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A
s interfaces complexas vão se caracterizar como setores da
cidade ou região onde articulam-se de maneira “colisiva”
grandes infra-estruturas, equipamentos e instituições,
mesclando escalas de apropriação e um rol diversificado na
estruturação das cidades. Esta justaposição permite caracterizar áreas
que apresentam uma configuração diferenciada no tecido urbano,
adaptadas a um leque amplo de funções, e geradoras de imagem e
estrutura, consideravelmente resistente às abordagens normativas.
ATUAR SOBRE AS
INTERFACES DE
CENTRALIDADE URBANA
1
Retomando os atributos da cidade sustentável, referidos por Pesci (1995)
2
Referindo, uma vez mais, a noção desenvolvida por Christopher Alexander em A cIty is Not a Tree (1988).
2
Atuar sobre Interfaces Complexas 3
Articular e
Como ponto de partida, é preciso “aprender” da estrutura de centralidade existente ou
hierarquizar potencial da cidade que se está investigando, reconhecendo as tendências de
o sistema de concentração de determinadas atividades e suas relações em termos de maior ou
multifocalidade menor conveniência locacional, bem como sua interatividade com outros usos e seu
e suas conexões
potencial de atratividade urbana.
Por outro lado, outras centralidades devem ser levadas em conta. A idéia de bairro,
5
como “parte” da cidade com razoável autonomia e imagem coletiva reconhecível ,
pressupõe a existência de um espaço central, equipado pelo menos para as
facilidades cotidianas e que funcione, perceptivamente, como “sala de visitas”: o lugar
onde se chega no bairro, onde se encontra as pessoas, e a partir do qual os visitantes
se orientam e os moradores controlam o que acontece em seu território.
Ainda vale destacar o papel das conexões entre as distintas centralidades, no sentido
de estabelecer efetivamente uma estrutura multifocal baseada em pólos de interesse
diferenciados em termos de hierarquia e função (portanto com diferentes centros
ofertando interfaces com capacidade distinta de atração), reforçando a idéia da
cidade como semigrelha, cujos nós estão interrelacionados.
(Re)definir
Daos mesma forma, pensar a centralidade urbana em termos de rede de espaços abertos ajuda
principais
espaços abertos
a compreender as formas de apropriação social do espaço para que se possa atuar,
e suas relações através de projetos específicos, na qualificação das interfaces de interação aberta,
gratuita e não formalizada: ruas, praças, jardins públicos, parques, áreas de praia,
campos de jogos, etc.
3
Ver capítulo I.
4
Fundación CEPA (1987:8), conforme o citado no capítulo II
5
Como em Lynch (1982:78). Ver também Andrade (1993a:92-111).
6
Vale citar, a título de exemplo, entre outros Prinz (1984), Lynch (1972 ), Ferrari (1982), etc.
3
Atuar sobre Interfaces Complexas 4
O uso que as pessoas fazem dos espaços abertos de utilização pública vincula-se
estreitamente com a forma através da qual elas percebem o ambiente e com as
práticas culturalmente arraigadas à vida cotidiana. Por isso mesmo, generalizações
em termos de, por exemplo, cotas de área verde por habitante, nem sempre
significam qualidade ambiental. O que é aspirado pelos cidadãos de uma certa
cidade, não é necessariamente o mesmo desejado pelos moradores de outra. Para
os habitantes de uma área com altas densidades residenciais, vivendo em
apartamentos e com poucas opções públicas de lazer, a importância dada à praça do
bairro certamente será diferente daquela percebida pelos moradores de um setor
residencial espraiado, com casas unifamiliares e vastos quintais.
Tomando esta perspectiva, a discussão recai mais especificamente sobre quais são os
8
instrumentos de regulamentação urbanística capazes de potencializar a construção
de um ambiente urbano sobre o qual incidem diferentes interesses e formas de atuar
(o poder público e as ações institucionais, os grandes agentes imobiliários, os
incrementos individuais ou de pequenos grupos, etc.), no sentido de garantir uma
determinada configuração urbana tecnicamente adequada. e social e culturalmente
reconhecida.
Uma vez mais, o projeto ambiental deverá buscar “aprender” do contexto, com o objetivo de identificar
a arquitetura do território (Castello,1986): os aspectos culturais da forma urbana, as
tecnologias usuais e economicamente adequadas, as soluções arquitetônicas típicas
7
A crítica ao espaço público moderno é bastante recorrente e já foi apontada no capítulo II. No entanto vale conhecer com
mais detalhe o pensamento de Jane Jacobs (1992), que com o livro The Death and Life of Great American Cities (publicado
originalmente em 1961) tornou-se talvez a primeira e mais lúcida voz a se levantar sobre a questão.
8
A questão específica dos instrumentos de controle e regulamentação urbanística será abordada com maior profundidade no
capítulo VI.
