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o 02487/07
2) APLICAR MULTA ao Prefeito Municipal de Cuité/PB, Sr. Antônio Medeiros Dantas, no valor
de R$ 2.805,10 (dois mil, oitocentos e cinco reais e dez centavos), com base no que dispõe o
°
art. 56, incisos II e IIl, da Lei Complementar Estadual n. 18/93 - LOTCE/PB.
7) FAZER recomendações no sentido de que o Alcaide, Sr. Antônio Medeiros Dantas, não
repita as irregularidades apontadas no relatório da unidade técnica deste Tribunal e observe,
sempre, os preceitos constitucionais, legais e regulamentares pertinentes.
8) Com fulcro no art. 71, inciso XI, c/c o art. 75, caput, da Constituição Federal, COMUNICAR
à Delegacia da Receita Federal do Brasil, em Campina Grande/PB, acerca da falta de
recolhimento de parte das contribuições previdenciárias efetivamente retidas dos segurados,
incidentes sobre as remunerações pagas pelo Poder Executivo de Cuité/PB, durante o
exercício financeiro de 2006.
9) Também com base no art. 71, inciso XI, c/c o art. 75, cabeça, da Lei Maior, REMETER
cópias das peças técnicas, fls. 590/598 e 803/808, do parecer do Ministério Público Especial,
fls. 810/819, e desta decisão à augusta Procuradoria Geral de Justiça do Estado da Paraíba,
para as providências cabíveis.
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Represe~~n;-- do Ministério Público Espe~1 -
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO
Tratam os presentes autos da análise das contas relativas ao exercício financeiro de 2006 do
Prefeito e Ordenador de Despesas do Município de Cuité/PB, Sr. Antônio Medeiros Dantas,
°
apresentada a este ego Tribunal em 02 de abril de 2007, mediante o Ofício n. 122/2007,
f!. 02.
Quanto aos gastos condicionados, verificaram os analistas desta Corte que: a) a despesa
com recursos do FUNDEF na remuneração dos profissionais do magistério alcançou o
montante de R$ 1.172.046,44, representando 61,81% da cota-parte recebida no exercício; ,
b) a aplicação na manutenção e desenvolvimento do ensino atingiu o valor de ~
R$ 1.802.957,73 ou 25,56% da RIT; c) o Município despendeu com saúde a importância de ._ I
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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO
Devidamente citado, fls. 598-verso/600, o Prefeito, Sr. Antônio Medeiros Dantas, apresentou
contestação, fls. 604/798, na qual juntou documentos e argumentou, em síntese, que: a) ao
final do primeiro semestre de 2006, não foi possível adotar medidas visando o
restabelecimento da legalidade quanto aos gastos com pessoal, tendo em vista o período
eleitoral; b) posteriormente, foram editados decretos, demitindo alguns servidores
municipais; c) do valor repassado ao Poder Legislativo deveriam ser subtraídas as suas
despesas com inativos, na soma de R$ 13.770,61; d) os REO e os RGF foram todos
publicados de acordo com os prazos estabelecidos na LRF; e) em 28 de abril de 2006, o
Poder Executivo publicou no Diário Oficial da Comuna a Lei Municipal n.? 674/2006, que teria
alterado o limite de suplementação do orçamento de 2% para 30% das despesas fixadas;
f) foi realizada a Tomada de Preços n.? 09/2005, homologada em 23 de janeiro de 2006,
para aquisição de materiais de construção; g) o montante dos dispêndios não licitados seria
de R$ 95.690,23, representando um ínfimo percentual em relação à despesa orçamentária
total do exercício, merecendo ser relevado; h) para a apuração do saldo da conta do
FUNDEF deveriam ser consideradas as movimentações extra-orçamentárias e as
transferências efetuadas; i) houve falha na elaboração das Guias de Recolhimento do FGTS e
Informações à Previdência Social - GFIP, levando à diferença entre o valor da contribuição
previdenciária retida dos segurados e o valor efetivamente repassado ao Instituto Nacional
do Seguro Social - INSS; e j) o Município tinha disponibilidade financeira ao final de 2006
para saldar o pagamento com a referida autarquia previdenciária, mas estaria realizando um
novo parcelamento para a regularização do débito em questão.
