Sei sulla pagina 1di 3

1.

ESCOLA BÁSICA 2,3 DE AZEITÃO


CURSO DE EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO DE ADULTOS – EFA NS

Sociedade, Tecnologia e Ciência (STC)


Unidade de Formação
ação de Curta Duração (UFCD) - 7: SOCIEDADE, TECNOLOGIA E CIÊNCIA – Fundamentos.

Texto de Apoio 1

O Conhecimento Científico1

O conhecimento científico é fáctico: Parte dos factos, respeita-os


respeita os até certo ponto e sempre
retorna a eles. A ciência procura descobrir os factos tais como são, independentemente do seu
valor emocional ou comercial: a ciência não poetiza
poetiza os factos. Em todos os campos, a ciência
começa por estabelecer os factos: isto requer curiosidade impessoal, desconfiança pela
opinião prevalecente e sensibilidade à novidade. (...)

Nem sempre é possível, nem sequer desejável, respeitar inteiramente os factos quando se
analisam, e não há ciência sem análise, mesmo quando a análise é apenas um meio para a
reconstrução final do todo. O físico perturba o átomo que deseja espiar; o biólogo modifica e
pode inclusive matar o ser vivo que analisa; o antropólogo,
antropólogo, empenhado no seu estudo de
campo de uma comunidade, provoca nele certas modificações. Nenhum deles apreende o seu
objecto tal como é, mas tal como fica modificado pelas suas próprias operações. (...) O
conhecimento científico transcende os factos: põe põe de lado os factos, produz factos novos e
explica-os.
os. O senso comum parte dos factos e atém-se atém se a eles: amiúde, limita-se
limita ao facto
isolado, sem ir muito longe no trabalho de o correlacionar com outros, ou de o explicar. Pelo
contrário, a investigação científica
científica não se limita aos factos observados: os cientistas exprimem
a realidade a fim de ir mais além das aparências; recusam o grosso dos factos percebidos, por
serem um montão de acidentes, seleccionam os que julgam relevantes, controlam factos e, se
possível, reproduzem-nos.
nos. Inclusive, produzem coisas novas, desde instrumentos até partículas
elementares; obtêm novos compostos químicos, novas variedades vegetais e animais e, pelo
menos em princípio, criam novas regras de conduta individual e social. (...)

Háá mais: o conhecimento científico racionaliza a experiência, em vez de se limitar a descrevê-


descrevê
la; a ciência dá conta dos factos, não os inventariando, mas explicando-os
explicando por meio de
hipóteses (em particular, enunciados e leis) e sistemas de hipóteses (teorias).
(teoria Os cientistas
conjecturam o que há por detrás dos factos observados e, em seguida, inventam conceitos
(como os de átomo, campo, classe social, ou tendência histórica), que carecem de correlato
empírico, isto é, que não correspondem a perceptos, ainda que
que presumivelmente se referem a
coisas, qualidades ou relações existentes objectivamente. (...)

A investigação científica é especializada: uma consequência da focagem científica dos


problemas é a especialização. Não obstante a unidade do método científico,
científico a sua aplicação
1
Excerto de M. Bunge, La ciencia, su método in Um outro olhar sobre o mundo, p. 215-217
depende, em grande medida, do assunto; isto explica a multiplicidade de técnicas e a relativa
independência dos diversos sectores da ciência. (...) A especialização não impediu a formação
de campos interdisciplinares, como a biofísica, a bioquímica, a psicofisiologia, a psicologia
social, a teoria da informação, a cibernética ou a investigação operacional. Contudo, a
especialização tende a estreitar a visão do cientista individual (...).

O conhecimento científico é claro e preciso: os seus problemas são distintos, os seus


resultados são claros. (...) A ciência torna preciso o que o senso comum conhece de maneira
nebulosa. (...)

O conhecimento científico é comunicável: não é inefável, mas expressável; não é privado, mas
público. A linguagem científica comunica informações a quem quer que tenha sido preparado
para a entender. (...) O que é inefável pode ser próprio da poesia ou da música, não da ciência,
cuja linguagem é informativa e não expressiva ou imperativa. (...)