4
Atuar sobre Interfaces Complexas 5
Entre outros
Promover a aspectos relevantes na abordagem de Castello, vale refletir sobre o sentido da
9
valorização expressão patrimônio cultural . Evidentemente, ao se raciocinar em função de uma
do cultura urbana local, o contexto da investigação-ação será o principal determinante
patrimônio para que se possa identificar o que a população destaca, através da sua percepção e
cultural
da sua relação cotidiana com o espaço da cidade, como elementos patrimonialmente
significativos.
Deve-se ter em mente que não apenas edifícios excepcionais, monumentos ou praças significam a
cultura e a história do lugar. O ambiente (e os valores que as pessoas atribuem ao
seu ambiente) é bem mais que uma coleção estática de construções. Neste sentido, é
importante não perder de vista as múltiplas relações mediadas pela percepção,
fruição e apropriação social do espaço. A continuidade de volumes e alinhamentos, a
repetição de determinados motivos ornamentais, as relações entre o lote, o edifício e
a rua, são, por exemplo, alguns aspectos a considerar quando se procura identificar o
que é patrimônio cultural tangível em um dado contexto urbano.
Por outro lado, nem tudo o que é patrimônio se revela através do espaço construído. Existe, e está
arraigado na cultura subjetiva da população, um patrimônio cultural intangível que
remete às origens, ao desenvolvimento e à história social da cidade: os costumes
ancestrais, os hábitos sociais e familiares, os episódios memoráveis, as festas
populares, as expressões da língua, as receitas da culinária caseira, etc. são parte de
um universo cultural próprio que deve-se buscar preservar e desenvolver.
Garantir Um último ponto relacionado à pauta básica que se quer discutir nesta seção, diz
acessibilidade
ao uso dos respeito à relação fundamental entre centralidade e acessibilidade urbana. Não se
espaços pode pensar em uma dinâmica de centralidade se a estrutura sócio-espacial urbana
e equipamentos não garante um acesso franco à apropriação dos espaços e atividades ofertadas pela
centrais maneira de viver na cidade.
Quadro Matriz de
EQUIPAMENTOS URBANOS COMPATIBILIDADES
Escalas de apropriação Articulação prioritária Interação Cotidiano C
produção agente público complementaridade entre as urbano U
desejável
produção agente privado compatibilidade possível escalas metropolitan R
o
situações espaciais indiferente
incompatibilidade
9
Sobre a definição de patrimônio cultural e suas diferentes manifestações tangíveis e intangíveis, ver Fundación CEPA (1989).
Para uma abordagem metodológica contextualizada e articulada a técnicas de percepção ambiental ver Castello et Al (1995).
10
Neste sentido, cabe retomar a abordagem de Kevin Lynch, no que se refere aos elemento da estrutura visual da cidade e as
categorias de rendimento da forma urbana extremamente útil para a definição de critérios de projeto de espaços centrais. Ver
Lynch (1982,1985), respectivamente, e as referências feitas no Documento II.
11
Carlos Nelson dos Santos (1985), em A Cidade como um Jogo de Cartas, apresenta uma série de recomendações quanto
ao projeto de equipamentos e serviços urbanos. Ver especialmente o capítulo “equipamentos urbanos”, pp. 157-162.
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Atuar sobre Interfaces Complexas 7
Para compreender o alcance das ações projetuais sobre este sistema, o projetista
ambiental deve levar em conta que ”(…) uma das chaves do funcionamento da
sociedade complexa é a circulação das pessoas e, principalmente, do que produzem,
seja no interior da uma mesma cidade, seja de uma cidade para outra, seja do meio
rural para as cidades” (IBAM,1982:7). Compreender como funciona o sistema
circulatório da cidade é, portanto, fundamental no processo de projetação, pois se
está atuando em um âmbito decisor do qual depende o funcionamento e a articulação
de todo o sistema urbano.
Além disso, se pode completar o sistema com vias especiais para uso exclusivo, por
exemplo, de ônibus, caminhões, pedestres, bicicletas, etc.; pontos de transbordo,
paradas e terminais de transporte público e estações multimodais (que articulam
diferentes modos de transportes: rodoviário, ferroviário, hidroviário, por exemplo),
áreas de estacionamento para veículos de diferentes tipos, etc., que são
equipamentos de suporte ao sistema de fluxos urbanos.
12
Fundación CEPA (1987:8)
13
Baseando-se na publicação “O que é preciso saber sobre Sistema Viário” (IBAM,1982), e complementando com a análise de
Ecleta, elaborada no Documento III.
