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Objeto: Prestação de Contas Anuais

Relator: Auditor Renato Sérgio Santiago Melo


Responsável: José Carlos Vida I
Advogados: Dr. Newton Nobel Sobreira Vita e outros
Procuradora: Sra. Gisele Silva de Farias

EMENTA: PODER EXECUTIVO MUNICIPAL - ADMINISTRAÇÃO


DIRETA - PRESTAÇÃO DE CONTAS ANUAIS - PREFEITO -
ORDENADOR DE DESPESAS- APRECIAÇÃO DA MATÉRIA PARA FINS
DE JULGAMENTO - ATRIBUIÇÃO DEFINIDA NO ART. 71, INCISO II,
DA CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DA PARAÍBA, E NO ART. 10,
INCISO I, DA LEI COMPLEMENTAR ESTADUAL N. ° 18/93 -
Divergência entre o valor da despesa com pessoal apresentado no
relatório de gestão fiscal do segundo semestre do período e o
apurado na prestação de contas - Carência de realização de diversos
procedimentos de licitação - Diferença de saldo na conta específica
do FUNDEF - Envio dos balancetes mensais à Câmara Municipal sem
os comprovantes de despesas - Pagamento de obrigações patronais
aquém do montante devido - Recolhimento a menor das
contribuições previdenciárias retidas dos segurados - Pagamento de
salários inferiores ao mínimo nacionalmente estabelecido -
Transgressão a dispositivos de natureza constitucional,
infraconstitucional e regulamentar - Desvio de finalidade - Conduta
ilegítima e antieconômica - Eivas que comprometem a regularidade
das contas de gestão - Necessidade imperiosa de imposição de
penalidade. Irregularidade. Fixação de prazo para transferência de
recursos. Aplicação de multa. Concessão de lapso temporal para
pagamento. Envio da deliberação a subscritor de denúncia.
Recomendação. Representações.

Vistos, relatados e discutidos os autos da PRESTAÇÃO DE CONTAS DO ORDENADOR DE


DESPESAS DO MUNICíPIO DE GURJÃOjPB, SR. JOSÉ CARLOS VIDAL, relativa ao exercício
financeiro de 2006, acordam, por maioria, os Conselheiros integrantes do TRIBUNAL DE
CONTAS DO ESTADO DA PARAÍBA, em sessão plenária realizada nesta data, vencidas a
proposta de decisão do relator, no tocante à imputação de débito concernente à diferença de
saldo apurada na conta específica do FUNDEF, e a divergência do Conselheiro Fernando
Rodrigues Catão, que votou pela regularidade das contas, em:

1) Com fundamento no art. 71, inciso II, da Constituição do Estado da Paraíba, bem como
no art. 1°, inciso I, da Lei Complementar Estadual n.? 18/93, JULGAR IRREGU.~T"L..-'
referidas contas.
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

PROCESSOTC N.o 02177/07

2) FIXAR o prazo de 30 (trinta) dias para que o Prefeito Municipal de Gurjão/PB, Sr. José
Carlos Vidal, faça retornar à conta-corrente específica do Fundo de Manutenção e
Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação - FUNDEB
pertencente ao Município, com recursos de outras fontes, a importância de R$ 6.776,92 (seis
mil, setecentos e setenta e seis reais e noventa e dois centavos), concernente à diferença de
saldo apurada na conta-corrente específica do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do
Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério - FUNDEF.

3) APLICAR MUL TA ao Chefe do Poder Executivo de Gurjão/PB, Sr. José Carlos Vidal, no
valor de R$ 2.805,10 (dois mil, oitocentos e cinco reais e dez centavos), com base no que
°
dispõe o art. 56, incisos II e lII, da Lei Complementar Estadual n. 18/93 - LOTCE/PB.

4) CONCEDER-LHE o lapso temporal de 60 (sessenta) dias para o recolhimento voluntário da


penalidade ao Fundo de Fiscalização Orçamentária e Financeira Municipal, conforme previsto
no art. 3°, alínea "a", da Lei Estadual n.o 7.201, de 20 de dezembro de 2002, cabendo à
Procuradoria Geral do Estado da Paraíba, no interstício máximo de 30 (trinta) dias após o
término daquele período, velar pelo seu integral cumprimento, sob pena de intervenção do
Ministério Público Estadual, na hipótese de omissão, tal como previsto no art. 71, § 4°, da
°
Constituição do Estado da Paraíba, e na Súmula n. 40, do ego Tribunal de Justiça do Estado
da Paraíba - TJ/PB.

5) ENVIAR cópia da presente deliberação ao Vereador da Comuna, Sr. Luis Carlos Farias
Gurjão, subscritor de denúncia formulada em face do Sr. José Carlos Vidal, para
conhecimento.

6) FAZER recomendações no sentido de que o Alcaide, Sr. José Carlos Vida I, não repita as
irregularidades apontadas no relatório da unidade técnica deste Tribunal e observe, sempre,
os preceitos constitucionais, legais e regulamentares pertinentes.

7) Com fulcro no art. 71, inciso XI, etc o art. 75, caput, da Constituição Federal, COMUNICAR
à Delegacia da Receita Federal do Brasil em Campina Grande/PB acerca do pagamento de
obrigações previdenciárias devidas pelo empregador em percentual abaixo do legalmente
estabelecido, bem como da ausência de recolhimento de parte das contribuições retidas dos
servidores da Urbe, durante o exercício financeiro de 2006.