O conhecimento científico é verificável: deve passar pelo exame da experiência. Para explicar
um conjunto de fenómenos, o cientista inventa conjecturas fundadas de algum modo no saber
adquirido. As suas suposições podem ser cautelosas ou ousadas, simples ou complexas; em
todo o caso, devem pôr-se à prova. O teste das hipóteses fácticas é empírico, isto é,
observacional ou experimental. (...) Nem todas as ciências podem experimentar; e em certas
áreas da astronomia e da economia, alcança-se uma grande exactidão sem ajuda da
experimentação. (...)

A investigação científica é metódica: não é errática, mas planeada. Os investigadores não


tacteiam na obscuridade; sabem o que buscam e como o encontrar. A planificação da
investigação não exclui o azar; só que, ao deixar lugar para os acontecimentos imprevistos, é
possível aproveitar a interferência do azar e a novidade inesperada. (...) Todo o trabalho de
investigação se baseia no conhecimento anterior e, em particular, nas conjecturas melhor
confirmadas. (...) Mais ainda, a investigação procede de acordo com regras e técnicas que se
revelaram eficazes no passado, mas que são aperfeiçoadas continuamente, não só à luz de
novas experiências, mas também de resultados do exame matemático e filosófico.

O conhecimento científico é sistemático: uma ciência não é um agregado de informações


desconexas, mas um sistema de ideias ligadas logicamente entre si. Todo o sistema de ideias,
caracterizado por um certo conjunto básico (mas refutável) de hipóteses peculiares, e que
procura adequar-se a uma classe de factos, é uma teoria. (...) O carácter matemático do
conhecimento científico -- isto é, o facto de ser fundado, ordenado e coerente -- é que o torna
racional. A racionalidade permite que o progresso científico se efectue não só pela acumulação
gradual de resultados, mas também por revoluções. (...)

O conhecimento científico é geral: situa os factos singulares em hipóteses gerais, os


enunciados particulares em esquemas amplos. O cientista ocupa-se do facto singular na
medida em que este é membro de uma classe, ou caso de uma lei; mais ainda, pressupõe que
todo o facto é classificável, o que ignora o facto isolado. Por isso, a ciência não se serve dos
dados empíricos -- que sempre são singulares – como tais; estes são mudos enquanto não se
manipulam e convertem em peças de estrutura teóricas. (...)
O conhecimento científico é legislador: busca leis (da natureza e da cultura) e aplica-as. O
conhecimento científico insere os factos singulares em regras gerais chamadas "leis naturais"
ou "leis sociais". Por detrás da fluência ou da desordem das aparências, a ciência factual
descobre os elementos regulares da estrutura e do processo do ser e do devir. (...)

A ciência é explicativa: tenta explicar os factos em termos de leis e as leis em termos de


princípios. Os cientistas não se conformam com descrições pormenorizadas; além de inquirir
como são as coisas, procuram responder ao porquê: porque é que ocorrem os factos tal como
ocorrem e não de outra maneira. A ciência deduz as proposições relativas aos factos singulares
a partir de leis gerais, e deduz as leis a partir de enunciados nomológicos ainda mais gerais
(princípios).

O conhecimento científico é preditivo: transcende a massa dos factos de experiência,


imaginando como pode ter sido o passado e como poderá ser o futuro. A previsão é, em
primeiro lugar, uma maneira eficaz de pôr à prova as hipóteses; mas também é a chave do
controlo ou ainda da modificação do curso dos acontecimentos. A previsão científica, em
contraste com a profecia, funda-se em leis e em informações específicas fidedignas, relativas
ao estado de coisas actual ou passado. (...)

A ciência é aberta: não reconhece barreiras a priori, que limitem o conhecimento: Se o


conhecimento fáctico não é refutável em princípio, então não pertence à ciência, mas a algum
outro campo. As noções acerca do nosso meio natural ou social, ou acerca do nosso eu, não
são finais; estão todas em movimento, todas são falíveis. Sempre é possível que possa surgir
uma nova situação (novas informações ou novos trabalhos teóricos) em que as nossas ideias,
por firmemente estabelecidas que pareçam, se revelem inadequadas em algum sentido.

A ciência carece de axiomas evidentes; inclusive, os princípios mais gerais e seguros são
postulados que podem ser corrigidos ou substituídos. Em virtude do carácter hipotético dos
enunciados de leis, e da natureza perfectível dos dados empíricos, a ciência não é um sistema
dogmático e fechado, mas controvertido e aberto. Ou melhor, a ciência é aberta como
sistema, porque é falível, por conseguinte, capaz de progredir.

Potrebbero piacerti anche