quer
estejam no céu (Ef 4, 16). Maria, em sua condição, pode
mais, pode nos levar mais próximos de Jesus, seu filho e
nosso único Mediador, através de suas orações.
91

JESUS

Ele nos deu a vida

Dois horizontes estão abertos à nossa frente: ou


a nossa vida é uma mera conseqüência do acaso, e
portanto Deus não existe e tudo que existe surgiu do
nada como obra do acaso, e assim nosso tempo é
limitado pelo curto espaço de nossa vida, restando-nos o
desejo desesperador, quase inconsciente, de passarmos
adiante nosso material genético, ou a nossa vida é
conseqüência da vontade de Deus, o criador de todas as
coisas, e assim, fazemos parte de seu plano e o nosso
tempo é limitado pelo espaço de nossa vida, a qual
sempre pertencerá a Deus.
O dom da vida é um presente que recebemos
de Deus, pela qual passamos a fazer parte do seu
92
projeto. Ela é um dom, porque é gratuita e nos mostra a
generosidade e o amor que nosso Pai tem por cada um
de nós. Quando damos um presente para uma pessoa
que amamos muito, desejamos demonstrar com o
presente o nosso sentimento de amor que temos para
com ala. É o que Deus faz para todos distribuindo entre
nós os seus dons, e entre eles a nossa própria vida
Para possuirmos a vida, não bastou pedirmos
por ela, bastou apenas a vontade de Deus. Jesus disse
que o homem não vive só de pão, mas de toda a palavra
que sai da boca de Deus. E estas são palavras de vida
que chegam até nós para que possamos acolher a Deus e
o seu reino dando o nosso sim ao projeto do Senhor,
sendo merecedores da vida em abundância que é
preparada para os seus.
Ele quis que fizéssemos parte atuante de seu
projeto, amando-nos mesmo quando não era
correspondido e nos honrando com uma
responsabilidade de agir dentro do mundo por ele
criado.
Ele, autor de toda a vida, e da vida de todos os
anjos celestes, nos privilegiou com esta graça, pela qual
podemos ter a honra de poder contemplá-lo face a face,
93
se assim o desejarmos verdadeiramente. Basta apenas
uma atitude nossa, com a sinceridade de uma criança
inocente, que conhecendo sua mãe, a ama e por ela se
entrega a seus braços.
A preservação de toda espécie de vida do nosso
mundo depende de nós hoje e da forma que encaramos a
mensagem de Deus. Deus é o autor de toda a vida e da
nossa também, e agora somos responsáveis por ela e
por todas as outras formas de vida por fazermos parte do
seu projeto.
94