8) Também com base no art. 71, inciso XI, ele o art. 75, cabeça, da Lei Maior, REMETER
cópias das peças técnicas, fls. 883/894 e 1.236/1.240, do parecer do Ministério Público
Especial, fls. 1.242/1.247, e desta decisão à augusta Procuradoria Geral de Justiça do Estado
da Paraíba, para as providências cabíveis.

Presente ao julgamento o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas


Publique-se, registre-se e intime-se.
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PROCESSOTC N.o 02177/07

TCE - Plenário Ministro João Agripino

João Pessoa, Oq de ~ ..-1;\ -Rt\ O de 2008

Presente:l\-
Represe;;{a~
~-~ J~ ~
Ministério Público Especial 6"
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Tratam os presentes autos da análise das contas relativas ao exercício financeiro de 2006 do
Prefeito e Ordenador de Despesas do Município de Gutjão/PB, Sr. José Carlos Vidal,
apresentada a este ego Tribunal em 30 de março de 2007, fI. 02.

Os peritos da então Divisão de Acompanhamento da Gestão Municipal VI - DIAGM VI, com


base nos documentos insertos nos autos e em inspeção realizada na Comuna nos dias 24 e
25 de setembro de 2007, emitiram o relatório inicial de fls. 883/894, constatando,
sumariamente, que: a) as contas foram apresentadas no prazo legal; b) o orçamento foi
aprovado através da Lei Municipal n.O 141/2005, estimando a receita em R$ 4.365.506,00,
fixando a despesa em igual valor e autorizando a abertura de créditos adicionais
suplementares até o limite de 50% do total orçado; c) durante o exercício, foram abertos
créditos adicionais suplementares, no valor de R$ 1.323.240,22; d) a receita orçamentária
efetivamente arrecadada no exercício ascendeu à soma de R$ 4.538.050,77; e) a despesa
orçamentária realizada atingiu a quantia de R$ 4.486.709,25; f) a receita extra-orçamentária,
acumulada no exercício financeiro, alcançou a importância de R$ 206.974,89; g) a despesa
extra-orçamentária, executada durante o exercício, compreendeu um total de
R$ 337.182,41; h) o somatório da Receita de Impostos e das Transferências - RIT atingiu o
patamar de R$ 3.682.794,53; i) a Receita Corrente Líquida - RCL alcançou o montante de
R$ 4.185.587,71; e j) a cota-parte recebida do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do
Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério - FUNDEF somou R$ 393.721,10.

Em seguida, os técnicos da antiga DIAGM VI destacaram que os dispêndios municipais


evidenciaram, sinteticamente, os seguintes aspectos: a) as despesas pagas com obras e
serviços de engenharia totalizaram R$ 278.713,71, sendo R$ 214.151,89 quitados com
recursos federais e R$ 64.561,82 custeados com recursos próprios; e b) os subsídios do
Prefeito e do vice foram fixados, respectivamente, em R$ 6.000,00 e R$ 3.000,00 mensais,
mediante a Lei Municipal n.o 124, de 03 de maio de 2004.

Quanto aos gastos condicionados, verificaram os analistas desta Corte que: a) a despesa
com recursos do FUNDEF na remuneração dos profissionais do magistério alcançou o
montante de R$ 237.141,84, representando 60,23% da cota-parte recebida no exercício;
b) a aplicação na manutenção e desenvolvimento do ensino atingiu o valor de R$ 926.522,85
ou 25,16% da RIT; c) o Município despendeu com saúde a importância de R$ 615.684,82 ou
16,72% da RIT; e d) as despesas com pessoal da municipalidade, já incluídas as do Poder
Legislativo, alcançaram o montante de R$ 1.966.071,18 ou 46,97% da RCL.

Ao final de seu relatório, os inspetores da unidade técnica apresentaram, de forma resumida,


as irregularidades constatadas, quais sejam: a) ausência de comprovação das publicações
dos Relatórios Resumidos de Execução Orçamentária - REO e dos Relatórios de Gestão
Fiscal - RGF do exercício; b) incompatibilidade de informações entre o RGF do segundo
semestre do período e a Prestação de Contas Anual - PCA; c) realização de despesas
licitação, no montante de R$ 470.108,80, correspondendo a 10,35% da de pesa
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orçamentária realizada e a 33,25% da despesa licitável no exercício; d) diferença, ar

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de R$ 6.776,92, verificada na movimentação financeira da conta FUNDEF n.o 58.025-2;


e) procedência de denúncia formulada por Vereador acerca de irregularidade no envio dos
balancetes mensais à Câmara de Vereadores; f) pagamento de despesas com obrigações
patronais devidas ao Instituto Nacional do Seguro Social - INSS abaixo do valor devido, na
quantia de R$ 20.303,80; g) recolhimento a menor referente às contribuições previdenciárias
retidas dos empregados, na soma de R$ 9.342,28; e h) pagamento de salários abaixo do
mínimo nacionalmente estabelecido.

