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Edição, redação, diagramação e fotos: Nathália Kneipp, Analista em Ciência e Tecnologia (CGEE)
2
Introdução ao estudo do futuro
A dinâmica de grupo proposta, por essas à formulação de julgamentos, ou
Peter Bishop, como primeira tarefa conclusões, sobre o que esses dados
aos participantes do curso indicavam.
“Introdução aos estudos sobre o futu‐
O professor ressaltou que “os dados por
ro” foi, em si, um exercício demons‐
si só não conduzem à decisão”. Para
trativo sobre a primeira etapa de qual‐
ilustrar como se chega a suposições e
quer estudo prospectivo: a coleta de
como essas podem ser equivocadas, ele
dados.
citou o exemplo da Nasa, que nos anos
Bishop solicitou aos participantes que 80, ao receber os primeiros dados de
usassem o número de pessoas na sala satélite sobre a redução de ozônio na
como uma escala para se autoclassifi‐ atmosfera, supôs que o instrumento de
Peter Bishop, professor da Universidade
car, nesse caso, de 1 a 47, ao respon‐ medição estava quebrado e buscou con‐
de Houston, Texas, que tem cursos de
der às seguintes questões: de onde sertá‐lo, pois admitir a existência de um
graduação e pós‐graduação em
vinham, por quanto tempo permane‐ “buraco” na camada de ozônio, à época,
“Studies of the Future“.
ciam no mesmo emprego e em que parecia muito improvável.
domínio atuavam, sendo engenharia
Peter Bishop segmenta em forecasting e
Você pensa como e matemática as áreas mais próximas
foresight o que se vê no ambiente que
um futurista? do número 1 e as literaturas e as artes,
está sendo estudado e planejamento e
as que mais se aproximavam do 47.
visão o que se quer fazer a respeito do
Feito isso, houve a coleta dos dados que se vê nesse dado universo. Na próxi‐
Faça o teste de “QI do Futurista”, elabo‐ por parte dos participantes, em que ma página, encontra‐se o brainmapping
rado por Peter Bishop: cada qual esteve “classificado” em de Bishop sobre os diversos métodos
comparação aos demais. Esses dados disponíveis para se estudar o futuro.
1. Existe um futuro ou vários futuros?
levaram a suposições (assumptions) e
(a) Um (b) Vários
7. Qual é o maior horizonte de tempo que 12. O que mais influencia o futuro de
2. O futuro já está determinado?
se pode prever? longo prazo?
(a) Sim (b) Não
(a) 1 a 2 anos (b) 3 a 5 anos (a) Demografia
(c) 5 a 10 anos (d) 10 a 25 anos (b) Meio ambiente físico
3. Podemos conhecer o futuro?
(e) Mais de 25 anos (c) Tecnologia (d) Economia
(a) Sim (b) Não
(e) Governo (f) Cultura
8. Qual é a melhor opção para se compre‐ (g) Todas influenciam muito o futuro
4. Qual fonte de mudança tem o maior
ender o futuro de longo prazo?
impacto no nosso futuro?
(a) Previsões claras e únicas. 13. Qual é a maior causa de erros de
(a)Forças globais e sociais em grande
(b) Múltiplos futuros possíveis. previsão?
escala e sobre as quais não temos con‐
(c) Nenhuma das alternativas. (a) Falta de informação.
trole.
(d) Ambas as alternativas. (b) As suposições de quem faz as previ‐
(b) Nossos próprios esforços para criar
sões .
um futuro para nós e para os outros.
9. Qual é a característica mais importante (c) Acontecimentos externos.
(c) Ambos, em proporções relativamen‐
de uma boa previsão?
te iguais.
(a) Acurácia (b) Precisão 14. Qual atitude em relação ao futuro é
(d) Alguma outra fonte de mudança.
(c) Utilidade (d) Clareza mais freqüentemente correta?
(a) Otimismo (b) Pessimismo
5. Como o futuro geralmente muda?
10. O que mais influencia o futuro de lon‐ (c) “Transformacionalismo”
(a) Em etapas lentas, incrementais, no
go prazo? (d) Fatalismo
decorrer de um longo período de tempo.
(a) Tendências (b) Acontecimentos (e) Todas são igualmente corretas
(b) De repente, em grandes saltos.
(c) Escolhas (d) Todas influenciam o futuro
(c) Ambos, em proporções relativamen‐
de maneira relativamente igual 15. Quem estabelece a visão para a
te iguais.
organização?
11. Que tipo de futuro é o mais útil para (a) O líder
6. Qual é a melhor imagem do futuro?
nós? (b) A alta direção
(a) Um jogo de dados.
(a) O futuro mais provável. (c) O time de planejamento estratégico
(b) Um riacho que corre rápido.
(b) Outros futuros possíveis. (d) Gerentes (líderes) em geral
(c) Uma pessoa, escrevendo um poema.
(c) O futuro que preferimos. (e) Todos os participantes do processo
(d) O delta de um rio.
(d) Todos são úteis por razões diferentes. (f) Nenhuma das alternativas anteriores
Continua na pág. 4
Peter Bishop
3
Pré-conferência
18. Qual é a característica mais sub‐
4
estimada e despercebida, na busca
16. Quais são as características mais 17. Qual é o termo que melhor descreve de um processo bem‐sucedido de
importantes de um plano estratégico o último processo de mudança significa‐ mudança ?
efetivo? (Escolha três). tivo do qual você participou? (a) Comunicação
(a) Compromisso ao cumpri‐lo. (b) Confiança
(b) Abranger tudo o que a organização faz. (a) Caótico (c) Visão
(c) Direcionamento geral para uma mu‐ (b) Decepcionante (d) Comprometimento
dança fundamental. (c) Nocivo
(d) Planos detalhados de implementação. (d) Útil
Para receber o arquivo, em inglês, com
(e) Ser compreendido por todos. (e) Visionário a análise de Peter Bishop sobre as
(f) Metodologia de planejamento válida. (f) Perda de tempo opções de resposta, favor solicitá-lo
por e-mail: nkneipp@cgee.org.br
“O cenário visionário corresponde a um resultado ideal ―
aquele que identifica e representa as esperanças compartilhadas
da comunidade, grupo ou organização.
Não se trata de um cenário objetivo. É uma hisstória sobre como
seria a sua aparência se tudo desse certo.
1 2 A
Cenários B, C, D, no conjunto, abordam as várias maneiras como
B
as coisas poderiam acabar erradas ou parcialmente erradas.
