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dezembro 2004 :: ano1 :: n 12 :: www.arteccom.com.

br/webdesign

dezembro 2004 :: ano1 :: nº12 :: www.arteccom.com.br/webdesign by

e d i t o r a R$ 6,90

arteccom

FUTURO
as próximas tendências em webdesign

debate: entrevista: portfólio:


a internet já encontrou Risoletta Miranda CUbO
sua linguagem própria? profissional destaca que a evolução mais agência investe em metodologia de
“não encontrou e não tenho certeza significativa da web se dará no aspecto trabalho para oferecer soluções em
Webdesign

da que isso acontecerá algum dia” conceitual, não somente tecnológico múltiplos canais digitais
Leonardo Antunes, Globo Online

especial
e-learning
confira a importe atuação do webdesigner nesse mercado em expansão
direitos autorais
3
Equipe

Editorial
quem somos

Direção Geral
Obrigada! Adriana Melo
adriana@arteccom.com.br
Chegamos ao fim do ano e completamos também um ano da revista
Direção de Arte
Webdesign. Com este, são doze exemplares concluídos. A tarefa não foi Patrícia Maia
patricia@arteccom.com.br
fácil, mas, conseguimos! A sensação de dever cumprido é muito boa e para
Ilustração
2005 o objetivo será melhorar ainda mais nossa revista, porque temos Beto Vieira
beto@arteccom.com.br
muito o que aprender, graças a Deus.
Diagramação
Gostaria de agradecer primeiramente ao nosso patrocinador Bruna Werneck
bruna@arteccom.com.br
LOCAWEB – empresa de hospedagem de sites – que, em um mercado edito-
Direção de Redação
rial em crise, tornou-se indispensável para que esta revista chegasse até André Philippe Iunes

:: A Arteccom não se responsabiliza por informações e opiniões contidas nos artigos assinados, bem como pelo teor dos anúncios publicitários. :: Não é permitida a reprodução de textos ou imagens sem autorização da editora.
andre@arteccom.com.br
vocês, arcando com toda nossa despesa gráfica para sermos capazes de
Redação
oferecer um produto de qualidade ao nosso público. Obrigada pela força, Vanessa Barbosa
vanessa@arteccom.com.br
Claudio Gora e Cristian Gallegos e demais integrantes da equipe LocaWeb.
Publicidade
Nossos leitores, com certeza, reconheceram o incentivo da LocaWeb. Daniele Moura
daniele@arteccom.com.br
Agradeço também aos leitores que nos deram uma prova de confian-
Assinaturas
ça e se tornaram assinantes da Webdesign e também àqueles leitores que Jane Costa
jane@arteccom.com.br
“AINDA” não assinaram nossa revista, mas que a procuram incansavelmen-
Gerência de Tecnologia
te de banca em banca. Fabio Pinheiro
fabio@arteccom.com.br
E, não poderia deixar de agradecer, mais uma vez, e com muito orgu-
Webdeveloping
lho, à minha querida equipe Arteccom que, com todo esforço do mundo, faz Eric Nascimento
eric@arteccom.com.br
o máximo para que tudo fique lindo e funcione. Às vezes, erramos,
Financeiro
atrasamos, damos alguns furos, mas “se a idéia fosse sermos perfeitos, o Luana Rocha
luana@arteccom.com.br
revisor ortográfico não teria sido criado”, certo?

colaboração: diagramação - Bia Lima


Enfim, 2005 vem aí e vamos torcer para que a Webdesign complete Criação e edição
www.arteccom.com.br
mais um ano de sucesso! Obrigada a todos e conto com vocês!
Feliz Natal, muito amor, paz e solidariedade para o ano que vem! Patrocínio
www.locaweb.com.br
Um abraço, com carinho,
Produção gráfica
www.ediouro.com.br/grafica
Adriana
Distribuição
www.chinaglia.com.br

4
menu
apresentação
pág. 4 quem somos
pág. 5 menu

contato
pág. 6 emails
pág. 6 fale conosco

fique por dentro


pág. 8 direito na web
pág. 9 adote esta página
pág. 10 clipping

portfólio
pág. 13 veterano: CUbO
pág. 18 calouro: 2pix design

matéria de capa
pág. 20 entrevista: Risoletta Miranda
pág. 26 o futuro é agora
pág. 37 debate: a internet já encontrou sua
linguagem própria?

e-mais
pág. 44 e-mais: e-learning
pág. 54 tutorial: carregando um SWF externo

com a palavra
pág. 56 webwriting: Bruno Rodrigues
pág. 58 bula da Catunda: Marcela Catunda
pág. 60 marketing: René de Paula Jr.
pág. 62 experience design: Claudio Toyama
pág. 64 webdesign: Luli Radfahrer

5
emails

Assunto: Parabéns Dra. Assunto: Que carreira


Mari! seguir?

Nem acreditei quando vi que Sou universitário, aluno do

vocês atenderam ao meu curso superior de Produção

pedido de fazer uma coluna para Mídia Digital no UNI-BH

de leis na web. A advogada é e gostaria de saber mais

muito boa. Essa coluna sobre cursos superiores na

mostra que vocês são muito nossa área e sobre as

sérios e dão importância a tendências da profissão.

todos os aspectos da Diante de uma enxurrada de

atividade de webdesigner, informações nebulosas, nós,

inclusive para os nossos estudantes, temos algumas

direitos. Estou chegando ao dificuldades em escolher que

Brasil em janeiro e gostaria carreira seguir. Por exemplo,


tenho amigos que pensam em Assunto: Do contra
muito de conhecer a equipe
que faz a Webdesign. estudar Ciência da Não gosto muito da
Fernanda Oliveira Computação e outros falam diagramação da revista. Não
nanditaolive@hotmail.com
de estudar Design. gosto dos grandes blocos
Assunto: Como e quanto Pois é... Dra. Mari está arrasando! A Sávio Henrique Araujo chapados e ainda acho as
pagar savio@bhtec.com.br
revista é sempre composta de dicas
imagens que ilustram a
Bom dia! Sou de Porto Alegre dos leitores e a sua foi valiosíssima. “Que carreira seguir?” é um bom tema
revista um pouco feias.
e como sei que vocês Obrigada às duas! para ajudar os que querem trabalhar
Sobre o conteúdo, a revista
realmente dão importância E será um enorme prazer receber sua com internet a descobrirem com que
tem sido ótima, melhorando a
aos leitores, resolvi visita na Arteccom! área mais se identificam. Vamos
cada dia. Gosto dos assuntos,
escrever. Quase sempre na Espero por você, Fernanda. pesquisar e prometo a matéria em
das referências,
hora de fechar um contrato breve, ok!
dos estudos de casos, das
me deparo com o seguinte dicas, enfim, de todo o
argumento dos clientes: conteúdo.
“Tudo isso? Mas o fulano tal Quanto ao site da revista,
Assunto: Tratamento de
faz por x.” Então pergunto: imagens também acho que poderia ser
Quanto cobrar? Como melhor, contar com notícias,
Vocês poderiam fazer uma
cobrar? uma newsletter, uma seção
Ricardo matéria sobre tratamento de
ricardomp@brturbo.com.br de links, fórum etc. Me
imagens. Como publicar fotos
Querido Ricardo, decepcionei com o site. De
no site que sejam leves, mas
Na edição 1 sugerimos uma tabela de qualquer maneira, compro
que tenham qualidade, desde
valores na última página da revista, todos os meses a revista.
o scanner até a publicação.
Henrique C. Pereira
mas com uma observação no rodapé: o Sandro
rhiquezoe@yahoo.com.br
dsm9@dsm9.com.br
valor deverá ser determinado de acordo Adorei a conclusão do seu email ;-)
Bacana sua idéia, Sandro. Vamos
com a experiência do profissional Henrique, obrigada pelas críticas
desenvolvê-la para a seção de
prestador do serviço. construtivas, realmente devemos
tutorial. Fique de olho!
Ou seja, a grande variável é seu sempre procurar melhorar. Às vezes
portfólio, sua experiência. Mas achei falta um pouco de tempo para
bastante válida sua sugestão. fazermos tudo exatamente como
Jornalistas da Webdesign: mãos à obra! desejamos, mas vamos nos esforçar
ainda mais, ok?

fale conosco pelo site www.arteccom.com.br/webdesign


:: Os emails são apresentados resumidamente. :: Sugestões dadas através dos emails enviados à revista passam a ser de propriedade da Arteccom.

6
7
direito na web

Contrato de criação
de um website
Sou assinante da Revista Webdesign e adorei a seção em que a advogada tira
dúvidas quanto a alguns assuntos. Gostaria de propor um tema para discussão
nessa seção, que é sobre os contratos feitos com os clientes, principalmente para
nós principiantes. Gostaria de alguns toques como: a quem recorrer na hora de criar,
quanto um advogado cobra para criar um modelo de contrato, as cláusulas mais
importantes para a proteção de direitos autorais e outras. Desde já, agradeço o
carinho com que vocês fazem a revista, sou professor de informática e webdesigner
e sempre indico em minhas aulas a revista de vocês. Obrigado e um abraço.
Rondineli <rondineli@tranqsdesign.com>

Marianna Furtado é advogada O profissional mais indicado para prestar - definir quem responderá (responsabili-
com pós-graduação em Direito
assessoria nesse caso seria um advogado espe- dade civil) sobre o conteúdo do website e os
da Propriedade Intelectual
pela PUC-Rio. Atualmente, cializado em contratos envolvendo propriedade prejuízos que possa causar a terceiros;
pertence à equipe do escritório
Montaury Pimenta, Machado & intelectual. - quais são especificamente as obrigações
Lioce Advogados.
Geralmente os escritórios de advocacia de cada parte;
Envie sua dúvida para: realizam a cobrança de honorários profissionais - cronograma de desenvolvimento dos
marianna@montaury.com.br
de acordo com o número de horas trabalhadas serviços;
baseados em uma tabela horária - local do desenvolvimento dos serviços;
preestabelecida. O valor da hora varia de acor- - preço dos serviços e forma de pagamento;
do com o nível de senioridade do profissional - a quem pertencerão os direitos sobre o
que executará o serviço, ou seja, quanto mais resultado final do projeto;
experiente o profissional que elaborar o con- - aceitação dos serviços;
trato, mais onerosa será a sua hora. Tendo em - sigilo e confidencialidade;
vista que cada escritório possui sua própria ta- - respeito aos direitos de terceiros;
bela de honorários, é difícil estimar um orça- - manutenção e assistência técnica;
mento para elaboração de um contrato dessa - mecanismos utilizados para proteção e
natureza. segurança de informações;
O contrato de desenvolvimento e criação - lei aplicável e foro – no caso de contro-
de website deverá dispor sobre: vérsia oriunda do contrato, a lei de qual país
- objeto dos serviços, descrevendo a con- será usada para dirimir tal questão e no Tribunal
figuração do projeto gráfico do website e seu de qual cidade deverá ser ajuizada a ação.
conteúdo; O contrato poderá estabelecer multas e
- estipular a quem pertencerá os direitos outras sanções para o caso de descumprimento
(patrimoniais) autorais; de qualquer das cláusulas constantes em seus
termos ou pelo desrespeito aos direitos morais
do webdesigner.

8
adote esta página
O Grupo 5 é um projeto desenvolvido, em sua totalidade, por jovens empreendedores. Nosso grupo é formado por
desenvolvedores, com soluções de TI (Tecnologia da Informação). Formado no Estado e Cidade do Rio de Janeiro, conta
inicialmente com cinco profissionais do mesmo local, com experiência em programação de sites por um longo período de tempo,
e atende clientes em quaisquer que sejam suas necessidades. O Grupo 5 oferece ao cliente o desenvolvimento de sistemas intra,
extra e internet (todos focados na face web), tal como realização de sua estrutura para o funcionamento do mesmo. Para mais
informações, (21) 2533 0230 - www.grupo5.com.br - contato@grupo5.com.br, grupo5@grupo5.com.br

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esta
página
!

Faça como o Grupo


5, colabore com este projeto e
divulgue gratuitamente sua empresa!
Adotando esta página, o Grupo 5 contribuiu para a manutenção do projeto Magê-Malien – Crianças que Brilham. O projeto
possibilita o acesso de crianças de comunidades carentes de São Gonçalo - RJ ao universo da educação, arte e cultura,
fundamentados na prática da capoeira.
Você também pode ajudar a manter o brilho dessas crianças.

Tel: (21) 2253-0596


Email: publicidade@arteccom.com.br

Para conhecer o projeto Magê-Malien, visite o site www.arteccom.com.br/magemalien.


99
clipping

“Terapia” incentiva marteladas em computador e celular


Uma iniciativa na Espanha tem como objetivo deixar os cidadãos da cidade de Soria mais calmos. Trata-se da “terapia
da destruição” — um evento em que os participantes podem quebrar computadores, telefones celulares,
aparelhos de TV e carros usando um martelo.
Por US$ 75, os espanhóis compram o ingresso que dá direito à entrada e também ao uso de um martelo.
“Depois de um dia de trabalho, eu coloco um telefone celular no chão e destruo o aparelho com apenas
uma martelada”, disse um cliente ao site Ananova. “Não dá para descrever o quanto isso me satisfaz”.
Os participantes podem ficar na área de destruição durante duas horas, mas os jovens empresários
responsáveis pela “terapia” dizem que até agora ninguém ficou lá por mais de 30 minutos. (01)

Praga engana antivírus e cria corrente de Ranking enumera desastres


infecção na internet esquisitos com o computador
O vírus Bofra, que se aproveita de falhas no Internet Explorer para invadir
Um executivo que congelou o disco rígido de seu computador,
micros, utiliza uma nova e devastadora estratégia que pode facilmente
pensando que conseguiria reaver arquivos, ocupa o topo de um
enganar os antivírus tradicionais.
ranking de problemas esquisitos com computadores elaborado
Isso porque a praga chega em emails sem qualquer anexo ou código malicioso
por uma empresa de recuperação de dados norte-americana.
em HTML — geralmente reconhecidos pelos antivírus. A mensagem possui
A Ontrack, responsável pelo ranking, diz que a incidência de
apenas um link que, quando clicado, direciona o usuário para o computador
desastres relacionados à perda de informações poderia ser
que lhe enviou o email — de onde baixa a infecção.
consideravelmente diminuída com um simples back-up de
Dessa forma, o Bofra instala na nova máquina um servidor
arquivos.
web que mandará mensagens para outros usuários,
Confira a lista da Ontrack, baseada em casos que a empresa diz
fechando o ciclo. A propagação do vírus acontece por
ter atendido durante este ano:
causa de uma falha recém-descoberta no browser da
1. Um cliente levou à empresa um disco rígido dentro de um
Microsoft, que atinge as versões 6.0 do programa
saco plástico molhado. Ele disse ter lido na internet que poderia
executadas sobre Windows XP SP1 e Windows 2000.
recuperar as informações do drive colocando-o no freezer.
(02)
2. Durante uma “limpa” em seu micro, um usuário confundiu
(04)
algumas pastas e acabou deletando as que queria manter. Ele
Google lança busca em celulares e PDAs
limpou a lixeira e desfragmentou o disco rígido antes de
O Google anunciou no dia 7/10 o lançamento de uma versão beta do Google
perceber o erro. Depois disso, passou a checar os arquivos três
SMS, um novo serviço que permite aos usuários de aparelhos móveis
vezes antes de deletá-los.
buscarem informações específicas, como listas de endereços residenciais ou
3. O laptop de um usuário apresentava diversos problemas,
de negócios, preços de produtos e definições de palavras. Segundo o Google,
colocando em risco as informações. Seu sobrinho então
o serviço será modificado e melhorado de acordo com as sugestões dos
confessou que havia descontado toda a raiva pelo mau
internautas. Utilizando um telefone celular ou um PDA compatível com o
funcionamento da máquina, batendo diversas vezes na tela.
sistema SMS de mensagens, o usuário pode conferir, por exemplo, uma
4. Krystof Wielicki deixou sua câmera digital cair quando
pizzaria na região em que mora. Basta digitar a palavra “pizza” e o CEP do
escalava as montanhas do Himalaia. O equipamento foi
local onde está. Entre outras possibilidades, o usuário pode ainda comparar
completamente destruído e o cartão de memória com diversas
preços de produtos, encontrar telefones de amigos e contatos comerciais,
fotos, danificado.
além de fazer pesquisas por páginas da web no serviço de busca do Google.
Para ver o ranking completo, acesse www1.folha.uol.com.br/
O Google SMS é gratuito, mas suporta apenas mensagens de texto em inglês
folha/informatica/ult124u17443.shtml
e, por enquanto, funciona somente nos Estados Unidos.
(03)

Aprenda sem sair de casa montados por uma equipe especializada e contam com animações,
Acessando o site do Portal webAula (www.webaula.com.br) você locuções, simulações e exercícios práticos que ajudam você a
pode fazer dezenas de cursos completamente a distância. Além de aprender de verdade.
todo o material do curso, a empresa disponibiliza tutores online, das Dê uma olhada no Plano Completo de Cursos de Informática. São
8 às 22 horas para responder suas dúvidas sobre o conteúdo do 35 cursos de informática incluindo os cursos de Word, Excel, Flash
curso, e ainda certificado de aprovação. Todos os cursos são MX, Corel Draw, HTML e ASP.
(04)
clipping
Reality Show pela net: Vidrados! Programadores fazem
Diogo Boni, o Boni da net, segue carreira com projetos em diversos
enterro de soft
segmentos, entre eles, o reality show pela internet, chamado
VIDRADOS, uma parceria de sucesso com a Intelig no Rio e abandonado
montagem de um estúdio em sociedade com o DJ Robson Vidal. Entre os pequenos túmulos

O VIDRADOS será um reality show diferente e interativo, onde os de Blocker Hill, o vento

seis participantes estarão em busca de um super prêmio em ecoa os torturados lamúrios

dinheiro, carro, moto e viagens, dependendo da colocação. Os de programadores de

participantes deverão conviver por 45 dias em uma casa de vidro, computação. Em oito covas,

localizada dentro do Shopping New York City Center, expostos aos jazem os restos de pilhas de

visitantes do local e internautas, monitorados 24 horas por dia, sete papel contendo os códigos de

dias por semana, onde terão a difícil tarefa de viver só da internet. softwares.