Devidamente citado, fls. 894/897, o Prefeito, Sr. José Carlos Vidal, apresentou contestação,
fls. 901/1.212, na qual juntou documentos e argumentou, em síntese, que:
a) os REO e RGF foram devidamente publicados, conforme farta documentação acostada;
b) a incompatibilidade de informações entre o RGF - 2° semestre e a PCA ocorreu devido à
falta de informação, em tempo hábil, acerca de algumas dívidas do Município, bem como à
incorreta contabilização de despesas com pessoal; c) a ausência de licitação não enseja
imputação de débito ao gestor ou a desaprovação de suas contas, se comprovada a
inexistência de prejuízo ao erário, dolo, culpa ou má-fé; d) a inexigibilidade para a
contratação de bandas, foi realizada de acordo com o disposto no art. 25, inciso IH, da Lei
Nacional n.O 8.666/93; e) a fornecedora de combustíveis NAIHARA MARIA DE OLIVEIRA
GURJÃO é a proprietária do único posto existente na Comuna, razão pela qual houve a
contratação direta; f) o demonstrativo financeiro que apontou diferença de saldo na conta
corrente do FUNDEF não evidenciou todos os valores extra-orçamentários e as transferências
financeiras entre contas; g) o envio dos balancetes mensais à Câmara Municipal sem a
documentação de despesa está sendo analisado pelo Ministério Público Estadual;
h) o pagamento das contribuições previdenciárias, devidas por empregado e empregador,
tem vencimento no dia 10 do mês subseqüente à sua competência e, em dezembro/2006,
foram recolhidas somente as obrigações patronais relativas ao pessoal do FUNDEF e do
MDE, para a obtenção dos percentuais mínimos exigidos por lei, ficando o restante para
recolhimento em janeiro/2007; e i) os salários abaixo do mínimo nacional foram pagos a
pessoal com carga horária de trabalho reduzida e para realização de serviços eventuais.

Encaminhados os autos à unidade de instrução, esta, examinando a referida peça processual


de defesa, emitiu o relatório de fls. 1.236/1.240, onde considerou elididas as eivas
concernentes à ausência de comprovação das publicações dos Relatórios Resumidos de
Execução Orçamentária - REO e dos Relatórios de Gestão Fiscal - RGF do exercício. Em
seguida, manteve in totum o seu posicionamento exordial relativamente às demais máculas.

O Ministério Público junto ao Tribunal de Contas, ao se pronunciar sobre a matéria,


fls. 1.242/1.247, opinou, resumidamente, pela: a) emissão de parecer contrário à aprovação
das contas em análise; b) imputação de débito ao Prefeito do valor inerente à diferença
verificada na conta do FUNDEF; c) aplicação de multa ao gestor por transgressão a normas
constitucionais e legais, nos termos da Lei Orgânica desta Corte; e d) representação ao
Ministério Público Comum acerca de possíveis condutas puníveis na forma da legislação
penal aplicável, bem como ao INSS para as providências a seu cargo quanto às contrib . ~ s,
não recolhidas.
.;~.,
.:;;.--

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Solicitação de pauta, conforme fls. 1.248/1.249 dos autos.

É o relatório.

Compulsando o caderno processual, constata-se que as contas apresentadas pelo Prefeito


Municipal de Gurjão/PB, Sr. José Carlos Vidal, revelam diversas irregularidades
remanescentes. Com efeito, consoante destacaram os especialistas deste Sinédrio de Contas,
fI. 890, os dados constantes no Relatório de Gestão Fiscal - RGF do segundo semestre do
período apresentaram imperfeições técnicas, notadamente no que respeita à ausência de
registro de despesas com pessoal, na importância de R$ 164.811,92, sendo R$ 110.975,00
relativos a gastos incorretamente contabilizados como OUTROS SERVIÇOS DE
TERCEIROS - PESSOA FÍSICA, R$ 20.303,80 referentes a obrigações patronais devidas e
não recolhidas ao INSS e R$ 33.533,02 concernentes aos encargos sociais relativos ao
PASEP.

Importa notar que, a título de obrigações patronais, além do valor devido e não pagos,
foram computados os valores recolhidos calculados com base em documentação obtida
in loco, fls. 742/765, 785 e 803/813, R$ 264.185,68, e não a quantia empenhada e
informada no Sistema de Acompanhamento e Gestão dos Recursos da Sociedade - SAGRES,
R$ 230.745,31. Sendo assim, segundo a apuração realizada, fI. 889, as despesas com
pessoal do Poder Executivo somaram R$ 1.783.680,51 ou 42,61% da Receita Corrente
Líquida - RCl, R$ 4.185.587,71, enquanto o valor informado no RGF - 2° semestre foi de
apenas R$ 1.618.966,00 ou 38,68% da RCl, fI. 458.

Tal fato, além de demonstrar um certo desprezo da autoridade responsável aos preceitos
estabelecidos na lei instituidora de normas gerais de direto financeiro - lei Nacional
n.o 4.320/64 -, prejudica a transparência das contas públicas pretendida com o advento da
reverenciada lei Complementar n.o 101/2000 - Lei de Responsabilidade Fiscal -, onde o
RGF figura como instrumento dessa transparência, conforme preceituam seus dispositivos,
in verbis.

Art. 10. (omíssís)

§ 10 A responsabilidade na gestão fiscal pressupõe a ação planejada e


transparente, em que se previnem riscos e corrigem desvios capazes de
afetar o equilíbrio das contas públicas, mediante o cumprimento de metas
de resultados entre receitas e despesas e a obediência a limites e condições
no que tange a renúncia de receita, geração de despesas com pessoal, da
seguridade social e outras, dívidas consolidada e mobiliária, operações de
crédito, índusive por antecipação de receita, concessão de gar . e
inscrição em Restos a Pagar.

