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A crise econômica e as finanças municipais:


uma projeção do FPM para os próximos trimestres de 2009

A crise econômica está se revelando mais grave do que podíamos imaginar. Depois de um ano de forte
crescimento, em que a economia expandiu-se 5,1%, corremos o risco de terminar 2009 com queda no
PIB. As estimativas do mercado variam entre previsões de queda de 1% a aumento de no máximo 0,5%
no nível de atividade econômica, mas o governo federal tenta manter um otimismo fantasioso, projetando
crescimento de 2% neste ano.
A dura realidade da crise já bateu à porta das prefeituras por dois canais de transmissão: as
transferências de FPM (oriundas da União) e de ICMS (originárias dos Estados). No primeiro caso, as
perdas do FPM refletem a queda na arrecadação de IPI e Imposto de Renda, ocasionada não apenas pela
crise, mas também pelas desonerações anunciadas pelo governo federal. Para cada 1 real de redução do
IPI, a União perde 42 centavos – os demais 58 centavos são perdidos pelos Estados e Municípios, com o
FPM, FPE e IPI-Exportação.
As medidas tributárias já implantadas nos últimos meses pelo governo, provocaram uma perda de R$ 2,1
bilhões aos cofres municipais em 2009. Entre redução de alíquotas de IPI para automóveis, correção da
tabela de Imposto de Renda e outras medidas de incentivo ao setor produtivo, o governo já abriu mão de
R$ 8,9 bilhões de receitas dos dois impostos que formam a base de cálculo do Fundo de Participação dos
Municípios (FPM).
No cálculo realizado pela CNM, já está computado o aumento anunciado no final do mês passado (30/03),
que passa a valer a partir de maio e renderá R$ 516 milhões a mais aos cofres públicos em todo o resto
do ano de 2009. Não fosse essa pequena compensação, as perdas seriam maiores ainda. A correção da
tabela de IR, por exemplo, produzirá perda de R$ 5 bilhões, enquanto a redução de IPI de automóveis, R$
2,6 bilhões no total. Veja a tabela 1 abaixo.
Como o IPI e o IR são compartilhados com Estados e Municípios, além dos fundos regionais, a perda
efetiva que o governo federal tem com as desonerações que concedeu é de apenas R$ 4,1 bilhões. Os R$
4,8 bilhões restantes serão perdidos por Estados e Municípios, entre repasses para o FPM, FPE, FPEX e
fundos regionais.

Tabela 1 - Efeitos das desonerações tributárias nas receitas da União e no FPM (R$ milhão)
Imposto Legislação Efeito (%) 2008 2009* 2009** Dif.
IRPF Correção tabela -1,00% 13.590 15.081 14.930 -151
IRPJ Redução de prazo e outros -1,03% 78.342 83.718 82.856 -862
IRRF-Trabalho Correção tabela -9,01% 51.430 55.385 50.395 -4.990
IRRF-Res.Ext. Desoneração logística -0,35% 9.046 11.127 11.088 -39
IPI-Auto Redução alíquotas -48,00% 5.939 5.380 2.797 -2.582
Suspensão de IPI exportação e
IPI-Outros
redução construção civil -4,60% 17.312 17.775 16.957 -818
IPI-Fumo Aumento de 23,% nas alíquotas 17,00% 3.160 3.035 3.552 516
Total Medidas tributárias -4,52% 178.819 191.502 182.576 -8.926
Perda FPM (23,5% IPI+IR) -2.098
* Valor estimado sem inclusão dos pacotes de desoneração
** Valor estimado com inclusão dos pacotes de desoneração

O valor do FPM líquido creditado nos cofres municipais no primeiro trimestre, caiu de R$ 10,3 bilhões em
2008 para R$ 9,4 bilhões em 2009. Isso em valores reais, ou seja, equalizando todos os repasses
mensais pela inflação acumulada até março deste ano. Dividindo um valor pelo outro, verificamos que
houve uma queda real de 8,5%.

