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EXECUÇÃO – Inovações da Lei n.° 11.

232/2005
Dra. Maria Helena Rau de Souza
Juíza Federal da 1.ª Vara das Execuções Fiscais de Porto Alegre
31 de março de 2006

O nosso trabalho hoje tem duas facetas: se de um lado ele nos permite uma
ampla especulação, porque estamos tratando de uma Lei que ainda não entrou em vigor, e
portanto tem tudo por acontecer ainda, e, como a gente chama, é o período em que o pensamento
está livre, depois em seguida ele vai ficar moldado ao que a jurisprudência construir, à situações
práticas que vão mostrando a necessidade de dar um determinado entendimento à norma, aliás,
dar entendimento à norma não é uma expressão muito correta, a gente tem que sempre ter
presente o seguinte: a norma surge da interpretação da disposição legal. As normas são o produto
da interpretação. Nem sempre aquilo que nós queremos ou que aplicamos é rigorosamente aquilo
que está escrito ou necessariamente o que está escrito em sentido literal. É aquilo que nós
extraímos, no sentido em que a doutrina e a jurisprudência extraem das disposições. Então vejam,
isso é um trabalho dinâmico, o direito é produto para ser tratado dinamicamente, à medida também
que os fatos se reapresentam e se alteram. Então nós vamos ter esse trabalho pela frente, da
doutrina, vamos dizer assim, cruzar todas essas novas disposições com aquelas que permanecem
vigentes, extrair o seu alcance mais preciso, a jurisprudência vai ter também um papel decisivo,
portanto o que dissermos hoje aqui ainda poderá ir sofrendo alguma lapidação. Mas este é o
momento oportuno para se começar, e até acho que é indispensável nos prepararmos para uma
vigência que vai ter início no dia 23 de junho de 2006. Porque estas mudanças chama tanta
atenção e o operador se mobiliza a antecipadamente trabalhar com elas? Porque é uma mudança
no processo civil e o operador do direito, seja em que ponto do processo ele atue, vai ficar
submetido a essa nova ordem de disposições. Então é uma modificação que quem está operando
o direito não pode passar despercebido. Então vamos empreender este trabalho especulativo,
primeiras cogitações em torno do assunto. Vocês vão receber, ao final ou no intervalo da aula, um
roteiro, não é um texto de doutrina, o roteiro desta aula, com algumas considerações um pouco
mais desenvolvidas, para ficar de memória da aula. Este roteiro, eu até adverti na secretaria, que
tive dificuldade até de revisar alguma coisa da digitação, poderá ter uma ou outra imperfeição na
digitação. Vai ter uma segunda versão, especialmente para aqueles que são procuradores, vai ser
fácil eu fazer chegar, a segunda versão onde eu enxertarei os números de decisões, algumas
afirmações ali estão ligadas a decisões jurisprudências, então eu quero colocar a referência a
estes precedentes para vocês terem um acervo já mais detalhado. Então os procuradores vão
receber isso em curto prazo, e aqueles que não são da Casa, que eu sei que há pessoas de fora,
poderão, deixando o seu e-mail aí na secretaria, ter acesso a essa segunda versão desse primeiro
esqueleto que vai ser entregue. Então, com estas ressalvas do eu vocês vão receber hoje e que
obviamente não tem a pretensão de ser um texto doutrinário, é uma memória da aula, já vai ficar
um primeiro material para vocês. Em curto prazo estarei revisando isso para vocês a fim de deixar
mais precisas algumas coisas. Por fim, dentro das considerações iniciais, o que nós temos em
matéria de referencia bibliográfica, de meu conhecimento, até agora, nós temos já duas obras
sobre o cumprimento da sentença, que passa agora a ser o grande título em vez de execução da
sentença, o legislador evoluiu para esta terminologia, nós temos já no mercado a obra do professor
Araken de Assis, “O cumprimento da sentença”, da Forense, 2006, uma obra excelente, como tudo
o que é produzido pelo professor Araken, muito precisa, e há uma obra do professor Carreira
Alvim, em co-autoria, que agora por um lapso não estou lembrando, é uma doutrinadora dessas
que já tem um acervo grande, mas no intervalo eu posso resgatar o nome. Então o professor
Carreira Alvim também já tem uma obra publicada sobre o cumprimento da sentença. Está no prelo
uma obra coletiva do qual vai fazer parte o ministro Teori Zavascki, e eu tive acesso a essa obra
que está no prelo ainda, então pude já fazer uma leitura, vendo as posições dos doutrinadores
sobre um ponto ou outro. É o que eu sei que tem em matéria bibliográfica sobre a nova Lei e fica
como referência aos que se interessarem. Esta última obra provavelmente ainda nesse semestre
suponho que já esteja editada.
Feitas essas considerações que nós vamos começar a trabalhar. Vou me
permitir uma primeira direção para nós colocarmos, antes de entrarmos propriamente na Lei
11.232 de 2005, antes de entrarmos, examinar alguma coisa mais detalhada, vamos situar o
panorama em que esta Lei é editada. Porque isso é fundamental: mais do que nós memorizarmos
o prazo que vai ter o executado para apresentar a sua defesa e isso em seguida vocês vão estar
com isso na ponta da língua, são 15 dias. Mais do que isso, que se pode recorrer sempre ao texto
legal que ele nos atenderá, temos primeiro que entender o que aconteceu dentro do processo civil
para a edição desta Lei. Acho que temos que nos relembrar do seguinte. Primeiro lugar: estas
escolhas executadas no mesmo processo, em processo autônomo, não há nenhuma imposição de
ordem científica ou constitucional que nos faça trilhar este caminho ou aquele. Isto são opções
legislativas, são técnicas, são formatos do processo que o legislador adota por uma razão
contingencial quase. Às vezes até dependendo da filiação, vamos dizer assim, teórica, daquele
que é o mentor do Código de Processo Civil. No Código de 73 é Alfredo Buzaiti, que tinha toda
uma linha de entendimento, e isso se refletiu na estrutura do Código. O nosso Código de 73, que é
o que está em vigor, com todo esse processo de reforma, com toda essa sacudida, vamos dizer
assim, este Código, originalmente, o que ele propõe? Ele propunha a atividade de conhecimento e
eventualmente liquidação quando ela fosse por arbitramento ou por artigos e a execução como três
demandas autônomas. Esse é o formato do Código na sua concepção original. Nós tínhamos a
tutela cognitiva num processo. Se fosse a antiga liquidação por cálculos do contador, depois
substituída pela liquidação por cálculos do credor, essa dispensava ação própria, mas as
liquidações por arbitramento e por artigos constituem um novo feito cognitivo com sentença
apelável, com todas as características de um processo de conhecimento. Então tínhamos três
demandas autônomas.

O Nelson, quando fez a apresentação, disse uma coisa corretíssima. Ele já


ajudou a aula, porque na faculdade, pelo menos ao tempo que ele se formou, e não faz tanto
tempo, mas isso só agora começa a ser alterado, qual era a grande dedicação no processo civil
era o processo de conhecimento. O Código de 73, o Código Buzaiti, é um monumento ao processo
de conhecimento, tanto é que nós temos, e é uma crítica que a doutrina faz, a parte geral está
ligada ao processo de conhecimento. Quando o Código, tecnicamente era uma falha bem visível,
deveria ter uma parte geral para todas as tutelas jurisdicionais. Mas ele hipertrofiou a disciplina do
processo de conhecimento, numa reverência clara a esta fase, agora a gente já fala em fase mas
na verdade lá era uma ação, e a doutrina toda também se influenciou por isso, tanto é que se
estudou muito, e aprofundadamente, todas as vicissitudes do conhecimento, relegando a execução
para um terreno árido chato, mas altamente equivocado este caminho, porque é na execução que
temos a satisfação do titular do direito. A famosa imagem metafórica, mas que nos diz muito, o que
adianta ter uma sentença condenatória transitada em julgado sem a execução? É só para fazer
uma moldura, um quadro, porque no plano prático ela não muda nada. Certamente quem recorre
ao judiciário não é para ter consigo uma sentença só, era para ter o bem da vida que levou àquela
situação. Se caiu em um equívoco muito importante porque a execução é o momento, eu diria, é o
ápice da prestação jurisdicional. É porque a execução é igual à satisfação. Nós poderemos usar
uma palavra, até uma palavra leiga, vamos dizer assim, para definir o que é execução, o que é
executar: é satisfazer. Então vejam que isso já ressalta a importância dessa etapa no processo
para a plenitude da prestação jurisdicional. Mas isso tudo foi posto de lado, a meu ver
equivocadamente, os fatos depois mostraram que era equivocado, que isso não estava nos
levando para um bom resultado, porque esta divisão representava um tempo insuportável. E aí as
coisas começam a produzir efeitos nefastos e o processo começa a entrar em colapso. Inicia uma
onda, o processo vocês sabem que ele se constrói por ondas, a onda da efetividade do processo,
onde começamos a ter uma atenção à efetividade. Neste conceito de efetividade do processo qual
é um dos núcleos? É o tempo razoável. O processo é efetivo quando ele entrega a quem é devido
um determinado bem, isso é uma parte do processo efetivo, mas em tempo razoável. Porque ainda
que este processo resulte em entrega do bem a quem é devido mas em um tempo excessivo, ele
não vai ser um processo efetivo. Essa circunstância ficou por demais marcada agora com a
emenda constitucional 45, quando se inclui dentro das garantias a prestação jurisdicional em
tempo razoável, sobre isso não se toca. E isso aqui é atentatório a esse tempo razoável, esse
modelo inicial do Código de Processo Civil, como todos aqui já podem incluir, por toda a trama
recursal que se estabelece em cada uma dessas fases, só aí é um tempo interminável.

Então esse sistema começa a sofrer uma trepidação e surgem as primeiras


modificações. Do nosso Código pode-se dizer que teve a fase da reforma, que foi a partir de 1994.
Houve algumas leis antes mas elas não foram expressivas do ponto de vista de reforma. Neste
biênio tivemos um conjunto de Leis que alteraram o CPC. Depois nós tivemos o que a doutrina
chamou de reforma da reforma, que pegou o período de 1999 a 2002 e agora nós temos reforma,
ou enfim, uma nova alteração. Esses são três momentos de impacto grande na estrutura do
Código. Já neste primeiro biênio de modificações o que se introduziu? Introduziu-se uma quebra
nesse sistema ao prever a chamada eficácia executiva lato sensu. O professor Araken corrige e diz
não, Pontes nunca se referiu a lato sensu. Parece que houve uma preocupação em separar essa
eficácia executiva das ações de execução stricto sensu. Então se quebra isso incluindo nas ações
destinadas ao pleito em torno de obrigações de fazer e não fazer, inicialmente se estabelece essa
eficácia executiva ou mandamental, vai depender do que se origina de atos ali dentro da ação para
tornar efetiva a obrigação, cortando esse esquema. Nós passamos a ter conhecimento e execução
num mesmo processo. Mas ainda isso está ligado inicialmente, originalmente, às obrigações de
fazer ou não fazer.