( ...)
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Art. 48. São instrumentos de transparência da gestão fiscal, aos quais será
dada ampla divulgação, inclusive em meios eletrônicos de acesso público: os
planos, orçamentos e leis de diretrizes orçamentárias; as prestações de
contas e o respectivo parecer prévio; o Relatório Resumido da Execução
Orçamentária e o Relatório de Gestão Fiscal; e as versões simplificadas
destes documentos.

Em relação à carência de certames Iicitatórios, no montante correto de R$ 396.708,80, tendo


em vista ser preciso subtrair do total apontado pelos peritos deste Tribunal, R$ 470.108,80,
as despesas relacionadas à contratação de eventos artísticos e sonorização, na importância
de R$ 73.400,00, respaldadas na Inexigibilidade de Licitação n.O 02/2006, devidamente
registrada no SAGRES e cuja documentação consta nos autos, fls. 614/631. Feito o ajuste, é
importante destacar ab initio que a licitação é o meio formalmente vinculado que
proporciona à Administração Pública melhores vantagens nos contratos e oferece aos
administrados a oportunidade de participar dos negócios públicos. Quando não realizada,
representa séria ameaça aos princípios constitucionais da legalidade, impessoalidade,
moralidade, publicidade e eficiência, bem como da própria probidade administrativa.

Nesse diapasão, traz-se à baila pronunciamento da ilustre representante do Ministério


Público junto ao Tribunal de Contas do Estado da Paraíba, Ora. Sheyla Barreto Braga de
Queiroz, nos autos do Processo TC n.o 04981/00, verbatim:

A licitação é, antes de tudo, um escudo da moralidade e da ética


administrativa, pois, como certame promovido pelas entidades
governamentais a fim de escolher a proposta mais vantajosa às
conveniências públicas, procura proteger o Tesouro, evitando
favorecimentos condenáveis, combatendo o jogo de interesses escusos,
impedindo o enriquecimento ilícito custeado com o dinheiro do erário,
repelindo a promiscuidade administrativa e racionalizando os gastos e
investimentos dos recursos do Poder Público.

Com efeito, deve ser enfatizado que a não realização dos mencionados procedimentos
Iicitatórios exigíveis vai, desde a origem, de encontro ao preconizado na Constituição
Federal, especialmente o disciplinado no art. 37, inciso XXI, verbo ad verbum:

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da


União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos
princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência
e, também, ao seguinte:

1-( ...)
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XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços,


compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação
pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com
cláusulas que estabeleçam obrigação de pagamento, mantidas as condições
efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as
exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do
cumprimento das obrigações. (grifo ausente no original)

É importante salientar que as hipóteses infraconstitucionais de dispensa e inexigibilidade de


licitação estão claramente disciplinadas na Lei Nacional n.O 8.666, de 21 de junho de 1993.
Neste contexto, deve ser destacado que a não realização do certame, exceto nos restritos
casos prenunciados na reverenciada norma, é algo que, de tão grave, consiste em crime
previsto no art. 89, do próprio Estatuto das Licitações e dos Contratos Administrativos,
ipsis /itteris:

Art. 89 - Dispensar ou inexigir licitação fora das hipóteses previstas em lei,


ou deixar de observar as formalidades pertinentes à dispensa ou à
inexigibilidade:

Pena - detenção, de 3 (três) a 5 (cinco) anos, e multa.

Parágrafo Único. Na mesma pena incorre aquele que, tendo


comprovadamente concorrido para a consumação da ilegalidade, beneficiou-
se da dispensa ou inexigibilidade ilegal, para celebrar contrato com o Poder
Público.

Ademais, consoante previsto no art. la, inciso VIII, da lei que dispõe sobre as sanções
aplicáveis aos agentes públicos nos casos de enriquecimento ilícito no exercício de mandato,
cargo, emprego ou função na administração pública direta, indireta ou fundacional - Lei
°
Nacional n. 8.429, de 2 de junho de 1992 -, a dispensa indevida do procedimento de
licitação consiste em ato de improbidade administrativa que causa prejuízo ao erário, verbis:

Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao


erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda
patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos bens
ou haveres das entidades referidas no art. 10 desta lei, e notadamente:

I- (...
)

VIII - frustrar a licitude de processo licita tório ou dispensá-lo


indevidamente; (grifo nosso)
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Comungando com o supracitado entendimento, reportamo-nos, desta feita, à manifestação


do eminente representante do Parquet especializado, Dr. Marcílio Toscano Franca Filho, nos
autos do Processo TC n.o 04588/97, vejamos:

Cumpre recordar que a licitação é procedimento vinculado, formalmente


ligado à lei (Lei 8.666/93), não comportando discricionariedades em sua
realização ou dispensa. A não realização de procedimento licitatório, fora das
hipóteses legalmente previstas, constitui grave infração à norma legal,
podendo dar ensejo até mesmo à conduta tipificada como crime. (grifamos)

Igualmente inserida no rol das irregularidades constatadas na instrução processual está a


divergência detectada entre os valores transferidos da conta-corrente específica do Fundo de
Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do
Magistério - FUNDEF (CONTA N.o 58.025-2) para as CONTAS FPM N.o 4.067-3 e FOPAG
N.o 7.222-2, no montante de R$ 324.217,89, e as despesas identificadas, na soma de
R$ 317.440,97, evidenciando uma diferença de R$ 6.776,92. Com base na análise efetivada
pelos técnicos desta Corte, constata-se que o saldo conciliado da conta do referido fundo,
em 31 de dezembro de 2006, registrado no SAGRES, era de apenas R$ 181,27. Entrementes,
como deveria ser de R$ 6.958,19, conforme apuração contábil realizada, fI. 886, remanesce
um valor não justificado de R$ 6.776,92, caracterizando saída de recursos da conta
específica sem identificação da despesa correspondente.

