A Família Internacional
D e c l a r a ç ã o d e P o s t u r a
O Suicídio e a Santidade da Vida
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Crer no Apocalipse Descrito na Bíblia Justifica Violência ou Suicídio?
V ários sociólogos e historiadores de religião
predisseram que o ano 2000 traria mani-
festações de milenarismo. A historiadora de reli-
gião Catherine Wessinger, professora-adjunta de
Estudos Religiosos na Universidade de Loyola,
declarou em seu estudo apresentado na conferência
da Sociedade para o Estudo Científico da Religião,
em Nashville, em outubro de 1996: “Não foi muito
difícil fazer esta previsão. A aproximação do novo
milênio inevitavelmente excitaria a imaginação e
criaria uma expectativa nas pessoas, de que por fim
as limitações do ser humano seriam superadas.”
Na última década, certos acontecimentos en-
volvendo violência dentro de grupos com uma
predisposição ao suicídio serviram para chamar
a atenção da imprensa, dos sociólogos e das au-
toridades para as minorias religiosas com crenças
apocalípticas. A pergunta implícita tem sido se
esse tipo de crença conduz ou precipita os que
a adotam, a praticar o suicídio ou outros atos
violentos.
Somos um novo movimento religioso com
crenças bíblicas bem definidas sobre a segunda vin-
da de Jesus Cristo e podemos afirmar que a Bíblia
não defende o suicídio e que a fé no Apocalipse,
segundo a Bíblia, não incentiva os seguidores de
Cristo a cometer violência de nenhuma espécie.
Entendemos, pelas Sagradas Escrituras, que a vida
humana é sagrada e, por isso, somos contrários aos
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atos de violência, principalmente os cometidos em
nome da religião.
.
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A santidade da vida
A Família Internacional [A Família], grupo
cristão cujos ensinamentos são fundamen-
tados na Bíblia, não considera o suicídio um ato
.
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1
Salvo outra indicação, todos os versículos bíblicos são da Edição Contemporânea Almeida, Editora Vida.
aceitável aos olhos de Deus. Nas palavras do nosso
fundador, David Brandt Berg (1919-1994), “O
nosso negócio é salvar, não destruir ou tirar vidas!
Acreditamos que o suicídio seja um ato egoísta e
que o suicida esteja roubando a Deus a vida que
Ele lhe deu com o propósito de servir aos seus se-
melhantes! … Deus sabe quando e como devemos
morrer, e acho bom você deixar que Ele decida
a sua hora e agir de acordo com a Sua vontade,
qualquer que seja ela e não tirar a própria vida”
(“A Graduação Vitoriosa” parágrafo 12).
Achar que Deus daria aos Seus filhos con-
sentimento para se matarem é contra tudo o que
Ele ensina na Bíblia. Jesus disse no Evangelho de
João: “Vim para que tenham vida, e a tenham
em abundância”(João 10:10).1 Entendemos e
acreditamos que o suicídio é contra a Palavra de
Deus e não é uma opção para os que têm fé nEle
e no Seu amor infinito.
Lamentamos muito a perda de tantas vidas,
de pessoas dos mais diversos segmentos sociais,
religiosas ou não, que sentindo-se desesperadas
e incapazes de lidar com as dificuldades da vida,
recorrem ao suicídio. Nós, sendo cristãos, preocu-
pamo-nos muito com o aumento de ocorrências
de suicídio na sociedade moderna. Acreditamos
que a crescente perda de fé em Deus seja respon-
sável direta por essa tendência, bem como pelos
sentimentos de angústia e desesperança que levam
a atos tão drásticos.
Em tempos passados, vivia-se em um ambiente
de muito maior confiança e fé em Deus. Em sua
maioria, as pessoas entendiam que tanto a vida
quanto a morte estavam nas mãos de Deus. Essa
percepção e fé geravam paz de espírito e tran-
qüilidade. Hoje em dia, porém, muitos, por não
conhecerem Deus, encontram-se privados do único
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verdadeiro ponto de referência para nossas vidas.
Vivem sem a segurança de valores absolutos e, por
isso, completamente destituídos de paz. E é muitas
vezes essa falta de paz e fé em Deus que rouba às
pessoas as forças e as leva a agir por conta própria,
pode ser nociva. Essas asseverações são feitas ba-
seadas no argumento de que grupos religiosos não
convencionais doutrinam seus adeptos valendo-se
de técnicas de “controle mental” ou de “lavagem
cerebral” (também conhecidas como “manipulação

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pondo termo às suas vidas antes da hora. psicológica” ou “persuasão coerciva”), tornando-
os incapazes de tomar as próprias decisões ou
manifestarem outras romãs de individualidade.
Suicídio assistido O raciocínio subseqüente é que o seguidor infe-