Só voltando um pouquinho: alguém pode estar pensando que já tínhamos


alguma coisa no CPC de 73, onde a execução estava junto com o conhecimento. Sim, tínhamos,
mas era excepcional do sistema, era como se fosse uma grande mancha onde valia isso e na
exceção estava a junção. Por exemplo: ação de despejo, ações possessórias, ação de busca e
apreensão e alienação fiduciária, estou citando alguns procedimentos, e vejam bem, chama a
atenção que eram procedimentos especiais, e são ainda hoje especiais. O procedimento comum,
ordinário, não tinha essa junção. Nestes procedimentos especiais sim, vigorava a junção do
conhecimento e execução na mesma relação processual. Porque no despejo, só para a gente se
relembrar, como é que se cumpre a sentença de procedência em um despejo? Através do
mandado de desocupação do imóvel. Não tem nada mais executivo do que isso. Isso é feito lá na
ação de despejo, em seqüência à sentença de procedência. Ninguém nunca cogitou de mover uma
execução para a entrega de coisa em seqüência à sentença de procedência do despejo. Mas e os
aluguéis atrasados? Isso é um outro pedido. Aí esse se movia, e devia se mover, a execução para
cobrança de quantia. Depois de liquidar, de quantia certa. São dois pedidos, o despejo e a
desocupação do imóvel, que pode até não estar ligado a aluguel, não estar motivado por atraso no
pagamento de aluguel, embora essa seja a causa mais comum, sabidamente, mas pode
eventualmente não ter sido uma quebra contratual, pode ter sido dado uso diverso ao imóvel,
estando os aluguéis absolutamente em dia. Ainda assim nós vamos ter ação de despejo, que vai
ter eficácia executiva lato sensu. Então, o sistema conhecia o mandado de segurança, que está
entre nós há mais de cinco décadas, o mandado de segurança sempre se cumpriu dentro da
mesma relação processual. O que se segue à sentença de procedência quando o juiz reconhece
que abusivamente a Fazenda está deixando de outorgar certidão negativa de débito para o
contribuinte que precisa para participar de uma licitação. Vai ser um ofício para a autoridade
competente à exaração da certidão para que ela forneça essa certidão, dentro da mesma relação
processual. Não há execução, no sentido técnico, da sentença de procedência do mandado de
segurança. Então nós conhecíamos, é verdade, deve-se dizer isso, mas como vocês estão vendo,
em ações cercadas de certa gala, as possessórias, o despejo, o mandado de segurança... Então
aqui num primeiro impacto nós temos a reunião para as ações para o cumprimento de fazer ou não
fazer. Não interessa aqui que obrigação que é, se ela se origina de dever legal, se ela se origina de
obrigação contratual, já começa uma primeira generalização. Na seqüência nós temos então, aqui
ficou com as obrigações de fazer e não fazer e depois isso se expande para obrigações de dar, de
entregar coisa. Então passa que, a partir daqui o sistema já se rompe com relação a essas
obrigações. Já não temos mais esse formato. Tudo em nome de uma efetividade no processo. Mas
ainda permaneciam fora, porque tem as suas de fazer ou não fazer, de entregar ou dar, as
obrigações de pagar. Estas continuavam dependendo da chamada execução autônoma, como um
processo próprio, inaugurado por uma nova citação, com todos os rituais da citação, possibilidade
de embargo, sentença, recursos aí inerentes, enfim, se reabria uma nova relação processual. Esta
era a técnica empregada.

O que acontece agora com a nova Lei que entrará em vigor em junho? Para as
obrigações de pagar quantia certa, obviamente se ela foi no início incerta e líquida teremos que
passar pela liquidação, nós também temos o rompimento deste formato inicial. E vamos passar à
equação conhecimento mais execução, tudo dentro de um mesmo processo, aqui então agora
abrigando obrigações de fazer, não fazer, entregar, pagar, em nome deste encurtamento de
tempo.

Agora, devemos ter desde logo presente que nós teremos exceções. O formato
inicial era da separação com algumas exceções, mandado de segurança, despejo, possessórias,
busca e apreensão, alienação fiduciária... Agora a regra geral é a junção, com algumas exceções.
Onde é que eu, apesar de ter título executivo determinando ao réu a obrigação de fazer, não fazer,
entregar, pagar, vou depender de uma execução autônoma, e quando eu digo que vou depender
de uma execução autônoma é aquele processo iniciado com citação, enfim.

Sentença estrangeira, sentença arbitral, sentença penal condenatória e nas


sentenças coletivas, quando se tratar, obviamente quando eu estiver pensando na cobrança
individual, porque o dano coletivo vai ser em seqüência àquela sentença. Nós temos, vocês
sabem, que as demandas coletivas, dependendo do que nelas se estabeleceu, novamente as
demandas procedentes, podem gerar pretensões individuais. Estas pretensões individuais vão
depender depois de uma execução, uma liquidação. Neste caso não podemos fugir, teremos que
abrir um processo aqui. Sentença arbitral também, porque estes juízos, a sentença foi produzida
em juízos distintos, nem tem como seguir no mesmo processo. Na sentença arbitral, até a doutrina
faz aí, nesse ponto até tem um dissenso doutrinário que eu percebi, já havia e permanece. O
professor Araken de Assis tem uma posição de tratar a sentença arbitral como se sentença judicial
fosse, efetivamente ela está lá arrolada entre os títulos judiciais. Ele trata a sentença arbitral e
inclusive admite que uma sentença arbitral ilíquida possa sofrer processo de liquidação, trata então
como um título judicial, porque o título extrajudicial, nunca esqueçam, ou ele é líquido desde a sua
origem, ele é ontologicamente líquido, e por liquidez tem que se entender de acordo com o
remansoso entendimento jurisprudencial, que não é só aquele título, ele traz um número expresso,
como por exemplo, um cheque, exemplo bastante didático da liquidez do cheque, está aqui, R$
200, R$ 300. Título líquido é também aquele que contém em si todos os elementos que nos levam
ao valor determinado. Por isso que se diz que liquidez é o valor determinado ou determinável, a
partir de elementos que estão no título. Porque a maioria dos nossos títulos tem alguma forma de
indexação, até as notas promissórias, não vou nem falar na certidão de dívida ativa, que este é o
exemplo mais exuberante de um valor que tem que ser calculado a partir de elementos que estão
no título. Mas as notas promissórias, que muitas vezes são emitidas em contrato de aquisição de
imóveis, ficam vinculadas ao CUB, está impresso em CUB para que na data do vencimento se faça
essa conversão. Então o valor só vai ser conhecido inclusive naquele dia, vai depender da
variação deste indexador. Isso jamais alguém pensou em acoimar de líquido esse título. Este título
é líquido. E líquido é aquilo que temos que buscar fora do título os elementos para determinar o
seu valor. Então, eu dizia, estava falando da sentença arbitral, o professor Araken de Assis tem
uma posição de tratá-la como título judicial, portanto comportando uma aliteração posterior pelo
juízo estatal, vamos dizer assim, enquanto que o professor Teori Zavascki, que já externou essa
posição em uma monografia, em uma obra título executivo e liquidação da sentença, isso sobre o
regime das Leis, agora revogadas, e eu vi que ele renova essa posição nessa obra que está no
prelo, dizendo que a sentença arbitral está, digamos assim, topograficamente mal colocada no
Código, porque ela é na verdade um título extrajudicial, porque ela provem do árbitro privado, que
portanto ela tem que nascer líquida lá no árbitro ou ela não servirá como título executivo. Não se
pode admitir a complementação, pelo juízo estatal, porque a liquidação é uma complementação do
título, há toda evidência, não se pode admitir uma complementação pelo juízo estatal de um
provimento do juiz, vamos dizer assim, privado, do árbitro privado. Essa é a posição do professor
Teori Zavascki, e eu vejo também que na doutrina, a escola paulista de processo, vamos dizer
assim, são mais afeitos a esta posição de dar todo o significado para a sentença arbitral, tratando
como se fosse sentença judicial. Qual é o argumento dessa corrente doutrinária? Que estamos em
um período de valorizar outras soluções de conflito, devendo desafogar o judiciário, então temos
que prestigiar ao máximo estas soluções. Eu particularmente tenho minhas reservas com a
sentença arbitral e me feriu mais essa posição do professor Teori porque nunca se sabe, em um
país com as desigualdades econômicas e sociais como o nosso, a arbitragem às vezes pode
representar uma situação de desequilíbrio, dependendo do assunto que está sendo resolvido. Se o
acerto é entre duas multinacionais não tenho preocupação nenhuma. Mas se já for uma arbitragem
diante de contratos bancários, vamos supor, aí eu acho que já se tem que ter o cuidado. Mas isso
é uma questão, não é o âmago da nossa preocupação, só entrei nisso para dizer que a sentença
arbitral vai ter essa colocação, conforme se entenda ser um título judicial, propriamente dito, ou
impropriamente dito. Sentença penal condenatória também, ela é produto do juízo penal, que
sequer cuidou de liquidação, e nem poderia, não é o objetivo do feito penal. Este dever de
indenizar que nasce e surge da sentença penal condenatória independente de qualquer movimento
do juízo penal, bastou haver condenação no plano penal transitado em julgado e esse delito ter
irradiado danos materiais que nós vamos ter título para executar no cível, só que título tem que ser
liquidado, qual é o valor destes danos? E aí vamos ter que cair na liquidação, em alguns casos é
preciso até provar fato novo. Então aqui vamos ter a inauguração de um processo, com citação,
para fins de liquidação. Então nós teremos aqui esta etapa da citação. E na sentença coletiva
também, na sentença de procedência que alguém individualmente queira utilizar para se ressarcir
dos danos individuais vai ter que começar pela liquidação dos seus danos e depois a cobrança.

Então é preciso ter estas exceções em mente quando a gente afirma


categoricamente todos os títulos que agora estão reunidos numa única relação processual à sua
satisfação. Vamos ter o corte disso nestes casos. E isso parece que a doutrina está sem
discrepância com relação a esse entendimento.

A Fazenda Pública tem o seguinte. Tem uma diferença lá porque na pública ela
vai continuar com o regime dos embargos. Conseqüentemente a Fazenda Pública ela vai, a meu
ver, ela segue regida pelo 730 e 731, ela tem que ser citada para embargar querendo, ela segue
tecnicamente utilizando os embargos, a redação, eu vou antecipar mas a gente chega lá depois, o
conteúdo que pode ser alegado nos embargos da execução contra a Fazenda Pública com
pequeníssimas alterações, é praticamente o que já estava no 741 e o que a doutrina está vendo?
Não mudou muita coisa para a Fazenda. Temos aí uma especulação em torno se essa multa pode
incidir na Fazenda, se a requisição for de pequeno valor, e que já tem, é um regime diferenciado,
inclusive para fins de honorários. A jurisprudência já estava tratando diferente, porque quando for
importância, para fechar só a resposta para o colega, a Fazenda Pública você sabe que tem duas
vertentes que elas, vamos dizer assim, que ela tem que satisfazer. As chamadas quantias de
pequeno valor e as quantias que excedem este patamar de 60 salários no plano federal, 40 no
plano estadual e 30 no municipal, se Lei local não disser o contrário, não sei se aqui no município
há Lei local dizendo diferente. Quando estas quantias excederem estes patamares vão ficar
sujeitas ao instituto muito conhecido de todos nós, que é o precatório. Para o regime do precatório
há toda uma construção teórica, como a Fazenda não pode, nem querendo, pagar imediatamente,
ela se sujeita a uma ordem de apresentação, não caberia arbitrar honorários contra a Fazenda
nessa execução, e me parece que também nesta linha a incidência da multa fica com
questionamento, fica sem sustentação, se a Fazenda não pode fazer o pagamento naquele prazo
ela tem que se submeter ao precatório. Me parece que nós teremos essa razão. Agora nas
requisições de pequeno valor é que nós vamos enfrentar talvez o entendimento contrário, porque
já tem com relação aos honorários justamente a conta deste raciocínio. Não, aqui a Fazenda não
está jungida a um regime de precatório, ela podia ter pago isso já. Se deixou a parte levar para
execução paga honorários. Mas isso é uma especulação inicial encima do que está se entendendo
agora. Bom, então isso aí pessoal é basicamente o desenho da nova situação.