In casu, a diferença listada alhures evidencia a utilização indevida de recursos do FUNDEF,


em flagrante desrespeito aos princípios básicos da pública administração, haja vista que não
constam nos autos os elementos comprobatórios da efetiva realização de quaisquer
dispêndios. Concorde entendimento uníssono da doutrina e da jurisprudência pertinentes, a
carência de documentos que comprovem a despesa pública consiste em fato suficiente à
imputação do débito, além das demais penalidades aplicáveis à espécie.

O artigo 70, parágrafo único, da Carta Magna, dispõe que a obrigação de prestar contas
abrange toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde,
gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União, os Estados
ou os Municípios respondam, ou que, em nome destes entes, assuma obrigações de
natureza pecuniária. Logo, imperativa é não só a prestação de contas, mas também a sua
completa e regular prestação, já que a ausência ou a imprecisão de documentos que
inviabilizem ou tornem embaraçoso o seu exame é tão grave quanto a omissão do próprio
dever de prestá-Ias.

Ademais, os princípios da legalidade, da moralidade e da publicidade administrativas,


estabelecidos no artigo 37, caput, da Carta Constitucional, demandam, além da
comprovação da despesa, a efetiva divulgação de todos os atos e fatos relacionad
gestão pública. Portanto, cabe ao ordenador de despesas, e não ao órgão responsáve pela
fiscalização, provar que não é responsável pelas infrações, que lhe são imputadas, das eis e
'> '.

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regulamentos na aplicação do dinheiro público, consoante entendimento do ego Supremo


Tribunal Federal - STF, verbatim:

MANDADO DE SEGURANÇA CONTRA O TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO.


CONTAS JULGADAS IRREGULARES. APLICAÇÃO DA MULTA PREVISTA NO
ARTIGO 53 DO DECRETO-LEI 199/67. A MULTA PREVISTA NO ARTIGO 53
DO DECRETO-LEI 199/67 NÃO TEM NATUREZA DE SANÇÃO DISCIPLINAR.
IMPROCEDÊNCIA DAS ALEGAÇÕES RELATIVAS A CERCEAMENTO DE
DEFESA. EM DIREITO FINANCEIRO, CABE AO ORDENADOR DE DESPESAS
PROVAR QUE NÃO É RESPONSÁVEL PELAS INFRAÇÕES, QUE LHE SÃO
IMPUTADAS, DAS LEIS E REGULAMENTOS NA APLICAÇÃO DO DINHEIRO
PÚBLICO. COINCIDÊNCIA, AO CONTRÁRIO DO QUE FOI ALEGADO, ENTRE
A ACUSAÇÃO E A CONDENAÇÃO, NO TOCANTE À IRREGULARIDADE DA
LICITAÇÃO. MANDADO DE SEGURANÇA INDEFERIDO. (STF - Pleno - MS
20.335/DF, ReI. Ministro Moreira Alves, Diário da Justiça, 25 fev. 1983, p. 8)
(nosso grifo)

Visando aclarar o tema em disceptação, vejamos parte do voto do ilustre Ministro Moreira
Alves, relator do supracitado Mandado de Segurança, verbo ad verbum:

Vê-se, pois, que em tema de Direito Financeiro, mais particularmente, em


tema de controle da aplicação dos dinheiros públicos, a responsabilidade do
Ordenador de Despesas pelas irregularidades apuradas se presume, até
prova em contrário, por ele subministrada.

A afirmação do impetrante de que constitui heresia jurídica presumir-se a


culpa do Ordenador de despesas pelas irregularidades de que se cogita, não
procede portanto, parecendo decorrer, quiçá, do desconhecimento das
normas de Direito Financeiro que regem a espécie. (grifo ausente no
original)

Já o eminente Ministro Marco Aurélio, relator, na Segunda Turma do STF, do Recurso


Extraordinário n.O 160.381/SP, publicado no Diário da Justiça de 12 de agosto de 1994,
página n.O 20.052, destaca, em seu voto, o seguinte entendimento: "O agente público não
só tem que ser honesto e probo, mas tem que mostrar que possui tal qualidade. Como a
mulher de César."

Em total consonância com aludida conclusão, reproduzimos a lição do insigne representante


do Ministério Público Especial, Dr. Marcílio Toscano Franca Filho, nos autos do Processo
TC n.O 04588/97, ípsis /itteris.
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Há menção nos autos de processamento irregular da despesa pública sob a


forma de realização de dispêndios sem hábil comprovação documental.
Acerca de tal expediente merece destaque o fato de que despesa pública
passa obrigatoriamente pelas fases de empenho, liquidação e pagamento.
Após o empenho, vem a liquidação da despesa, ocasião em que, do
montante empenhado, deverá ser quantificado com exatidão o crédito do
fornecedor através da documentação hábil (nota fiscal, recibo, atesto etc).
Por fim, tem-se o efetivo pagamento. Sublinho que a insuficiência
documental na comprovação de despesa pública é bastante para a
imputação do débito referente à despesa irregular, além das demais
penalidades aplicáveis à espécie.