Existe um cenário preferido, desejado. A questão‐chave é: C
1) Defini‐lo (alcançar consenso sobre o que deve ser) 3 4
2) Ancançá‐lo na realidade.” A.G.
?
O horizonte temporal e a probabilidade
de ocorrência
Com freqüência, surgiram questões do que ocorrerá. É a favor de “melhores
relacionadas ao horizonte temporal decisões”. “Cenários não são previsões”. Representação gráfica
ideal para um estudo prospectivo, e dos níveis de incerteza.
No quesito tempo, Gordon destacou que o
qual seria a melhor forma de avaliar a
longo prazo abre o escopo do estudo a
probabilidade de ocorrência de um
muitas possibilidades. “O horizonte tempo‐ 1) baixa incerteza: visão clara do
cenário vir a tornar‐se real.
ral do exercício é função da velocidade de futuro. Resultado em que se
Essa última questão, em especial, pare‐ transformação do ambiente a ser estuda‐ pode acreditar;
cia ser uma espécie de mantra para os do”. Para áreas que mudam devagar, um
que estavam na conferência com o horizonte de até 20 anos pode ser cogita‐ 2) número limitado de resultados
propósito de se posicionar, estrategica‐ do. Para aquelas de rápida transformação, futuros possíveis, um dos quais
mente, para a prosperidade de seus recomenda‐se um horizonte temporal mais irá ocorrer;
respectivos negócios. reduzido. “Em geral, são dez anos, mas 3) Resultados indeterminados,
cada caso é um caso”, afirmou. porém dentro do mesmo cam‐
Gordon rechaça essa métrica de verifi‐
cação da probabilidade de ocorrência Incertezas po, e
de cenários. Diz que quem o faz não 4) um número ilimitado de resul‐
São as incertezas que norteiam as escolhas
compreende a natureza do exercício e tados possíveis. Verdadeira
das técnicas de construção de cenários.
de seus propósitos. Defende que o ambigüidade (o maior nível de
Gordon as divide em quatro níveis :
essencial, o “acerto”, se dá quando o incerteza residual).
conjunto de cenários capta a essência
Continua na pág. 6
Pré-conferência
Incertezas são forças importantes
6 Polaridades e classificação das incertezas que podem gerar desdobramentos
diferenciados no futuro.
Público / Estado Particular/ Privado
Fontes de financiamento 2
Extrínseco
Propósito Intrínseco 4
Local / Nacional
Globalização/Mercados/Currículo
Internacional 1
Total competição
Total colaboração
Competição 2
Inclusiva Exclusiva
Participação 3
Tamanho Tipo
Organização 5
Centrado no empregador Centrado no estudante
Emprego 3
Individual Idade e demografia Coletiva
2
Tradicional Novo / Inovador
Modo de aprendizagem 1
Obsoleta Avançada
Tecnologia 1
A. DEFINIR
10. Desenvolver as impli‐
cações da estratégia 11. Comunicar 12. Renovar 1. Definir os parâmetros do projeto
2. Definir o setor da indústria (status quo)
8. Escrever as histórias dos cenários 4. Determinar as incertezas e as suas polaridades
C. CONSTRUIR 6.Selecionar a lógica dos cenários
Narrativa torná‐lo plausível?” Essas defensiva” mas também pro‐ instituição pode desenvolver
questões são fundamentais. positiva. Para cenários de seu conhecimento, capacida‐
Ao escrever as histórias dos cená‐
Outro aspecto é analisar a valor neutro, há que se fazer des e necessidades tecnológi‐
rios, é preciso “criar um interesse
história sob a ótica dos atores um questionamento sobre cas?
humano, apresentar um contexto
(stakeholders). “Percorra o possíveis falhas. “Quais habili‐
para os acontecimentos que po‐
cenário sob vários pontos de dades, recursos e posições são • Aprendizagem organiza‐
derão ocorrer. Imaginação e cional, ou P&D, desenvolvi‐
vista: quem apoiaria o cenário necessárias para ser bem‐
plausibilidade são ingredientes mento de produto;
que surge? Quem tentaria sucedido? Quais são as forças
usados na mesma medida para se
bloqueá‐lo ou alterá‐lo? Como presentes nessas capacida‐ • investimento em expansão
estabelecer uma relação de causa
o sistema tentará ‘reparar‐se’ des?” interna ou em outra organi‐
e efeito.”
ou ajustar‐se ao que é propos‐ zação e
Ao finalizar cada cenário, eis
As pessoas, os stakeholders, de‐ to?”
algumas questões que devem
vem, necessariamente, aparecer • parcerias de longo termo,
Estratégia ser respondidas para a cons‐
na história. Gordon diz que os alianças estratégicas, ter‐
trução da estratégia: como a
“cenários são histórias que expli‐ “A estratégia não deve ser só ceirização etc.
citam o que é de valor para as
pessoas, ou expõem a forma Exemplo de cenário para o futuro da biotecnologia Sager, citado por A. G.
como elas se relacionam com
esses valores, o que pode vir a se Estado regulamentador Alta
Tecnoutopia
modificar com o transcorrer do
Desconfiança do público em relação I Transparência no processo de integração da
tempo (oportunidades e amea‐ n
à integração da biotecnologia para biotecnologia na medicina, agricultura, enge
ças)”. t
fins médicos, agricultura, engenharia nharia e produtos industriais. População se
e
Teste e produtos industriais. Há imposição entusiasma com as possibilidades trazidas
g
no uso da biotecnologia, causando pelas plataformas de uso da biotecnologia.
Para evitar que a narrativa não
ressentimentos. r
passe de ficção científica, Gordon a
ç
sugere que seja feita uma verifi‐
cação em relação à realidade. Baixa Aceitação ã Pública Alta
o
Propõe uma análise da estrutura
T Movimento de base
lógica do que foi enunciado: “está Atual
e
construído com os eventos bem Produtos de biotecnologia são raros, porém
c
encadeados? Contém ações e Os produtos de biotecnologia são n comercializados abertamente. Entusiasmo
reações que podem resultar no comercializados com discrição. Ceti‐ o público, há esforços educativos e para a ela‐
futuro vislumbrado? Quais outras cismo em alta entre a população. l boração de uma legislação apropriada sobre
ó
ações deveriam ocorrer para Poucos programas educativos a res‐ g o uso desejado da biotecnologia. Apoio da
peito do assunto. Confusão sobre i população a parcerias comerciais com o in‐
qual seria o uso apropriado da biotec‐ c tuito de expandir o uso da biotecnologia.
nologia. a
Baixa
8 Um novo olhar para o futuro
Nas próximas páginas, encontra‐se um breve enunciado sobre os temas
dos textos incluídos em “Seeing the Future Through New Eyes”, livro
editado por Cynthia Wagner e publicado pela World Future Society.
