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  Média Digitais e Socialização 

‐ Actividades sociais e desenvolvimento da identidade nos jovens   
 
 
 

Produzindo sites, explorando identidades:

autoria juvenil online

RESUMO Texto 2:  Produzindo sites, explorando identidades: autoria juvenil online    

Docentes: Maria João Silva & Lúcia Amante

Grupo de trabalho: Carla Duarte, Maria do Vale, Milena Jorge e Paulo Azevedo

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Produzindo sites, explorando identidades: autoria juvenil online


Susannah Stern

Universidade de San Diego, Department of Communication Studies

Este artigo pretende contribuir para uma melhor contextualização do discurso dos
adultos relativamente às práticas de expressão online utilizadas pelos jovens. O
sucesso dos blogs e das páginas pessoais dos adolescentes contribuíram, de certa
forma, para aumentar os conteúdos on-line dos jovens. No entanto, apesar deste
sucesso, os adultos não efectuam uma análise rigorosa, limitam-se a criticar a
forma como os jovens se exprimem ou, então, a sugerir que esta nova forma de
expressão poderia ser utilizada para fins mais educativos. Tendo por base a análise
de sites e blogs criados por adolescentes e numa série de entrevistas, tenta-se
esclarecer a razão por que os jovens encontram sentido nesta forma de se
exprimirem.

Na primeira parte do artigo é-nos apresentado algumas noções de desenvolvimento


e identidade seguindo-se, uma descrição das características dos blogs e das
páginas pessoais. Também é analisado o papel que as práticas de expressão online

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desempenham na vida dos jovens. Por último, é referido a importância dos sites
pessoais para os jovens, uma vez que podem permitir novas oportunidades de
aprendizagem sobre si e sobre os outros.

Desenvolvimento e identidade na adolescência

A identidade e a adolescência são dois conceitos que caminham lado a lado. A


identidade consiste na forma como o indivíduo se vê a si próprio, um conjunto de
símbolos, valores e identificações que permite responder à pergunta “quem sou
eu?”. A identidade é assim, vista normalmente como um "processo de
reorganização” que evolui ao longo do tempo. A adolescência consiste no período
em que os sujeitos são confrontados com a tarefa de definirem a sua identidade, o
que acontece em contexto e depende directamente do feedback que os outros lhes
fornecem. Estas modificações durante a adolescência originam um contexto no qual
a expressão online assume um significado. As entrevistas realizadas a jovens
permitem concluir que a produção online proporciona oportunidades de
desenvolvimento da identidade: a escolha de quem são e de quem querem ser na
comunidade está presente nas suas decisões relativamente à produção online.

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Páginas e blogues pessoais

Embora os jovens participem numa variedade de géneros de auto-publicação on-


line, este capítulo incide exclusivamente sobre as suas experiências pessoais com
páginas pessoais. As páginas pessoais utilizam geralmente vários recursos de
multimédia: texto, imagem, som e mecanismos de questionários, exigindo por
parte dos leitores uma resposta, tais como livro de visitas e mecanismo de
contagem das visitas. Os blogs diferem das páginas pessoais pelo facto de as
entradas serem ordenadas e datadas de forma sequencial.

De referir que as páginas e os blogues pessoais, têm um objectivo em comum, a


intenção de chegar ao leitor e terem como tema o próprio autor. O conteúdo destes
recursos resultam dos tradicionais diários, no entanto, diferem deles pelo carácter
dinâmico, permitindo alterações e actualizações constantes.

Os social networking sites (SNS) têm vindo a substituir as páginas e blogs pessoais
pelo simples facto de permitirem aos jovens a possibilidade de criarem redes
sociais. Estes sites tem caracaterísticas muito específicas que serão analisados
noutro capítulo. No entanto, as considerações que forem feitas para as
páginas/blogs pessoais aplicam-se-lhes também.

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Ouvir os jovens autores

De forma a compreendermos as experiências dos jovens, temos de ver para além


dos blogues ou páginas pessoais que eles constroem e centrarmo-nos também nas
práticas de criação e manutenção destes trabalhos online. Este enfoque nas
actividades dos jovens não é consensual, nomeadamente para aqueles que
consideram que essas actividades são influenciadas pelos sistemas sociais. Neste
trabalho, o enfoque é colocado sobre as perspectivas dos jovens autores. Não são
ignoradas as tentativas de os jovens entrevistados influenciarem a forma como
apresento as suas experiências nesta pesquisa. Começa-se pela procura do porquê
da construção de blogues e páginas pessoais pelos jovens. São tidas em conta
questões como: benefícios para os próprios, da manutenção de sites; reflexão
sobre o próprio e auto-crítica; para quem destina o site; factores que influenciam
as escolhas; riscos e compensações do feedback da audiência, e consequências no
trabalho dos próprios.