Em seguida, tem-se que, em razão de denúncia apresentada pelo Vereador Luis Carlos
Farias Gurjão, fls. 514/515, os analistas deste Pretória constataram, durante a inspeção
realizada nos arquivos da Câmara Municipal de Gurjão/PB, que os balancetes mensais
relativos ao exercício financeiro sub judice, enviados pelo Poder Executivo ao Legislativo, não
estavam acompanhados de cópias dos comprovantes de despesas, em desacordo com o
disposto no § 3°, do art. 48, da Lei Orgânica do TCE/PB - LOTCE/PB.

Por oportuno, impende ressaltar que, mediante o Acórdão APL - TC - 582/2005, de 24 de


agosto de 2005, fI. 516, publicado no Diário Oficial do Estado - DOE em 02 de setembro do
mesmo ano, que tratou de denúncia semelhante referente aos exercícios de 2001 a 2003, o
Prefeito da Urbe, Sr. José Carlos Vida I, foi advertido no sentido de que a repetição dos fatos
denunciados implicaria em responsabilização e multa.

Desta feita, destaque-se, de início, que os balancetes encaminhados mensalmente ao


Tribunal pelos gestores públicos municipais servem como meio de acompanhamento da
execução das receitas e despesas públicas. Na verdade, são peças de suma importância,
haja vista que, após a sua consolidação anual, teremos extraído a prestação de contas do
exercício financeiro do respectivo órgão ou entidade.

Neste sentido, a Lei Orgânica do TCE/PB - Lei Complementar Estadual n.o 18, de 13 de julho
de 1993 -, em seu artigo 48, §§ 1° a 4°, definiu que os balancetes apresentados ao Sinédrio
de Contas serão, também, enviados à Câmara Municipal acompanhados de cópias dos
devidos comprovantes de despesas. O descumprimento, em virtude de sua gravidade,
acarreta o bloqueio da movimentação das contas bancárias do Município e de suas
respectivas entidades da administração indireta, verbls:

Art. 48 - (omissis)

§ 10 - Para habilitar o Tribunal a acompanhar e julgar suas contas, os


Municípios lhe enviarão, mensalmente, até o último dia do mês subseqü •...
....,..,~-...
ao vencido e na forma prevista em instruções específicas, os bala etes J/""'..~.
acompanhados de cópia dos devidos comprovantes de despesas a q e se / ~~.
~~
&
.)0
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refiram, tais, como recibos, faturas, documentos fiscais e outros


demonstrativos necessários.

§ 20 - O atraso na remessa dos balancetes mensais dos Municípios ao


Tribunal de Contas autoriza este último a determinar às instituições
financeiras depositárias, enquanto persistir o atraso, o bloqueio da
movimentação das contas bancárias do Município e respectivas entidades da
administração indireta.

§ 30 - Os balancetes, acompanhados de cópias dos devidos comprovantes


de despesas, de que trata o § 1° deste artigo, serão enviados também à
Câmara Municipal competente até o último dia útil do mês subseqüente ao
vencido.

§ 4° - No caso de não cumprimento do parágrafo anterior, o Tribunal de


Contas do Estado tomará providências para que sejam adotadas medidas de
que trata o § 20 deste artigo. (grifo nosso)

No que concerne às contribuições previdenciárias patronais devidas pelo Poder Executivo da


Comuna de Gurjão/Pê ao Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, cabe destacar que o
montante recolhido em 2006, R$ 264.185,68, calculado pela unidade técnica com base em
documentação fornecida pelo gestor durante a inspeção in loco realizada, fls. 742/765, 785 e
803/813, não condiz com a soma empenhada no elemento de despesa 13 - OBRIGAÇÕES
PATRONAIS, R$ 230.745,31, segundo dados do SAGRES. Portanto, presume-se que a
quantia não paga à autarquia federal seja superior aos R$ 20.303,80 apontados no relatório
inicial, fls. 888/889, o que deverá ser corretamente apurado pelos auditores fiscais da
Receita Federal do Brasil.

Entretanto, é importante frisar que o não pagamento dos encargos previdenciários, devidos
pelo empregador, além de provocar inúmeros reflexos negativos nas contas, representa séria
ameaça ao equilíbrio financeiro e atuarial que deve perdurar nos sistemas previdenciários,
com vistas a resguardar o direito dos segurados em receber seus benefícios no futuro, tudo
em ardente desrespeito ao disposto no art. 195, inciso 1, alínea "a", da Lei Maior, c/c o
art. 22, incisos 1 e U, alínea "a", da Lei Nacional n.? 8.212/91 (Lei de Custeio da Previdência
Social), respectivamente, senão vejamos:

Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma
direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos
orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e
das seguintes contribuições sociais:

1 - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da


lei, incidentes sobre:
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a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados,


a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviços, mesmo sem vínculo
empregatício;

Art. 22. A contribuição a cargo da empresa, destinada à Seguridade Social,


além do disposto no art. 23, é de:

I - vinte por cento sobre o total das remunerações pagas, devidas ou


creditadas a qualquer título, durante o mês, aos segurados empregados e
trabalhadores avulsos que lhe prestem serviços, destinadas a retribuir o
trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos
habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de
reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo
tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços, nos termos da
lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou
sentença normativa.