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Dessa queda de 8,5%, 6,5% pode ser atribuído à crise e 1,9% à ampliação do porcentual de retenção do
Fundeb, que passou de 18,33% em 2008 para 20% em 2009. Ou seja, mesmo que nada tivesse ocorrido
de anormal na economia, o FPM seria 1,9% menor por causa do Fundeb.
Tabela 2 – Valores do FPM do 1º trimestre de 2008 e 2009 (R$ milhão)

e s t reValore s Nominais Valores reais


1 º T r im FPM Bruto FPM Líquido FPM Bruto FPM Líquido
2008 11.929 9.743 12.637 10.320
2009 11.801 9.441 11.809 9.447
V ariação -1,1% -3,1% -6,5% -8,5%
Diferença entre líquido e bruto = 1,9% de perda para o Funde b

Em todo o país, do Oiapoque ao Chuí, a redução do FPM é igual para todos os municípios, mas isso não
significa que o impacto seja o mesmo para todos. Em São Paulo, o FPM representa apenas 8,5% da
receita corrente dos Municípios, mas no Piauí e na Paraíba o fundo representa mais de 39% dos recursos
que entram nos cofres municipais. Na tabela abaixo é apresentada a proporção que o FPM representa em
média, por estado, da receita corrente dos municípios.
Tabela 3 – Porcentual do FPM e ICMS em relação a Receita Corrente em 2007
UF % FPM % ICMS % (FPM + ICMS)
AC 34,3% 15,3% 49,6%
AL 33,3% 12,1% 45,4%
AM 16,3% 29,0% 45,3%
AP 28,7% 16,6% 45,4%
BA 28,1% 15,9% 44,0%
CE 30,6% 12,6% 43,3%
ES 14,6% 29,8% 44,4%
GO 22,8% 20,7% 43,5%
MA 32,0% 8,9% 40,9%
MG 23,6% 21,7% 45,3%
MS 17,9% 25,6% 43,4%
MT 21,9% 25,2% 47,1%
PA 24,3% 15,6% 40,0%
PB 39,4% 12,5% 51,9%
PE 27,0% 18,4% 45,4%
PI 39,7% 10,7% 50,4%
PR 21,2% 19,5% 40,8%
RJ 5,6% 18,0% 23,6%
RN 31,1% 15,1% 46,1%
RO 25,4% 24,5% 49,9%
RR 43,6% 11,7% 55,3%
RS 20,2% 21,7% 41,9%
SC 19,8% 21,5% 41,3%
SE 27,9% 14,4% 42,3%
SP 8,5% 24,6% 33,1%
TO 42,1% 13,3% 55,4%
BR 18,3% 20,6% 38,9%

No caso do ICMS, ao contrário do FPM, a queda de receita é diferente em todos os Estados, sendo mais
aguda nas regiões mais atingidas pela redução no nível de comércio. Estes são exatamente os municípios
onde a participação do ICMS na receita corrente é maior que a do FPM. Em conjunto essas duas
transferências representam, na média nacional, 38% das receitas municipais. Veja abaixo comparação
entre ICMS e FPM.

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Figura 1: Peso do ICMS x FPM na receita municipal

FPM
ICMS
Sem informação

Em Minas Gerais, por exemplo, os municípios sofreram uma redução de aproximadamente 10,0% nas
transferências estaduais no mês de fevereiro de 2009, enquanto em Alagoas houve recuo de apenas
0,2%. Os dados de março ainda não estão disponíveis. A partir de dados de 80% dos estados do país (ver
tabela 4), vemos que no 1° bimestre de 2009 a arrecadação de ICMS caiu, em termos reais e em valores
brutos, 4,7% em relação ao mesmo período do ano passado, sendo que a maior queda se concentrou em
janeiro. No caso de compararmos os valores efetivamente repassados aos cofres municipais,
descontando retenção do Fundeb, a queda no bimestre é maior ainda, de 6,6%.
Tabela 4 - Comparativo da arrecadação do ICMS entre os 1º bimestres de 2008 e 2009 valores reais - (R$ milhão)
1° bimestre
UF %
2008 2009
AC 67 74 10,8%
AL 287 288 0,2%
AM 720 657 -8,7%
AP 60 65 8,6%
BA 1.865 1.612 -13,6%
CE 796 802 0,8%
DF - -
ES 1.174 1.190 1,3%
GO 939 1.011 7,7%
MA 419 409 -2,3%
MG 3.810 3.398 -10,8%
MS 683 732 7,3%
MT - -
PA 707 726 2,7%
PB 343 343 0,2%
PE - -
PI 249 258 3,6%
PR - -
RJ 3.167 3.158 -0,3%
RN 210 205 -2,2%
RO - -
RR 50 56 12,1%
RS 2.546 2.454 -3,6%
SC 1.322 1.380 4,4%
SE 235 234 -0,5%
SP 12.276 11.373 -7,4%
TO 149 145 -2,5%
BR 32.075 30.573 -4,7%