Diferente dos demais reality’s, no VIDRADOS os participantes não Esse cemitério é uma estranha tradição

serão eliminados, ficando todo o tempo previsto para duração do entre os funcionários da empresa norte-americana

programa dentro da casa. LexisNexis. Em vez de simplesmente apagar de seus PCs os

E para transmissão do VIDRADOS, o Grupo DB4 escolheu o UOL, programas que são substituídos ou abandonados, os

pioneiro ao desenvolver a TV UOL, criada especialmente para programadores imprimem os códigos dos softwares e os

produção e transmissões pela internet, programação de emissoras enterram.

comerciais de rádio. O nome Blocker Hill foi escolhido porque programas

Inscrições pelo site www.vidrados.com.br. desatualizados representam obstáculos (roadblocks, em


(04) inglês) para a companhia.
“Isso faz parte do ciclo da vida”, afirma a consultora Alice
Robôs “do lar” serão mais de 4 Kaltenmark. Para ela, os softwares parecem ter
milhões em 2007 personalidade. A tradição da LexisNexis foi iniciada nos anos
O uso de robôs para tarefas domésticas 90, quando a empresa começou a substituir seus sistemas.
vai aumentar sete vezes até 2007, diz O cemitério também tem algumas peças de hardware, como
um estudo da Comissão Econômica uma máquina chamada Urbana RT que foi usada por apenas
para a Europa das Nações Unidas seis anos. (06)
(Unece; www.unece.org).
Segundo a pesquisa, divulgada
durante a feira World Robotics, na Lightwave 3D ao seu alcance
sede da entidade em Genebra, o A americana Newtek anunciou uma redução no valor do
crescimento doméstico coincide com o recorde de pedidos de Lightwave 3D Full para estudantes e professores acadêmicos que
modelos industriais. podem adquiri-lo por apenas US$ 250. A versão é completa,
O relatório diz que 607 mil ajudantes domésticos automáticos eram multiplataforma (MAC/PC) e inclui 4 CD’s entre manuais,
utilizados no final do ano passado, sendo que dois terços foram tutoriais, exemplos e softwares diversos.
adquiridos no mesmo ano. É uma ação totalmente pioneira, pois as versões educacionais
Até 2007, a previsão é que cerca de 4,1 milhões de robôs estejam normalmente são limitadas e não dispõem de todos os recursos do
realizando a limpeza de pisos, janelas ou piscinas. software “full”. No caso do Lightwave, o fabricante coloca à
(05)
disposição a versão completa.
Empresas e profissionais que não se encaixam nessa condição não
precisam ficar decepcionados. A NewTek, por tempo limitado,
estará enviando para quem adquirir up-grades ou a versão
comercial 8.0, o ImageModeler 4.0, totalmente FREE, que
(01) www1.folha.uol.com.br/folha/informatica/ult124u17424.shtml permite modelagem 3D a partir de fotos. Atualmente este
(02) www1.folha.uol.com.br/folha/informatica/ult124u17432.shtml software custa US$ 1380. Mais Informações www.r3f.com.
(03) http://idgnow.uol.com.br/AdPortalv5/InternetInterna.aspx?
GUID=F6684803-8750-41B2-8D6D-BF465F58CF27&ChannelID=2000012
(04) www.vidrados.com.br
(05) www1.folha.uol.com.br/folha/informatica/ult124u17298.shtml
(06) www1.folha.uol.com.br/folha/informatica/ult124u17389.shtml
12
portfólio veterano :: CUbO
Talento ao CUbO
Por Vanessa Barbosa

O ano de 1994 foi marcante para a rede mundial de


computadores: a Arpanet, que mais tarde se transformou

na internet, comemora seu 25° aniversário; os


empresários Marc Andreessen e Jim Clark fundam a

Netscape; o programa de busca Yahoo é criado. Enfim, foi


um período importante para a nossa web e para um

adolescente em especial. Com apenas 15 anos, foi nesse

ano que o gaúcho Roberto Martini trocou as tardes de


basquete no colégio por um estágio onde começou a

trabalhar com internet e o pagamento era uma conta


para ter acesso à web. Atualmente, com 25 anos,

Roberto é CEO e diretor de criação da CUbO, agência


fundada há um ano.

13
portfólio veterano :: CUbO

Segundo Roberto, a CUbO é “uma agência de comunica-


ção digital que combina estratégia, tecnologia e criatividade
para entregar soluções em múltiplos canais digitais”. A empre-
sa oferece uma série de serviços como estratégia de marca e
marketing digital, e-commerce e sistemas de transação, dis-
positivos móveis de comunicação e TV interativa, rela-
cionamentos interativos e consultoria estratégica,
além de assessoria tecnológica e implementação.
A nova agência, criada em dezembro de
www.cubo.cc
2003, ainda não se apresentou formal-
mente ao mercado. De acordo com
Roberto e seus sócios, Raul Garré e
Rodrigo Elste, respectivamente diretores
de planejamento e de arte, eles ainda
Rodrigo Elste
não começaram a prospectar. “No mo-
mento estamos trabalhando interna-
mente na definição de uma metodologia de traba-
lho que consiga atender ao modelo definido para
o nosso negócio, que funciona com uni-
dades em São Paulo, Porto Alegre e São
José dos Campos, e que possuem supor-
Apresentação institucional para a Paim Comunicação
te em uma unidade de desenvolvimento
e pesquisa na cidade de Pelotas, no in-
terior do Rio Grande do Sul”, explica
Roberto Martini
Roberto. Project Management :
Institute
O Project (PMI)
Management
Para auxiliar na determinação des-
PMI é uma entidade mundial
sa metodologia, a CUbO contratou um consultor ex- sem fins lucrativos que busca
terno, especialista em Project Management difundir o profissionalismo e as
melhores práticas na área de
Institute (PMI). Quando estiverem com o
gerenciamento de projetos –
modelo consolidado, o que, conforme o aplicação de conhecimentos,
CEO, deverá acontecer nos próximos habilidades, ferramentas e
técnicas nas atividades do
dois meses, a agência iniciará a buscar
projeto a fim de atender aos
mercado. Porém, a empresa já possui requisitos, ajudando as
trabalhos desenvolvidos para o Brasil e organizações a suprirem as
Raul Garré necessidades dos clientes. Mais
exterior e parcerias consolidadas com al-
informações, acesse
gumas das principais agências do Rio www.pmi.org.br.
Grande do Sul e São Paulo.

14
portfólio veterano :: CUbO
Ainda no primeiro mês de vida e com poucos trabalhos, a
CUbO foi a segunda agência mais premiada no Salão de Propa-
ganda do Rio Grande do Sul e Roberto foi o profissional mais
premiado do evento com 22 prêmios no total (um Grand Prix,
três ouros, 9 pratas e 9 bronzes), além de ter sido considerado
o profissional de internet do ano. A produtora foi indicada
também neste ano como uma das TOP 10 da categoria exce-
lência em design do Ibest, escolhida pelo júri profissional do
evento.
Trabalhos de sucesso
Em setembro de 2004, a CUbO recebeu prata na edição
especial do Festival Mundial de Publicidade de Gramado em
www.estanciataruma.com.br
Paris, concorrendo com mais 162 trabalhos. A peça premiada
foi o website criado para a Pousada Estância Tarumã. Além da
premiação, outra satisfação para a equipe foi que o site
institucional passou a ser o principal recurso para captação de
turistas pela pousada gaúcha. No projeto não faltam elemen-
tos da tradição local, que favorecem a navegação, onde os vi-
sitantes podem fazer um passeio multimídia pela estância, efe-
tuar a reserva direto pelo site e montar roteiros personaliza-
dos.
Outro trabalho importante para a produtora foi a criação
do novo site da Associação Brasileira de Televisão por Assina-
tura (ABTA). Construído para ser a principal ferramenta de
relacionamento da associação com o mercado e seus associa-
dos, o website facilita a consulta às informações gerais sobre
a ABTA e o setor de TV por Assinatura. Em uma área restrita
aos associados, pode-se consultar os projetos legislativos dos
quais a ABTA participa e as notícias sobre o setor, divulgadas
pela imprensa nacional, através do clipping – ferramenta
multimídia que disponibiliza em tempo real matérias publicadas
nas mídias internet, jornal, rádio e TV.
www.abta.org.br
Roberto também destaca o projeto desenvolvido pela
CUbO para a agência Paim Comunicação. “Desenvolvemos uma
apresentação institucional para a agência que pode ser total-
mente atualizada através de um manager desenvolvido em
flash, onde o próprio cliente pode atualizar diversos recursos

15
portfólio veterano :: CUbO

da apresentação, como inserir clientes, peças no portfólio Outro ponto de preocupação é manter o bom relaciona-
(imagens, vídeos, áudios), novas fotos da equipe, alterar o mento com os clientes. “Na CUbO nos importamos muito com o
conteúdo e até montar uma apresentação personalizada para dia-a-dia do relacionamento. Temos consultores em contato
um prospect específico”, afirma. direto com o cliente, o que faz com que imediatamente ele te-
Sinergia de ideais nha uma resposta para a necessidade apresentada, aumen-
Como diferencial da empresa, Roberto cita o bom relacio- tando a satisfação e também minimizando erros de
namento e a convergência de ideais com os sócios Raul Garré e gerenciamento no processo de desenvolvimento.”
Rodrigo Elste. “São pessoas que conheço há muito tempo, A apresentação dos resultados de cada ação desenvolvi-
amigos de infância, que agora estão junto comigo concreti- da também é muito importante para a agência. Por isso, foi de-
zando este novo projeto. Toda esse sinergia se traduz em senvolvida uma ferramenta que permite ao cliente saber em
comprometimento e envolvimento, resultando sempre em su- tempo real o resultado da ação, na medida em que ela está em
peração projeto após projeto.” andamento, a partir de variáveis definidas em conjunto com o
“Entre as páginas do folder de apresentação da CUbO contratante no início do projeto. “Isto deixa a relação transpa-
estão os seguintes dizeres: resultado é o nosso argumento, rente e dá mais segurança para o cliente”, explica Roberto.
tecnologia é a nossa ferramenta, criatividade é a nossa dife- Na equipe da CUbO trabalham 16 pessoas, entre consul-
rença”, afirma Roberto, destacando as diretrizes da empresa. tores, diretores de arte, designers, motion designers, arqui-
Para ele, os grandes desafios são a busca pela inovação, pelo tetos de informação, redatores, analistas de sistemas, progra-
fazer diferente e criar referências para o segmento. madores de interface e gerentes de projeto.

Projeto de e-learning interno para a L´Oréal

Seqüência de telas de um comunicador corporativo desenvolvido para a


Adelphia (uma das maiores operadoras americanas de TV por assinatura que
tem como operadora brasileira a ViacaboTV)

Trabalho de TV interativa para a Vodafone

16
portfólio veterano :: CUbO
Os próximos passos nhar para organizar as idéias e pensar. Hoje não preciso mais.
“As metas da agência são homologar nossa metodologia Um bookmark ajuda muito e um bom livro também. O meu de ca-
de trabalho baseada em PMI, desenvolver o programa de par- beceira é “Funky Business”. Vale muito a pena.”
ticipação nos resultados da agência e realizar a reforma da Segundo ele, os profissionais de webdesign estão
unidade de desenvolvimento e pesquisa na cidade de Pelotas, entrando cada vez mais cedo no mercado de trabalho. “Muitos
excelente projeto arquitetônico criado pelos irmãos Cañas sem experiência o suficiente para saber o que é melhor para a
Martins, e também consolidar a presença nas praças que sua vida e seu crescimento profissional, e estão cheios de en-
estamos atuando”, revela Roberto sobre os planos da CUbO tusiasmo.” E para eles vai uma dica: “Tentem, ousem e errem,
para o próximo ano. Para ele, um planejamento bem definido errem muito.”
de onde se quer chegar, combinado com o alinhamento das Por causa da agência, Roberto tem viajado muito entre
expectativas dos gestores, colaboradores e parceiros de ne- São Paulo, Porto Alegre e Pelotas. Assim, para cada local, de-
gócios pode determinar o sucesso de uma empresa. finiu o que fazer quando não está com a cabeça no negócio. Em
Para alcançar os objetivos, Roberto possui duas verten- São Paulo, relaxa com livros, DVDs e idas ao cinema. Em Porto
tes de inspiração: uma criativa e outra empreendedora. Se- Alegre, um bom chope com os amigos é fundamental e, na cida-
gundo o CEO, as principais fontes são os desafios impostos no de natal, Pelotas, aproveita para curtir a família.
dia-a-dia, sejam os de comunicação, colocados pelos clientes, E o basquete? Será que foi substituído para sempre pela
ou situações cotidianas de gerenciamento do negócio. “Não web? “Ele está um pouco esquecido, mas sempre que posso
tenho uma rotina, mas já teve época em que precisava cami- tento jogar.”

Bookmark : Funky Business :


Bookmark significa “marcador Segundo os autores Kjell
de livro”. Na internet podemos Nordstrom e Jonas Ridderstrale
marcar uma página (endereço) do livro “Funky Business:
para voltar e visitar depois, talento movimenta capitais”, o
sem ter de memorizar novo mundo é diferente, a
endereços gigantescos. vantagem competitiva está em
ser diferente. A única coisa que
faz o capital se movimentar é o
talento. Sendo assim, não é
possível conduzir os negócios
da maneira usual.

Projeto de apresentação multimídia da HP

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portfólio calouro :: 2pix design

A química perfeita Por Vanessa Barbosa

Ela é responsável pelo design. Ele, pela animação, montagem e finalização. Juntos, combinam as

experiências profissionais que trazem na bagagem para desenvolver projetos criativos,


interativos, que representem bem o estilo do cliente, além de proporcionar ao usuário uma

experiência diferente. Este é o principal foco dessa dupla e da sua agência: a 2pix design.

Parceiros no trabalho, os cariocas Priscila Lopes, 29 minha própria empresa, a 2pix. Logo depois, a Priscila saiu da
anos, e Marcus Paulista, 33 anos, dividem muito mais que o co- Conspira.com e embarcou comigo nessa jornada.”
mando da 2pix. Casados há três anos, se apaixonaram pelo Com a análise criteriosa da necessidade de cada cliente,
webdesign por caminhos bem diferentes. desenvolvendo um trabalho com criatividade e tecnologia, a
Priscila, formada em Comunicação Visual na PUC-Rio, co- agência vem conquistando desde sua fundação um conjunto
meçou trabalhando com direção de arte para cinema e publici- bem diferenciado de clientes: Conspiração Filmes, Globo.com,
dade. Quando terminou a faculdade, montou um escritório de Monte Produções, Alcantarino Design, Adriana Tavares, Cer-
design e depois foi chamada para integrar a equipe de arte da veja Devassa, Xuxa Produções, À Colecionadora e Sintecfil.
Conspira.com, na criação de projetos para internet, como O foco principal da 2pix é a web, porém a dupla trabalha
sites e portais. também com CD e DVD, animações para vinhetas de cinema/TV
Para Marcus, tudo começou quando ele adquiriu seu pri- e mídia impressa. Um trabalho que eles destacam nessa área é
meiro modem. “Quando vi os sites www.eye4u.com e o projeto gráfico do novo DVD do Los Hermanos em parceria
www.yugop.com fiquei completamente fascinado com as inú- com o artista plástico Luiz Zerbini.
meras possibilidades que a web oferecia. Daí foi um passo para Para aproveitar o ótimo momento, com novos projetos a
comprar muitos livros.” Autodidata, leu muito, estudou html, cada semana, a dupla estuda ampliar a empresa. “Para 2005,
javascript, flash e design. Trabalhou na Globo.com, fez diver- pretendemos mudar para uma sala maior e contratar profissio-
sos sites de filmes e de artistas da emissora, quando viu que a nais das áreas de atendimento e administrativa. Ah, além de
experiência com webdesign estava indo muito bem. “Percebi continuar realizando trabalhos criativos para ter um reconhe-
que era hora de dar um passo mais ousado e resolvi montar cimento cada vez maior na área.”

www.2pix.com.br www.sintecfil.com.br

O site da 2pix design é <www.2pix.com.br> e o email para contato, <contato@2pix.com.br>.