Continua havendo título executável, mas essa matéria pode ser alegada, antes
a gente dizia embargos agora na impugnação e poderá eliminar porque essa concorrência lá no
juízo penal não foi considerada e nem cabe àquele juízo agora aqui pode. Então esse título pode
ser uma oposição substancial, uma exceção de natureza substancial que poderá até anular a
indenização ou rebaixá-la. Isso em fase de liquidação já pode ser reduzido. Bem, então esse é o
novo formato e eu acho que agora nós podemos ingressar nas particularidades que nós temos aí
na nova Lei. Vamos entender então como é que vai funcionar isso tudo dentro do mesmo
processo. Se não temos mais a execução autônoma, exceto nestas hipóteses... Outra coisa,
pessoal, a execução autônoma, que isso a gente já estava ensinando assim e volta a se dizer,
porque às vezes numa precipitação “bom então não vai mais se usar o Livro 2?” Não, acabamos
de ver que vamos usá-lo nos títulos judiciais. Nos extrajudiciais continua plenamente em vigor tudo
o que está lá no Livro 2, exceto as operações aí operadas por força desta Lei, que retirou do Livro
2 a liquidação, corretamente, e trouxe para o livro do conhecimento. Por sinal há uma prescrição
nessa Lei nova, mandando o Executivo em 30 dias publicar, vamos disser assim, passar a limpo
como é que ficou dentro do Código depois da cirurgia plástica. Mas apesar de uma pesquisa, nós
fizemos um rastreamento, penso que não nos escapou, eu acho que não foi editado esse Decreto
até hoje. Talvez vá sair lá junto com a entrada em vigor da Lei. Isso é interessante que seja feito
para que o operador tenha uma visualização, porque o texto está muito recortado e isso aí às
vezes a gente escapa alguma coisa. Mas basicamente foi eliminado todas as regras da liquidação,
entraram todas para o livro do conhecimento. Corretamente, porque isso é uma atividade cognitiva.
Então está limpado o Livro 2 da atividade de liquidação e algumas regras que estavam dizendo
respeito à carta de sentença. Apesar de que o legislador sempre deixa alguma coisa. Ele eliminou
a carta de sentença mas ficou um artigo lá com relação à sentença estrangeira falando em carta de
sentença. Esqueceram de adequar aqui nas revogações. Então o que a doutrina está achando?
Como é que vai se fazer para liquidar e executar uma sentença estrangeira? Está revogada
expressamente a disposição legal que tratava da carta de sentença. Se aplicam os chamados
autos próprios da impugnação que nós temos previstos na nova Lei, vai se aplicar para fazer autos
próprios, perdão, da execução provisória que vai se aplicar da mesma forma para a sentença
estrangeira, adaptando o que for possível.

PERGUNTA: Nesses processos integrais de execução autônoma o meio


de impugná-la é a impugnação ou embargos como era antes? Porque o embargo era de
conhecimento, a impugnação não é mais.

Eu entendo que seja a impugnação, porque o título é judicial. Porque o que vai
acontecer? O que vamos ter é uma liquidação prévia, a sentença estrangeira que pode não ter a
liquidação prévia. Mas aqui, a sentença penal condenando o réu, podemos pegar esse exemplo,
aqui também poderei ter uma liquidação. Embora a sentença estrangeira também há uma posição
doutrinária que ela não poderia ser completada aqui. A sentença estrangeira teria que vir completa
de origem. Agora a sentença penal condenatória vai iniciar por uma liquidação. Feita a liquidação,
ato contínuo vai se cair no processo da execução dentro do mesmo processo. Aqui vamos ter a
junção de liquidação e execução, não vai ter citação para executar. Acho que aqui caímos direto
no procedimento da Lei nova. Agora aqui na sentença arbitral e na sentença estrangeira acho que
a citação mais penhora, que é inclusive o que a Lei nos faz concluir. Vejam o que diz o parágrafo
na letra “n”, que trata dos títulos, nos casos dos Incisos II, sentença penal condenatória, e Inciso
IV, sentença arbitral e Inciso VI, sentença estrangeira, o mandado inicial incluirá a ordem de
citação do devedor no juízo cível para liquidação ou execução, conforme o caso. Então se for
execução esse mandado inicial é o mandado de penhora, só que já incluindo a ordem de citação.
Esse é o parágrafo único do 475 n, que chama a atenção para isso. Bom, estivemos em face
dessa sentença nós precisamos citar. Qual é o significado da dispensa da citação? Vamos
raciocinar. Esta é uma das novidades da Lei nova, porque está dispensando a citação? Porque
considerando a citação que já correu no conhecimento, se estamos dentro da mesma relação
processual, não vamos repetir este ato. A parte já está chamada ao processo. Só que nestes
casos, sentença estrangeira, sentença arbitral, sentença penal condenatória, nós não temos ainda
em nenhum momento a citação para o feito cível. Então precisamos proceder isso. Por isso que a
Lei faz essas ressalvas. Nessas sentenças o mandado inicial, se for de execução é o mandado da
penhora. Já vai incluir também a citação. E aí acho que caímos no procedimento da impugnação
dentro do regime da nova Lei.
O professor Araken de Assis diz que a Lei esqueceu isso, mas que no acordo
extrajudicial de qualquer natureza homologado judicialmente também vai caber citação. Essa
homologação do acordo extrajudicial, agora vou tratar dos títulos judiciais com vocês, esta
homologação do acordo extrajudicial é jurisdição voluntária. Então aqui também precisaríamos do
mandado inicial, precisaria incluir a citação. Nessa última obra, “o cumprimento da sentença”, é a
posição do professor Araken de Assis, que eu acho que está correta.

Então pessoal, o nosso esquema. Vamos lembrando que estamos trabalhando


dentro desse novo formato. Vamos entrar na nova Lei, vamos começar a trabalhar com as suas
disposições. Teremos que ler muitas e muitas vezes esta Lei para que o seu significado esteja
desabrochado para nós. Vamos tratar dos títulos executivos. Quais são os títulos executivos
judiciais que estão arrolados, os extrajudiciais continuam lá no Livro 2, no artigo 585, a Lei nova
não mexeu naquele rol. Está revogado o 584, que é o que hoje está em vigor. O que temos de
alteração com relação ao rol atual? Nós temos de inclusão nova, de novo título judicial exatamente
este que eu estava abordando agora no final: acordo extrajudicial de qualquer natureza
homologado judicialmente. Este título judicial é diferente, a toda evidência, porque seria uma
inutilidade o legislador repetir em dois Incisos diversos a mesma coisa, desta outra previsão do
Inciso III, sentença homologatória de conciliação ou transação ainda que inclua matéria não posta
em juízo. Diferença: o primeiro título, o que está no Inciso III, supõe existência de demanda. Qual é
a diferença entre transação e conciliação? O conteúdo materialmente é a mesma coisa, mas
formalmente a transação está ligada a uma iniciativa das próprias partes entre si. A conciliação é
um ato que resulta de uma incitação judicial. Tanto é que nós temos essa exorção no
conhecimento, que o juiz deparava auxiliar as partes no processo de conhecimento. Então a
conciliação está ligada a esse produto de uma incitação judicial, no sentido de fazer as partes
comporem os interesses e a transação seria algo já de iniciativa das próprias partes, mas o
conteúdo é o mesmo, é um ato de composição com concessões recíprocas. Temos que chamar a
atenção para uma coisa: nem toda a transação ou conciliação homologada judicialmente é título
executivo judicial. Tem que haver fundamentalmente a partir desta transação ou desta conciliação
ter sido assumida obrigação de entregar ou pagar, fazer ou não fazer. Porque se as partes, em
sede de transação, acordarem desfazer o negócio jurídico, estavam discutindo aquela demanda
sem dever de restituição de nenhuma para outra, simplesmente está desfeito o negócio, não temos
um título executado, temos um título de direito, essa sentença que a homologação vai transitar em
julgado, é de mérito, só pode ser desfeita por rescisória, tem todas as conseqüências mas não é
título executável, porque se falarmos em execução teremos que ter uma obrigação. Então é
aquelas conciliações e transações onde ficou pactuado alguma obrigação entre as partes. Então
executivo depende de prévia demanda. Sabiamente ficou mantido, ainda que verge questão não
posta em juízo é um prestígio a resolver tudo quanto for necessário entre aquelas partes. É o
chamado prestígio das soluções amigáveis de conflito Então se aquelas partes estavam litigando
sobre um assunto mas tem uma outra questão entre elas que não estava na lide mas
potencialmente conflitiva também e já quiserem embutir isso na transação melhor, é uma demanda
que no futuro está se evitando para o judiciário e para as próprias partes, porque no processo é um
peso para todo mundo, peso na máquina e para as pessoas que acompanham o seu desfecho.

Então a sentença homologatória e este do Inciso V é o acordo que se faz lá fora


do judiciário. Mas vejam bem, é preciso pôr uma lente de aumento nesta história para a gente
entender bem, porque o acordo extrajudicial já é título executivo, é título executivo extrajudicial,
está lá no 585 2 do CPC, se não me falha a memória do Inciso, vou confirmar isso. Nós já temos
esse título. A escritura pública ou o documento público estado pelo devedor ou documento
particular estado pelo devedor e duas testemunhas o instrumento de transação referido pelo
Ministério Público entra neste Inciso II. Então a rigor porque o legislador pôs aqui entre os títulos
judiciais? O que a doutrina está apontando? Quando ele for homologado judicialmente porque, se
ele não for homologado, as partes lá entre si fazem um acordo, fazem as suas estipulações, o
documento está perfeito, não tem qualquer invalidade do ponto de vista formal ou material isso é
um título executivo extrajudicial. Se houver rompimento de alguma coisa que foi pactuada aquele
que se sentir lesado pode executar o documento, desde que ele estanque a obrigação de líquida e
exigível, também não é qualquer, é preciso que os atributos estejam presentes. Mas supondo que
esteja tudo presente, ele vai poder executar como um título extrajudicial.

