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MODELO DE DESENVOLVIMENTO

SUSTENTÁVEL PARA A ECONOMIA IPORAENSE


À PARTIR DAS CARACTERÍSTICAS
AUTOPOIÉTICAS DA HORTELÃ

João Batista da Silva Oliveira

IPORÁ - GOIÁS
MARÇO/2009
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2

Modelo de Desenvolvimento Sustentável para a Economia Iporaense a Partir das


Características Autopoiéticas da Hortelã

João Batista da Silva Oliveira1

RESUMO

Situa na área da Economia e Complexidade. Tem como tema sustentabilidade e


responder se é possível inferir a partir das características autopoiéticas da Hortelã e de seu
relacionamento com o meio-ambiente um modelo de desenvolvimento econômico sustentável
para a Economia Iporaense trata-se do problema a responder. Tem como objetivo maior
apresentar a Hortelã como fundamento, referencial, senão como símbolo ao conceito de
sustentabilidade para a economia iporaense. O objetivo geral consiste em apresentar a partir das
características autopoiéticas da Hortelã um modelo de desenvolvimento econômico sustentável
que sirva como marco a Economia Iporaense. Para isto agiremos no sentido mais específicos de:
a) Apresentar o perfil da Economia Iporaense; b) Apresentar a Teoria das Estruturas
Dissipativas; c) Apresentar a Economia Iporaense como um Sistema Aberto; d) Apresentar as
interações entre Economia Iporaense e Sistema de Gaia; e) Apresentar a Teoria da Autopoiese;
f) Apresentar as características autopoiéticas da Hortelã; g) Inferir um modelo de
desenvolvimento econômico sustentável para o município de Iporá a partir das características
autopoiéticas da Hortelã. A hipótese atesta que a partir das características autopoiéticas da
Hortelã, tais como, componentes, redes, auto-criação, estabilidade, laços retro-alimentadores,
parceria, reciclagem, dentre outros, possa se estabelecer um conceito de sustentabilidade ideal a
ser perseguido pela Economia Iporaense, de tal forma que, em seu acontecer se dê de forma a
minimizar a utilização, a deterioração do cerrado goiano e a intensificação dos impactos
ecológicos em todo Sistema de Gaia. Neste sentido partimos da hipótese de que a Teoria da
Autopoiese é suficiente para fundamentar o conceito de sustentabilidade. Sustentabilidade
entendida aqui como o acontecer dos sistemas econômicos, mantendo constante a capacidade de
auto-organização do meio. A metodologia eleita trata-se de uma revisão teórica de autores
ligados ao paradigma emergente tais como Fritjof Capra, Ylia Prigogine, Humberto R.
Maturana e Francisco Varela Garcia, James Lovelock. E ainda, na coleta e tratamento de dados
em sites do governo do Estado de Goiás, tais como, Secretaria de Planejamento Econômico
(Seplan) e Sepin.

Palavras-chaves: Iporá. Impactos Ecológicos. Teoria da Autopoiese. Hortelã. Sustentabilidade.

JEL Classification: Y800, Q010

Introdução

Ao considerarmos a Teoria das Estruturas Dissipativas com o objetivo de


verificar como ocorrem as interações entre Economia Iporaense e Sistema de Gaia2

1
Graduado em Ciências Econômicas pela Universidade Estadual de Goiás – Unidade Universitária
Itumbiara – Goiás (UEG – UnU Itumbiara)
e-mail: reencantaromundo@gmail.com
2
Verificar do mesmo autor o trabalho denominado “As interações entre Economia Iporaense e Sistema de
Gaia”
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constatamos que esta pode ser tratada como um sistema aberto. E não obstante,
concluímos que, apesar de apresentar um crescimento a taxas cada vez menores; este
crescimento tem ocorrido em função do meio-ambiente que lhe circunda por meio da
utilização dos recursos naturais e pela emissão de externalidades negativas.
Do mesmo modo notamos que cidades ao terem seus modelos de
desenvolvimento centrados apenas no crescimento econômico ocorrem de maneira
deletéria. E é com o intuito de fechar a dinâmica econômica do município de Iporá aos
fluxos de materiais e energia é que se insere o presente trabalho. Situado no âmbito da
Economia e Complexidade e tendo como tema sustentabilidade possui como principal
problema responder se é possível inferir a partir das características autopoiéticas da
Hortelã e de seu relacionamento com o meio-ambiente um modelo de desenvolvimento
econômico sustentável para a Economia Iporaense. Neste sentido, temos como objetivo
maior apresentar a Hortelã como fundamento, referencial, senão como símbolo ao
conceito de sustentabilidade para a economia iporaense. Nosso objetivo geral consiste
em apresentar a partir das características autopoiéticas da Hortelã um modelo de
desenvolvimento econômico sustentável que sirva como marco a Economia Iporaense.
Para isto agiremos no sentido mais específico de: a) Apresentar o perfil da Economia
Iporaense; b) Apresentar a Teoria das Estruturas Dissipativas; c) Apresentar a Economia
Iporaense como um Sistema Aberto; d) Apresentar as interações entre Economia
Iporaense e Sistema de Gaia; e) Apresentar a Teoria da Autopoiese; f) Apresentar as
características autopoiéticas da Hortelã; g) Inferir um modelo de desenvolvimento
econômico sustentável para o município de Iporá a partir das características
autopoiéticas da Hortelã.
A hipótese que nos orienta atesta que a partir das características autopoiéticas da
Hortelã, tais como, componentes, redes, auto-criação, estabilidade, laços retro-
alimentadores, parceria, reciclagem, dentre outros, possa se estabelecer um conceito de
sustentabilidade ideal a ser perseguido pela Economia Iporaense, de tal forma que, em
seu acontecer se dê de forma a minimizar a utilização, a deterioração do cerrado goiano
e a intensificação dos impactos ecológicos em todo Sistema de Gaia. Neste sentido
partimos da hipótese de que a Teoria da Autopoiese é suficiente para fundamentar o
conceito de sustentabilidade. Sustentabilidade entendida aqui como o acontecer dos
sistemas econômicos, mantendo constante a capacidade de auto-organização do meio.

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A metodologia utilizada trata-se de uma revisão teórica de autores ligados ao


paradigma emergente tais como Fritjof Capra3, Ylia Prigogine4, Humberto R. Maturana5
e Francisco Varela Garcia6, James Lovelock. E ainda, na coleta e tratamento de dados
em sites do governo do Estado de Goiás, tais como, Secretaria de Planejamento
Econômico (Seplan) e Sepin
O trabalho fora organizado em duas partes. Na primeira parte denominada “As
interações entre Economia Iporaense e Sistema de Gaia” trataremos de apresentar como
ocorrem as interações entre a Economia Iporaense e Meio-ambiente. Para tanto esta
parte fora dividida em quatro capítulos. No primeiro apresento um perfil da Economia
Iporaense. No segundo apresento a Teoria das Estruturas Dissipativas enquanto própria
para descrever sistemas abertos comumente encontrados na natureza. Neste capítulo
ainda apresento características da referida economia que a torna capaz de ser
caracterizada como um sistema aberto, portanto, possível de ser tratada pela Teoria das
Estruturas Dissipativas. E finalmente, no terceiro capítulo apresento como ocorrem as
interações entre Economia Iporaense e Sistema de Gaia.
Na segunda parte, denominada “Definição de um modelo de desenvolvimento
econômico sustentável para a Economia Iporaense a partir das características
autopoiéticas da Hortelã” tenho como objetivo maior apresentar a Hortelã como um
fundamento ao conceito de desenvolvimento sustentável no âmbito da Economia
Iporaense. Esta parte fora dividida em dois capítulos. Onde, no primeiro apresento a
Teoria da Autopoiese, enquanto fundamento perfeito ao conceito de sustentabilidade.
Apresento ainda, as características autopoiéticas da Hortelã. E finalmente, no segundo e
último capítulo tento definir um modelo de desenvolvimento econômico sustentável a
partir das características autopoiéticas da Hortelã para a Economia Iporaense que em
seu acontecer ocorra gerando mínimo dano ao meio-ambiente.