18 Para participar da seção portfólio, cadastre-se no site www.arteccom.com.br/webdesign.
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o tempo não pára

O tempo não pára... Por André Philippe Iunes

Para quem pensa que o futuro na internet

reserva somente surpresas tecnológicas,


pode estar um pouco atrasado em relação ao

presente. Em uma conversa cheia de

previsões, a jornalista Risoletta Miranda,


sócia-fundadora da Advice NetBusiness, uma

das empresas mais requisitadas em


planejamento estratégico de marketing e

comunicação online, revela: “o tempo é o


nosso bem mais precioso”. Com uma visão

otimista, ela destaca que a evolução mais


significativa da web se dará pelo seu aspecto

conceitual, e não somente tecnológico.

Fazendo uma viagem pelas obras de Leonardo


da Vinci e Mondrian, Risoletta explica a

importância de se conhecer o passado para


construir um futuro com maior embasamento.

Portanto, conheça suas idéias sem pressa,


pois o tempo também é investimento quando o

assunto é aprender.

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o tempo não pára
Wd :: Com o seu surpreendente crescimento, a “Na internet a
internet obrigou as empresas do mundo inteiro a re-
venda da
pensar seus modelos de negócio. Na sua opinião, qual
foi a evolução mais significativa da rede que trouxe aspiração, que
reais benefícios para os negócios online?
determina a
Risoletta :: A evolução mais importante tende a ser a
adoção da internet pelo seu aspecto mais conceitual do que compra de um
propriamente técnico. A tecnologia tem uma inércia natural e
produto, passa
vai mesmo melhorar, como tem acontecido, cada vez mais. No
entanto, isso não teria muito eco se as empresas, de um lado, mais do que nunca
e pessoas, de outro, não adicionassem a internet as suas vi-
por uma boa
das. Por isso, considero muito importante a busca pelas em-
presas do uso da rede com um espectro amplo, cuja finalidade experiência com a
principal seja gerar uma maior influência na decisão de compra
marca”
do cliente. Esse processo é grande e complexo, pois envolve o
desenvolvimento de uma estratégia online, buscando sinergias
com os canais de interpretação, influência e de vendas ao cli-
ente offline.
No lado do cliente, a linha de raciocínio é a mesma. As
pessoas já estão mais seguras para usar a web enquanto am-
biente transacional. É importante pensar em inclusão digital,
na ampliação do número de usuários e até no aumento de assi-
nantes de banda larga, que já é um outro patamar de consumo
de informação, produtos e serviços online. No mais, acho que
é muito prematuro fechar conceitos sobre um ambiente ainda
tão novo, considerando, inclusive, que tivemos que “recome-
çar” tudo, em termos de credibilidade, depois do estouro da
bolha.
Wd :: Por meio da internet, o consumidor pode
interagir, criticar, elogiar, solicitar informações ou,
até mesmo, divulgar um produto ou serviço esponta-
neamente, o chamado marketing viral. Como as em-
presas podem estimular e desenvolver ainda mais
esse tipo de interatividade no futuro?
Risoletta :: Trabalhando adequadamente com o com-
portamento do consumidor online, que já não é mais online
apenas. É offline também e a tendência é que essa divisão dei-
xe de existir. Já tem que ser assim hoje. Na internet a venda

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o tempo não pára

da aspiração, que determina a compra de um produto, passa mais do que nunca por uma boa
experiência com a marca. E trata-se de uma experiência ainda em estado embrionário, sobre a
“A busca de um
qual pouco se sabe ainda. Quando a rede nos mostrou a inutilidade das ações “commodities” na
formato nossa vida, como ir ao supermercado ou ao banco, por exemplo, e o quanto isso não contribuiu
em nada para nossa qualidade de vida, ampliou ao mesmo tempo a percepção do benefício de
publicitário na
um produto. Eu arrisco dizer que isso nunca foi tão forte, obrigando as empresas a olhar para
internet ainda é a emoção do cliente no encontro com a marca de maneira mais atenta e não apenas focada na
funcionalidade de um produto.
acelerada e
E essa reflexão ainda é maior. As empresas de um segmento deixam de concorrer entre si
constante. O que já apenas e passam a ter um outro concorrente comum a todas: o tempo do consumidor. As pesso-
as não estão apenas procurando um bom produto para consumir. Elas estão procurando um bom
descobrimos, com
produto para consumir dentro do menor, e do melhor, tempo possível. E hoje, este menor tempo
certeza, é que ela está conceitualmente na internet.
Wd :: Existe algum tipo de produto ou serviço que ainda não possa ser
deve obedecer a
comercializado na web?
duas linhas Risoletta :: A partir da resposta anterior, vejo a coisa de maneira mais ampla. A cada dia
somos consumidores com a decisão de compra cada vez mais e mais fragmentada. Vemos e ou-
básicas: o respeito
vimos na televisão um anúncio, checamos no site da empresa, passamos rapidamente, ou pro-
à privacidade do fundamente, nos sites da concorrência e, só aí, nos dignamos a ir à loja. Se tivermos a comodi-
dade da compra online, podemos finalizar essa experiência com a marca por ali mesmo. Ou seja,
consumidor e uma
a empresa pode até nem ter o produto para vender de fato em seu site, mas com certeza pode
oferta adequada ao ser na web que a pessoa inicie a tomada de decisão de compra, ainda que isso se dê no meio
offline. No Brasil, a internet ainda é mais influenciadora de uma decisão de compra do que pro-
seu perfil”
priamente vendedora.
Wd :: Hoje, o cenário da internet encontra-se bombardeado por mensagens
publicitárias indesejadas, sem ética, sem conteúdo e até mesmo enganosas. Na
sua opinião, mesmo com quase uma década da popularização da WWW, existe
atualmente um formato publicitário considerado ideal para divulgar um produto
ou serviço na rede? Como as empresas estão lidando com isso?
Risoletta :: A busca de um formato publicitário na internet ainda é acelerada e constan-
te. O que já descobrimos, com certeza, é que ela deve obedecer a duas linhas básicas: o res-
peito à privacidade do consumidor e uma oferta adequada ao seu perfil. Ou seja, é marketing de
permissão, com técnica de segmentação. Qualquer coisa fora disso, em termos de resultados
na web, vai esbarrar em uma visão reducionista da própria estrutura conceitual e tecnológica
da rede. Um ambiente em que o cliente tem uma constante experiência solitária com a empresa,
em frente a um monitor e onde, de outro lado, as empresas possuem algumas possibilidades de
monitorar seu comportamento, inclusive com sua permissão. Não se pode ter isso desprezado.
Principalmente porque é potencialmente bom para os negócios. É o que o marketing de massa

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o tempo não pára
nunca terá: um alvo e uma única chance para acertar. É vender passagens para Fernando de
Noronha para quem quer ir para Fernando de Noronha e não para quem quer ir para Santa
Catarina.
Em termos de formato, acredito muito no email marketing e nas ferramentas de tracking e Ferramentas de X
Tracking
análise de comportamento online, combinadas com os dados que o cliente já fornece em seus Ferramenta que possibilita
cadastros. No caso da Advice, temos uma metodologia aplicada a uma ferramenta que se chama monitorar os passos de um
determinado usuário. Consiste
VRM Advice (Virtual Relationship Management), que nos permite exatamente isso: criar histó-
no envio de um cookie para o
ricos de comportamento online do consumidor por meio de seus dados e de seu comportamen- navegador, que identifica as
to. Isso nos permite segmentar comunicação em todos os níveis. Desde a parte criativa, até a ações que o visitante faz
dentro de um site.
escolha da melhor oferta. As empresas começam a olhar para essa combinação de maneira mais
interessada. Temos encontrado muitas delas nesse processo.
Wd :: Pop-ups, banners que se abrem no meio da homepage de um site, bem
como outras formas de persuasão ostensivas, são práticas comuns em muitos
sites. Como você prevê, de hoje a cinco anos, os formatos de persuasão usados na
internet?
Risoletta :: Não arrisco nada para daqui a cinco anos na web. É tempo demais. Acho que
os formatos “não interativos”, como pops e banners continuarão a existir. O que torna um am-
biente web interativo é uma estratégia de contato segmentada com o cliente, que permita criar

23
o tempo não pára

uma experiência sensorial com ele, de marca ou de venda, na


internet. Sem isso, tudo o mais é puro pisca-pisca. Então os
formatos de persuasão, na verdade, não são formatos propri-
amente ditos, mas sim estratégias planejadas que identificam
o comportamento online de um determinado consumidor. Sen-
do assim, é possível definir suas necessidades naquele ambi-
ente, os levando a ter acesso a um produto ou serviço que
cumpra essa finalidade.
Wd :: A usabilidade, bem como outros estudos re-
ferentes à interação com o usuário, tem influenciado
de alguma forma o design na web? Já podemos prever
no futuro uma predominância por layouts mais funci-
onais na rede?
Risoletta :: Não há dúvida. Houve um crescimento enor-
me da avaliação da Interação Homem-Computador na web. E
isso está mais cru e inicial do que se pode imaginar. A simplifica-
ção do layout não vai ser exatamente o que acontecerá. Se
você imaginar que em termos de priorização da informação,
trouxemos para a web o conceito que já se usava nos meios
impressos, como jornais, em que o olhar se desloca da esquer-
da para a direita, vai ver que isso pode ser completamente re-
visto nos dois últimos anos. É só analisar os “tweens”, o pesso-
al que não é “kid” nem “teenager”, mas está “between” e que
tem entre 7 e 11 anos de idade. Eles estão a cada dia mais nu-
merosos na internet e trazem o “olhar do game”. Ou seja, a in-
formação prioritária não está mais no quadrante superior da
tela para este público, pois seus olhares estão treinados no
formato dos jogos, que começam na parte inferior esquerda. É
para este tipo de mudança que as empresas precisam estar
preparadas. E elas são bem velozes.
Wd :: Na sua opinião, quais elementos do design,
que já foram tendências em sites, estão totalmente
fora de uso hoje?
Risoletta :: Excesso de áreas na “welcome page”. Os
mecanismos de acesso rápido e busca têm sido aper-
feiçoados e tendem a substituir a necessidade de se

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o tempo não pára
usar a primeira pá-
gina como um lugar
“desesperador”, em que a em-
presa quer colocar tudo. Mas a geração
“heavy user” que está na web e os “tweens” es-
tão ficando muito habituados e íntimos de mecanis-
mos como o Google. E isso certamente influenciará o mo-
delo de navegação nos demais portais, favorecendo o design
mais clean, a rapidez de acesso à informação e, no final das con-
tas, vai economizar o maior bem do consumidor: o tempo.
Se o tempo é nosso bem mais precioso, é certo que, como consumido-
res, respeitaremos muito mais as empresas que tenham como premissa essa fi-
losofia. Porque no fundo, comprando carne, refrigerante, chocolates ou telefone, o
que a gente está querendo mesmo é qualidade de vida. E essa equação implica em que o
fator decisivo seja adicionar na fórmula o maior número possível de horas de prazer.
Wd :: Com o advento da banda larga, poderá haver algum tipo de mudança na
proposta do design na web? Se sim, quais mudanças serão mais significativas “Se o tempo é
para o futuro?
nosso bem mais
Risoletta :: Sim. E de novo o assunto passa por valorização do tempo. Com banda larga
o consumidor terá acesso a uma informação de maior qualidade em menor tempo. Ou seja, o precioso, é certo
potencial criativo e convergente de comunicação audiovisual na web ganha um poder enorme.
que, como
Pode ser exercido em toda a sua extensão. E a gente sabe que quanto mais argumentos se
usam, mais chances se têm de persuadir alguém a consumir algo. Nesse ponto, a internet será consumidores,
absolutamente imbatível no ciclo de decisão de uma compra.
respeitaremos
Wd :: Com a internet se expandindo para os dispositivos móveis, como os
palms e os celulares, qual será o novo perfil do profissional de webdesign no futu- muito mais as
ro?
empresas que
Risoletta :: O mesmo perfil de hoje: alucinadamente visionário, curioso, inventivo e arro-
jado. O grande desafio da internet é ser um terreno fértil em que estamos criando tenham como
e fazendo uma nova história. E como atores disso, temos que ser mais criadores do que
premissa essa
diluidores, para usar a boa classificação do poeta americano Ezra Pound. Sendo assim, é preci-
so também não esquecer de treinar o olhar com o que ficou para trás e investir seus conheci- filosofia”
mentos nas obras de Leonardo da Vinci, Rembrandt e Mondrian. Tem muita gente fazendo design
na web e que nunca ouviu falar neles. Mas esse background ainda é o que separa os bons dos
comuns.

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o futuro é agora

O Futuro é A cena pode se tornar cotidiana no século 21. O galã abre

agora
a porta do seu carrão, joga o seu celular no banco de trás e
começa a falar com um monte de gente por meio de uma cone-
xão bluetooth entre o automóvel e o seu telefone. Pois bem,
quem acha que essa situação faz parte de uma viagem
transcendental de algum autor de ficção científica é só ligar a
televisão para saber que o futuro é agora. O comercial de um
Por André Philippe Iunes carro esportivo, que está sendo veiculado atualmente, nos faz
atentar para a realidade de que quanto mais banalizamos a
Conheça as tendências da rede e fique
tecnologia, maior é o sinal de que ela está mais presente em
por dentro das previsões de nossas vidas do que imaginamos.
especialistas da web. E isso também acontece quando nos referimos à
internet. Não é mais novidade falar que a rede já é realidade
no dia-a-dia de boa parte da população, e que serviços essen-
bluetooth X
ciais, como a declaração de imposto de renda, por exemplo,
Tecnologia que permite a
são feitos normalmente pela web em nosso país. Entretanto,
comunicação sem fio (wireless)
entre aparelhos eletrônicos, muitos dos jovens que ingressaram nas universidades brasilei-
como celulares, palmtops, ras nos meados da década de 90, e que hoje trabalham com o
computadores, impressoras,
meio online, nem imaginavam que concluiriam seus cursos de
scanners etc. Para que isso
ocorra, é necessário que o graduação envoltos em uma revolução social e tecnológica. Um
equipamento possua um chip novo e desconhecido campo de trabalho estava nascendo e
Bluetooth.
tudo ainda era muito indefinido. No começo da WWW, muitas
previsões surgiram, algumas verdadeiras e outras meramente
especulativas, ajudando a traçar análises que serviriam como
parâmetros para essa nova mídia.

26
o futuro é agora
Esses mesmos estudantes, quando recém-saídos de
suas faculdades, presenciaram de perto o estouro da grande
bolha formada entre 1999 e 2000 no universo das
“pontocom”. Em 1995, quando ainda estavam na época do
vestibular, o mercado de internet permeava-se por muita
desinformação, com grande carência por profissionais
especializados. A semente do World Wide Web germinava e
nos anos seguintes o panorama vinha a estabelecer um cres-
cimento gradual até ocorrer um desequilíbrio na balança. Na
mesma época, o índice composto da Nasdaq, bolsa de valores Nasdaq X

eletrônica que concentra as ações de empresas de A Nasdaq (National Association


of Securities Dealers Automated
tecnologia, teve um salto galopante. Esse tipo de fenômeno
Quotation) foi a primeira bolsa
especulativo ocorreu devido à aposta de crescimento rápido eletrônica do mundo, composta

dessa nova mídia, atraindo instantaneamente investidores. por empresas de tecnologia.


Porém, as negociações não
Após o rompimento da “pele” que envolvia todo esse inchaço
seguem o padrão mundial. Elas
virtual, causando grande evasão de investimentos da são realizadas por meio de uma

Nasdaq, aquele momento ficou marcado como o grande rede de computadores,


diferentemente dos tumultuados
divisor de águas para as “pontocom”. Das centenas de em-
pregões convencionais, em que
presas que viviam exclusivamente da rede, poucas consegui- operadores fecham negócios

ram sobreviver a este mar revolto. literalmente no grito.


*Fonte: site TI Master

27
o futurio é agora

Dedicação: palavra antiga para um mundo novo


Estamos às vésperas de 2005, e muita água rolou de lá para cá. A grande euforia pas-
sou, dando lugar a um comportamento mais racional e estratégico na rede. Os salários as-
tronômicos perderam sua razão de ser e o estigma de que conceber a web é algo só para
informatas perdeu força, a ponto de permitir que outras profissões surgissem no meio online. O
que antes era feito por uma só pessoa, atualmente requer uma equipe multidisciplinar. O pen-
samento de que fazer um curso de Dreamweaver ou Flash era o suficiente para conseguir um
emprego fácil na rede não é mais sustentado pelo mercado, que cada vez mais exige postura e
dedicação dos profissionais que hoje “pensam” e fazem a internet acontecer.
A proposta aqui não é a de traçar uma análise de como o surgimento da internet foi impor-
tante para a sociedade, mas sim a de refletir sobre o amadurecimento do seu próprio modo de
produção, de forma que possamos prever, de alguma maneira, como ela deverá ser pensada e
concebida no futuro. Para o jornalista e articulista do Caderno de Informática do Jornal da Tar-
de de São Paulo, Carlos Nepomuceno, mesmo com o aumento da concorrência, o prognóstico
futuro para o cenário online é positivo. “Passada a crise, espera-se que, de forma sustentada,
o mercado continue a se aquecer e a tendência, me parece, é que os salários vão voltar a su-
bir, bem como a demanda por profissionais”.
Mestre em ciência da informação e coordenador da Pontonet Consultoria, Nepomuceno diz
que o futuro na web estará reservado aos que se destacam pela dedicação extrema. Ele expli-
ca que o perfil do profissional de sucesso será feito por aqueles que gostam do que fazem e se
interessam em continuar a aprender por paixão e não por obrigação. “A esses, dificilmente fal-
tará trabalho, principalmente se conseguirem aliar o interesse pessoal com as tendências eco-
nômicas apontadas pelo mercado”, afirma o jornalista.