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"Fez com que o meu cérebro se sentisse feliz": Porque os jovens criam
páginas pessoais.

Os jovens criam sites e blogues, em primeiro lugar, por curiosidade quanto às


implicações de ser autor. Depois, surgem as questões da procura de desafios
tecnológicos. Finalmente, surge a ansiedade de marcar presença online. Os jovens
sabem de outros sites por acaso, através dos amigos, pelos media, pela família ou
pelos professores. A curiosidade leva-os a aprender fazendo. Iniciam por
curiosidade, porque querem aprender a linguagem HTML, como parte da realização
de um trabalho escolar ou porque os amigos também o fazem. Há um prazer
inesperado quanto se exprimem online. Uns continuam, outros saem por sentirem
que captaram o essencial, deixando os sites incompletos. Apesar de não ser
necessário o domínio da linguagem HTML, dada a existência de inúmeros recursos
pré-formatados, muitos jovens preferem dominar técnicas e mostrar excelência
nesse domínio para aumentar o sentimento de auto-estima, mais do que para
adquirirem competências para o futuro.

A expressão "presença online", importante para empresas, pois define a eficácia


nos negócios, também é utilizada por jovens. Para alguns, só se é alguém quando
se tem uma página na Internet. Este sentimento é usado por empresas que

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procuram dominar este nicho de mercado. Algumas empresas de software apelam à
capacidade criativa dos jovens, mas limitam essa criatividade disponibilizando
recursos limitados. Os sites de redes sociais promovem também a revelação de
dados pessoais (idade, nome, preferências, contactos), muito embora isso ser
experienciado como "personalizado" ou "expressão das próprias ideias e
sentimentos". A criação de páginas pessoais e blogues são vistas como um meio de
auto-promoção, à semelhança do que acontece com figuras públicas (cantores,
actores, entertainers famosos). Trata-se de uma tendência que valoriza a
publicidade como um fim em si mesma e, mais do que copiar os famosos, valoriza o
"tornar-se conhecido" e a "auto-promoção".

"Expondo tudo": Expressão online para auto-reflexão, catarse e auto-


documentação
Enquanto que os adultos tendem a pensar primeiro na utilidade de se exprimirem
online antes de construírem um site, os jovens tendem a construir primeiro e a
ponderar depois sobre a utilidade dessa expressão. Os jovens apreciam a
imprevisibilidade dos benefícios. Os jovens que mantêm os sites durante mais

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tempo experienciam a sua utilidade na sua capacidade de reflexão e no crescimento
pessoal. Neste sentido são comparáveis com as características dos diários pessoais.
São formas de procurar e construir a própria identidade, conhecer o seu lugar nos
seus ambientes sociais, revelar as suas opiniões pessoais, questionar verdades
"tidas como inquestionáveis". Estes são os aspectos mais importantes da expressão
online.

A auto-reflexão é, talvez, a recompensa mais referida pelos jovens. Os jovens


constroem e confrontam-se com os seus próprios pensamentos, com as suas
identidades reais e ideais. Esta é uma capacidade própria do seu estado de
desenvolvimento. À medida que se aproximam da idade adulta, preocupam-se mais
com o futuro e com questões políticas e religiosas.

O facto de terem uma página pessoal obriga os jovens a terem um sentido de


obrigação (manter e actualizar as páginas) e permite que façam uma reflexão
constante sobre as respectivas identidades. Também há jovens que não mantêm as
páginas por ser um "fardo". Muitos jovens criadores sentem-se melhor depois de
exprimirem as suas opiniões, sentimentos e frustrações, online. Para esses, é uma
experiência catártica e terapêutica. Há também a possibilidade de colocarem
imagens, fotos, músicas preferidas ou outros ícones culturais que simbolizam a sua

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ligação a determinadas subculturas ou estilos de vida , revelando preocupações
culturais. São registos do presente para o futuro, no sentido que mantêm
documentado o seu crescimento para mais tarde ser observado em perspectiva.
Este comportamento reflecte a consciência que os jovens têm no seu próprio
crescimento e nas suas múltiplas transformações. É a escrita da própria identidade
e a satisfação, actual e antecipada, que jovens tiram da registarem as suas vidas.

“A minha página é para mim”: Conceptualizando a audiência


Muitos dos jovens entrevistados, demonstraram plena consciência da sua
audiência, sejam pessoas conhecidas ou desconhecidas, amigas ou indesejadas.
Mas apesar de reconhecerem que, virtualmente qualquer pessoa com acesso à
internet pode aceder aos seus sites pessoais, a maioria dos adolescentes, não
consegue perceber porquê, um estranho poderá ter interesse nisso (salvo quando
se trata de perseguidores e/ou pedófilos).