3
Doutor em Física (PhD), Teórico em sistemas. Um dos fundadores do Centro de Ecobetização em
Berkeley. Autor dos bestsellers internacionais, “O Tao da Física” e “O Ponto de Mutação”, integrante do
corpo docente da Universidade de Schummacher, Reino Unido.
4
Físico-Químico, ganhador do prêmio Nobel em 1977, criador da Teoria das Estruturas Dissipativas.
5
Doutor em Biologia (PhD) pela Universidade de Harvard. Professor titular da Universidade do Chile.
Prêmio Nacional de Ciências 1994. Co-criador da Teoria Autopoiese.
6
Doutor em Biologia (PhD) pela Universidade de Harvard. Professor titular do CNRS, Paris. Co-criador
da teoria denominada Autopoiese.

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PRIMEIRA PARTE

AS INTERAÇÕES ENTRE ECONOMIA IPORAENSE E SISTEMA DE GAIA

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2 PERFIL DA ECONOMIA IPORAENSE

A seção tem como objetivo apresentar a evolução da economia iporaense


medida pela atividade dos setores e do Produto Interno Bruto (PIB).
A tabela 01 demonstra um fenômeno, de maneira que a evolução do PIB a
preços correntes7, apesar de sempre crescente, ocorre a uma taxa cada vez menor.

Tabela 01 - PIB a preços correntes - Iporá - 1999 - 2005


Ano PIB
1999 59.383
2000 74.723
2001 81.694
2002 112.966
2003 130.402
2004 146.859
2005 157.759
Fonte: sepin (2007)

Por meio do gráfico 01 que apresenta as taxas de variações para o crescimento


da riqueza gerada a preços correntes, nota-se que em 2002 esta cresce a 38,28% em
relação a 2001. A 15,43% no ano de 2003 em relação a 2002 e 12,62% em 2004 e
finalmente, em 2005 a 7,42%. Ou seja, a riqueza do município cresce a uma taxa cada
vez menor.

7
A preços correntes refere-se ao PIB sem descontar a inflação. Significa em termos norminais.
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Gráfico 01– Taxa de Variação - PIB a preços correntes – Iporá – 1999 – 2005
PIB - Iporá - Taxa de Crescimento - 1999 - 2005

45,00%

40,00%

35,00%

30,00%

25,00%
(%)

20,00%

Taxa de
15,00% Crescime
nto

10,00%

5,00%

0,00%
1999 2000 2001 2002 2003 2004
Ano

Fonte: Sepin (2007)

A analise da evolução da riqueza agregada por setores, demonstra quais setores


foram responsáveis por este decrescimento, a saber, agropecuária e indústria.
A tabela 02 demonstra que a partir de 1999 os setores da atividade econômica
que foram mais afetados foram a agropecuária e a indústria, de maneira que a
agropecuária cresce a taxas decrescentes de 2000 a 2002, e então, de 2003 a 2005,
inclusive passado por momentos de estagnação e redução. Nota que o setor
agropecuário fora o que mais apresentou reduções durante o período analisado.

Tabela 02 - Valor Adicionado - Setores - Iporá - 1999 - 2005


Ano Agricultura Var. Agric. Indústria Var. Ind. Serviços Var. Serv
1999 9.300 8.558 39.425
2000 13.117 41% 13.653 60% 46.408 17,71%
2001 13.378 2% 17.516 28% 50.656 9,15%
2002 13.321 0% 12.073 -31% 77.192 52,38%
2003 16.382 23% 14.396 19% 88.258 14,34%
2004 17.228 5% 19.638 36% 98.029 11,07%
2005 15.085 -12% 20.680 5% 109.207 11,40%
Fonte: Sepin (2007)

Este fenômeno de estagnação, redução na agropecuária e decrescimento da


riqueza gerada, penaliza a população, evidenciada pelas correspondentes reduções nos

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níveis de emprego e renda disponível, verificada pelo PIB per capita, mesmo a
população crescendo a uma taxa constante durante todo o período analisado, ou seja, a
0,57%, demonstrado pela tabela 03.

Tabela 03 - PIB per capita - População - Iporá - 1999 - 2005


Ano População Taxa de Crescimento - População PIB per capita Crescimento
PIB per capita
1999 31.227 1.902
2000 31.404 0,57% 2.379 25,08%
2001 31.582 0,57% 2.587 8,74%
2002 31.763 0,57% 3.557 37,50%
2003 31.945 0,57% 4.082 14,76%
2004 32.127 0,57% 4.571 11,98%
2005 32.310 0,57% 4.883 6,83%
Fonte: Sepin (2007)

Quando se compara o desempenho da economia iporaense com as economias de


caiapônia, São Luís de Montes Belos o que se observa é uma grande discrepância nos
níveis de produção, sendo que Iporá permanece historicamente num nível aquém de
produção, em terceiro lugar.

Gráfico 02- PIB a preços correntes – Iporá – Caiapônia – São Luis de Montes
Belos
250.000

200.000

Iporá
150.000
R$ 1.000,00

Caiapônia

São Luis de
100.000
Montes
Belos

50.000

0
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005
Ano

Fonte: Sepin (2007)

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As razões para fenômenos tão diferentes ficam demonstradas pela analise da


evolução da riqueza para os três municípios, verificando que a agropecuária, segundo a
Tabela 04 possui maior peso na geração de riqueza para a cidade de Caiapônia. Fica
demonstrado também a crise no setor agropecuário da economia iporaense.

Tabela 04 - VA - Agropecuária - Iporá - Caiapônia - São Luis de Montes


Belos - 1999 - 2005
Ano Iporá Caiapônia São Luís de Montes Belos
1999 9.300 40.550 12.063
2000 13.117 54.102 14.578
2001 13.378 63.410 16.222
2002 13.321 85.676 19.313
2003 16.382 111.961 19.789
2004 17.228 159.396 18.566
2005 15.085 108.800 17.215
Fonte: Sepin (2007)

De outro modo percebe-se o baixo teor industrial da cidade de Caiapônia e de


Iporá por meio da tabela 05, onde fica demonstrado a evolução do setor industrial. De
tal maneira que neste setor, SLMB se destaca e permanece historicamente acima da
cidade de Iporá.

