Quando a televisão surgiu no Brasil, em 1950, todos diziam que o jornalismo
impresso chegava ao fim. Atualmente, em 2009, pode-se perceber que a realidade é outra: o jornal impresso retoma algumas características do passado para reconquistar os seus leitores, como por exemplo, matérias mais aprofundadas sobre os diversos temas que aborda, mas de maneira alguma o jornal foi extinto. O que acontece com a TV agora é semelhante. Poucos se arriscam a prever o fim da televisão, mas a maioria das pessoas, inclusive as próprias emissoras, já se deu conta que a TV não pode mais transmitir os programas da forma que costumava. E isso tudo por causa de duas palavras: internet e interatividade. Os novos modelos de televisão trazem tecnologias surpreendentes que permitem que o telespectador crie sua própria grade de programação com o seu próprio horário, escolha através de qual câmera ele deseja ver o lance de futebol, e quais programas ele quer assistir ao mesmo tempo na tela. Porém, todas estas novas ferramentas e formas de interação na própria televisão não foram suficientes: a internet veio para mudar a forma de comunicação do mundo. Nos últimos anos o destaque na Internet são as redes sociais. Através dela criamos laços (uns mais fortes que os outros) com pessoas que conhecemos ou não. Também através destas redes podemos expor nossos gostos, como nas comunidades do site de relacionamentos Orkut. Ciente das novas ferramentas da Internet no quesito relacionamentos e notando que os sites de notícias também estavam aproveitando a popularização da rede, a televisão resolveu inovar mais uma vez: foi parar dentro do computador. Ao longo de nossa pesquisa notamos diversos exemplos de programas, canais e grupos de comunicação que utilizam as ferramentas da Internet para reconquistar os telespectadores que trocaram a telinha pela rede. Na Rede Globo, por exemplo, é nítido que nos últimos meses a moda da interatividade com o público através do computador, chegou por lá. Programas como o Vídeo Show e o Fantástico convidam a todo o momento os seus telespectadores a responderem enquetes, acompanharem o Twitter (mini-blog que pessoas e grandes empresas de comunicação postam novidades, notícias do dia-a-dia e chamadas de suas notícias para os seus “seguidores”), enviarem vídeos que serão exibidos no ar nos minutos seguintes, ou assistirem ao programa que perderam na própria Internet, como no caso do Profissão Repórter, programa comandado pelo jornalista Caco Barcellos, também no canal global. Mais do que interativa, e por isso jornalística, a grande sacada da TV foi, além de reconquistar seus telespectadores e manter o seu espaço, achar mais um meio de fazer propaganda de si mesma.