Agora, se este mesmo acordo for submetido a chancela judicial qual seria a
diferença? A única diferença que podemos conceber que o legislador colocou como título judicial é
para dar uma cobertura maior a este acordo. Significa que depois de homologado judicialmente o
juiz que homologar terá atestado a existência, a validade e a eficácia. Porque vocês sabem que os
acordos devem atender prescrições de direito material. O objeto tem que poder ser disponível, o
acordo tem que tratar de objetos lícitos, as partes têm que ser capazes, enfim, temos regras para a
transação. E isso o juiz na hora de homologar vai verificar se estas regras foram observadas.
Verificada, homologada e transcorrido em auto os prazos de recurso formar-se-á a coisa julgada
material e, portanto, lá na impugnação nessa execução não poderemos voltar a pontos como
eficácia, validade do acordo. Contrariamente ao acordo extrajudicial não homologado, que se for
executado como título extrajudicial comporta aquela ampla margem de cognição típica dos títulos
extrajudiciais. Este é o ponto. Aliás, só antecipando, porque depois vamos ver na impugnação,
qual é a regra de ouro da matéria que pode ser alegada em defesa na execução do título judicial?
Do ponto de vista do direito processual pode ser aquelas contemporâneas ou anteriores. Agora do
ponto de vista do direito material são só os fatos ocorridos após a constituição do título, porque o
que ocorreu antes está acobertado pela coisa julgada. Esta é a regra, e que foi mantida nas
matérias suscetíveis de serem argüidas em impugnação agora de acordo com a terminologia da
nova Lei. O título judicial não pode ser executado, questionado na sua defesa não pode questionar
eventos pertinentes contemporâneos à formação do título. Agora, no título extrajudicial podemos
voltar para trás e revolver a própria formação do título, porque aquele título não participou da
atividade estatal. Então aqui vamos ter essa diferença, se o acordo está ou não homologado a
diferença é essa. O regime de impugnação passa a ser um regime, bom, de impugnação e agora
de execução também, porque a nossa execução do título judicial está um pouco diferente do título
extrajudicial. Um pouco, em alguns pontos, eu quero chamar a atenção, porque subsidiariamente
estão se aplicando todas as regras do Livro 2 do CPC. Isto está lá no artigo 475 r, aplique-se
subsidiariamente ao cumprimento da sentença no que couber as normas que regem o processo de
execução de título extrajudicial. Onde é que estão estas normas? No Livro 2, com as reformas
feitas por essa Lei.

Aqui fala de aplicação subsidiária. O que é necessário estar presente para nós
podermos cogitar de uma aplicação subsidiária? Eu costumo dizer que a aplicação subsidiária é
produto de uma equação. Lacuna mais compatibilidade da norma importada. Tenho que estar com
estes dois elementos presentes. Se eu não tenho lacuna no microsistema em que eu estou
trabalhando, por exemplo, se a Lei nova já regulou que a defesa do executado far-se-á através de
uma peça de mandado impugnação eu não tenho autorização para aplicar subsidiariamente as
regras, os embargos lá do título executivo extrajudicial, porque eu não tenho lacuna neste ponto
dentro da minha Lei. Agora, onde eu tiver uma lacuna da matéria, por exemplo, todas as regras
relativas à forma de alienar coativamente ou publicamente o bem penhorado. Não há nenhuma
regra sobre esse assunto na nova Lei. Então o sistema não regulou de forma especial para o título
judicial a expropriação. Portanto vou me valer das regras que estão no Livro 2. Então tem que ter
lacuna e tem que ter compatibilidade. Esse é um princípio básico em matéria de aplicação
subsidiária. Isso vale para qualquer ramo do direito. Eu não posso importar uma norma, ainda que
eu tenha lacuna, que vá destoar ou que vá entrar em contradição manifesta com o resto do
microsistema. É por isso que a gente diz que não é possível, embora o processo de execução do
Livro 2 manda aplicar subsidiariamente as regras do processo de conhecimento, isso está lá no
artigo 598.

Bom, eu não tenho uma palavra na disciplina do processo de execução sobre


intervenção de terceiros. Então rigorosamente falando eu tenho a lacuna. Mas porque eu não
posso trazer aquelas regras relativas da denunciação à lide, nomeação à autoria, chamamento ao
processo, à oposição? Por que eu não aplico isso lá na execução? Porque isso são incompatíveis
com a dinâmica do processo de execução. Essas figuras clássicas de intervenção de terceiros elas
supõem um processo onde o título ainda está se formando. Na denunciação à lide o que nós
temos? Autor versus o réu. Vamos supor que o réu seja o denunciante. Então aqui tem o
denunciado. Porque ele faz essa denunciação? Caso ele seja condenado quem tenha que
responder pela obrigação, se procedente a relação de denunciação à lide seja o denunciado.
Então estamos ainda acertando as obrigações. E por isso que essas intervenções são oportunas.
Agora, quando o direito já está acertado, eu já sei quem é o credor, já sei quem é o devedor, estou
só movimentando a máquina para satisfazer o devedor na medida daquele acertamento prévio,
que é o título, não cabe mais esse chamamento. Então ele é incompatível. Então esse princípio da
aplicação subsidiária tem que estar sempre presente quando vamos fazer essa importação de
normas.

Mas voltando aqui aos nossos títulos, nós estávamos vendo ali o primeiro título
novo que entrou aqui que é o acordo extrajudicial homologado. E é aí que entra o alerta do
professor Araquém de Assis, de que isso é processo de jurisdição voluntária, e conseqüentemente
é preciso, na hora de executar, vamos dizer assim, este título, vamos ter que iniciar pela citação.
Embora não tenha havido este chamamento do legislador neste parágrafo único que ele fez com
relação aos outros títulos. E tem uma consideração importante do ministro Teori, essa questão de
ser jurisdição voluntária não deve nos perturbar achar que com isto então.. Porque tem discussão
faz coisa julgada a jurisdição voluntária ou não faz, tem que atentar para uma disposição do
Código de Processo Civil que diz que a Lei permanecerá a sentença produzida na jurisdição
voluntária, a decisão produzirá os seus efeitos enquanto que a situação não tiver alteração. Agora
em seguida eu localizo a disposição. Então basicamente seria isso. A sentença produzida na
jurisdição voluntária, ainda que possa haver, esta seria uma doutrinária, com relação à formação
de coisa julgada ou não, ela produz seus efeitos e quando houver alteração fática que portanto
este acordo homologado, enquanto assim permanecer, nós não poderíamos revolver também os
elementos da sua formação. Ainda que se pudesse ter esse julgamento em torno da coisa julgada
material ou não.

Uma outra alteração que nós temos aqui no rol dos títulos judiciais é que mudou
a redação do Inciso I, porque na Lei atualmente em vigor diz assim: Inciso I – sentença
condenatória proferida no processo civil. E agora nós temos a sentença proferida no processo civil
que reconheça a existência de obrigação de fazer ou não fazer, entregar coisa ou pagar quantia.
Não há mais referência à sentença condenatória. Por detrás desta cláusula mais abrangente, de
acordo com alguns entendimentos, estaria se abrindo a porta para um assunto que está sendo
discutido na doutrina, que é a possibilidade inclusive de executar as sentenças declaratórias
quando elas já atestarem a existência de uma obrigação. O que nós temos no nosso sistema até
agora? Temos a categoria de cinco sentenças: declaratórias, constitutivas, condenatórias,
mandamentais e as chamadas executivas lato sensu. Agora cada vez mais a doutrina resistiu
muito a estas duas últimas categorias, mas agora parece que vai se abrindo e dando mão à
palmatória. O que sempre se ensinou e se ensina? Não que isto esteja errado. Que as sentenças
declaratórias, eu falo das meramente declaratórias, como vocês sabem, alguma carga de
declaratividade a sentença sempre tem. Para condenar primeiro tem que declarar, tem que ter tido
este direito, e depois condena. Mas as meramente declaratórias visam dar certeza jurídica. A mera
prolação da sentença meramente declaratória já entrega o bem da vida, pretendido pelo
demandante, que é ter certeza com relação a uma existência ou a um documento. Então por isso
que se diz que não são executáveis, a não ser no capítulo referente aos ônus sucumbenciais, aí
nós temos uma condenação. A carga é menor mas há também uma carga condenatória que
condena os ônus sucumbenciais, essa aí sim. Mas a parte que se restringe a declarar não
comportaria, dispensaria a execução, porque o que a parte quer ela já está satisfeita. Eu falei no
início da aula que executar é satisfazer, na medida do direito reconhecido. Se o que ele queria era
a certeza está dada com a sentença. Não há o que executar.

Na constitutiva queremos um estado jurídico novo, que obtemos com a


sentença de procedência também. O exemplo clássico e acadêmico da sentença constitutiva é a
ação de divórcio, onde a sentença que decreta a dissolução do laço conjugal já produz por si só
esse estado jurídico novo, independentemente de qualquer execução. Aí todos aqueles afeitos e
zelosos com todos os detalhes do processo vão dizer: E a necessidade de levar ao registro civil
das pessoas esta sentença, isso não é uma execução? Não, isso é para produzir efeitos perante
terceiros, porque entre os cônjuges o laço conjugal está desfeito a partir da sentença. Ela cria o
estado novo. Também na interdição. Quando alguém é interditado é preciso a publicação do edital
para dar conhecimento a terceiros, mas a pessoa está interditada, o estado jurídico novo dessa
pessoa está a partir da sentença. Então as constitutivas não comportariam uma execução em
sentido técnico. Não podendo se enxergar a execução nessas providências amplementares para
dar efeito perante terceiros.

Agora as condenatórias são as clássicas sentenças que não entregam o bem


da vida pretendido. Se alguém demanda pedindo reparação por danos recorrentes de um acidente
de trânsito são também bastante corriqueiras na nossa prática forense, ele só estará satisfeito, e
se a ação for procedente, obviamente, estou falando sempre das ações procedentes. Se a ação é
procedente efetivamente condena-se o João a ressarcir todos os danos causados ao Paulo. E
liquidados esses danos do porte de R$ 20 mil, ele só estará satisfeito no momento em que estes
R$ 20 mil integrarem o seu patrimônio. Do contrário não terá havido satisfação ainda. Então esta é
a típica sentença que demanda e requer, para a plenitude da atividade jurisdicional, postulada pelo
demandante, uma execução.

As mandamentais e as executivas lato sensu também são sentenças que se


complementam com uma atividade que é ulterior à própria aprovação da sentença. As
mandamentais por uma ordem, estou simplificando, mas a grosso modo é isso, por uma ordem, e
as executivas lato sensu por um mandado, de desocupação, de entrega, de reintegração... Os
mandados judiciais para tornar efetivo aquilo que a sentença disse. Na ação possessória de
reintegração procedente como é que se cumpre uma sentença de procedência na possessória?
Mandado de reintegração da posse, que o oficial de justiça, com aparato policial com muita
freqüência nas ações de reintegração, como é que se faz para cumprir as liminares? Os
provimentos liminares e os definitivos? Através de um mandado oficial. Quando a Lei abre a
cláusula sentença proferida no processo civil que reconheça a existência de obrigação de fazer,
não fazer, entregar coisa ou pagar quantia, reconheça a existência, há quem entenda que
eventualmente as declaratórias, quando incidirem nisso, comportarão o que deveria se dispensar
um novo processo condenatório, para então nós podermos ter a satisfação concreta. Esse seria o
significado, vamos dizer assim, latente, que alguns, embora o tema seja muito polêmico, aqueles
setores mais conservadores da doutrina entendem que não pode se cogitar em execução de
sentença declaratória. Há um recurso especial, e esse eu prometo que eu porei no material revisto
o número recente do STJ , relator ministro Teori Zavascki onde este tema, ou melhor, ministro Luiz
Fux, este tema veio a ... e lá era uma situação em matéria tributária envolvendo a compensação, a
sentença reconhecia o direito a compensar. Basicamente é essa a controvérsia. Ela reconhecia o
direito a compensar e tinha roupagem de ação declaratória. E com base nessa sentença, depois a
parte que efetivamente dar concretude a essa compensação e o assunto acabou chegando ao STJ
com suas controvérsias. Entendeu-se que já estavam reunidos os pressupostos, independente de
uma ação condenatória típica. A partir daquela sentença declaratória do direito a compensar. É um
precedente muito interessante, mas polêmico. Participei de um recente curso de atualização em
processo civil público que uniu todo o pessoal da magistratura federal do Brasil, e esse acórdão foi
examinado. Foi um choro e ranger de dentes, pessoas revoltadas como é que a sentença
declaratória vai gerar execução? Isso seria ofensa ao contraditório, não consigo enxergar isso,
porque a parte que contestou não contestou achando que estava contestando já uma
condenatória. Acho que isso é fazer reverência a uma burocracia dentro do processo civil que os
tempos atuais não permitem.