7
Atuar sobre Interfaces Complexas 8
f destacar ruas, edifícios e espaços livres como as partes de uma cidade ou região,
Ao
o autores estão fazendo a opção em abordar o conceito de estrutura desde a forma
os
r
dos elementos urbanos que constituem - que dão materialidade - a cidade tangível.
m
a mesmo tempo, destacam a relação entre as atividades humanas e seus reflexos
Ao
sobre o espaço, como um processo essencialmente dinâmico.
d
e
Lynch e Rodwin (1990; publicado originalmente em 1958), a sua vez, trabalham
pioneiramente
s esta relação dinâmica em termos do ambiente físico configurado a
partir
e do sistema de fluxos e da distribuição de espaços adaptados, no sentido da
15
descrição
u da forma da cidade .
s
Estrutura De
e uma maneira geral, os estudos que debruçam-se sobre a forma das cidades, ou
e morfologia seja,
l sobre sua estrutura morfológica, apoiam-se em uma catalogação de partes que
urbana
vão
e do lote e do edifício (e sua agregação em quarteirões) até a cidade como um
m
todo, passando por distintas escalas de articulação e interdependência sistêmica
e
(Lamas,1993;
n Santos,1985, por exemplo). No caso específico do estudo de interfaces
de
t acessibilidade, a rua se define como um elemento articulador à escala
intermediária
o entre o espaço de apropriação privada que acontece no interior dos
s
quarteirões e dos edifícios e a rede de espaços abertos de apropriação público.
Sistema viário Assim, o sistema viário - entendido como a parte da estrutura urbana a qual estão
como subordinados os deslocamentos e a circulação de pessoas e bens - passa a ter uma
componente da importância protagônica para a compreensão dos fluxos urbanos e a configuração de
estrutura
interfaces em distintas escalas.
A rua como Neste sentido, a experiência de viver na cidade ensina, a cada indivíduo, quais os
espaço público: múltiplos papéis que as ruas assumem como locus da vida cotidiana. Todos sabem
diversidade que, além de permitir deslocar-se ou circular pela cidade, nas ruas acontecem
funcional,
morfológica e
encontros e trocas entre pessoas e grupos, e que o “desenho” das ruas de uma
perceptiva cidade afeta, em grande medida, a orientação espacial e o sentido próprio de cada
lugar. A rua é pois, mais do que canal, espaço público que se adapta aos diferentes
usos e aos significados particulares que as práticas sócio-espaciais (e também o
planejamento urbano) lhes conferem, variando de escala e configuração, para
suportar estes variados papéis (Lynch,1985; Certeau,1985; Krier,1985, por exemplo).
14
Tradução livre do autor, a partir do original em espanhol. As demais citações, no caso de publicação em língua estrangeira,
seguem o mesmo procedimento.
15
Curiosamente, para construir esta pioneira abordagem sobre sistemas urbanas, a maneira de Ecleta, Lynch e Rodwin se
valem de um “assentamento imaginário”, que os autores chamam de Pone (1990:363-365).
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Atuar sobre Interfaces Complexas 9
O que fica claro afinal (e que é algo tão óbvio que termina quase sempre passando
desapercebido), é que a rua - as distintas formas que esta assume na cidade - não é
um elemento bidimensional traçado sobre um mapa ou que se restringe
funcionalmente a atender as circulações urbanas, mas que se configura
tridimensionalmente, através de formas e volumes variados, de reentrâncias,
alargamentos, planos de fachada alinhados ou não, alturas constantes ou
diferenciadas das edificações que a compõem, detalhes e ritmos arquitetônicos,
abrigando toda a sorte de práticas sociais, como espaço público por excelência, do
comércio ou dos encontros entre as pessoas, à celebração, festa ou protesto, como
manifestações coletivas da sociedade.
O projeto da rua: Quando Stephen Carr (1978) divertidamente refere-se ao fato de que “…sabemos
esboço de um todos muito bem que os planejadores são seres humanos mas acontece também,
método que todos os seres humanos são planejadores” (Carr,1978:19), talvez se possa
pensar que, nesta imensa diversidade que, em larga medida, torna única cada
cidade, talvez resida boa parte de uma qualidade ambiental que se traduz na relação
entre o espaço urbano e a experiência humana. E que aprender das ruas, avenidas,
alamedas e becos, constitui-se em método para o projeto ambiental da cidade.
16
Esta interpretação é tomada de uma série de notas de aula do professor arquiteto Carlos Eduardo Comas, durante o I Curso
de Especialização em Desenho Urbano, promovido pelo PROPUR/UFRGS e PROPAR/UFRGS, em 1984/1985. Para Comas a
rua é “uma coleção de lugares que formam um caminho”.
17
Adaptado de ANDRADE, L. M. V. (1987). Roteiro sobre Ruas, paper elaborado para discussão no II Taller Latinoamericano
de Diseño Ambiental, não publicado; ANDRADE, L. M. V. (1988). A Cidade como Manuscrito Inacabado, paper elaborado para
a disciplina Estrutura Urbana (Mestrado em Planejamento Urbano e Regional - PROPUR-UFRGS), posteriormente adaptado ao
uso didático da disciplina ARQ 02.213 - Morfologia e Infra-estrutura Urbana (Depto de Urbanismo, FAU-UFRGS).
