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Texto de Apoio 1
O Conhecimento Científico1
Nem sempre é possível, nem sequer desejável, respeitar inteiramente os factos quando se
analisam, e não há ciência sem análise, mesmo quando a análise é apenas um meio para a
reconstrução final do todo. O físico perturba o átomo que deseja espiar; o biólogo modifica e
pode inclusive matar o ser vivo que analisa; o antropólogo,
antropólogo, empenhado no seu estudo de
campo de uma comunidade, provoca nele certas modificações. Nenhum deles apreende o seu
objecto tal como é, mas tal como fica modificado pelas suas próprias operações. (...) O
conhecimento científico transcende os factos: põe põe de lado os factos, produz factos novos e
explica-os.
os. O senso comum parte dos factos e atém-se atém se a eles: amiúde, limita-se
limita ao facto
isolado, sem ir muito longe no trabalho de o correlacionar com outros, ou de o explicar. Pelo
contrário, a investigação científica
científica não se limita aos factos observados: os cientistas exprimem
a realidade a fim de ir mais além das aparências; recusam o grosso dos factos percebidos, por
serem um montão de acidentes, seleccionam os que julgam relevantes, controlam factos e, se
possível, reproduzem-nos.
nos. Inclusive, produzem coisas novas, desde instrumentos até partículas
elementares; obtêm novos compostos químicos, novas variedades vegetais e animais e, pelo
menos em princípio, criam novas regras de conduta individual e social. (...)
O conhecimento científico é comunicável: não é inefável, mas expressável; não é privado, mas
público. A linguagem científica comunica informações a quem quer que tenha sido preparado
para a entender. (...) O que é inefável pode ser próprio da poesia ou da música, não da ciência,
cuja linguagem é informativa e não expressiva ou imperativa. (...)
O conhecimento científico é verificável: deve passar pelo exame da experiência. Para explicar
um conjunto de fenómenos, o cientista inventa conjecturas fundadas de algum modo no saber
adquirido. As suas suposições podem ser cautelosas ou ousadas, simples ou complexas; em
todo o caso, devem pôr-se à prova. O teste das hipóteses fácticas é empírico, isto é,
observacional ou experimental. (...) Nem todas as ciências podem experimentar; e em certas
áreas da astronomia e da economia, alcança-se uma grande exactidão sem ajuda da
experimentação. (...)
A ciência carece de axiomas evidentes; inclusive, os princípios mais gerais e seguros são
postulados que podem ser corrigidos ou substituídos. Em virtude do carácter hipotético dos
enunciados de leis, e da natureza perfectível dos dados empíricos, a ciência não é um sistema
dogmático e fechado, mas controvertido e aberto. Ou melhor, a ciência é aberta como
sistema, porque é falível, por conseguinte, capaz de progredir.