Para que todos tenham vida

E o próprio Deus se faz humano, e vem visitar


seus filhos na Terra.
Assim como o maná do deserto foi oferecido
por Deus para saciar a fome das pessoas, Jesus na
eucaristia é o pão vivo descido dos céus para saciar a
nossa fome.
Como parte de seu projeto, o próprio Senhor
quis se fazer como a um de nós, mostrando-nos o quanto
ele nos valoriza e acredita em nossas capacidades. Ele
sabe que muitas vezes agimos como fracos, como que
se as profecias fossem realizadas com o extermínio de
muitas vidas de pecadores humanos. Temos que ser do
partido de Jesus e acreditar em nós também como ele
próprio acreditou, e que a sua missão aqui conosco será
um sucesso tal que todos terão a vida, pois o autor deste
projeto é o nosso próprio Deus o qual tem nos deixado
tantas provas de seu imenso amor por nós.
95
O projeto que Deus tem para nós é o nosso
próprio resgate, é a nossa própria vida. E mais, nós
mesmos fazemos parte deste seu projeto, e que com
certeza, será um projeto vitorioso para Deus e para
todos os que o aceitarem.
Jesus veio ao mundo e nos mostrou que Deus
jamais deixou de cumprir com a sua aliança perante
nós. Ele tem cumulado de Bênçãos todas as famílias,
mesmo nos dias tão conturbados de hoje, onde a
violência corre solta em nossa comunidade, podemos
contar com a presença do Senhor todas as vezes que
alguém deixa um pouco de lado o que está fazendo para
ir ao encontro do amor figurado na imagem do outro ou
na imagem do pão eucarístico. Deste projeto, nós
fazemos parte, e temos que nos comprometer com ele e
ajudar a concretizá-lo, e para tal é necessário apenas
amarmos a Deus e ao próximo, quer em nossa família,
na escola, no trabalho, na comunidade.
Somente para se tratar de um único aspecto
importante deste projeto, o qual se trata do diálogo que
deve haver sempre nas nossas relações. Jesus não veio
até aqui para impor nada a nós, se não há diálogo entre
os pais e os filhos em nossa família, se na escola não há
96
diálogo entre professor e aluno, se no trabalho, não há
diálogo entre o trabalhador e o patrão, se em nossas
comunidades não há diálogo entre a liderança e a
comunidade, é porque não se está fazendo o esforço
suficiente para levar à frente este projeto, do qual
fazemos parte.
Eu vim para que todos tenham vida. Nestas
palavras está prefigurada uma mensagem de vida e
esperança para todos os povos da Terra. Esta mensagem
é de esperança, porque o protagonista dela é Jesus. É
sua missão entre nós, é em nosso amparo para nos
lembrar de que em nenhum momento fomos
abandonados pelo nosso Pai. Ele trás para nós a
esperança de ganharmos a vida com ele, pois ele mesmo
quer isso para nós. Se o próprio Deus quer que
tenhamos a vida em abundância e fez um gesto concreto
para que isto possa ocorrer, só precisamos fazer a nossa
parte, sendo obedientes à sua lei do amor. Pois do
contrário, seremos como que possuidores de uma
angustia interior, chegando mesmo a enxergar todo tipo
de erro dentro Igreja, fazendo críticas dela, procurando
se separar em grupos que sejam favoráveis com seu
97
modo de pensar e de agir, fugindo do contato
comunitário com o “pecador”.
Seu projeto terá sucesso porque seu autor é o
próprio Senhor. Sim, isto mesmo, sucesso pleno, pois o
autor da vida é quem age por nós e em nosso meio por
intermédio das pessoas que ele chama para trabalharem
na sua Igreja e com o seu povo, sendo uma benção para
todas as famílias. Se o autor e o tocador do projeto não
fosse o nosso próprio Senhor, teríamos muitas razões
para acreditar num fracasso deste plano, culminando
com a vitória do mal sobre ele.
O adversário deste plano terá ganho se a
maioria das pessoas, bilhões de pessoas, não
conseguirem entrar no reino de Deus, se a Terra for
destruída em grande parte e os que não forem salvos
serem mortos e excluídos da presença de Deus. Isto tudo
poderia acontecer se o plano não fosse de Deus, o autor
de toda vida e se ele não agisse no meio de seu povo por
intermédio da imagem de pessoas chamadas por ele
para o trabalho de evangelização do mundo e do
testemunho de vida deixado por elas como sinal da
atuação de Deus.
98
E todos que acreditamos na lei do amor, e
sabemos repartir entre nós os nossos dons de forma que
entre nós as necessidades sejam amenizadas, teremos a
vida que tanto nos foi anunciada no decorrer dos
séculos, quer pelo exemplo deixado pelos santos da
Igreja, quer pelas orações que fazem por nós lá do céu,
quer pelas orações que fazemos uns pelos outros aqui na
Terra quer pelas nossas atitudes cristãs, amparando os
necessitados, respeitando o nosso irmão, amando e não
criando obstáculos para que o reino de Deus se instale,
pois ele é Deus e é por nós, e desta forma não podemos
temer que o seu plano seja um fracasso devido ao poder
que possui o sistema político vigente e seu autor,
enormemente contrário ao plano de Deus.
99

O último inimigo

Todos nós nos deparamos com ela uma única


vez, num único instante de tempo. Ela não espera que
estejamos preparados ou não quando se esbarra
conosco, fazendo com que seja tão temida por muitos,
parecendo ser uma inimiga insuperável. Ela marca o fim
do curto tempo da nossa permanência na Terra,
selando o nosso acolhimento à presença de Deus ou a
sua recusa definitiva. Ela é nosso último e decisivo
inimigo em nossa travessia para a vida nova e em
abundância, que está reservada para nós como o próprio
Senhor nos diz na eucaristia: Aquele que come a minha
carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o
ressuscitarei no último dia (Jo 6, 54).
Jesus passou por ela e selou definitivamente,
com o seu próprio corpo e sangue, a nova aliança entre
Deus e a humanidade, abrindo para todos um novo
horizonte de vida, de esperança e de amor. O Cristo
100
imolado é para nós, sinal da nossa própria páscoa,
libertadora de todo mal que nos aflige hoje.
Morrendo, Jesus esteve presente na morada dos
mortos levou o anúncio do evangelho aos que por ela
haviam passado, dando-lhes a vida, como prova da
fidelidade de Deus com seu povo, cumprindo com as
escrituras de tal forma que todos os que o aceitaram
durante sua vida, fossem merecedores de tê-lo em sua
presença.
Jesus, ao passar pela morte saiu-se vitorioso,
mudando toda a nossa sorte para melhor. Ao ressuscitar
da morte, ele alicerçou a nossa fé nele e em toda a sua
obra, inaugurando o reino dos céus na Terra.
Até que o Senhor venha na sua majestade, e
todos os anjos com ele ( Mt 25, 31), e até que lhe sejam
submetidas, com a destruição da morte, todas as coisas
(1Cor 15, 26-27), alguns dos seus discípulos
peregrinam na terra, outros já passados desta vida,
estão se purificando, e outros vivem já glorificados,
contemplando “claramente o próprio Deus, uno e trino,
tal qual é”; todos, porém, ainda que em grau e de
modo diversos, comungamos na mesma caridade para
com Deus e para com o próximo, e cantamos o mesmo
101
hino de glória ao nosso Deus. Pois, todos os que são de
Cristo, tendo o seu Espírito, formam uma só Igreja e
neles estão unidos entre si ( Ef 4, 16). Por isso, a união
dos que estão na terra com os irmãos que
adormeceram na paz de Cristo de maneira nenhuma se
interrompe; pelo contrário, segundo a fé constante da
Igreja, reforça-se pela comunicação dos bens
espirituais. Em virtude da sua união mais íntima com
Cristo, os bem aventurados confirmam mais
solidamente toda a Igreja na santidade, enobrecendo o
culto que ela presta a Deus na terra e muito contribuem
para que ela se edifique em maior amplitude ( 1Cor 12,
12-27). Porque foram já recebidos na Pátria e estão na
presença do Senhor, ( 2Cor 5, 8) - Por ele, com ele e
nele - não cessam de interceder em nosso favor junto
do Pai, apresentando os méritos que - por meio do
único Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus,
(1Tm 2, 5) - adquiriram na terra, servindo ao Senhor
em todas as coisas e completando na sua carne o que
falta à paixão de Cristo em benefício do seu corpo que
é a Igreja (Cl 1, 24). Na verdade, a solicitude fraterna
dos bem-aventurados ajuda imenso a nossa fraqueza.
(Lumen Gentium 49).
102