Seu site na telinha: como se adequar aos dispositivos móveis?


Conceber um site para ser veiculado em PDAs (Portable Document - evitar o uso de imagens grandes, bem como Image Maps, pois
Assistant) não requer conhecimentos em determinada linguagem de são prejudiciais no carregamento dos sites nestes dispositivos;
programação. É importante que se conheça os padrões - não usar pop-ups na medida do possível, já que a tela pequena só
recomendados pelo World Wide Web Consortium (W3C), como a exibe uma única janela de cada vez;
correta utilização de XHTML e CSS. - não usar listas com muitos itens, levando em consideração
Alguns cuidados a serem tomados: novamente o pequeno tamanho da tela;
- não criar sites com barras de rolagem muito longas, pois esse tipo - utilizar de âncoras é fundamental, pois auxiliam na navegação;
de navegação é incômoda para quem utiliza dispositivos móveis, já - usar efeitos, como também o de plugins, pode atrapalhar a
que é feita por meio de uma caneta; navegação.
- levar em consideração que as telas dos PDAs são pequenas e a
banda é estreita, o que pode tornar a navegação extremamente * Caso não tenha um PDA, é possível prever como o seu site se
difícil; comportará nestes dispositivos por meio de emuladores de palm,
- evitar a utilização de frames, pois podem criar bordas; que podem ser baixados na internet.

28
o futuro é agora
De olho no futuro...
Experience Design:
De que forma o webdesigner pode se atualizar com interação levada ao extremo
relação às próximas tendências em um mundo, onde a
Cláudio Toyama, estrategista em experiência com o usuário,
quantidade de informações é cada vez maior? Para Cláudio
explica que o conceito de Experience Design desvincula-se do
Toyama, estrategista em experiência com o usuário e só- objeto em si e associa-se à experiência que uma pessoa terá
cio-fundador da Brand Experience Studio, em Londres, o com o meio interativo. Segundo ele, esta experiência passa a
ser o produto final, tendo a importantíssima função de fazer
segredo é buscar fora da web outros referenciais. Segun-
com que um cliente vivencie a marca, produto ou serviço em
do ele, é importante também ter sempre em mente que a sua totalidade.
evolução gradual é inimiga da inovação. “Se a humanidade Alguns aspectos do Experience Design:
- uma forma mais abrangente de projetar o design;
se concentrasse em melhorar cada vez mais as carroças,
- visão holística da interação;
com rodas diferentes, cavalos mais bem alimentados e com - criação de uma relação individual;
ferraduras de materiais mais resistentes, não teríamos os - conexão com o consumidor em um nível emocional;
- embasado em um design multidisciplinar.
carros. E isto se dá para qualquer campo de conhecimento,
incluindo o webdesign”, destaca.
A valorização dos aspectos cognitivos e
comportamentais dos usuários fez com que surgissem no-
vas carreiras, como o consultor em usabilidade, gerente de boa experiência com o cliente é vital para a construção de uma
conteúdo e analista de planejamento, por exemplo. É o co- imagem positiva de uma marca ou produto, Toyama cita, em
meço de uma nova era tanto para o usuário como para o entrevista concedida ao site Banana Design, que este concei-
profissional que está envolvido com o meio online. Compar- to é a resposta dos designers para a nova mentalidade econô-
tilhando desta idéia, Toyama explica que a usabilidade e mica, na qual produtos e serviços não são mais suficientes na
acessibilidade estão servindo como parâmetros criação de valor. Para ele, o que irá contar é a experiência que
balizadores para o desenvolvimento de uma nova forma de o consumidor terá com determinada marca ou empresa.
conceber a web. Ele destaca que na Inglaterra já estão
sendo criadas leis para o cumprimento de certas diretrizes
“Muitos estudos têm sido feitos no
de acessibilidade e que, na sua opinião, esta tendência
será em âmbito mundial. “Muitos estudos têm sido feitos no campo das ciências cognitivas, que
campo das ciências cognitivas, que objetivam a análise de
objetivam a análise de nossa mente e de
nossa mente e de nossa inteligência e também como inter-
pretamos o nosso mundo. Essa nova ótica ajudará enor- nossa inteligência e também como
memente o desenvolvimento de futuros websites”, prevê
interpretamos o nosso mundo. Essa nova
o estrategista.
A idéia de que a experiência proporcionada ao usuário ótica ajudará enormemente o
é determinante para o sucesso ou fracasso de um site traz
desenvolvimento de futuros websites”
à tona um novo termo que ganha força a cada dia na rede:
o Experience Design. Partindo do pressuposto de que a Cláudio Toyama

29
o futuro é agora

Interatividade: expressão que valerá ouro


Quando falamos em futuro da internet, logo nos remete- De olho na
mos a aspectos relacionados à tecnologia ou algo do gênero. tecnologia
Talvez a maior evolução que tivemos nesses quase 10 anos da
Cristiano Trindade,
rede no Brasil diz respeito à interatividade com o usuário. diretor da Brasil Mobile,
Nepomuceno lembra que, atualmente, a tendência para se destaca as tecnologias
mais importantes a se
manter uma boa relação com o visitante de uma página se resu-
dominar para continuar
me a três conceitos: personalização, customização e comuni- tendo sucesso no futuro.
dades virtuais por interesse. Segundo Mario Persona, autor - domínio da plataforma
.NET da Microsoft;
do livro “Crônicas de uma internet de Verão”, da editora Futu-
- domínio da tecnologia
ra, e fundador do site Widebiz (portal sobre e-business e Java da Sun
marketing online), um dos grandes potenciais futuros da Microsystems;
- domínio do ambiente
internet está na coleta de informação individual, mas não ape-
Linux (PHP como
nas para personalizar produtos, serviços e experiências. Ele linguagem, MYSQL e
explica que o uso da rede nessa área não se restringe somen- PostgreSQL como bancos
de dados);
te na personalização e customização do que a pessoa já quer
- bons conhecimentos de
ver, como também na antecipação do que ela poderá vir a de- JavaScript;
sejar um dia. - conhecimento de
tecnologias adicionais,
O autor alerta para o fato de que, em 2000, muitos pro-
como CGI e Perl (hoje
fissionais ainda não tinham uma experiência sólida em um pouco ultrapassadas).
internet. Ele lembra que hoje é possível afirmar que há
designers de web com bons conhecimentos em usabilidade, o
que demonstra uma preocupação em tornar as interfaces cada
vez mais funcionais. “No começo da rede, muitos profissionais dos e coisas assim? O visitan-
vinham de uma experiência em revistas e criavam sites que te de hoje quer informações
eram enormes capas coloridas. Outros vinham dos games de rápidas e objetivas. A grande
computador e achavam que tudo tinha que ter movimento na pergunta que deve ser feita
“O visitante de tela. Então surgiram coisas lindas, porém verdadeiras aberra- antes da criação de um site é:
ções em termos de usabilidade”, recorda. qual objetivo a empresa quer
hoje quer
Persona explica que a tendência é um comportamento atingir?”, explica.
informações mais pró-ativo do webdesign, em que ele terá de observar mais Com a mesma opinião de
o usuário, perguntar mais, respeitar mais suas particularida- Carlos Nepomuceno, Renato
rápidas e
des, para criar sites verdadeiramente funcionais. Na sua opi- Cavalher, diretor geral de cri-
objetivas” nião, muitas pessoas ainda têm dificuldades em utilizar a rede, ação da OpusMúltipla Comuni-
bem como em lidar com o computador de uma forma geral. cação Integrada, também diz
Mario Persona
“Como um designer pode esperar que um usuário novato des- que a grande tendência é a
cubra como navegar em uma página cheia de menus escondi- evolução na criação e admi-
dos, som que não desliga, mil plugins que precisam ser instala- nistração de comunidades na

30
o futuro é agora
web. Ele cita o Orkut como exemplo, afirmando que, em um
futuro próximo, as marcas e anunciantes estarão criando
vínculos cada vez mais efetivos com seus públicos na
internet, dando, inclusive, espaço para o consumidor se
manifestar livremente em relação aos produ-
tos e serviços. “A Harley-Davidson é um
bom exemplo disso. Criou-se, espontanea-
mente, uma das maiores comunidades virtuais do
planeta. Hoje, a internet já funciona como o maior ponto de
encontro de harleyros no mundo todo. Administrar isto com in-
teligência é a chave para elevar o relacionamento das marcas
com seus públicos a um plano de total cumplicidade. Para mim,
este é o futuro”.

Mapa astral da internet


Já que estamos falando sobre previsões, para aqueles que gostam de Lua em Touro
astrologia, a equipe esotérica da Webdesign consultou os astros para É extremamente sensível às mudanças que ocorrem na vida, tanto
descobrir um pouco mais sobre a trajetória da internet. O objetivo emocionais quanto materiais. Mesmo sem ter muita consciência,
aqui não é o de traçar um mapa astral da rede que venha a antecipar estimula a capacidade de produção e de consumo do seu grupo.
suas projeções futuras. Isso só os mais visionários especialistas Nada melhor que muito trabalho ou uma tarde de compras para
poderão prever. Mas o mapa mostra as características segundo a acabar com as insatisfações e carências dos taurinos (está
posição dos astros no dia do seu nascimento, o que nos ajuda a explicado o sucesso dos sites de e-commerce!). Volta e meia,
conhecê-la e compreender melhor o caminho percorrido desde o seu reclama da falta de perseverança que existe no mundo e,
surgimento. Vamos ver a interpretação do mapa segundo as posições conseqüentemente, deseja colocar mais de beleza (olha o design!)
do Sol, da Lua e do ascendente, que indicam, respectivamente, o nas coisas que estão à sua volta.
modo de ver a vida, a forma como as emoções são lidadas e as Ascendente em Aquário
reações em relação aos desafios diários, que não são poucos. Ah, e Aparentemente frio e imperturbável, quem nasce com este
sinta-se livre para tirar suas próprias conclusões! ascendente tem uma profunda consciência de que faz parte de um
Sol em Escorpião grupo ou de uma sociedade.
Desde muito cedo, sabe que tudo na vida está em transformação e Aquário recebe a influência de dois planetas que, à primeira vista,
que há um mistério por trás de todas as coisas visíveis. Oitavo signo parecem antagônicos. É o espaço do céu que Saturno, o deus do
do Zodíaco, Escorpião é regido por Plutão, deus que morava nas tempo e dos limites, divide com Urano, o senhor do caos e da
profundezas da terra e que era capaz de se tornar invisível. Plutão liberdade. Quando a influência maior é de Urano, aparecem os
presenteia seus filhos com um dom que, se não for muito bem revolucionários, os extravagantes, os que têm a coragem de pintar os
compreendido e usado, pode ser fonte de muita perturbação: a cabelos de roxo, os fascinados pela modernidade e pela alta
capacidade de perceber a tensão interna que está nas coisas e que tecnologia. Quando a força maior é de Saturno, aparecem os
pode fazer com que elas mudem. É por isso que os nascidos com o cientistas, os pesquisadores e os que se dedicam a conservar e
Sol em Escorpião rendem nos momentos de crise e podem salvar reorganizar tudo o que o tempo traz. Enfim, ainda que defenda o
situações que parecem completamente perdidas. Possui necessidade novo, resiste e argumenta muito diante de uma idéia ainda mais
de transcender a si próprio e de se sentir parte da grande força que nova do que a sua. Custa a mudar, mas quando acontece, a
impulsiona as transformações que estão em curso na humanidade mudança é radical.
(alguém duvida?!). Fonte: www.arvoredobem.ig.com.br

31
o futuro é agora

“Se uma marca Ei, psiu! Como chamaremos a atenção do usuário no futuro?
Atualmente, pop-ups e banners que se abrem no meio da homepage, bem como outras
não quiser ser
formas de persuasão ostensivas, são práticas comuns em muitos sites. Fazendo uma breve
lembrada como a comparação, Mario Persona diz que a utilização indiscriminada destes formatos é o mesmo que
colocar os painéis de propaganda, que cercam o campo de futebol, entre a câmera e o jogo. “É
chata da hora, é
claro que todos os telespectadores veriam sua marca lá, mas a pergunta é: Eles gostariam de
melhor começar a ver aquilo? Se uma marca não quiser ser lembrada como a chata da hora, é melhor começar a
procurar outras formas de chamar a atenção de possíveis clientes”, destaca.
procurar outras
Para Clovis La Pastina, redator da agência Euro RSCG 4D, esses tipos de formatos publi-
formas de chamar citários são intrusivos e cansam a navegação. Entretanto, ele explica que se você quer ver te-
levisão, tem de saber e aceitar que vai ver comerciais. “Na web não é diferente. Quer ver notí-
a atenção de
cias em um portal? Tome banner, pop-up, ações em DHTML e o que mais vier. Faz tempo que
possíveis estão anunciando a morte dos pop-ups e até agora nada, muito pelo contrário.
Cada vez mais surgem os chamados formatos diferenciados. Duvido que
clientes”
algo vá mudar”, enfatiza La Pastina.
Mario Persona Contudo, na opinião de Renato Cavalher, aplicativos inteligen-
tes tendem a evoluir muito e ocupar o lugar dos pop-ups e banners
tradicionais no futuro. Para ele, o que vai prevalecer é a combinação
entre impacto e serviços. “Se no momento que você estiver
navegando em um site de turismo, por exemplo, e algum ele-
mento gráfico invadir a tela trazendo a previsão do tempo, isto será muito
bem-vindo e deixará uma imagem simpática do patrocinador. Acho que a
coisa vai caminhar para esse lado”, prevê o diretor de criação. Seguindo
essa linha, o site de busca Google já faz um tipo de propaganda inteligente: o
Google AdWords. No momento em que o usuário faz uma pesquisa por um de-
terminado assunto, no retorno dos registros obtidos aparecem, no canto di-
reito do site, links de empresas que fornecem serviços ou produtos referen-
tes à palavra procurada.
Cláudio Toyama lembra que um fenômeno interessante que está
acontecendo é o das empresas que estão mudando o conteúdo das
propagandas para que sejam veiculadas de forma viral. Ou seja, que se
tornem tão atrativas e inovadoras que as pessoas peçam para ver e que,
depois de visto, repassem para os amigos. É preciso que se perceba que a
nova mentalidade publicitária na web começa a valorizar a relação do cliente
com a mensagem. Persona explica que transformar um produto em uma men-
sagem que produza um momento mágico é o que o mundo da propaganda precisa
aprender a utilizar com maior freqüência.

32
o futuro é agora
Design: como será com o advento da banda larga? acaba de ganhar uma filmadora e quer usar todos os recursos
O avanço tecnológico traz não só recursos para se criar disponíveis de qualquer maneira”, ressalta.
melhor, mas também, em alguns casos, dita as regras do jogo. Com exceção dos sites experimentais, Toyama destaca
Entretanto, o “entorpecimento” causado nos primórdios da que está havendo uma consolidação de formatos visuais pa-
web pelas diversas tecnologias existentes fez com que muitos dronizados, com layouts que contemplam menus ou no lado es-
desenvolvedores usassem indiscriminadamente aplicativos e querdo ou no topo da página. Ele lembra que, no começo da
outras ferramentas para chamar a atenção do usuário a qual- rede, existiam várias concepções de design diferentes e a
quer preço. Com uma visão otimista, Cláudio Toyama diz que maioria dos sites era experimental, pois não havia um padrão a
cada vez menos websites fazem uso das tecnologias apenas seguir. “Outra tendência acontecendo há algum tempo, desde
por serem novidades ou por acrescentarem algum valor estéti- a introdução do XML, é a separação entre a forma, estrutura
co. Na sua opinião, a tendência será cada vez mais a de valori- e conteúdo, ou seja, o design é transformado em um template
zar a mensagem e não o meio. “Quando descobriram os gifs e ao conteúdo são dados espaços únicos para o cabeçalho,
animados, foi uma festa de coisas piscando pela internet, mes- corpo do texto etc., fazendo com que até mesmo leigos pos-
mo que isto não acrescentasse em nada na compreensão e sam fazer a atualização”, explica.
entendimento da mensagem que o site queria passar. Com a E com o advento da banda larga? Como será criar para um
introdução do Flash foi a mesma coisa: uma festa de logos gi- novo meio que proporciona melhores recursos? Segundo
rando, com zoom, morph etc. É um pouco da síndrome de quem Luciana Baptista, gerente de pesquisa e desenvolvimento da

XML X
Tableless: É a sigla para Extensible Markup

uma tendência cada vez Language, linguagem expansível

mais presente nos sites de marcação de dados. Com o


XML é possível definir um
número infinito de tags, o que é
Tableless é um método de construir sites, utilizando os padrões web do W3C como guia.
Este conceito torna os sites mais leves e acessíveis aos dispositivos móveis, devido à uma evolução em relação ao

redução de tags desnecessárias. HTML. Alguns especialistas


dizem que é a linguagem do
Alguns benefícios:
- Devido à formatação do layout, proveniente da folha de estilo (CSS), estar separada do futuro.

arquivo de informação (html), há uma redução considerável no carregamento dos


arquivos do site.
- Há praticidade e rapidez na manutenção do site. Caso o designer queira alterar algo na
interface, ele apenas terá o trabalho de modificar o arquivo CSS.
- Não há necessidade de fazer versões para palms ou para impressão.
- Maior compatibilidade entre diferentes tipos de navegadores (Internet Explorer, Mozilla,
Opera etc.) ou robôs de busca como o Google ou outros.
- Economia gigantesca de banda, já que um site tableless tem um tamanho menor.
* Para conhecer mais sobre o conceito Tableless, acesse www.tableless.com.br.