Normalmente, estes jovens autores têm na sua ideia como audiência, pessoas que
eles sabem que normalmente visitam os seus sites e outros, tais como os amigos
online, colegas da escola, pessoas com interesses ou estilos de vida similares (e.g.
música, orientação sexual, etc.), pais, professores, familiares ou qualquer

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combinação entre estes. Em linhas gerais, estas pessoas compreendem um grupo
de outros similares, de quem os adolescentes pretendem apreender algo para
transferirem a eles próprios.

Alguns jovens promovem deliberadamente os seus sites pessoais, transmitindo


directamente aos outros, publicando o seu endereço nos perfis online, nas
assinaturas dos emails, etc. É também claro que, a maioria deles não informa a
todos os que conhecem, porque muitos deles evitam referir a membros da família,
especialmente pais, pessoas que não gostam, e pessoas que sabem logo à partida,
que iriam desaprovar esta forma de expressão online.

Há ainda outros jovens que, ao invés de informarem aos outros sobre os seus sites,
preferem esperar que estes sejam descobertos ou em alternativa, querem ter
liberdade de expressão, sem medo de repercussões. Estes jovens defendem que,
desta forma o visitante ao aceder ao seu site, está a fazê-lo de forma autêntica e
verdadeira, porque chegou lá por acaso.

É importante realçar que, quase todos os jovens se identificaram com o público-


alvo, levando a assumir que os seus trabalhos são auto-dirigidos. Ao mesmo
tempo, pode-se assumir que esta insistência na auto-direcção deve-se não só a
uma demonstração de modéstia, mas também à preocupação e receio do que os

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outros poderão pensar deles.

Na verdade, embora muitos jovens cheguem à conclusão que dão pouca atenção às
suas audiências naquilo que decidem publicar online, quando pressionados, eles
geralmente revelam plena consciência de como os seus sites pessoais – e por
extensão, eles próprios – podem ser percebidos pelos seus visitantes online.

“Um Eu Agradável e Brilhante”: Apresentando-se Online

Os jovens demonstram ter consciência de como projectam o seu "Eu" nas


apresentações online do seu Self.

A estratégia e a intencionalidade por detrás da auto-apresentação são evidentes


nos contextos online, porque o jovem apresenta-se de forma mais consciente, uma
vez que possui mais controle sobre as impressões que transmite, sobre as decisões
do que irá revelar, omitir, etc., tendo o monitor do PC a separá-lo do outro. Sente-
se mais desinibido e à vontade, estando no seu quarto ou qualquer outro espaço
pessoal.

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Embora os jovens possam ver-se como únicos e aos seus trabalhos como originais,
as escolhas que eles fazem acerca de como se apresentam online, continuam
condicionadas por uma sociedade em que se depende fortemente da aceitação dos
outros. Assim, as apresentações que fazem de si nos seus sites pessoais devem ser
vistas como construções e não como espelhos emergentes do seu Self.

A apresentação de si próprios num contexto online proporciona-lhes a possibilidade


de apresentarem o tipo de identidade ou auto-imagem que sentem não poder
apresentar noutros espaços. Por exemplo, as jovens do sexo feminino abordam
tabus ou outros tópicos, tais como a depressão, a auto-mutilação, e o desejo sexual
pelo mesmo sexo. Os jovens do sexo masculino às vezes partilham música,
publicam imagens, e divulgam preocupações que abrangem a homossexualidade,
violência, medo e rejeição. Os adolescentes de ambos os sexos lamentam a sua
incapacidade de abordar esses tipos de problemas nas suas conversas de dia-a-dia
com os amigos e família, por medo de represálias sociais e parentais, e, devido à
sua idade e capacidade limitada para viajar livremente. Eles raramente podem
encontrar lugares físicos onde se possam encontrar com outras pessoas e onde seja
possível e seguro discutir sobre estes temas.

Pode-se assim entender que na utilização dos seus sites pessoais, os jovens podem

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explorar formas de apresentar ao público/audiência outras “versões” de si mesmo,
que noutros contextos poderiam ser reprimidas. Especialmente durante a
adolescência, quando as ramificações sociais do discurso e o comportamento
simbólico pode ser critico na maioria do espaços offline. O contexto online
proporciona uma oportunidade, relativamente segura, de os jovens
“experimentarem e sentirem” diferentes auto-representações, proporcionando-lhes
como que uma espécie de espaços protegidos, para uma adaptação ao real do Self
idealizado de vários modos.

