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‐ Actividades sociais e desenvolvimento da identidade nos jovens
RESUMO Texto 2: Produzindo sites, explorando identidades: autoria juvenil online
Grupo de trabalho: Carla Duarte, Maria do Vale, Milena Jorge e Paulo Azevedo
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Este artigo pretende contribuir para uma melhor contextualização do discurso dos
adultos relativamente às práticas de expressão online utilizadas pelos jovens. O
sucesso dos blogs e das páginas pessoais dos adolescentes contribuíram, de certa
forma, para aumentar os conteúdos on-line dos jovens. No entanto, apesar deste
sucesso, os adultos não efectuam uma análise rigorosa, limitam-se a criticar a
forma como os jovens se exprimem ou, então, a sugerir que esta nova forma de
expressão poderia ser utilizada para fins mais educativos. Tendo por base a análise
de sites e blogs criados por adolescentes e numa série de entrevistas, tenta-se
esclarecer a razão por que os jovens encontram sentido nesta forma de se
exprimirem.
Texto 2: Produzindo sites, explorando identidades: autoria juvenil online
desempenham na vida dos jovens. Por último, é referido a importância dos sites
pessoais para os jovens, uma vez que podem permitir novas oportunidades de
aprendizagem sobre si e sobre os outros.
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Os social networking sites (SNS) têm vindo a substituir as páginas e blogs pessoais
pelo simples facto de permitirem aos jovens a possibilidade de criarem redes
sociais. Estes sites tem caracaterísticas muito específicas que serão analisados
noutro capítulo. No entanto, as considerações que forem feitas para as
páginas/blogs pessoais aplicam-se-lhes também.
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Ouvir os jovens autores
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"Fez com que o meu cérebro se sentisse feliz": Porque os jovens criam
páginas pessoais.
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procuram dominar este nicho de mercado. Algumas empresas de software apelam à
capacidade criativa dos jovens, mas limitam essa criatividade disponibilizando
recursos limitados. Os sites de redes sociais promovem também a revelação de
dados pessoais (idade, nome, preferências, contactos), muito embora isso ser
experienciado como "personalizado" ou "expressão das próprias ideias e
sentimentos". A criação de páginas pessoais e blogues são vistas como um meio de
auto-promoção, à semelhança do que acontece com figuras públicas (cantores,
actores, entertainers famosos). Trata-se de uma tendência que valoriza a
publicidade como um fim em si mesma e, mais do que copiar os famosos, valoriza o
"tornar-se conhecido" e a "auto-promoção".
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tempo experienciam a sua utilidade na sua capacidade de reflexão e no crescimento
pessoal. Neste sentido são comparáveis com as características dos diários pessoais.
São formas de procurar e construir a própria identidade, conhecer o seu lugar nos
seus ambientes sociais, revelar as suas opiniões pessoais, questionar verdades
"tidas como inquestionáveis". Estes são os aspectos mais importantes da expressão
online.
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ligação a determinadas subculturas ou estilos de vida , revelando preocupações
culturais. São registos do presente para o futuro, no sentido que mantêm
documentado o seu crescimento para mais tarde ser observado em perspectiva.
Este comportamento reflecte a consciência que os jovens têm no seu próprio
crescimento e nas suas múltiplas transformações. É a escrita da própria identidade
e a satisfação, actual e antecipada, que jovens tiram da registarem as suas vidas.
Normalmente, estes jovens autores têm na sua ideia como audiência, pessoas que
eles sabem que normalmente visitam os seus sites e outros, tais como os amigos
online, colegas da escola, pessoas com interesses ou estilos de vida similares (e.g.
música, orientação sexual, etc.), pais, professores, familiares ou qualquer
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combinação entre estes. Em linhas gerais, estas pessoas compreendem um grupo
de outros similares, de quem os adolescentes pretendem apreender algo para
transferirem a eles próprios.
Há ainda outros jovens que, ao invés de informarem aos outros sobre os seus sites,
preferem esperar que estes sejam descobertos ou em alternativa, querem ter
liberdade de expressão, sem medo de repercussões. Estes jovens defendem que,
desta forma o visitante ao aceder ao seu site, está a fazê-lo de forma autêntica e
verdadeira, porque chegou lá por acaso.
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outros poderão pensar deles.
Na verdade, embora muitos jovens cheguem à conclusão que dão pouca atenção às
suas audiências naquilo que decidem publicar online, quando pressionados, eles
geralmente revelam plena consciência de como os seus sites pessoais – e por
extensão, eles próprios – podem ser percebidos pelos seus visitantes online.
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Embora os jovens possam ver-se como únicos e aos seus trabalhos como originais,
as escolhas que eles fazem acerca de como se apresentam online, continuam
condicionadas por uma sociedade em que se depende fortemente da aceitação dos
outros. Assim, as apresentações que fazem de si nos seus sites pessoais devem ser
vistas como construções e não como espelhos emergentes do seu Self.
Pode-se assim entender que na utilização dos seus sites pessoais, os jovens podem
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explorar formas de apresentar ao público/audiência outras “versões” de si mesmo,
que noutros contextos poderiam ser reprimidas. Especialmente durante a
adolescência, quando as ramificações sociais do discurso e o comportamento
simbólico pode ser critico na maioria do espaços offline. O contexto online
proporciona uma oportunidade, relativamente segura, de os jovens
“experimentarem e sentirem” diferentes auto-representações, proporcionando-lhes
como que uma espécie de espaços protegidos, para uma adaptação ao real do Self
idealizado de vários modos.