PARTE I ― PERSPECTIVAS E PROSPECTIVAS
Barton Kunstler Seth Kaufman
Relembra os oráculos antigos, o de Questionamentos sobre o controle
Apolo, em Delphi, e o “I Ching”, ou o que se pode exercitar na Web; como
Livro das Mudanças. Valoriza a com‐ os governos podem ditar, ou não, o
preensão da prospectiva nessas socie‐ fluxo de informações e até mesmo
dades, pois “não se pode mais depen‐ imiscuir‐se no futuro do islamismo
der apenas das abordagens racionalis‐ radical.
ta e mecanicista que, atualmente,
Título em inglês: “Worldwide wipe‐
dominam a área”.
out: The Greatest Publishing Story
Título em inglês: “The Ancient Ora‐ Never Told, Jihad, and the Uninten‐
cles Still Speak: Recasting Forecasting ded Consequences of the Internet´s
for the 21st century”. Killer App”.
Dave Stein
O autor destaca a necessidade de um
novo olhar para os desafios que se
apresentam à humanidade. Questio‐
na se estamos caminhando para uma
pluralidade cultural, ou para um mun‐
do monolítico em que não haverá
espaço para aqueles que não se ajus‐
tarem.
Título em inglês: “Through New E‐
yes: Transcending Culture‐Based As‐
sumptions” .
Continua na pág. 9
PARTE II ―FERRAMENTAS E APLICAÇÕES 9
Jitendra G. Borpujari Irving H. Buchen
“As civilizações podem ser classifica‐ Ao considerar os cenários como algo
das como excludentes ou inclusivas; “menos sensacional e melhor gerenciado
religiosas ou laicas. Os futuros globais que a ficção científica“, Buchen valida a
rivais são, portanto, expressos por um sua utilização como ferramenta de pros‐
quadrante que corresponde a vários pectiva não tão propícia ao planejamento
modos de viver: “religioso‐ quanto como documento de decisão que
excludente”, “laico‐excludente”, enuncia e testa as conseqüências conhe‐
“religioso‐inclusivo” e “laico‐ cidas e desconhecidas de soluções pro‐
inclusivo”. Título em inglês: “The postas aos problemas.
Quadrate: A Paradigm for Conflicting
Título em inglês: “Seeing Newly, Diffe‐
Civilizations and Global Futures”.
rently, and Futuristically with Scenarios”.
Don Mizaur
Propõe o conceito de “backcasting”― Paul Crabtree
após ter uma visão do futuro, procurar A tecnologia é descrita como uma matriz
retroceder e traçar etapas que permi‐ espacial de três dimensões. A mudança
Denis L. Balaguer tam a consecução do que foi vislum‐ tecnológica é definida como uma mudan‐
brado. Essa idéia visa aproximar pla‐ ça na dimensão da matriz, com o progres‐
“A inovação tecnológica dita o nejadores e futuristas.
so tecnológico definido como o aumento
ritmo com que o capitalismo
do valor líquido no conjunto de dimensões
vivencia uma dinâmica de mu‐ Título em inglês: “Backcasting from
dessa matriz. Analisam‐se os fatores que
danças econômicas. Essas mu‐ the Future: Predict the Future by Cre‐
governam essas mudanças.
danças de paradigma tecno‐ ating It” .
econômicos são historicamente Título em inglês: “Macrotechnology A‐
representadas como revoluções Romulo Werran Gayoso nalysis”.
industriais.” O autor considera “As decisões tomadas no mundo dos
que a economia evolucionária negócios não se baseiam em informa‐ Sami Leppimaki, Jukka Laitinen, Tarja
tem uma contribuição a dar aos ções perfeitas”. O autor considera o Meristo, and Hanna Tuohimaa
futuristas, especialmente ao impacto dos riscos existentes no am‐
“Os desafios do futuro devem ser incorpo‐
prover variáveis‐chave que po‐ biente para o planejamento estratégi‐
rados em considerações estratégicas, no
dem descrever como o sistema co, avaliando a eficácia do planeja‐
processo de inovação, planejamento de
muda. mento via cenários para a promoção P&D e no desenvolvimento de produtos
Título em inglês: “Forecasting de melhores desempenhos corporati‐ das empresas com a combinação do exer‐
the Next Industrial Revolution: A vos. cício de cenários aplicado ao desenvolvi‐
Structural Perspective from Evo‐ Título em inglês: “The Failure of Stra‐ mento de conceito.
lutionary Economics”. tegic Planning and Corporate Perfor‐ Título em inglês: “Visionary Concept:
Combining Scenario Methodology with
Concept Development”.
Howard S. Rasheed
Descreve as “seis etapas para a genialidade coletiva” com o propósito de
identificar, criar e distribuir conhecimento dentro de uma rede organiza‐
cional. “Estimular uma consciência comum e a aprendizagem pode ser a
competência mais relevante no futuro para criar e manter vantagens
competitivas em uma nova economia global”, avalia o autor.
Título em inglês: “A Scientific Approach to Collaborative Innovation and
Strategic Foresight: Connecting the ‘Dots’ Outside the ‘Box’”.
Continua na pág. 10
10 PARTE III―PROBLEMAS E OPORTUNIDADES
Stephen Aguilar‐Millan, Joan Foltz, Joseph N. Pelton e Christine Robinson
John Jackson e Amy Oberg
Novas soluções para problemas tais
Da mesma forma que a globalização como o aquecimento global, a polui‐
impulsionou o comércio de produtos ção, o transporte, o alto custo da e‐
lícitos, isso também ocorreu para os nergia e os ataques terroristas. Os
ilícitos. Narcóticos, partes do corpo, autores acreditam que ao se buscar
espécies ameaçadas de extinção, ver o mundo através das lentes da
software pirateado, comércio moder‐ “telegeografia” é possível mudá‐lo
no de escravos e trabalhos de arte para melhor.
roubados são alguns exemplos. Os
Título em inglês: “Seeing the Future
procedimentos que acompanham os
Through the Lens of Telegeography:
fluxos desses artigos ou serviços ilíci‐
Looking at New Ways to Address Glo‐
tos estão cada vez mais sofisticados.
bal Warming, Clean Energy and the
A lavagem de dinheiro alcança pro‐
9/11 Attacks”.
