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Apresentação

Chegamos ao início de um novo curso por demais


relevante para aqueles que aspiram ou já se
encontram no exercício do pastorado.

Esperamos que esta troca de idéias e informações


relativas ao Ministério Pastoral, possam servir para
despertar a cada um dos alunos para um
aprofundamento pessoal nesta relevante área.
Colocamos à disposição da turma esta apostila que
trata de assuntos amplos acerca do Ministério
Pastoral.

Aproveitem as horas vagas e não-vagas e leiam este


material para aprofundarem suas visões acerca da
temática.

Procurem desenvolver algum assunto pertinente a esta


disciplina, elaborem textos e discutam os mesmos.

Compartilhem este material com outros líderes –


troquem idéias!
Bom proveito !
Teologia Pastoral 2009

Ser Pastor
João 10:4 "(...) vai adiante delas [suas ovelhas], e elas
o seguem, porque lhe reconhecem a voz (...)"

Dagomir Marquezi, jornalista e escritor contemporâneo,


sintetiza em algumas palavras a idéia popular do que vem
a ser um político hoje: "Político (...) é sinônimo de
mentiroso, a quem nosso voto arranja um empregão
cheio de poder e tráfico de influência".

Embora saibamos que existem muitos políticos corretos,


que cumprem com responsabilidade e honradez suas
funções, verificamos que o mal "acometedor" de políticos
está (e isto é grave) na raiz, na própria natureza do
homem. Se os políticos por profissão são mentirosos, será
que a sociedade de onde eles provêm também é assim?

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Teologia Pastoral 2009
Novamente friso o cuidado que devemos tomar com as
generalizações, até porque nesta mesma sociedade
existem corações retos e a igreja de Cristo, que fazem
exceções à regra. Mas, a grosso modo, o que se verifica é
a falta de probidade generalizada.

Às vezes tenho a impressão de que muitos vêem o pastor


como uma espécie de político do tipo dominador - que, tal
como um "patrão" despótico, faz o que quer com a igreja -
e ao mesmo tempo paternalista - que protege pessoas de
sua preferência, acolhendo-as ou acobertando suas faltas,
ainda que isto contrarie as normas éticas e sociais
vigentes.

Mas, pelo contrário, um pastor deve ser o exemplo


imediato de tudo o que ele próprio fala e ensina à sua
comunidade. Um pastor deve saber que foi separado por
Deus para se apresentar como modelo do rebanho que lhe
foi confiado por Cristo. Um pastor deve saber que a sua
maior honra é poder servir, e não "se servir", ou "ser
servido".

Ser pastor não é "querer receber de todos" em beneficio


próprio, e, sim, doar-se mais do que todos. Ser pastor é
falar a verdade e caminhar com o rebanho pelo Único
Caminho pelo qual a igreja deve ser guiada. Quanto a
esta, precisa conhecer muito bem o seu pastor, sua vida
pública e sua vida privada. E, principalmente, a igreja
deve orar sempre por seu pastor.

Há poucas coisas que eu gostaria de pedir à minha igreja.


Na verdade, só peço mesmo a vocês que orem para que
o seu pastor aprenda diariamente a ser pastor (nunca
um político), e para que a Igreja de Cristo jamais venha a
ser confundida com os espaços mundanos, sujeitos ao
que não procede de Jesus.

Rev. Josué Rodrigues

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Teologia Pastoral 2009

Ser Pastor Hoje


Ricardo Agreste da Silva

Reflexões sobre o pensamento de


Eugene H. Peterson acerca da vocação pastoral

Nos últimos quatro anos, tenho sido tremendamente


impactado pelos escritos de um pastor presbiteriano
chamado Eugene H. Peterson. Ele tem sido, para mim,
uma espécie de mentor em minha jornada de descoberta
da vocação pastoral, em meio a tantas outras vozes com
suas idéias e propostas altamente sedutoras. Este texto é
fruto de minhas anotações sobre algumas de suas idéias.
Assim, achei que seria interessante compartilha-lo, tanto
para reflexão de outros, como para provocar a discussão
sobre o que realmente significa “ser pastor”. Em minha
opinião, a discussão deste assunto é hoje uma questão de
vida ou morte, não somente para aqueles que
desempenham o ministério pastoral, como para as igrejas
que são por eles pastoreadas.

Entre Domingos:

Aos domingos, a vida pastoral até que não parece ser tão
difícil. Afinal, tudo está relativamente em ordem, da liturgia
ao sermão, do boletim ao coral e todas as pessoas, bem
arrumadas e assentadas, estão prontas para participar do
momento de adoração e, aparentemente, dispostas para
ouvir a pregação da Palavra de Deus.

O problema é que, de segunda a sábado, as coisas não


acontecem de forma tão organizada, ou mesmo,
previsível. As pessoas não parecem tão arrumadas e
prontas para a adoração a Deus, muito menos para ouvir
Sua Palavra. Então, a ordem da adoração dominical dá
lugar a realidade do caos cotidiano.

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Apesar do domingo ser um dia essencial no trabalho
pastoral, a maior parte deste ministério se dá nos dias que
separam um domingo do outro. Por isso, pastoralmente,
precisamos dar a mesma atenção ao cotidiano,
procurando desenvolver a arte de pastorear em meio ao
caos, ou como Peterson coloca: “praticar a arte de orar em
1
meio ao tráfico”

Curar Almas: A Arte Esquecida

Hoje, existe certa distinção entre o que pastores fazem


aos domingos e o que fazem entre os domingos. O que
fazem aos domingos não mudou ao longo dos últimos
séculos: pregar a Palavra, administrar os sacramentos e
zelar pela disciplina. No entanto, a tarefa entre domingos
foi drasticamente alterada no último século.

Antigamente, o trabalho pastoral entre domingos era parte


do que era feito aos domingos. Entre domingos, pastores
estavam com indivíduos ou pequenos grupos para estudar
a Bíblia e orar com e por eles. O cenário mudava mas o
objetivo era o mesmo: descobrir o significado das
Escrituras, desenvolver uma vida de oração, guiando
2
pessoas à maturidade.

Este trabalho pastoral era nomeado historicamente como


o serviço de cura das almas. O sentido original da palavra
latina “cura” é cuidado. Assim, como Peterson aponta, “a
cura de almas, pois, é dirigido pelas Escrituras, moldado
pelo cuidado na oração, dedicado a pessoas
individualmente ou em grupos, em lugares sagrados e
profanos. É uma determinação em trabalhar com o centro,
3
em concentrar-se no essencial.”

Atualmente, o trabalho pastoral entre domingos é definido


pelo trabalho de “tocar uma igreja” assim como um
comerciante toca sua loja ou um empresário a sua
empresa. O trabalho pastoral foi quase que inteiramente
secularizado, exceção feita ao trabalho dominical. Os
mentores dos pastores atuais não são os sábios mestres
da antiguidade, mas os espertos consultores de liderança
empresarial. A vocação pastoral não é orientada pela

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oração e sensibilidade, mas pela ação e esperteza para
fazer uma igreja crescer e destacar-se.

Com isso, não estamos querendo dizer que no trabalho


pastoral não existem atividades administrativas
necessárias para a vida da igreja com as quais o pastor
acabe por se envolver. No entanto, como Peterson
sabiamente compara, como homens casados precisamos
“tocar a casa” com nossas esposas. Contas necessitam
ser pagas, pequenas reformas feitas e decisões tomadas.
No entanto, no casamento e em família, “tocar a casa” não
é o que fazemos essencialmente. A avenida principal de
nossa vida em família é caracterizada pela construção de
um lar, pelo desenvolvimento de um relacionamento
conjugal sólido, pela criação de filhos, pela alegria em
receber amigos, etc.

Áreas de tensão:

Mas não quero ser tido por idealista e irreal nas


expectativas. Tenho plena consciência de que o problema
maior de pastores que desejam se tornar guias de almas
hoje será o fato de que este ministério se dará no meio de
pessoas que esperam que eles “toquem uma igreja”. A
tensão entre a vocação de um pastor e a expectativa de
uma congregação se dará, segundo Peterson,
especialmente em três áreas: na iniciativa, na linguagem e
nos problemas.

A tarefa de “tocar uma igreja” exige muita iniciativa. Desde


a concepção da idéia, da motivação do grupo, até o
recrutamento, o treinamento e a supervisão do trabalho.
Iniciativa é essencial e o combate a indolência
imprescindível. Diferentemente, no trabalho da cura de
almas, o pressuposto básico é de que Deus já tomou a
iniciativa em todo lugar e a todo momento. Ele já está no
controle da situação. Deus já está atuando diligente,
redentiva e estrategicamente antes de eu aparecer em
cena. Assim, enquanto as perguntas de alguém que “toca
uma igreja” são: O que devemos nós fazer ? Quais as
providências que devemos nós tomar para melhorar esta
comunidade ? As perguntas de quem “cura almas” são: O

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que tem Deus feito na vida deste grupo de forma que
possa eu participar ? Como a graça de Deus tem se
manifestado entre eles de forma que eu possa explicitar ?
O que Deus quer fazer deles de forma que eu possa
contribuir ?

Assim, o trabalho pastoral de curar almas, no que se


refere a organização e planejamento do grupo, se torna
não necessariamente um trabalho de ter e vender idéias,
mas de descobrir o que Deus já tem feito na história do
grupo e o que ele ainda deseja fazer em suas vidas,
vivendo o ministério de acordo com esta direção.

Na tarefa de “tocar uma igreja” a linguagem básica usada


é descritiva e motivacional. Descritiva por que quero que
as pessoas estejam informadas acerca do que fazer.
Motivacional por que então as pessoas se engajarão no
que deve ser feito. Diferentemente, no trabalho de curar
almas, o pastor esta muito mais interessado no que as
pessoas são e no que estão se tornando em Jesus do que
no que sabem e nas funções que podem desempenhar. É
claro que, como pastores, temos muito o que ensinar e
muito que desafiar a fazer. Mas nosso primeiro trabalho na
vida das pessoas está relacionado não ao que sabem ou
ao que fazem, mas ao que são. Ser pastor implica em
descobrir e usar, primariamente a linguagem relacional
que tem lugar na conversa com pessoas e na oração para
com Deus

Na tarefa de “tocar uma igreja”, uma das atividades mais


comuns está relacionada a resolver problemas. A grande
dificuldade é que os problemas vão surgindo com tanta
intensidade que a solução dos mesmos torna-se o
trabalho integral do pastor. Diferentemente, na tarefa de
curar almas, os problemas não são vistos como
dificuldades a serem resolvidas, mas como mistérios a
serem explorados. No entanto, na sociedade secularizada
em que vivemos, nada gera mais desconforto nas pessoas
do que as situações que não podem ser explicadas,
controladas e direcionadas imediatamente. Se deixarmos
que nossa tarefa pastoral se restrinja a solução simples e
imediata de problemas, estaremos abrindo mão de uma

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das mais significativas experiências pastorais que é a de
guiar as pessoas em meio ao caos e ensiná-las a orar no
meio do tráfico do cotidiano.

1. Eugene H. Peterson, The Contemplative Pastor


(Grand Rapids: Eerdmans, 1993), p. 54.
2. Em seu outro livro, Working the Angles (Grand
Rapids, Eerdmans, 1994), Peterson trabalha estes
três elementos: Palavra, Oração e Orientação
Espiritual, como sendo os três atos essenciais no
ministério pastoral.
3. Eugene H. Peterson, The Contemplative Pastor, p.
57.

Ricardo Agreste da Silva é Pastor Presbiteriano e atua


como professor de tempo integral no Seminário
Presbiteriano do Sul em Campinas - SP

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QUE É UM PASTOR?
Walter Santos Baptista

De acordo com Efésios no capítulo 4, os versos 11e 12, o


ministério da Palavra é um dom especial de Jesus Cristo à
Sua igreja, havendo um objetivo definido para esse
ministério. O propósito é o treinamento dos crentes; é o
estimulo à obra do discipulado; é o crescimento do crente
individual e da igreja como corpo forte, robusto, poderoso.
É, ainda, a consecução do múltiplo propósito que Jesus
tem para Sua igreja que é o de derrubar as portas do
inferno, o de resgatar vidas das mãos de Satanás, de
batizar essas pessoas e de discipulá-las. E esses dom
foram dados por Deus em resposta às orações do Seu
povo. O povo de Deus pedia.

Em Mateus 9.37, 38 está registrado: "Jesus diz aos


discípulos: A seara é realmente grande, mas os ceifeiros
são poucos. Rogai, pois, ao Senhor da seara que envie
ceifeiros para a sua seara". Por isso, o que se requer
daquele que busca o ministério da Palavra é uma
convicção da chamada especial da parte de Deus. Não
pode ser uma pessoa que não tenha chamada, porque o
ministério, o pastorado, o episcopado não pode ser
abraçado como se escolhe uma profissão. Lembro-me de
um moço que me procurou uma ocasião e disse que
achava que Deus o estava chamando para o ministério.
Perguntei-lhe, "Qual é a evidência que você tem de que
Deus está chamando você para ser pastor?" Ele não era
ovelha minha, era de uma outra igreja e viu escrito na
parte externa do templo ACONSELHAMENTO, então
entrou e veio se aconselhar. Respondeu-me: "Pastor, eu
acho que Deus está me chamando para o ministério
porque já fiz o vestibular três vezes e fui reprovado. Então
eu acho que é por isso que Deus está me chamando para
ser pastor". Disse-lhe que não fosse para o seminário, que
ele estava muito enganado, porque Deus não chama
fracassados nem desocupados. Quando Jesus Cristo
chamou os seus apóstolos, todos estavam trabalhando.
Todos estavam na sua profissão, consertando redes,
pescando ou no escritório como fiscal de rendas.