33
o futuro é agora

peer-to-peer X BBC Creative R&D, em Londres, com a evolu-


A tecnologia peer-to-peer (P2P) ção de uma conexão mais rápida e de
consiste na comunicação entre
duas máquinas, que tem por
tecnologias do tipo peer-to-peer, boa parte “No futuro, o teletransporte
finalidade o compartilhamento da web vai ser dedicada ao consumo de ‘rich
de arquivos ou serviços. Na
poderá se tornar uma
media’, tais como conteúdo em formato de
internet, podemos dizer que o
P2P permite a um grupo de
vídeo, por exemplo. Segundo ela, essa ten- realidade”
usuários, que utilizam o mesmo dência abre um grande campo para designers
Cláudio Toyama
programa, ter acesso mútuo a interessados na usabilidade desse novo ambi-
arquivos.
ente. Com relação a isso, Toyama diz que,
além de vídeos e músicas on-demand, com a
Rich Media X implementação de novas tecnologias volta- softwares acessam a web sem você precisar
Os formatos Rich Media das para outros sentidos, começaremos a ter de um browser e futuramente eles também
utilizam uma linguagem mais acesso a interações muito próximas à realida- poderão ser instalados em telefones celula-
dinâmica, com recursos como o
de. “No futuro, o teletransporte poderá se res, palms etc.
flash, por exemplo, que
possibilitam integrar áudio, tornar uma realidade. Não como aparecem em Webdesigners sem fronteiras: do
vídeo e imagens em uma filmes com Jornada nas Estrelas, pois nosso PC aos dispositivos móveis
mesma interface.
corpo material ficará no mesmo local, mas a Muito se diz, mas pouco se sabe sobre a
nossa mente poderá ser transportada para internet móvel. É fato que o meio online está
uma realidade completamente diferente”, se expandindo para os dispositivos portáteis.
destaca. Hoje é possível ler seus emails, por meio de
Para Luciana, outra tendência que vem seu celular, no meio de um engarrafamento,
crescendo na web é o uso de aplicativos cha- ou mesmo na varanda de sua casa de vera-
mados “Smart Clients”, que são softwares neio. A sociedade da era da informação está
instalados no computador que permitem ao sendo condicionada a ter acesso a todo tipo
usuário customizar e agregar o conteúdo que de informação em tempo real e em qualquer
ele quer acessar na web. Ele pode consumir lugar. A semente dessa mobilidade germinou
informações de forma offline e toda vez que do termo WAP (Wireless Application
ele se conecta, elas são atualizadas automa- Protocol), que foi uma das tentativas de levar
ticamente. Ela lembra que para o a internet para fora de suas fronteiras.
webdesigner, isso apresenta ao mesmo tempo
um desafio e uma oportunidade. Esses

Smart Clients X WAP X


Alguns exemplos de smart clients: O WAP é um protocolo de comunicação sem fio
Macromedia Central que garante o envio, de forma eficiente e
www.macromedia.com/software/central/?promoid=home_prod_ce_0111903 segura, de aplicações web para dispositivos
Konfabulator móveis. A linguagem de programação utilizada
konfabulator.com/info/ é o WML (Wireless Markup Language) e se
baseia no padrão XML.

34
o futuro é agora
A mobilidade tornou-se realidade de forma rápida, visto
que palms, pockets pcs e outros aparelhos portáteis já são vis-
tos normalmente nas ruas, bares e restaurantes. Entretanto,
como será para o webdesigner se ajustar a essa nova realida-
de? Na opinião de Luciana Baptista, para que o profissional de “Uma tendência que vem se
internet possa ser capaz de atuar em vários dispositivos dife-
estabelecendo mais e mais é a
rentes, ele deve primeiro entender que cada um deles tem as
suas particularidades. Ela cita, por exemplo, que aspectos de participação do usuário no processo de
usabilidade e personalização são importantes para que tenha-
design, justamente para identificar os
mos um design funcional em telas pequenas. Na sua opinião,
os designers deveriam ter mais conhecimento do comporta- aspectos relevantes de uma interface”
mento do usuário em relação a esses dispositivos, bem como
Luciana Baptista
estudar seus aspectos sociais para identificar que tipo de con-
teúdo é mais adequado para cada tipo de aparelho e em que
tipo de situação ela é acessada. “Uma tendência que vem se
estabelecendo mais e mais é a participação do usuário no pro-
cesso de design, justamente para identificar os aspectos rele-
vantes de uma interface”.
Para quem pretende explorar esse novo território, Cláu-
dio Toyama afirma que o perfil será o mesmo do webdesigner
de sucesso de hoje, pois o que mudará são os formatos e pla-
taformas, mas a base é a mesma, ou seja, a interação. Com-
partilhando da mesma opinião de Luciana, para ele, o profissi-
onal de internet atual e futuro tem de entender de design da in-
formação, cognição, comunicação, design gráfico, psicologia,
dentre outras disciplinas. Ou seja, tem de primeiramente ana-
lisar o ser humano e saber como ele interage com o mundo à
sua volta para depois adicionar o conhecimento técnico na
produção de sites. “Se o webdesigner se concentrar somente
no conhecimento técnico, ele estará fadado a desaparecer”,
alerta.

35
Olhar para frente, sempre!
A internet nasceu em um século no qual o mundo passou
por profundas transformações em todas as esferas da experi-
ência humana. Infelizmente, no início deste milênio podemos
testemunhar contrastes de um mundo novo, porém com pro-
blemas antigos. De um lado, o avanço da tecnologia, encur-
tando distâncias e aumentando os laços entre as pessoas. De
outro, a intolerância estampada em atentados, como o do 11
de setembro, que demonstra o longo caminho que ainda temos
que percorrer para evoluir socialmente como espécie.
Mesmo nesse cenário de contrastes gritantes, não é mais
nenhuma viagem de ficção científica dizer que a internet vai
estar simplesmente incorporada a tantas coisas em nosso coti-
diano que nem mesmo saberemos dizer onde ela está. Hoje,
talvez, seja uma grande novidade a cena do garotão entrando
no seu carro falando ao celular no viva-voz. Mas também te-
mos que parar para pensar que há dez anos, o telefone móvel
era algo totalmente inacessível, sendo sinônimo de status, vis-
to que uma linha custava aproximadamente R$ 5 mil.
Entretanto, manter uma perspectiva romântica do futuro,
como fez o escritor francês Júlio Verner no século 19, que por
meio de uma postura visionária narrou o progresso da ciência
de forma revolucionária em livros como “Viagem ao Centro da
Terra”, “20.000 Léguas Submarinas” e “Da Terra à Lua”, pode
servir de estímulo para outras inovações tecnológicas nos dias
de hoje. A delicada comunhão que Verne fez da literatura com
a ciência tornou seu trabalho interessante, até mesmo atual-
mente. Talvez, o mesmo casamento possa acontecer na web,
em que tecnologia, arte e, principalmente, a valorização do
ser humano possam ser os combustíveis necessários para mo-
ver os anseios desta metamorfose digital.

36
debate
A internet já
encontrou sua
linguagem
própria?
Quase dez anos se passaram desde a popularização da

rede no Brasil e muito se estudou sobre os aspectos cognitivos

e comportamentais dos usuários. Nos primórdios da WWW,

muito se especulou sobre o seu futuro e era inevitável a

associação de que internet era feita e “pensada” somente por

informatas. Hoje, nota-se que uma equipe web envolve muito

mais do que profissionais de informática, mas também um time

multidisciplinar, com especialistas das mais diversas áreas de

atuação. Novas carreiras surgiram, como o consultor em

usabilidade, webwriter, analista de planejamento, entre

outras. Essa segmentação talvez tenha nascido da própria ne-

cessidade da internet em se desenvolver como mídia. Da mes-

ma forma que a televisão teve seus primeiros programas base-

ados em formatos já existentes no rádio, a internet também

teve suas influências provenientes de outros meios. Sob esse

ponto de vista, será que a web já evoluiu a ponto de já ter en-

contrado a sua linguagem própria? E como será de hoje a daqui

a cinco anos?

37
debate

“Estamos entrando na ‘era da customização em massa’,


em que o conteúdo aparecerá de maneira individuali-
zada, atingindo com qualidade um maior número de
pessoas possível”

Não. A internet ainda não encontrou a sua linguagem própria e não tenho certeza de que
isso acontecerá algum dia. Isso se dá por meio de quatro variantes que estão em constante
modificação: público-alvo, tecnologia, locais e culturas de acesso e saídas (telefone, palms,
Ipods, laptops, PCs etc.).
Pela internet ser um meio de comunicação muito recente, se comparada à televisão, rádio
e aos meios impressos, e por estar em constante evolução tecnológica, o conteúdo publicado
para a web muda sua “saída” para o usuário à medida de sua própria vontade. Estamos entran-
do na “era da customização em massa”, em que o conteúdo, seja qual for, aparecerá de manei-
ra individualizada, atingindo com qualidade um maior número de pessoas possível.
À medida que se faz isso, cria-se um relacionamento mais estreito com o usuário. Com
isso, as empresas estão cada vez mais voltadas para a interatividade que o meio oferece e,
com isso, implementando o marketing de relacionamento em seu mais alto grau.
Com o aumento da banda e da popularização de outros dispositivos de acesso, já estamos
caminhando para a larga utilização de outros formatos, como vídeo, áudio e gráficos,
auxiliando e agregando valor na transmissão de informação, o que nos primórdios da rede era
publicada apenas com texto e fotografia. Vejo a usabilidade e a navegabilidade de um site
cada vez mais customizadas pelo internauta. Hoje, os textos publicados não são extensos,
como em uma revista ou jornal, e dá-se prioridade a pequenas notas em vez de matérias
extensas. Outro fator determinante para a mudança de linguagem na web é a diversificação
do público-alvo, que tende a aumentar com a inclusão digital.

:: Leonardo Antunes
Designer do Globo Online e diretor de arte da Aparato Digital
www.oglobo.com.br / www.aparatodigital.com.br

38
debate
“Minha previsão para os próximos cinco anos é que o
vídeo transforme cada vez mais esta linguagem,
revolucionando as sensações de experiência com as
marcas”

Definitivamente sim: a internet já conquistou a sua linguagem própria e, de tão diferente,


faz o caminho contrário e contamina outras mídias. Quantas vezes não nos deparamos com
filmes publicitários que abusam da plástica web, ou anúncios em revistas que mais parecem
sites impressos?
O tipo de interação entre o público-alvo e a internet é que define e cria a demanda para
estas peculiaridades. A exposição de uma mensagem publicitária, por exemplo, está sempre
dividindo seu espaço, obrigando-a a utilizar recursos diferenciados para chamar a atenção –
diferente da TV, por exemplo, onde cada anunciante tem a sua vez de falar. Os espaços
publicitários se sofisticaram para dar conta disso e, nos sites, a arquitetura da informação
ganhou um papel importante na roteirização do conteúdo da mensagem.
A bola da vez são as produções em vídeo exclusivas para a internet, ainda com uma
presença mais tímida do que gostaríamos. Minha previsão para os próximos cinco anos é que,
com o suporte da banda larga, que até lá, espero, será ainda mais poderosa, o vídeo
transforme cada vez mais esta linguagem, revolucionando as sensações de experiência com as
marcas.

:: Tatiana Kligerman,
Diretora de Planejamento da Digital@JWT
www.jwt.com.br

39
debate

A internet foi criada por informatas, que se preocuparam


muito em distribuir a informação de forma objetiva e correta. Mas
a pergunta que começa a surgir é: queremos receber estas
informações de forma objetiva e correta? Será que não queremos
de volta a surpresa de cada página visitada?
Acredito que a rede está próxima de uma reavaliação da sua
forma de navegabilidade e penso que, desta vez, designers, pu-
blicitários e jornalistas se encarregarão deste reprojeto. Afinal,
se formos pensar, os conteúdos e os espaços de mídia ainda são
muito invasivos, geralmente chatos e não tem cara de publicida-
de. Acredito que este é o aspecto que tem mais urgência de uma
reavaliação.

“Acredito que a rede está próxima


de uma reavaliação da sua forma
de navegabilidade e que designers,
publicitários e jornalistas se
encarregarão deste reprojeto”

:: Gustavo Rodrigues
Diretor de Criação da Rage
www.rage.com.br

40
debate
“A rede fará parte de nossas vidas tanto quanto nossa escova de dentes”

Acho que a web, de alguma forma, encontrou sua pró-


pria linguagem. Acontece que esta linguagem sempre muda. A
cara da web sempre muda. A televisão foi uma mudança drás-
tica na vida das pessoas quando foi criada. Mudou totalmente
o sentido de diversão das famílias, pois as pessoas passaram a
ficar dentro de suas casas, vendo os programas de TV.
A internet é um tanto diferente. As pessoas se envol-
Considerando que o mercado está cada vez
vem, participam de alguma forma na web, mesmo os que nave-
mais competitivo, o que pode destacar um
gam esporadicamente. A rede fará parte de nossas vidas tan- profissional no futuro?

to quanto nossa escova de dentes. 42% Desenvolver interfaces para tecnologias


wireless, como palm tops, celulares etc.
Não será muito difícil ver daqui a pouco tempo pessoas se
34% Ter conhecimento técnico apurado, alinhado com
conectando de qualquer ponto da cidade com algum dispositivo as novas tendências que exigem a utilização de

móvel, acessando a internet para receber ou enviar emails, linguagens de programação. 


14% Possuir certificações em programas utilizados na
cancelando vôos ou dando uma olhada no extrato de sua conta
criação de sites.  
bancária, tudo pelo celular. Hoje, até crianças de bairros 9%  Estar atento a diretrizes para a

menos favorecidos têm acesso de graça à web por meio de construção de websites, destinados a
portadores de algum tipo de deficiência
algumas iniciativas do governo. E isso mostra que a internet é
visual, auditiva e motora.  
para todos.
A era da informação não é mais uma coisa do futuro, ela
já está presente e estamos vivenciando isso hoje. E isso vai
melhorar quando a conexão sem fio for ampliada. A informação
estará em toda parte, não será mais você que irá até ela, mas
sim ela que virá até você.
Esta é a linguagem mutável da Web: envolvente, pois
muda nosso jeito de pensar, trabalhar, estudar e
principalmente o de se relacionar.

:: Diego Eis
Criador do site Tableless e colaborador do Mobile Life, site sobre
conectividade sem fio.
www.tablless.com.br / www.mobilelife.com.br

41
debate

“O principal desafio de um executivo de comunicação


online atualmente é mostrar, comprovar e mensurar a
eficiência da internet como mídia”

Com certeza a web já tem sua linguagem própria. Hoje, diversas


campanhas, promoções, divulgações já são feitas exclusivamente para esse
meio. Porém acredito que uma atuação em comunicação envolvendo outros
Na sua opinião,
meios beneficia, e muito, os resultados finais das campanhas. regulamentar a profissão
O meio se solidificou, pois se tornaram concretos os benefícios de quem de webdesigner seria
importante para elevar o
utiliza a internet e as empresas a encaram agora como uma parceira
nível dos trabalhos na web?
necessária em seus projetos de comunicação. 78% Sim 
A web faz parte da vida de grande parte da população e está presente 22% Não  

em diversos segmentos, como entretenimento, serviços, relacionamento etc.


Assim, o principal desafio de um executivo de comunicação online atualmente
é mostrar, comprovar e mensurar a eficiência da internet como mídia e, com
isso, atrair as empresas tradicionais, conquistando uma parte maior no bolo de
seus investimentos publicitários.