porções globais. O artigo analisa o
que ocorre na fronteira entre México
e EUA e o comércio moderno de mão‐
de‐obra escrava. Bruce E. Tom
Título em inglês: “The Globalization Identifica incongruências entre os Michael Bugeja
of Crime”. aspectos gerais relacionados ao de‐
senvolvimento sustentável e à teoria Desde os anos 1990, os educadores
e política econômicas. “Uma nova têm investido em tecnologias para o
visão de economia é necessária para consumidor em nome da acessibilida‐
Joan E. Foltz de. Com a inclusão digital concretiza‐
amparar o desenvolvimento sustentá‐
O futuro dos investimentos no merca‐ vel de longo prazo”. da, surgem as preocupações com a
do de ações acompanha as tendên‐ educação. Os preços das mensalida‐
Título em inglês: “Viewing Econo‐ des não cessam de ultrapassar o po‐
cias da globalização. Mudanças estru‐
mics Through the Prism of Sustaina‐ der aquisitivo daqueles que têm lap‐
turais significativas estão acontecen‐
ble Development and Self‐ tops, iPods e celulares, dispositivos
do e elas terão impactos crescentes
Sufficiency”. que possibilitam a interação em sala
nas bolsas de valores, nas economias
regionais e para os investidores. A de aula. Nesse contexto, não existe
capacidade de identificar estruturas diferenciação nítida entre entreteni‐
organizacionais de forma mais nítida mento e aprendizagem, o que é sinô‐
trará benefícios aos investidores do nimo de distração e é caro para os
futuro. usuários. Questiona o que os educa‐
dores estão dispostos a sacrificar para
Título em inglês: “Faster, Larger, fazer com que a universidade volte a
Riskier: Investing in the Future Global ter preços mais acessíveis.
Stock Exchange”.
Título em inglês: “In Praise of Acade‐
mic Disengagement” .
PARTE IV―INSPIRAÇÃO E AÇÃO: AVANÇAR
Clinton Anderson Arthur Shostak
“As crises de hoje resultam das más decisões do passado”. O autor cria um enredo fictício no qual uma adoles‐
Cita oito indivíduos que se destacaram como solucionadores cente, Elena, no ano 2015, freqüenta uma escola se‐
de problemas. Questiona como novos padrões de comporta‐ cundária onde os estudos do futuro já fazem parte do
mento humano poderão melhorar a situação atual do meio currículo. Discorre sobre quais seriam as matérias
ambiente. obrigatórias e optativas e os respectivos currículos
desses jovens futuristas.Título em inglês: “High
Título em inglês: “The Future is All Around Us”. Schools of the Future. ‘Boot Camp’”.
Continua na pág. 11
Transacional versus “Transformacional” 11
Les Wallace e James Trinka
Foco da liderança
“O tempo da liderança heróica
acabou”. Com base nessa afir‐ Algumas diferenças de direcionamento Jay Herson
mação, os autores analisam
como o século 21 parece diferir Um artigo de 2007, publi‐
Heróico Transformacional cado no jornal New York
do anterior, destacando cinco
legados válidos para o século Eu Nós Times, indicou uma ten‐
dência para o
atual e cinco comportamentos Chefe Coach (treinador) “voluntariado remunera‐
de liderança que geram esses do” (oximoro, um parado‐
legados. Contar Perguntar xo), especialmente entre
Título em inglês: “Leadership Independente Interdependente os baby‐boomers, que pre‐
feriam ganhar entre US$
as Legacy Works”. Exclusivo Inclusivo 10 e US$15 a hora por esse
Empurrar Puxar tipo de atividade. Isso de‐
corre de uma sensação de
Francis R. Stabler Sigiloso Transparente que esse tipo de trabalho
Resultados de negócios Valores balanceados não é valorizado por não
“Os seres humanos têm migra‐ ser pago. Uma indústria
do para novas áreas por muitos Input limitado Muito input
começa a surgir na Inter‐
milhares de anos. Com a possi‐ Controlar Facilitar net, fazendo a ponte entre
bilidade futura de migrar para os aposentados e o traba‐
Estabilidade Mudança
fora do planeta, os nossos des‐ lho voluntário remunera‐
tinos serão a Lua, o sistema Um ou outro Ambos e... do. O artigo analisa qual
solar, a galáxia e o universo”. será o futuro dessa ten‐
Operacional Estratégico
dência e apresenta três
Título em inglês: “Expansion cenários distintos.
for the Good of Humanity”.
“Título em inglês: “Paid
Volunterism: Is There an
Oxymoron in Our Future?”
Hubble — Internet
“Pré-conferência” em Brasília
Segundo exercício com o Idea Accelerator
profissionais.
Questionamento que esteve presente
não só na apresentação de Marcio Mi‐
randa, como também em outros fóruns
da Conferência: “Como proce‐
der para que o processo deci‐
sório dos governos, incluindo
a formulação de leis e políticas
públicas, possa se beneficiar
com o melhor conjunto de
conhecimento disponível,
aliado a uma visão estratégica Marcio Miranda discorreu na Conferência Anual da
de longo prazo?” WFS 2008 sobre a atuação do CGEE .
Plenária de abertura
16
18
19
Aposta na inteligência coletiva
Um erudito que integra a equi‐ 2004, por James Surowiecki, O uso desse aplicativo
pe do Projeto Milênio e assina defensor da premissa de que no Projeto Milênio
o relatório “2008, State of the grupos pequenos têm um de‐ chamou a atenção da
Future”, Theodore Gordon sempenho mais inteligente Rússia e da África do
propõe o questionamento que aquele dos indivíduos iso‐ Sul. Esses dois países
quanto à eficácia da inteligên‐ lados e que essa inteligência pediram e receberão o
cia coletiva. coletiva está moldando os código para aprimorá‐
negócios, economias, socieda‐ lo.
Aponta, como resposta negati‐
des e nações da atualidade.
va a essa questão, o livro Sobre quais são os
“Extraordinary Popular Delusi‐ Gordon é partidário dos que atributos das decisões
ons and the Madness of apostam na inteligência coleti‐ de sucesso, Gordon
Crowds”, de 1841, escrito por va. Acredita que o Delphi serve mencionou os
Charles Mackay. como uma demonstração de estudos de
que é possível obter respostas prioridades.
