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OPINIÃO

Óleo de linhaça, tela, pincéis, tinta, modelos diversos e uns quantos outros apetrechos. Olha para aqui,
pincela ali e está um quadro feito. Mas o que é que está por detrás do enigmático quadro de Vermeer, que
tanta gente conhece mas que tão poucos entendem?

Em cada pintura, seja ela abstracta, pertença ela a que movimento pertencer, por detrás de cada obra de
criação a prioridade de uma obra é o entendimento. O acto de exprimir um sentimento, a relação com a
tela mas sobretudo com o objecto que se está a pintar.

Desenvolve-se uma relação entre o pintor e o exterior, realidade essa transposta para o pano. Mais tarde
chegam os olhares do público, que umas vezes gosta, outras despreza. A questão é que esta última fase
do entendimento entre quem vê e quem esteve cara a cara com o modelo é um enigma que nem sempre,
eu diria até muito poucos vezes, é completamente absorvido e percebido pelo público.

Daí o descontentamento para com a obra, ou não. Vermeer não se dedicava a temas elevados, entenda-
se grandes feitos, as suas representações são reais e os temas retratados ordinários. Cenas do
quotidiano, do acaso, vários temas… Entre eles o retrato de uma jovem rapariga pintada de perfil mas
com o rosto sério virado na direcção de quem a olha. O cabelo envolto em panos, a pele pálida, um brinco
de pérola pendurado na orelha esquerda. A identidade é desconhecida e a suposição de quem seja a
jovem vai ser o argumento do filme. Griet é uma rapariga que vai trabalhar de criada para casa da família
Vermeer. Quando é encarregada de limpar o estúdio do pintor, seu patrão, toma conhecimento com o
espaço onde são reproduzidos os seus trabalhos. Mas mais do que uma simples empregada, a curiosa
Griet demonstra perspicácia e sensibilidade perante o trabalho de pintar, o que não passa despercebido
aos olhos de Vermeer. Atrevendo-se a fazer o que mais ninguém faz, Griet começa a ajudar na disposição
do que vai ser pintado e a dar a sua opinião. O seu potencial não é ignorado pelo pintor que ouve a
rapariga e acaba mesmo por seguir os seus conselhos. Mais do que criada, Griet é uma potencial
companhia na arte desenvolvida por Vermeer.

Obviamente desta cumplicidade surge o apreço que desenvolvem um pelo outro e ainda que a jovem
tenha consciência de que a aproximação entre ambos não é nem deve é possível, trabalham juntos sem
que por isso deixe de haver uma compreensão mútua que ainda assim ultrapassa qualquer gesto ou
diálogo. Mesmo sem falarem abertamente um com o outro, Griet e Vermeer conhecem-se.

Enquanto este trabalho em parceria se mantém relativamente em segredo, a mulher do pintor está
constantemente grávida, uma das filhas entretém-se a espiar e a fazer maldades a Griet, a avó controla-a
e o patrocinador dos trabalhos de Vermeer tenta aproximar-se da rapariga e abusar dela. O filme é muito
simples mas ao mesmo tempo mostra a dificuldade de pintar um modelo, mais do que isso, de encontrar
o modelo certo. Algo sublime, que envolva inocência, altivez e que seja neste caso a imagem da rapariga
de cabelos ruivos sempre escondidos pela touca, o rosto liso e muito pálido. A inspiração que nasce da
figura de Griet. A possibilidade de ser realmente esta a história que se esconde por detrás da tela
continua a ser uma incógnita. Há muitas suposições, mas uma identidade certa para a jovem do quarto
não é conhecida.

Os cenários do filme são um ponto a favor. O filme passa-se na Holanda do séc. XVII, data em que
Vermeer viveu. Os actores, os espaços, as roupas e a música suave formam a sintonia perfeita para um
filme digno de se ver. Scarlett Johansson e Colin Firth, Griet e Johannes Vermeer respectivamente,
realizam excelentes papéis principais. Scarlett encarna muito bem o papel da rapariga do quadro, a
expressão não podia ser igual mas está muito próxima. <BR><BR> No que respeita ao quadro devo dizer
que já o conhecia, tal como conhecia Vermeer. Não é apesar disso, nem o quadro nem o pintor, o auge da
pintura que eu mais aprecio. A perfeição do retrato é nitidamente excelente, os quadros dele são
extremamente bonitos, mas não os meus favoritos. Mas quem sabe se conhecendo a verdadeira história
que se esconde por detrás daquela imagem a opinião não se alterasse? <BR><BR> Apesar de tudo
adoro o acto de pintar, desde pequena que me habituei a ver o meu pai pintar e nunca me canso de ver
telas novas e pinceladas. O contacto com esta arte é muito próximo no filme e para quem nunca tenha
visto os quadros a expectativa de ver como vai ficar é garantida. Girl with a Pearl Earring (2003), daqueles
filmes que valem a pena.

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