E está em nosso meio

Mesmo no céu, Jesus permanece em nosso


meio pois agora já podemos fazer parte de seu Reino,
fazendo-nos como testemunhas dele. Eterna é a
soberania do Messias em seu Reino, o qual não terá
fim, e sua realeza jamais será destruída. Com sua morte,
Jesus não se separou de sua Igreja, pelo contrário, como
chefe e sacerdote supremo dela, ele sempre a tem
assistido a amparado.
Onde dois ou mais estiverem reunidos em nome
de Jesus, ele estará entre eles, ouvindo suas orações,
atendendo suas necessidades, amparando àqueles que
necessitam ser amparados. As nossas reuniões cristãs,
são sinais marcantes da presença de Jesus entre nós.
Quando oramos com juntamente com ouras pessoas,
deveríamos nos sentir reconfortados, porque Jesus
garantiu sua presença em tais situações. E somente isso
já é motivo muito grande para nós ficarmos honrados e
nos esforçarmos para por em prática tudo o que nos tem
ensinado, deveria ser mais que suficiente para amarmos
103
mais a nossa família, nos desarmando de todo tipo de
defesas pessoais contra o outro, nosso irmão.
Ele nos deixou vários outros sinais de sua
presença, como os sacramentos, a sua Igreja, o nosso
próximo, o testemunho de cristão demonstrado pelos
seus discípulos.
Muitas pessoas se esforçaram e muito para
levar à frente o anúncio de Jesus, quer nas famílias, quer
na comunidade, quer no meio em que estavam. E tudo
isto faz parte da missão de cada um dos que crêem
verdadeiramente em Cristo, o qual transmitiu a missão
para os seus de serem o sal da Terra e a luz do mundo.
Muitos conseguiram viver este projeto em sua essência,
e foram para seus amigos e amigas como pessoas
agraciadas com os dons do Espírito Santo, pois
souberam ouvir quando alguém queria desabafar,
souberam acolher com carinho àqueles que vinham até
eles, souberam lutar incansavelmente pelo bem comum
e pelo anúncio do evangelho nas suas comunidades,
dando o seu exemplo, souberam realmente, como o
apóstolo Paulo, combater o bom combate e são
merecedores da Vida.
104
O testemunho do cristão não deve ser
esquecido de forma alguma, pois da mesma forma que
eles conseguiram viver o que anunciavam, mostraram
para nós que o ideal cristão é algo possível para nós
também. O exemplo deles, que estiveram tão próximos
de nós, e que muitas vezes os conhecia-mos, falava-mos
e convivia-mos com eles em nosso meio, deveria ser
para nós um sinal da presença de Deus em nosso meio.
O exemplo de cada uma das pessoas engajadas
em algum setor da Igreja não pode ser deixado no
esquecimento só porque ela já se foi, deixando de estar
em nossa presença. Muito pelo contrário, Jesus
Ressuscitou para nós, vencendo a morte e deixando-nos
a missão de irmos pelo mundo afora vivendo e
anunciando o evangelho entre todas as nações. E o
nosso exemplo de vida cristã no meio em que vivemos
deve ser para todos um sinal do amor de Deus para
conosco. E o exemplo nosso de vida em comunhão com
Deus e com a Igreja é mais forte que a morte, fazendo
com que o evangelho seja, por ele também,
impulsionado para as gerações futuras, dentro de uma
comunidade verdadeira, onde prevaleçam a paz e o
amor entre todos.
105
Deus não se esquece da vida de nenhum de nós,
quer estejamos na Terra, quer estejamos no céu, pois o
seu reino é um só, quer na Terra, quer nos céus, e sua
presença sempre se faz sentir pelos seus de várias
formas, e uma delas é na imagem das pessoas que já
passaram por este mundo e que souberam acolher a
palavra de Deus e vivê-la de forma abundante, sendo
autênticas testemunhas do amor de Deus atuando em
favor de todos, para que todos tenham a Vida.
Encontramos sinais da presença de Deus na
imagem de todos os apóstolos que em sua vida
souberam amar a Deus e à Igreja, da mesma forma todas
as pessoas que em suas vidas também souberam amar a
Deus e a Igreja. Que seus exemplos sejam para nós um
fator impulsionador em nossa missão de evangelizadores
e de comunhão com o amor fraternal de Deus e da
Igreja.
106

Intercessão

O Todas as orações do povo chegam até Deus


de uma forma especial. O anjo Rafael é um dos sete
anjos que tendo acesso à presença de Deus, oferecem as
orações do povo (Tb 12, 15).
Jesus, Filho de Deus e verdadeiro homem, é
como diz o apóstolo Paulo, nosso único Mediador
entre Deus e os homens, em sua primeira carta a
Timóteo (1Tm 2, 5 - 6). Jesus nos ensinou a orar em (Mt
6, 9 - 15).