Ao lado dos que apostam na
melhores que aquelas dos indi‐
inteligência coletiva, cita “The
víduos escolhidos de forma Theodore Gordon é co‐autor do relatório
Wisdom of Crowds”, publicado
aleatória. “2008, State of the Future”, fundador do Futu‐
como resposta a Mackay, em
res Group, trabalha em Old Lyme, Connecticut.
A era da mente
Nas macrotendências e meso‐ Da mesma forma que o holan‐ às doen‐
tendências tecnológicas do dês Klerks recomenda a leitura ças neuro‐
estudo holandês sobre o crime da entrevista do Instituto Ra‐ l ó g i c a s ,
organizado aparece um desta‐ thenau, no blog http:// a v a n ç o s
que para a nova geração de futureimperative. Blogs‐ para a
estimulantes, novos fármacos, pot.com, Albus menciona o educação
que associados às tecnologias que está sendo feito no Kras‐ e design
de microeletrônica e computa‐ now Institute for Advanced computa‐
ção, produzirão medicamen‐ Studies, da George Mason cional.
tos de alta influência sobre a University.
No lado
mente dos seres humanos.
Esse grupo busca relacionar a das más
O americano James S. Albus psicologia cognitiva, a neurobi‐ n o t í c i a s ,
James S. Albus, colaborador sênior
colocou cifras no interesse dos ologia e o estudo sobre inteli‐ antevê o desemprego
da divisão de sistemas inteligentes
Estados Unidos em promover a gência artificial e os sistemas como um dos proble‐
do National Institute of Standards
década da mente: “são complexos de adaptação para mas mais relevantes
and Technology, Gaithersburg,
US$400 milhões por ano em ampliar os conhecimentos decorrentes da cres‐
Maryland. Apresentou o trabalho
um programa nacional que visa sobre como a mente, o cére‐ cente proliferação da
“The Future of Intelligent Systems
compreender os mecanismos bro e a inteligência funcionam. robótica.
Technology and How It Can Chan‐
de funcionamento da mente,
Comentou quais seriam os James Albus, autor de ge the World”.
informou”.
bons resultados obtidos com “Peoples´ Capitalism:
Albus citou as experiências novos produtos e serviços ori‐ The Economics of the
feitas com neurônios, para se ginados a partir desses estu‐ Robot Revolution”, criticou também alguns aspectos do siste‐
entender a consciência, associ‐ dos, especialmente quando ma capitalista que tendem a favorecer o surgimento de mono‐
adas à ciência computacional aplicados às áreas promotoras pólios e oligarquias. Propõe um sistema alternativo em que
para se construir inteligência. de saúde mental, no combate cada um seja uma espécie de venture capitalist.
colaboração e democracia
Os avanços tecnológicos estabelecem por mediação novo perfil de uni‐
trouxeram um jargão que já da Web, com ampla gama de versidade: “Nas uni‐
permeia as conversas de aparatos devotados à comu‐ versidades moder‐
grande parte da sociedade. nicação em tempo real, ou nas, não só história e
Carrie Rathsack manteve o assíncrona; a revolução vem assuntos correntes
foco de sua apresentação nas com o acesso aberto aos con‐ deveriam fazer parte
mudanças da era digital, con‐ teúdos (open access), à fonte do currículo, mas
vencida de que há um novo dos programas de computa‐ também um curso
paradigma não só em cons‐ dor (open source), favorecen‐ de Desenvolvimento Carrie Rathsack é diretora‐
trução, mas em contínua do o movimento de inclusão de Foresight seria assistente do Centro para o Ensino,
mudança. digital e o comércio eletrôni‐benéfico para todos Aprendizagem e Tecnologia, da
co invoca a os estudantes de Bowling Green State Universidty,
em Ohio.
rede de tecno‐ graduação.” Essa foi
logias da Cisco.
uma bandeira trazida ao evento por
vários futuristas, entre os quais desta‐
São essas e
ca‐se John Smart, presidente da Acce‐
muitas outras
leration Studies Foundation, da Cali‐
novidades que
fórnia.
se incorporam
pouco a pouco Os americanos já têm uma proposta
ao ambiente para incluir essa e outras matérias rela‐
de trabalho, na cionadas aos estudos do futuro e às
cultura, em técnicas de foresight, até mesmo como
“Tudo é possível”, Rathsack geral, das comunidades. “Em pré‐requisito para ingresso na gradua‐
fez o trocadilho em alusão ao breve, veremos um anúncio ção. O texto de Arthur Shostak, no
lema da campanha da Adidas de emprego no jornal para livro “Seeing the Future Through New
que usou a história de supe‐ ‘generalistas com capacidade Eyes”, é um exercício de visualização
ração de atletas, como Mu‐ de síntese futurista’, ironizou dessa idéia ao ser concretizada (pág.
hamed Ali, em sua publicida‐ a diretora da Bowling Green. 10).
de.
Tais convergências trazem Tal proposta surgiu na Universidade de
Mudanças e oportunidades aceleração, com novos ciclos Tamkang, na década de 1990, confor‐
estão em toda a parte. Com a superando os anteriores em me relatou Smart, e frutificou nos Es‐
democratização de acesso às uma dinâmica que também tados Unidos em um primeiro curso de
redes, cidades inteiras viven‐ encontra certas resistências. Desenvolvimento de Foresight, ofere‐
ciam a perspectiva de intera‐ Para essas, “as instituições e cido pela University of Advancing Te‐
ção on‐line; “a aprendizagem os indivíduos devem se pre‐ chnology, em Phoenix, no Arizona, que
torna‐se uma modalidade parar, adaptar‐se às transfor‐ tem por missão “educar os inovadores
contínua que acompanha a mações que estão por vir”, do futuro”.
pessoa por toda a vida”. concluiu a educadora.
Ao lado a foto da
Jargão Fórum sobre Educação cidade do futuro
(2080), publicada no
O espaço da escrita ampliou‐ As palavras de Carrie Rath‐
wiki em que os estu‐
se para além dos programas sack também tiveram pre‐
dantes desse curso
de tratamento de texto, pas‐ sença em um fórum mais
compartilham seus
sou para os blogs e wikis; o abrangente, o “Education
recursos e interesses.
áudio é o podcast; imagens Summit: Learning for Tomor‐
Acessível na URL:
estão em galerias e coleções row”, que transcorreu duran‐
h t t p : / /
construídas com zelo; recur‐ te todo o sábado, dia 26 de
f o r e s i g ht de ve l o p ‐
sos encontram‐se nos book‐ julho de 2008.
ment.wetpaint.com/
marks, compartilhados em
Entre os destaques desse
redes sociais; contatos se
fórum houve a menção a um
24 Fórum dos membros profissionais
Countries”) entre as muitas yle e da Technology Foresight, ou
opções das sessões da pré‐ seja, uma atividade similar àque‐
conferência. la realizada pela inglesa Shap‐
Social Technologies ping Tomorrow.