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Atuar sobre Interfaces Complexas 10
volumes escavados
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Trama como Assim, a trama de ruas e edificações pode ser compreendida, nas múltiplas formas
18
geradora que esta relação pode vir a assumir, como fator gerador da estrutura urbana.
da estrutura
urbana Levando-se a relação espaço privado construído x espaço público circulatório à
escala do bairro ou da cidade, o que se percebe é o traçado urbano caracterizado por
uma maior ou menor regularidade, conforme o caso.
12
Atuar sobre Interfaces Complexas 13
Por outro lado, cidades projetadas ou planejadas desde a sua origem, geralmente
configuram padrões regulares (mais ou menos complexos, o que depende de muitos
fatores).
19
Sobre ideologia projetual, ver Andrade (1993a).
20
Conforme a inspirada definição do prof. arquiteto Carlos Eduardo Comas. Notas de aula do autor, durante o I Curso de
Especialização em Desenho urbano (PRUPUR/UFRGS e PROPAR/UFRGS, 1984-85).
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Atuar sobre Interfaces Complexas 14
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Atuar sobre Interfaces Complexas 15
Em certa medida, Brasília (Lúcio Costa,1957) incorpora o conceito linear, o que pode
ser visualizado pela importância dos grandes eixos de acessibilidade - o eixo
monumental e o eixo rodoviário norte-sul.
Mesmo que se considere, hoje, o esquema linear, como ingênuo em sua simplificação
das relações sócio-espaciais e sua fé cega nas novas tecnologias de transporte, o
modelo, adaptado às condições concretas de urbanização, sobrevive hibridizado nas
tramas regionais. E o grande mérito do modelo de trama linear talvez resida no fato
de propor a discussão da arquitetura em nível de território.
Por fim, vale citar os chamados traçados orgânicos ou irregulares, que remetem tanto
a uma adaptação naturalizada da urbanização ao ambiente natural, quanto ao
traçado espontâneo das cidades medievais. A organicidade referida diz respeito mais
imediatamente a uma relação dialética entre cidade e paisagem, e a recorrente
metáfora que interpreta a cidade como coisa vida (Lynch,1985, por exemplo).
21
Sobre a fase megaestrutural da arquitetura moderna, inclusive a cidade global de Mitchell e Boutwell, ver Banham,1978, por
exemplo.
22
MUMFORD, L. (1982). A Cidade na História. São Paulo, Martins Fontes/Editora da UnB.
15
Atuar sobre Interfaces Complexas 16
a pauta projetual
Retomando a pauta projetual básica relativa à temática de interfaces complexas de
acessibilidade, conforme no definido no capítulo I, cabem alguns comentários
aplicativos quanto ao que foi exposto acima. De maneira genérica, a problemática de
acessibilidade urbana no projeto ambiental em andamento no ateliê objetiva
responder aos seguintes requisitos:
(Re)definição
Em relação a rede de canais de circulação que formam a estrutura principal de
da rede acessibilidade física urbana, o projetista deve ter claro que esta estrutura, muito mais
principal de do que garantir a mobilidade intra-urbana, representa o conjunto de espaços públicos
conexões intra- através dos quais as pessoas deslocam-se e, em função dos diferentes percursos
urbanas
que fazem na cidade, constróem e organizam sua percepção visual
(Lynch,1982,1990). Assim, cada cidadão encontra em seus percursos urbanos
usuais, elementos diversos que marcam, como imagem e memória, o seu sentido
próprio de lugar, através de orientação (no espaço) e controle (sobre o espaço e as
23
práticas sociais relacionadas ).
Pregnância A capacidade que os lugares da cidade tem de fixar-se na memória das pessoas -
sejam estes, ruas, praças, edificações ou “espaços naturais”) - define-se como
pregnância (Kohlsdorf,1996:211). Ora, é razoável pensar que uma cidade marcada
espacialmente por muitos lugares “memoráveis” social e culturalmente (uma cidade
com alto grau de pregnância, portanto) seja uma cidade de fácil orientação e controle,
por parte de seus cidadãos e, também para os visitantes. Ao se tomar tal aspecto
como uma qualidade espacial positiva, é da mesma forma razoável que se conclua
pela possibilidade de “desenhar” projetualmente esta qualidade, através do projeto de
espaços públicos intencionalmente marcantes, do ponto de vista visual, e sensíveis,
24
do ponto de vista cultural .
Veneza No primeiro caso, é a própria estrutura da cidade, assentada sobre uma laguna, que
define, junto com a excepcionalidade arquitetural de Veneza, a imagem indelével
guardada na memória de turistas de todas as partes do mundo.
La Plata No segundo, mais que na grelha ortogonal bidimensional que suporta a quadrícula,
são nos cruzamentos regularmente pontuados pelas praças de variadas formas e
tamanhos que a urbanidade encontra sua imagem mais vigorosa.