Pai nosso que estais nos céus,


santificado seja o vosso nome;
venha a nós o vosso reino,
seja feita a vossa vontade,
assim na terra como no céu;
o pão nosso de cada dia nos dai hoje;
perdoai-nos as nossas ofensas,
assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido;
107
e não nos deixeis cair em tentação
mas livrai-nos do mal.

Na oração do Pai Nosso, Jesus nos ensina que


em nossas orações, devemos orar não somente por nós
mesmos, mas também interceder pelo nosso próximo.
Quando estamos rezando o Pai Nosso, estamos pedindo
por Deus, pelo vosso Nome, pelo vosso Reino, pela
vossa Vontade, intercedendo pelos nossos irmãos,
pedindo que Deus Pai dê para todos o pão de cada dia,
que perdoe as ofensas de seus filhos, que Deus Pai não
deixe seus filhos caírem e que sejam libertados de todo
mal.
Jesus não nos deixou nada escrito, legado este
que ficou para seus apóstolos e discípulos. Graças a
eles, que os ensinamentos de Jesus foram organizados e
escritos, de tal forma que mesmo após decorridos
séculos de suas mortes, aquele período de suas vidas
com Jesus, podem ser revividos por todos através da
leitura, meditação e prática da Bíblia. Nela
encontramos o quanto é importante para nós termos em
mente os testemunhos de pessoas, que em suas vidas
108
souberam acolher a palavra de Deus e pô-la em prática,
mesmo que isso resultasse no seu martírio.
É comum pedirmos para que nossos irmãos
orem por nós quando nas situações em que não estamos
presentes com eles. Há várias situações em que isto
ocorre, tais como, quando vamos fazer uma tarefa
importante, quer quando vamos fazer um retiro
espiritual, quer quando vamos participar de uma
atividade que vai resultar num bem para muitos, quer
quando vamos participar de um evento social ou
religioso.
O fato de oramos uns pelos outros, faz parte
dos ensinamentos de Jesus, e podemos ver isto quer
quando ele nos ensinou a rezarmos o Pai Nosso, quer
quando nos ensinou a lei do amor. Isto para nós, é muito
bom, e demonstra a unidade dos cristãos em meio à sua
diversidade, refletindo o amor que temos a Deus e ao
amor que temos pelos outros. Quando oramos pelos
outros, nossos irmãos, estamos sendo seus
intercessores, e nossos pedidos chegam aos céus na
medida de nossa fé.
109

Se podemos pedir pelo outro...

Sabemos que Jesus é o nosso único Mediador


entre Deus pois ele sendo o próprio filho de Deus e
verdadeiro homem, pode conhecer a Deus em sua
essência e a cada um de nós perfeitamente. Ele está em
nossa presença, quer debaixo das aparências do pão e do
vinho consagrados, quer em nossas orações. Ele que
estejamos ao seu lado em todas as situações de nossa
curta existência aqui na Terra e que saibamos ser
humildes ao pedir e que sempre lembremos de nossa
próximo.
Quando cometemos pecado, nos afastamos da
presença de Deus. E isso faz com que percamos a
ligação importante com o céu, e sem esta ligação
entramos numa situação em que “tudo nós é permitido”,
exceto contemplarmos a glória de Deus para sempre.
Disto resta para nós, enquanto estamos nesta vida, a
ação de Deus, as orações de nossos irmãos em nosso
110
favor, suas ações em prol de nossa conversão, a nossa
conversão ou a nossa recusa definitiva para aceitá-lo.
Em nossa orações, podemos e devemos pedir
pelo outros, pois recebemos a certeza de nosso Senhor
de termos nossos pedidos a Deus atendidos. Por isso é
muito salutar fazermos de nossas orações um hábito
freqüente, e que não esqueçamos daqueles que nos
ajudam em nossa caminhada quotidiana como nossa
família, nosso anjo da guarda, de nosso Senhor, de todos
que estão envolvidos conosco, e também que não
esqueçamos de nosso próximo, quer seja ele alguém
conhecido ou não, quer seja um amigo ou não.
Deus sempre ouviu o clamor de seu povo e
nunca os abandonou e nunca os abandonará. Ele sempre
tem demonstrado o seu amor por nós ao longo de toda a
nossa história, ele tem estado presente desde o começo
da humanidade, passando por Noé, que recebeu a
benção e a aliança, por Abraão e Sara, detentores da
mesma benção e da aliança, passando por Moisés, o
mediador da aliança, pelos reis, pelos profetas,
culminando com a vinda de Jesus.
Quando oramos, podemos e devemos pedir
pelo outro sempre, foi assim que Jesus nos ensinou na
111
oração do Pai Nosso. Se podemos pedir pelo outro,
Maria é a que mais pode interceder a nosso favor, pois
ela é a pessoa que está mais próxima de Jesus, ela foi a
mulher escolhida para ser a mãe de Deus e concebida
sem pecado.
Maria, é a mãe de Jesus, a nossa mãe
também e coroada no céu como sua rainha, e na Terra
como sua rainha, ela pode nos aproximar mais de seu
filho querido. Sua fé é um modelo para os cristãos, que
estão espalhados por todos os continentes desse mundo,
comprometidos com o anúncio do evangelho. Ela é a
bem aventurada a que encontrou-se diante de Deus
repleta da graça.
Se Deus atende às nossas orações e aos
nossos pedidos por ser o nosso Senhor e nosso Pai,
olhando a nossa condição de sermos santos e pecadores,
muito mais ainda, ele atende às súplicas dos santos,
principalmente às de Maria, pois Deus é Deus de vivos,
não de mortos, assim como ele é Deus de Abraão, Isaac,
Moisés, também o é de Maria e de todos os santos que
estão na glória de Deus.
112