Continua na pág.25
25
metria, pois podem apontar se os “não se aterem aos dados quantita‐ bros Profissionais, espé‐ Stephen Aguilar‐Millan,
parâmetros escolhidos são os corre‐ tivos ao considerar alternativas de cie de sessão final da diretor de pesquisa do Euro‐
tos, se a mensuração é feita com a futuro que competem entre si, bem Conferência. Em outra pean Futures Observatory
utilização dos componentes apropri‐ como ao aceitar que qualquer previ‐ sessão, Wright abordou, do Reino Unido.
ados e se a margem de erro quer são sobre o futuro contém a possi‐ em conjunto com Les
dizer algo mais; enfim, podem ‘ler bilidade de erro”, concluiu. Wallace, a questão do perfil da liderança que se espera
nas suas entrelinhas’”. para o século 21 (veja detalhes na pág. 11).
Keneth W. Hunter foi um dos pales‐
Aguilar‐Millan considera o trabalho trantes responsáveis pela síntese
dos futuristas de extrema valia por dos trabalhos do Fórum dos Mem‐
Plenária de encerramento
Tecnologias para o sistema de
Foto: WFS
The Futurist
The Futurist é a revista da WFS. É
uma publicação independente que
traz previsões, tendências e idéias
sobre o futuro, incluindo os mais re‐
centes desenvolvimentos, cenários e
tecnologias emergentes com idéias
Susan Echard trabalha há 31 anos na World Future práticas e ferramentas para ajudar a
Society. Vice‐Presidente, responsável pelo regis‐ criar um amanhã melhor.
tro dos membros e logística da conferência, foi
Anualmente, desde 1985, os editores
homenageada na plenária de encerramento pela
da The Futurist selecionam as melho‐
dedicação e profissionalismo com que
res idéias e previsões que foram publi‐
conduz as atividades de organização
cadas na revista para entrar no Relatório Anual de Perspectiva .
desse evento anualmente.
Nesses mais de 20 anos, esse relatório tem chamado a atenção
De todos os colegas do Brasil, o nosso para o aparecimento de desenvolvimentos célebres que incluem,
por exemplo, a Internet, a realidade virtual e o fim da Guerra Fria.
Thank you Susan!
Continua na pág.27
27
Dez previsões selecionadas pela WFS em 2008
1 O mundo terá um bilhão de milionários em 2025.
James Canton, autor de "The Extreme Future", revisado em THE FUTURIST, maio-junho de 2007, pág. 54.
→ A globalização e a inovação tecnológica estão conduzindo o episódio de prosperidade que presenciamos. Com a prosperidade
surgirão outros desafios como a escassez de água que afetará 2/3 da população mundial antes de 2025.
2 As tecnologias e os gostos convergirão para revolucionar a indústria têxtil.
Patrick Tucker, "Smart Fashion", THE FUTURIST, setembro-outubro de 2007, pág. 68.
→ Surgirá a moda que aliará design a tecidos inteligentes, em que, por exemplo, as roupas poderão mudar de cor ou emitir perfu‐
mes variados. Os relógios de pulso funcionarão como carteiras digitais. Energizar essas engenhocas ainda é um obstáculo importan‐
te. No entanto, os tecidos inteligentes já representam um mercado de US$400 milhões. Especialistas do setor industrial acreditam
que os panos high‐tech poderão revitalizar a indústria têxtil americana e a européia.
3 A ameaça de uma outra Guerra Fria, com a China, ou com a Rússia, ou, ainda, contra ambas,
poderá substituir o terrorismo como tópico principal da política externa dos Estados Unidos.
Edward N. Luttwak, "Preserving Balance among the Great Powers", THE FUTURIST, novembro-dezembro de 2006, pág. 26.
→ Cenários de uma guerra com a China, ou contra a Rússia, fariam os atuais confrontos armados em que os Estados Unidos estão
envolvidos parecer insignificantes. O poder dos terroristas é irrisório se comparado, por exemplo, com a força dos mísseis soviéti‐
cos. Assim, o foco da política externa americana deveria se concentrar em impedir combates entre as grandes potências.
4 A falsificação de papel‐moeda irá proliferar e liderar o movimento
para uma sociedade sem uso do dinheiro convencional.
Allen H. Kupetz, "Our Cashless Future", maio-junho de 2007, pág. 37.
→ Nos próximos cinco anos, as novas e sofisticadas tecnologias de leitura óptica (scanning) serão facilitadoras para os falsificadores
de dinheiro. Atualmente, um número crescente de indivíduos utiliza meios eletrônicos de pagamento. Ao mesmo tempo, a tecnolo‐
gia aperfeiçoada torna o dinheiro eletrônico mais fácil e mais seguro de usar.
5 A Terra está à beira de um significativo evento de extinção.
World Trends & Forecasts, novembro-dezembro de 2006, pág. 6.
→ De acordo com o World Resources Institute, o século 21 poderá testemunhar um colapso da biodiversidade de 100 a 1.000 vezes
maior que qualquer outro fenômeno de extinção ocorrido na Terra desde o início da humanidade. Proteger a biodiversidade em um
tempo de consumo crescente de recursos, superpopulação e degradação ambiental exigirá um sacrifício contínuo por parte das
comunidades locais, freqüentemente empobrecidas. Os especialistas afirmam que incorporar os interesses econômicos das comu‐
nidades locais em planos de conservação será essencial para a proteção da espécie no próximo século.
6 A água será, no século 21, o que o petróleo foi no século 20.
William E. Halal, "Technology's Promise: Highlights from the TechCast Project", novembro-dezembro de 2007, pág. 44.
→ A escassez de água potável e as secas estão se alastrando, tanto nos países em desenvolvimento, como nos desenvolvidos. Em
resposta, o Estado da Califórnia está construindo 13 usinas de dessalinização que poderão produzir de 10% a 20% da água desse
Estado americano nas próximas duas décadas. Até lá, a dessalinização já terá se tornado uma técnica mais disseminada.
7 No ano 2050, a população mundial já terá crescido mais do que o es‐
perado, devido à melhor saúde e à maior longevidade das pessoas.
World Trends & Forecasts, setembro-outubro de 2007, pág. 10.