Autoria Online e Validação Social

Uma das principais razões pelas quais os jovens se preocupam tanto com a
autenticidade nas suas auto-apresentações nos sites pessoais, é porque, em última
análise, eles procuram validação social da sua audiência. Assim, se a sua auto-
apresentação não fôr autêntica, o feedback dos visitantes do site torna-se
irrelevante, se não mesmo insignificante. O desejo de feedback significativo é
particularmente importante durante a adolescência, quando os indivíduos anseiam

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pela aceitação social e auto-aceitação. Aceitação social é muito desejada dado que
os adolescentes frequentemente se vêem e se avaliam, consoante são vistos e
avaliados pelos pares. A aceitação dos pares começa a ter mais importância do que
nunca, torna-se cada vez mais premonitória do seu senso de auto-estima. As
preocupações dos adolescentes com a sua auto-aceitação são uma motivação que
os leva a procurar obter feedback que os tranquilize, que os assegure de que não
estão sozinhos nos seus pensamentos, sentimentos e experiências. Este tipo de
validação diminui o medo de ser diferente ou esquisito, assim não é surpreendente
que receber feedback público seja o objectivo primordial, destes jovens autores ao
publicar um site pessoal na Internet.

Na sua busca de validação, os jovens autores solicitam abertamente comentários


através do livro de hóspedes, caixas de comentário, inquéritos aos utilizadores,
contadores e pedidos de e-mail ou MI. No entanto eles preferem receber feedback
qualitativo do que quantitativo, e não surpreendentemente, os comentários que
estes jovens autores valoriam acima de tudo são aqueles que indicam empatia e
identificação.

Com efeito, a sensação de conexão e de validação é o que impele muitos jovens


autores a partilhar tanto de si em espaços online. A potencial recompensa de ser

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elogiado por desconhecidos é incontornável, especialmente nos casos em que os
jovens compartilham informações pessoais que escondem offline. Essa exposição e
consequente vulnerabilidade torna os anseios de feedback da audiência
especialmente forte. Em contrapartida, raramente sugerem que os seus
comentários, arte ou visão sobre a Internet seja uma forma de contribuir para o
bem maior quer social, político ou artístico. Pelo contrário, as suas ofertas são em
grande parte dirigidas a audiências, a fim de solicitar feedback sobre a conveniência
ou o valor das suas próprias experiências, ideias e estilos de vida. Estes
comentários, tanto offline como online, são cruciais para a realização da sua
identidade. Eles também tentam forçar o feedback através do atendimento ao seu
público da mesma forma que os produtores de media, implementam molduras e
botões que permitam uma navegação mais fácil, ajustam esquemas de cores para
facilitar a leitura. Também incluem imagens e referências a temas sensacionais,
celebridades, e eventos sociais. Ao apropriarem-se de músicas e imagens e
incorporarem ligações para sites de venda a retalho e de meios de comunicação
locais, mostram que a cultura de consumo fornece ferramentas acessíveis e
atraentes, não só para a auto-apresentação mas também para entreter sua
audiência. Tentam manter conteúdo novo e fresco, a fim fidelizar audiências

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considerando actualizações frequentes um sinal de uma boa página ou blog,
deliberam ainda quanto conteúdo é demasiado, ou insuficiente. Tomam inúmeras
medidas para aumentar a probabilidade de resposta dos visitantes do seu site. A
sua seriedade nesta matéria demonstra a importância da validação pelos outros no
processo de formação e desenvolvimento de identidade.

Auto-Realização através Expressão Online

Além da simples confirmação de que foram ouvidos e valorizados, pelos visitantes


do site, os comentários também podem ser poderosos instigadores para mudar o
modo como jovens autores pensam de si próprios e, em alguns casos, o modo
como eles se comportam em espaços offline. Por exemplo, reacções positivas
público poderam solicitar um reflexo da auto-apresentação em modo offline.
Compartilhar sentimentos online, permite-lhes aceitarem-se a si próprios como
nunca poderiam antes, e instiga-os a mostrar a sua vulnerabilidade na vida "real".

Outros jovens têm descrito a situação oposta, em que a sua auto-apresentação foi
tão mal recebida online que decidiram mudar alguns aspectos de si mesmos em
suas vidas offline. Naturalmente, não se pode simplesmente alterar determinados

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aspectos da vida real, tal como sexo ou raça, em reacção ao feedback da audiência
online. Não obstante, os jovens autores tendem a reformular a sua auto-imagem e
auto-apresentação, em parte devido a reacções às suas apresentações online.