O “suicídio assistido” ou a “eutanásia voluntá-

ria” tem sido assunto de discussões acirradas,
as quais trouxeram a questão do suicídio e da
liz obedecerá, como autômato, a uma ordem de
suicídio ou de algum outro ato hediondo.
No entanto, a maior parte da comunidade
eutanásia para o âmbito do debate moral, com científica, inclusive a Associação Americana de
o potencial agora de ser concedido a ambas as Psicologia, rejeita essas teorias fantasiosas e ima-
práticas um conceito mais aceito. Sinceramente, ginárias de lavagem cerebral e comportamento
compadecemo-nos daqueles que sofrem e se acham robótico.2 De forma sucinta, os sociólogos David
incapazes de suportar seu sofrimento, como no Bromley e Anson Shupe declaram:
caso dos pacientes com doenças em fase termi-
nal. No entanto, acreditamos na afirmação do O conceito como um todo de
salmista Davi, no Antigo Testamento, “Os meus lavagem cerebral, do qual temos to-
dias estão nas Tuas mãos” (Salmo 31:15), e que mado conhecimento, é equivocado.
tirar a própria vida não é o plano de Deus para a É repudiado por muitos sociólogos,
humanidade, não importa a idade ou o estado de psicólogos e psiquiatras como um
saúde da pessoa. eufemismo grosseiro. Pior que isso,
é uma distorção do processo real e
inteligível de mudança de atitude
As Generalizações dos que Se [conversão religiosa], de forma algu-
Opõem à Liberdade Religiosa ma misterioso nem raro na sociedade

P or causa da ocorrência de eventos trágicos

isolados envolvendo grupos religiosos, pessoas
e organizações que combatem a religião têm ten-
americana. (124)

A professora Eileen Barker da Escola de

tado vincular tais acontecimentos violentos e de Economia de Londres, também declarou num
suicídio coletivo à crenças apocalípticas. Dentre discurso para as autoridades russas, em fevereiro
outros grupos, as organizações anti-religião, como de 1995:
a AFF (Fundação da Família Americana) nos EUA,
ADFI (Associação para a Defesa da Família e do Um argumento que às vezes se
Indivíduo) e o CIC (Centro de Informação Sobre ouve é que as novas religiões privam
Seitas)—estes dois últimos na Europa— tentaram as pessoas do seu direito de pensar,
rotular e estigmatizar muitas novas religiões como do livre arbítrio e as submetem a uma
“seitas destrutivas” capazes de atos violentos e “lavagem cerebral”. Afirmam que
anti-sociais. Acreditamos que generalizações dessa os seguidores dessas novas religiões
amplitude servem apenas para fomentar a intole- passam por um processo irresistível
rância, a discriminação e o ódio. e irreversível de controle mental. No
Organizações e pessoas que se opõem às mi- entanto, não existe absolutamente
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norias religiosas aproveitam tais incidentes ao nenhuma prova científica de que isso
máximo em suas tentativas de fundamentar suas ocorra. Os estudiosos não encontra-
ram nenhuma técnica ou processo
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afirmações que qualquer religião não tradicional

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2
Em decisão unânime, o Conselho da Sociedade para o Estudo da Religião nos EUA em uma reunião realizada em 7 de novembro de
1990, reiterou a falta de base científica nas teorias de controle mental, fazendo a seguinte declaração oficial: “Esta Sociedade considera que não
existem pesquisas suficientes que permitam aos estudiosos responsáveis e informados chegar a um consenso a respeito da natureza e efeitos
de coerção e controle não físicos. Declaramos também que não se deveria automaticamente equiparar as técnicas de coerção e controle físico
.

com aquelas de coerção e controle não físico. Além da análise crítica do conhecimento existente até a data, fazem-se necessários também mais
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estudos adequados que permitam um consenso acadêmico sobre a questão.”