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Relatos da Bíblia mostram que quando Deus ou o Senhor
Jesus Cristo chamou, o vocacionado estava numa
atividade como Moisés que apascentava ovelhas. Ou
como Davi que também apascentava ovelhas e os outros
que acabei de mencionar. A Escritura Sagrada enfatiza a
vocação divina, um sentimento tão forte naquele que é
chamado que levou Isaías, que estava cultuando no
templo, a exclamar como está registrado em Isaías no
capítulo 6, no final do verso 8 onde ele diz: "Envia-me a
mim". A mesma coisa aconteceu com Amós. Amós estava
apascentando o gado e quando ele estava pastoreando o
gado, ouviu a palavra do Senhor. E respondeu "Eu não era
profeta, nem filho de profeta". Ele está falando aqui a
Amazias. "Mas boieiro e cultivador." Era agricultor. "Mas o
Senhor me tirou de após o gado e me disse: Vai, profetiza
o meu povo Israel." É assim que Deus faz. É assim que
Deus age. Ou como dizia o saudoso pastor Valdívio
Coelho, "Uma chamada divina, que envolve um preparo
divino para uma obra divina". E isso tem base bíblica,
2Coríntios, capítulo 3, fala sobre esse assunto. Por essa
razão, se alguém entra no ministério sem chamada vai ser
um infeliz; mas, se você também ouviu a chamada e não
entrou no ministério, vai ser tremendamente infeliz por
uma razão, e essa razão está na palavra de Jesus Cristo
em João no capítulo 15 que diz "Não fostes vós que me
escolhestes mas fui eu que vos escolhei e vos designei
para que vades e deis fruto." E se alguém abandona essa
chamada há de ser infeliz. Por isso a pergunta base é:

Que é um pastor?

Estamos trabalhando em cima de um tema que já foi


objeto de reflexão. Talvez temos agora alguma variante. E
quero dizer aos irmãos, especialmente os crentes mais
novos, aqueles que estão ainda se preparando para o
batismo, Que é um Pastor?

O PASTOR É UM PROFETA

E essa é uma palavra muito interessante, no entanto,


ninguém queira que eu adivinhe o futuro. Profeta não é
isso. Profecia não é adivinhação do futuro. Na mente de

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muitas pessoas significa uma predição do futuro, uma
adivinhação. Talvez na linha daquele povo que diz assim:
"Previsões para o ano 2000". Não, isso não é ser profeta.

No entanto, a palavra tem conotação muito mais ampla,


muito mais profunda e mais consistente e séria porque
pela Bíblia Sagrada, profeta é quem fala em nome de
Deus, é o porta-voz de Deus. E a Bíblia ensina que isso é
um carisma. 1Coríntios capítulo12 menciona entre os dons
o de profecia. E porque profetiza, ou seja, por que
proclama a palavra do Senhor, porque edifica, exorta,
consola homens individualmente e a igreja como um todo,
quando a proclamação não existe, vai chegar a derrota e
na Palavra Santa está com toda clareza e com toda as
palavras a expressão de Provérbios 29 que fala "Não
havendo profecia o povo se corrompe". Portanto, a função
primária, basilar, fundamental do profeta é se colocar entre
Deus e a pessoa humana e comunicar o propósito eterno,
comunicar a sua vontade.

Sem dúvida alguma irmãos há uma tradição milenar atrás


de cada sermão que é pregado de qualquer púlpito cristão.
E mesmo assim, cada sermão deve ser atual. Apesar de
uma tradição milenar desde o tempo dos profetas, cada
sermão deve advertir sobre o pecar, deve advertir sobre a
justiça e deve advertir sobre o juízo de Deus. Cada
sermão há de chamar a atenção para as conseqüências
morais e espirituais da conduta do ouvinte. E aquele que é
arrependido deve apontar a misericórdia e deve apontar o
perdão de Deus e a bênção da vida com Deus. Por isso, a
palavra do profeta nunca é: "Assim eu digo", "assim diz
Walter Baptista", não. A palavra do profeta é: "Assim diz o
Senhor". "Ou palavra do Senhor que veio a...". Como está
na Bíblia Sagrada. Como profeta, o ministro da palavra
tem mensagem. Mensagem de luz, mensagem de vida,
mensagem de conforto, de inspiração, de salvação que
deve ser sempre fiel e reta e ortodoxa. Palavra de
orientação para a vida porque Jesus Cristo é o mesmo
ontem, hoje e eternamente. Cada profeta então é uma
sentinela guardando a doutrina que veio dos lábios do
Senhor e do ensino apostólico. Sentinela e pastor.

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Acontece que hoje está muito fácil se chamar "pastor". Há
tantos desqualificados sendo chamados de "pastor" que é
uma verdadeira calamidade. É um quadro que vemos
amiúde. Mas a Bíblia mostra que não é assim. A Bíblia diz
que sempre existiram aproveitadores, que sempre
existiram mal intencionados, que sempre existiram
cavadores de lucro. E a palavra de Deus vai dizer assim,

"Estes cães são gulosos, nunca se podem fartar;


são pastores que nada compreendem; todos eles
se tornam para o seu caminho, cada um para sua
ganância, todos sem exceção" (Is 56.11).

É como está colocado. Querem ver mais? Jeremias 14:14,

"Disse-me o Senhor: Os profetas profetizam


falsamente em meu nome, não os enviei, nem
lhes dei ordem, nem lhes falei; visão falsa,
adivinhação, vaidade e o engano do seu coração
é o que vos profetizam".

Há outros textos da palavra.

Nunca foi tão fácil para alguns, talvez devêssemos dizer


para tantos, reivindicarem, falarem em nome do Senhor,
explorando uma pessoa simples, incauta e até mesmo
aquele que está desejosa de ser manipulada. Nunca foi
tão fácil como nos dias de hoje, e, no entanto, a palavra do
Senhor é tão clara sobre este assunto porque diz em
Jeremias 3:15 "Dar-vos-ei pastores segundo o meu
coração, que vos apascentem com conhecimento e com
inteligência". Por isso, Paulo recomenda "Não desprezeis
as profecias". Pastor é, então, o quê? Um profeta.

O PASTOR É UM ANJO.

Agora ninguém espere ver um par de asas nas costas do


pastor Walter nem debaixo do paletó. É porque tem uma
história que diz que o pastor foi almoçar na casa de uma
família. E quando chegou, a menininha da família
começou a andar por trás da cadeira do pastor. Ia lá e

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vinha cá, fazia a volta e ia, olhava e mexia e tocava no
pastor. Aí a mão disse: "Rosinha pára com isso, menina!
Que história é essa, você andando para lá e para cá?!". A
menina respondeu: "Eu estou procurando as asas: a
senhora não disse que o pastor é um anjo...". Então há
quem queira ver essas asas nas costas do pastor.

Mas vamos entender irmãos. Porque a palavra "anjo" tem


significado. Anjo é aquele que traz uma mensagem, um
mensageiro. E Paulo se refere a isso quando em Gálatas
no capítulo 4.14, ele diz: "Embora minha enfermidade na
carne vos fosse uma tentação, não me rejeitastes, nem
me desprezastes antes me recebestes como a um anjo de
Deus". E no Apocalipse também a palavra "anjo" é usada
largamente quando as sete cartas são enviadas ao pastor,
ao anjo, da igreja de Filadélfia e às demais.

A pregação é algo extraordinário! Fico fascinado pela


pregação. Quando saio de férias, recomendam-me:
"Pastor, não leve o paletó: porque se levar o paletó, vai ter
que pregar em algum lugar", mas, eu sempre levo o
paletó. Pregar não cansa. Pregar não me cansa. Sou
fascinado pela pregação. Spurgeon, o grande Charles
Spurgeon, entrou em um auditório que recém-inaugurado
em Londres, o Albert Hall. Naquele tempo não havia
microfone, nem ampliação de som. Tudo era à viva voz, e
aquele auditório havia sido construído dentro dos mais
modernos recursos de acústica da época. E o evangelista
havia ouvido falar sobre isso. Entrou no auditório, que
estava completamente vazio. Quando ali chegou, foi para
o palco, e com a voz poderosa de pregador, exclamou:

"EIS O CORDEIRO DE DEUS QUE TIRA O PECADO DO


MUNDO!!!"

e repetiu,

"EIS O CORDEIRO DE DEUS QUE TIRA O PECADO DO


MUNDO!!!"

Experimentou e saiu convencido de que a acústica era


excelente. Quando chegou à porta. um homem o procurou

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e disse: "O senhor que é o pastor Spurgeon?" Ele disse:
"Sou eu". Continuou o homem, "Só quero dizer que aceito
a Jesus Cristo. Eu sou pedreiro, estava trabalhando na
sala do lado quando ouvi o senhor falar lá dentro. E essa
palavra me tocou". A pregação dele foi só isso: "Eis o
cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo". O
homem ficou convencido dessa verdade e se converteu.

É necessário que haja da parte do pastor verdadeira


conversão. Como poderia ele falar de uma experiência
que não conhece? O que se pode dizer de uma
determinada fruta, o seu gosto, se nunca se experimentou
da mesma? Quando eu estava em Singapura, falaram de
uma fruta chamada durian. É da família da jaca, da fruta-
pão, da pinha, da graviola. Essa fruta é um pouco maior
que uma graviola; mais espinhenta que a jaca, e dizem
que é a fruta mais saborosa do mundo. Essa foi a
declaração que ouvi por lá, e li, até, afirmando esse fato.
Fomos, finalmente, apresentados à durian. Se é mais
saborosa, não sei porque não tive coragem de
experimentar. No entanto, eu sei que é a mais fedorenta
do mundo... Fede que nem esgoto. Dizem que quando se
come um bago da fruta, é algo deliciossíssimo. Não tive
coragem porque o fedor era de esgoto em dia de chuva.
Meus amados, não posso falar do sabor da durian porque
não o conheço.

Outra coisa que o pastor deve ter é piedade cristã para


resistir ao escrutínio das outras pessoas. Está na
palavra em 1Timóteo 4.12. O apostolo Paulo ele diz o
seguinte ao jovem pastor Timóteo, "Ninguém despreze a
tua mocidade: mas sê o exemplo dos fiéis, na palavra, no
trato, na amor, no espírito, na fé, na pureza". No boletim
de hoje, foi transcrita uma palavra do Pr Nilson Fanini bem
parecida com essa. Como o pastor tem sido vítima de
cobranças fiscais. Sua vida é vasculhada e os
procuradores de agulha no palheiro usam lente de
aumento sobre as falhas do ministro do evangelho. Por
quê? Para orar com ele? Nem sempre.

Ele precisa ter uma fé sadia também e ter uma fé que seja
ortodoxa. Aliás, se não for ortodoxa nem é sadia nem é fé.

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Que não seja amante de novidades. Hoje é um tempo
em que se ama a novidade. Nós preferimos ficar com a
Palavra sempre. Há muita novidade barateando o culto
divino, nós preferimos o culto digno do nome do Senhor.
Há muito culto que satisfaz mais ao ego dos chamados
pastores que realmente às necessidades do povo.

Pois é, o pastor é um anjo. Por isso ele precisa de ter


todas essas características aí. Ele precisa conhecer a
Deus, andar com Deus, ter comunhão com Ele. Ele
precisa conhecer as ciências teológicas. Ele tem que ter
capacidade mental e eu diria capacidade acadêmica,
conhecimento bíblico adequado. Ele pode não saber tudo,
é verdade, mas o que ele sabe, deve saber bem e ele
deve continuar aprendendo, lendo, lendo muito para saber
cada vez mais. Por isso, não é demais até lembrar que
Paulo tinha muito amor pelos livros, por isso pediu que
quando viesse, Timóteo trouxesse o livro.

Precisa conhecer o ser humano também, conhecer as


ciências humanas, conhecer a pedagogia, conhecer a
psicologia, conhecer as relações humanas, conhecer
aquilo em que o ser humano é forte e aquilo que o ser
humano é fraco. Agir para aquilo que é forte na sua ovelha
continue forte e progrida até e aquilo que é fraco seja
colocado com resistências, fortaleza e ele possa crescer
igualmente. Como mensageiro de Deus, como anjo de
Deus, deve fortalecer aquele que está triste, animar o
cansado, levantar o que está derrubado na vida, o joelho
tremente, consolar aquele que está desconsolado,
fortalecer o debilitado e mostrar o caminho ao que está
indeciso.