:: João Binda
Supervisor de Mídia da AlmapBBDO para internet
www.almapbbdo.com.br

42
debate
Hoje, o mercado interativo vem amadurecendo e se tornando mais profissional, pois “A web foi dos
grandes agências de internet enfrentam cada vez mais concorrentes a sua altura. Já as engenheiros.
pequenas, começam a enxergar a necessidade de maior dedicação e profissionalismo. Depois, dos
A própria linguagem para a web acaba sendo muito particular. Usabilidade, acessibilidade
publicitários.
e navegabilidade são termos difíceis de serem compreendidos, mas necessários ao bom
Agora é dos
desempenho e sucesso de um projeto online.
Exemplos disso são as formas de comunicação em chats, instant messengers, icq, entre
estrategistas,
outras, que já fazem parte do cotidiano dos heavy users, mas ainda são muito peculiares ao para direcionar o
olhar dos leigos. Todas essas análises e interpretações sobre como trabalhar a internet ainda posicionamento
são pouco valorizadas pelos clientes e até mesmo pelas desenvolvedoras, mas a cada ciclo, digital da marca”
percebemos a própria evolução e percepção do mercado quanto a isso.
Os próximos anos serão a chave para a consolidação do formato definitivo que a internet
tomará. Estamos no caminho certo e passo a passo, e com muita calma, a internet acabará se
tornando um dos principais meios de comunicação. Acredito que todos aprenderam muito com a
famosa bolha e com as loucuras que aconteceram quatro anos atrás.
A meu ver, a internet caminha para ser uma nova forma de integrar os meios de
comunicação. Com certeza, a convergência entre as mídias direcionará o caminho, pois a
internet encontrará o usuário onde ele estiver, quando ele quiser e da forma que lhe for mais
conveniente. Não estamos falando apenas de TV interativa, mas sim de telefonia móvel, rádios
online com abrangência mundial, imagens transmitidas de outros pontos do planeta que usam a
web como meio de transmissão e outras engenhocas que ainda nem imaginamos seus formatos.
Só não podemos esquecer dos acertos que já conquistamos, que é o grande diferencial da
internet quando comparada a outras mídias: a medição e monitoramento realtime de projetos
online.
A web foi dos engenheiros. Depois, dos publicitários. Agora é dos estrategistas com visão
de comunicação e tecnologia para direcionar o posicionamento digital da marca, criar eixos de
contato entre mídias que gerem pontos de interseção com o consumidor. O meio digital é uma
extensão do negócio e não mais um anúncio. A interatividade é elo para o relacionamento, feito
por um brand channel, um canal de marca multipresencial, que permite ao usuário optar pela
mídia e interface que preferir, podendo mudar a qualquer momento, como mudamos de roupa.
Afinal, somos humanos. Estamos mais complexos, mas também mais acessíveis.

:: Daniel Gunji
Diretor de Planejamento da Tange Comunicação Digital
www.tange.com.br

43
e-learning

E-learning
Para onde quer que você vá, que você o carregue
Por Vanessa Barbosa

Dos cursos por correspondência aos transmitidos pelas fitas de vídeo, a educação a distância evoluiu
muito. O advento da internet beneficiou o processo de aprendizagem, tornando-o mais fascinante e com
múltiplos recursos. Assim surge o e-learning, possibilidade de ensino a distância que utiliza a web e que vem
crescendo em instituições e empresas, trazendo novas perspectivas para os profissionais de educação e da
mídia online. Nesse contexto, o papel do webdesigner é fundamental, pois é através da interface que o aluno
acessa o conhecimento. Para entender melhor a atuação do profissional de webdesign no desenvolvimento
e na criação de cursos online, a Webdesign convidou especialistas em e-learning para falar sobre esse mer-
cado em expansão. Bom estudo!

De forma geral, para que um website seja funcional, ele precisa responder
perguntas simples do usuário, como: onde está, para onde ir, como chegar,
como voltar, onde encontrar a informação desejada, entre outras. Na educa-
ção a distância (EAD), a interface de um curso online possui a necessidade de
ir um pouco além e informar também: por onde começar, se existe uma ferra-
menta específica para navegar, até onde se pode ir, o que fazer em caso de
dúvidas, como proceder se quiser interromper o estudo e voltar depois, e assim
por diante.
Por isso, o design para e-learning possui particularidades e precisa ser
muito bem planejado. Segundo a desginer Ana Paulo Mauro, diretora de
desenvolvimento da Malabares, produtora que realiza trabalhos na área
de educação e design, “enquanto os websites são apresentados por
uma página principal que tem a obrigação de ‘capturar’ o usuário, os
alunos que freqüentam os cursos online geralmente têm uma neces-
sidade ou obrigação a cumprir a partir do entendimento do con-
teúdo. Por isso, os cursos fazem parte de projetos pedagógicos
pensados e estruturados de forma a possibilitar um estudo
autônomo.”
Ana Paula ressalta que na maioria dos websites o usuá-
rio não navega por todo o conteúdo, e sim, pelas partes

44
e-learning
que mais lhe interessa. “No e-learning o objetivo é fazer
com que o aluno percorra todo o caminho, ou seja, complete o
curso, mesmo que não linearmente. O design tem o importante
papel de capturar e direcionar o usuário e impedir o cansaço ou
desinteresse do aprendiz. Nesses cursos, o texto deve ser um
poderoso aliado na interlocução com o aluno e a estética e as
imagens estão a serviço do pedagógico.”
Para o desginer Beto Lucena, sócio e fundador da
empresa EduWeb, ao planejar e desenvolver um site
institucional ou um curso online, o webdesigner está lidando Segura o aluno!
com as mesmas restrições, possibilidades e tecnologias Ao produzir projetos para educação a distância é
fornecidas pela internet. A grande diferença são os processos imprescindível ter em mente princípios básicos que valem para
e a metodologia da solução. “O designer que trabalha para a criação de qualquer site: interface amigável e de fácil
prover soluções para o e-learning deve pensar de uma maneira compreensão. No e-learning o ambiente precisa atrair, dialogar
mais didática. O tratamento da informação apresentada passa e instigar o aluno. Por isso, conhecer bem o público-alvo,
por um processo muito mais apurado, onde todo o promover a interatividade com o usuário e usabilidade são
planejamento está voltado para o objetivo do aprendizado de fatores decisivos para que o curso cumpra seu objetivo.
um indivíduo. Assim, a forma com que o produto será Segundo Rachel Mazzarotto, diretora de arte do Portal
apresentado influi diretamente no crescimento do de Educação do Exército, é primordial saber para quem se
conhecimento, ou seja, é preciso avaliar com cautela que destina o curso. “Esse estudo é fundamental para que o
elementos utilizar para transmitir precisamente a mensagem.” designer possa criar elementos e estruturar uma interface que
atinja e motive seu aprendiz. Por ser a distância, o usuário,
muitas vezes sozinho diante do computador, precisa de um
ambiente intuitivo e atraente, que o convide para o
aprendizado.”
Beto, que trabalha com e-learning desde 1997, afirma
que um curso online precisa de muita interatividade para ter
sucesso. “Em um website, o abandono de um usuário significa o
desvio de sua atenção para outro contexto. Em um curso
online, o abandono do aprendiz custa a não absorção de um
conteúdo pontual, que tem por objetivo informar e instruir o
usuário sobre um conteúdo muitas vezes indispensável para
seu crescimento.”
Como elementos interativos, Rachel destaca a utilização
de exercícios como de arrastar e soltar, relacionar colunas,
completar lacunas, questionários e outros jogos educativos.
“Essa atividades são importantes, pois mostram ao aluno o que
ele está aprendendo, o que precisa estudar mais, enfim, para

45
e-learning

“Quanto mais o aluno


interage mais chances ele
tem de aprender”
Fábio Duarte

que ele sinta a evolução do seu aprendizado.” A webdesigner entre o tutor e o aluno: “Há ferramentas de comunicação
apenas alerta para o uso de hiperlinks no conteúdo do curso. “É assíncronas, como o email e fórum de discussão, e síncronas,
um recurso interessante, pois dá oportunidade para que o como o bate-papo e videoconferência. Elas facilitam e
usuário obtenha mais informações sobre o assunto que está aumentam o contato do usuário com o responsável pelo curso.”
aprendendo. Porém é necessário que seja empregado de forma Outro fator importante ao desenvolver um projeto para
cuidadosa, para que o aprendiz não se perca e saia do curso.” e-learning é manter uma identidade visual ao longo do curso.
Fábio Duarte, designer do FGV Online, programa de Segundo Ana Paula, “é importante que haja uma unidade, por
ensino a distância da Fundação Getúlio Vargas, destaca a isso o primeiro trabalho é desenvolver um projeto de
criação e uso de personagens que podem tanto ilustrar o identidade visual, onde se define tipologia, cores, ícones e
conteúdo como interagir com o usuário. “Quanto mais o aluno imagens a serem utilizados”.
interage mais chances ele tem de aprender. A vantagem do e- Nesse aspecto, Beto lembra que a identidade visual deve
learning é que ele oferece inúmeros recursos, como ser pensada para atender o público-alvo. “Se o projeto for
animações, fotos, ilustrações, vídeos, áudios e até específico para uma empresa com foco em um perfil de
videoconferência.” funcionário determinado, deve-se trazer graficamente todo o
Para Beto Lucena, outra possibilidade é estimular a conceito da corporação para o conteúdo, fazendo com que o
adesão dos aprendizes através de um tutor. Esse profissional aprendiz identifique o curso como uma extensão da qualidade
é responsável pelo processo de acompanhamento e controle de seu ambiente. Mas existe também a situação em que um
do ensino-aprendizagem e atua tirando dúvidas, comentando curso de um tema genérico é desenvolvido com objetivo de
as tarefas realizadas e debatendo sobre os temas abordados servir diferentes perfis ou mesmo diferentes empresas: são os
durante o curso ou treinamento. E Rachel destaca as chamados ‘cursos de prateleira’ que podem ser aplicados em
ferramentas existentes no ambiente virtual para a interação diversos contextos. Nesse caso, o importante é planejar o

www2.fgv.br/fgvonline www.malabaresonline.com.br www.ensino.eb.br

46
e-learning
design de forma que o conteúdo possa ser customizado agil- tem acesso ao computador, entre outras condições. “Isso é le-
mente para cada demanda.” vantado na fase inicial do desenvolvimento do curso. O
Equipe multidisciplinar designer instrucional fica encarregado de definir quais serão
Desenvolver uma solução para e-learning envolve um os recursos tecnológicos que serão utilizados, baseado nas
grupo de profissionais de diferentes áreas, como professo- limitações do projeto. Definido isso, o webdesigner trabalha na
res, pedagogos, designers instrucionais, redatores, progra- implementação desses recursos e na criação.”
madores, tutores, gerentes de projeto e designers gráficos. Atuação do webdesigner
A parceria entre a equipe multidisciplinar é fundamental Com a chegada de novas tecnologias e também de
para o sucesso do trabalho. Mas a integração entre dois restrições e possibilidades, a participação do webdesigner
profissionais – o designer instrucional (ou instructional desde o início do projeto se torna cada vez mais indispensável.
designer) e o designer gráfico – é a garantia da qualidade do Por isso, esse profissional precisa estar sempre antenado com
produto final. as novidades em relação a ferramentas, tecnologia,
Segundo Fábio, o designer instrucional geralmente é um programas, e claro, a temas relacionados ao e-learning.
profissional com formação em Letras e/ou Pedagogia. “Ele é As tecnologias mais utilizadas pelo webdesigner na criação
responsável pela produção do storyboard após colher o de soluções para ensino a distância são o Flash, Photoshop, 3D
material didático com o professor-autor. Esse storyboard Max, Adobe Premiére, Dreamweaver, Html, Illustrator e 3D Max.
mostra toda a seqüência de telas e a forma como cada uma Segundo Ana Paula, o ideal para quem deseja trabalhar
deve ser apresentada, sendo passado para o designer para que com EAD é possuir formação em Programação Visual e ter
sirva de guia no processo de criação do curso”, explica Fábio. interesse em assuntos ligados à educação e arquitetura da
Com o roteiro, o webdesigner cria a interface gráfica e informação. “Além disso, é muito importante manter-se
todos os elementos visuais, símbolos e recursos interativos atualizado através da leitura de publicações do setor e, como
que serão utilizados para o desenvolvimento do curso online. qualquer designer, é imprescindível a constante renovação de
Rachel lembra que a aprendizagem online tem suas limitações idéias através do contato com a Arte. O domínio de programas
tecnológicas, pois depende para qual público o curso é é importante, porém vale lembrar que ferramentas mudam,
destinado: se esse possui internet banda larga, em qual local

“O domínio de pro-
gramas é importan-
te, porém vale lem-
brar que ferramen-
tas mudam, mas
conceitos ficam”
Ana Paula Mauro

47
e-learning

“O foco deve ser total no con-


teúdo, dificuldades de nave-
gação podem custar o preço
do abandono do aluno”
Beto Lucena www.eduweb.com.br

mas conceitos ficam. Portanto, se tiver de fazer uma opção


pelo investimento, faça pela formação.”
Para Beto, a formação básica do designer já fornece sub-
sídios suficientes para que o profissional possa projetar uma
solução para e-learning, assim como qualquer outra especiali-
dade. “É preciso, entretanto, dominar as ferramentas de pro-
dução para a mídia online para que se possa concretizar todo
um planejamento, que deve ser baseado em pesquisas e estu-
dos específicos sobre o e-learning.” Projeto desenvolvido pela EduWeb para a Polícia do
Estado do Rio de Janeiro - Programa Delegacia Legal
E vale investir viu! O mercado de e-learning está apenas
esquentando. Segundo Rachel, cada vez mais empresas e
instituições estão investindo em treinamento e ensino a
distância. “O e-learning adicionou novos significados para o
treinamento e possibilidades para o acesso ao conhecimento e à
informação. Mas o que mais tem despertado o interesse das
empresas em relação ao e-learning é a capacidade de capacitar
um número maior de funcionários sem ter que deslocá-los para
assistir às aulas, nem disponibilizar espaços específicos para
isso. Além disso, o usuário tem a oportunidade de aprender de
acordo com a sua disponibilidade de tempo e com a sua Projeto desenvolvido pela EduWeb para a Nextel

capacidade em absorver o conteúdo disponível. Se a utilização


de cursos online para capacitar funcionários for implementada
de forma estruturada e organizada, acompanhando as
evoluções dos recursos de aprendizagem, sem dúvida será um
grande avanço na capacitação, com um custo menor do que os
treinamentos presenciais convencionais.”
Segundo Beto, o mercado já está apresentando cases de
sucesso com a utlização do e-learning e sua propagação é uma
tendência para os próximos anos. “Diferente do ‘boom’ que
sofreu a internet, o mercado de e-learning vem crescendo de Solução desenvolvida pela EduWeb para a TIM

48
e-learning
forma gradativa e estruturada. Atualmente o maior objetivo na
implementação do e-learning é a redução nos custos com o
treinamento, redução de tempo de alocação e deslocamento de
profissionais para um treinamento e a propagação do
conhecimento entre o maior número possível de colaboradores
dentro da instituição. E nestes quesitos ele vem se mostrando
efetivo se for implementado de forma correta.”
Qual será o maior desafio?
Para o profissional é se manter atualizado. “Ler tudo sobre
o que acontece na área de e-learning ajuda e muito”, afirma
Rachel. “Estar afinado com os diversos processos pedagógicos
que são utilizados nos cursos online também é muito
importante, pois dá uma visão geral do processo e facilita a
criação de um ambiente que transmita o conteúdo de uma forma
que o usuário absorva o máximo de conhecimento e sinta que
seu empenho tem retorno”, complementa.
Em relação ao desenvolvimento de interfaces para EAD, o
ponto-chave para o sucesso de uma solução de conteúdo é
torná-la atraente. “Na maioria dos casos o aprendiz já possui
uma cultura de aprendizado presencial e é neste momento que o
designer deve diferenciar o modo como o conteúdo é passado,
utilizando recursos que não são possíveis de serem aproveitados
em uma sala de aula. Além disso, a interface de um curso online
deve ser totalmente transparente para o usuário, ou seja, o
foco deve ser total no conteúdo, uma vez que dificuldades de
navegação ou desinteresse podem custar o preço do abandono
do aluno”, conclui Beto Lucena. Cursos desenvolvidos pelo núcleo de EAD do Portal
de Educação do Exército

Cite algumas características que o webdesigner precisa para trabalhar com e-learning.
-Deve ter experiência de falar com o público (ao vivo) pois, sempre surgem perguntas que vão além do
contexto (troca de experiências) muito importantes.
-Sólidos conhecimentos de usabilidade e de adequação de mídias e conteúdo à web.
Márcio d”Ávila,
mhtech@mhavila.com.br
- Saber lidar com seu conhecimento e repassá-lo de forma simples e objetiva.
Ser meticuloso e usar uma linguagem de fácil compreensão. Elaborar conteúdos divididos
em níveis e etapas de aprendizado.
marcelo@wsbh.com.br

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e-learning

Sites sobre e-learning Livros indicados

- Associação Brasileira de Educação a Distância Design Centrado no Usuário: Mudança de


www.abed.org.br paradigma – SERG – PUC-Rio
O site traz artigos, eventos e formulário para Using E-Learning – William Horton – ASTD press
cadastro de profissionais da área. Technology for trainers – Thomas Toth – ASTD
- Associação Brasileira de Tecnologia Educacional press
www.abt-br.org.br The elements of user experience, user centered
Site que reúne notícias e textos sobre EAD, design for the web – Jesse James Garrett – New Riders
e-learning e tecnologia educacional.
- E-learning Brasil
www.elearningbrasil.com.br Existe um padrão para criação de
Portal sobre e-learning atualizado diariamente, com cursos online?
informações sobre o mercado no Brasil, lista de livros
nacionais e internacionais, links interessantes e glossário. De acordo com Beto Lucena sim. “Como ‘sala de
- Ministério da Educação aula’ para o e-learning foi criado um software chamado
www.mec.gov.br LMS (Learning Management System) com objetivo de ser
Como qualquer outro curso, não é qualquer um elemento centralizador entre alunos, professores e
instituição que pode oferecer um curso a distância. É administradores dos cursos, criando um ambiente de
necessário o credenciamento junto ao Ministério da controle e colaboração do aprendizado. Neste ambiente,
Educação. O site possui a lista de instituições e cursos alunos e professores têm acesso aos cursos disponíveis e
credenciados, além de trazer a regulamentação da EAD no às ferramentas de colaboração estipuladas pela
Brasil. metodologia específica de cada curso (como chat, fórum
- ASTD de debates, bibliografia etc).”
www.astd.org Atualmente, existem vários LMS’s no mercado de e-
Maior comunidade mundial de profissionais que lidam learning e, com o objetivo de padronizar a forma de
com aprendizagem e performance. O site contém produção de conteúdos, foi criada uma tecnologia
comunidades virtuais sobre temas variados, como práticas denominada SCORM (Sharable Content Object Reference
de consultoria, e-learning, melhoria da performance e Model), que se trata da forma em que o conteúdo de um
processos de avaliação do investimento em treinamento. curso “dialoga” com o LMS. É um formato de programação
que passa dados ao ambiente, como quanto tempo o
aluno levou em cada módulo do curso, aonde ele parou
em seu último acesso etc. “A tecnologia SCORM trabalha
com o conceito de objetos de aprendizado, que é uma
forma de fragmentação do conteúdo para um diálogo
mais apurado com o LMS e possibilidade de reuso em
diferentes contextos”, explica Beto.