11 - para o financiamento do benefício previsto nos arts. 57 e 58 da


Lei n.o 8.213, de 24 de julho de 1991, e daqueles concedidos em razão do
grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos
ambientais do trabalho, sobre o total das remunerações pagas ou creditadas,
no decorrer do mês, aos segurados empregados e trabalhadores avulsos:

a) 1% (um por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante o


risco de acidentes do trabalho seja considerado leve; (grifamos)

Da mesma forma, compõe o grupo de máculas destacadas pelos inspetores do Tribunal de


Contas, a ausência de recolhimento também ao INSS de contribuições previdenciárias
efetivamente retidas dos segurados. De acordo com informações do BALANÇO FINANCEIRO
e do SAGRES, fls. 57 e 877/878, dos R$ 104.051,55 efetivamente retidos dos salários pagos,
apenas R$ 94.709,27 foram repassados, restando a recolher R$ 9.342,28.

Com efeito, deve ser enfatizado, ainda, que o não repasse das contribuições previdenciárias
retidas dos servidores da Urbe à previdência social caracteriza a situação de apropriação
indébita previdenciária, consoante estabelecido no art. 168-A, do Código Penal Brasileiro,
dispositivo este introduzido pela Lei Nacional n.o 9.983, de 14 de julho de 2000,
verbum pro verbo:

Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social as contribuições


recolhidas dos contribuintes, no prazo e forma legal ou convencional:

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.

§ 1° - Nas mesmas penas incorre quem deixar de:


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I - recolher, no prazo legal, contribuição ou outra importância destinada à


previdência social que tenha sido descontada de pagamento efetuado a
segurados, a terceiros ou arrecadada do público;

Nesse diapasão, impende ressaltar que o não recolhimento das contribuições previdenciárias,
devidas por empregado e empregador, pode ser enquadrado como ato de improbidade
administrativa que atenta contra os princípios da administração pública, conforme dispõe o
art. 11, inciso I, da lei que trata das sanções aplicáveis aos agentes públicos - Lei Nacional
n.o 8.429, de 02 de junho de 1992, in verbis:

Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os


princípios da Administração Pública qualquer ação ou omissão que viole os
deveres da honestidade, imparcialidade, legalidade e a lealdade às
instituições, e notadamente:

I - praticar ato visando fim proibido em lei ou regulamento ou diverso


daquele previsto, na regra de competência; (grifos inexistentes no texto de
origem)

Finalmente, temos o pagamento de remuneração mensal com valores abaixo do salário


mínimo a servidores municipais não eventuais, sob vínculo de dependência, configurando a
relação de trabalho. Logo, importa notar que constitui direito fundamental de qualquer
trabalhador, inclusive do servidor público de todas as esferas governamentais, o recebimento
de estipêndios nunca inferiores ao mínimo nacionalmente unificado, consoante estabelece o
art. 70, inciso IV, c/c o art. 39, § 30, ambos da Constituição Federal, verbatim:

Art. 7° - Sãodireitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que


visem à melhoria de sua condição social:

I - (omissis)

IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de


atender a suas necessidadesvitais básicas e às de sua família com moradia,
alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e
previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder
aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim;

r:
Art. 39. (...)

§ 3° Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo público o disposto no


art. 7°, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e
podendo a lei estabelecer requisitos diferenciados de admissão quand a ) /""". .,
natureza do cargo o exigir. (nosso grifo) ~
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Nesse sentido, transcrevemos a Súmula n.o 27 do colendo Tribunal de Justiça do Estado da


Paraíba - TJ/PB, que veda, de forma peremptória, o pagamento de salários abaixo do
mínimo nacionalmente unificado, verbo ad verbum:

Súmula 27 do Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba: É obrigação


constitucional do Poder Público remunerar seus servidores, ativos e inativos,
com piso nunca inferior ao salário mínimo nacional unificado, instituído por
Lei Federal.

Outrossim, cabe destacar que até mesmo para aqueles que possuem remuneração variável,
fixada por comissão, peça, tarefa ou outras modalidades, a obrigatoriedade de se pagar o
mínimo legal vigora, conforme preceitua o art. 1°, da Lei Nacional nO 8.716, de 11 de
outubro de 1993, que dispõe sobre a garantia do salário mínimo e dá outras providências,
ipsis /itteris.

Art. 10 - Aos trabalhadores que perceberem remuneração variável, fixada


por comissão, peça, tarefa ou outras modalidades, será garantido um salário
mensal nunca inferior ao salário mínimo.

Diante de todo o contexto, merece destaque o fato de que, dentre outras irregularidades e
ilegalidades, inclusive desobediência ao disposto na LRF e práticas danosas ao erário, cinco
das máculas encontradas nos presentes autos constituem motivo de emissão, pelo Tribunal,
de parecer contrário à aprovação das contas do Prefeito Municipal de Gurjão/PB, conforme
disposto nos itens 2, 2.2, 2.5, 2.9, 2.10 e 2.13, do Parecer Normativo PN - TC - 52/2004,
in verbis;

2. Constituirá motivo de emissão, pelo Tribunal, de PARECER CONTRÁRIO à


aprovação de contas de Prefeitos Municipais, independentemente de
imputação de débito ou multa, se couber, a ocorrência de uma ou mais das
irregularidades a seguir enumeradas:

2.1. (omíssís)

2.2. não pagamento efetivo do salário mínimo nacionalmente unificado;

( ...)

2.5. não retenção e/ou não recolhimento das contribuições previdenciárias


aos órgãos competentes (INSS ou órgão do regime próprio de previdên . ,
conforme o caso), devidas or em re ado e em re ador incidentes s re
remunerações pagas pelo Município;
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( ...)