Como anjo de Deus é mensageiro do Espírito de Deus, da


fé, da esperança, do amor, da salvação e da libertação e
do perdão que vem de Deus. Por isso, como mensageiro
de Deus, como mensageiro da palavra divina, sinto ao
meu lado quando prego, as testemunhas do Senhor, essa
legião de testemunhas de que Hebreus fala. Sinto ao meu
lado Elias e Moisés e Isaías e Jeremias e Ezequiel e
Daniel e Oséias, Joel, Amós e os apóstolos. Não é que
esteja tendo visões nem fantasmas juntos de mim, mas,

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na mesma linha, na mesma tradição e na mesma palavra
que eles anunciaram e pregaram ao seu povo.

Primeira coisa que nós dissemos é que o pastor é um


profeta. Segunda coisa, o pastor é um anjo, mas há uma
terceira o pastor é um homem. Descobri que ser anjo não
é difícil e que também não é difícil ser profeta. Difícil é ser
humano. Pastores são não somente humanos mas
precisam ser plenamente humanos. Razão porque todo
pastor pede uma dose de compreensão, uma dose de
paciência e uma dose de tolerância. Isso é dito porque há
quem espere que o pastor, qualquer pastor de qualquer
igreja em qualquer lugar, seja um bom pregador e que
tenha dois bons sermões todo domingo e que tenha um
bom estudo em todo Culto de Oração e que atenda no
gabinete a qualquer hora do dia, inclusive no seu dia de
folga, e que seja somente sorrisos; que não canse e que
não desanime em certas horas, e que não tenha tristezas
e que tenha inclusive p condão de fazer a maravilha das
maravilhas que é estar em dois lugares ao mesmo tempo.
Talvez, se possível for, em três lugares ao mesmo tempo,
como já tem acontecido comigo, dois compromissos, três
compromissos e a pessoa fica zangada porque a só se
pode atender a um deles.

O Pastor é um homem num mundo de homens. Em


2Timóteo 3, apresentam-se as condições do mundo nos
últimos dias. Essas condições que estão aqui em
1Timóteo 3:1-5 são as nossas condições hoje. Aliás,
2Timóteo 3:1-5,

"Sabe, que nos últimos dias sobrevirão tempos


difíceis. Os homens serão amantes de si mesmos,
gananciosos, presunçosos, soberbos, blasfemos,
desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos",

e aí segue com um catálogo de coisas do nosso tempo. É


nesse mundo que nós exercemos o ministério. São dias
difíceis. E a descrição do coração desses homens ímpios
é a de um povo que se distancia de Deus, de um povo que
transgride as leis da decência. É um povo saturado de
orgulho, de lascívia, com novas formas de piedade,

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negando, porém, o Deus vivo e verdadeiro. E Paulo fala
de blasfêmia; fala de ingratidão, de calúnia, de
atrevimento, de orgulho. Por isso, enquanto o mundo
desce a ladeira do inferno, Timóteo, o jovem pastor, é
exortado à fidelidade à palavra de Deus bem como todos
os outros pastores. Porque de hora em hora o mundo
piora. Mas como o pastor é um servo da palavra, ele deve
manter na consciência que ele pertence ao seu povo. Ao
povo que o Senhor lhe confiou. Ele pertence à palavra que
ele anuncia. Ele pertence a Deus que o escolheu e o
comprou e o fez ministro de Sua palavra. Isso quer dizer
que há de ser homem de oração e totalmente submisso e
consagrado a Cristo e à Sua causa, pois sem Deus na
vida, não tem o que oferecer, não tem o que dizer a quem
busca o seu conselho ou a quem vai ouvir os seus
sermões.

O pastor é um homem no mundo dos homens, mas é um


homem de Deus. Ele é um símbolo diz o doutor Wayne
Oates em um livro sobre este assunto. Que ele é um
símbolo da fé cristã, um símbolo do evangelho, um
símbolo da graça e é por esse motivo que lá na Segunda
Carta aos Coríntios, no capítulo 4 está dito da seguinte
maneira:

"Temos, porém, este tesouro em vasos de barro,


para que a excelência do poder seja de Deus, e
não de nós. Em tudo somos atribulados, mas não
angustiados; perplexos, mas não desanimados;
Perseguidos, mas não desamparados; abatidos,
mas não destruídos; Levando sempre por toda a
parte o morrer do Senhor Jesus no nosso corpo,
para que a vida de Jesus se manifeste também
em nossos corpos".

É homem que se apropria portanto da verdade divina e a


repassa a suas ovelhas. Ele é um mestre e é um ministro.
Aí eu quero explicar a palavra mestre e a palavra ministro.
Os irmãos sabem que a palavra mestre vem do latim
magister, de onde vem magistério, de onde vem
magistrado, de onde vem magistratura. E essa palavra
magister, ela guarda uma raiz, magis, que quer dizer

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"mais". Por que é que o mestre, o magister ou o
magistrado eram procurados? Porque tinham algo a mais
a oferecer.

Mas ele é um ministro. Ministro vem de minister onde está


a raiz minus que quer dizer menos. Ministro era o escravo.
Ministro quer dizer isso aí. Pensa-se que hoje a palavra
"ministro" é pomposa e nós dizemos o primeiro escalão do
governo, os ministros. Ministro quer dizer escravo. Porque
era uma pessoa que tinha de menos. Não o procuravam
porque tinha de mais, mas, sim tinha de menos. Por isso,
era ele que tinha que carregar cargas, transportar uma
mesa, pegar uma coisa ali adiante, fazer isso. Trabalho
pesado era do minister, do escravo. O pastor é ao mesmo
tempo um mestre e um ministro. Ele ao mesmo tempo
passa e repassa aquilo que ele tem de mais, mas, ao
mesmo tempo ele também sendo mestre, ele é um servo,
é um ministro.

É um homem de Deus mas não é um super-homem, é um


ser humano vulnerável, e é por esse motivo que ele busca
ser fortalecido pelo poder do Alto. É vulnerável por isso,
infelizmente, comete o pecado de envelhecer. Dizem que
uma igreja estava procurando um pastor. A Comissão de
Sucessão Pastoral entrevistou um determinado obreiro já
maduro e ficou muito satisfeita com os resultados da
entrevista, quando alguém se lembrou de fazer uma
perguntinha que estragou tudo: "Pastor, quantos anos o
senhor tem?" Responde o candidato, "Tenho sessenta e
dois." Aí, a igreja sentiu que a Comissão murchou, porque
ele tinha sessenta e dois anos: não foi convidado...

Virou moda fazer o perfil do pastor. Uma igreja em nossa


cidade, quando foi escolher o novo pastor, fez o "perfil do
pastor". Entre outras coisas dizia que o pastor deveria ter
até determinada idade. Nilson Fanini não poderia ser
pastor daquela igreja, Billy Graham. Nenhum desses
grandes homens de Deus podia ser pastor. Porque já
haviam passado daquela idade. O único perfil que
conheço e reconheço é o que está no Novo Testamento,
na palavra de Deus: 1Timóteo 3; Tito 1;1Pedro 5.

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O pastor é humano, muito humano, é vulnerável, razão
porque ele busca o poder de Deus; e não pode ter medo
de responsabilidades; não pode ter medo de críticas e não
pode ter medo do aparente fracasso.

Pastores são profetas, são anjos e são homens, simples


homens, mas, pastores são cooperadores, são
facilitadores na obra do Senhor e o ministro do
evangelho é um servo voluntário como Jesus e há de
caracterizar-se pela unção do Espírito debaixo de cujo
poder vive. E já que um enorme muro de separação existe
e sempre tem existido entre os homens (Paulo fala disso
em Efésios 2), ao ministro do evangelho é confiada a
causa da reconciliação porque já chegou a boa nova de
que em Jesus Cristo há salvação, a barreira foi quebrada
e nós somos feitos um.

O que é necessário é amar a Cristo. Porque quando isso


acontece, esse amor de Cristo se estende naturalmente
àqueles a quem Jesus Cristo também ama, o Seu
rebanho. Jesus perguntou a Pedro: "Pedro, tu me amas?
Simão, filho de Jonas, tu me amas verdadeiramente?" A
pergunta foi essa. A pergunta foi Pedro agapos me? Tu
me amas verdadeiramente? E Pedro deu uma resposta
infeliz. Os irmãos viram que na Bíblia, Pedro dizer assim:
"Senhor, Tu sabes que eu Te amo." Mas Jesus perguntou
três vezes, "Senhor, Tu sabes que eu Te amo". Ele não
disse agapo te. Pedro, agapos me? Ele devia responder,
"Agapo te". Ele disse: "Filo te" é outra palavra. Filo, vem
de filos que quer dizer amigo. "Senhor, Tu sabes que eu
sou teu amigo". Foi isso que Pedro respondeu para Jesus,
que pergunta de novo: "Pedro, tu me amas de verdade?".
"Ó Senhor, Tu sabes que eu sou teu amigo." E finalmente,
a resposta, "Senhor, Tu sabe todas as coisas. Tu sabes
que eu te amo". Por isso, Jesus disse, "Apascenta os
meus cordeirinhos, pastoreia minhas ovelhas." O amor a
Jesus Cristo meus irmãos, é condição sine qua non para
que um ministro do evangelho possa se sustentar no
evangelho da Palavra, no ministério e sempre nesse amor
a Cristo, a Deus, e aos irmãos.

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Walter Santos Baptista, Pastor da Igreja Batista Sião
em Salvador, BA

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A chamada para pregar


A primeira de todas as perguntas, que se fazer em
questão de ministério é: o ministro é realmente
chamado por Deus para pregar o evangelho? Em caso
negativo, fariamos bem sefechássemos esta apostila e
deixássemos de lado este assunto. Não é o propósito
deste estudo capacitar, quem quer que seja, a adquirir
a arte de pastorear uma igreja, se não foi, antes de
tudo, real e pessoalmente “enviado” à seara do
Senhor, Mt 9.38.

A) A chamada universal.
Há um sentido em que todos os crentes são
chamados para pregar ou proclamar o evangelho.
Em I Co 12.13 somos lembrados de que, todos
fomos batizados em um corpo, tendo bebido
todos do mesmo Espírito. Sabemos muito bem
que a vida e a natureza de Jesus Cristo, a cabeça
da Igreja, se caracteriza pelo amor às almas
perdidas e por um intenso espírito de
evangelização, Lc 19.10. Se nosso Senhor como a
cabeça da Igreja derramou Sua vida pelos
perdidos e continuamente busca salvá-los,
obviamente o corpo, que participa da mesma vida
e natureza da cabeça, visará a salvação dos
perdidos. Tudo que ficar aquém disso provará, em
igual medida, a falta de relação vital entre o corpo
e a cabeça. A mesma figura é usada em Rm 12.4,
onde se declara que, em Cristo, somos um só
corpo, e que estando em Cristo, participamos de
sua própria vida e natureza. A ilustração da
videira e seus ramos é empregada em Jo 15.1-8.

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Posto que Ele é a videira e nós os ramos,
permanecemos nEle e dEle sorvemos a própria
vida que nos sustenta.
Dotados dessa vida, damos fruto para a videira.
Somos meros canais, através dos quais a seiva
vital da videira corre, visando à produção do
fruto.

B) A chamada específica.
Sem contradizer a premissa exposta
anteriormente, podemos fazer ainda outra
declaração que, a princípio, poderá parecer
contraditória. Já dissemos antes que, em certo
sentido, cada membro da Igreja cristã é chamado
para anunciar o evangelho. Mas neste ponto
queremos afirmar a existência de uma chamada
específica para pregar. Certas pessoas têm sido
escolhidas pelo Senhor para servir de modo
definido e marcante, como pregadores da fé.
Antes de comprovarmos essa afirmação por
algumas passagens bíblicas, vejamos
primeiramente se compreendemos a razão e a
necessidade disso, já que há harmonia e não
contradição, no fato de que todos são chamados
mas alguns são especialmente convocados.

Uma grande firma anuncia que precisa de


trabalhadores. Em resposta, cerca de cem homens
se apresentam no escritório em busca de
colocação.
Todos são aceitos e recebem ordem de se
apresentarem ao chefe na manhã seguinte. Ao
chegarem, o chefe distribui os serviços a cada um.

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Foram “chamados” no dia anterior, mas agora, a
cada um deve ser designada a sua tarefa
individual. Quando um grupo de operários é
contratado para construir um edifício, por
exemplo, a cada um deve ser distribuído um
serviço específico, pelo construtor e mestre de
obras. Diferentes especialidades são necessárias,
desde o arquiteto, o desenhista, até o construtor,
os pedreiros, os carpinteiros, os eletricistas, os
rebocadores, e os serventes. Grande variedade
de atividades é requerida para que uma obra seja
terminada e cada fase da construção deve ser
harmonizada e integrada de forma a não haver
repetições desnecessárias, e nada deixado por
fazer.
O Senhor Jesus Cristo é verdadeiramente o
“Senhor da seara”, Mt 9.38.
Ele é o proprietário que sai pela manhã a fim de
contratar trabalhadores para a sua vinha, Mt 20.1.
Ele está incumbido de evangelizar o mundo, e
precisa de um grande exército de trabalhadores
para realizar a tarefa. É mister uma variedade de
ministérios a fim de ser alcançado o alvo. A Ele
cabe a gerência total e o planejamento que visam
a terminar, de maneira segura e eficaz, essa
grande obra. Precisa de missionários e
evangelistas na linha de frente. Precisa daqueles
que devotam sua vida à oração. Ainda necessita
de outros que sejam liberais nas finanças que
sustentem os obreiros na frente. Fazem-lhe falta
tanto os que vão aos campos como os da
retaguarda. Não podemos prescindir de
professores e membros da Escola Dominical, de

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diáconos, de presbíteros, de porteiros e de líderes
de jovens. Cada crente tem seu próprio trabalho
que lhe é determinado pelo Senhor da seara. Faz
parte do privilégio e dever de cada membro da
família de Deus, de cada obreiro da vinha do
Senhor, de chegar-se pessoalmente àquele que é o
Senhor, recebendo dEle a tarefa específica que o
Mestre lhe deseja entregar. A alguns Deus
chamará para o ministério de tempo integral, que
lhe absorverá todas as energias. Contudo, ele
chama a todos os crentes para servirem conforme
a capacidade de cada um.