Tabela 05 - VA - Indústria - Iporá - Caiapônia - São Luis de Montes Belos - 1999 -


2005
Ano Iporá Caiapônia São Luís de Montes Belos
1999 8.558 4.111 39.690
2000 13.653 5.767 55.320
2001 17.600 6.306 69.164
2002 11.600 5.594 69.442
2003 14.396 8.781 78.438
2004 19.638 10.246 70.748
2005 20.680 8.857 79.877
Fonte: Sepin (2007)

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Nota-se que Iporá ocupa o terceiro lugar em todo período analisado. E ainda que
o crescimento da cidade de Iporá e da cidade de São Luís de Montes Belos ocorre de
maneira estável ao passo que a economia da cidade de Caiapônia apresenta um
crescimento rápido, principalmente a partir de 2001. Observa-se que as economias de
Caiapônia e São Luís de Montes Belos são maiores que a economia de Iporá, sendo que,
Caiapônia lidera na geração de riqueza à partir do setor agropecuário, apresentando um
crescimento muito baixo e estável do setor industrial.
São Luis de Montes Belos, por sua vez, apesar de apresentar pequenas
oscilações na geração de valor lidera no setor industrial. Em relação às economias da
cidade de Caiapônia e Iporá percebe-se que é o setor industrial o grande responsável
pelo crescimento econômico da cidade de São Luis de Montes Belos, uma vez que, o
setor industrial da cidade Iporá apresenta uma recessão entre 2001 e 2004.
A analise demonstra que a cidade de Iporá apresenta o PIB per capita inferior a
cidade de Caiapônia. E apesar de crescer a uma taxa similar da cidade de São Luis, o
PIB per capita da cidade de Iporá é muito inferior a da cidade de São Luis, mesmo
possuindo poucas diferenças na quantidade de pessoas.
Os números referentes a população demonstram que as variações no PIB per
capita, sejam estas variações, aumentos ou reduções não se devem a imigrações ou
emigrações, uma vez que, a população nas cidades analisadas cresce a uma taxa
constante e baixíssima, durante o período analisado. Desta forma, as variações se
elevadas ou baixas, se lentas ou rápidas se devem ao incremento na produção da cidade
analisada. Desta forma conclui que a cidade de Iporá possui um PIB per capita inferior ,
ou seja, possui uma qualidade de vida inferior às demais cidades analisadas nem tanto
pelo volume populacional que é muito estável, mas devido a sua baixa produção no
setor industrial e agropecuário.
No entanto, apesar de crescer a uma taxa decrescente observa-se questões
ambientais e ecológicas devidas a atividade econômica e relevantes que devem ser
levadas em consideração. Notamos o desmatamento para utilização de pastagens, a
utilização da energia solar (lenha), a poluição de rios e vertentes que cortam a cidade, o
tratamento inadequado dos resíduos sólidos e orgânicos e ainda, a inexistência de
tratamento de esgotos. Neste sentido, mesmo a atividade econômica de um município
ser muito reduzida ou ocorrer a taxas cada vez menores notamos que existe uma
desordem provocada no meio devido a atividade econômica.

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Para descrever as interações entre sistemas econômicos, mais especificamente


aqui, entre Economia Iporaense e Sistema de Gaia com o intuito de entender como
ocorrem os impactos ecológicos é que na próxima seção apresentaremos as evoluções
no âmbito da Biologia que culminaram com o a elaboração da Teoria das Estruturas
Dissipativas.

3 TEORIA DAS ESTRUTURAS DISSIPATIVAS

O objetivo do capítulo trata em apresentar a Teoria das Estruturas Dissipativas e


defini-la como própria a descrever a relação entre a economia iporaense e o sistema de
Gaia. Por esta se apresentar como dinâmica, instável e aberta a fluxos de materiais e
energia, como forma de manter em seu interior um padrão de organização de
crescimento econômico, mesmo que a taxas decrescentes.
De acordo com Capra (1996) a Teoria das Estruturas Dissipativas surge a partir
das evoluções feitas no campo da Biologia na década de 1920 por Ludwig von
Bertalanffy, ao constatar que o universo vivo evoluía da desordem para a ordem. Sendo
assim, a imagem que a segunda lei da termodinâmica projetava, (que era utilizada para
descrever sistemas térmicos) era questionada, uma vez que os sistemas vivos são
sistemas irreversíveis e apresentam padrões de ordem crescentes. Bertalanffy concluiu
que os seres vivos não poderiam ser descritos pela segunda lei da termodinâmica, pois
estes ao contrário de estarem fechados ao seu ambiente, se utilizavam deste para manter
seu padrão de estabilidade, eliminado resíduos em seu meio.
Segundo Capra apud Bertalanffy (1996, p.55 )

O organismo não é um sistema estático, fechado ao mundo exterior e


contendo sempre os componentes idênticos; é um sistema aberto num estado
(quase) estacionário ... onde materiais ingressam continuamente vindos do
meio ambiente exterior, e neste são deixados materiais provenientes do
organismo. Diferentemente dos sistemas fechados, que se estabelecem num
estado de equilíbrio térmico, os sistemas abertos se mantêm afastados do
equilíbrio, nesse "estado estacionário" caracterizado por fluxo e mudança
contínuos.

Entretanto, de acordo com Capra (1996) uma formulação mais completa do


modelo de Bertanlaffy surgiria apenas mais tarde no âmbito da termodinâmica de
sistemas irreverssiveis com a teoria das estruturas dissipativas ou caos estruturado,
elaborado pelo Físico-Químico, prêmio Nobel de Química em 1977, Ilya Prigogine.

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Prigogine, da mesma forma que bertalanffy partiu dos organismos vivos para elaborar
sua teoria.
Segundo Prigogine (p.226, ) “Pareceu-me, então, que aquelas coisas vivas nos
proporcionariam notáveis exemplos de sistemas, que eram altamente organizados, em
que fenômenos irreversíveis desempenhavam papel essencial.”
De acordo com Prigogine ( ) seu objetivo era apresentar um novo modelo de
evolução para descrever sistemas dinâmicos, em ramificações caóticas, onde a produção
de escoamentos mínimos ou entropia mínima da segunda lei da termodinâmica não
eram válidos.
Segundo Prigogine (p. 226 )

Os critérios de estabilidade daí resultantes conduziram à descoberta de


estados críticos, de inesperados desdobramentos e no possível aparecimento
de novas estruturas. Essa manifestação inesperada dos processos de
desordem/ordem, longe do equilíbrio que valida a segunda lei da
termodinâmica, constituía a oportunidade de transformar profundamente a
interpretação tradicional. Além da estrutura de equilíbrio

Desta forma, uma estrutura dissipativa são sistemas que se encontram afastados
do equilíbrio, ou seja, por se caracterizarem por fluentes, dinâmicos ou instáveis
(tratados aqui por dinâmicos); que estão abertos a fluxos de materiais e energia, quer
dizer, se caracterizam por possuir uma entrada e uma saída, em outros termos são
sistemas que se utiliza de recursos e eliminam resíduos.
Ademais, são sistemas que, por estarem abertos a fluxos de materiais e energia,
são caracterizados como sistemas dependentes de seu ambiente para manterem seu
padrão de organização, padrão de organização entendido como o fenômeno
emmergence, surgimento ou padrões espontâneos.
Uma estrutura dissipativa é caracterizada por Paiva (?) como “um processo de
auto-organização que se desenvolve no não-equilíbrio freqüentemente resulta em uma
estrutura que apresenta uma forma muito mais complexa de comportamento. Sua
característica distintiva é que ela requer uma entrada contínua de energia para ser
sustentada”

De acordo com Capra (1996) uma estrutura dissipativa se situa num estado
quase estacionário, são sistemas afastados do equilíbrio ou sistemas que ocorrem em
condições de não-equilíbrio.

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De acordo com Capra (1996) um caso de clássico de auto-organização


exemplifica o que é uma estrutura dissipativa, a instabilidade de Bernard. Porém, de
acordo com Paiva ( ) há exemplos comumente encontrados na natureza, como os
redemoinhos de água ou de vento, as variações no câmbio, nos níveis de preços, além
dos organismos vivos.