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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO
É o relatório.
I - (omissis)
( ... )
Na realidade, o descumprimento do dispositivo supracitado decorreu dos gastos com pessoal ~'.
do Poder Executivo da Urbe, que ascenderam à soma de R$ 7.491.710/54 ou 64/90%
da RCL, fI. 595. Esse fato configura nítida transgressão ao preconizado no art. 20/ inciso IIl,
alínea "b", da reverenciada Lei de Responsabilidade Fiscal - LRF, verbatim:
Art. 20. A repartição dos limites globais do art. 19 não poderá exceder os
seguintes percentuais:
I- (omissis)
( ...)
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO
a) (omissis)
Sendo assim, medidas devem ser adotadas pelo Chefe do Poder Executivo de Cuité/PB,
Sr. Antônio Medeiros Dantas, para o retorno da despesa total com pessoal ao respectivo
limite, nos termos do art. 22, parágrafo único, incisos I a V, e do art. 23, caput, da Lei
Complementar Nacional n.o 101/2000, verbo ad verbum:
Importa notar que, deixar de ordenar ou de promover, na forma e nos prazos da lei, a
execução de medida para a redução do montante da despesa total com pessoal que houv
excedido a repartição por Poder do limite máximo configura infração admini .
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO
I- (...
)
§ 1° A infração prevista neste artigo é punida com multa de trinta por cento
dos vencimentos anuais do agente que lhe der causa, sendo o pagamento
da multa de sua responsabilidadepessoal.
Art. 48. São instrumentos de transparência da gestão fiscal, aos quais será
dada ampla divulgação, inclusive em meios eletrônicos de acesso público: os '\
planos, orçamentos e leis de diretrizes orçamentárias; as prestações de
contas e o respectivo parecer prévio; o Relatório Resumido da Execução \
Orçamentária e o Relatório de Gestão Fiscal; e as versões simplificadas\\~
desses documentos. V\
( ) ...
Art. 52. O relatório a que se refere o § 3° do art. 165 da Constituição
abrangerá todos os Poderes e o Ministério Público, será publicado até trinta
dias após o encerramento de cada bimestre e composto de:
( ...)
Art. 55. (omissis)
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO
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§ 1° C •.. )
Importante ressaltar que a comprovação das publicações desses instrumentos deve ser
enviada a esta Corte, dentro de prazo estabelecido, consoante determinações contidas na
Resolução Normativa RN - Te - 07/04, em seus artigos 17, § 1°, e 18, § 1°, cuja
desobediência implica em multa automática e pessoal para o responsável, conforme dispõe o
seu art. 32, caput e § 10, verbum pro verbo:
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Art. 18 - (omissis)
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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO
Notadamente quanto aos Relatórios de Gestão Fiscal - RGF, o art. 5°, inciso I, e §§ 1° e 2°,
da já citada Lei Nacional n.O 10.028/2000 - Lei dos Crimes Fiscais -, determina que a não
divulgação do relatório de gestão fiscal, nos prazos e condições estabelecidos, também
constitui violação administrativa, processada e julgada pelo Tribunal de Contas, e punível
com multa pessoal de 30% (trinta por cento) dos vencimentos anuais ao agente que lhe der
causa, senão vejamos:
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)
§ 1° A infração prevista neste artigo é punida com multa de trinta por cento
dos vencimentos anuais do agente que lhe der causa, sendo o pagamento
da multa de sua responsabilidadepessoal.
fls. 704/705, que teria alterado o limite de suplementação do orçamento de 2% para 30%
do total das despesas fixadas, R$ 15.401.831,00, permitindo, assim, a abertura de créditos
até a quantia de R$ 4.620.549,30. No entanto, a referida norma não consta na certidão
emitida pela Câmara Municipal de Cuité/PB e acostada aos autos pelo próprio Prefeito,
fls. 160/161, que informa todas as leis aprovados e sancionados em 2006, comprometendo,
portanto, a sua autenticidade.