UNIDADE

Jesus funda uma Igreja

Jesus fundou uma única Igreja, e ao Pai pediu


que ela permanecesse unida, e seus discípulos, com o
primado de Pedro, receberam o Espírito Santo, o qual
fora prometido pelo próprio Filho do Homem. Ele disse
também que as portas do inferno jamais prevaleceriam
sobre sua Igreja.
A atividade missionária dos discípulos de
Jesus foi impulsionada pelo poder do Espírito Santo.
Eles fizeram com que a Igreja de Cristo crescesse e se
multiplicassem o número dos cristãos. No início, a
Igreja teve um crescimento rápido, pois ela era
113
visivelmente unida apesar das perseguições e do
elevado número de mártires. As divisões mais graves
entre os cristãos eram solucionadas em concílios, como
o de Jerusalém onde as questões entre os cristãos
vindos do paganismo e os do judaísmo foram
prontamente resolvidos pela intervenção de Pedro, o
qual Jesus havia pedido para apascentar a sua Igreja.
Desta forma, ela pode testemunhar uma expansão
surpreendente para a época, e Clemente, o terceiro
sucessor de Pedro em torno do ano de 96 numa de suas
cartas para os cristãos de Corinto relatando sobre os
martírios de Pedro e Paulo escreve que antes de seu
martírio, Paulo teria chegado até à Espanha para a
evangelização.
Com todo este sentimento devido às perdas de
suas maiores testemunhas, as pessoas eram mais
fortemente impulsionadas pelo Espírito Santo a levar
em frente o ideal de Cristo. Foi assim com o testemunho
de Estevão, no começo do cristianismo, que mesmo
preso, não hesitou em denunciar todo o sistema opressor
vigente, não aceitando as normas do império segundo as
quais o próprio imperador era um deus, permanecendo
fiel a Cristo, testemunhando o cristianismo com toda
114
sua fé, até “adormecer”. Assim também foi com as duas
jovens cristãs Felicidade e Perpétua, que testemunharam
sua fé em Cristo para todos os que tentavam contra
suas vidas e de sua família, até serem atiradas na arena,
para serem comidas pelos leões, servindo como
diversão da platéia que assistia tudo
entusiasmadamente.
Estes testemunhos tem sido dados até hoje,
basta procurar na pastoral missionária de sua paróquia
ou na diocese informações sobre os missionários da sua
Igreja, você vai encontrar espalhado por este mundo,
em todos os continentes e em todas as situações
possíveis, favoráveis ou não, nos países ricos, nos
países pobres, nos lugares onde há paz, ou onde há
guerra, muitas pessoas, como leigos, sacerdotes,
religiosos ou religiosas, adultos ou crianças a
testemunhar Jesus Cristo para todas as pessoas. Este
trabalho beneficia em muito o reconhecimento da
unidade entre os cristãos.
115

Espírito Santo

Há um só corpo e um só Espírito, do mesmo


modo que a vossa vocação vos chamou a uma só
esperança; um só senhor, uma só fé, um só batismo; um
só Deus e Pai de todos, que reina sobre todos, age por
meio de todos e permanece em todos (Ef 4, 4-6).
A presença do Espírito Santo em nosso meio, é
observada numa simbologia diversificada. O Espírito
Santo esta presente na imagem da água que saiu de Jesus
(Jo 19, 34), da unção com óleo que recebemos (1Sm 16,
13), da pomba, como no batismo de Jesus (Lc 3, 22).
Ele também é figurado na simbologia da imposição das
mãos (At 8, 17), da nuvem (Ex 13, 21 s), do fogo (At 2,
2), do dedo (Lc 11, 20).
É pela vontade do Espírito Santo que cada
pessoa recebe seus dons específicos (1 Cor 12, 11), os
quais beneficiam em muito a unidade e o crescimento da
Igreja, quando são postos a serviço da comunidade.
116
De uma forma muito especial, somos a morada
do Espírito Santo (1 Cor 6, 19), encontramos nele a paz
(Ef 4, 3) e a liberdade (2 Cor 3,17).
Aqueles que provocam divisões, não têm o
Espírito Santo (Jd 19).
Antes de voltar para o Pai, Jesus deixou para
seus discípulos a missão de anunciar a boa nova a todos
os povos. E com o espírito Santo, a sua mensagem
passou a ser dinamicamente transmitida de cidade em
cidade, a cada país, e muitas pessoas aderiram à sua
mensagem, pois era acompanhada de sinais
marcadamente de uma nova vida. O amor testemunhado
pelas pessoas que falavam do Cristo era marcante dentro
de uma nova comunidade em crescimento. as pessoas
observavam a forma com que se amavam mutuamente
e o modo como viviam, repartindo os bens que
possuíam entre si, propiciando a não haverem
necessitados em seu meio, pois viviam numa verdadeira
comunidade.
117