De acordo com Capra (2002, p.88)

Prigogine (...) se voltou para o fenômeno (...) da convecção, do calor,


conhecido como "instabilidade de Bénard", que é hoje considerado como um
caso clássico de auto-organização. No começo do século, o físico francês
Henri Bénard descobriu que o aquecimento de uma fina camada de líquido
pode resultar em estruturas estranhamente ordenadas. Quando o líquido é
uniformemente aquecido a partir de baixo, é estabelecido um fluxo térmico
constante que se move do fundo para o topo. O próprio líquido permanece em
repouso, e o calor é transferido apenas por condução. No entanto, quando a
diferença de temperatura entre as superfícies do topo e do fundo atinge um
certo valor crítico, o fluxo térmico é substituído pela convecção térmica, na
qual o calor é transferido pelo movimento coerente de um grande número de
moléculas. A essa altura, emerge um extraordinário padrão ordenado de
células hexagonais ("favo de mel"), no qual o líquido aquecido sobe através
dos centros das células, enquanto o líquido mais frio desce para o fundo ao
longo das paredes das células.

De acordo com Capra (2006) inicialmente uma estrutura dissipativa parte de


uma situação de equilíbrio ou próxima ao equilíbrio, estes seriam os casos descritos pela
termodinâmica clássica, onde os escoamentos são fracos e a entropia mínima, ou seja,
num primeiro momento o comportamento da estrutura é linear. Entretanto, à partir de
um ponto critico apresenta um padrão caótico, não-linear, passa a um novo estado de
ordem.

Próximo de um ponto crítico o sistema se afasta do equilíbrio ao aumentar


gradativamente os fluxos de matéria e energia, neste estágio os escoamentos são mais
fortes, a entropia se eleva e o sistema não tende mais ao equilíbrio. Encontra
instabilidades que o leva a novas formas de ordem e afasta o sistema cada vez mais do
equilíbrio. A complexidade é crescente e o conduz ao segundo momento.

Segundo Capra (1996) no segundo momento, caracterizado como não-linear, à


partir de um ponto crítico ou ponto de bifurcação, onde as equações que descrevem o
sistema não são mais lineares o sistema passa a se comportar como um todo, tornando

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impossível integrar o sistema a partir de suas partes. Neste ponto de passagem de


equilíbrio a não-equilíbrio emerge espontaneamente um padrão ordenado.

De acordo com Capra (1996)

Esse limiar é denominado "ponto de bifurcação". Trata-se de um ponto de


instabilidade, do qual novas formas de ordem podem emergir
espontaneamente, resultando em desenvolvimento e em evolução.
Matematicamente, um ponto de bifurcação representa uma dramática
mudança da trajetória do sistema no espaço de fase. Um novo atrator pode
aparecer subitamente, de modo que o comportamento do sistema como um
todo "se bifurca", ou se ramifica, numa nova direção.

Nestas novas formas de ordem, os laços catalíticos, que são laços de retro-
alimentação e auto-amplificação cumprem um papel importante, pois são eles que
levarão o sistema a novas formas de ordem. Caracterizam-se por possuírem alças de
retro-alimentação, iterações repetidas, onde o resultado de um período levará a
resultados em períodos posteriores. Ou seja, uma perturbação ou um impacto tem a
possibilidade de propagar por todo o sistema. Estas seriam as características dos
impactos ecológicos, onde uma causa impacta todo o sistema.

Segundo Capra (1996) a partir do ponto critico não há possibilidade de previsão


a não ser em espaços muito curtos de tempo, pois se torna impossível saber qual
trajetória o sistema seguirá a partir do ponto critico. Pois a partir deste o sistema se
torna altamente não linear devido a laços de retro-alimentação e iteração. Ao atingir o
ponto crítico são gerados vários caminhos que dependem das condições iniciais, da
história do sistema. Torna-se então imprevisível, ou seja, oscilações mínimas no
ambiente determinarão qual trajetória seguir. O ponto critico se caracteriza por uma
elevada sensibilidade a uma oscilação mínima.

3.1 A Economia Iporaense como um Sistema Aberto

Sendo assim, não apenas os sistemas vivos, mas empresas, cidades, economias
e sistemas sociais poderiam ser estudados por meio da Teoria das Estruturas
Dissipativas, pois possuem a característica comum de serem dinâmicos, de estarem
abertos a fluxos de materiais e energia, de forma a manter seu padrão de organização.
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Não obstante, tratar-se de uma teoria capaz de descrever os processos e as


interações entre sistema econômico e meio-ambiente. Sendo assim, cumpre aqui um
papel importante o conceito de derivação estrutural apresentado por Humberto
Maturana, que possibilita a analise dinâmica entre atividade econômica e meio
ambiente, por estarem relacionadas entre si através de laços de retro-alimentação (
feedback - loops).
De acordo com Maturana e Garcia (1997, p. 30)

“Dado o determinismo estrutural, uma vez que um sistema surge, seu


acontecer consiste necessariamente numa história de interações recorrentes
com os elementos de um meio que surgem com ele e o contém. Além disso,
tal história de interações recorrentes entre o sistema e o meio transcorre
necessariamente como uma derivação estrutural. Isto é, tanto a estrutura do
sistema quanto a estrutura do meio mudam necessariamente e de maneira
espontânea de um modo congruente e complementar enquanto o sistema
conserva sua organização e coerência operacional com o meio que lhe
permite conservar sua organização. Isso acontece numa dinâmica de
complementariedade operacional na qual um observador vê o sistema
deslocar-se no meio seguindo o único curso que pode seguir na conservação
de sua organização, num processo no qual as estruturas do sistema e do meio
mudam conjuntamente de maneira congruente até que o sistema se
desintegra.

Ou seja, impactos ecológicos ou alterações estruturais no meio ambiente,


gerados devido a atividade do sistema econômico, enquanto geradores de outras
externalidades negativas dentro sistema econômico, tais como, inflação de custos e
aumento da demanda por bens públicos devido a impactos ecológicos mais sérios.
Desta forma, como a Economia Iporaense tem apresentado um padrão de
organização, de crescimento econômico mesmo que a taxas decrescentes. E como este
crescimento é devido a atuação de suas empresas, mais notadamente do setor de
serviços, as relações entre estes dois sistemas podem ser caracterizados ou tRatados
analogamente a um sistema aberto,$pois apresenta-se aberta a fluxos de recursos
natevais, eliminafdo resí`uos, gerando externadidades negativas p`ra manter seu padrãm
de organização, de cr%scimento econômico, ainda que a taxas decrescentes.
Na próxima seção a Teoria das Estruturas DissipatiVas rer¡ acoplada à dinâmica
da economia iporaense. O objetivo desta abo2da'em é observar como as variações em
variáveis, tais como, PIB, aumento na atividade econômica nos setores agropecuário,
industrial e de serviços, bem como políticas de fomento ao crescimento econômico
elevam a utilização de recursos naturais e a eliminação de externalidades negativas.
Enfim, como desenvolvimento da Economia Iporaense estimula a deterioração dos

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recursos naturais no cerrado goiano e intensifica os impactos ecológicos em todo


Sistema de Gaia.