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A situação dos municípios só não é pior porque, pelos dados que dispomos, as receitas de IPTU e ISS em
geral ainda não foram atingidas pela crise. Em Belo Horizonte, por exemplo, a receita cresceu 8,5% em
valores nominais de 2008 para 2009, enquanto o ISS avançou 6,4%, próximo ao aumento da inflação.
No caso do IPTU, é natural que haja esse comportamento, pois o imposto depende de uma tabela de
valores venais da prefeitura. O risco que existe, entretanto, é que uma crise mais prolongada provoque a
inadimplência dos contribuintes, como está ocorrendo com os demais impostos – a arrecadação está
caindo não apenas porque as vendas caíram, mas porque os empresários estão fazendo caixa com o
dinheiro que precisariam destinar ao pagamento de alguns tributos (é mais barato e fácil pagar multa
tributária do que obter empréstimo bancário). De qualquer forma para a grande maioria dos municípios as
receitas de FPM somadas ao do ICMS representam a maior parte da sua receita. Veja no mapa abaixo as
localidades onde essas duas transferências excedem 50% da receita.
Figura 2: Municípios mais afetados pela queda do ICMS e FPM

Peso ICMS e FPM acima de 50%


Peso ICMS e FPM abaixo de 50%
Sem informação

A grande incógnita é o que vai acontecer até o final do ano. Será que a queda de FPM e ICMS vai se
manter até o final do ano ou é possível que haja uma reversão até o segundo semestre? O relatório de
programação divulgado há duas semanas pelo Ministério do Planejamento indica que a receita de FPM
inclusive aumentaria de R$ 42,1 bilhões em 2008 para R$ 42,8 bilhões em 2009. A queda anunciada de
9,1% se refere ao valor fictício de FPM que previa o Orçamento: R$ 57,8 bilhões. Mas a programação
prevê aumento de 2008 para 2009, o que é uma hipótese muito otimista pela situação atual.
Tabela 5 – Comparativo da reprogramação da arrecadação federal
Programado Diferença entre
Item Realizado 2008 LOA 2009 pelo governo LOA e Programado
PIB 5,1% 3,5% 2,0% -1,5%
IR 179.249 202.801 185.221 -8,7%
IPI 37.361 44.944 40.099 -10,8%
FPM Bruto 50.696 57.754 52.527 -9,1%
FPM Líquido 42.165 47.072 42.811 -9,1%
FPE 46.199 52.839 48.056 -9,1%
FPEX 3.706 4.458 3.978 -10,8%

Para a CNM, o otimismo da estimativa do governo federal é baseada em expectativas irrealistas sobre
desempenho da economia em 2009. Principalmente na projeção de 2% de crescimento econômico. O PIB

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do 4° trimestre de 2008 já demonstrou o grau de desaceleração econômica que o país enfrenta e não há
nenhuma razão para se esperar que o primeiro trimestre desse ano tenha tido um resultado melhor. Basta
olharmos para a arrecadação sobre a atividade econômica e o desempenho da indústria nesse período.
Seria necessária uma recuperação heróica da atividade econômica no segundo semestre para que
fechássemos 2009 com 2% de crescimento do PIB.
Como será apresentado na seção seguinte, nossa expectativa é de que haja uma queda no FPM em
relação a 2008, mesmo em termos nominais. A projeção é de que o FPM não passará, com os atuais
critérios de arrecadação e repasse, de R$ 50 bilhões em valores brutos. Esse valor já considera as
desonerações concedidas pelo governo federal. A redução nominal será de 2,06% em relação a 2008. Se
levarmos em conta a meta de inflação do governo para 2009 de 4,5%, a queda real será de 6,6%. Só a
queda em si não representa toda a perda causada pela crise, uma vez que essa interrompeu um contínuo
e vigoroso crescimento do FPM. Considerando que nos últimos 5 anos o fundo apresentou um
crescimento real médio de 10% ao ano, poderíamos supor que a crise significou uma perda para as
prefeituras dessa receita de 16,6%, caso o crescimento tivesse se mantido no mesmo patamar dos anos
anteriores.