50
51
tutorial

Carregando um
SWF externo Flávia Barbieri Soares
flavia_barbieri@tonanet.com

O Flash MX 2004 trouxe uma novidade prática que nos Vamos estudar rapidamente as configurações de
ajuda a agilizar nossas produções nesta ferramenta. Os com- Parameters que se encontra na Barra Properties.
ponentes Loader e ProgressBar em conjunto funcionam autoload – Se “true”, seu arquivo externo será carregado
otimizando os projetos, auxiliando e organizando seu desen- automaticamente. Se “false”, para o arquivo externo ser car-
volvimento. regado será necessário um programação Action Script própria
Vamos produzir um pequeno exemplo com estes dois com- – seja num botão ou em um quadro da Timeline.
ponentes e perceber o potencial da sua boa utilização. contentPath – o nome do arquivo SWF que será carregado.
Em primeiro lugar, crie um arquivo SWF simples; este será scaleContent – Se “false” o arquivo externo manterá seu
o arquivo carregado externamente. tamanho original. Se “true”, o arquivo externo se adequará ao
Abra um novo arquivo do Flash. File --> New. Clique na tamanho da janela do componente.
ferramenta Rectangle e depois, no palco, desenhe um retân- Então, vamos configurar corretamente estas opções:
gulo de qualquer tamanho. Salve o arquivo com o nome autoload – True
“externo.fla”. contentPath – externo.swf
Para que o Componente Loader funcione corretamente, scaleContent – True
precisamos transformar este arquivo FLA que criamos em um
SWF. O componente Loader só carrega externamente, arqui-
vos SWF e não .FLA.
Vá em File à Publish Settings e na janela que irá abrir
desmarque a opção HTML e deixe marcada somente a opção
Flash. Clique em Publish e depois clique em Ok. Agora nós Salve o arquivo com o nome “chamando.fla” na mesma
temos – na mesma página do arquivo “externo.fla” – um ar- pasta onde salvou seu arquivo “externo.fla”. Agora teste seu
quivo denominado “externo.swf”, já podemos trabalhar com filme. Vá em Control – Test Movie ou aperte Ctrl+Enter.
o componente Loader. Você verá que o arquivo “externo.swf” sendo carregado
Abra um novo arquivo. File --> New. dentro do arquivo “chamando.fla”.
Abra o Painel Componentes. Window – O componente ProgressBar serve como um complemen-
Developement Panels – Components. to do componente Loader. Ele deve ser utilizado em conjunto,
No painel aberto selecione o componente principalmente quando se tratar de arquivos pesados que de-
Loader e arraste-o para o palco. morariam um pouco mais para serem carregados. A
ProgressBar – como o nome já diz – é uma barra de progres-
so, que mostra em porcentagem o quanto já foi baixado do
arquivo externo.

52
tutorial
Para trabalhar com o ProgressBar, precisamos primei- Selecione o primeiro quadro da camada em que se encon-
ramente nomear a instância do componente Loader que cria- tram estes componentes (na Timeline) e insira o comando a
mos. Selecione-o no Palco e na Barra Properties, nomeie-o seguir. Este Script funciona como um escutador de evento,
carregando. Aperte Enter para que o nome seja inserido que dirá ao componente ProgressBar que fique oculto quan-
corretamente. do terminar de carregar o arquivo externo.

var pbListener:Object = new Object();


pbListener.progress = function(evt) {
evt.target._visible = true;
No painel Components selecione o componente };
ProgressBar e arraste para o palco. Certifique-se de colocar pbListener.complete = function(evt) {
ambos os componentes (Loader e ProgressBar) na mesma evt.target._visible = false;
camada. };
Selecione o componente ProgressBar no Palco e vamos
trabalhar as suas configurações de Paramenters. bar.addEventListener(“progress”, pbListener);
Defina Mode como Polled e defina Source com o nome bar.addEventListener(“complete”, pbListener);
que demos à instância do componente Loader no palco. No
caso – carregando. Nomeie esta instância do ProgressBar, Este Action Script criou um novo Objeto e o componente
como bar. ProgressBar passa a ter dois eventos.
progress: Evento disparado enquanto o conteúdo está
sendo carregado.
complete: Evento disparado quando o swf externo foi
carregado completamente.
Se você testar seu filme agora, verá o ProgressBar Com estes componentes, você poderá fazer modifica-
funcionando perfeitamente. O único problema é que ao carre- ções nos arquivos externos, sem precisar modificar o seu ar-
gar completamente o arquivo externo e atingir 100%, a quivo principal. Isso facilitará seu trabalho e agilizará suas
ProgressBar continua aparente. Precisamos trabalhar um produções.
Action Script que a oculte ao atingir 100% do carregamento. Coisa boa, né ?

ERRATA : na edição de novembro o tutorial “Carregando texto externo no Flash 2004” apresentou um à onde
deveria estar um tracinho no caminho dos comandos, o que pode ter atrapalhado a interpretação.

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rme publicitário informe publicitário informe publicitário informe publicitário

Atualização de sites e intranets:


o eterno dilema
Trabalho burocrático atola equipes de criação e desenvolvimento; programa
democratiza inserção de conteúdo sem pôr em risco o layout da página

A internet é, hoje, a extensão eletrônica de uma empresa. num ambiente semelhante ao browser, no qual os produtores de
É nela que encontramos informações sobre produtos, serviços, conteúdo inserem as informações e os demais elementos (imagens,
áreas de atuação e de abrangência geográfica e preços. Apesar sons, vídeo etc.) sem o risco de danificar o trabalho prévio de desen-
da evolução do mundo digital, a grande dificuldade das compa- volvimento da página. Com a solução, os webmasters decidem o que
nhias na internet ainda é atualizar e gerenciar seu conteúdo com pode ser editado e quem vai publicar, graças a um novo sistema de
rapidez e eficiência. aprovação e administração, que permite o gerenciamento de cone-
O principal motivo é a sobrecarga de trabalho dos xões, rastreamento, senhas e privilégios de usuários.
webmasters. Esses profissionais altamente especializados gastam Outro ponto forte da tecnologia é a inclusão do recurso
cerca de metade de seu tempo com atualizações simples nas páginas Flash Paper 2, que permite a conversão, com um só clique, de
do site ou da intranet. Como o conteúdo informativo é produzido por qualquer arquivo passível de impressão para o formato Flash.
profissionais sem conhecimento da linguagem técnica, as equipes de Sua grande vantagem é que os documentos ficam disponíveis na
desenvolvimento e criação ficam atoladas no trabalho mecânico de própria página, ou seja, é um elemento de design mais leve e fle-
atualização e perdem um tempo precioso, que poderia ser utilizado xível que abre em qualquer navegador em menos de um segundo,
no que fazem melhor: criar e desenvolver. além de executar no plug-in do Flash Player.
Atualizações constantes são extremamente importantes, Sucesso comprovado
mas não agregam valor aos projetos dos webmasters. É muito A adoção do Contribute pela Universidade do Oeste de
mais produtivo para a empresa e para os clientes que a experi- Santa Catarina (Unoesc), por exemplo, foi responsável pela redu-
ência desses profissionais seja inteiramente dedicada à criação ção de 20% nos custos de TI relacionados ao desenvolvimento e
de novas funcionalidades, áreas ou templates do site, em vez de de 32% em mão de obra, afirma Lindamir Secchi Gadler, coorde-
desperdiçada em desgastantes idas e vindas de arquivos e tabe- nadora de TI da universidade. “A solução agilizou significativa-
las produzidos por usuários que poderiam ser eles mesmos res- mente as atividades de atualização na Internet”, explicou ela.
ponsáveis pela atualização do conteúdo na página. Outro exemplo bem-sucedido é o portal do Departamento de Ser-
Faz parte do importante papel dos webmasters zelar pela viços à Criança e à Família do município norte-americano de Ala-
integridade do site. Eles só podem delegar as tarefas de atuali- meda (www.acgov.org), que usa a ferramenta para manter seu
zação se houver garantia de que layouts e funcionalidades serão Guia Prático Online. “Agora usuários não-técnicos passaram a
preservados. É para resolver definitivamente esse problema que atualizar sem que o código ou layout seja modificado, o que ge-
a Macromedia lançou a terceira versão do Contribute, software rou uma economia de US$ 250 mil dólares só no primeiro ano”,
para atualização de páginas e conteúdo que vem se popularizan- destacou Jim Damien, diretor de TI do departamento.
do por facilitar o árduo trabalho dos webmasters. Para baixar uma versão de teste gratuita do
Com ele, toda a atualização é feita por usuários não-técnicos Contribute 3 e obter mais informações, acesse:
sem que o código ou layout possa ser modificado. Tudo acontece http://www.macromedia.com/software/contribute.

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55
webwriting

Bruno Rodrigues
Autor do primeiro livro brasileiro e terceiro no mundo sobre conteúdo online, intitulado
“Webwriting - Pensando o texto para a mídia digital”. É coordenador de informação do
website Petrobras e titular da primeira coluna sobre Webwriting no mundo, elaborada
desde 1998 e hoje veiculada na revista online ‘WebInsider’. Ministra treinamentos de
Webwriting e Arquitetura da Informação no Brasil e no exterior.
bruno-rodrigues@uol.com.br

Os outros
Bem que Gelson Rodrigues era feliz - mas isso durou pouco. Mais tarde, ele se lembraria
com saudade da época em que produzia seus textos em casa, na tranqüilidade do lar, envolto
em silêncio e inspiração. Seus vizinhos de porta eram apenas repositórios de ‘bom dia’ e ‘boa
noite’, nada mais.
Sabia, por acaso, que no 102 morava uma figura com cara de estrangeiro - não era, mas se
chamava Mickel Slovinski. No 103, mal ele sabia, morava Marta K., que pouco saía de casa.
Mikel era designer de uma conhecida revista, e era o paraíso dar vazão à criatividade em seu
santo canto, em paz. Para Marta K., o que importava era ter para onde voltar e desabar na
cama, após horas & horas programando computadores para a empresa onde trabalhava.
Era o final dos anos 80, e Gelson encarava designers como artistas temperamentais, e
tecnologia para ele lembrava microcomputadores - que, diziam, substituiria sua adorada máqui-
na Praxis. Jamais ficaria sem o ‘tlec-tlec’, nunca.
Quando, finalmente, em 1997, Gelson foi apresentado a Marta e Mickel, não foi em uma
reunião de condomínio. Agora, os três trabalhavam em uma mesma empresa, e a primeira tarefa
da equipe - isso mesmo, equipe - era produzir o site da empresa. Os três se entreolharam em pâni-
co, mas encontraram no entendimento pacífico a melhor opção ao pedido de demissão coletivo.
Não há final feliz para esta história, que recomeça todos os dias para milhares de profissi-
onais de webwriting, webdesign e tecnologia espalhados pelo mundo. Para todos nós, alguns
conselhos:
- Somos todos profissionais de Informação. Não importa se você lida com textos,
imagens ou programação. Nossa tarefa, na Web, é a Comunicação, e um site, seja ele da
internet ou de uma intranet, é um alto-falante com três baterias. Se uma delas não funciona, ou
gasta, a Mensagem não chega do outro lado.
- A primeira impressão é a que fica. E também a segunda, a terceira, a quarta... Para
o usuário se tornar cliente de um site, é preciso criar empatia, e dela depende encontrar o pon-
to de equilíbrio entre palavra, cor, forma, movimento e relacionamento. Multimídia é isso, e não
pense que é um conceito distante, que não depende do Trio Ternura. Responsabilize-se, por-
tanto.

56
“Para o usuário se tornar cliente de um site, é

webwriting
preciso criar empatia, e dela depende
encontrar o ponto de equilíbrio entre palavra,
cor, forma, movimento e relacionamento”

- Todos ao mesmo tempo, agora. O webwriter que site web, por exemplo. Ferramenta obrigatória para webwriter
funciona é aquele que entende de design e de tecnologia, e o é a de gestão de conteúdo, mas isso já é ouuuutra história,
raciocínio vale para todos os envolvidos. Mas, por favor, quan- que fica para o próximo mês.
do falo em entender do assunto do vizinho, não digo que é obri- Ah, sim, antes que eu me esqueça: Gelson, o redator,
gatório saber mexer com ferramentas de programação ou de vive hoje do publisher que criou, o Gelsix; Marta K. desenvol-
design. No caso do webwriter, o que se espera é que ele saiba ve, como frila, animações de ponta em Flash; e Mikel, bem, lar-
o que pode ser feito com estes softwares, e como suas funções gou tudo e vende queijo em Visconde de Mauá. É, você leu
podem ajudar o trabalho de distribuição de informação em um certo - para você perceber como nada em nossa área é fixo e
garantido, que tudo se move, sempre. Até a próxima!

57
Marcela Catunda
bula da Catunda

Trabalhou nas redes Bandeirantes, TV Gazeta, Manchete e Globo. Foi redatora da


DM9DDB e supervisora de criação de mídia interativa da Publicis Salles Norton.
Atualmente é autônoma.
marcelacatunda@terra.com.br

COMO ASSIM DE GRAÇA?


Ei você aí. Me dá um dinheiro aí.
- A gente teve uma idéia super legal para um projeto. – diz um.
- É e a gente quer você dentro. – diz o outro.
- Dentro? – pergunto.
- É! Dentrérrimo. – diz o um.
- Vai ser show! – diz o outro.
- Uau! – só me restou esse uau.
A gente escuta tudo. E como diz o velho ditado, melhor escutar essas coisas do que ser
surda. Após infinitas horas de reunião vem a notícia.
- Só que a gente não tem verba. – diz o outro.
- É, mas vamos ter e muita. – diz o um.
- É só a gente ganhar o cliente. – diz o outro
- É “nóis”. – diz o um.
- É “nóis”? – salva-me Deus.
Ganhar o cliente? Me imagino em casa no dia 13/2 (meu aniversário) recebendo flores,
presentes e clientes. Como se embrulharia um cliente?
- Então? Topa? – diz o outro.
- O projeto é sua cara! – diz o um
Devo ter cara de pobre não é possível.
- Não. – respondo
- Ué? Achei que você ia topar – diz o um.
- E eu que você fosse pagar. Empatamos.
O caminho de volta para casa é sempre uma tristeza. Olho para o tanque de gasolina do
meu carro, aquele ponteirinho descendo, calculo a grana do estacionamento e vai me dando
uma vontade quase incontrolável de ser rica.
Enquanto subo a Sumaré vou fazendo um levantamento da minha vida e peço: “Erasmo
Carlos, sou uma mulher de sexo frágil. Me tira desse trânsito”.
Tudo bem os amigos pedirem um help. Mas como uma empresa que você nunca viu antes te
convida para trabalhar de graça? O pior é agüentar aquelas carinhas de choro depois do não,
de choro e de ódio. Maldade. Maldade comigo. Eu sou do bem pô.
Sempre que acontece isso comigo eu fico vendo as pessoas me fazendo chifrinho e caretas
enquanto estou de costas. Não é? Só pode.