4 AS INTERAÇÕES ENTRE ECONOMIA IPORAENSE E SISTEMA DE GAIA

O objetivo do capítulo consiste em apresentar, mediante a Teoria das Estruturas


Dissipativas, como uma variação no PIB – Iporá por meio de uma elevação na produção
dos setores da atividade econômica (Agropecuário, Industrial e Serviços) altera a
estrutura do meio e intensifica os impactos ecológicos.
A dinâmica ocorre e pode ser visualizada por meio da Figura 02, onde, o
acontecer do padrão de organização da economia iporaense ocorre em função da
utilização dos recursos naturais e do volume de emissões, de externalidades negativas,
de dejetos fora do sistema, no meio-ambiente. Neste caso, cumprem um papel
importante, variáveis que impactam sobre o meio, dentre elas, variações positivas na
atividade agropecuária, na indústria, e no setor de serviços, bem como ao aumento do
consumo que, por sua vez, estimulam a extração de recursos naturais (utilização de
jazidas, desmatamento) e a geração de externalidades negativas (resíduos orgânicos,
resíduos sólidos, emanações, dentre outras).

Figura 02 - Dinâmica Entre Economia Iporaense e Sistema de Gaia


Fluxograma

Fonte: Elaboração própria

Ao elevar a atividade econômica em setores da economia iporaense, por


exemplo, na agricultura, na pecuária, na indústria e no setor de serviços. Desta forma
ao ocorrer um incremento em tais setores, ocorre consequentemente um aumento no

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PIB. Ora, e como este padrão de organização da cidade ocorre em função, de forma
interdependente, complementar e congruente ao meio, eleva a extração de recursos
naturais, senão de fontes de sintropia positiva, e aumenta em seu meio-ambiente a
desordem, ou seja, o grau de entropia por meio de externalidades negativas. De outro
modo, gera impactos no meio-ambiente por meio de aumentos na atividade econômica
nos setores agropecuário, industrial e de serviços.
De acordo com o conceito de derivação estrutural levantado pelo Biólogo
Maturana e Garcia (1997), alterações na Economia Iporaense geram alterações
estruturais no meio ambiente, que, por sua vez, decorrentes das alterações no meio-
ambiente, geram alterações na economia do município. Este fenômeno ocorre devido a
relações recorrentes entre Economia Iporaense e meio, por aquela ser dependente deste
para manter seu padrão de organização. Alterações nos processos de consumo e
produção geram alterações no meio-ambiente devido a intensificação na utilização de
recursos, gerando impactos ecológicos. Tais impactos se dão sobre a economia do
município na forma de uma economia com tendências inflacionárias e com aumentos na
demanda por bens públicos, geradas por redução na qualidade de alimentos, endemias e
outros impactos, etc.
De acordo com o gráfico 03, para cada nível de produto há um nível
correspondente de externalidades negativas, de tal forma que os níveis de externalidades
são elevados toda vez que o crescimento econômico é expandido. Sendo assim, conclui-
se que a busca pelo crescimento econômico do município de Iporá intensifica as
externalidades negativas ou os impactos ecológicos.

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Gráfico 03 - Interdependência Dinâmica Entre Economia Iporaense e


Sistema de Gaia

Fonte: Elaboração Própria. Adaptado de CERQUEIRA UFMG (2000, p.17)

Mediante a Teoria das Estruturas Dissipativas, num primeiro momento,


representado pelo intervalo que vai de E1 a E3, tais impactos seriam minimizados pela
capacidade de auto-organização do meio. Este primeiro momento é considerado como
um estado de entropia mínima e neste estágio a capacidade de auto-organização do
meio-ambiente ocorre proporcionalmente às variações nos níveis de externalidades, em
conformidade com o fluxo de matéria e energia processado no interior do sistema
econômico, bem como de emissões. Ou seja, o meio processa as externalidades emitidas
pela expansão da economia de tal forma que o dano é mínimo.
Entretanto, a busca contínua pelo crescimento econômico por meio da expansão
da atividade econômica nos setores, representada no gráfico 03 pelas variações no
produto de Y1 para Y3 tende a conduzir as externalidades geradas pelo sistema a um
ponto crítico (Z)8. A partir deste segundo momento, devido a laços de retro-

8
Segundo Capra (1996) matematicamente, um ponto crítico representa uma dramática mudança da
trajetória do sistema no espaço de fase. Um novo atrator pode aparecer subitamente, de modo que o
comportamento do sistema como um todo "se bifurca", ou se ramifica, numa nova direção. Ao tratar das
mudanças climáticas para o Greenpeace (2007), o ponto crítico se situaria a um aquecimento de 2º C aos
níveis pré-industriais.
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alimentação, tais externalidades se tornam auto-produtoras. Quer dizer que, estas


passariam a autogerar-se, não apenas em função da atividade dos setores na economia
iporaense, mas inclusive, das externalidades de um período anterior. Neste estágio, a
partir do ponto crítico, onde os níveis de produto igualariam e posteriormente se fariam
maiores que a capacidade de auto-organização do cerrado goiano, conduziria as
interações entre sistema econômico e meio a uma nova forma de organização, passando
de um estágio de entropia mínima para um estágio de elevada desordem.
Em outros termos, neste estágio poderá ocorrer um volume (xx) de
externalidades. Isso se torna possível devido aos laços de amplificação que é
característica de toda estrutura dissipativa, de todo sistema aberto encontrado na
natureza. Não é possível definir o novo nível de externalidades negativas, pois, a partir
do ponto crítico (Z), devido aos laços de amplificação e retro-alimentação, o sistema se
torna altamente não-linear, impossibilitando qualquer previsão que não seja num curto
espaço de tempo.
Ademais, o processo é irreversível, significando que, mesmo mantendo os níveis
de atividade econômica nos setores (Agropecuário, Industrial e de serviços) estáveis, os
laços de amplificação não se estabilizarão. Neste sentido, os efeitos entrópicos da
atividade econômica num determinado momento (t) dependerão das ações, das
atividades ocorridas num período anterior (t-1), da história do sistema e das condições
iniciais.
Sendo assim, conclui-se que as cidades, no caso, a cidade do município de Iporá,
ao terem em suas bases modelos de desenvolvimento centrados apenas no crescimento
econômico, terão uma tendência de impactar de forma deletéria sobre os ecossistemas.
Esta mudança estrutural no meio ambiente, devido a alterações nos processos
econômicos, gera, de forma retroativa e reiterada, um feixe de impactos no sistema
econômico (na cidade), tais como aumento na demanda por bens públicos e inflação de
custos.

CONCLUSÕES DA PRIMEIRA PARTE

A primeira parte deste trabalho tratou em responder como ocorrem as interações


entre a Economia Iporaense e Sistema de Gaia. Concluímos que esta pode ser tratada

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como um sistema aberto. E não obstante, concluímos que, apesar de apresentar um


crescimento a taxas cada vez menores; este crescimento tem ocorrido em função do
meio-ambiente que lhe circunda por meio da utilização dos recursos naturais e pela
emissão de externalidades negativas
Desta forma conclui-se que cidades ao terem seus modelos de desenvolvimento
centrados apenas no crescimento ocorrem de maneira deletéria. Ao apresentar os
problemas o trabalho aponta no sentido de se elaborar um modelo de sustentabilidade a
economia do Município de Iporá que em seu acontecer minore os efeitos e impactos
sobre o cerrado goiano e sobre todo o Sistema de Gaia.