Comportamento da série histórica do FPM


Desde 2003 o Bolo Tributário (IR + IPI) que serve de base para o FPM tem crescido a uma taxa média de
10% ao ano, em termos reais, enquanto que a Carga Tributária total do País apresentou, no mesmo
período, um crescimento médio de 8,6%. Com esse desempenho o FPM foi se consolidando como a
principal fonte de recurso para grande parte das prefeituras do País. Como podemos ver na tabela 3, em
18 estados, na média, o FPM é a receita mais significativa. Para facilitar a comparação dos montantes ao
longo dos períodos relataremos sempre os valores brutos do Fundo, ou seja, incluindo retenção do
Fundeb. Isso porque ocorreram, nos últimos anos, consecutivos aumentos no porcentual de retenção do
Fundeb, de forma que, no caso de compararmos os valores líquidos teríamos de separar o que foi o real
crescimento do fundo daquilo que é devido ao aumento da retenção. Também relataremos sempre os
valores corrigidos para março de 2009 pelo IPCA. Veja os montantes anuais na tabela abaixo.

Tabela 6 : Montantes anuais do FPM incluindo retenção do Fundeb, em valores de março de 2009
Ano FPM % Cresc.
2003 30.633.237.017 -
2004 31.618.455.550 3,2%
2005 36.549.105.334 15,6%
2006 39.273.962.662 7,5%
2007 44.140.327.477 12,4%
2008 50.040.230.132 13,4%
Obs: Valores não incluem parcelas extras nem
adicional de 1% de desembro

Com o aprofundamento da crise financeira mundial a partir de outubro de 2008, não demorou para que o
crescimento apresentado na tabela acima sofresse uma interrupção. Observando a evolução da série
mensal de repasses em termos anualizados, ou seja, pelos valores acumulados nos últimos 12 meses,
vemos que já a partir de dezembro do ano passado o FPM inaugurou uma trajetória de queda, depois de 6
anos de plena expansão.

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Figura 3: Evolução do FPM mês a mês em termos anualizados

170

160

150

140

130

120

110

100

90
2004.08

2004.12

2005.02

2006.02

2006.04

2007.08

2008.08

2008.10

2008.12
2003.12

2004.02

2004.04

2004.06

2004.10

2005.04

2005.06

2005.08

2005.10

2005.12

2006.06

2006.08

2006.10

2006.12

2007.02

2007.04

2007.06

2007.10

2007.12

2008.02

2008.04

2008.06

2009.02
O pior resultado observado até o momento ocorreu no atual mês de março, quando verificou-se uma
queda de 14,6% em relação ao ano passado. Veja comparativo abaixo.
Figura 4: Evolução do FPM em março de cada ano:

4.000
Milhões

3.846
3.800

3.600

3.400

3.200 3.285
2.939
3.000
3.113
2.800
2.822
2.600

2.400

2.200

2.000

05 06 07 08 09
20 20 20 20 20

Fechado o mês de março, com o último repasse transferido na segunda-feira (30/03), podemos realizar
um balanço de como se comportou o 1° trimestre de 2009 dentro do contexto de aprofundamento da crise
no país. Como apresentado na tabela seguinte a queda nesta receita foi se ampliando ao longo do
trimestre. Sempre em comparação ao mesmo período do ano anterior, em janeiro a redução real foi de
0,9%, em fevereiro aumentou para 5,1% e finalmente março foi de 14,6%. No acumulado do trimestre a
queda foi de 6,5%. ou seja, a perda em relação a 2008 já chegou a R$ 823 milhões sem consideramos o
mês de dezembro de 2008.
Tabela 7: Montantes mensais e do 1º trimestre do FPM bruto, em valores de março de 2009
Total Mês 2008 2009 % Queda
Jan 4.485.999.716 4.445.102.112 -0,9%
Fev 4.342.596.938 4.121.315.489 -5,1%
Mar 3.846.096.585 3.284.796.516 -14,6%
1° Trim 12.674.693.239 11.851.214.117 -6,5%

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Tomando por base o crescimento médio do repasse nos 1° trimestres dos últimos 4 anos, estimamos que
a perda das prefeituras só neste trimestre devido a crise seja da ordem de R$ 3,1 bilhões. Veja evolução
abaixo.
Figura 5: Evolução do FPM dos 1° trimestres
12,7
13
Bilhões