2.9. incompatibilidade não justificada entre os demonstrativos, inclusive


contábeis, apresentados em meios físico e magnético ao Tribunal;

2.10. não realização de procedimentos licitatórios quando legalmente


exigidos;

( ... )

2.13. não cumprimento oportuno de decisões do Tribunal. (grifamos)

Ante as diversas transgressões a disposições normativas do direito objetivo pátrio,


decorrentes da conduta implementada pelo Chefe do Poder Executivo da Comuna de Gurjão,
Sr. José Carlos Vida I, resta configurada a necessidade imperiosa de imposição da multa de
R$ 2.805,10 - valor atualizado pela Portaria n.o 039/06 do TCE/PB -, prevista no art. 56,
°
incisos II e IlI, da Lei Orgânica do TCE/PB - Lei Complementar Estadual n. 18, de 13 de
julho de 1993, senão vejamos:

Art. 56 - O Tribunal pode também aplicar multa de até Cr$ 50.000.000,00


(cinqüenta milhões de cruzeiros) aos responsáveis por:

I - (omissis)

II - infração grave a norma legal ou regulamentar de natureza contábil,


financeira, orçamentária, operacional e patrimonial;

UI - ato de gestão ilegítimo ou antieconômico de que resulte injustificado


dano ao Erário;

Ex positis, proponho que o Tribunal de Contas do Estado da Paraíba:

1) Com base no art. 71, inciso I, c/c o art. 31, § 10, da Constituição Federal, no art. 13, § 1°,
da Constituição do Estado da Paraíba, e no art. 1°, inciso IV, da Lei Complementar Estadual
n.O 18/93, EMITA PARECER CONTRÁRIO à aprovação das contas do Prefeito Municipal de
Gurjão/PB, Sr. José Carlos Vidal, relativas ao exercício financeiro de 2006, encaminhando-o à
consideração da ego Câmara de Vereadores do Município para julgamento político da referida
autoridade.

2) Com fundamento no art. 71, inciso 11, da Constituição do Estado da Paraíba, bem como
no art. 10, inciso I, da Lei Complementar Estadual n.O 18/93, JULGUE IRREGULARES s
contas do Ordenador de Despesas da Comuna no exercício financeiro de 2006, Sr. osé
Carlos Vida!.
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3) IMPUTE ao Prefeito Municipal de GurjãojPB( Sr. José Carlos vídal, o débito no montante
de R$ 6.776(92 (seis mil, setecentos e setenta e seis reais e noventa e dois centavos),
concernente à diferença de saldo apurada na conta-corrente específica do Fundo de
Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do
Magistério - FUNDEF.

4) ASSINEo lapso temporal de 60 (sessenta) dias para recolhimento voluntário dos recursos
ao Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos
Profissionais da Educação - FUNDEBdo Município( sob pena de responsabilidade e intervenção
do Ministério Público Estadual, na hipótese de inércia, tal como previsto no art. 71( § 4°( da
°
Constituição do Estado da Paraíba, e na Súmula n. 40( do colendo Tribunal de Justiça do
Estado da Paraíba - TJjPB.

5) APLIQUE MUL TA ao Chefe do Poder Executivo de GurjãojPB( Sr. José Carlos vidal, no
valor de R$ 2.805(10 (dois rrul, oitocentos e cinco reais e dez centavos), com base no que
dispõe o art. 56( incisos II e III( da Lei Complementar Estadual n.O 18/93 - LOTCE/PB.

6) CONCEDA-LHE o prazo de 60 (sessenta) dias para o recolhimento voluntário da


penalidade ao Fundo de Fiscalização Orçamentária e Financeira Muníclpel, conforme previsto
no art. 30( alínea "a"( da Lei Estadual n.o 7.201( de 20 de dezembro de 2002( cabendo à
Procuradoria Geral do Estado da Parafba, no interstício máximo de 30 (trinta) dias após o
término daquele perlooo, velar pelo seu integral cumprimento, sob pena de intervenção do
Ministério Público Estadual, na hipótese de ornlssão, tal como previsto no art. 71( § 40( da
Constituição do Estado da Peraiba, e na Súmula n.O 40( do ego Tribunal de Justiça do Estado
da Paraíba - TJjPB.

7) ENVIE cópia da presente deliberação ao Vereador da Comuna, Sr. Luis Carlos Farias
Gurjão, subscritor de denúncia formulada em face do Sr. José Carlos Vídal, para
conhecimento.

8) FAÇA recomendações no sentido de que o Alcaide, Sr. José Carlos Vidal, não repita as
irregularidades apontadas no relatório da unidade técnica deste Tribunal e observe, sempre,
os preceitos constitucionais, legais e regulamentares pertinentes.

9) Com fulcro no art. 71( inciso XII ele o art. 75( caput, da Constituição Federal,
COMUNIQUE à Delegacia da Receita Federal do Brasil em Campina Grande/PB acerca do
pagamento de obrigações previdenciárias devidas pelo empregador em percentual abaixo do
legalmente estabelecido, bem como da ausência de recolhimento de parte das contribuições
retidas dos servidores da Urbe, durante o exercício financeiro de 2006.
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10) Também com base no art. 71, inciso XI, ele o art. 75, cabeça, da Lei Maior, REMETA
cópias das peças técnicas, fls. 883/894 e 1.236/1.240, do parecer do Ministério Público
Especial, fls. 1 1.247, e desta decisão à augusta Procuradoria Geral de Justiça do Estado
da Paraíba, ra as p vidências cabíveis.

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