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SEGUNDA PARTE

MODELO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL PARA A ECONOMIA


IPORAENSE À PARTIR DAS CARACTERÍSTICAS AUTOPOIÉTICAS DA
HORTELÃ

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1 TEORIA DA AUTOPOIESE

Maturana e Garcia (1997) apresentam a dificuldade que se estabeleceu desde os


primórdios da Biologia em tratar da autonomia dos seres vivos. E afirmam ainda, que
este fora o principal problema posto aos homens. No entanto, observar o fenômeno
biológico como um todo, de forma sistêmica tem sido um problema rejeitado por grande
parte dos cientistas. Neste contexto partem então, de um problema, a saber, descobrir o
que possui comum a todos os seres vivos que possa permitir qualificá-los como tais.
Desta forma, seu objetivo geral consiste em indicar a natureza da organização dos
sistemas vivos em relação a seu caráter de unidade.
Maturana e Garcia (1997) no âmbito metodológico alertam que apesar de usarem
recursos mecanicistas seu enfoque é sistêmico, o que vale dizer, que estes não tratam
das propriedades dos elementos, de sua constituição básica, mas sim de relações, de
processos, de relações entre processos e de leis que regulam estes processos, realizados
pelos componentes. Possuem como hipótese de estudo a existência de uma organização
comum a todos os seres vivos, de tal forma que quando começa a vida o que começa é
esta organização, explicando estes, os seres vivos, em termos de uma organização, de
relações entre componentes. Sendo assim, para tratarem desta organização comum a
todos os sistemas vivos partem do conceito de máquinas, diferenciando estas entre
alopoiéticas e autopoiéticas, onde máquinas “são consideradas comumente como
sistemas materiais definidos pela natureza de seus componentes e pelo objetivo que
cumprem em seu operar como artefatos de fabricação humana” (MATURANA E
GARCIA, 1997, p. 69)
Máquinas são unidades e “são formadas de componentes caracterizados por
determinadas propriedades capazes de satisfazer determinadas relações que determinam
na unidade as interações e transformações desses mesmos componentes”
(MATURANA E GARCIA, 1997, p. 69). De tal forma que, a natureza concreta dos
componentes não interessa, bem como as propriedades dos componentes, exceto aquelas
propriedades que interferem no conjunto de interações e transformações dentro do
sistema.
As máquinas que o homem fabrica possuem um objetivo prático ou não,
especificado pelo próprio homem, já a respeito das máquinas viventes Maturana e
Garcia (1997) as classifica entre máquinas autopoiéticas e sistemas viventes. Desta
forma, para os autores os organismos vivos são vistos como uma máquina.
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A respeito das máquinas autopoiéticas Maturana e Garcia (1997) as difere de um


sistema aberto. As principais características destas máquinas se configuram por serem
autopoiéticas, onde estas mantêm suas variáveis constantes dentro de um limite de
valores, o processo ocorre dentro de um intervalo de limites que a própria organização
do sistema especifica, quer dizer não são especificadas pelo homem. Sendo assim, são
homeostáticos, toda retro-alimentação ocorre no interior a elas, desta forma não
recorrem ao meio para manter sua organização.
Maturana e Garcia (1997, p.71) definem as máquinas autopoiéticas como:

Uma máquina organizada como um sistema de processos de produção de


componentes concatenados de tal maneira que produzem componentes que:
I) geram os processos (relações) de produção que os produzem através de
suas contínuas interações e transformações, e II) constituem à máquina como
uma unidade no espaço físico. Por conseguinte, uma máquina autopoiética
continuamente especifica e produz sua própria organização através da
produção de seus componentes, sob condições de contínua perturbação e
compensação dessas perturbações (produção de componentes).

Máquinas autopoiéticas se caracterizam por serem homeostáticas, especificam e


produzem sua própria organização, através da produção de seus componentes. Segundo
Maturana e Garcia (1997, p. 71) “uma máquina autopoiética é um sistema homeostático
que tem sua própria organização como variável que mantêm constante.” E ainda, de
acordo com Maturana e Garcia (1997, p.71) “para que uma máquina seja autopoiética é
necessário que as relações de produção que a definem sejam continuamente regeradas
pelos componentes que produzem”. Sendo assim os componentes devem estar
concatenados para serem tidos como uma máquina, devendo existir uma relação de
produção de componentes, senão uma concatenação de processos, onde a concatenação
autopoiética de processos numa unidade fisica diferencia as máquinas autopoiéticas de
outro tipo de máquinas (alopoiéticas), de tal forma que as máquinas criadas pelo homem
possuem processos, mas não processos de produção de componentes, sendo
denominadas sistemas dinâmicos não-autopoiéticos, alopoiéticos, enfim.
As diferenças entre máquinas alopoiéticas e autopoiéticas residem no fato de
naquelas as relações ocorrem entre componentes, de ocorrerem processos; ao passo que
nas máquinas autopoiéticas ocorram relações de produção de componentes e
concatenação de processos que são autoprodutores.
Neste sentido, Maturana e Garcia (1997, p. 72) definem autopoiese como:

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Processos concatenados de uma maneira especifica tal que os processos


concatenados produzem os componentes que constituem o sistema e
especificam como uma unidade. É por esta razão que podemos dizer que,
cada vez que tal organização se concretiza num sistema real, o domínio de
deformações que este sistema pode compensar sem perder sua identidade
ocorre em um domínio de trocas no qual o sistema, enquanto existe, mantém
constante sua organização. É adequado condensar esta descrição dizendo que
os sistemas autopoiéticos são sistemas homeostáticos que possuem sua
própria organização como a variável mantida constante.

A respeito da Autopoiese Capra vai dizer (1996, p. 99) que

Tendo esclarecido que seu interesse é com a organização, e não com a


estrutura, os autores prosseguem então definindo autopoiese, a organização
comum a todos os sistemas vivos. Trata-se de uma rede de processos de
produção, nos quais a função de cada componente consiste em participar da
produção ou da transformação de outros componentes da rede. Desse modo,
toda a rede, continuamente, "produz a si mesma". Ela é produzida pelos seus
componentes e, por sua vez, produz esses componentes.

E a partir desta definição Maturana e Garcia (1997, p. 72) concluem que: a)


sistemas autopoiéticos são autônomos; b) por serem autônomos não podem ser
considerados alopoiéticos. Caracterizam-se ainda, por possuírem individualidade, por
não possuírem entradas e nem saídas, onde “uma organização pode permanecer
constante sendo estática, ou mantendo constante seus componentes, ou também
mantendo constantes as relações entre componentes que por outra parte estão em
contínuo fluxo e mudança” (MATURANA E GARCIA, 1997, p.74)
Em relação aos sistemas autopoiéticos ou viventes estes, segundo Maturana e
Garcia (1997, p. 75) “transformam a matéria neles mesmos de forma que seu produto é
sua própria organização”. Para Maturana e Garcia (1997, p. 75) “se um sistema é
autopoiético, é vivente.” E ainda, segundo Maturana e Garcia (1997, p. 75) “ a noção de
autopoiese é necessária e suficiente para caracterizar a organização dos sistemas vivos”
Para Maturana e Garcia (1997) não é possível criar ou desenhar um sistema vivo
por: serem autônomos, impredizíveis, por serem demasiado complexos, por derivar de
princípios que ainda não conhecemos, ou por serem estes princípios totalmente
incognoscíveis.
Concluindo, autopoiese trata-se do padrão de organização comum a todos os
sistemas vivos e se caracteriza-se por: a) uma rede, pela interligação em rede de seus
componentes; b) esta rede tem como objetivo criar a si mesma, onde um componente
cria a si mesmo determinando toda a rede. Desta forma a rede de componentes é auto-
criadora, auto-geradora; c) os componentes estão interligados por laços
retroalimentadores. d) da mesma forma, autoreguladora, as variáveis, ou os
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componentes oscilam dentro de um limite, diz-se que se trata de uma rede homeostática.
e) não recorre ao meio para manter sua organização, não se caracteriza, então por ser
alopoiética; f) a rede é cooperativa (cooperação); g) tanto maior o número de
componentes maior sua flexibilidade, maior seu poder de auto-criação; h) por não ser
alopoiética diz-se que se trata de uma rede onde a reciclagem é sua característica
principal, isto quer dizer que a rede não elimina dejetos ou capta recursos ao meio. A
energia e a matéria circulam indefinidamente no interior do sistema, de tal forma que o
volume de resíduos é mínimo, igual a zero. Exemplos de sistemas autopoiéticos podem
ser citados, como o sistema nervoso, ao passo que um ecossistema pode oferecer uma
noção intuitiva de Autopoiese facilmente possível de ser apreendida. Para tratar da
Autopoiese Maturana e Garcia (1997) apresentam o sistema nervoso como tal.