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Sendo assim, a abertura de créditos adicionais suplementares sem autorização legiSlativa;;;:"':~
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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO
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No tocante especificamente aos gastos com serviços contábeis e assessoria jurídica, nos
valores de R$ 37.400,00 e R$ 34.265,00, respectivamente, perfazendo um montante de
R$ 71.665,00, assinalados como despesa não licitada pelos peritos da unidade de instrução,
fls. 591/592, impende comentar que, não obstante as últimas decisões deste Pretório acerca
da admissibilidade da utilização de procedimento de inexigibilidade de licitação para a
contratação dos referidos serviços, guardo reservas em relação a esse entendimento por
considerar que tais despesas não se coadunam com aquela hipótese, tendo em vista não se
tratar de atividades extraordinárias que necessitem de profissionais altamente habilitados
nas suas respectivas áreas, sendo, portanto, atividades rotineiras da Comuna.
In casu, o Prefeito da Urbe deveria ter realizado o devido concurso público para a
contratação dos referidos profissionais. Neste sentido, cabe destacar que a ausência do
certame público para seleção de servidores afronta os princípios constitucionais da
impessoalidade, da moralidade administrativa e da necessidade de concurso público,
devidamente estabelecidos na cabeça e no inciso Il, do art. 37, da Carta Magna, verbatim:
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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO
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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO
Com efeito, deve ser enfatizado que a não realização dos mencionados procedimentos
Iicitatórios exigíveis vai, desde a origem, de encontro ao preconizado na Lei Maior,
especialmente o disciplinado no art. 37, inciso XXI, verbum pro verbo:
I- (...
)
Ademais, consoante previsto no art. 10, inciso VIII, da lei que dispõe sobre as sanções
aplicáveis aos agentes públicos nos casos de enriquecimento ilícito no exercício de mandato,
cargo, emprego ou função na administração pública direta, indireta ou fundacional - Lei
Nacional n.? 8.429, de 2 de junho de 1992 -, a dispensa indevida do procedimento de
licitação consiste em ato de improbidade administrativa que causa prejuízo ao erário,
in verbis:
I - ( ... )
O artigo 70, parágrafo único, da Lex Legum, dispõe que a obrigação de prestar contas
abrange toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde,
gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União, os Estados
ou os Municípios respondam, ou que, em nome destes entes, assuma obrigações de
natureza pecuniária.
Importa notar que imperativa é não só a prestação de contas, mas também a sua completa
e regular prestação, já que a ausência ou a imprecisão de documentos que inviabilizem ou
tornem embaraçoso o seu exame é tão grave quanto a omissão do próprio dever de prestá-
las, sendo de bom alvitre destacar que a simples indicação, em extratos, notas de empenho,
notas fiscais ou recibos, do fim a que se destina o dispêndio não é suficiente para comprová-
lo, regularizá-lo ou legitimá-lo.
Nesse contexto, merece transcrição o disposto no artigo 113, da já citada Lei de Licitações e
Contratos Administrativos - Lei Nacional n. o 8.666/93 -, que estabelece a necessidade do
administrador público comprovar a legalidade, a regularidade e a execução da despesa,
verbo ad verbum:
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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO
Visando aclarar o tema em disceptação, vejamos parte do voto do ilustre Ministro Moreira
Alves, relator do supracitado Mandado de Segurança, verbum pro verbo:
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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO
só tem que ser honesto e probo, mas tem que mostrar que possui tal qualidade. Como a
mulher de César."
Neste ponto, importa comentar, por oportuno, que as contribuições descontadas dos
segurados não poderão ser objeto de parcelamento, consoante previsto no art. 38, § 1°, da
Lei Nacional n.o 8.212, de 24 de julho de 1991 - Lei de Custeio da Previdência Social -, na
sua atual redação dada pela Lei Nacional n.o 9.711, de 20 de novembro de 1998, in verbis:
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§ 10 Não poderão ser objeto de parcelamento as contribuições descontadas
dos empregados, inclusive dos domésticos, dos trabalhadores avulsos, as
decorrentes da sub-rogação de que trata o inciso IV do art. 30 e as
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importâncias retidas na forma do art. 31, independentemente do diSPO. ... n..O---k'" .. \.