Posse exclusiva da verdade?

Muitas coisas tem atrapalhado a caminhada da


Igreja. Jesus disse que ele é o caminho, a verdade e a
vida, mas parece que muitos “cristãos” acreditam
piamente ser possuidores exclusivos da verdade, que é
Jesus. E isto é algo muito sério, e que tem prejudicado
demais a unidade dos cristãos. Nenhuma Igreja é dona
do caminho, da verdade e da vida, pois só ele é. Jesus
disse que veio para que todos tenham vida, e a tenham
em abundância. Ele não disse que veio para que apenas
alguns tenham a vida. Muitos cristãos vivem com
intensidade as palavras de Jesus, conseguindo ver no
meio de tanta diversidade, a unidade, que é ele próprio.
Certa vez, os discípulos de Jesus, estando a
anunciar a boa nova, se depararam com uma outra
pessoa que também fazia suas obras e operava milagres
em nome de Jesus, como expulsar os demônios. Os
discípulos de Jesus pediram a ele que se juntasse a eles.
Como ele se negava a seguí-los, os discípulos de Jesus,
118
procuravam impedi-lo de fazer as obras em nome do
mestre, mas Jesus os repreendera. Disse Jesus: Não o
impeçais, pois não há quem faça milagres em meu
nome e, logo depois, possa falar mal de mim. Aquele
que não está contra nós é a favor de nós (Mt 9, 38-40).
A caminhada da Igreja e com a Igreja é
importante para a nossa vitória, trilhando pelo caminho
correto em busca da verdade e da vida. A verdade é
absoluta, não podemos compreendê-la com a nossa
mente limitada, que faz com que a enxerguemos apenas
em parte. Mas, é pela unção do Espírito Santo que
somos conduzidos à verdade em sua plenitude, tal como
ela é.
119

Cristo e sua mensagem nas culturas

A mensagem que Cristo pediu para que fosse


transmitida, com o passar dos séculos, foi sendo
interpretada de diversas formas devido às mudanças
sociais, políticas e culturais dos povos. Jesus soube
levar o evangelho para seus discípulos e para todos que
precisavam dele, de alguma forma, dentro das
realidades deles. Ele se utilizava da realidade em que
viviam, ou seja, falava a mesma língua deles, e muitos
criam nele e o seguiam e sendo seus discípulos. E sua
mensagem era de amor, mas amor verdadeiro,
incondicional a Deus e ao próximo também. Ensinava a
buscarem o reino de Deus em primeiro lugar, o qual já
estava no meio deles (Lc 17,20-21), pois assim, todas as
coisas seriam acrescentadas e a vida seria plena.
Quando falava do amor que Deus tinha para
com todos, e de seu reino, Jesus utilizava de parábolas,
pois era um método de ensino que era comum da cultura
daquele povo.
120
Jesus não ficava parado, esperando que as
pessoas viessem até ele. Ele deixou o exemplo para
nós. Foi ao encontro daqueles que sabia, precisarem
dele. Foi ao encontro daqueles que eram mal vistos pelo
sistema social vigente. E sem dúvida, era que mais elas
precisavam.
Partindo da realidade vivida por cada um
daqueles os quais encontrava, Jesus deixava a sua
mensagem. Nicodemos, Maria Madalena, Lázaro e sua
família, a filha de Jairo, mendigos, crianças, idosos,
deficientes, mulheres, enfim viram o amor de Deus pois
ele mesmo lhes falara, não como um rei que de seu
trono fala a seus súditos, mas como um irmão que nos
ama e quer o nosso bem. A mensagem que Jesus tirava
de cada realidade vivida servia para todos os que
estavam ao redor e além para que vendo, ouvindo e
sentindo cressem no evangelho e permanecessem unidos
a ele na sua Igreja. Os discípulos dele sentiam esse
amor, e que Deus jamais os deixaria na mão, pois ele é
fiel a seu povo e age por meio das pessoas para que se
cumpram as escrituras e que todos tenham vida em
abundância, não se separando do seu corpo místico.
121
Hoje, ainda há um sistema social vigente, mas
que espelha uma realidade de valores culturais diversos
dos da época de Jesus. A mesma mensagem pode ser
interpretada de várias formas, muitos lêem as sagradas
escrituras ao pé da letra e têm uma interpretação;
outros podem lê-la através do gênero literário usado
pelos autores dos livros da Bíblia; e outros, levando-se
em consideração as relações sócio-político-culturais em
que foram escritos, numa abordagem histórico-crítico
dos fatos.
Jesus está presente conosco, participando da
nossa realidade vivida, nos ensinando que o reino de
Deus já está entre nós, e que a lei do amor prevaleça
sempre, mantendo-nos verdadeiramente unidos, para
que tenhamos parte deste reino.
122

