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Deus rejeita a avareza, mas ama e perdoa avarentos; Deus rejeita a ambição, mas
ama e perdoa ambiciosos; Deus rejeita a arrogância religiosa, mas ama e perdoa
religiosos arrogantes; Deus rejeita o divórcio, mas ama e perdoa divorciados;
Deus rejeita a hipocrisia, mas ama e perdoa hipócritas; a alma de Deus abomina o
que semeia contenda entre irmãos (Provérbios 6:16-19), mas ele também ama e
perdoa os que semeiam tal abominação... Se não perdoasse...
Infelizmente, o cristianismo, de um modo geral, tem transformado muitas
palavras de Jesus - quando ele falava de exigências espirituais da lei - em leis
para a igreja, criando uma hierarquia de pecados que só traz divisão e vaidade,
jogando “fardos pesados” (Mateus 23:4) nos ombros dos filhos da Graça, e
pondo-lhes sobre a cerviz um jugo que ninguém pode suportar (Atos 15:10). Tais
fardos não são, nem de longe, o fardo de Cristo, em quem encontramos descanso
para as nossas almas, pois o seu jugo é suave e o seu fardo é leve (Mateus 11:28-
30). A igreja finge que consegue carregar esses fardos pesados e esconde as
marcas de seu martírio absolutamente desnecessário, e ainda tenta fazer
parecer que o faz com alegria, “pra Jesus”. Cristo nunca pediu tal escravidão e a
sua palavra hoje, tal como foi nos tempos bíblicos, seria: “é falsa misericórdia, é
vaidade religiosa, é hipocrisia...”. E, para vergonha dos cristãos, o mundo percebe
isso claramente. Insistir em tal comportamento pode levar a tragédias que jamais
imaginaríamos.
Cristo cumpriu toda a Justiça da Lei, cujo rigor chega até à intenção do
coração e é absolutamente necessário para a justificação diante de Deus e, até
que passem o céu e a Terra, assim será (Mateus 5:18). A nossa porta (estreita)
de entrada no céu é Cristo, mas muitos, na igreja do Senhor da Graça, ainda
buscam – com zelo, mas sem entendimento – superar a justiça dos fariseus,
julgando ser esta a única maneira de “agradar” a Deus e entrar no reino dos céus.
Buscar a justificação mediante a obediência total aos mandamentos e ao espírito
da lei significa nada menos do que ser perfeito. Alguém, em sã consciência, se
habilita?
Mas, e o que é, afinal, a Justiça de Deus? Ora, a justiça de Deus se revela no
evangelho (Romanos 1:17). Diante da impossibilidade humana de cumprir a lei em
sua plenitude – alcançando a perfeita justiça e a justificação – o próprio Deus,
amando-nos sem levar em conta as nossas ofensas, se fez homem, com o objetivo
de cumprir totalmente os mais profundos requisitos de justiça da lei (Mateus
5:17), de modo que pudesse gratuitamente declarar justo todo aquele que crê no
seu sacrifício. Tal ato de justiça cumpriu-se na pessoa de Jesus, o Filho de Deus
(Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós, para que nele
fôssemos feitos justiça de Deus – II Coríntios 5:21). Em Cristo, que jamais
conheceu pecado, todas as nossas transgressões foram julgadas, nele fomos
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Mais difícil ainda será entender que a bondade de Deus é que leva ao
arrependimento (Romanos 2:4). E como entenderá que santidade, para Deus, é
misericórdia, e não sacrifícios (Oséas 6:6)?
Deixemos sempre claro que a nossa postura de perdoadores deve-se ao fato
de ter Cristo já perdoado todas as nossas transgressões e pecados. Estamos
apenas dando de graça o que de graça já recebemos. A justiça da lei quanto aos
nossos pecados se cumpriu na cruz do Calvário e, quando perdoamos o próximo,
estamos testemunhando (principalmente para ele) que cremos que os pecados
dele também estavam na cruz de Cristo.
E por que é tão importante que compreendamos e amemos cada vez mais a
Justiça de Deus? Entre outras razões, porque ele não descerá novamente para
pregar o evangelho de cidade em cidade, anunciando pessoalmente a sua graça aos
perdidos. Tal missão foi-nos confiada, e somos nós que devemos dizer aos
pecadores sem Cristo que fomos alcançados pela Justiça de Deus, mostrando-
lhes, através de nossas palavras e atitudes, a misericórdia, a graça e a salvação
em Jesus Cristo. Nós somos a melhor oportunidade de contato entre o pecador
sem Cristo e a misericórdia divina, mas isso só acontecerá se crermos que fomos
plenamente justificados na cruz de Calvário e nos conscientizarmos de que pesa
sobre nós a obrigação de anunciar o seu evangelho (I Coríntios 9:16), pois somos –
os que cremos na Graça de Cristo (não importa o letreiro na porta da igreja) - a
carta de Cristo ao mundo (II Coríntios 3:2-3), por isso busquemos, todos nós,
amar e confiar na Justiça de Deus, e não sobrecarreguemos alguns irmãos na
missão de anunciar a plena justificação e a salvação em Cristo Jesus.