PERGUNTA: Essa que a senhora se referiu do ministro Luiz Fux e do


ministro Teori Zavascki eu entendo que ela não se completou se não houvesse a
contestação, porque eu não vou entrar com pedido de compensação para depois não..

É, exatamente as palavras do meu discurso. Ainda que a parte chamou de


declaratória não é razoável. Essa parte fez isso não é para ficar com o prazer de lei que tem direito
a compensação, é para compensar efetivamente. Outras declaratórias também podem cair nisso. A
parte já buscou essa declaração para ter efeitos concretos.

Quando começamos a trabalhar e a examinar a Lei e verifica que são muita as


coisas a serem ponderadas, reconsideradas. Num primeiro momento o texto da lei diz pouco. Mas
isso tem toda uma inserção no sistema que nós temos que começar a entender. Isso a gente tem
que fazer trabalhando bastante o texto, pensando, voltando, imaginando a situação como é hoje,
como ficará. Esse é um exercício muito válido. É por aí que vamos extraindo o verdadeiro sentido
da norma.

Há um recurso no STJ em que se controverteu essa questão da sentença


declaratória e a possibilidade da sua execução, para aqueles que depois quiserem examinar esse
assunto é o recurso especial número 526 655 Santa Catarina. De fevereiro de 2004. O relator
ministro é Luiz Fux.

Vejo que tem uma preocupação, justificável, com o direito intertemporal. Como
é que se faz essa passagem de uma Lei para outra? Quando uma lei de processos entra em vigor,
e as outras também, encontra milhares de feitos caminhando à luz da Lei antiga. Há uma regra
básica em matéria de vigência da norma processual. Ela incide imediatamente sobre os processos
em curso, ressalvando-se os atos já praticados e exauridos à luz da Lei antiga. Ou seja, não se
desfaz o que já se fez porque aquela norma foi revogada. Esses procedimentos são absolutamente
inválidos. Mas a partir da Lei nova, no exato momento, no dia da sua vigência começa a se
trabalhar com a nova Lei. Isso que parece simples na prática se complica. Seria simples se os
processos estivessem começando com a nova Lei. Mas vai pegar processos no meio do caminho.
E temos uma série de alterações importantes aqui nessa nova Lei. Temos por exemplo a
possibilidade de liquidação na tendência da apelação, uma novidade. Temos a supressão da
faculdade de nomear bens à penhora da citação e da faculdade de nomear bens à penhora para o
executado. Temos a alteração do sistema recursal com relação à liquidação e com relação à
defesa do executado. Citei alguns exemplos, mas como é que essas coisas se entrelaçam? A idéia
é a seguinte: se nós tivermos exemplificativamente um processo com sentença prolatada, vamos
fazer um esquema disso no quadro.

Sentença, aqui estou falando da sentença que é o próprio título. Vamos


imaginar aquela clássica sentença condenatória. Foi prolatada e publicada agora. Foi prolatada no
início desse ano e publicada antes da vigência da Lei nova. A data da publicação rege o recurso
cabível. Então essa Lei, vamos supor uma liquidação por arbitramento, prolatada e publicada antes
do dia da vigência da nova Lei vai ser apelável. Muito bem, mas quando entrar em vigor a nova Lei
não iniciamos ainda a execução. Vamos supor que haja apelação, a apelação seja rejeitada, e a
parte não leve para recurso especial, não caiba recurso especial nem extraordinário. Então chega
o momento de executar. Nesse momento já vamos dar aplicação às novas regras. Quem é o
beneficiado pela disposição? Cabe a ele requerer. Aliás, isso não é novidade dessa Lei, sempre
depende da iniciativa da parte, tanto a execução provisória quanto a definitiva. A parte tem que
requerer. Isso a doutrina cita muito bem. Por que é tão enfatizado? O princípio da demanda existe
para o conhecimento, como todos sabemos. Na execução também se redobra a razão do princípio
da demanda, ou seja, da iniciativa da parte, porque a execução é o processo que gera
responsabilidades objetivas. Se eu executar com caráter definitivo ou provisório e houver uma
reversão do título que fundou a execução quem executa responde objetivamente. Quando se diz
responsabilidade objetiva é aquela responsabilidade que independe de intenção subjetiva. E claro
que aquele que está ... de título executivo está lá em princípio de boa fé. Mas como é uma
atividade, um processo invasivo, um processo expropriativo, no sentido lato, vai mexer no
patrimônio jurídico de quem é executado, nós temos esse eixo de segurança jurídica exigir que
aquele que executa o título deve indenizar. Mais do que nunca tem sentido nós enfatizarmos o
princípio da necessidade da parte requerer a execução. Então neste caso já apelou, porque cabia
apelação, porque a publicação estava sujeita ao regime passado. Mas para executar esta quantia
certa ele já vai entrar no regime novo. Vai requerer atendendo estes pressupostos do artigo 475 j,
no caso o devedor condenado ao pagamento de quantia certa ou já fixada em liquidação não
efetue no prazo de quinze dias o montante da condenação incidirá multa de 10% ... observado o
614 2 dessa Lei expedir-se-á mandado de penhora e avaliação. O único ponto que a doutrina está
entendendo que não incide é esta multa, porque se a sentença é prolatada em período anterior à
Lei não se sujeitaria a este acréscimo da multa. Só as sentenças já prolatadas, vamos dizer assim,
como, é um acréscimo obrigacional que incide nos atos de condenação no momento em que a Lei
já esta em vigor. Essa é uma primeira especulação doutrinária. Não queremos o acréscimo da
multa para a execução de sentenças prolatadas e publicadas na vigência da Lei velha. Muito
embora procedimentalmente nós já vamos entrar aqui, vamos pedir que ele pague, ele não vai
mais depender de citação também, porque já está citado lá no processo, vamos seguir o mesmo
rito aqui. Já vai começar pela penhora e esta penhora já pode ser com base em bem indicado pelo
exeqüente. Ele já entra totalmente no novo regime. Ou seja, subtrai-se aquela faculdade que hoje
a Lei dá ao executado de ele indicar o bem à penhora. Então aqui entramos direto. O regime
recursal é o da data da publicação. Os ritos nós vamos ter que eles entram diretamente. Eu fiz uma
primeira afirmação: que o ato que já estava praticado não se toca. Então vamos supor que quando
a Lei entrar em vigor um processo de execução já iniciou uma execução autônoma e já tinha sido
citado para pagar ou nomear bens à penhora. Nesse dia, ele foi citado no dia 21 de junho, 23 de
junho entra em vigor a Lei. Tem que se observar este ato, inclusive deixar ele utilizar a faculdade
de indicar bens à penhora, o ato já está praticado. Agora indicado o bem à penhora, ou não, e
penhorado, ele vai impugnar. Ele entra a partir da vigência da Lei, os atos ainda não praticados
vão se acomodar, claro. Aí tem que ver depois cada processo como é que acomoda. Esse aqui
acomoda-lhe bem, e aí sai da impugnação, impugnação sujeita a todas as regras. Dentro dos
próprios se for conferido o efeito suspensivo, que vai ser excepcional. Ou em autos apartados se
não for dado o efeito suspensivo e aí segue então a execução. E aí nós tocamos pela lei nova.
Então essa é a idéia que está presidindo.

Diante desta questão penso que tem que se dar aplicação a essas sentenças
porque ainda, a doutrina tem sido mais ou menos uniforme esses doutrinadores que já falaram ou
estão pensando no assunto.

Aquilo que não foi liquidado. Vamos supor que eu tenha a sentença prolatada e
publicada transitado em julgado. Vamos tirar as complicações no atual regime, agora é liquidar e
executar. E nada disso foi feito, quando entrar em vigor a Lei nova entra tudo pela Lei nova. Aí
segue naquele processo fazendo a liquidação e depois a execução, ou então se já está com a
quantia líquida, que é mais difícil a sentença dar uma quantia líquida desde logo, mas se ela tiver
acertado quanto entra direto no pedido de satisfação.

PERGUNTA: ... não vai precisar garantir em juízo?