Uma das principais razões pelas quais os jovens se preocupam tanto com a
autenticidade nas suas auto-apresentações nos sites pessoais, é porque, em última
análise, eles procuram validação social da sua audiência. Assim, se a sua auto-
apresentação não fôr autêntica, o feedback dos visitantes do site torna-se
irrelevante, se não mesmo insignificante. O desejo de feedback significativo é
particularmente importante durante a adolescência, quando os indivíduos anseiam
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pela aceitação social e auto-aceitação. Aceitação social é muito desejada dado que
os adolescentes frequentemente se vêem e se avaliam, consoante são vistos e
avaliados pelos pares. A aceitação dos pares começa a ter mais importância do que
nunca, torna-se cada vez mais premonitória do seu senso de auto-estima. As
preocupações dos adolescentes com a sua auto-aceitação são uma motivação que
os leva a procurar obter feedback que os tranquilize, que os assegure de que não
estão sozinhos nos seus pensamentos, sentimentos e experiências. Este tipo de
validação diminui o medo de ser diferente ou esquisito, assim não é surpreendente
que receber feedback público seja o objectivo primordial, destes jovens autores ao
publicar um site pessoal na Internet.
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elogiado por desconhecidos é incontornável, especialmente nos casos em que os
jovens compartilham informações pessoais que escondem offline. Essa exposição e
consequente vulnerabilidade torna os anseios de feedback da audiência
especialmente forte. Em contrapartida, raramente sugerem que os seus
comentários, arte ou visão sobre a Internet seja uma forma de contribuir para o
bem maior quer social, político ou artístico. Pelo contrário, as suas ofertas são em
grande parte dirigidas a audiências, a fim de solicitar feedback sobre a conveniência
ou o valor das suas próprias experiências, ideias e estilos de vida. Estes
comentários, tanto offline como online, são cruciais para a realização da sua
identidade. Eles também tentam forçar o feedback através do atendimento ao seu
público da mesma forma que os produtores de media, implementam molduras e
botões que permitam uma navegação mais fácil, ajustam esquemas de cores para
facilitar a leitura. Também incluem imagens e referências a temas sensacionais,
celebridades, e eventos sociais. Ao apropriarem-se de músicas e imagens e
incorporarem ligações para sites de venda a retalho e de meios de comunicação
locais, mostram que a cultura de consumo fornece ferramentas acessíveis e
atraentes, não só para a auto-apresentação mas também para entreter sua
audiência. Tentam manter conteúdo novo e fresco, a fim fidelizar audiências
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considerando actualizações frequentes um sinal de uma boa página ou blog,
deliberam ainda quanto conteúdo é demasiado, ou insuficiente. Tomam inúmeras
medidas para aumentar a probabilidade de resposta dos visitantes do seu site. A
sua seriedade nesta matéria demonstra a importância da validação pelos outros no
processo de formação e desenvolvimento de identidade.
Outros jovens têm descrito a situação oposta, em que a sua auto-apresentação foi
tão mal recebida online que decidiram mudar alguns aspectos de si mesmos em
suas vidas offline. Naturalmente, não se pode simplesmente alterar determinados
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aspectos da vida real, tal como sexo ou raça, em reacção ao feedback da audiência
online. Não obstante, os jovens autores tendem a reformular a sua auto-imagem e
auto-apresentação, em parte devido a reacções às suas apresentações online.
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sentir quase como invasões de privacidade. Existem ainda situações em que as
auto-apresentações online forma interpretadas literalmente ou demasiado
restritiva.
Conclusão
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As páginas pessoais dos jovens adolescentes são frequentemente analisadas pelo
seu aspecto e a partir deste são feitos juízos avaliativos frequentemente
desproporcionados. Um cenário mais complexo surge quando verificamos as causas
dessa manifestação e expressão online. Os jovens usam as páginas pessoais para
experimentar formas de estar na sua cultura, preocupando-se com a sua imagem
perante si próprios e perante os outros. Esta é uma forma de construírem a sua
própria identidade, onde existe uma coexistência entre a identidade pública e a
privada, num jogo de representação onde as avaliações internas e externas
contribuem para uma construção do "eu", menos arriscada e mais significativa do
que em outros ambientes. Na adolescência, que é uma fase de transição da
protecção da infância para a procura de um lugar no mundo (onde as emoções são
vividas mais intensamente), alguns autores consideram que as páginas pessoais
são meios estáveis para o desenvolvimento de um processo de construção da
identidade. De alguma forma, a construção e manutenção de páginas pessoais têm
a mesma função que o consumo dos media tradicionais (ex. música): contribui para
a identificação com a cultura jovem e para a ligação a uma rede de jovens que
partilham os mesmos interesses e valores. Verifica-se que os jovens utilizam, nas
páginas pessoais, símbolos da sua cultura com os quais se identificam. Ouvir
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música também é uma forma de construção de identidade, pela qual os jovens
experienciam estados de espírito ou representam identidades alternativas.
Por vezes o que é publicado nas suas páginas pessoais não é bem entendido ou
recebido pelo público, levando a que os jovens considerem que as mensagens
podem ser entendidas de diferentes formas em diferentes contextos, e que para tal
deverão ter o cuidado de dar significado ao que é publicado nas suas páginas.
Nesta espera e apelo de feedback do público, eles aprendem como negociar uma
cultura de auto-imagem. Este é um factor muito importante, porque cada vez são
menos os espaços físicos em que os jovens podem expor os seus sentimentos e
angústias e são cada vez mais os espaços dominados pelas novas tecnologias.
Ao ouvir o que os jovens têm a dizer acerca das suas experiências culturais indica-
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nos uma valiosa perspectiva enquanto nos esforçamos para compreender o impacto
e evolução que o papel das novas tecnologias têm nos jovens de hoje em dia.
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