Brasília
Brasília, que Lúcio Costa remotamente definiu como união sensível entre “técnica
25
urbanística e técnica rodoviária” , não deixa de se apresentar como um contraponto
interessante. A cidade toda (não apenas o plano-piloto, mas também sua estrutura de
satélites) parece antecipar-se como materialização da visão “dromocrática” de Paul
23
Retomando a noção de Maurice Cerasi (1977), quanto aos espaços interrelacionados entre grupos sociais.
24
O que parece ser uma estratégia consciente nos projetos de Disneylândia, através da exploração sensível do imaginário
infantil e popular americano. Sobre o tema, ver por exemplo Moos (1996), The “Disney Sindrome”; Vercelloni (1996),
Heterotopias of Compensation: Disney theme parks and their hotel structures.
25
Ver Costa (1995). A coletânea de textos e projetos de Lúcio Costa traz a reprodução integral da Memória Descritiva do
Plano Piloto (1957).
16
Atuar sobre Interfaces Complexas 17
26
Virilio (1996) : a “estrutura”, no caso, só é percebida através da velocidade dos
fluxos urbanos. O memorável (enquanto espaço arquitetônico) está apartado deste
sistema, refugiando-se no contínuo espaço-parque da cidade moderna.
Em um recente ensaio chamado Las Vegas After its Classic Age (Venturi e Scott-
Brown,1996), os autores verificam as transformações geradas pelo desenvolvimento
da cidade ao longo de duas décadas e meia:
Como conclusão, os autores procuram demonstrar que uma “outra” imagem tomou o
lugar da cultura popular cotidiana dos setenta. Agora a cidade é do pedestre e o
deserto cedeu espaço para jardins de “bom gosto” e à arquitetura cenográfica,
configurando-se como espécie de gentrificação bizarra (“disneylandização”).
Por mais disparatado que possa parecer a comparação destas quatro cidades, únicas
em suas particulares configurações, a noção de pregnância parece ser uma eficiente
categoria explicativa. Em cada uma delas, a seu modo, a morfologia física, através da
percepção visual e da apropriação social do espaço, gerou uma memória coletiva que
poder-se-ia chamar de prototípica. Em todos os casos, no entanto, percepção e
memória dialogam através de suas estruturas de acessibilidade urbana.
26
O neologismo criado por Paul Virilio - dromocracia - talvez possa ser apropriadamente traduzido como “mando da
velocidade”.
27
Traduzido de forma livre do original inglês pelo autor. In: Domus, No. 787, Milão, novembro de 1996.
17
Atuar sobre Interfaces Complexas 18
Um interessante esforço neste sentido foi realizado por Gordon Cullen (1974, ed.orig,
1971) que, com olhos de “colecionador de lugares”, escreveu um importante “tratado
29
de estética urbanística”, cunhando como título a palavra Townscape.
Um dos aspectos mais interessantes desenvolvidos por Cullen, diz respeito à noção
de visão serial, ou seja, a constatação de que a cidade revela-se ao observador que
percorre seus lugares, através de séries de imagens fragmentadas (p.9).
28
Reveja o roteiro sobre a configuração de ruas, reproduzido nas páginas anteriores deste capítulo.
29
Do inglês town (cidade) + landscape (paisagem): paisagem urbana.
30
Traduzido livremente pelo autor, a partir da edição em espanhol (Cullen,1974).
18
Atuar sobre Interfaces Complexas 19
⇒ - texto interrompido -
ATUAR SOBRE
OS CRESCIMENTOS E BORDOS
DO SISTEMA URBANO
Leonia, Zora e Pentesilea, cada um dos cenários distópicos que Pesci evidencia na
cidade atual, estão presentes, em maior ou menor grau, na problemática que se pode
identificar em relação ao tema dos crescimentos e dos limites da cidade. A interface
periurbana (Fundación CEPA,1987:14) caracteriza-se pelo tecido urbano mal
consolidado e descontínuo, configurando áreas residenciais com sérios problemas de
infra-estrutura, falta de um referencial sócio-histórico coletivo e a baixa qualidade do
meio construído.
É deste quadro de periferia - que reúne, a uma só vez, as mais negativas faces do
fenômeno urbano - que esta reflexão se ocupa. Da pequena periferia, que se
33
procurará visualizar desde o olhar de seus moradores em suas práticas cotidianas
e, também da grande periferia, resultado de um crescimento aviltante da cidade e da
31
A este respeito, ver Documento II.
32
A noção de crescimento em “grandes e pequenas” doses é discutida por Christopher Alexander (1978).
33
Retomando a perspectiva de Certeau (1985), quanto às práticas de lugar.