A Lei prevê que se abre o prazo para impugnar depois da penhora. Mas
também se está entendendo que aquilo que nós hoje chamamos de exceção de pré-executividade
porque o executado tem três linhas de defesa. Vou falar hoje e como parece que isso vai ficar. As
linhas de defesa do executado é um tripé. Hoje todos aqueles que militam com o processo de
execução sabem que se tornou quase que corrente no meio forense depois de uma resistência
grande a esse instrumento de exceção de pré-executividade. O que é a exceção de pré-
executividade? É uma defesa incidental dentro do processo, no bojo do processo de execução
onde o executado alega... Inicialmente se dizia que aquelas matérias que o juiz pode conhecer de
ofício que impliquem nulidade da execução. Parece-me que aí não se dizia muita coisa. As
matérias que o juiz pode conhecer de ofício e que implicam nulidade pode ser alegada por simples
petição. Na verdade em seguida a jurisprudência ampliou esse âmbito de incidência da exceção de
pré-executividade que também outras matérias substanciais que o juiz não pode conhecer de ofício
mas que independem de dilação probatória, este é o ponto de diferença que atrai ou afasta a
exceção de pré-executividade. Quando eu tiver uma alegação que fulmine o título ou a execução e
que não dependa de prova, ou no máximo essa prova seja documental e pré-constituída. Vocês
sabem bem o que em processo civil significa dizer prova pré-constituída. É a prova que vem com a
petição, é a prova do mandado de segurança, é aquela que eu já trago junto com as alegações.
Não é aquela que eu tenho que mandar oficiar, buscar. É prova pré-constituída. É o máximo que
se exige em matéria probatória, pelo menos no entendimento dominante, preponderante
jurisprudencialmente na doutrina também que é essa matéria alegada na exceção de pré-
executividade dá para sair fora daquelas causas que o juiz deve conhecer de ofício e que implicam
nulidade, podendo abarcar defesas substanciais mas que independam de dilação probatória. Por
exemplo: alegação de pagamento. Isso se prova com a, por exemplo, se é um pagamento da
dívida ativa, acaba com o pagamento juntado das guias, vai se ouvir o credor e muitas execuções
fiscais se extinguem por aí mesmo. Agora, a defesa clássica no atual sistema são os embargos. Eu
botei a exceção de pré-executividade como número um, não que ela seja mais importante, mas
cronologicamente tende a ser assim, embora hoje me parece já bastante acomodada. Há o
entendimento de que a exceção de pré-executividade pode vir depois de exaurido o prazo para
embargos. Se vou alegar prescrição por exemplo, não se sabemos que pode ser alegada a
qualquer tempo em grau de jurisdição. Então isso aqui temos uma aceitação plena. Mas
cronologicamente a tendência é essa: primeiro a exceção, que é para evitar a penhora, os
embargos, o meio clássico, o único meio atualmente capaz de travar a execução pelo só fato de
terem sido recebidos, não precisa mais nenhuma outra medida, não precisa de antecipação de
tutela, não precisa de uma tutela cautelar acopladas. Os embargos recebidos tem o efeito técnico
legal de travar a execução. E até que isso seja destravado nada se faz mais na execução. Hoje o
sistema é assim. E se reconhece as chamadas ações autônomas do devedor ainda que este
débito já conste de título executivo para se defender. Quais são as ações autônomas
exemplificativamente? Porque a imaginação da prática da advocacia é muito mais rica do que o
legislador pode alcançar e projetar. Ação anulatórias, ações revisionáris, mandado de segurança,
ação consignatória, isso são ações autônomas que podem implicar em destruição da verdade
relativa que o título contempla. Isto está previsto expressamente no nosso CPC, muito embora
algumas vezes a gente leia e passe por cima dessas regras. Mas está aqui é plena de significado e
repercussões na prática. O 585 parágrafo primeiro diz assim: a propositura de qualquer ação
relativa ao débito constante do título executivo, o débito já está lá no título executivo. Não inibe o
credor de promover a execução, tem duas verdades aqui: primeiro, que o credor pode executar,
ainda que alguém esteja com uma ação revisional, exemplo. O fisco pode cobrar ainda que alguém
esteja promovendo uma ação anulatória de débito. Aí alguém vai dizer: “ah, mas se houver
depósito da integralidade”, bom, mas aí é outra história. Nós temos medida acoplada à ação
anulatória que suspende a exigibilidade do crédito de acordo com a lei complementar tributária e é
isso o que impede o fisco de cobrar, o título não tem exigibilidade, o crédito está suspenso. Ou se
eu tiver uma ação revisional e me foi concedida uma antecipação de tutela, vamos imaginar. Mas
aí também não vai mais se poder, são situações excepcionais. A ação por si só não trava o credor.
Essa é uma verdade que está nesse preceito. A outra é que pode se mover ações para discutir o
débito constante de títulos, não são só os embargos o caminho para a discussão. Só que não
tenho esse efeito de travar a execução com uma ação ordinária. Se tiver mandado de segurança
com liminar tu ganha por causa da liminar, porque se não tiver a medida antecipatória
tecnicamente a liminar é uma questão cronológica e é uma medida antecipatória, se eu não tiver
antecipação em sede liminar também o mandado de segurança processual não vai trancar.

Como vai ficarão as vistas das novas disposições legais? Temos a previsão da
impugnação, que não trava como regra geral a execução, é o oposto do que existe hoje, supõe, na
seqüência procedimental, supõe a prévia penhora porque o prazo se abre para penhora. Aí vem a
pergunta: mas e se antes, vamos supor, que não vai ter bem para penhorar. Ou se está
demorando a efetivação da penhora por qualquer circunstância prática. Ele pode deduzir alguma
defesa? Pode, poderia até continuar chamando de exceção de pré-executividade, mas aconselha-
se que para isso talvez se use a palavra impugnação para qualquer defesa. Porque na verdade
tanto a impugnação depois da penhora quanto a impugnação eventualmente antes da penhora, se
houver uma razão – por exemplo uma nulidade flagrante daquelas que hoje nós deduziríamos em
exceção de pré-executividade – isso não vai mudar o curso da execução, porque a lei é clara em
dizer que a impugnação não suspende o curso da execução. Hoje, no novo sistema, nós temos
uma diferença: os embargos suspendem, a exceção de pré-executividade não tem previsão de
suspensão. Então, nós temos um regime diverso: agora, no novo regime, a impugnação em
princípio não vai suspender a execução. Então, por isso parece que nós continuamos com essa
possibilidade de deduzir o que hoje nós fazemos em exceção de pré-executividade
antecedentemente à penhora. Agora, é claro que essa precocidade na defesa – isso seria uma
defesa precoce – eu nem tenho a penhora, já estou me defendendo. Vai depender de uma
avaliação judicial. Como hoje nós fazemos na exceção de pré-executividade, tem que ter um
fumus, porque senão obviamente o juiz poderá se limitar a dizer que é precoce a defesa, que não
tem nem penhora, e nem conhecer. Ele vai ter respaldo normativo para dizer isso, como alguns
juízes ainda dizem na exceção de pré-executividade, o meio de defesa do executado são os
embargos, depois de garantia do juízo. Então ele vai ter meios de não apreciar uma alegação, mas
o que se está imaginando assim como nós já estamos fazendo nas exceções: onde houver uma
plausibilidade daquilo que está sendo alegado, que se conheça e possa se examinar tratar como
uma impugnação precoce, porque o direito está tão palpável que a parte já está deduzindo, sem
contar que tem ainda aquela situação que hoje, num sistema mais fechado, já vige e, se o devedor
não tem bens a oferecer em garantia do juízo, hoje essa questão já se apresentou para a
jurisprudência e a jurisprudência mais avançada, eu diria mais arejada, ela entende não ser
possível cercear a defesa pela ausência de bens, claro partindo do pressuposto que essa
afirmação não é dotada de má-fé, nem há o ocultamento dos bens do juízo da execução. Mas, se
efetivamente o devedor é destituído de patrimônio, quer deduzir uma defesa, nós devemos acolher
essa defesa totalmente infundada, eu diria desarticulada, ou até porque não haverá prejuízo algum
para a execução, então, a execução já está parada mesmo pela falta de bens penhoráveis, e nós
podemos estar frente a uma alegação de direito que extinga o processo. Então, hoje já tem uma
atenuação da prévia garantia do juízo que, aliás, sempre ficou para alguns como algo arranhando
as garantias constitucionais da ampla defesa, ao exigir essa garantia prévia. Então, a impugnação
tem essa previsão, mas acho que se pode deduzir defesas precocemente ou na ausência de bens
penhoráveis. Então, o sistema vai manter até porque não ficou revogado pela lei nova o 585, I, que
eu acabei de ler para vocês. Essa regra continua em vigor. O executado vai poder se defender
através das chamadas ações autônomas.

Um outro ponto, sobre fraude à execução, antes de retomar o trilho da aula, não
há nenhuma disposição sobre a fraude à execução. A fraude à execução, eu imagino, se eu não
tiver apanhado a aflição, se a aflição é o marco delimitador a partir do qual nós temos que sindicar
os atos praticados pelo devedor para ver se algum incidiu em fraude de execução. A fraude à
execução é um tema que recebeu uma evolução na jurisprudência, porque, se vocês consultarem
manuais de dez anos atrás, talvez nem tanto, e julgados também deste tempo, especialmente os
julgados, vão encontrar que tinha uma orientação no seguinte sentido, a alienação ou oneração –
estou falando de um tipo de fraude à execução que nós temos, porque nós temos três tipos de
fraude à execução. O 593 é o artigo sede da norma que rege a fraude à execução, lá nós temos
três incisos, inciso I que é uma hipótese mais rara de fraude à execução, é nas ações de natureza
real o inciso II, que é aquela grande vala comum das fraudes à execução, essa que vocês todos
estão pensando agora, quando alguém está sendo acionado para pagar uma dívida, vende os
seus bens, subtraindo do juízo da execução a base de incidência que é o patrimônio do devedor. E
isso continua absolutamente igual na lei nova, isso não mudou. A nossa base de incidência da
execução civil é o patrimônio. Segue-se dessa afirmação que, não havendo patrimônio penhorável,
que pode haver patrimônio e ele não ser penhorável, de acordo com as ressalvas legais, segue-se
que, não havendo patrimônio penhorável, não há execução civil. Isto é o grande dilema da
execução e, aliás, o legislador não se atreveu a resolver um problema que é primo-irmão desse,
que é a busca de bens penhoráveis, até que ponto que vão as diligências judiciais, isso é um tema
que atormenta a jurisprudência diariamente, esses pedidos de quebra do sigilo bancário, quebra do
sigilo fiscal, porque o credor se vê embretado, procura aqui, procura ali, aparentemente não tem
nada para garantir o juízo. Vamos quebrar o sigilo bancário, vamos quebrar o sigilo fiscal, e isso a
jurisprudência – eu sempre digo assim – aqueles que militam na Justiça do Trabalho esqueçam um
pouco o hábito de lá, que lá eu sei que são muito competentes e efetivos no sentido de realizar o
crédito trabalhista, diga-se de passagem. Agora vou falar mais da Justiça Federal, eu não sei o
estágio disso na Justiça do nosso Estado. Na Justiça Federal há uma certa reserva, eu diria um
cuidado talvez exagerado, um temor de ferir as garantias constitucionais, desta invasão direta da
penhora on line, isso aí é usado com um certo, talvez a gente pudesse arrojar um pouco mais, eu
noto claramente que com a Justiça do Trabalho não há termo de comparação, mas em todo caso,
ainda que com essas reservas dos setores jurisprudenciais – e quando falo isso eu estou falando
do Juizado de primeiro grau, não estou falando de mim - , a jurisprudência do STJ que está ligada
à necessidade de esgotamento de todos os meios por parte do credor para que o juízo possa
então se envolver com esse assunto da investigação do patrimônio penhorável. Mas, já tem uma
sinalização, a jurisprudência já está começando a deferir esta invasão, porque isso é uma maneira
de tentar atenuar esse problema da base patrimonial da execução. O Juiz tem um poder
investigatório maior, mais forte. Mas eu dizia a vocês, nós voltamos à fraude, o primeiro é nas
ações reais, a segunda é a grande vala, e o terceiro, a lei diz outros casos previstos em lei. A
doutrina costuma lembrar quais são, que outros casos são esses. A fraude à execução fiscal e hoje
ela está com uma disciplina sui generis mesmo, por essa recente alteração no Código Tributário
Nacional o marco temporal na execução, na fraude à execução fiscal, passou a ser a data da
inscrição em dívida ativa. Isso pode ter feito recuar em quase cinco anos, porque não raro a
Fazenda – e eu costumo dizer assim - , às vezes os assessores, quem está lidando com o
processo, ajuizaram esse processo dois dias antes da prescrição se consumar. Dois dias antes, ou
quatro anos antes, o prazo é o mesmo, então o fato é que a Fazenda tem cinco anos para fazer a
cobrança, sob pena de prescrição. Então, isso significa que, se eu recuar o marco temporal da
fraude à execução à data da inscrição em dívida ativa, todos aqui que já tiveram alguma
proximidade com o tema sabem que às vezes à inscrição em dívida ativa não se segue
imediatamente o ajuizamento e alguns até, vamos dizer assim, ficam pelo meio do caminho,
porque aí há o Fisco, praticante da máquina, às vezes as coisas se perdem e nós temos a
consumação da prescrição na fase extrajudicial. Mas aí vamos supor que o Fisco deixe passar
mais de quatro anos e aí ajuíze, o que seria absolutamente normal, não há ainda prescrição. Nós
vamos ter um recuo de quatro anos para olhar os atos praticados pelo nosso devedor, e isso é
muito sério, não é para o devedor, nem para o fisco. É para os terceiros que transacionam com
este devedor, porque nós não temos no Brasil um sistema unificado de dados. Então, este devedor
pode ser devedor do Fisco lá em Maceió, a aprazível Maceió, e fazer vendas aqui no Rio Grande
do Sul. Então, quem compra um bem dele aqui no Rio Grande do Sul vai fazer uma checagem, o
homem médio já faria bastante se olhasse o distribuidor forense aqui no Sul, o Cartório de Registro
de Imóveis do bem que ele está pretendendo comprar, vai vasculhar o distribuidor de todo o Brasil,
do Brasil continental, e nem tem como acessar, que seja de meu conhecimento ate hoje, um
sistema único de dados da Fazenda. No nível federativo, a nossa Fazenda Federal, sobre isso eu
posso dizer, não tem um regime, um sistema, pelo qual eu tenha informação de todo o Brasil. É por
regiões.