Unidade na diversidade

Unidade na diversidade. Creio que se


soubermos superar a pequenez das coisas que nos
mantêm divididos entre “cristãos e cristãos”, estas
divisões terão sido para um maior crescimento da
própria Igreja.
O que une a Igreja deixada por Jesus é ele
próprio, e o Espírito Santo a ilumina. O que divide os
cristãos entre católicos, protestantes e evangélicos, são
coisas tiradas da cabeça de algum humano do passado.
É um pouco triste que muitos sigam a palavra
de algum humano do passado que por algum motivo,
sem dúvida também humano, tendo achado como
melhor forma para acabar com desentendimentos,
separar-se do que Deus uniu. Paulo ensina que nos é
permitido todas as coisas, mas que nem tudo nos
convém (1Cor 6,12).
Falando da diversidade dos membros e de sua
unidade no corpo, Paulo faz uma comparação do corpo
123
com seus vários membros unidos a ele, com o corpo de
Cristo que é a Igreja. Todos nós, que fomos batizados
em um mesmo Espírito, somos cada um cristãos
distintos e formamos um só corpo, em um único
Espírito. Cada cristão tem uma função distinta dentro
da Igreja, não agindo fora dela pois cada membro
pertence a ela e todos os vários cristãos formam uma só
Igreja. Cada cristão da Igreja não vive isolado mas
depende dos outros cristãos para formar a Igreja. Deus
compôs o corpo dando mais honra ao que dela é
desprovido, a fim de que não haja divisão no corpo
(1Cor 12, 12 - 31).
Cada um de nós recebemos de Deus seus dons
para uma função dentro da Igreja. A cada um Deus
agraciou com um dom, e todos os dons estão nos
membros da Igreja, para estarem a serviço da
comunidade. De tal forma que nenhum de seus membros
possui todos os dons, portanto, eles são compartilhados
pela Igreja a fim de que não haja divisão nela.
Toda essa diversidade que há na Igreja, como a
diversidade de dons, de valores, de culturas, de formas e
de meios, mostram que ela é riquíssima, pois foi
composta por Deus. E no mundo em que vivemos,
124
profundamente marcado pelo individualismo,
encontramos sinais da unidade entre os cristãos dentro
da diversidade de dons que os permeiam pois é o mesmo
Jesus que nos une. E ele, como Deus, é infinitamente
maior do que qualquer um de nós.
125

O caminho para a unidade como um processo

Os cristãos, principalmente os que participam


de alguma forma, de missões além fronteiras, ou em seu
próprio país, levando a mensagem de Jesus, muitas
vezes esbarram num obstáculo visível para muitos, as
divisões entre os cristãos. E acaba se tornando muito
difícil para as pessoas enxergarem uma unidade nesta
diversidade de cristãos. Tem-se percebido desta forma ,
que isso não está em sintonia com o que Cristo pede ao
Pai em sua oração no cenáculo.
Estamos divididos, disso sabemos, mas por
que? é uma questão que intriga muitos cristãos.
Jesus nos deixou a missão de irmos a todos os
povos para levar-mos até eles a mensagem evangélica. E
essa divisão é um ponto a ser superado na jornada
missionária.
O caminho da unidade é um processo lento,
que com o passar do tempo, vem dando sinais de
avanço. A unidade não implica em uniformidade numa
126
super igreja, ela está vinculada pelo Espírito Santo a
todos nós. Está em reconhecermos que somos filhos de
Deus, que moramos na mesma casa, e que somos
únicos. Possuindo características próprias, precisamos
uns dos outros se realmente quisermos pertencer à
mesma casa de Deus.
Entre os sinais estão a semana de oração pela
unidade dos cristãos, que a cada ano que passa vem
melhorando, o trabalho de todos os organismos das
igrejas que tratam do diálogo ecumênico, o próprio
jubileu do ano dois mil que participação ecumênica. E
assim em nossa diversidade, todos seremos um.
127