12
11,9
11

9,7
10 10,4

9 8,5
9,2

8 8,4

03 04 05 06 07 08 09
20 20 20 20 20 20 20

Comportamento Sazonal do FPM


O FPM, bem como a maioria das receitas tributárias do País não apresenta uma distribuição uniforme ao
longo do ano. Nesta seção, nossa missão é estimar qual será a arrecadação dos impostos que compõem
o bolo do FPM, definir qual o padrão sazonal deste Fundo, bem como utilizar estas estimativas para
realizar uma projeção dessa receita para os próximos 3 trimestres do ano.
Comecemos por uma investigação do padrão estacional do FPM. Ao representarmos graficamente os
montantes mensais, desde janeiro de 2003 a dezembro de 2008, no gráfico abaixo, vemos que existe um
padrão de variação razoavelmente definido dentro do intervalo de cada ano. Foram considerados valores
corrigidos e excluídos repasses extras e repasses de dezembro relativos ao 1% do IPI e IR. As linhas
verticais delimitam os intervalos anuais, e a linha de tendência da série evidencia o crescimento desta
receita neste período. É exatamente essa tendência que precisamos eliminar para isolarmos o padrão de
variação dentro de cada ano.
Figura 6: Distribuição dos repasses mensais em valores de março 2009

6
Bilhões

-
2003 2004 2005 2006 2007 2008
3

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Comportamento dos índices estacionais:


A eliminação da tendência da série temporal do FPM, observada no gráfico anterior, foi realizada através
do calculo dos índices estacionais.1 Estas estatísticas são capazes de isolar apenas o efeito de variação
cíclica ou devido a sazonalidade. No gráfico abaixo apresentamos o resultado. Veja que sem a tendência
fica mais evidente o padrão de comportamento em cada ano.
Figura 7: Representação dos índices estacionais do FPM

140

130

120

110

100

90

80

70

60
2003 2004 2005 2006 2007 2008

Comportamento dos índices sazonais:


Por fim, a partir de uma média normalizada e ajustada por um fator de correção dos índices estacionais
apresentados acima, chegamos ao comportamento sazonal padrão do FPM, que é descrito pelos
chamados índices sazonais. A representação gráfica destes índices é realizada abaixo.
Pelo padrão sazonal dos últimos anos, cerca de 52% da receita anual com FPM se concentra no 1°
semestre. Lembre que estamos considerando apenas os repasses regulares, ou seja, não levamos em
conta o adicional de 1% pago em dezembro. No ano de 2009 devemos esperar um comportamento um
pouco diferente, com maior receita realizada no segundo semestre. Isso por dois motivos, primeiro pela
isenção de IPI concentrada no primeiro semestre (desde que não ocorra nova prorrogação) e, em
segundo, porque no 2° semestre esperasse um melhor desempenho da economia. Veja no gráfico que
mesmo sem o 1%, dezembro é o mês com maior receita, seguido por maio e janeiro. Julho recebe o
menor repasse, uma decorrência das restituições de IR que se concentram neste período.

Figura 8: Comportamento Sazonal do FPM

1
Para determinar o padrão de variação estacional da serie temporal do FPM utilizamos o método da média geométrica móvel
centralizada. Estes resultados foram comparados com os obtidos também pelo método da média aritmética móvel centralizada,
apresentando resultados muito próximos, sem distinções significativas. Para mais detalhes ver Hoffman, Rodolfo: “Estatística
para Economistas” 3° ed, São Paulo: Pioneira Thomson.

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9

120

115

110

105

100

95

90

85

80
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Reestimativa do Bolo do FPM de 2009:


Em dezembro do ano passado a CNM divulgou um extenso estudo sobre o possível impacto da crise
mundial nas finanças públicas. Na ocasião, foram projetados 3 diferentes cenários e, infelizmente mesmo
o mais pessimista, que seguiu parâmetros do mercado, já se mostra hoje irrealista. Por essa razão, re-
projetamos no presente trabalho a arrecadação dos impostos que compõem o bolo do FPM, utilizando
novas expectativas de parâmetros econômicos. Consideramos um crescimento real da economia em 2009
de 0,5%, uma queda real da produção industrial de 2%, uma queda real no lucro das empresas de 5% e
uma expansão nominal da massa salarial de 6% (expectativa do governo). O ajuste representa uma
redução de 2,06% em relação ao projetado em dezembro, significa uma arrecadação destas receitas
1,75% menor que 2008 em termos nominais. Considerando que a meta de inflação de 4,5% se realize, em
termos reais, a queda será de 6,25%. Isso significa que a queda em relação a 2008 no FPM será de R$
3,1 bilhões em valores de março de 2009.
Projeção 2009 -CNM
Realizado 2008 % %
(A) DEZ/2008 Reestimativa {(C)/(B)}-1 {(C)/(A)}-1
Item
(B) MARÇ/2009 (C)
IPI+IR 216.611 217.298 212.821 -2,06% -1,75%
FPM - regular 48.737 48.892 47.885 -2,06% -1,75%
1% do FPM 2.166 2.173 2.128 -2,06% -1,75%
FPM Total 50.903 51.065 50.013 -2,06% -1,75%