Este é um fato delicado depois para reconhecer a fraude à execução. É por isso
que a jurisprudência começou a atenuar, não pela execução fiscal, isso eu só falei para dar o
terceiro caso de fraude à execução. Vamos voltar para o segundo, o nosso comum. A
jurisprudência começou a perceber que aquela orientação, que até então se dizia alienação ou
alienação na pendência da demanda, não remanescendo bem suficiente para pagar o credor tem
entendido, porque quem é devedor não está sob congelamento patrimonial, porque se ele alienar e
não tiver patrimônio remanescente suficiente ele vende o que quiser. A não ser que esteja sob um
decreto de indisponibilidade dos bens, que eventualmente aqueles ligados a sociedades
financeiras, podem sofrer o processo de liquidação extrajudicial que num período indisponibiliza os
seus bens. Ou os sócios de uma empresa em falência, pode sofrer, o patrimônio pessoal, até que
se apure se não há crime falimentar, pode temporariamente ficar congelado em uma
indisponibilidade. É uma medida legal que o ordenamento pago prevê. Mas fora isso quem é
devedor pode vender. Agora, se ele alienar ou onerar e não remanescer com patrimônio suficiente
a atender os seus credores na data dos respectivos vencimentos estes atos poderão ser
acoimados de fraude à execução. A orientação dominante era que, bastou vender, ou onerar, e
não deixar patrimônio remanescente, fraude à execução. Isso era uma lição repetida. A fraude
estava in ré ipsa, uma expressão latina, estava no fato em si mesmo. Não se questionava de boa
ou má-fé. A boa ou má-fé eram categorias pertinentes à fraude contra credores, que é um evento
irmão deste mas que ocorre antes do ajuizamento da lide. Aliás, fraude contra credores e fraude à
execução são respostas do sistema a um mesmo problema. A questão é o momento em que estes
atos são praticados.
Por que a jurisprudência mudou e mudou por quê? Porque começou a ver que
esta orientação desprotegia barbaramente o terceiro que vinha negociar com este que tinha lide
pendente. E passou a agregar, entre os requisitos para reconhecimento à fraude à execução, a
jurisprudência do STJ é repetida nos últimos anos nesse sentido, só não tenho aqui os números. O
que o Tribunal Superior passou a alterar na sua orientação? Que além da lide pendente, e quando
é que temos lide pendente? Depois da citação válida, que cria a lide pendência. Tem que ter a lide
pendente, tem que haver alienação ou oneração e tem que haver o prejuízo ao credor. É o que
estou insistindo enfaticamente: eu não posso simplesmente diante de uma alienação ou oneração
já falar em fraude à execução, tem que ver se não restou patrimônio suficiente. E agora a
jurisprudência agrega ciência por parte do terceiro adquirente da existência da demanda. Aí vocês
vão dizer “bom, mas isso aí é fácil, quem vai adquirir vai lá no Foro ver, pede uma certidão, se tiver
certidão negativa tudo bem se tiver positiva ele sabe, ele tem condições de saber”. Mas isso se as
coisas se passam todas em uma comarca ou em uma subseção judiciária. Nós poderemos ter,
como eu citei a pouco, alguém que é devedor em Maceió. Alguém causa um acidente de trânsito
no Rio de Janeiro com danos e prejuízos, a Lei permite que a ação corra no lugar do evento. Então
já vamos ter para este que depois vende, aqui no Rio Grande do Sul o seu imóvel, uma ação
correndo lá no Rio de Janeiro. E que a pessoa que vai comprar dele aqui não vai sair para buscar
certidões negativas do distribuidor nos Foros de todo o Brasil. Então essas situações onde se
cruzam elementos, que não permite ao homem médio, dentro de contingência razoável, detectar, a
jurisprudência exige que o credor comprove que este terceiro é possível. Isso não é absoluto, mas
o ônus da prova aí é do credor, ele tem que dizer “olha, ele sabia da existência dessa demanda ou
podia saber quando essa situação de fácil acesso”. Do contrário a jurisprudência não está
reconhecendo a fraude à execução em proteção ao terceiro adquirente Aí vocês vão dizer “então o
credor ficou mais desamparado?”. Ficou, diante deste raciocínio é como se tivessem postos os
dois valores na balança. Entre atender um crédito, e aí eu acho que até sou isenta para falar,
porque mais do que ninguém tenho a preocupação que o processo de execução tenha um fim
frutífero, porque sou juíza das execuções. Mas se pensarmos com equilíbrio nisso, entre satisfazer
um crédito particular e proteger toda a comunidade, porque esse terceiro somos todos nós, esse
terceiro não tem nome, amanhã ou depois poderemos ser nós a negociar com alguém e que daqui
a pouco estamos sendo chamados para uma execução daquele bem que adquirimos com toda a
cautela. Olha, houve fraude à execução. Então, entre esta proteção do terceiro de boa fé, que é
aquele que não tinha ciência da demanda, isso parece que realmente é um peso de muita
importância. Aliás, todo o nosso sistema também hoje, um dos eixos do nosso sistema jurídico, não
é nem de uma determinada Lei, é a boa fé. Vocês sabem que isso recebeu um supro bem, bem
vigoroso com a nova Lei Civil. A boa fé passa a ser um componente extremamente considerado na
solução dos conflitos. E isso pesou, não diria em uma guinada, mas numa certa volta nessa
jurisprudência mais radical de outrora dos Tribunais. Transpondo isso para a Lei nova, então na Lei
velha é isso, aí vão dizer “mas que demanda? A demanda de execução?”. Qualquer demanda. E aí
já vou responder como vai ficar na Lei nova. Isso estou respondendo a minha opinião, porque
ainda não li ninguém sobre esse assunto. A lide pendente, isso assunto consagrado, tanto podia
ser a de conhecimento quanto a execução, porque nós tínhamos lides separadas, demandas
separadas, como vimos no início da aula, isso era o formato do Código do Processo Civil,
conhecimento e execução cautelar. Desde que na cautelar eu indicasse “olha, estou ajuizando
uma ação ordinária”, pedir a medida cautelar de reparação de danos, já estava anunciando a
propositura de uma ação condenatória, e que depois efetivamente vem a ser proposta, é desde a
citação na cautelar que a doutrina dizia que tinha que se buscar, era possível sindicar estes atos
praticados pelo devedor. Por quê? Vamos figurar no conhecimento. Alguém causa um acidente de
trânsito com danos materiais. Desde o ajuizamento da ação condenatória com a citação válida,
porque aí então vamos ter todo o percurso do conhecimento e vamos imaginar que a ação é
procedente, dentro do formato atual depois teríamos a liquidação e depois teríamos a execução.
Vai se buscar lá na citação do conhecimento, a partir daí os atos praticados por este, que depois
se torna efetivamente o devedor, com a sentença de procedência, já estão sobre o crivo da Lei da
fraude à execução, presentes os demais pressupostos de acordo com a jurisprudência. Agora, eu
penso que as coisas continuam da mesma maneira. Se busca, porque essa expressão fraude à
execução é um pouco enganosa. Ela nos leva, num primeiro momento, a pensar que é só aqueles
atos praticados em detrimento do credor na vigência da execução. E assim não é. A expressão é
fraude à execução porque é na execução que eu me preocupo com a existência de patrimônio. É
só por esta razão. Na verdade isso se dá desde o momento em que começo a discutir uma
determinada obrigação, que pode resultar em base patrimonial em juízo. Desde ali tenho o
desrespeito à jurisdição, porque a fraude à execução é antes de tudo um desrespeito à jurisdição
também, não é só ao credor. O processo já estava em curso e a parte, para se livrar dos seus
prováveis efeitos, começa a dissipação. Então acho que agora continuamos com a mesma
situação, é desde a citação na ação que antecede esta execução que agora se dá no mesmo
processo. E eu acho que com menos complicações que no passado, porque no passado já tinha
uma discussão: fechada a fase do conhecimento, precisava uma nova citação para a execução.
Perguntava-se se neste inter regnum também contava, porque seria um período que teria
terminado a primeira ação e não teria começado a segunda. Tinha uma certa discussão em torno
disso e agora não teremos mais inter regnum em termos citatórios, teremos uma citação lá no
começo. Para tudo. Para fins da tutela cognitiva propriamente dita, da liquidação e na execução. E
mesmo naqueles casos em que, por exemplo, vamos precisar citar, na sentença penal
condenatória, vamos precisar citar, lá na execução, de onde é que conta a fraude à execução? A
eventual fraude à execução, se eu estou executando danos provenientes de um delito a doutrina
diz que a partir do trânsito em julgado da sentença penal condenatória. A partir dali tenho um título
executivo e a partir dali já contaria a fraude à execução. Então a interpretação temporal fraude à
execução a jurisprudência continua dando a interpretação mais larga possível. Agora o concurso
desse elemento complicou um pouco o reconhecimento prático da fraude. Uma pesquisa dos
últimos anos da jurisprudência do STJ mostra claramente isso.

Nós temos dois Projetos de Lei, já dentro do Congresso. Um deles é o Projeto


de Lei da Câmara n.º 30 de 2005. Este modifica o artigo 520 do Código de Processo Civil. Hoje
isso vai ter muito reflexo, vou fazer uma ponte com a Lei nova. Inclusive a Lei nova traiu de uma
certa forma a expectativa de entrada em vigor imediata dessa nova Lei e eu vou mostrar onde. O
528 hoje, o que nos diz? Apelação tem como regra geral duplo efeito, esse é o sistema ataque.
Excepcionalmente tem efeito só devolutivo nos seguintes casos. E aí traz o rol dos casos sujeitos
ao efeito meramente devolutivo. Assunto muito batido e rebatido e reclamado porque se a gente
quer a efetividade do processo e quer encurtar o prazo, a parte para iniciar a execução de medida
provisória, expressão equivocada, que só por comodismo a gente usa, o legislador não ousou
romper com ela. Às vezes o dano de mudar é maior do que deixar errado mesmo. Porque o que é
provisório não é execução, mais do que nunca temos a execução dita provisória igual à definitiva.
Não tem diferença, é igual em todos os atos. Talvez teria algum sentido em um regime bem
anterior, porque ia até um ponto e parava, não alienava, porque a execução era provisória. Tinha
que se esperar o desfecho do recurso. Agora temos a prática de todos os atos. Sim, tem algumas
regras especiais, mas o procedimento vai até o fim. O que é provisório ou definitivo é o título, isso
sim. E isso ajuda muito a gente a raciocinar para nos situarmos de qual é o procedimento cabível.
Eu costumo dizer para meus alunos que sempre que pensamos em execução provisória
deveríamos entender como execução provisória de título. Execução de título definitivo. Isso
inclusive nos alerta para a progressão que nós podemos ter na prática uma execução que inicia
provisória ela pode se tornar em definitiva. Basta que o título que está dando origem ele assuma a
característica ou a natureza de título definitivo, por exemplo se o recurso interposto foi rejeitado.
Não cabendo mais nenhuma medida ou desistindo a parte de seguir adiante com as suas
inconformidades esse título se consolida, transita em julgado e aquela execução, dita provisória,
passa a ser definitiva, porque o título teve uma alteração na sua natureza. Então isso é regido
direta e tranqüilamente pela natureza do título. É isso que define a execução dita provisória
definitiva.