C) Variedades de ministérios.
Ao lermos Rm 10.15; 12.4-8 e Ef 4.8,11,
observamos a variedade de ministérios que o
Senhor pode repartir ao seu povo. O terceiro
capítulo de Timóteo começa com a descrição dos
presbíteros ou bispos e o oitavo versículo introduz
os diáconos e as características de seu ministério.
Assim, nesse capítulo, dois níveis ou espécies de
ministros são indicados. Em I Co 12.11, 18
ficamos sabendo que o Senhor dispôs os membros
no corpo, segundo a sua vontade.
Uma interessante revelação quanto aos propósitos
e ao plano de Deus nos é outorgada nos primeiros
seis versículos do capítulo 31 de Êxodo. Bezalel e
Aoliabe foram chamados por nome e foram
dotados do Espírito de Deus para que recebessem
habilidade em toda obra. O serviço deles consistia
em artesanato altamente especializado
envolvendo: trabalhos em ouro, prata e bronze e
em lapidação de pedras preciosas. Nesse caso,

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encontramos homens especificamente chamados e até
mesmo cheios do Espírito Santo, a fim de se tornarem
artesãos habilitados. A tarefa secular deles foi
determinada por Deus. Isso revela claramente que
Deus chama alguns para o trabalho secular, e os
habilita para isso. Portanto, pode-se esperar que Ele
continue chamando muitos, na igreja, para serem
hábeis em serviços seculares. Exemplo o diaconato.
Atos 6.1ss.

D) Ministros Meramente Profisionais


Os primeiros discípulos foram tirados de suas
ocupações diárias,
segundo está escrito em Jo 1.35-51 e Mt 4.19. O
jovem Davi, em I Sm 16.12, foi
ungido com óleo para que posteriormente se
tornasse rei de Israel. Mui
especificamente, do mesmo modo, o apóstolo
Paulo foi chamado e escolhido
para anunciar o nome e autoridade Cristo perante
os gentios, os reis e os filhos de
Israel, Atos 9.15. E assim ocorre nas chamadas
divinas para ministérios de
tempo integral. Não há o que duvidar quanto a
Deus operar dentro desse padrão
até o dia de hoje. Aqueles que pensam em dedicar
suas vidas inteiramente ao
serviço cristão, tenham o cuidado de certificar-se
se possuem indicação
específica à tarefa da parte do Senhor da seara.
A falsa chamada é questão seríssima. “Assim diz
o Senhor Deus! Ai dos
profetas loucos, que seguem o seu próprio espírito
sem nada ter visto! ...
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Tiveram visões falsas e adivinhações mentirosas
os que dizem: O Senhor
disse; quando o Senhor não os enviou; e esperam
o cumprimento da
Palavra”, Ezequiel 13.3, 6. Aimaás ficou tomado
pelo entusiasmo do
momento e pelo exemplo de Cusi, o etíope,
mensageiro escolhido. E
rogou a Joabe que lhe fosse dada permissão para
correr. Joabe retrucou:
“Para que agora correrias tu, mau filho, pois não
tens mensagens ...
conveniente” II Sm 18.22. Mas mediante a
insistência, Joabe consentiu a
Aimaás que fosse, e correu tanto que chegou à
frente do verdadeiro
mensageiro. Ora, Aimaás era homem bom e cheio
de zelo, II Sm 18.27,
mas não tinha mensagem real, e o rei Davi, sem
dar atenção, o pôs de
lado. Quão inútil e embaraçosa foi a corrida dele!
Porém quando o Senhor se declara contra os
profetas sem
mensagem e sem visão, a situação se torna muito
mais séria.
Deuteronômio 18.20 declara: “Porém o profeta
que assumir de falar
alguma palavra em meu nome, que eu lhe não
mandei falar ... esse profeta
será morto.” Seria muito melhor passar a vida em
uma tarefa secular,
fazendo aquilo que é inofensivo, ainda que
espiritualmente inútil, do que

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intrometer-se no sagrado terreno espiritual.
Nadabe e Abiu entraram no
antigo tabernáculo levando fogo estranho; e da
parte do Senhor saiu uma
chama que os consumiu, e morreram perante o
Senhor, Lv 10.1,2. Nem ao
menos se permitiu ao pai (Arão), e aos irmãos que
os levantassem,
porquanto isso daria a impressão de estarem
contra Deus, que os julgara.
Antes de brincar com fios de alta tensão do que
ser leviano com as coisas
santas!
A observação geral leva-nos a concluir que há
pessoas que
escolhem o ministério do evangelho como
profissão a fim de adquirirem
prestígio social e terem oportunidade de exibir
suas aptidões tribunícias e
sociais. A ocasião de dedicar-se à leitura e ao
estudo, uma vida
relativamente fácil, e a posição social na
comunidade, constituem grande
atração para certos homens. Os tais monopolizam
a chave do
conhecimento; postam-se à porta do reino dos
céus e ali não entram nem
permitem que outros entrem, Lc 11.52. São
líderes cegos para guiar cegos,
sem o conhecimento da vida eterna e das verdades
do reino, e que ousam
ocupar a posição de chefes e apascentadores de
almas. Mas, destituídos de

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vida e do conhecimento espiritual, são incapazes
de transmitir essas
riquezas àqueles que os ouvem. Quão grande não
será a condenação
destes, tanto da parte daqueles aos quais iludiram,
como da parte do
Senhor, o Juiz de todos.

E) O “Modo”da Chamada.
Alguns, todavia, perguntam a esta altura: como
pode alguém ser
chamado? Como pode alguém saber que está
sendo chamado por Deus
para o serviço do evangelho? Como evitar o
equívoco de Aimaás e o
crime fatal de Nadabe e Abiú? Como pode
alguém ter a certeza de não
servir de empecilho para os outros entrarem no
reino, como no caso dos
antigos fariseus?
Essas são realmente perguntas cabíveis, que
exigem respostas
francas.

F) Um Conceito Espiritual.
O chamado para a prédica do evangelho é uma
concepção espiritual. “Ora,
o homem natural não aceita as coisas do Espírito
de Deus, porque lhe são
loucura; e não pode entendê-les porque elas se
discernem espiritualmente” I
Co 2.14. Essa é uma daquelas “coisas do Espírito
de Deus” que o homem

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naturalmente não pode compreender, mas que,
não obstante, são
perfeitamente claras e reais para o homem
regenerado. O Senhor mesmo
afirmou, em Jo 10.27: “As minhas ovelhas ouvem
a minha voz.” Essa voz é
inaudível para os ouvidos naturais, mas
perfeitamente inteligível para o
coração do homem nascido do alto. Elias a ouviu,
tendo denominado de “voz
mansa e delicada” I Rs 19.12. E Isaías escreveu:
“... os teus ouvidos ouviram
atrás de ti uma palavra, dizendo: este é o
caminho, andai por ele” Isaías 30.21.

No mais profundo da alma do filho de Deus


haverá uma voz meiga e suave
que lhe chegará a consciência, e que lhe servirá de
chamada para o serviço do
Senhor, como se fosse uma trombeta.
G) Iniciativa Divina.
Via de regra, em todo o chamado feito por Deus,
Ele próprio toma a
iniciativa. “Não fostes vós que me escolhestes a
mim; pelo contrário, eu
vos escolhi a vós outros, e vos designei para que
vades e deis fruto e vosso
fruto permaneça; a fim de que tudo quanto
pedirdes ao Pai em meu nome
, ele vo-lo conceda”, Jo 15.16. Talvez não tendo
consciência disso
poderemos pensar, inicialmente, que foi nossa
apresentação voluntária

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para o serviço cristão que deu começo à nossa
carreira nessa direção; mas
o impulso inicial veio de Deus. É absolutamente
necessário compreender
isto. E, se a iniciativa é dEle, cabe-lhe também a
responsabilidade por todo
o empreendimento. Posto que Ele vê o fim desde
o princípio e conhece
nossas possibilidades e falhas, e apesar disso nos
chama para o Seu
trabalho, podemos concluir que Ele avaliou tudo e
sabe que seremos úteis
em sua seara.
O modo de o Senhor aproximar-se de alguém,
para chamá-lo ao seu serviço,
muito provavelmente será bem diferente do Seu
modo de agir com relação a
outro. Eliseu estava arando no campo quando
Elias passou e lançou sobre ele a
sua capa, I Rs 19.19. Samuel veio ungir a Davi e
chamou-o dos pastos de ovelhas
para a cerimônia simples da unção. Amós não era
profeta, nem filho de profeta;
era criador e plantador de sicômoros; mas o
Senhor o tomou quando
acompanhava o rebanho e lhe disse: “Vai, e
profetiza ao meu povo Israel, Amós
7.14,15. Paulo recebeu uma visão celestial, mas
Timóteo foi escolhido por ele,
um pregador mais idoso, para que viajassem
juntos na obra do evangelho, Atos
16.19; 16.1-3. Por conseguinte, não tentemos
receber nossa chamada segundo os

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padrões utilizados em outros casos. Cada homem
é uma criação distinta de Deus
e tem o direito de ser chamado pelo Senhor de
maneira individual. Que cada um
se satisfaça com seu modo de ser chamado, e que
o Senhor chame a cada obreiro
do modo que lhe aprouver.
Após o toque de Deus chamando, haverá um
cuidado divino conduzindo-nos
na medida que seguimos o Sumo-Pastor.
Seguiremos a Ele porque ouvimos a
sua voz, Jo 10.27. “O Senhor firma os passos do
homem bom”, Sl 37.23.
“Guia os humildes na justiça e ensina aos mansos
o seu caminho”, Sl 25.9.
Não é declarada a maneira exata como o Espírito
Santo falou em Atos 13.2,
mas a Bíblia afirma que o Espírito Santo disse:
“Separai-me agora a Barnabé
e a Saulo para a obra a que os tenho chamado.” E
então, quando já estavam
em sua jornada missionária, o Espírito Santo os
impediu que fossem para a
esquerda ou para direita, mas permitiu que
seguissem sempre em frente, Atos
16.6-10. A orientaçã o do Senhor será sempre tão
clara e definida como a Sua
chamada original.

I) Aptidões Naturais.
O chamado para o ministério pode ser analisado
da seguinte maneira:

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antes da chamada, na maioria dos casos, haverá
uma certa aptidão natural
para o trabalho. É sempre conveniente ao obreiro
que possua voz clara, que
não seja difícil de ser entendida, e uma aparência
pessoal agradável e ainda
mais, que disponha de certo grau de inteligência
para pensar e expressar-se.
J) Sensibilidade Espiritual.
Como primeiro passo, o Senhor envia sobre nós o
seu Espírito Santo, que
desperta em nós o interesse e a inclinação para o
serviço. Logo, esse desejo
de nossa parte será acompanhado pelo senso de
nossa incapacidade pessoal.
Isso nos conduzirá a deixarmos a questão da
nossa chamada inteiramente nas
mãos do Senhor e a esperarmos nEle. Logo a
resposta divina nos será dada.
“... não que por nós mesmos sejamos capazes de
pensar alguma coisa, como
se partisse de nós ; pelo contrário, a nossa
suficiência vem de Deus”, II Co
3.5. Assim como o apóstolo Paulo, começaremos
a sentir e a dizer: ‘... tudo
posso naquele que me fortalece”, Fl 4.3. A nossa
confiança em Deus não
somente substituirá nossa possível autoconfiança,
mas também encherá o
grande vazio do nosso senso de inaptidão.
A essa altura raiará também em nossos corações a
elevada estima pelo

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trabalho que nos está destinado. Perceberemos
que esse é o ministério e a
vida mais importantes que um ser humano pode
ocupar. Outras coisas são
terrenas, mas esse é o serviço celestial. As
ocupações seculares são temporais;
essa, porém, é eterna.

K) Reconhecimento por Outros.