Copyright © 2004 por A Família Internacional
 diferente dos utilizados na sociedade
em geral.
Consideramos ser da máxima importância
que os representantes da mídia e das instituições
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incumbidas de fazer respeitar as leis consultem
acadêmicos reconhecidos e imparciais que tenham
estudado extensivamente o amplo espectro de
grupos religiosos por muitos anos, em vez de se
apoiarem em grupos anti-religião que defendem
seus próprios interesses ou relatos de ex-integran-
tes descontentes. Existem pesquisas imparciais
e profissionais registradas em diversos livros e
artigos divulgados em publicações científicas e
casas publicadoras respeitáveis, cujo expertise os
torna fontes muito melhores de informações para
a imprensa, autoridades governamentais e para o
público em geral sobre essas questões.
Crer no apocalipse segundo
a Bíblia promove o suicídio?
D esde que Jesus veio à Terra há 2000 anos,
centenas de milhões de cristãos no mundo
têm esperado o cumprimento da promessa de Seu
retorno, um fenômeno que continua nos dias de
hoje. Uma pesquisa atual feita pela Associated
Press mostrou que 25% de todos os cristãos nos
Estados Unidos — aproximadamente 26 milhões e
meio de pessoas — acreditam que testemunharão
a volta de Jesus. As misteriosas profecias relatadas
pelo apóstolo João no Livro do Apocalipse têm
intrigado muitas pessoas e sido motivo de in-
contáveis teorias e estudos doutrinários, além de
fomentar o gênero literário cada vez mais popular
conhecido como ficção cristã. Portanto, o pequeno
número de adeptos a essas crenças que interpretam
erroneamente o livro do Apocalipse para justificar
atos de violência ou suicídio é infinitesimal em
comparação com os milhões que acreditam na volta
de Cristo — e, por conseguinte, esperam alguma
forma de “apocalipse” — e não podem ser consi-
derados anormais nem suicidas em potencial. Foi a
conclusão à qual chegaram os sociólogos Thomas
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Robbins e Dick Anthony no estudo feito sobre o
ocorrido em Waco, publicada no Armagedom em
Waco, capítulo Seitas e Violência:
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É preciso também levar em con-
sideração o fato de que crenças apo-
calípticas são extremamente comuns,
e só uma minoria de grupos e movi-
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mentos que expressam tal ideologia
demonstra tendências violentas ou
parece ser uma ameaça à paz social.
(242)
Nenhum trecho no livro do Apocalipse indica
que o Senhor estivesse exortando Seus seguidores
a fugir das grandes tribulações do Tempo do Fim
tirando a própria vida. Pelo contrário, existe aí uma
grande quantidade de promessas aos fiéis de que
Deus os protegerá no período de tribulação antes
da Segunda Vinda de Jesus (Apocalipse 9:4;11:1–
6;12:6,14). As mortes previstas serão principalmente
as dos martirizados pelas forças ímpias e iníquas
que estarão agindo nessa época: “Também foi-lhe
permitido [ao Anticristo] fazer guerra aos santos, e
vencê-los … e fizesse que fossem mortos todos os
que não adorassem a imagem da besta” (Apocalipse
13:7,15).
Maria David, esposa e sucessora de David
Berg, explicou:
Só porque alguém acredita fir-
memente que algo muito ruim vai
acontecer não significa que vá se
matar! A maioria das pessoas en-
frenta corajosamente [dificuldades
relacionadas ao Tempo do Fim que
estão por vir], inclusive nós. Apesar
de acreditarmos que vai acontecer
algo muito ruim, cremos também
que logo depois ocorrerá algo muito
melhor! Glória ao Senhor! Por isso,
teremos ainda mais força do que a
maioria das pessoas para enfrentar-
mos destemidamente problemas fu-
turos. Temos o poder do Senhor e a
convicção de que precisamos conti-
nuar na Terra para ajudar os outros
nos seus momentos de dificuldade,
até o glorioso retorno de Jesus, que
então endireitará todas as coisas e
enxugará todas as lágrimas. (“Suíça”
parágrafo 4)
Conclusão
P edimos a Deus que restaure a fé daqueles que
a perderam, pois sem fé nEle e no Seu amor
é mais fácil a pessoa não ter a força e a coragem
necessárias para enfrentar os desafios e dificuldades
da vida. Acreditamos que a pessoa que aceitar o
amor de Deus manifestado em Jesus e tiver fé na
Sua eterna Palavra, a Bíblia, encontrará soluções
para todos os problemas complexos que a huma-
nidade enfrenta atualmente.
 Obras Citadas
Barker, Eileen. “Address to the Russian Duma.” Duma, Moscow. Fev. 14, 1995.
Berg, David. “A Graduação Vitoriosa!” Boas Novas, Dez. 1982.
Bromley, David, e Anson Shupe. Strange Gods, The Great American Cult Scare. Boston: Beacon Press, 1981.
David, Maria. “A Morte dos Membros da Seita Suíça!” Boas Novas Out. 1994.

g
Robbins, Thomas, e Dick Anthony. Armageddon in Waco. Chicago: University of Chicago Press, 1995.
Society for the Scientific Study of Religion. “Resolution, November 7, 1990.” SSSR Newsletter Dec. 1990.

(“Suicídio e a Santidade da Vida” foi publicado pela primeira vez em novembro de 1998 sob o título
“Suicídio — uma Tragédia, não uma Solução”, e atualizado em janeiro de 2004.)

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