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Da minha janela contemplo Coimbra e já sinto todo esse Natal que vai no ar.

No meu
interior pergunto-me:
Haveria Natal sem ruas e montras iluminadas?
Haveria Natal sem melodiosas canções escutadas?
Haveria Natal sem lareiras acesas e árvores enfeitadas?
Haveria Natal sem postais e prendas partilhadas?
Haveria Natal sem frio e crianças agasalhadas?
Haveria Natal sem consoadas e mesas preparadas?
Haveria Natal sem correrias a lojas encantadas?
Haveria Natal...
Perguntas às quais respondo com segurança: Sim, haveria Natal. Melhor, há mais Natal.
No Ocidente o Natal está hoje ligado a muitíssimos aspectos exteriores a nós. A palavra
“Natal” é mágica e a nossa sociedade consumista, usa e abusa dela. A festa do consumo
começa-se a preparar desde os meados de Outubro, ou mesmo antes. A decoração das
ruas, os anúncios publicitários, as cores, as canções... fazem-nos progressivamente
entrar numa dinâmica natalícia. Preparam-se as prendas a trocar, as ceias de Natal a
promover, os gestos de solidariedade a partilhar. Para na noite de Natal tudo estar
preparado. Tudo isso parece desviar as nossas atenções do essencial. Mas o essencial
encontra-se no misterioso e maravilhoso ambiente de humanidade que existe bem para
lá das coisas do Natal.
O essencial, o segredo do Natal talvez esteja, hoje, num cantinho da nossa casa. Pode
mesmo ser considerado mais uma “coisa bonita”, que ajuda a criar o ambiente. Pintado
de todas as cores, ornado com todos os enfeites, iluminado ... Louvado seja o esforço e a
criatividade dos artistas, mas mais que romântica deve ter sido fria aquela noite de
Belém: “Já não havia lugar para eles”. Fria, certamente, se olhar-mos a simplicidade do
“berço” e do local. Naquela noite, porém, uma nova aliança é feita com a humanidade.
Deus faz-se um de nós e, desde o nascimento, faz causa comum com os mais
marginalizados. São os pastores na sua pobreza e simplicidade que se apercebem da
novidade daquela noite e foram festejar a “Nova Aliança” com Maria e José. Aquela
noite fria transforma-se na noite da nova humanidade. O presépio é vida, é a
humanidade reunida.
O Natal tem esta vida que é um mistério, que é divino. O Natal provoca-nos, por isso,
desde o interior sentimentos de ternura, de alegria, de paz e amizade. Sonhamos com
um mundo novo, gostamos de nos saudar com um sorriso e nos lábios um: “Feliz
Natal”. Como jovens mergulhados nesta nossa sociedade, deixamo-nos, certamente,
encantar pelo Natal das coisas, porém, acreditamos profundamente no Natal das
pessoas:
- das pessoas que correm sem rumo á procura de amor, de carinho, de amizade e... só
encontram coisas.
- das pessoas que á beira da rua estendem as mãos á espera de algo do passante e... só
encontram esmolas.
- das pessoas idosas que nos seus apartamentos esperam a visita de um filho e... só
recebem prendas.
- das pessoas: crianças, jovens e adultos que algures no nosso mundo celebram o Natal
famintos de pão, de paz, de amor e... continuam á espera dos nossos gestos de
solidariedade. É esse o Natal que nos seduz.
O Natal das pessoas, da humanidade de mãos dadas é o sonho do homem-Deus, de
Jesus de Nazaré. É o sonho que todos nós partilhamos e anunciamos com as nossas
vidas. Muitos missionários vão mais uma vez viver este Natal entre os mais pobres
deste mundo. Vão ser ponte, mãos abertas para dar a receber, para que ao menos uma
vez, ninguém fique a perder. Vão percorrer caminhos ao encontro de pessoas que
acreditam e sonham um Natal mais digno. Vão com eles partilhar esta festa: Celebrar a
Eucaristia da meia-noite, sem pressa, é a noite de Natal: “há que cantar, dançar e festejar
a vinda do Senhor”. No fim, talvez partilhar algo com o povo e continuar a sonhar que
para o ano haverá mais Natal: “em vida, menos pobreza, com um pouco mais de paz”.
E, enfim, guardar este Natal no coração para mais tarde recordar... quem sabe desde
uma janela da nossa casa de Coimbra.

Pe Leonel Claro

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