58
“Eu não trabalho de graça. É contra a minha

bula da Catunda
filosofia de inquilina. Tem os tais jobs de
risco, mas sempre os faço com os amigos”

Já entrei em algumas roubadas nessa minha vida de Esse dia eu fui embora bufando. Porque a empresa era do
freela. Lembro que em uma delas cheguei a trabalhar dois outro lado da cidade e a coitada tinha ido de ônibus para não se
exaustivos meses. Nunca vou me esquecer do cara do financei- perder. É! Eu sou responsável. E as pessoas também deveriam
ro inventando desculpas. O cara era tão bom, mas tão bom, ser. Como pode alguém se achar tanto? Por que não falaram do
que eu tive de mandar um email para o diretor da empresa fa- que se tratava quando ligaram para mim? Por que não me dis-
lando para colocar o figura na Criação. O cara poderia ter feito seram que era uma concorrência? Por que não me disseram
o meu job na boa. Vai ser bom de inventar mentira lá no infer- que não iam me pagar nem o da condução?
no. Quase pedi a conta dele para depositar alguns Eu não trabalho de graça. É contra a minha filosofia de
caraminguás. inquilina. Tem os tais jobs de risco, mas sempre os faço com os
Fazendo o tal levantamento, lembrei de uma situação amigos. Porque se a grana não rolar, pelo menos os tenho por
hilária. Eu em uma grande empresa. Bota grande nisso. Eu, um perto, e um almoço garantido filado no tíquete.
diretorzão com uma gravata ridícula do Piu Piu e um atendimen- Arapucas da vida de freela? Desprotegida no mundo sel-
to de uma agência. Depois de muito papo vem a bomba. vagem empresarial? Não. É só mais uma história dessa coisa do
- Então Marcela, você pode mandar sua idéia? A gente vai “freelar”. A gente tem de meter as caras. E quer saber? Se não
selecionar as melhores. – diz o tal diretorzão. fosse aquela gravata do Piu Piu eu podia até ter aceitado.
E eu, hipnotizada por aquele Piu Piu perguntei: - Vocês (gargalhadas)
têm uma idéia de preço?
- Não. Na verdade não pretendemos pagar por esse job.
– disse o atendimento.
- Hã? – expressei-me atônita.
- É assim Marcela, se você conseguir apresentar uma boa
idéia passa a fazer parte do nosso seleto time de fornecedo-
res. E assim podemos trabalhar mais para frente. – diz o Mister
Piu Piu.
Essa gravata. Pelo Amor de Deus, tira essa gravata. Esse
Piu Piu tá piscando para mim. Estou enlouquecendo?
- É uma concorrência para encontrar pessoas que traba-
lhem de graça? – perguntei.
- Como? – perguntou o atendimento meio irritado.
- Como quando me pagam. Se não me pagam não como.
Por isso não posso trabalhar de graça. – respondi.

59
marketing

René de Paula Jr.


Analista de negócios da Sony Latin America, René é profissional de internet desde 1996,
passou pelas maiores agências e empresas do país: Wunderman, AlmapBBDO, Agência
Click, Banco Real ABN AMRO. É criador da “usina.com”, portal focado no mundo online, e
do “radinho de pilha” (www.radinhodepilha.com), comunidade de profissionais da área.
rene@usina.com

Super size web


Uma pergunta de quinze quilos: por que será que escolheram o @ e não outro símbolo
qualquer? Arroba pesa. Quem sabe se tivessem escolhido outro símbolo esse nosso digimundo
não pesaria tanto, quem sabe assim não teríamos de avançar léguas...polegada por polegada.
Símbolos por símbolos, poderiam ter usado o &. Quando clientes “brifam” um projeto, nor-
malmente querem isso & aquilo & aquilo também & um fórum & chat & o maior portal do setor,
tudo isso @ um preço e prazo ***, enquanto você pensa consigo mesmo: #!%&!!!
Nesse buffet por quilo do digimundo deveríamos alertar os clientes gulosos: escolha com
moderação; excessos são prejudiciais à saúde.
Pensando melhor, acho que o aviso vai passar batido: quem arca com ônus dessa gula é o
usuário, aquela figura mítica e invisível que paga os pecados do digimundo, amém. É o usuário
que vai engolir o vinho azedo e o pão dormido de um site abandonado, é ele que vai passar pelo
vale das sombras para encontrar o que quer, é ele quem vai esperar o juízo final para receber
uma resposta por email, é ele que vai ter de rezar para a intro em flash acabar logo.
Essa gula clientélica não é privilégio da internet: 99% das pessoas ignora 99% das fun-
ções do celular que escolheu, do software que instalou, do home theater que comprou... Mas
até aí é livre-arbítrio, são pecadilhos de foro íntimo que não fazem da vida alheia um inferno.
Já com inFernet...a tentação de um é a perdição de muitos.
De que tamanho tem de ser o seu site? A resposta é simples: do tamanho do seu tempo.
Sites são ainda mais gulosos que você, e em pouco tempo vão devorar seus recursos, suas
horas extras, seu orçamento...a menos que você crie um site domesticável, que você dê conta.
Se você ainda continua pensando grande, lá vão pequenas perguntas:
· Quem vai responder os emails?
· Quem vai ver se o site está com o tráfego normal?
· Quem vai perceber que o site foi hackeado sábado às três da manhã?
· E quem vai “consertar” o site hackeado a tempo?
· Quem vai back-upear o site regularmente?
· Quem vai atualizar as notícias?
· Quem vai criar e disparar as newsletters?
· Quem vai cuidar de banners e mídia online?
· Quem vai extrair alguma inteligência dos dados de tráfego e transações?

60
marketing
“De que tamanho tem de ser o seu site?
A resposta é simples: do tamanho do seu tempo”

· Quem vai checar se não publicaram alguma atrocidade Ok, ok, a tentação é grande sempre, a vontade é abraçar
no fórum? o digimundo com as pernas e ter olhos maiores que o mouse (ou
· Quem vai trazer de volta os usuários que sumiram? o bolso). Mas pense como usuário: é melhor um site cheio dos
· Quem vai...? E por aí vai. truques mas mosca-morta, ou um site enxuto, focado, que
Cada feature no seu site tem dois lados: é um serviço a cumpre o que promete? Eu fico com o segundo: é sempre pre-
mais para o usuário, mas é uma responsabilidade a mais para ferível surpreender com o overdelivering a frustrar com
você, uma responsabilidade 24 horas por dia, sete dias por se- overpromising.
mana, sem feriado nem descanso. Para dar conta dessa de- (Talvez um bom título para a história do digimundo fosse
manda você tem três caminhos: investir recursos (que nunca “A Insustentável Leveza da Web”).
ninguém tem), não dar conta (e o usuário incomodado que se Tempos atrás um conhecido me recomendou os serviços
mude) ou simplesmente...cortar o mal pela raiz, descartando de um fornecedor de marketing direto digital. O cara é um gê-
aquilo que é definitivamente um tiro no pé. nio, disse ele. Anotei a dica e mais tarde fui consultar a URL.
O site tinha uma página. Um logo, o nome da marca, uma
frase e um endereço de email. Só.
Realmente o cara era um gênio. Esse vai para o céu.

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experience design

Claudio Toyama
Sócio-fundador da Brand Experience|Studio – consultoria em experiência do cliente e
marcas, em Londres. Mestre em interatividade e multimídia (London Institute), formou-
se em Administração pela FGV, fez pós-graduações em Marketing (CEAG) e Comunicação
e Artes (Mackenzie), e especializou-se em Design Gráfico (Istituto Europeo di Design –
Comunicazione em Milão, Itália).
webdesign@claudiotoyama.com

Paladar Interativo?
Na coluna de hoje, abordarei o paladar, as pesquisas que têm sido feitas com este sentido
e quais os avanços na área.
Mas antes, gostaria de comentar algo muito interessante sobre nossos sentidos, mencio-
nado por Tor Norretranders em seu livro intitulado “The user illusion – cutting consciousness
down to size”.
Segundo ele, “se pegarmos aleatoriamente uma medida de tempo de um segundo, nós
conscientemente processamos somente 16 bits dos 11 milhões de bits de informação que nos-
sos sentidos passam para nosso cérebro neste curto espaço de tempo. Isto quer dizer que o
nosso consciente recebe uma infinitésima parte da informação que nosso inconsciente recebe
neste período”. E o autor continua: “nós deveríamos confiar em nossa intuição, pois esta está
muito mais próxima de nossa realidade do que aquilo que chamamos de realidade”.
Para ele, “o que nosso consciente descarta constitui nossa parte mais valiosa e, como este
exercício de descartar material demanda tempo, há um atraso de meio segundo entre a realida-
de e nossa percepção da mesma. Alguns exemplos mencionados seriam – falarmos uma língua
fluentemente, andarmos de bicicleta, ou qualquer outra tarefa que envolva um certo grau de
expertise. Se um jogador de baseball tivesse de pensar antes de bater na bola com o taco, ele
nunca conseguiria atingi-la. No nosso caso, se tivéssemos que pensar antes de executarmos
tarefas que exigem um certo grau de expertise, não conseguiríamos executá-las com tanta
destreza”.
Menciono este autor, pois ele é muito importante para todos aqueles que estiverem estu-
dando a percepção e os sentidos.
Voltando ao paladar, começarei por explicar um pouco sobre como este sentido funciona.
Sentimos o gosto dos alimentos através de nossas papilas gustativas, localizadas na parte su-
perior da língua. Ao contrário do olfato, nós conseguimos distinguir somente cinco gostos dife-
rentes, que são o doce, o salgado, o azedo, o amargo e, recentemente, foi incorporado o gos-
to chamado de umami, produzido por glutamatos encontrados em comidas fermentadas e no
glutamato monossódico.
Apesar de conseguirmos distinguir somente cinco gostos diferentes, o paladar é um sen-
tido muito complicado, pois faz uso de outros dois sentidos que são o olfato e o auditivo. É por
isso que quando estamos resfriados, não sentimos o gosto dos alimentos muito bem. Um expe-
rimento muito conhecido é o de tamparmos o nariz e experimentarmos pedaços de batata e de
maç㠖 é muito difícil distinguir um do outro baseados somente em suas consistências e gostos.

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“Nosso consciente recebe uma infinitésima

experience design
parte da informação que nosso
inconsciente recebe neste período”

Em um artigo publicado na revista “NewScientist” em julho do ano passado foi divulgado um


dos primeiros testes de um simulador para o paladar. Estes testes foram feitos por Hiroo
Iwata, da Universidade de Tsukuba no Japão, para uso em realidade virtual.
Toda a preparação para a simulação envolve vários aspectos, que vão desde a
mensuração da força necessária para morder diferentes tipos e texturas de comida, passando
por sensores biológicos que classificam o gosto da comida (divididos nos cinco sentidos menci-
onados anteriormente) e o som de nossas mandíbulas quando estamos comendo.
Segundo a revista, “estes parâmetros servem como inputs para o simulador de comida. A
parte mecânica do simulador que é inserida na boca é composta de um pedaço
de pano coberto com borracha, por razões de higiene,
e é projetada para resistir à mordida de forma simi-
lar à comida normal. Quando alguém mastiga o
aparato, um sensor registra a força da mordida
e a pessoa percebe uma certa resistência em
sua boca. Para aumentar a sensação de realida-
de da experiência, um tubo bem fino solta uma
mistura de sabores na língua”.
O que estamos presenciando é somente o começo
dos experimentos com o paladar, mas, a meu ver, ainda demorará
alguns anos até termos aparatos bem sofisticados que nos façam
pensar que estamos comendo aquela torta de frango bem saborosa
de nossa avó. ;-)

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webdesign

Luli Radfahrer
PhD em Comunicação Digital, já dirigiu a divisão de internet de algumas das maiores
agências de propaganda e de alguns dos maiores portais do Brasil. Hoje, é Professor-
Doutor da ECA-USP, Diretor Associado do Museu de Arte Contemporânea e consultor
independente. Autor do livro ‘design/web/design:2’, administra uma comunidade de
difusão do conhecimento digital pelo país.
webdesign@luli.com.br

Interatividade extrema
Você já parou para pensar por que os filmes de hoje são tão diferentes do que eram antes?
Não se analisa aqui a qualidade nem mesmo a relevância de um mundo pós-David Lynch, Pedro
Almodóvar ou Quentin Tarantino, mas simplesmente sua forma. De histórias simples tornadas
complicadas (como Kill Bill, uma briga de casal transformada em carnificina) a histórias comple-
xas narradas de forma corriqueira (como A má educação, análise social transformada em briga
de namorados), o que importa é que aos filmes “bons” não basta mais uma simples história – ela
precisa ser complexa.
E isso não se resume aos roteiros de filmes: as novelas de TV, peças de teatro, romances
e até mesmo peças musicais, de uma hora para a outra passaram a ser cada vez mais comple-
xas, cheias de citações e personagens dúbios, cada qual com uma história que, sozinha, já
daria mais que um filme inteiro. Parece que, se a arte reflete a vida, nossas vidas estão cada
vez mais complexas e interrompidas.
Interrompidas? Sem dúvida. Se existe uma característica formal que qualquer roteiro
moderno não se cansa de usar é a do corte seco. Não das cenas, mas da história como um todo.
Como um DJ maluco que puxa o plug do aparelho de som, gerando um silêncio ensurdecedor, as
narrativas estão cada vez mais cortadas, truncadas, fatiadas. As coisas não têm mais “começo-
meio-fim” e, mesmo que tenham, seus começos não são exatamente apresentações de perso-
nagens, nem definições de quem é “mocinho” ou “bandido”. Estas, quando existem, nos deixam
sempre com um pé atrás, pois certamente nos decepcionarão dali a algumas cenas.
Por que se faz isso? Meu palpite é que, ao cortar bruscamente as histórias, os novos
roteiristas obrigam o espectador a pensar, mesmo que involuntariamente. A narrativa
inconclusa é encerrada na cabeça de quem a vê em atitude instintiva de defesa, como a criança
que precisa saber o que acontece com os personagens do desenho quando a história se acaba.
E o que tudo isso tem a ver com web? Mais que isso, o que tem a ver com design? Tudo. E
nada. Chegaremos lá, tenha paciência: sempre me espantei que as pessoas se referissem à
web como um ambiente de “navegação”, já que o processo de navegar no meio físico, seja mar
ou espaço, demande um ambiente intermediário. Pode-se navegar de qualquer porto para a
Austrália, mas é impossível fazê-lo sem encarar o Oceano Pacífico. Já na web, o termo mais
correto seria “pescar”, pois os sites visitados são transferidos de suas máquinas hospedeiras
para o browser do “navegador”. Onde estaria o mar deles?
Pois aquilo que por muito tempo poderia passar por má metáfora começa a fazer sentido
quando se vê e se participa das novas produções individuais, não-comerciais que começam a se
tornar populares na web: videogames do tipo MMRPG, páginas pessoais, blogs, flogs e a misce-

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webdesign
“Parece que, se a arte reflete a vida, nossas vidas
estão cada vez mais complexas e interrompidas”

lânea que programas de comunidades como o Multiply querem


Você vai encontrar nas livrarias um
fazer mostram, em uma multiplicidade de formas, uma técnica
livro novo meu que não fala nada de
de montagens e colagens cada vez mais complexas e abstra- webdesign, nem mesmo de design.
tas, fortes como fanzines punk ou lisérgicas como os cut-ups Pelo título, ele parece até pertencer a
uma categoria impensável para mim:
de William Burroughs.
auto-ajuda. Mas não, o livro é de
Textos densos, que demandam várias leituras, crítica social. Seu nome é “A arte da
referenciando videoclipes com imagens de músicas que falam guerra para quem mexeu no queijo do
pai rico” e trata dos absurdos da
de filmes inspirados em romances estão, hoje em dia, mais
realidade corporativa, em uma análise
para a regra que para a exceção. Eles falam de pessoas que sem juízo de valor. Serve para que cada leitor observe o
vivem em universos urbanos complexos, cheios de referências, panorama e tire suas próprias conclusões. Mais ou menos como
novos filmes e novas histórias. Ou não.
em que não existem mais modelos de comportamento a seguir
e que conceitos de “absolutamente certo” e “totalmente erra-
do” não fazem mais sentido algum.
Nesses ambientes, a pausa é fundamental. É ela que in-
terrompe a cacofonia de referências e cria o espaço para se
pensar, refletir, analisar. Sob certos aspectos, ela é mais im-
portante que o ambiente que a rodeia, que passaria por uma
simples barulheira – como um muro cheio de cartazes semi-ras-
gados – sem que ela existisse. A pausa dá à bagunça em volta
certa ordem. Com ela, os elementos se combinam e formam
uma história. Uma só. Diferente na cabeça de cada especta-
dor. Interatividade, hoje em dia, é isso. Muito mais extremo
que um “clique aqui”.
É assim que se desenham espaços em bran-
co em games, blogs, sites. É também assim que
pausas são desenhadas em peças de música
erudita, em aquarelas japonesas, em fotogra-
fias. O branco do papel, o silêncio da música, o
vazio da tela são tão importantes quanto o ambi-
ente que os cercam, como o vazio do copo é o que
permite enchê-lo de água. Desde sempre foi assim.

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