Nós certamente não nos vemos capazes de ter sempre atitudes de
misericórdia e perdão, e essa capacidade realmente não está em nós. Deus é quem
capacita-nos a exercer misericórdia e a realizar toda boa obra, por isso devemos
sempre reconhecer e acreditar confiantemente nessa capacidade, e não ceder ao
desejo de justiça que provém da ira. O ato de perdoar significa dizer: “Senhor,
no que depender de mim, não lhe impute este pecado”. E isso não significa
necessariamente que o pecador ficará sem arcar com as conseqüências do seu
ato. Se o pecado dele contra mim é também um delito contra as leis civis, ele
poderá responder judicialmente. Mas, ainda assim, eu posso impedir as
conseqüências espirituais do seu pecado, exercendo a mesma misericórdia que
recebi de Deus, e dizendo: “Senhor, eu fui ofendido e prejudicado, mas, no que
depender de mim, não lhe impute este pecado”. E, principalmente, deixe aquele
que lhe prejudicou saber que você o perdoou e por que o perdoou, para que o
poder da misericórdia faça o seu trabalho... Justiça de Deus.
Então, há algum problema no zelo com a justiça que há na lei? Não, não
necessariamente! A lei é um termômetro que indica a gravidade do estado doentio
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do pecador, mas não tem o poder de curar a alma doente. Sua função é conduzir o
pecador a Cristo (Gálatas 3:24), a única real possibilidade de redenção do homem.
Por isso devemos estar conscientes de que, se fomos justificados pela graça que
há na justiça de Deus, e não pela nossa própria justiça (obediência à lei), não há
motivos para a soberba espiritual ou religiosa (farisaísmo), nem para a postura de
julgadores e sentenciadores, e muito menos para sentimentos de superioridade
com relação a qualquer outro pecador. É esse aspecto da Graça de Deus que a
torna um manjar delicioso para os nossos olhos, porém de difícil digestão para
muitos. Sem a misericórdia que há na Graça de Cristo (Justiça de Deus),
estaríamos todos, “bons” e maus, no mesmo barco, a caminho da condenação
eterna.
Como cidadãos, e também como cristãos, devemos ser zelosos com as leis,
procurando ser sempre justos e irrepreensíveis, pois até mesmo a conivência com
a transgressão nos fará cúmplices, sujeitando-nos à punição legal. Mas, mesmo
nos casos em que a lei precisa ser cumprida, bem como nas demais situações que
não envolvam leis civis, no que depender só de nós, devemos optar confiantemente
pela justiça de Deus, que nos livrou da justiça da lei. Mesmo entre os irmãos,
sempre haverá casos nos quais a confrontação será necessária e inevitável, e
medidas duras certamente deverão ser tomadas, mas isso pode e deve ser feito
em espírito de misericórdia e amor, com temperança e equilíbrio, visando ao
arrependimento do erro e à justiça de Deus. O rumo a ser seguido é sempre o da
misericórdia e regeneração: “Senhor, assim como tu apagaste todos os meus
pecados, apaga também essa ofensa contra mim...”.
O nosso prazer deve estar na sentença da justiça de Deus, e não na
sentença da justiça da lei. O arrependimento e a regeneração do pior pecador – e
não o seu castigo e condenação eterna – devem ser a nossa alegria, assim como
são para Deus (Ezequiel 18:23). Alguém já disse que “aquele que não perdoa
destrói a ponte sobre a qual tem de passar”. Ou seja, aquele que não perdoa corta
os punhos da rede na qual ele mesmo está deitado. Devemos não apenas dizer que
amamos a justiça de Deus, mas mostrar, pelas nossas atitudes, que na Graça e na
misericórdia de Cristo está o nosso prazer.
Então, alguém perguntará: “Se os nossos pecados já foram pagos, quanto
mais pecarmos, maior não será a glória da justiça de Deus?” Tal raciocínio
(humanamente óbvio) tem posto a Graça de Cristo sob suspeita e assombrado o
próprio cristianismo desde os dias do apóstolo Paulo, e a resposta ainda é a
mesma: Não!