art. 95. (grifo nosso)
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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO
Com efeito, deve ser enfatizado, ainda, que o não repasse das contribuições previdenciárias
dos servidores da Urbe à previdência social caracteriza a situação de apropriação indébita
previdenciária, consoante estabelecido no art. 168-A, do Código Penal Brasileiro, dispositivo
este introduzido pela Lei Nacional n.o 9.983, de 14 de julho de 2000, verbatim:
Além do mais, referida irregularidade pode ser enquadrada como ato de improbidade
administrativa que atenta contra os princípios da administração pública, conforme dispõe o
art. 11, inciso I, da lei que trata das sanções aplicáveis aos agentes públicos - Lei Nacional
n.o 8.429, de 02 de junho de 1992, verbo ad verbum:
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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO
( ... )
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Por fim, ante as diversas transgressões a disposições normativas do direito objetivo pátrio,
decorrentes da conduta implementada pelo Chefe do Poder Executivo da Comuna de Cuité,
Sr. Antônio Medeiros Dantas, resta configurada a necessidade imperiosa de imposição da
°
multa de R$ 2.805,10 - valor atualizado pela Portaria n. 039/06 do TCE/PB -, prevista no
art. 56, incisos II e III, da Lei Orgânica do TCE/PB - Lei Complementar Estadual n.o 18, de
13 de julho de 1993, verbum pro verbo:
I - (omissis)
1) Com base no art. 71, inciso I, c/c o art. 31, § 10, da Constituição Federal, no art. 13, § 1 ,
da Constituição do Estado da Paraíba, e no art. 1°, inciso IV, da Lei Complementar Estadu I
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO
n.o 18/93, EMITA PARECER CONTRÁRIO à aprovação das contas do Prefeito Municipal de
Cuité/PB, Sr. Antônio Medeiros Dantas, relativas ao exercício financeiro de 2006,
encaminhando-o à consideração da ego Câmara de Vereadores do Município para julgamento
político da referida autoridade.
2) Com fundamento no art. 71, inciso U, da Constituição do Estado da Paraíba, bem como
no art. 1°, inciso I, da Lei Complementar Estadual n.O 18/93, JULGUE IRREGULARES as
contas do Ordenador de Despesas da Comuna no exercício financeiro de 2006, Sr. Antônio
Medeiros Dantas.
4) ASSINE o lapso temporal de 60 (sessenta) dias para recolhimento voluntário dos recursos
ao Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos
Profissionais da Educação - FUNDEB do Município, sob pena de responsabilidade e intervenção
do Ministério Público Estadual, na hipótese de inércia, tal como previsto no art. 71, § 4°, da
°
Constituição do Estado da Paraíba, e na Súmula n. 40, do colendo Tribunal de Justiça do
Estado da Paraíba - TJ/PB.
5) APLIQUE MULTA ao Chefe do Poder Executivo, Sr. Antônio Medeiros Dantas, no valor de
R$ 2.805,10 (dois mil, oitocentos e cinco reais e dez centavos), com base no que dispõe o
art. 56, incisos II e III, da Lei Complementar Estadual n.O 18/93 - LOTCE/PB.
10) FAÇA recomendações no sentido de que o Alcaide, Sr. Antônio Medeiros Dantas, não
repita as irregularidades apontadas no relatório da unidade técnica deste Tribunal e observe,
sempre, os preceitos constitucionais, legais e regulamentares pertinentes.
11) Com fulcro no art. 71, inciso XI, c/c o art. 75, caput, da Constituição Federal,
COMUNIQUE à Delegacia da Receita Federal do Brasil, em Campina GrandejPB, acerca da
falta de recolhimento de parte das contribuições previdenciárias efetivamente retidas dos
segurados, incidentes sobre as remunerações pagas pelo Poder Executivo de Cuité/PB,
durante o exercício financeiro de 2006.
12) Também com base no art. 71, inciso XI, c/c o art. 75, cabeça, da Lei Maior, REMETA
cópias das peças técnicas, fls. 590/598 e 803/808, do parecer do Ministério Público Especial,
fls. 810/819, e desta-ceclsâo à augusta Procuradoria Geral de Justiça do Estado da Paraíba,
para as provldê das ,~eis,
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