19
Atuar sobre Interfaces Complexas 20
Por outro lado, no âmbito micro, ou seja, no espaço do cotidiano e das práticas de
lugar (Certeau,1985), a face urbana de Pentesilea se mostra como um projeto
ideológico que se confunde com um sistema de “categorias, valores e atividades” que
confere, aos espaços públicos onde acontece a apropriação cotidiana, um “significado
que os torna sociais.” (Santos e Vogel,1985:150).
34
Sobre ideologia ver Löwy (1989) e Geertz (1978), por exemplo.
35
A idéia de disciplina sobre o espaço remete à Foucault (1977,1982), no sentido de “dividir para controlar” as ações de
indivíduos e grupos, utilizando, neste sentido, o “espaço” como instrumento de opressão.
36
Sobre a abordagem de Velho (1978,1981), ver referências feitas no Documento III.
20
Atuar sobre Interfaces Complexas 21
Resolução da O primeiro ponto que se deseja analisar diz respeito, especificamente, aos bordos
interface externos do sistema e à interface cidade-campo (e as contradições implícitas nesta
urbano/rural relação). Neste sentido, o projeto ambiental urbano deve necessariamente levar em
conta a problemática dos limites da urbanização e os efeitos do crescimento não
controlado da cidade que, de forma bastante recorrente, incidem sobre o território
rural atingindo (e muitas vezes inviabilizando) sua função produtiva primária.
As dimensões destas parcelas são definidas, entre outros fatores, pelo poder
aquisitivo do consumidor alvo, podendo apresentar distintos tamanhos, mas,
invariavelmente, muito pequenos para a sustentação de atividades produtivas
primárias.
Em muitos casos, este tipo de ocupação da terra rural para o uso de lazer é apenas
um subterfúgio no sentido de iniciar um processo especulativo com vistas ao mercado
imobiliário urbano. Uma vez criada a necessária acessibilidade, parte dos lotes pode
permanecer como estoque para, no momento oportuno, sofrer novo parcelamento,
agora dentro de dimensões características de lote urbano. A conseqüência não
poderia ser outra: mais um loteamento periurbano, com graves problemas de infra-
37
Andrade (1994). Ideologia Urbana e Práticas de Lugar: um estudo etnográfico da periferia.
38
Ver Capítulo I.
21
Atuar sobre Interfaces Complexas 22
É comum que a definição do perímetro abarque uma grande extensão de terra (muito
mais do que a verdadeiramente urbanizada), em uma perspectiva míope de que,
aumentando a área urbana, alarga-se a base tributária, fazendo com que o município
angarie mais recursos diretos. Não é difícil compreender que isso gera, também, uma
maior responsabilidade no atendimento das demandas de infra-estrutura e serviços,
ao mesmo tempo em que favorece um processo especulativo com o solo e a
expansão urbana sem controle. Isso acontece porque, dentro dos limites oficial do
perímetro, uma vez satisfeitas as exigências legais, qualquer área, por mais distante
que seja da região efetivamente urbanizada pode ser objeto de um novo loteamento.
Observe-se os esquemas abaixo:
esquema básico de uma cidade: perímetro urbano muito ampliado, perimetro urbano coincidente perímetro urbano adequado,
limites municipais gerando a possibilidade de com a área urbanizada, definindo uma folga aceitável
loteamentos bastante afastados gerando pressão imobiliária para o crescimento urbano
vias urbanas principais
da sede e favorecendo a sobre o crescimento, em áreas estabelecidas como
perímetro urbano
especulação. e elevando o valor dos prioritárias (p. e. onde já
estrada regional novos loteamentos terrenos. existe acessibilidade).
área de crescimento
área urbanizada área especulativa a
prioritário em função
espera de valorização
da acessibilidade
área produtiva rural
área urbana oficial existente
mapas esquemáticos mostrando diferentes relações entre área urbanizada e perímetro urbano.
39
Sobre perímetro urbano, ver também Santos (1985:127-129).
22
Atuar sobre Interfaces Complexas 23
Um bom exemplo para refletir-se sobre a questão é o caso das chamadas cidades-
dormitório, ou seja “cidades” fortemente dependentes de um centro maior, em termos
econômicos, de tal sorte que funcionam basicamente como área residencial: seus
moradores deslocam-se cotidianamente para outras cidades, para trabalhar, estudar,
fazer compras, etc.
Uma vez mais, as denúncias de Rubén Pesci são emblemáticas. Cidades assim são,
na realidade, não-cidades, uma vez que não respondem à patamares mínimos de
urbanidade: apenas consomem e geram dejetos, sem nada produzir; não qualificam
as relações sociais pois praticamente toda a vida urbana acontece em outros lugares;
sua identidade se resume à morada (que quase sempre se reduz ao espaço privado
da habitação); em geral respondem às necessidades habitacionais das populações
com extrato de renda baixos (e se transformam em verdadeiros “depósitos” de
trabalhadores).