Onde a justiça da lei chegar cobrando, a justiça de Deus responderá
avisando: já foi pago! Quando enviou o seu próprio filho para morrer na cruz do
Calvário, o objetivo de Deus foi livrar-nos da condenação e também da escravidão
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ao pecado, de forma que este não tivesse mais domínio sobre nós. Em Cristo,
morremos para o pecado e também ressuscitamos para uma nova vida (Romanos
6:1-4). Contudo, aqui não alcançaremos a perfeição – o “pecado zero”. Se isso
fosse possível, Cristo não precisaria ter morrido. Ninguém poderá dizer de
nenhum de nós: “Ali vai alguém que não peca”. Mas, em Cristo, Deus nos capacita
para que possam dizer: “Ali vai alguém que não é escravo do pecado”.
O amor à justiça de Deus e à sua Graça traz profunda gratidão pelo seu
sacrifício. Abusar deliberadamente da Graça de Cristo revela, no mínimo, a falta
dessa gratidão e de compromisso com a totalidade da causa do evangelho. Quem
age dessa maneira está tirando Cristo do centro de sua vida e reassumindo o
comando. Embora demonstrando confiança na Graça, há ainda um forte cheiro de
amor à justiça da lei (justiça própria), que sempre gera a sensação de
merecimento, pois onde se deveria ver gratidão, misericórdia e domínio próprio, o
que se vê é a alegria de finalmente poder satisfazer - agora sem lei – a
carnalidade do velho homem. A Graça seria apenas uma justificativa legal para
usufruir o que ele sempre julgou merecer, não importando que isso signifique
trabalhar contra o reino de Deus e ainda usar, machucar, ofender, desprezar,
humilhar e envergonhar pessoas que deveriam receber o seu amor e a sua
misericórdia. Abusar propositadamente da liberdade que há na Graça de Deus é a
pior forma de ausência de misericórdia, pois é, antes de tudo, falta de
misericórdia para com o próprio Cristo. O filho que procede dessa maneira
sujeita-se voluntariamente à disciplina de um pai zeloso com a saúde espiritual de
seus filhos.
Não devemos resistir à misericórdia de Deus, mas abrir-lhe o caminho
através de cada uma das nossas atitudes, pois ela é o único meio eficaz de
evitarmos que o pecado domine a nossa vida, vindo a destruí-la (Deus tem o poder
de reconstruí-la, em qualquer circunstância, mediante o nosso sincero
arrependimento). Uma mulher misericordiosa não fará oposição gratuita ao
marido, e procurará ser a sua eficaz auxiliadora. Um marido misericordioso não
humilhará a sua esposa e buscará amá-la como Cristo amou a igreja. Esposas e
maridos misericordiosos não esperarão um pelo outro para exercer a sua própria
misericórdia. Um pai misericordioso disciplinará seu filho e, ainda assim, o filho
se sentirá amado. Alguém com um coração misericordioso saciará a fome e a sede
do seu inimigo e, com isso, o atordoará, e poderá ganhá-lo para Cristo. Um
coração misericordioso e grato, libertado da justiça da lei pela justiça de Deus,
terá o seu prazer, não no pecado, mas em não pecar, e buscará fazer o que é
correto diante do seu Senhor, não por medo da justiça da lei (à qual não devemos
mais nada), mas por gratidão ao seu Salvador.
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Se não temos consciência da situação da qual Cristo nos livrou e não somos
profundamente gratos a ele por seu sacrifício, se não temos para com o próximo
(inclusive para com os “próximos” de dentro de casa) a mesma misericórdia que
recebemos de Deus, e se a nossa motivação para fazer o que é correto é a
ineficaz justiça da lei, a nossa “santidade” não irá muito longe. A fé em Jesus é
precisamente a total confiança no pleno pagamento pelos nossos pecados, e essa
fé, se inabalável, traz tranqüilidade, paz, gratidão, domínio próprio, misericórdia,
amor e perdão. Se não permitirmos que a verdade do evangelho chegue ao nosso
coração, revestindo os nossos sentimentos, emoções e desejos, ela não nos
libertará da ansiedade, do medo nem da escravidão do pecado.
A dúvida com relação à quitação da nossa dívida com Deus, por menor que
seja, sempre leva-nos de volta à justiça da lei e ao seu velho jugo (Gálatas 5:1),
com seu rigor exterior e nenhum poder de transformação, nem misericórdia nem
amor, e o fim deste caminho é sempre a religiosidade hipócrita, o escândalo e a
vergonha. Lembremo-nos de que somos ministros, não da letra, mas do Espírito
(II Coríntios 3:6), por isso aquele que crê, compreendendo a plenitude e a
totalidade da obra que se consumou no Calvário, está apto para viver a justiça de
Deus, e verá o poder da Graça de Cristo na sua vida e na vida das pessoas ao seu
redor.