→ Declínios de fertilidade, mais lentos que os esperados em países em desenvolvimento , e a longevidade crescente em países
ricos estão contribuindo para uma taxa de crescimento populacional mais elevada. Com isso, a ONU aumentou em 100 milhões sua
previsão para a população mundial em 2050, passando de 9,1 bilhões de pessoas para 9,2 bilhões.
8 O número de africanos vítimas de inundações será 70 vezes maior em 2080.
World Trends & Forecasts, julho-agosto de 2007, pág. 7.
→ A rápida urbanização verificada na África está alterando o fluxo natural das águas e cortando as suas rotas de escoamento.
Continua na pág.28
28 Isso faz com que as inundações passem a ser particularmente perigosas. Se o nível do mar no planeta subir os esperados
38 centímetros até 2080, o número de africanos afetados por inundações passará de 1 milhão para 70 milhões.
9 Os preços cada vez mais elevados dos recursos naturais poderão conduzir a
uma corrida desenfreada para desenvolver o Ártico.
Lawson W. Brigham, "Thinking about the Arctic's Future: Scenarios for 2040", setembro-outubro de 2007, pág. 27.
→ Não só o petróleo e o gás natural, como também as reservas de níquel, cobre, zinco, carvão, água doce, as florestas e os peixes
existentes no Ártico são altamente cobiçados pela economia global. Assegurar um certo controle sobre essas riquezas, ou encon‐
trar modos eqüitativos e sustentáveis para compartilhá‐las, será um desafio político muito importante para as próximas décadas.
10 Crescerá o número de decisões tomadas por entes não‐humanos.
Arnold Brown, "'Not with a Bang: Civilization's Accelerating Challenge", setembro-outubro de 2007, pág. 38.
→ Equipes eletronicamente habilitadas em redes, robôs com inteligência artificial e outras formas de vida não‐carbônicas tomarão
decisões para todos nós sobre os mais variados assuntos tais como finanças, educação, saúde e até mesmo política. A razão disso é
que a tecnologia está aumentando a complexidade das nossas vidas em um ritmo que a competência dos trabalhadores humanos
não está conseguindo acompanhar e, assim, os desastres resultantes de erro humano serão cada vez mais freqüentes.
Curiosidades — The Futurist
Nanotecnologia Leitura da linguagem corporal
“Entrevistas com um grupo de especialistas em “A verdade está nos olhos, mas tam‐
nanotecnologia geraram uma lista de prováveis bém nos gestos. Um sistema desen‐
desenvolvimentos divididos em três horizontes volvido pelos cientistas da Universi‐
de tempo, a saber: dade de Manchester usa uma câmera
e inteligência artificial para processar
Daqui a dois ou cinco anos: padrões de comportamento não‐
• Pneus de carro que precisam de ar apenas verbal. Esse sistema é capaz de avali‐
uma vez por ano; ar estados de decepção, agressão,
esgotamento e até mesmo as fases
• Diagnósticos médicos completos em um úni‐ iniciais do mal de Parkinson.”
co chip (circuito integrado) de computador;
• Concentradores portáteis que produzem água Dentes de reposição
potável a partir do ar.
“Em breve, as coroas e os implantes
De cinco a dez anos: dentários cairão em desuso. As pes‐
soas poderão produzir os seus pró‐
• Computadores potentes que cabem em uma
prio dentes de reposição naturalmen‐
carteira;
te. Células‐tronco serão retiradas de
Hidrelétricas de dupla função
• Medicamentos que fazem com que a Aids e o um indivíduo e tratadas e cultivadas
câncer passem a ser doenças tratáveis; “Um novo processo para remo‐ em laboratório. Em seguida, essas
células serão reimplantadas no interi‐
• Edifícios inteligentes que se auto‐estabilizam ver o sal da água do mar e torná‐
or da gengiva da pessoa, no local do
durante terremotos e bombardeios.
la potável pode ser alimentado dente perdido ou extraído. Um novo
pelo excesso de calor das usinas dente nascerá e se formará no lugar
De 10 a 15 anos: de energia elétrica. Um pequeno desejado.”
protótipo operacional mostra
• Inteligência artificial tão sofisticada que não
será possível saber se quem responde a um que o calor residual
telefonema é uma pessoa ou uma máquina; (inaproveitável) de uma usina
elétrica de 100 megawatts pode
• Pintura a partir do computador; produzir 5,7 milhões de litros de
• O organismo poderá ser tratado quase total‐ água fresca diariamente a um
mente a partir de seu interior, reduzindo e até custo bem inferior àquele dos
mesmo eliminando a necessidade de cirurgi‐ métodos de dessalinização con‐
as.” vencionais.”
29
Washington, DC, 2008
Arte
30
Papageorge eterniza imaginário da separação:
veias abertas entre África e Brasil
A pouca distância da Conferência, no Museu Nacional de Arte Africana, o
Foto: Internet
tema do vídeo “Africa Rifting: Lines of Fire, Namibia/Brazil”, de Georgia Pa‐
pageorge, traz uma sensação de proximidade aos conteúdos mais relacio‐
nados à espiritualidade e à cultura, que também estiveram presentes nas
discussões da World Future Society. Alcança, ainda, o imaginário daqueles
futuristas que buscam visualizar os redesenhos geomorfológicos, demográ‐
ficos, que estão reservados ao planeta em seu futuro.
Georgia Papageorge, artis‐
Filmado em setembro de 2001 nas praias do ta sul‐africana
Brasil e da Namíbia, o título do filme poderia
corresponder ao de um cenário narrado há mais de 150 milhões de
anos por um futurista que tivesse feito um estudo para os próximos
15 anos de seu continente e quisesse explicitá‐lo em imagens, de
forma abstrata. Em um dos cenários visualizados ― Africa rifting ―,
diria que, nesse horizonte temporal, haveria uma grande separação
territorial, originando o que hoje se conhece por África e América do
Sul.
Contemplativo, sem palavras ou pessoas, o trabalho de Papageorge
serve também como um poema sobre o luto por sua filha, que aos
dois anos de idade morreu vítima de câncer. Simboliza o sofrimento do apartheid, por ela
conhecido, sentimentos depositados na metáfora sobre a separação das terras da África
e América do Sul, cordão umbilical de povos, culturas, destinos, aspirações sepultadas
nos navios negreiros, narrativas de Castro Alves: “O mar em troca acende as ardentias,/
― Constelações do líquido tesouro.../ Stamos em pleno mar... Dois infinitos/
Ali se estreitam num abraço insano,/ Azuis, dourados,
p l á c i d o s , s u b l i m e s . . . /
Qual dos dous é o céu? qual o oceano?”