Outra situação recorrente diz respeito à cidades cuja economia seja fortemente
polarizada em uma determinada atividade produtiva, seja ela a produção de soja, a
indústria de calçados ou a atividade de mineração carbonífera, somente para citar
alguns exemplos. Uma crise no setor produtivo específico poderá paralisar a
economia municipal, provocando efeitos sociais negativos de toda a ordem.
O projetista deve perceber que cidades assim não são sustentáveis. E neste sentido,
procurar alternativas estratégicas para atrair investimentos públicos e privados que
gerem emprego, produção e consumo em diferentes setores, movimentando a vida
econômica e social do município, na busca de uma razoável autonomia, diversidade e
40
sustentabilidade . Assim, a cidade estará menos vulnerável às crises econômicas
40
Das cidades que foram objeto de estudo pelo ateliê 2209, verificam-se situações distintas em relação a esta problemática.
Guaíba durante um certo período de sua história caracterizou-se efetivamente como “dormitório” de Porto Alegre, o que a
implantação de grandes loteamentos e conjuntos habitacionais para população de renda baixa somente agravou. Aos poucos,
no entanto, a instalação de indústrias diversas equilibrou um pouco os deslocamentos da população. Ainda assim, permanece
fortemente dependente. Eldorado do Sul, município que se emancipou recentemente de Guaíba, é exemplar na questão de
cidade-dormitório: configura-se por alguns núcleos residenciais de baixa qualidade, cuja população busca emprego
principalmente em Porto Alegre, Canoas e Guaíba. A economia da cidade (que não é tão frágil) está voltada para outros
mercados e a qualificação da mão-de-obra exigida pelas indústrias ali instaladas atrai trabalhadores de fora da cidade. Portão,
a mais autônoma das três cidades estudadas (em função da sua localização geográfica, a meio caminho entre a RMPA e a
região serrana), ainda assim é economicamente polarizada pelo setor químico e coureiro, esquecendo-se da sua origem ligada
à agricultura. A recente e profunda crise no setor calçadista do Vale dos Sinos provocou uma drástica redução da oferta de
empregos, acarretando sérios problemas sociais ao município.
23
Atuar sobre Interfaces Complexas 24
É claro que não se pode pensar em autonomia ou sustentabilidade absoluta. Não faz
o menor sentido se projetar uma “cidade-estado” totalmente independente do resto do
41
mundo. Em tempos “dromocráticos” , para se utilizar uma expressão inventada por
Paul Virilio (1996), quando a velocidade telemática virtualiza o tempo e os
deslocamentos, isto soaria absurdamente anacrônico. O que o projeto ambiental deve
responder é quanto à construção de relações de interdependência socialmente justas,
onde o sistema urbano não pode ser pensado isoladamente, sem levar-se em conta
sua inserção regional e nacional (e mesmo planetária, na medida em que se fala em
globalização), mas que, ainda assim, reflete especificidades de contexto social e
cultural. Uma cidade é sustentável quando a urbanidade se completa em termos de
oportunidades políticas, sociais e culturais que caracterizam um quadro de cidadania
plena.
Tecido urbano Um dos fatores que melhor caracterizam a abordagem da interface periurbana diz
não respeito à falta de consolidação histórica e as descontinuidades do tecido urbano. Tal
consolidado e questão pode ser compreendida através da percepção intuitiva dos diferentes estados
descontinuidad
e urbana de configuração da cidade, através de um simples passeio por diferentes bairros,
desde que se tenha os olhos abertos para “enxergar” o óbvio: que a cidade está em
processo continuo de transformação sobre o qual incidem acréscimos de novos
elementos construídos e substituições de “partes” que se tornaram, por vários
possíveis motivos, obsoletas em relação à estrutura urbana.
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A palavra é um neologismo criado por Virilio, a partir do grego dromos (significando corrida, marcha), para descrever um
mundo que é governado pela velocidade das comunicações.
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A ação humana incidindo sobre o espaço natural gera desajustes ambientais que são
conhecidos por todos. O fantástico filme de Geofrei Reggio - Koaniskatsi (1982) -
mostra, em uma seqüência de imagens frenéticas emolduradas pela trilha sonora
minimalista de Phillip Glass, este “mundo louco”, marcado pela vida em desequilíbrio
que é resultante de transformações antrópicas sem critério. Uma vez mais Leonia,
Pentesilea e Zora se desvelam aos olhos do atônito espectador.
O processo de projetação ambiental deve estar atento aos impactos negativos pela
inserção e crescimento do meio urbano sobre o meio natural. O patrimônio que
representa a natureza, o bem maior legado à humanidade, deve ser objeto de uma
profunda reflexão no sentido de que a ação projetual aponte caminhos no sentido de
uma dialética efetiva entre conservação e desenvolvimento.