1.1 Características Autopoiéticas da Hortelã

Conhecida como Hortelã Verde ou Hortelã-comum. A Mentha spicata,


pertencente ao Reino Plantae. Trata-se de uma planta herbácea perene, medindo entre
0,30 m e 1,10 m. De origem asiática, o cultivo da Hortelã se espalhou por todo o
mundo principalmente devido às essências aromáticas presentes na planta. Dentre seus
usos cita-se, a utilização como tempero, muito utilizada como aromatizante em produtos
alimentícios. Dentre os usos medicinais cita-se, o uso em atonias digestivas,
flatulências, dispepsias nervosas, empregado nas palpitações e tremores nervosos,
vômitos, cólicas uterinas. E ainda, muito útil nos catarros brônquicos facilitando a
expectoração e como calmante.
Figura 02 – Hortelã Comum - Mentha spicata

Fonte: Baixaki

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No entanto, além da beleza e da notável utilidade medicinal da Hortelã,


enfatizaremos aqui sua configuração e o seu modo de se relacionar com o meio, onde
este comportamento com o seu ambiente é dotado de características auto-criadoras, no
sentido de que, este relacionamento entre planta e meio ocorre de maneira harmônica.
Em outros termos, este relacionamento ocorre na forma de rede, por estar acoplada
organizacionalmente ao seu ambiente, constituindo estes, a Hortelã e ambiente, num
único sistema, por especificar seus próprios limites, “preocupada” apenas em manter a
própria estabilidade; por reciclar seus materiais; devido a existência de parceria ou
cooperação; se constituindo num sistema que se auto-sustenta. Logo, de acordo com o
exposto acima, a relação da Hortelã com seu ambiente pode ser vista como autopoiética,
auto-sustentável. E não apenas isto, podemos visualizar a Hortelã como um modelo
perfeito de auto-sustentabilidade e auto-criação.
Ao observamos mais de perto o comportamento harmônico da Hortelã com seu
ambiente concluímos que, esta, com o objetivo de manter sua própria organização e sua
estabilidade. Por meio de seus componentes, além das características próprias já citadas,
notamos que, as folhas da planta que caem ao solo são processadas e decompostas em
nutrientes e, posteriormente, reaproveitados pela própria Hortelã e por outras árvores. O
mesmo ocorre com o oxigênio emitido pela Hortelã, que é utilizado pelos animais; por
sua vez, as emissões de gás carbônico emitidas pelos animais e pela decomposição de
materiais orgânicos são utilizados pela Hortelã em seus processos de fotossíntese, onde
o carbono oriundo dos processos de fotossíntese processados pela Hortelã possuem
como fonte, a energia solar, que por sua vez, estas quantidades de carbono serão
transformados em nutrientes com a decomposição destas plantas.
Tais processos observados na natureza são processos circulares em rede e são
auto-produtores, não há ai o fenômeno competição e tampouco o desperdício. A
competição pode neste caso ser encarada como uma singularidade num processo maior
de cooperação. E é por meio destes que um ecossistema, qualquer ecossistema mantem
sua estabilidade, sua auto-criação sem recorrer ao meio. Ou seja, a Hortelã ao demandar
materiais e energia de seu meio, não elimina dejetos ou resíduos. A Hortelã é auto-
sustentável por meio da flexibilidade, da diversidade e da parceria entre seus
componentes, e ainda, pela constante reciclagem de materiais e energia numa intricada
teia de relações não-lineares.
As relações entre o ecossistema e Hortelã se estrutura no formato de rede, onde
um componente determina o todo que, por sua vez, é determinado pelo todo. Enfim,
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cada componente é resultado e causa ao mesmo tempo, cada componente é produto e


produtor ao mesmo tempo. Nestes termos a configuração de um ecossistema pode ser
vista como autopoiética.
Os sistemas sociais, de outro modo são vistos como alopoiéticos, pois
necessitam constantemente recorrer ao meio para manter seu padrão de organização. De
tal forma que para obter a sustentabilidade o desafio que se propõe é dotar os sistemas
sociais, empresas, setores, cidades, dentre outros de uma configuração similar à da
Hortelã, portanto, sustentável, senão autopoiética.
Ao olharmos a vida. Para a Hortelã e seu modo de se relacionar com o meio, ou
seja, para o seu padrão de organização. Poderíamos tirar lições, desenhos, figurinos e
princípios importantes e aplicá-los à nossa sociedade, aos nossos sistemas econômicos.
Portanto, é nossa intenção aqui olhar para a vida e, à partir daí, apresentar algumas
destas lições, destes desenhos propostos pela Hortelã aos sistemas sociais.

2 DEFINIÇÃO DE UM MODELO DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO


SUSTENTÁVEL PARA A ECONOMIA IPORAENSE À PARTIR DAS
CARACTERÍSTICAS AUTOPOIÉTICAS DA HORTELÃ

Recapitulando. Quando se eleva a atividade econômica no Município de Iporá


por meio de um incremento na produção de setores, tais como, pecuária, agricultura,
indústria e serviços, ocorre consequentemente um aumento no PIB. E como este modo
de se organizar está acoplado ao meio, ocorre em função do meio-ambiente é elevada a
extração de recursos naturais, senão de fontes de sintropia positiva, e aumenta em seu
meio-ambiente a desordem, ou seja, o grau de entropia por meio de externalidades
negativas.
Sendo assim, alterações nos níveis de produção no interior da Economia
Iporaense geram alterações estruturais no meio ambiente. Estas alterações, por sua vez,
decorrentes das alterações no meio-ambiente, apresentam uma tendência de gerar
alterações na economia do município. Este fenômeno ocorre devido a relações
recorrentes entre Economia Iporaense e meio, por aquela ser dependente deste para
manter seu padrão de organização. Alterações nos processos de consumo e produção
geram alterações no meio-ambiente devido a intensificação na utilização de recursos,
gerando impactos ecológicos. Tais impactos se dão sobre a economia do município na
forma de uma economia com tendências inflacionárias e com aumentos na demanda por
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bens públicos, geradas por redução na qualidade de alimentos, endemias e outros