Projeção do FPM de 2009 pela sazonalidade estimada


Dada a estimativa de R$ 50.013 milhões para o FPM durante todo o ano de 2009, considerando a
sazonalidade calculada anteriormente e também considerando a concentração do pacote de desoneração
do IPI no 1° semestre e o adicional de 1% a ser repassado em dezembro, a projeção do FPM para os
demais trimestres do ano de 2009 são as seguintes:
FPM 2009 Realizado Projetado
1º Trimestre 11.826 11.819
2º Trimestre 12.267
3º Trimestre 11.228
4º Trimestre 14.700
Total 50.013

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10

O valor previsto pelo modelo para o 1° trimestre se mostrou muito próximo do efetivamente realizado, com
uma diferença de apenas R$ 7 milhões, ou seja, um erro de 0,06%.
Estimativa de queda de arrecadação por coeficiente e por estado
A CNM calculou quanto cada coeficiente de FPM perdeu de receita por estado da Federação, confira
abaixo alguns exemplos do valor:
Queda do FPM entre 1º Trimestre de 2008 e 1º Trimestre de 2009 por Estado e
por Coeficiente
UF 0,6 1,0 2,0 3,0 4,0
AC 86.763 144.605 - - -
AL 130.369 217.282 434.565 - 1.639.732
AM 110.285 183.809 367.618 - -
AP 69.520 115.867 - 347.602 -
BA 128.645 214.409 428.818 643.227 1.412.470
CE 128.045 213.408 426.815 640.223 1.624.233
ES 121.672 202.787 405.574 608.361 1.057.740
GO 116.183 193.638 387.276 580.914 1.144.441
MA 110.023 183.372 366.745 550.117 1.504.092
MG 123.531 205.886 411.771 617.657 1.193.432
MS 130.006 216.677 433.354 650.031 1.236.597
MT 100.647 167.746 335.491 - 979.224
PA 104.754 174.590 349.181 523.771 1.314.844
PB 122.321 203.869 407.737 611.606 1.586.077
PE 130.926 218.210 436.420 654.630 1.489.323
PI 99.832 166.387 332.775 - -
PR 130.536 217.559 435.119 652.678 1.178.479
RJ 104.513 174.189 348.378 522.567 915.364
RN 124.952 208.253 - - 1.387.845
RO 93.518 155.863 311.726 - -
RR 56.668 94.447 - - -
RS 111.861 186.436 - 559.307 1.023.160
SC 107.408 179.014 358.028 537.042 962.649
SE 122.077 203.462 406.923 610.385 -
SP 118.385 197.309 394.617 591.926 977.331
TO 95.656 159.427 318.854 - -
BR 110.735 184.558 311.453 380.848 870.270
Fonte: CNM - Estimativas de perda real do FPM

Estimativa de perda de arrecadação por Capital de cada estado.


Queda do FPM entre 1º Trimestre de 2008 e 1º Trimestre de 2009

UF Capital Perda do FPM


AC Rio Branco/AC 4.227.065
AL Macéio/AL 7.338.654
AM Manaus/AM 4.696.739
AP Macapá/AP 3.287.717
BA Salvador/BA 10.567.662
CE Fortaleza/CE 14.677.308
DF Brasília/DF 2.348.369
ES Vitória/ES 1.878.695
GO Goiania/GO 4.227.065
MA São Luís/MA 7.338.654
MG Belo Horizonte/MG 7.045.108
MS Campo Grande/MS 2.818.043
MT Cuiabá/MT 2.348.369
PA Belém/PA 8.219.292
PB João Pessoa/PB 5.870.923
PE Recife/PE 8.219.292
PI Teresina/PI 5.870.923
PR Curitiba/PR 5.283.831
RJ Rio de Janeiro/RJ 4.109.646
RN Natal/RN 4.227.065
RO Porto Velho/RO 3.757.391
RR Boa Vista/RR 3.287.717
RS Porto Alegre/RS 3.698.682
SC Florianópolis/SC 1.878.695
SE Aracajú/SE 3.757.391
SP São Paulo/SP 3.522.554
TO Palmas/TO 4.227.065
BR Média 5.138.145
Fonte: CNM - Estimativas de perda real do FPM

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