Essa estrofe se materializa nos movimentos de câme‐
ra à medida em que tecidos vermelhos deslizam no ar
e se tornam ora a sangria de toda uma nação, ora são
percebidos como imagens de pássaros que fazem
evoluções no céu. Efeitos sublimes que evocam sin‐
cronicidade e transcendência.
O curta‐metragem abre ainda a perspectiva de um
olhar sobre a estratégia do colibri – polinização criati‐
va e globalização, conforme ideário do sociólogo e
jornalista Francesco Morace. “Existe um fenômeno de
convergência, visando à construção de um corpo inte‐
gral, dotado de um cérebro e de uma capacidade cria‐
tiva igualmente global”.
Hoje, a América presencia a trajetória de Barack Obama. O Brasil enuncia como desta‐
que estratégico para o país, em sua Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP), a inte‐
gração com a África. A Embrapa se instalou em Moçambique em 2005. Farmanguinhos
produzirá remédio anti‐AIDS para esse continente. O sistema de quotas para negros em
universidades brasileiras reacende o debate sobre as condições socioeconômicas predo‐
minantes em relação à população negra do continente americano. Esses são sinais de
que a África, especialmente para o Brasil, foi e será sempre um espaço para um futuro
compartilhado, quiçá melhor planejado.
31
A seguir, algumas bissociações en‐
tre fotos tiradas em Washington e
frases, ou trechos, do livro “Seeing
the Future Through New Eyes”.
32
The U.S. Botanic Garden
“Create study and research centers to investigate not only telegeo‐
graphy, telework and integrated systems analysis and planning, but
also economic and pricing systems designed to reward sustainability
and other practices needed to sustain humans, wildlife, rain , we‐
tlands, agricultural systems, clean energy, and nonrenewable re‐
sources or to create tax or other penalties to discourage practices
that threaten human, wildlife, and agricultural ecosystems that sus‐
tain life.”
Pelton and Robinson: Telegeography, pg. 279
33
The U.S. Botanic Garden
“Each month, 8 million people (the population of New York City) join
an Earth already groaning. In the United States, we generate 12 billi‐
on tons of solid waste a year ― that´s twenty times the total a‐
mount of ash released by the 1980 eruption of Mount Saint Helens.
Over 200 million tons of airborne wastes are added to the atmos‐
phere each year, joining 90,000 tons of nuclear waste, most of whi‐
ch will be poisonous for another 100,000 years.” (Benyus 1997, 240‐
41)
Anderson: The Future Is All Around Us, pg. 344
34
The U.S. Botanic Garden
“Attention should go as well to examples of successful modern ap‐
plied utopian thinking, such as The Farm (Tennessee) and other
communes around the world, as well as the entire Scandinavian na‐
tion complex and the small Kingdom of Bhutan, where a ‘Gross Nati‐
onal Happiness’ helps a democratizing monarch measure progress
and minimize the toll that modernization can take. As well, of cour‐
se, the worldwide environmental movement fits in here, especially
as key members are busy promoting what they call ‘Greenopia’”.
Shostak: High Schools of the Future, pg. 403
35
Smithsonian National Air and Space Museum
“Now we are on the brink of the biggest new frontier that humanity
ever had the opportunity to explore. We have orbited the Earth and
walked on the Moon. We have sent probes to Mars and beyond to
the very edge of our solar system”.
Stabler: Expansion for the Good of Humanity, pg. 425
36
Smithsonian
“Scenarios have to obey two sets of unwritten laws: those of the fu‐
ture and those of fiction. The surprise is discovering that in many
ways they are the same. You direct and are directed, you shape and
are shaped, you possess and are possessed. The future is not ahead,
it is alongside ― it is at once familiar like your shadow but casts a
different likeness. The scenario thus operates under and celebrates
the same mysterious dynamics of all imaginative work. You create
characters and events, but then they take over and create themsel‐
ves. Indeed, if they didn´t , that would signal that you and your visi‐
on are in total control, with little or no room left for them to be auto‐
nomous and for your collaborative partner to contribute. That is why
the impact of a genuine scenario is always double ― it is both famili‐
ar and surprising, is easy to follow but then takes an unexpected
turn, reads like a daily newspaper and an exotic work of science ficti‐
on. It is always and finally an escape to reality.”
Buchen: Seeing Newly, Differently, and Futuristically, pg. 145
37
Smithsonian
“The global future hangs on hopes for a rising spirit of inclusion across the fault
lines of civilization. Happily, the time seems more promising now than ever be‐
fore for the inclusive spirit to grow, since technology is continuing to shrink the
world at a rapid pace. The result is a vastly expanded scope for understanding
and acceptance of differences within and accross diverse ways of life. The ri‐
sing capacity to process and spread information is continuing to free more and
more individuals and communities worldwide from historic isolation and inef‐
fectiveness. This is an especially welcome development for Inclusive Huma‐
nists, representing the only cultural identity in the quadrate hamstrung by the
absence of a geographical base. As diffuse and international as it has been, In‐
clusive Humanism retains its syncretic promise for a global future of greater
amity and cooperation across the many fault lines of secular and religious ex‐
clusion.”
Borpujari: The Quadrate, pg. 140
38
Freer and Sackler Galleries
“Our greatest responsability is to be good ancestors.”
(Jonas Salk)
Wallace and Trinka: Leadership as Legacy Work, pg.363
39
Freer and Sackler Galleries
“Biotechnology, specifically cloning, could offer the option of
marrying yourself — of forming a solipsistic marriage with a
cloned version of you of the opposite sex. But then, one
could as easily have a homossexual marriage with another
version of you of the same sex. Though it involves time travel
as an added element, in David Gerrold´s The Man Who Folded
Himself, the main character, through looping through time,
becomes his daughter, his son, his mother, his father, and his
wife.”
Lombardo and Lombardo: The Evolution... of Marriage, pg.97
40
National Museum of African Art
“The future is all around us.”
Anderson, pg. 337
41
National Museum of African Art
“Spirituality has become the word of the hour. But what is spiritua‐
lity? ... Spirituality means feeling at one with that which we call the
divine. But when I think of the divine I ... think of our own most evol‐
ved qualities: our profound human capacity for empathy, for love, our
striving for Justice, our hunger for beauty, our yearning to create...
Spiritual means being ethical and, in the true sense of the word, mo‐
ral.”
Lombardo and Lombardo: The Evolution... of Marriage, pg..103