impactos, etc.
De outro modo, o desenho proposto pela Hortelã, trata-se de uma configuração
autopoiética. Tal configuração consiste numa rede de componentes, onde cada
componente participa na criação desta mesma rede. Portanto, o que esta rede visa
manter é a própria estabilidade do sistema, a sua auto-sustentabilidade. Toda retro-
alimentação é endógena, o que significa que todo recurso captado é reutilizado, num
processo chamado de reciclagem, sendo que, o total de resíduos gerados por tal sistema
é igual a zero.
Nossa intenção aqui é aplicar à dinâmica da Economia Iporaense dentre as
características autopoiéticas da Hortelã, os laços de retro-alimentação, a recomposição
dos componentes desgastados, o conceito de fechamento organizacional, o princípio da
reciclagem e a ligação em rede dos componentes. Nossa intenção é manter a
estabilidade da Economia Iporaense e Sistema de Gaia. O que se apresenta, portanto,
como uma inovação no âmbito dos processos produtivos e no âmbito da constituição da
organização.
Sendo assim, temos de um lado os componentes denominados setores da
atividade econômica do município de Iporá, representados pela pecuária, a agricultura, a
indústria e o setor de serviços. E de outro lado temos um outro componente denominado
Sistema de Gaia ou meio-ambiente. A intenção é dotar a relação entre ambos de uma
configuração de tal modo que o acontecer do meio participe da criação da Economia
Iporaense. E do mesmo modo, o acontecer da Economia Iporaense permita o acontecer
do meio. Se configurando numa relação mutualística.
O desenho ideal proposto pela Hortelã à Economia Iporaense implica que esta
deve ser caracterizada por:
a) Não captar recursos e não eliminar externalidades de tal forma que a matéria e
a energia circule no interior da referida Economia;
b) pela interligação dos componentes (unidades produtivas dos setores) em rede,
de tal modo que, os resíduos de uma empresa circule infinitamente dentro da economia;
c) Recompor os componentes desgastados por meio da recuperação de áreas
degradas e medidas de reflorestamento.
Deste padrão de organização em rede surge características tais como a
estabilidade, a resiliência, a cooperação, a flexibilidade e a reciclagem. De tal forma
que, quanto maior o número de componentes maior a flexibilidade, maior a parceria, a
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capacidade de auto-sustentação. São estas características imprescindíveis quando se


pensa a respeito de questões ecológicas ou o termo sustentabilidade. Desta forma,
deriva-se que a sustentabilidade trata-se de uma característica própria aos sistemas vivos
por serem autopoiéticos.
A principal implicação da Hortelã para que um sistema possa ser tido como
perfeitamente sustentável deriva do fato de que este, não obstante manter-se dinâmico
não pode se utilizar de fontes de recursos naturais e mais, que este sistema não pode
eliminar dejetos, emanações, emissões, externalidades negativas. Evidenciando que, a
matéria, os resíduos e a energia devem circular em seu interior, sendo constantemente
re-utilizada. Pressupõe ainda, que certas variáveis, certos parâmetros deste sistema
devam ser otimizados, não maximizados para obter com isso a estabilidade e a
risiliência do meio, permanecendo dentro de uma banda de limites. Desta forma. Para
manter a estabilidade do cerrado goiano devem ser estabelecidos certos limites para o
desmatamento, metas para reflorestamento, limites para o volume de emanações e
emissões, dejetos, dentre outros.
Neste sentido, obtêm-se um modelo ideal de sustentabilidade a partir da Hortelã
a ser perseguido pela Economia Iporaense. Entretanto, uma vez que, este ocorra muito
raramente é possível de ser observado apenas no âmbito dos organismos vivos. E
portanto, a Hortelã dever ser vista como um ideal a ser perseguido pela referida
economia, servindo como um referencial, como marco teórico e situar determinada
medida se sustentável ou deletéria.
Ao aplicar as características autopoiéticas da Hortelã enquanto modelo ideal de
sustentabilidade à Economia Iporaense torna-se evidente que este estágio é muito difícil
se conseguir devido a natureza da referida atividade econômica. Para minimizar ou
aproximar de um estágio ideal de sustentabilidade a Economia Iporaense deve seguir no
sentido de:
a) Fechar-se à utilização de recursos, oriundas de fontes de sintropia positiva;
b) Minimizar as emissões de externalidades negativas tais como emanações,
emissões, etc.;
c) Manter certas variáveis dentro de um limite tais como, crescimento
econômico, níveis de produção, níveis de utilização de recursos naturais, de área
plantada e quantidade de reflorestamento;
d) As principais empresas devem estar interligadas em rede, de forma a produzir
arranjos produtivos ecológicos, onde, tal efeito além de elevar suas respectivas
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rentabilidades tendem a minimizar a devastação dos recursos naturais, de tal forma que,
o que é resíduo para uma indústria ou empresa haverá de ser insumo para outra. Nestes
termos a matéria tal como nos sistemas autopoiéticos é reciclada e circula no interior da
indústria;
e) Deve existir um alto grau de complementaridade entre elas para que aquilo
que é resíduo para uma empresa deve ser tido como insumo para outra;
f) Identificar e mapear ativos ecológicos existentes no interior do Município de
Iporá;
h) Centrar-se na produtividade do fator de produção terra por meio da redução
da utilização de fontes de combustíveis fósseis, utilização de tecnologias limpas,
medidas de eficiência energética, fontes de energias renováveis;
i) Fomento de arranjos ecológicos entre empresas ou setores.

3 CONCLUSÕES

O presente trabalho situado no âmbito da Economia e Complexidade. Tendo


como tema as interações entre sistema capitalista e sistema de Gaia e, sustentabilidade
tratou em responder se é possível inferir a partir das características autopoiéticas da
Hortelã e de seu relacionamento com o meio-ambiente um modelo de desenvolvimento
econômico sustentável para a Economia Iporaense.
Concluímos que a partir das características autopoiéticas da Hortelã, tais como,
componentes, redes, auto-criação, estabilidade, laços retro-alimentadores, parceria,
reciclagem, dentre outros, possa se estabelecer um conceito de sustentabilidade ideal a
ser perseguido pela Economia Iporaense, de tal forma que, em seu acontecer se dê de
forma a minimizar a utilização, a deterioração do cerrado goiano e a intensificação dos
impactos ecológicos em todo Sistema de Gaia. Desta forma, a Hortelã pode ser vista
como fundamento, referencial, senão como símbolo ao se pensar ou falar em
sustentabilidade no âmbito da Economia Iporaense.
E finalmente, o trabalho apontou para a necessidade de ser verificada de maneira
mais detida o grau de desordem no meio-ambiente devido a atividade econômica no
município de Iporá, bem como a efetivação da medidas para se fechar a economia
iporaense aos fluxos de materiais e energia. Em outros termos, o trabalho aponta a
necessidade de se verificar o grau em que a referida economia se aproxima ou se
distancia do grau de auto-sustentabilidade preconizado pela Hortelã.
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4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Vivos. São Paulo: Cultrix, 1996, 294 p

_____________. As Conexões Ocultas: Ciência para uma vida sustentável. São


Paulo: Cultrix. 2002, 296p.

CERQUEIRA, H. E. G. A ECONOMIA EVOLUCIONISTA: Um capítulo sistêmico


da teoria econômica?. 2000. Disponível em: <
http//:www.cedeplar.ufmg.br/pesquisas/> Acesso em 11 Out 2007

ECO, Umberto. Como se faz uma tese. São Paulo: Perspectiva, 1977. 170 p.

MATURANA, H. R.; GARCIA, J.V.G. De Máquinas e Seres Vivos: Autopoiese – A


organização do vivo. 3ªed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997, 140 p.

PAIVA, W. P. A Teoria do Caos e as Organizações. 2001. Disponível em:


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