Sei sulla pagina 1di 16

A INDÚSTRIA BILIONÁRIA

DA FABRICAÇÃO DE DOENTES
(Os vendedores de doenças)

As estratégias da indústria farmacêutica para multiplicar


lucros

espalhando o medo e transformando qualquer

problema banal de saúde numa "síndrome" que

exige tratamento

Ray Moynihan, Alan Cassels

(Tradução: Wanda Caldeira Brant, wbrant@globo. com)

H á cerca de trinta anos, o dirigente de uma das maiores


empresas farmacêuticas do mundo fez declarações muito
claras. Na época, perto da aposentadoria, o dinâmico
diretor da Merck, Henry Gadsden, revelou à revista Fortune
seu desespero por ver o mercado potencial de sua empresa
confinado somente às doenças. Explicando preferiria ver a
Merck transformada numa espécie de Wringley's –
fabricante e distribuidor de gomas de mascar –, Gadsden
declarou que sonhava, havia muito tempo, produzir
medicamentos destinados às... pessoas saudáveis. Porque,
assim, a Merck teria a possibilidade de "vender para todo
mundo". Três décadas depois, o sonho entusiasta de
Gadsden tornou-se realidade.
As estratégias de marketing das maiores empresas
farmacêuticas almejam agora, e de maneira agressiva, as
pessoas saudáveis. Os altos e baixos da vida diária
tornaram-se problemas mentais. Queixas totalmente
comuns são transformadas em síndromes de pânico.
Pessoas normais são, cada vez mais pessoas,
transformadas em doentes. Em meio a campanhas de
promoção, a indústria farmacêutica, que movimenta cerca
de 500 bilhões dólares por ano, explora os nossos mais
profundos medos da morte, da decadência física e da
doença – mudando assim literalmente o que significa ser
humano. Recompensados com toda razão quando salvam
vidas humanas e reduzem os sofrimentos, os gigantes
farmacêuticos não se contentam mais em vender para
aqueles que precisam. Pela pura e simples razão que, como
bem sabe Wall Street, dá muito lucro dizer às pessoas
saudáveis que estão doentes.

A fabricação das "síndromes"

A maioria de habitantes dos países desenvolvidos desfruta


de vidas mais longas, mais saudáveis e mais dinâmicas que
as de seus ancestrais. Mas o rolo compressor das
campanhas publicitárias, e das campanhas de
sensibilização diretamente conduzidas, transforma as
pessoas saudáveis preocupadas com a saúde em doentes
preocupados. Problemas menores são descritos como
muitas síndromes graves, de tal modo que a timidez torna-
se um "problema de ansiedade social", e a tensão pré-
menstrual, uma doença mental denominada "problema
disfórico pré-menstrual" . O simples fato de ser um sujeito
"predisposto" a desenvolver uma patologia torna-se uma
doença em si.

O epicentro desse tipo de vendas situa-se nos Estados


Unidos, abrigo de inúmeras multinacionais farmacêuticas.
Com menos de 5% da população mundial, esse país já
representa cerca de 50% do mercado de medicamentos. As
despesas com a saúde continuam a subir mais do que em
qualquer outro lugar do mundo. Cresceram quase 100%
em seis anos – e isso não só porque os preços dos
medicamentos registram altas drásticas, mas também
porque os médicos começaram a prescrever cada vez mais.

De seu escritório situado no centro de Manhattan, Vince


Parry representa o que há de melhor no marketing
mundial. Especialista em publicidade, ele se dedica agora à
mais sofisticada forma de venda de medicamentos: dedica-
se, junto com as empresas farmacêuticas, a criar novas
doenças. Em um artigo impressionante intitulado "A arte de
catalogar um estado de saúde", Parry revelou
recentemente os artifícios utilizados por essas empresas
para "favorecer a criação" dos problemas médicos [1]. Às
vezes, trata-se de um estado de saúde pouco conhecido
que ganha uma atenção renovada; às vezes, redefine-se
uma doença conhecida há muito tempo, dando-lhe um
novo nome; e outras vezes cria-se, do nada, uma nova
"disfunção". Entre as preferidas de Parry encontram-se a
disfunção erétil, o problema da falta de atenção entre os
adultos e a síndrome disfórica pré-menstrual – uma
síndrome tão controvertida, que os pesquisadores avaliam
que nem existe.