Chamando a atenção para o Projeto de Lei que está alterando o art. 520 para
dizer que a regra vai ser o efeito meramente devolutivo. E o efeito suspensivo será opi iudice. O
que significa isso? O juiz conferirá, à vista do caso concreto, o efeito suspensivo se assim for
necessário. Vejam o que diz, rapidamente o caput, como é para ficar o art. 520: a apelação terá
somente efeito devolutivo, podendo o juiz dar efeito suspensivo para evitar dano irreparável à
parte. Porque eu disse que quem fez este Projeto, esqueci também, que se traiu aqui? Porque nós
temos nas condições da execução provisória, no parágrafo terceiro, do artigo 475 letra “o” diz o
seguinte: ao referir a execução provisória o exeqüente destruirá a petição com cópias autenticadas
as seguintes peças do processo, podendo o advogado valer-se do exposto à parte final do artigo
544, parágrafo primeiro. Dois: certidão de interposição do recurso não dotado de efeito suspensivo.
Já está trabalhando aqui, para dar aplicação a essa regra, vamos supor que quando entra em vigor
em junho a nova Lei este projeto aqui ainda não seja Lei. Isso aqui fica um pouco... Como é que
isso, recurso não dotado de efeito suspensivo? Em termos atuais seria o recurso dotado de efeito
meramente devolutivo, é isso que vai se provar agora para fazer a execução dita provisória. Se
entrar em vigor esse Projeto aí sim, vamos ter que trazer uma certidão, esperar o despacho do juiz
que não vai ser conferir o efeito suspensivo. Se a parte pedir negado o efeito suspensivo aí
estaremos atendendo a Lei. Mas a Lei á trabalhou, ela tem uma terminologia própria desse sistema
que se pretende entre em vigor o recurso terá efeito suspensivo se conferido lhe for. Senão a
apelação tem o efeito meramente devolutivo.

O outro Projeto de Lei, que é oriundo da Presidência da República é o Projeto


de Lei 4.497/2004, que trata da execução do título extrajudicial. Sim, porque agora todo o Livro 2
vai ser repassado. E aí nós vamos ter algumas alterações importantes lá na Lei. Como ainda está
em fase de projeto, recebendo algumas emendas, acho que para efeitos de exposição não valeria
muito a pena eu dar isso aqui. Mas vem uma alteração, e talvez uma das mais significativas, que
me chama muito a atenção aqui, porque contém a prática desse processo, nessa formatação o
leilão vai ser a última opção para a expropriação. Os leilões são conhecidos, havidos e
reconhecidos como fontes de nulidades, trabalho, despesa e morosidade. É isso que é um leilão
público. Então, a idéia é a de que haja, num primeiro plano, a adjudicação, o credor fique com o
bem pelo valor da avaliação. E se o credor não quiser? Também não vai ficar com quinquilharias
que às vezes estão penhoradas sem necessidade. Ou mesmo que não seja uma quinquilharia.
Pode não interessar, um trator, por exemplo, para uma pessoa física, urbana, não interessa. Então
ele poderá ele se responsabilizar, sob a direção do juiz, para evitar a manobra disso aí, a chamada
venda direta. Ele anuncia, vê se tem comprador, faz uma venda. Ele credor. Essa é a idéia. Ele diz
“olha, eu tenho um comprador para este trator, ele dá tanto...”. E numa última alternativa, esgotado
tudo isso, ele não quer para ele, não conseguiu comprador, vai para o leilão. Para deixar essa
forma mais morosa para o fim. Isso é um ponto importante. A idéia também é de pôr a defesa em
uma impugnação, à semelhança do título judicial, isso eu acho muito útil, até para não embaralhar
a cabeça do procurador e do operador porque quando são regimes muito diversos isso dificulta a
defesa. Então acho que também vai afinar a terminologia com essa nova instaurada para o título
judicial.

A execução fiscal também está sob revisão, mas está havendo uma certa
dificuldade em a gente, este projeto eu estou mais por dentro porque estou participando da
comissão que está cuidando da sua revisão, mas houve aí alguns percalços porque a Fazenda
está um pouco resistente com algumas idéias que nós queríamos fazer implantar. A idéia básica é
que a Fazenda só ingresse com a execução fiscal sabendo da existência de patrimônio
penhorável, porque os cartórios deste Brasil afora estão abarrotados, estão virando arquivos de
luxo de execuções fiscais que não tem onde fazer incidir a questão do patrimônio. Aí vocês
poderão dizer, e se estiverem pensando nisso estão muito certos: “mas e a prescrição como é que
vai ficar?”, porque se não pode entrar... A idéia seria de que um ato extrajudicial interrompesse a
prescrição. Mas a Fazenda está resistindo um pouco à esta idéia, está apresentando um projeto
dela, e quando eu falo em Fazenda é a Fazenda Federal. As tratativas, o acertamento entre o
instituto de direito processual, os setores pensantes, vamos dizer assim, e o Fisco... Eu sei que há
uma tônica muito comum de bater contra a Fazenda, com seus privilégios, e ela tem mesmo, não
resta dúvida. Agora nós temos às vezes que nos isentar de uma paixão momentânea, de um
cansaço momentâneo com a Fazenda e também nos lembrar que a Fazenda cuida dos interesses
de todos nós. Então esses créditos de cobrança são créditos que dizem respeito a todos nós, ou
deveriam dizer. Então não podemos descuidar disso.
A execução fiscal também, mas acho que não é uma coisa a curto prazo, pelo
estágio de conversações e debates sobre o tema. O título executivo e mais rapidamente o art. 520
eu acho que vão estar entrando em vigor, o que vai estar fechando um bloco compacto de revisão
no CPC. E não sem razão, vejam bem, onde é que o legislador está tendo que mexer, e muito?
Sistema recursal e execução, porque aí é que estão os estrangulamentos do nosso processo: na
cadeia recursal, que a gente costuma dizer que é a trama recursal, é mais do que uma cadeia, é
uma trama. E na questão da efetivação do direito reconhecido, que é a execução. Então há esses
dois projetos.

PERGUNTA: Ali no art. 475 o § 3º, inc III, porque procurações, se é para
ser uma nova fase do mesmo processo?

Porque aqui, eventualmente, pensando em um primeiro momento,


eventualmente pode ter alterado o patrono.

Vou ter que repetir a procuração, no caso, ... obrigatório, na Lei se for o
mesmo vou ter que por de novo a procuração...

E eu acho que pode se reportar procuração constante nos autos se for o


mesmo comprador. Agora, temos que pensar também que pode ter mudado, pode estar iniciando

E mesmo que sejam autos apartados vai ter uma modificação, vai ter um
novo número?

Não, ele corre em apartado porque veja bem aqui, ele requer a execução mas
requer da mesma forma que o 475, e eu quero fazer uma observação sobre isso. O 475 j é que
nos diz que o devedor deve requerer a execução e indicar que tipo de execução ele está
pretendendo. Ele não pede a citação, é provisório, ele vai se encaixar naquele modelo. Por serem
os autos apartados é que tem essa questão das procurações. Mas pode acontecer, e isso é um
ponto interessante de lembrar, que nós não tenhamos necessidade de fazer em autos apartados.
Vamos supor que a execução provisória esteja sendo... não tem também prazo fatal para propor a
execução provisória. Como a execução se faz sob a responsabilidade do exeqüente ele pode
dimensionar em que momento vai estar propondo a execução. Se ele estiver por exemplo num
momento em que está pendente a cravo de instrumento para subida de recurso os autos estão
desembaraçados. Aí a doutrina diz que nesse caso não é de formar autos apartados é de executar
dentro dos autos principais. Nessa hipótese, eu até estava pensando nisso quando comecei a te
responder, eu acho que aí não há necessidade. Esta procuração outorgada pelas partes quando
os autos forem impróprios e específicos da execução.

E aí não há citação?

Não há. Porque são autos apartados ma ligados ao processo número tal. A
execução provisória está ligada, vamos ter aqui inclusive a sentença e o acórdão ao exeqüente.
Isso é uma fase daquele processo.

PERGUNTA: Quero saber sua opinião sobre honorários na fase executiva


do processo.

Honorários. Acho que cabe o 20, parágrafo quatro, que diz: execuções
embargadas ou não são devidos honorários. Cabe. Impugnação vai caber também. Fazenda
Pública que nós temos, vamos dizer assim, uma ressalva. Foi incluído numa Lei 94 94, se não me
falha a memória foi uma medida provisória, uma ressalva de atribuição de honorários contra a
Fazenda Pública. Esta orientação, inicialmente tida por inconstitucional, foi chancelada pelo
Tribunal Federal. O que na prática a jurisprudência, ou pelo menos há algumas decisões, é que
isso se aplicaria só para a execução, e execução é uma forma de dizer, há que diga que não há
execução contra a Fazenda Pública. Acho que isso seria um excesso mas vamos dizer assim que
é algo a intercalar, como diz Pontes de Miranda, a execução forçada a que o particular fica sujeito,
e a execução voluntária, algo a intercalar fica em execução contra a Fazenda Pública. Mas nos
precatórios parece que a regra não tem sofrido maiores contestações. Agora nas requisições de
pequeno valor há quem dê a aplicação, mesmo contra a Fazenda Pública, dos honorários. E na
impugnação, embora não haja nenhuma palavra aqui, a doutrina está dizendo que...

PERGUNTA: O juiz poderia fixar imediatamente quando o credor requerer


a execução da sentença, o juiz fixaria nesse momento o honorário?

É, há quem diga que pode ficar por fim, porque isso vai entrar no bolo da
cobrança. Uma coisa que eu quero aproveitar para chamar a atenção de vocês injustificadamente
a jurisprudência está, a primeira parte está correta, atribuindo honorários advocatícios em favor
daquele que apresenta exceção de pré-executividade e é vitorioso nessa exceção, a jurisprudência
diz que tem que atribuir o ônus à Fazenda que moveu a execução, a Fazenda ou o particular, que
moveu a execução injustificadamente. Agora não está atribuindo honorários advocatícios em
desfavor do excipiente, vamos dizer assim, está deixando sem condenação a honorários quando o
executado não é nem sucedido na sua exceção. Isso injustificadamente estamos observando na
jurisprudência. Quem já falou sobre a impugnação está dizendo que vai ter que ter honorários,
quer procedente quer acolhida, quer desacolhida. Esta prática não tem muita justificativa pelo o
que estamos observando. É que este instituto da exceção de pré-executividade, tudo o que não
tem uma normatividade vai ficando um pouco ao sabor, à simpatia do julgador. Vai se fazendo um
perfil lá pela construção jurisprudencial. Mas isso parece que está destoante este entendimento.

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