Os riscos e decepções da Expressão Online

Mas simplesmente porque os jovens autores procuram validação junto do seu


público não garante que vão recebê-la. Para a maioria dos jovens autores, a sua
maior frustração com sites pessoais é a falta de comentários, a falta de feedback é
particularmente desanimador para quem revela o que considera ser informações
muito íntimas, bem como aqueles que se empenham na aparência da sua página
inicial ou na linguagem do blog. Há ainda jovens autores que não estão satisfeitos
com o feedback que recebem, estão frustrados com os visitantes do site que os
castigam pelo conteúdo dos seus sites pessoais. Esta tendência deriva da maior
parte dos autores visualizar os sites como os seus próprios espaços privados,
apesar de existirem dentro de um fórum público. Embora haja o desejo de feedback
dos outros, há também o desejo de respeito, comentários negativos fazem-se

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sentir quase como invasões de privacidade. Existem ainda situações em que as
auto-apresentações online forma interpretadas literalmente ou demasiado
restritiva.

Self e do site em processo

Felizmente, os jovens autores tomam grande consolo no conhecimento que as suas


páginas pessoais e blogs não são entidades estáticas. Eles apreciam a sua
capacidade para actualizar, rever, apagar ou alterar os seus sites por qualquer
razão, em qualquer instante. As relações que os jovens autores partilham com os
seus documentos vivos é complexa e, assim, constantemente em evolução.
Visualizações de si próprios como incompletas e em evolução são comumente
manifestadas entre os jovens autores. A oportunidade de uma revisão do site como
uma revisão de uma auto-concepção, portanto, é atraente, especialmente desde
que tais alterações não são apenas previsíveis, mas com frequentemente
desejadas.

Conclusão

Texto 2:  Produzindo sites, explorando identidades: autoria juvenil online    
As páginas pessoais dos jovens adolescentes são frequentemente analisadas pelo
seu aspecto e a partir deste são feitos juízos avaliativos frequentemente
desproporcionados. Um cenário mais complexo surge quando verificamos as causas
dessa manifestação e expressão online. Os jovens usam as páginas pessoais para
experimentar formas de estar na sua cultura, preocupando-se com a sua imagem
perante si próprios e perante os outros. Esta é uma forma de construírem a sua
própria identidade, onde existe uma coexistência entre a identidade pública e a
privada, num jogo de representação onde as avaliações internas e externas
contribuem para uma construção do "eu", menos arriscada e mais significativa do
que em outros ambientes. Na adolescência, que é uma fase de transição da
protecção da infância para a procura de um lugar no mundo (onde as emoções são
vividas mais intensamente), alguns autores consideram que as páginas pessoais
são meios estáveis para o desenvolvimento de um processo de construção da
identidade. De alguma forma, a construção e manutenção de páginas pessoais têm
a mesma função que o consumo dos media tradicionais (ex. música): contribui para
a identificação com a cultura jovem e para a ligação a uma rede de jovens que
partilham os mesmos interesses e valores. Verifica-se que os jovens utilizam, nas
páginas pessoais, símbolos da sua cultura com os quais se identificam. Ouvir

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música também é uma forma de construção de identidade, pela qual os jovens
experienciam estados de espírito ou representam identidades alternativas.

Podemos também verificar nos sites pessoais potencialidades enquanto meio de


aprendizagem informal no que toca ao desenvolvimento da identidade dos jovens.
Os jovens ao pensarem quando e o que é que irão transpor sobre si para o universo
online, são “forçados” a reflectir sobre quem são, como desejam ser visto pelos
outros, e que para tal qual o tipo de auto-declarações que irão disponibilizar no seu
site pessoal. Esta exigência pressupõe uma introspecção e análise aprofundada de
como o Self apresentado corresponde ao Self que prevêem ser.

Por vezes o que é publicado nas suas páginas pessoais não é bem entendido ou
recebido pelo público, levando a que os jovens considerem que as mensagens
podem ser entendidas de diferentes formas em diferentes contextos, e que para tal
deverão ter o cuidado de dar significado ao que é publicado nas suas páginas.
Nesta espera e apelo de feedback do público, eles aprendem como negociar uma
cultura de auto-imagem. Este é um factor muito importante, porque cada vez são
menos os espaços físicos em que os jovens podem expor os seus sentimentos e
angústias e são cada vez mais os espaços dominados pelas novas tecnologias.
Ao ouvir o que os jovens têm a dizer acerca das suas experiências culturais indica-

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nos uma valiosa perspectiva enquanto nos esforçamos para compreender o impacto
e evolução que o papel das novas tecnologias têm nos jovens de hoje em dia. 

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