Ao se tornarem claras e definidas a chamada e a
direção de Deus, far-se-ão
perceptíveis certas expressões embrionárias do
dom e do ministério que
futuramente se exercerá. Os colegas ministros e
crentes em geral notarão a
chamada de Deus que repousa sobre nós. Haverá
a confirmação da chamada
de numerosas maneiras, bem como a aprovação
geral do nosso desejo de
servir ao Senhor como ministro. A consagração
que o próprio Senhor
inicialmente nos propiciou será depois
confirmada pela consagração da Igreja
através de seus líderes. Esse é o plano de Deus
para o desenvolvimento do
ministério. Ele condescendeu em ficar vinculado
à Igreja, e os obreiros da
vinha recebem assim uma dupla consagração.
Finalmente, a pessoa assim
chamada não recuará diante da forte pressão que
sente pelo trabalho. “... ai de
mim se não pregar o evangelho”. Disse o apóstolo
Paulo. Todas as demais

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coisas serão como nada. Tal pessoa chamada não
sentirá paz, nem prazer em
qualquer outra atividade. E assim, divinamente
compelidos, seremos lançados
à Sua grande seara, e nos atiraremos à obra com a
convicção inabalável de
que Ele segue à frente!

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QUESTÃO DE
CREDIBILIDADE – Is 53.1-12

Têm certas promessas que as pessoas


fazem que não dá para “botar fé”. Não
que desconfiemos de todos – por
exemplo, de políticos – pois temos
sempre que considerar que existem
pessoas francas, sinceras, honestas.
Mas, via de regra, não aceitamos tudo
que falam ou prometem ou despejam
sobre a nossa cabeça. Sempre queremos ver evidências
ou, pelo menos, indicativos que possam justificar o nosso
investimento de confiança ou fé. É o mínimo de prudência
e bom senso!

Basta lembrarmos de quantas vezes nos vimos frustrados


após termos esperado o cumprimento de uma promessa
ou proposta feita, e nada! Quanta gente temos aqui que já
passou por algum tipo de frustração ou decepção em vista
de promessas não cumpridas? Que esteja hoje, por falta
de um socorro prometido e não providenciado, ou atenção
prometida e não recebida, ou solução prometida e não
encontrada, ou libertação prometida e não conseguida – e
que esteja sofrendo as conseqüências: amargurada,
sofrendo, chorando, sentindo dores, sentindo-se
marginalizada, discriminada, diminuída, destruída,
fracassada, abandonada, solitária?

E que podem estar, por tudo isso, dizendo basicamente


três coisas em seus corações: (1) “Quem pode me
socorrer?!”; (2) “Quem pode me entender a ponto de
sensibilizar-se para vir me socorrer?”, e (3) “Quem
pode ser acreditável a ponto de poder nessa pessoa

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confiar, se todos que se propuseram em ajudar
recuaram?!” Pois a credibilidade a gente deposita em
quem responde estas três perguntas bem nossas, bem
próprias do coração de quem sente-se rejeitado, sofredor,
num beco sem saída!

A Bíblia, em Is 53, começa exatamente com uma pergunta


desafiadora: “Quem deu crédito em nossa pregação?
Só que, mais do que isso, nos mostra uma pessoa que
responde com firmeza a todas essas perguntas: Jesus
Cristo – que nos dá segurança firme para nEle
depositarmos nossa fé e confiança, pois Ele tem poder
para socorrer; entende você e por isso sensibiliza-se com
as suas lutas, e, o mais importante: ao invés de recuar
como os outros fazem, vem ao seu encontro! Então Ele
merece todo crédito!

Jesus Cristo, a revelação do Deus vivo e verdadeiro, hoje


vem ao seu socorro pois ama você e entende você, e quer
que você creia nEle prá valer, pois se você nEle crer, sairá
daqui com sua vida transformada, restaurada, curada,
liberta e salva! Veja por que:

(1) Só pode socorrer quem ama. Quem não ama não


move uma palha para ajudar aquele a quem não sente um
pingo de dó. Quem não ama passa reto, não ouve, não
escuta, não dá atenção, não se mexe, não vai, não se
aproxima. Para quem não ama todo mundo – fora ele
próprio e aquele a quem tem algum interesse egoísta – é
como nada, é ninguém, é um mero número, é um simples
dígito, é uma senha qualquer, que, se der para dar uma
“colherzinha de chá” de atenção dá; se não dá, “que se
vire” – diz com indiferença, num clássico lema egoísta
“cada um por si e Deus para todos”!

Quem realmente ama não se conforma com o sofrimento


daquele a quem ama! Quem ama sente, se envolve, chora
junto, geme junto, sofre junto. Quando existe amor
genuíno não precisamos pedir para que sofra pela pessoa

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amada, pois quem ama é solidária a ponto de sofrer,
chorar, assumir a dor e sentir tristeza pela situação trágica
da pessoa amada, pois o amor absorve automaticamente
qualquer dor.

Foi isso que Jesus fez na cruz. Foi por amor que ele
desceu. Foi por amor que ele absorveu os seus pecados.
É por amor que Ele está aqui – por amor a você – porque
Ele não quer que você continue lutando sozinho; continue
sentindo-se só; abandonado; rejeitado. Ele quer que você
saiba que Ele tem interesse genuíno pela sua vida. Porque
achou que o próprio céu não faria sentido sem resgatar
você dessa situação caótica na qual você pode estar
vivendo.

(2) Só pode entender e sensibilizar-se quem sabe o


que é sofrer. Quem ama com amor dessa dimensão e
profundidade ama porque entende você. Ele entende
sobre tudo o que você está enfrentando, vivendo e
sentindo porque Ele enfrentou tudo o que você está
enfrentando; viveu situações semelhantes ao que você
está vivendo e sentiu as mesmas sensações – quem sabe
ruins e angustiantes – que você esteja sentindo. Se você
ler o texto bíblico inteiro, verá que o Deus que se revelou
em Jesus Cristo tem motivos de sobra para entender e
sensibilizar-se por você pois sofreu todos os tipos de
situações possíveis! Mas, sobretudo, venceu para que
possa conferir vitória a você também, pelo seu poder!

Jesus sabe o que é sentir fome, solidão, medo, angústia,


decepção, desapontamento, humilhação, tensão,
vergonha, abandono, morte! Jesus enfrentou
discriminação, ódio, ironia, blasfêmia, sarcasmo,
contrariedade, nudez, abandono, injustiça, surra de varas,
feridas no corpo, dor física, dor interior, dor no peito,
julgamento cruel, condenação e morte! Jesus foi alvo de
inimizades, invejas, críticas, perseguições, maledicências,
mentiras, revanchismos, vinganças, conspirações,
boicotes, covardia! Jesus levou tapa no rosto; empurrão;

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cuspida; chicotadas e varadas nas costas; espinhos na
cabeça; cortes no corpo; pregos nas mãos e nos pés. Por
tudo isso, sendo um “diplomado” em sofrimento, só Jesus
pode entender e sensibilizar-se com você!

(3) Só pode ter crédito quem vai de fato em socorro ao


necessitado. Jesus Cristo veio e sempre vem até o
necessitado – vem até você! Ele tem interesse genuíno
pela sua vida, pois entende você e sensibiliza-se por você
– é questão de identificação plena com você! Por isso
Jesus não recuou em nenhum momento quando resolveu
descer até nós, até você! Pelo contrário, Ele veio ao seu
encontro, ao encontro do pecador, do perdido, do
abandonado, do sofredor.

Como disse alguém: “Ele morreu num ‘sinal de mais’ para


que as pessoas com ‘menos’ tenham mais vida” – mais
vida em abundância, em qualidade, em liberdade, em
alegria, em paz, em satisfação, em exuberância – para
que você usufrua mais de seus relacionamentos, de seu
casamento, de sua família, de seus filhos!”. “Vinde a mim
todos os que estão cansados e sobrecarregados”, disse
Jesus. E mais: “Eu vim para que tenham vida!”. Creia e
confie nEle!

O texto de Is 53, que começa com a pergunta: “Quem deu


crédito em nossa pregação?” traz junto uma outra
pergunta: “Quem poderia dizer que Deus estava
agindo?” Eu posso dizer porque a mesma Bíblia afirma:
Jesus Cristo está agindo – e Ele nunca mudará! Ele
provou à mim que é digno de todo crédito, pois
transformou a minha vida! E Ele quer que você também
possa dizer o mesmo a partir de hoje: “Ele está agindo
aqui, em minha própria vida!”

Tem muita gente que está sofrendo – que precisa ser


curada, libertada, transformada, restaurada. Tem gente
que precisa ser perdoada de seus pecados. Que sente-se
distante de Deus e sabe que precisa aproximar-se dEle

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para ser salvo. Você está sofrendo por algum motivo?
Então Jesus Cristo está aqui para salvar, perdoar,
socorrer, libertar, curar, consolar, animar e fortalecer
você!

Deus, em Jesus Cristo, abençoe sua vida!

Pastores: Como Devem


Ser Avaliados
Certa vez um pastor amigo meu, brincando,
disse que descobriu que tinha vocação para o
ministério quando acordou certa manhã sem
vontade de sair para trabalhar e morrendo de
vontade de comer frango assado! Todos nós que
o ouvimos rimos daquilo. Infelizmente, porém,
muitos indivíduos "optam pelo pastorado" por
razões menos honrosas ainda. Freqüentemente
precisamos adverti-lo que "lobos cruéis"
entraram no meio do rebanho das ovelhas. [Atos
20:29] Isso tem sido um problema desde os
primeiros tempos da história da igreja e é até
pior atualmente. O que alguns homens [e
mulheres] fazem por dinheiro, poder e prestígio
chega a ser escandaloso. Nos últimos anos,
vimos vários pregadores, pastores e evangelistas
proeminentes cairem em desgraça e em
escândalo - em alguns casos, alguns foram
processados e até presos, e tiveram seus
pequenos pecados secretos expostos. Na maioria
desses casos, a cobiça revelou ser a motivação e
as pessoas incrédulas simplesmente balançavam
a cabeça, pois sempre desconfiaram da
idoneidade de muitos desses pregadores. Eu
sempre fico admirado em observar que os
incrédulos têm uma percepção mais acurada
para detectar esse tipo de coisa que muitas

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ovelhas! Confiar no pastor como líder espiritual é


uma coisa, mas estupidez é outra bem diferente.
Quando o líder em questão vivia regaladamente
e com um estilo de vida fora de proporção com o
que é razoável, aqueles que estavam sendo
"extorquidos" são culpados também - por
permitirem isso.

Um salário razoável, mais alguns benefícios - ou


até mesmo uma boa remuneração por uma
congregação agradecida e carinhosa é perfeito,
mas vida perdulária por um homem de Deus é
algo que deve ser evitado. Ele deve ter bom
senso suficiente para viver modestamente, de
forma a evitar qualquer aparência do mal. As
diretorias e comitês de supervisão organizacional
das igrejas devem ajudar o pastor a manter um
estilo de vida adequado, e os dizimistas e
ofertantes devem procurar saber como suas
ofertas estão sendo empregadas. O dinheiro já
arruinou a carreira de muitos pastores e já
causou danos ao corpo de Cristo.

Por que iniciei esta mensagem falando sobre


dinheiro? Simplesmente porque o dinheiro é um
dos dois critérios ridículos pelos quais os
pastores são avaliados hoje em dia - o outro é o
tamanho relativo da igreja. Aos olhos da maioria
dos observadores, igrejas enormes e grandes
salários são indícios de sucesso, mas são
realmente bons indicadores da condição
espiritual da igreja? Não, não são! Na verdade,
vejo com grande suspeita esses ministérios, pois
há motivos para acreditar que algo esteja
errado! Pessoal, tenho mais de sessenta anos e
já acumulei uma certa experiência.

O envolvimento com congregações de igrejas por


mais da metade da minha vida - tanto como

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diácono, e depois como pastor - ensinou-me


algumas lições sobre a natureza humana. Uma
das coisas que aprendi é que os pastores devem
pregar contra o pecado e, quando pregam, a
carne se opõe. Agora, não estou dizendo que os
pastores de todas as grandes igrejas sejam
levianos nessa questão, mas estou dizendo que a
maioria é! Na igreja em que a Palavra de Deus é
pregada com fidelidade e o pecado é
adequadamente combatido, o diabo fará de tudo
para atrapalhar! As mega-igrejas, que
alegremente oferecem algo para todos e nenhum
problema em vista são contraditórias,
espiritualmente. Nunca perca de vista o fato que
estamos em uma batalha espiritual de vida ou
morte.

Por qual critério, então, devemos "avaliar" um


pastor? Como discernimos um homem de Deus
de um alpinista social? Você pode se surpreender
ao descobrir quantas formas diferentes
encontramos na Palavra de Deus. Primeiro e
mais importante de tudo, a "descrição do
trabalho" de um pastor encontra-se em 2
Timóteo 4, onde Paulo exorta seu filho na fé:

"Conjuro-te, perante Deus e Cristo Jesus, que há


de julgar vivos e mortos, pela sua manifestação
e pelo seu reino: prega a palavra, insta, quer
seja oportuno, quer não, corrige, repreende,
exorta com toda a longanimidade e doutrina.
Pois haverá tempo em que não suportarão a sã
doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres
segundo as suas próprias cobiças, como que
sentindo coceira nos ouvidos; e se recusarão a
dar ouvidos à verdade, entregando-se às
fábulas. Tu, porém, sê sóbrio em todas as
coisas, suporta as aflições, faze o trabalho de um
evangelista, cumpre cabalmente o teu

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ministério."