As divisões e o crescimento da Igreja

Eu não te peço só por estes, mas também por


aqueles que vão acreditar em mim por causa da
palavra deles, para que todos sejam um, como tu, Pai,
estás em mim e eu em ti. E para que também eles
estejam em nós, a fim de que o mundo acredite que tu
me enviaste. (Jo 17,20-21).
No cenáculo, Jesus pede ao Pai para que os
cristãos incumbidos da missão de anunciar a boa nova,
o caminho, a verdade e a vida ao mundo tudo, que
permanecessem unidos e da mesma forma, aos novos
evangelizados.
Jesus, como Deus, certamente sabia o que
ocorreria com a sua Igreja quando pediu para que seus
discípulos permanecessem unidos.
As divisões, são uma realidade hoje. Como é
também os esforços para mostrar que a unidade dos
cristão não é uma utopia, longe de ser alcançada.
128
Se soubermos superar essa fase, as divisões
terão sido para um maior crescimento da Igreja, pois o
amor está presente em nosso meio, e ele é paciente e
tem o espírito de serviço, não é ciumento, não se
pavoneia, não se incha de orgulho, nada faz de
inconveniente, não procura o próprio interesse, não se
irrita, não guarda rancor, não se regozija com a
injustiça, mas encontra a sua alegria na verdade. Ele
tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O
amor nunca desaparece. As profecias? Serão abolidas.
As línguas? Cessarão. O conhecimento? Será abolido.
Pois o nosso conhecimento é limitado e limitada é a
nossa profecia. Mas quando vier a perfeição, o que é
limitado será abolido(1Cor 13, 4 - 10).
129

CONCLUSÃO

Nesta sociedade em que vivemos atualmente,


repleta de símbolos, a imagem possui um papel básico
na transmissão do conhecimento. Sempre foi assim na
história do gênero humano, a começar pelas imagens
que a humanidade primitiva nos deixou há dezenas de
milhares de anos, mostrando-nos a sua cultura e a sua
época, até esta sociedade super simbólica de hoje.
A imagem é quase que inerente para nós, até
mesmo a nossa escrita teve origem em forma de
imagens que representavam animais, pessoas, rios, e
todo tipo de símbolo que pudesse representar um
pensamento.
O cristianismo está inserido neste meio.
Imagens são sinais que mostram a presença de Deus, as
formas pelas quais ele agiu e permanece agindo no
meio do povo.
Jesus ao consolar Marta e Maria, pela morte de
seu irmão Lázaro, nos transmitiu que ele era a
130
ressurreição e a vida, e todos os que cressem nele
viveriam para sempre, mesmo que morressem (Jo
11,25s).
Aqui na terra ou no céu, a Igreja que Jesus
fundou e que jamais cairá (Jo 16, 16 - 19), é a mesma,
pois ele é a sua cabeça.
131

Bibliografia

A BÍBLIA, teb - Antigo e novo testamento, Edições


Paulinas - Edições Loyola.
CIC - Catecismo da Igreja Católica, Editora Vozes -
Edições Paulinas - Edições Loyola - Editora
Ave-Maria, 6a edição, 1993.
MACKENZIE, John L. - Dicionário bíblico. São Paulo,
Ed. Paulus, 1983.
FROHLICH, Roland - Curso básico de história da
Igreja. São Paulo, Edições Paulinas, 1987.
132

ÍNDICE

INTRODUÇÃO............................................................3

ÍCONES.........................................................................5
O 1O MANDAMENTO E OS ÍDOLOS..........................................5
OS BEZERROS DE OURO, SANTUÁRIOS....................................12
SINAIS.............................................................................17
SUA PRESENÇA........................................................20
CASA DO SENHOR.............................................................20
DEUS SE REVELA ENTRE NÓS...............................................23
ASSUME UM COMPROMISSO COM TODAS AS FAMÍLIAS...............26
NOSSOS COMPROMISSOS, PLANOS.........................................28
DEUS SUA PRESENÇA.........................................................32
ÁGAPE........................................................................35
UM NOVO MANDAMENTO....................................................35
AMIGOS...........................................................................38
O AMOR AOS NOSSOS INIMIGOS............................................42
O NOSSO PRÓXIMO............................................................47
OS EXEMPLOS DE JESUS.....................................................50
NA IMAGEM DO PÃO E DO VINHO....................55
133
JESUS E OS DISCÍPULOS DE EMAÚS (LC 24, 13 - 35)......55
A CEIA O SENHOR............................................................62
JUSTINO E A MISSA............................................................66
DOAÇÃO..........................................................................71
MARIA........................................................................75
O CANTO DE MARIA (LC 1,46-56)....................................75
O ANÚNCIO DE SUA MISSÃO................................................77
MÃE DE DEUS..................................................................79
EM CANÁ........................................................................83
NO GÓLGOTA...................................................................85
MÃE DA IGREJA E NOSSA TAMBÉM......................................86
NO PENTECOSTES..............................................................87
RAINHA DO CÉU E DA TERRA..............................................89
JESUS..........................................................................91
ELE NOS DEU A VIDA ........................................................91
PARA QUE TODOS TENHAM VIDA..........................................94
O ÚLTIMO INIMIGO.............................................................99
E ESTÁ EM NOSSO MEIO....................................................102
INTERCESSÃO..................................................................106
SE PODEMOS PEDIR PELO OUTRO........................................109
UNIDADE..................................................................112
JESUS FUNDA UMA IGREJA................................................112
ESPÍRITO SANTO.............................................................115
POSSE EXCLUSIVA DA VERDADE?.......................................117
CRISTO E SUA MENSAGEM NAS CULTURAS............................119
UNIDADE NA DIVERSIDADE................................................122
O CAMINHO PARA A UNIDADE COMO UM PROCESSO...............125
AS DIVISÕES E O CRESCIMENTO DA IGREJA..........................127
134
CONCLUSÃO.....................................................129

BIBLIOGRAFIA......................................................131

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