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Atuar sobre Interfaces Complexas 26
Não é preciso ser nem cientista nem político para perceber que a adoção de um
patamar de estagnação econômica com crescimento zero: i) condenaria a maior parte
da população mundial, nos chamados países de terceiro-mundo, entre os quais
obviamente o Brasil, a permanecer no seu atual estado de miséria, à margem dos
benefícios da tecnologia, da cultura, da educação, etc. e, ii) não significaria nenhuma
garantia de preservação ambiental. Ao contrário, perpetuaria formas arcaicas e
predatórias de exploração sobre este mesmo ambiente que ansiosamente se
pretende preservar.
Desenho de
Um outro aspecto importante deve retomar, levando em conta a pertinência e a
suportes e adequação de escala, tudo o que foi dito em relação à temática de centralidade
distribuição de
equipamentos
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Sobre padrões espaciais e comportamentais ver, além de Alexander (1981,1982), Acatolli (1995) que sintetiza com bastante
acuidade diferentes abordagens do tema.
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Uma vez mais, as demandas comunitárias podem ser melhor avaliadas quando se
reconhece as práticas de caráter local e os diferentes usos consagrados do espaço
público. O desenho dos elementos de suporte deve ser funcional (cumprir sua
finalidade com durabilidade), agradável (aos olhos e à dignidade cidadã) e confortável
(ou seja, qualificando o ambiente e tornando-o mais “parte” da vida dos moradores).
Os equipamentos públicos, por sua vez, devem ser dimensionados não apenas para
a demanda atual, mas prevendo o crescimento da cidade, uma vez que consomem
significativa parcela dos recursos disponíveis. O critério na distribuição de
equipamentos e serviços deve buscar a máxima eqüidade no sentido de promover a
justiça social. Critérios técnica e socialmente adequados precisam ter prevalência
sobre atitudes políticas paternalistas. E, neste embate, ao projetista cabe a tarefa de
comunicar com clareza os seus argumentos na definição de critérios que envolvam a
distribuição de recursos públicos, e, ao mesmo tempo, participar na formação de
opinião sobre o que é (para um certo contexto) qualidade ambiental urbana.
Sem dificuldade, pode-se imaginar, por exemplo, situações em que a demanda para a
utilização de transportes urbanos, em determinada zona da periferia da cidade, não
seja suficiente para cobrir os custos e o lucro para viabilizar a instalação de uma linha
de ônibus que atenda esta área. Outro exemplo poderia ser a instalação de um
supermercado: se a demanda de consumo ou os patamares de renda forem muito
baixos, a empresa não terá qualquer interesse em investir na área.
No primeiro caso, alguma forma de subsídio público pode ser oferecido, no sentido de
equilibrar os custos operacionais da linha. Uma outra alternativa é a adoção de uma
tarifa social, que distribuir os custos homogeneamente, independente da demanda e
da distância percorrida (este, por exemplo, é o mecanismo adotado em Porto Alegre).
Em teoria, usuários com menor poder aquisitivo, ou que utilizam linhas mais longas,
estão pagando menos pelo transporte público, num mecanismo indireto de
distribuição de renda.
No segundo caso, tanto o poder público como a iniciativa privada poderão buscar
alternativas para aproximar e incorporar os extratos de renda mais baixos ao mercado
de consumo. Feiras livres, onde o produtor vende diretamente ao consumidor final, é
uma alternativa histórica altamente positiva, pois além de garantir a oferta a preços
mais baixos, termina ocasionando um fato social: as pessoas aproveitam o dia de
feira para se encontrar, colocar a conversa em dia, namorar, etc. Em Portão, na já
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citada Vila dos Trilhos, a iniciativa privada adotou uma solução original, a quitanda
móvel, que nada mais é que um velho ônibus transformado em mercado ambulante.
O projeto ambiental, tanto em sua dimensão técnica quanto em relação aos seus
mecanismos políticos, deve contemplar alternativas para qualificar o ambiente
urbano, particularmente no caso de interfaces negativas de carência infra-estrutural e
baixa qualidade do meio construído, através de um exame criterioso das
possibilidades criativas para os investimentos em infra-estrutura, serviços e
equipamentos de uso público.
Não se pode esquecer que cidades muito dispersas e com baixas densidades
tornam-se muito caras, no sentido de implantação e instalação de redes de infra-
estrutura e serviços urbanos. Mas é função do poder público garantir o saneamento e
os serviços básicos em toda a área urbana que é definida por lei.
Neste sentido, uma estratégia de crescimento urbano deve levar em conta que o
adensamento, dentro de certos limites técnicos e sociais, significa economia e
qualidade ambiental para a cidade. Critérios para a aprovação de novos projetos de
loteamento e a fiscalização da sua implantação devem ser previstos. A Legislação
Federal (particularmente a Lei Federal 6766/79) determina patamares mínimos para o
parcelamento urbano e a preservação ambiental. Mas, em um quadro de imensas
distorções, muitas vezes o que se vê é falta de vontade política de fazer cumprir as
leis.
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Conforme citado no prólogo de Cittá e Periferia (segundo Pesci,1985:28).
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