A prioridade número 1 para um pastor


vocacionado é que ele precisa pregar a Palavra
de Deus - não contar anedotas, falar sobre os
livros que leu na semana e fazer comentários
políticos sobre o meio ambiente ou sobre o
governo. Quando a pregação da Palavra é feita
corretamente - ela deixa as pessoas em
desconforto. Alguém já definiu muito
corretamente que o trabalho de um pastor é
confortar aqueles que estão aflitos e afligir os
que estão em conforto. Embora deva tentar
manter um bom relacionamento com sua
congregação, ele não é chamado para ser um
político. Como disse o apóstolo Paulo em Gálatas
4:16, "Fiz-me acaso vosso inimigo, dizendo a
verdade?" Muitas igrejas hoje tornaram-se
clubes sociais e seus pastores são
apresentadores, oradores especializados em
motivação humana e pseudo-psicólogos. "Mas,
pastor Ron, o senhor sempre é muito
negativista!" Sim, sou severo com alguns
pastores porque devemos estar acima de
qualquer reprovação. Confira as qualificações
pessoais para o pastor, que encontramos em 1
Timóteo 3:1-7:

"Fiel é a palavra: se alguém aspira ao


episcopado, excelente obra almeja. É necessário,
portanto, que o bispo {superintendente,
supervisor} seja irrepreensível, esposo de uma
só mulher {isto dificulta justificar a ordenação de
mulheres ao ministério}, temperante, sóbrio,
modesto, hospitaleiro, apto para ensinar; não
dado ao vinho, não violento, porém cordato,
inimigo de contendas, não avarento; e que
governe bem a própria casa, criando os filhos
sob disciplina, com todo o respeito (pois, se

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alguém não sabe governar a própria casa, como


cuidará da igreja de Deus?); não seja neófito,
para não suceder que se ensoberbeça e incorra
na condenação do diabo. Pelo contrário, é
necessário que ele tenha bom testemunho dos
de fora, a fim de não cair no opróbrio e no laço
do diabo."

A segunda prioridade para o pastor vocacionado


é que precisa pregar a Palavra de Deus. Cito
freqüentemente o apóstolo Paulo, mas vamos
encarar os fatos - ele escreveu a maior parte do
Novo Testamento. Paulo disse isto em 1 Coríntios
2:1-2:

"Eu, irmãos, quando fui ter convosco,


anunciando-vos o testemunho de Deus, não o fiz
com ostentação de linguagem ou de sabedoria.
Porque decidi nada saber entre vós, senão a
Jesus Cristo e este crucificado."

Suspeito que Paulo, se assim desejasse, poderia


facilmente ter sido um dos maiores oradores de
todos os tempos. Ele era um intelectual e tinha
recebido a melhor educação disponível.
Entretanto, insistia em ser claro na sua
linguagem - quase ao ponto de ser direto demais
- e foi criticado por alguns por sua suposta
incapacidade de falar. Por que você supõe que
ele faria isso quando provavelmente tinha a
capacidade de arrebatar sua audiência com uma
retórica florida e elevada? Deve estar claro para
nós que ele deixou de fazer isso para que toda a
ênfase fosse colocada em Cristo, onde ela
pertence de direito. Os pastores cometem um
grande erro quando tentam "fazer amigos e
influenciar pessoas" por meio do carisma pessoal
e das técnicas de vendas.

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Oh, essas coisas funcionam - rapaz, elas sempre


funcionam! Utilize os procedimentos "corretos" e
as técnicas "corretas" e o sucesso é virtualmente
garantido. As pessoas procuram qualquer um
que massageie seus egos e as façam sentirem-se
melhores sobre si mesmas. No entanto, o próprio
Senhor Jesus Cristo ensinou que "Bem-
aventurados os humildes de espírito, porque
deles é o reino dos céus." [Mateus 5:2]

Um dos nossos principais problemas como


pecadores que somos, é que gostamos de nos
sentir bem com nós mesmos! Somos todos
pecadores merecedores do inferno, e levar-nos
ao arrependimento é como extrair um dente -
você sabe que precisa ser feito, mas sempre adia
a ida ao dentista. Isaías fala algo mais sobre
nossa condição:

"Mas todos nós somos como o imundo, e todas


as nossas justiças, como trapo da imundícia;
todos nós murchamos como a folha, e as nossas
iniqüidades, como um vento, nos arrebatam."
[Isaías 64:6]

Os pastores que aderem à tendência da


"psicologia popular" e se preocupam em
solucionar as neuroses das massas, revestindo
de açúcar seus sermões, estão em conflito direto
com a Palavra de Deus - que é, a propósito, o
melhor remédio para os males que nos afligem,
sejam na mente ou no coração. Simplesmente
pelo fato de comprovadamente dar resultados
não indica necessariamente que os meios são
apropriados. A filosofia jesuíta - o fim justifica os
meios - é certamente inapropriada e precisa ser
rejeitada. [Essa também é a filosofia do
Comunismo. Agora sabemos que os comunistas
emprestaram essa filosofia dos jesuítas católicos

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romanos!]

A terceira prioridade para o pregador chamado


por Deus é que ele precisa pregar a Palavra de
Deus. Qual é a classificação do seu pastor neste
ponto? Isto pode surpreendê-lo, mas seu pastor
pode ser fiel à Palavra e ao mesmo tempo ser
desobediente! Se ele não declarar "todo o
desígnio de Deus" [Atos 20:27], é culpado por
fazer você passar fome espiritual. Em seu zelo
por evangelizar, muitos pastores alimentam sua
congregação com uma dieta regular de sermões
sobre o Plano da Salvação. Quando você
considera que a vasta maioria da congregação é
formada por pessoas que já devem ser salvas,
isso torna-se quase um crime! As pessoas sabem
como serem salvas pois são salvas e continuar
batendo nesta mesma tecla é improdutivo. A
igreja de Corinto não podia digerir o alimento
espiritual sólido que Paulo tinha para lhe
oferecer, pois ainda era imatura e estava na
mamadeira, precisando receber leite somente. A
evangelização é certamente importante e um
pregador precisa saber quando visitantes estão
presentes, para poder encaixar o plano da
salvação na mensagem, mas raramente precisa
ser toda a mensagem. Os cristãos hoje são
ignorantes sobre muitas doutrinas bíblicas, sobre
a forma de organização da igreja, e apologética,
pois não aprendem isso de uma forma
sistemática.

Sermões sobre tópicos atuais são bons e


adequados de vez em quando, mas como pode a
Palavra do Gênesis ao Apocalipse ser ensinada
do púlpito por qualquer modo que não a
pregação expositiva? Freqüentemente, o Dr. J.
Vernon McGee comenta em seu programa de
rádio que "as pessoas não querem se dedicar

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seriamente ao estudo da Bíblia". Ele está


absolutamente correto - elas não querem
mesmo! Os pastores enfrentam uma luta
constante sobre como alimentar seu rebanho e
fazer as pessoas voltarem em busca de mais
alimento. No entanto, dar-lhes o que querem
não é a resposta. Nosso trabalho - nosso único
trabalho - é pregar o que é necessário e deixar
que o Espírito Santo cuide do resto. Quando
estivermos diante do Tribunal de Contas de
Cristo, duvido que a popularidade será uma
categoria para nossa avaliação. Pessoalmente,
desejo ouvir as palavras, "Muito bem, servo bom
e fiel."

Se você é felizardo de ter um pastor que prega e


ensina a Bíblia inteira e tenta da melhor maneira
possível "corrigir, repreender, exortar com toda a
longanimidade e doutrina...", então ouça o que
diz e procure aprender com ele. A freqüência do
povo à igreja não deve nunca ser comparada
com o número de pessoas que vai a um parque
de diversões ou a um teatro. Assuntos como
pecado, arrependimento, remissão e
reconciliação não são exatamente aquilo que
alguém acharia divertido, pois não são mesmo.
São assuntos sérios - que estão literalmente
relacionados com a vida e a morte - e precisam
ser tratados da forma apropriada. Devido à
seriedade do assunto que deve ser pregado e
ensinado do púlpito, muitos "cristãos" nominais
não o tolerarão e procurarão pastores que sigam
uma abordagem menos extrema. Detestamos
perder membros pois quando saem, sentimos
que falhamos - de alguma forma não
conseguimos manter a confiança deles em nós.
Essa é uma reação normal e deve ser esperada,
mas nunca devemos permitir que o desejo por
números de alguma maneira dite o que

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pregamos ou com que força pregamos! Devemos


buscar um ministério equilibrado - um ministério
que eduque e edifique, bem como convença e
repreenda - e não ficar repetindo continuamente
um assunto e esquecer os outros. Precisamos
ministrar à pessoa inteira - aos santos que estão
crescendo e amadurecendo na fé. E,
ocasionalmente, o Espírito Santo nos dirigirá a
"tosquiar um pouco de lã das ovelhas",
enfocando nossa atenção sobre certos pecados
da carne.

Se você vai à igreja ano após ano e nunca sai de


um culto arrependido de seus pecados, seu
pastor está fazendo algo de errado! É muito
provável que esteja brincando com o "jogo dos
números". A Palavra de Deus é "mais afiada do
que espada de dois gumes" e seu poder
sobrenatural descobrirá onde você realmente
está. Se ela for pregada, você não poderá
escapar! No entanto, se certas Escrituras forem
evitadas, porque podem ofender algumas
pessoas, seu poder potencial é negado por meio
da omissão. Examine seu pastor! - pense e
considere seriamente aquilo sobre o que ele
prega e como prega. Não preste atenção na sua
personalidade, ou se você gosta dele ou não. A
maneira como ele apresenta a mensagem e seus
maneirismos não precisam ser considerados -
apenas a mensagem. Para sua perplexidade,
você pode descobrir que a mensagem pregada é
tão profunda e baseada nas Escrituras quanto as
letras da maioria da assim chamada música
cristã contemporânea, ou seja, é totalmente
superficial e descartável.

No entanto, você também poderá descobrir (e


espero que descubra) que seu pastor é uma
verdadeira jóia! Se ele passar no teste, ore por

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ele, apoie-o, e por favor, aprenda com ele. Se


ele não passar no teste, aconselho-o a procurar
outro pastor e outra igreja onde você aprenda
todo o desígnio de Deus. Entretenimento e
"sinta-se bem consigo mesmo" acabarão por
prejudicar seu crescimento espiritual.

Estou preocupado com você e com seu bem-


estar espiritual porque estamos certamente
vivendo nos últimos dias que antecedem o
arrebatamento da igreja e o início do período da
Tribulação. A enganação está aumentado e
muitas ovelhas de Deus estão sendo enganadas
por charlatães disfarçados de ministros do
evangelho. Nenhum pastor que realmente seja
um homem de Deus discordará deste teste, pois
está fundamentado na Bíblia e visa proteger as
ovelhas. A questão aqui não é o homem, nem a
salvação pessoal do pastor. A questão é a
mensagem pregada e a plenitude dela. Não se
contente até que tenha a certeza que esteja
recebendo uma "dieta" equilibrada de alimento
espiritual.

Autor deste artigo: Pr. Ron Riffe


Tradução: Jeremias R D P dos Santos
A Espada do Espírito: http://www.espada.eti.br

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Pastores Aprovados por Deus


Há pastores na maioria das igrejas. Muitas
pessoas almejam o cargo de pastor.
Biblicamente, a função dos pastores é cuidar do
rebanho (igreja) de Deus (veja 1 Pedro 5:1-2;
Atos 20:28). Como servos de Deus, os
verdadeiros pastores mostrarão a sua
preocupação com a vontade do Senhor, fazendo
e ensinando o que ele diz.

Nosso estudo de pastores, necessariamente, se


baseia na Bíblia. Antes de entrar no estudo,
quero explicar meus motivos. Estou escrevendo
este artigo para ajudar pessoas honestas a
servirem ao Senhor. Conforme o padrão bíblico,
eu faço parte de uma congregação local, onde
sirvo ao Senhor junto com outras pessoas. Não
mantemos nenhum tipo de laço com nenhuma
denominação. A nossa responsabilidade é de
fazer a vontade de Deus, e aceitamos a Bíblia
como a única fonte de informações sobre a
vontade dele. Eu não tenho nenhum motivo para
defender nem atacar qualquer pessoa ou
organização religiosa. Meu propósito é bem
simples: servir a Deus e ajudar outras pessoas a
fazerem o mesmo.

Sem dúvida, este artigo não agradará a todos.


Da mesma maneira que o ensinamento de Jesus
desafiou os líderes religiosos de sua época, a
palavra dele exige mudanças radicais por parte
dos líderes de muitas igrejas hoje. Não podemos
forçar ninguém a mudar, mas podemos e
devemos avisar sobre o perigo de seguir a

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sabedoria humana (leia Provérbios 14:12; Isaías
55:6-9; Jeremias 10:23; Ezequiel 3:18-21). Eu
sei, de antemão, que este estudo vai contrariar
os ensinamentos e as práticas de muitos
pastores e de muitas igrejas. Mas, eu não posso
servir a Deus e agradar a todos os homens
(Gálatas 1:10). Apresento este artigo depois de
anos de estudo e oração, com o único propósito
de divulgar e defender a palavra pura do Deus
santo. Peço que você aborde o assunto com
mansidão e o desejo de aprender a aplicar a
palavra do Senhor. "Portanto, despojando_vos
de toda impureza e acúmulo de maldade,
acolhei, com mansidão, a palavra em vós
implantada, a qual é poderosa para salvar a
vossa alma. Tornai_vos, pois, praticantes da
palavra e não somente ouvintes,
enganando_vos a vós mesmos. Porque, se
alguém é ouvinte da palavra e não praticante,
assemelha_se ao homem que contempla,
num espelho, o seu rosto natural; pois a si
mesmo se contempla, e se retira, e para logo
se esquece de como era a sua aparência.
Mas aquele que considera, atentamente, na
lei perfeita, lei da liberdade, e nela persevera,
não sendo ouvinte negligente, mas operoso
praticante, esse será bem_aventurado no que
realizar" (Tiago 1:21-25).

Pastores/anciãos no Velho Testamento

Sabemos que o Novo Testamento, o evangelho


de Cristo, fornece o padrão para a igreja de hoje
(veja João 12:48-50; Hebreus 8:6-13; 2 João 9;
Colossenses 3:17). Mas o Antigo Testamento

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contém exemplos instrutivos que ajudam para
entender a vontade de Deus (1 Coríntios 10:1-
13; Romanos 15:4). No Velho Testamento,
encontramos líderes entre o povo de Israel
chamados, às vezes, anciãos (o sentido da
palavra presbítero no Novo Testamento). Os
anciãos das cidades israelitas resolveram
problemas que surgiram entre as pessoas
(Deuteronômio 21:2,19; 22:15-17; Rute 4:1-11).
Quando não conduziram o povo no caminho de
Deus, ele cobrou: "O Senhor entra em juízo
contra os anciãos do seu povo e contra os
seus príncipes. Vós sois os que consumistes
esta vinha; o que roubastes do pobre está em
vossa casa. Que há convosco que esmagais
o meu povo e moeis a face dos pobres? —diz
o Senhor, o Senhor dos Exércitos" (Isaías
3:14-15). Deus condenou os pastores
gananciosos que não compreenderam a vontade
dele e conduziram o povo ao pecado (Isaías
56:9-12). Jeremias transmitiu as palavras do
Senhor sobre pastores maus: "Porque os
pastores se tornaram estúpidos e não
buscaram ao Senhor; por isso, não
prosperaram, e todos os seus rebanhos se
acham dispersos" (Jeremias 10:21). "Ai dos
pastores que destroem e dispersam as
ovelhas do meu pasto! —diz o Senhor.
Portanto, assim diz o Senhor, o Deus de
Israel, contra os pastores que apascentam o
meu povo: Vós dispersastes as minhas
ovelhas, e as afugentastes, e delas não
cuidastes; mas eu cuidarei em vos castigar a
maldade das vossas ações, diz o Senhor"
(Jeremias 23:1-2).

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Pastores nas igrejas do Novo
Testamento

No Novo Testamento, encontramos muitas


referências aos pastores/presbíteros/ bispos.
Descobrimos em Atos 20:17 e 28 que esses três
termos se referem aos mesmos homens (veja,
também, 1 Pedro 5:1-2, onde os presbíteros
pastoreiam). Não temos nenhuma base bíblica
para usar o termo "bispo" para descrever um
cargo, "pastor" para outro e "presbítero" para
ainda outro. Pastores, bispos e presbíteros são
os mesmos servos. Lendo o livro de Atos,
achamos vários versículos que mencionam
presbíteros: na Judéia (11:30); em cada igreja
na Ásia Menor (14:23); em Jerusalém
(15:2,4,6,22,23; 16:4); da igreja em Éfeso
(20:17,28) e, mais uma vez, em Jerusalém
(21:18). As epístolas, também, se referem aos
homens que pastoreavam as igrejas: "pastores e
mestres" (Efésios 4:11); "bispos" em Filipos
(Filipenses 1:1); "o presbitério" (1 Timóteo 4:14);
"presbíteros que há entre vós" (1 Pedro 5:1; aqui
aprendemos que Pedro era presbítero, um dos
dois apóstolos assim identificados—veja 2 João
1 e 3 João 1).

O trabalho dos presbíteros inclui várias funções


importantes: pastorear (Atos 20:28; 1 Pedro 5:2);
ensinar (Efésios 4:11-16; Tito 1:9); ser modelos
(1 Pedro 5:3); presidir (1 Timóteo 5:17); vigiar
(Atos 20:31); velar por almas (Hebreus 13:17);
guiar (Hebreus 13:17); cuidar/governar (1
Timóteo 3:5); ser despenseiro de Deus (Tito

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1:7); exortar (Tito 1:9); calar os enganadores
(Tito 1:9-11); etc.

Observamos em todos os exemplos bíblicos que


as igrejas que tinham presbíteros sempre tinham
mais de um. Seja em Jerusalém, Éfeso, Filipos
ou outro lugar, sempre fala dos presbíteros no
plural. A prática comum nas igrejas de hoje, de
ter um só pastor numa congregação, não tem
nenhum fundamento bíblico.

As qualificações bíblicas de
pastores/presbíteros/bispos

Paulo cita as qualificações dos


bispos/presbíteros em duas cartas (1 Timóteo
3:1-7; Tito 1:5-9). A linguagem dele deixa bem
claro que ele não está dando meras
sugestões, e sim requerimentos. Em 1
Timóteo 3:2 ele diz: "É necessário, portanto,
que o bispo seja...." Tito 1:7 diz: "Porque é
indispensável que o bispo seja...." Antes de
examinar as qualificações em si, vamos
entender bem esse ponto. Os requerimentos que
encontramos nesses dois trechos são
qualidades que o Espírito Santo revelou, através
de Paulo, como exigências. Para servir como
presbítero, um homem precisa de todas essas
qualidades. Ninguém tem direito de apagar
nenhum "i" ou "til" do que Deus falou aqui.

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Agora, vamos ler o que o Espírito falou nessas
duas listas paralelas (bem semelhantes, mas
não exatamente iguais).

"Fiel é a palavra: se alguém aspira ao


episcopado, excelente obra almeja. É
necessário, portanto, que o bispo seja
irrepreensível, esposo de uma só mulher,
temperante, sóbrio, modesto, hospitaleiro,
apto para ensinar; não dado ao vinho, não
violento, porém cordato, inimigo de
contendas, não avarento; e que governe bem
a própria casa, criando os filhos sob
disciplina, com todo o respeito (pois, se
alguém não sabe governar a própria casa,
como cuidará da igreja de Deus?); não seja
neófito, para não suceder que se
ensoberbeça e incorra na condenação do
diabo. Pelo contrário, é necessário que ele
tenha bom testemunho dos de fora, a fim de
não cair no opróbrio e no laço do diabo" (1
Timóteo 3:1-7).

"Por esta causa, te deixei em Creta, para que


pusesses em ordem as coisas restantes, bem
como, em cada cidade, constituísses
presbíteros, conforme te prescrevi: alguém
que seja irrepreensível, marido de uma só
mulher, que tenha filhos crentes que não são
acusados de dissolução, nem são
insubordinados. Porque é indispensável que
o bispo seja irrepreensível como despenseiro
de Deus, não arrogante, não irascível, não
dado ao vinho, nem violento, nem cobiçoso
de torpe ganância; antes, hospitaleiro, amigo
do bem, sóbrio, justo, piedoso, que tenha
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domínio de si, apegado à palavra fiel, que é
segundo a doutrina, de modo que tenha
poder tanto para exortar pelo reto ensino
como para convencer os que o contradizem"
(Tito 1:5-9).

Leia esses trechos com bastante atenção. Os


pastores na sua igreja têm todas essas
qualificações? São homens? Casados? Pais de
famílias? Com filhos crentes? Conhecedores da
palavra? Hospitaleiros? Respeitados por todos?
Irrepreensíveis? Professores capazes? Amigos
do bem? Têm todas as outras qualidades
citadas aqui? Homens com todas essas
qualificações são uma grande bênção ao povo
de Deus, e serão extremamente úteis nas igrejas
locais onde servem como presbíteros. Mas,
pessoas que não têm essas qualificações não
são autorizadas por Deus a serem pastores. A
igreja que escolhe pessoas não-qualificadas
como bispos está desrespeitando a palavra de
Deus. Pessoas não-qualificadas que aceitam o
cargo de pastor estão agindo contra o Supremo
Pastor. Presbíteros não-qualificados que
continuam nesse papel estão violando a palavra
de Deus.

É notável que essas passagens não falam nada


sobre escolaridade, cursos superiores, cursos de
teologia, diplomas, certificados de seminários,
etc. Muitas igrejas têm colocado tais coisas
como seus próprios requerimentos, deixando de
lado as exigências de Deus.

Desafios atuais

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Não é possível, num pequeno artigo como este,
elaborar um estudo completo sobre pastores. O
propósito deste artigo é desafiar cada leitor a
estudar mais, procurando entender bem o que
Deus revelou sobre liderança na igreja. Mas, não
é o bastante ouvir a palavra. Tem que praticá-la
(Tiago 1:22-25). Se você, ou a igreja onde você
congrega, esteja agindo de forma errada, há
uma solução só: arrepender-se e começar a
obedecer ao Senhor. Pastores não-qualificados
devem renunciar ou serem removidos do cargo,
para não trazer a ira de Deus sobre a igreja. E
se sua igreja insiste em manter pastor(es) não
aprovado(s) de Deus, você terá que escolher
entre Deus e os homens (Mateus 15:9; Josué
24:15). Tal igreja está desordenada (Tito 1:5) e
não procede como deve (1 Timóteo 3:15).
Igrejas que ainda não têm presbíteros devem
encorajar todos os homens a se desenvolverem
espiritualmente para serem qualificados, se
possível, no futuro.

É bem provável que alguns leitores,


especialmente os que fazem parte da liderança
de algumas denominações, não gostarão deste
artigo. Não aceite nada que vem de mim ou de
qualquer outro homem; mas não rejeite nada
que vem de Deus. "Porventura, procuro eu,
agora, o favor dos homens ou o de Deus? Ou
procuro agradar a homens? Se agradasse
ainda a homens, não seria servo de Cristo"
(Gálatas 1:10).

-por Dennis Allan

Uma ferramenta para o Ministério Pastoral


Teologia Pastoral 2009

Uma ferramenta para o Ministério Pastoral


Teologia Pastoral 2009

PENEIRANDO LÍDERES,
FORMANDO PASTORES

Ricardo Barbosa de Sousa

A palavra líder ou liderança não aparece na Bíblia, é uma


expressão relativamente nova. Isto não quer dizer que não
possa ser usada para descrever ou definir aqueles que
tem alguma responsabilidade na igreja. Na verdade, é hoje
a expressão mais usada. Dezenas de encontros e
congressos para líderes são organizados a cada ano. São
pastores e pastoras, missionários, presbíteros e
presbíteras, diáconos e diaconisas, jovens,
administradores, etc, em busca de modelos, técnicas,
orientação, conselhos para um melhor desempenho de
sua liderança.

É bom ver o surgimento de tanta gente disposta a


contribuir de alguma forma para o crescimento da igreja,
amadurecimento dos crentes, proclamação do evangelho.
É o sacerdócio de todos os crentes em prática. Todos
consideram-se, de uma maneira ou outra, líderes, é a
expressão que conseguiu quebrar o monopólio do clero,
assumem responsabilidades, desenvolvem projetos,
buscam apoio, convocam, distribuem tarefas e põem um
grande exército em marcha para realizar a obra de Deus.

No entanto, apesar do grande número de cursos,


seminários e congressos de formação de líderes, e todas
as novas ferramentas e técnicas modernas usadas para

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um melhor desempenho da liderança, ouvimos


frequentemente os apelos das igrejas de que precisam de
líderes. Embora contem hoje com inúmeros recursos e
pessoas bem treinadas no exercício da liderança, há um
vazio, alguma coisa está faltando, algo que não está
sendo preenchido pelos líderes, nem pelas técnicas
modernas de gerenciamento.

Igrejas estão mais organizadas, professores de escola


dominical mais bem preparados e contam com material
didático de última geração; os líderes leigos trazem em
sua bagagem um sofisticado preparo profissional que
colocam a serviço da igreja. Pastores com cursos de
comunicação se apresentam impecáveis, com seus ternos
bem cortados, voz empostada e movimentos ensaiados.
Televisão, rádio, “home-pages”, “marketing”, tudo isto e
muito mais está sendo usado pela nova liderança, mas
ainda falta alguma coisa.

O que falta não me parece ser alguma nova técnica que


ainda não foi incorporada ou curso ainda por fazer. O grito
das ovelhas é por pastores. A liderança que temos hoje,
ou melhor, o modelo de líderes que temos buscado, não
está satisfazendo os anseios das almas das ovelhas de
Jesus Cristo. Temos boa tecnologia, bons
administradores, bons professores, excelentes gerentes
que tocam a igreja, mas não temos pastores.

Sim, temos pastores. Eles estão aí nas igrejas, pregando


domingo após domingo, celebrando os sacramentos,
administrando os programas, mas perderam o contato
com a alma do povo. São líderes, não pastores. Estão
mais preocupados com o empreendimento religioso, o
gerenciamento dos projetos, o entretenimento espiritual. O
que fazem tem apenas uma remota lembrança com o que
os pastores da igreja têm feito nestes últimos vinte
séculos.

Líderes e pastores não são sinônimos. Podem às vezes


significar a mesma coisa, mas podem também representar
polos opostos, realidades distintas. Pretendo aqui buscar

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um resgate da figura do pastor, daquilo que entendo que


seja a vocação pastoral. Reconheço que os pastores são
líderes, apenas quero protestar contra um modelo de
liderança que considero nocivo, talvez até letal para a
igreja. Mesmo que a palavra “líder” não seja a mais
adequada para a definição da vocação pastoral, ela já se
encontra incorporada em nosso vocabulário. Vou usá-la e,
ao mesmo tempo, critica-la. Vou usá-la para referir a um
modelo bíblico de liderança, mas vou usá-la também para
criticar os modelos que corrompem nossas heranças mais
antigas. Algumas vezes vou usar a palavra “líder” como
oposição ao “pastor”, isto não significa que pretendo abolir
seu uso, apenas dar a ela um significado mais claro no
contexto da igreja e da vocação pastoral.

Passando Pedro pela peneira

Jesus certa vez disse a Pedro: “Simão, Simão, eis que


Satanás vos reclamou para vos peneirar como trigo! eu,
porém, roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça; tu,
pois, quando te converteres, fortalece os teus irmãos” (Lc.
22: 31 e 32). Foi uma conversa misteriosa, sem muito
sentido para Pedro. Ele responde reafirmando sua
coragem e determinação em continuar lutando até a morte
pelo seu mestre.

Pedro era uma pessoa de personalidade forte, decidido,


corajoso, despojado. Tinha ideais claros e estava disposto
a lutar e, se fosse necessário, morrer por eles. Era o tipo
de pessoa que se entregava com todas as suas forças
àquilo em que cria. Não tinha medo, pelo menos não
demonstrava. Pedro era um líder.

Era o tipo de pessoa que qualquer sindicato ou


organização gostaria de ter como líder ou, na pior das
hipóteses, como um aliado. Sem dúvida, seria a pessoa
ideal para liderar uma igreja, conduzir um rebanho, realizar
a obra de Deus, enfrentar os inimigos, proclamar o reino.
Sua determinação e paixão levariam qualquer comunidade
a realizar uma grande obra missionária.

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Jesus encontra-se com ele numa última conversa, depois


de três anos de convivência, amizade, pastoreio e
discipulado, e lhe diz que Satanás iria peneirá-lo. E mais,
que não iria impedir, apenas permaneceria orando para
que não perdesse a fé. Pedro reage reafirmando sua já
conhecida coragem dizendo que nada, nem a prisão ou
mesmo a morte, iria afastá-lo do compromisso de seguir
seu mestre, de ir até o fim e defendê-lo.

Jesus responde de forma enigmática dizendo: “Afirmo-te,


Pedro, que, hoje, três vezes negarás que me conheces,
antes que o galo cante.” Jesus encerra a conversa com
esta afirmação. Imagino que Pedro ficou ali pensando:
“Ele ainda não me conhece. Depois de três longos anos e
todas as provas de lealdade e fidelidade que demonstrei,
da coragem que sempre tive,ele ainda pensa que vou
negá-lo.” Pedro mal sabia que a esta altura já estava
sobre a peneira.

Pouco depois desta conversa Jesus é preso. A coragem


de Pedro sofre um primeiro golpe. Geralmente as pessoas
afirmam sua coragem quando esta não lhe é requerida.
Pedro agora avalia melhor suas declarações. Será que
valia a pena morrer por um projeto que fracassou? Lutar
por um condenado? Diante dos riscos que Jesus enfrenta
com o julgamento, sempre sugem novas perguntas,
alternativas, possibilidades.

Aquilo que parecia ser um caminho claro e vantajoso,


agora é tomado de suspeitas e riscos. Para Pedro, Jesus
seguia um caminho que, a seus olhos, observando todos
os fatos políticos e sociais, era um caminho que valia a
pena seguir e lutar. Pedro estava seguro de que Jesus
tinha um projeto político. Seria proclamado rei, assumiria o
trono de Davi, estabeleceria um reino justo e acabaria com
o domínio romano sobre os judeus. Certamente haveria
resistências, traições, golpes, mas Jesus já havia dado
provas de que Deus estava com ele, de que aquele
caminho gozava da benção do Todo Poderoso.

Mas Jesus é traído e preso. Pedro não contava com isto.

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As esperanças de um povo politicamente liberto e um


reino de justiça e paz como havia sido o de Davi,
desaparecem. Desaparece também a coragem. Pedro
agora segue Jesus de longe. Acompanha como um
observador desconfiado o desenrolar dos acontecimentos.
Já não se expõe mais. Enquanto Jesus caminha em
direção à casa do sumo sacerdote, Pedro caminha
incógnito entre a multidão, confuso, inseguro, sem saber o
que fazer. Um grupo acende fogo no meio do pátio e
Pedro, discretamente, se acomoda entre eles. A conversa
era sobre a prisão de Jesus. Pedro ouve atentamente sem
emitir nenhuma opinião. Passa por ali uma empregada
que o reconhece como alguém que fazia parte do grupo
que andava com Jesus. Pedro nega. “Não o conheço”,
disse ele. Ser identificado como amigo, membro do grupo
de Jesus a esta altura era perigoso. Alguns minutos
depois, outra pessoa que passava por ali, vendo-o
comenta com o grupo: “este também é um dos que
andavam com ele”, insinuando que Pedro fazia parte do
grupo de conspiradores políticos que planejavam o golpe.
Pedro protesta e, mais uma vez, nega. Depois de uma
hora outra pessoa o reconhece e afirma: “Também este,
verdadeiramente, estava com ele, porque também é
galileu”. Ficou mais difícil negar. Pedro era um galileu,
fazia parte dos descontentes, da classe mais pobre de
Israel, dos que subiram com Jesus para Jerusalém para o
proclamarem rei. Pedro estava ali com Jesus entrando em
Jerusalém. Mas, mais uma vez ele nega, insiste em dizer
que não conhece Jesus. E, enquanto ainda se explicava
tentando tirar qualquer dúvida sobre sua cumplicidade
com o Mestre, o galo canta.

Jesus, de onde estava, olha para o pátio e fixa os olhos


em Pedro que também, sem querer, acabou cruzando seu
olhar com o do Senhor. De um lado, o olhar amoroso,
misericordioso, porém penetrante e revelador de Jesus
que desmascara, desnuda e leva Pedro a reconhecer seu
caráter, sua personalidade, a verdade sobre quem era. Do
outro lado estava Pedro, lembrando de cada palavra de
Jesus, encarando sua falsidade, covardia, prepotência e

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orgulho. Era a peneira cumprindo seu papel.

Depois daquele olhar, Jesus e Pedro não se encontram


mais. Jesus é condenado e crucificado. Pedro agora tem
que conviver com a dura realidade de quem é, realidade
revelada pelo olhar, pela covardia, pela peneira. Jesus
morreu e Pedro não foi sequer preso. Não foi com Jesus
até o fim, não enfrentou inimigos nem acusadores. Aquele
homem forte, corajoso, arrogante, prepotente, soberbo,
auto-suficiente, seguro, valente, dá lugar a um homem
fraco, confuso, desmascarado, humilhado e quebrado.

A história continua. Alguns dias mais tarde, Pedro e alguns


amigos voltam a pescar. Ele, que tinha deixado a pescaria
para se transformar num pescador de homens, volta para
sua velha profissão. Não há mais esperança, só a antiga
rotina. Depois de trabalhar toda a noite sem sucesso, logo
nas primeiras horas da manhã, ouvem uma voz da praia
perguntando se tinham pescado algo, eles respondem que
não. Então a mesma pessoa pede para que lancem suas
redes do lado direito do barco. Assim fazem e a recolhem
cheia. Era a senha, João reconheceu que era o Mestre. Ao
ouvir que era Jesus, Pedro que estava nú coloca suas
roupas, como Adão fez no paraíso para encontrar-se com
Deus depois que teve consciência do seu pecado e nudez,
e lança-se ao mar ao encontro com Jesus.

Depois de comerem, Jesus tem uma outra conversa com


Pedro. Novamente olha bem nos olhos e pergunta por três
vezes: “Tu me amas?” Jesus o conhece, Pedro sabe disto.
Como iria responder esta pergunta? Poucos dias antes ele
o negou covardemente depois de afirmar que morreria por
ele. Não podia mais enganar, tripudiar, impressionar com
palavras de ordem, declarações rompantes. Era agora um
homem fraco e desnudado. Qualquer que fosse sua
resposta ele sabia que não poderia mais enganar, mesmo
que não respondesse nada, ele sabia que Jesus conhecia
a verdade. “Tu me amas?” Não é uma pergunta fácil de
responder, principalmente quando quem pergunta nos
conhece completamente.

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O verbo amar vem perdendo sua beleza, poesia e


verdade. Foi vulgarizado. É usado mais para coisas do
que pessoas. Amamos lugares, roupas, joias, comidas,
viagens, mas resistimos amar homens e mulheres, gente
com quem nos relacionamos. Mais difícil ainda é amar
quem nos conhece, quem não se deixa enganar. Jesus,
nesta pergunta, resgata a dignidade do verbo, pergunta a
Pedro pelos seus sentimentos mais sinceros e verdadeiros
em relação a ele. Santo Agostinho dizia que se queremos
conhecer alguém, não devemos perguntar o que ele faz,
mas o que mais ama. O amor revela quem somos.
Perguntar a Pedro se seria capaz de sofrer ou até morrer
por Cristo, certamente sua resposta seria sim, mas
perguntar se o ama, e se o ama mais do que os outros
amam, a resposta já não é tão simples. Jesus não
perguntou se Pedro amava suas doutrinas ou, quem sabe,
seus ideais e missão. A pergunta era pessoal e exigia uma
resposta igualmente pessoal.

Ao responder esta pergunta Pedro estabelece um novo


relacionamento com Cristo. “Tu sabes todas as coisas, tu
sabes que eu te amo”, foi a resposta. Jesus sabia de tudo,
conhecia tudo. Sabia que Pedro era covarde,
inconsistente, prepotente, auto suficiente, orgulhoso.
Sabia que seu amor não era perfeito, que ele era fraco e
limitado. Porém, mesmo sabendo de tudo isto, sabia
também que ele o amava.

Pedro passou pela peneira. Aquela pedra bruta, arrogante


e segura de si, dá lugar a um coração simples, amoroso,
dependente e entregue. Foi peneirado. Jesus estava mais
interessado nesta areia fina e frágil que escorria do outro
lado da peneira, do que na pedra bruta, sólida e firme que
Pedro era. Agora ele pode ser ordenado, receber de Cristo
sua vocação, cuidar do rebanho do Senhor. O líder precisa
passar pela peneira. É somente do outro lado, que ele
recebe do Senhor sua vocação e se transforma num
pastor/líder. Jesus, noutras palavras, está dizendo: Olha
Pedro, eu sei que você é uma pessoa determinada, forte,
lutadora; sei que você foi treinado entre os zelotes para
ser um líder, para implantar pela força um novo reino,

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reestabelecer a justiça e libertar os oprimidos do seu povo.


Mas sabe, quando te chamei lá na margem do mar da
Galiléia, onde você e seu irmão André pescavam, eu disse
que faria de você um pescador de homens, e homens não
se pescam com este tipo de isca que você está
acostumado. Na verdade Pedro, você nunca me
impressionou. Sua força e determinação não fizeram de
você uma pessoa especial, diferente, mais qualificada que
os outros. Eu conheço bem a natureza humana. Naquele
dia que eu disse que me negaria três vezes antes que o
galo cantasse, eu sabia que sua coragem era limitada, que
estava mais interessado nos seus projetos políticos do que
em mim e no meu reino. Eu sabia que você me negaria.
Foi necessário deixar que Satanás te peneirasse, que
deixasse para trás as impurezas de um modelo de
liderança muito mundano, sustentado apenas em você e
na sua coragem egoísta e limitada. Agora que você sabe
que seguir-me inclui um calvário e uma cruz, sabe também
que terá que confiar em mim, depender de mim para
continuar me seguindo e pastoreando minhas ovelhas.

O paradigma de liderança que temos hoje, assemelha-se


muito mais ao velho Pedro. Admiramos o poder,
valorizamos a grandeza, damos preferência aos mais
competentes e auto-suficientes, gostamos das pessoas
fortes, seguras, independentes, arrojadas. A cultura
contemporânea despreza o frágil e o dependente. As
igrejas buscam para seus pastores, líderes mais jovens,
com grandes projetos, brilho próprio, capazes de levar a
igreja para onde quizerem. Devem ser animados,
idealistas, carismáticos. O líder tomou o lugar do pastor, é
mais profissional, tem sua vida orientada por projetos e
ideais, é impessoal e tende ao narcisismo.

A Profissionalização do Pastorado

O pastor/líder hoje é um profissional. Tende a ser mais


impessoal e funcional. Seus relacionamentos são
determinados pelos projetos e planos que tem. Ama o que
faz e se realiza no seu trabalho. As pessoas são amigas
na medida em que apoiam e se envolvem com sua visão e

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