Médicos orientados por marqueteiros

Com uma rara franqueza, Perry explica a maneira como as


empresas farmacêuticas não só catalogam e definem seus
produtos com sucesso, tais como o Prozac ou o Viagra, mas
definem e catalogam também as condições que criam o
mercado para esses medicamentos.

Sob a liderança de marqueteiros da indústria farmacêutica,


médicos especialistas e gurus como Perry sentam-se em
volta de uma mesa para "criar novas idéias sobre doenças
e estados de saúde". O objetivo, diz ele, é fazer com que
os clientes das empresas disponham, no mundo inteiro, "de
uma nova maneira de pensar nessas coisas". O objetivo é,
sempre, estabelecer uma ligação entre o estado de saúde e
o medicamento, de maneira a otimizar as vendas.

Para muitos, a idéia segundo a qual as multinacionais do


setor ajudam a criar novas doenças parecerá estranha,
mas ela é moeda corrente no meio da indústria. Destinado
a seus diretores, um relatório recente de Business Insight
mostrou que a capacidade de "criar mercados de novas
doenças" traduz-se em vendas que chegam a bilhões de
dólares. Uma das estratégias de melhor resultado, segundo
esse relatório, consiste em mudar a maneira como as
pessoas vêem suas disfunções sem gravidade. Elas devem
ser "convencidas" de que "problemas até hoje aceitos no
máximo como uma indisposição" são "dignos de uma
intervenção médica". Comemorando o sucesso do
desenvolvimento de mercados lucrativos ligados a novos
problemas da saúde, o relatório revelou grande otimismo
em relação ao futuro financeiro da indústria farmacêutica:
"Os próximos anos evidenciarão, de maneira privilegiada, a
criação de doenças patrocinadas pela empresa".

Dado o grande leque de disfunções possíveis, certamente é


difícil traçar uma linha claramente definida entre as
pessoas saudáveis e as doentes. As fronteiras que separam
o "normal" do "anormal" são freqüentemente muito
elásticas; elas podem variar drasticamente de um país para
outro e evoluir ao longo do tempo. Mas o que se vê
nitidamente é que, quanto mais se amplia o campo da
definição de uma patologia, mais essa última atinge
doentes em potencial, e mais vasto é o mercado para os
fabricantes de pílulas e de cápsulas.

Em certas circunstâncias, os especialistas que dão as


receitas são retribuídos pela indústria farmacêutica, cujo
enriquecimento está ligado à forma como as prescrições de
tratamentos forem feitas. Segundo esses especialistas,
90% dos norte-americanos idosos sofrem de um problema
denominado "hipertensão arterial"; praticamente quase
metade das norte-americanas são afetadas por uma
disfunção sexual batizada FSD (disfunção sexual feminina);
e mais de 40 milhões de norte-americanos deveriam ser
acompanhados devido à sua taxa de colesterol alta. Com a
ajuda dos meios de comunicação em busca de grandes
manchetes, a última disfunção é constantemente
anunciada como presente em grande parte da população:
grave, mas sobretudo tratável, graças aos medicamentos.
As vias alternativas para compreender e tratar dos
problemas de saúde, ou para reduzir o número estimado de
doentes, são sempre relegadas ao último plano, para
satisfazer uma promoção frenética de medicamentos.

Quanto mais alienados, mais consumistas

A remuneração dos especialistas pela indústria não significa


necessariamente tráfico de influências. Mas, aos olhos de
um grande número de observadores, médicos e indústria
farmacêutica mantêm laços extremamente estreitos.

As definições das doenças são ampliadas, mas as causas


dessas pretensas disfunções são, ao contrário, descritas da
forma mais sumária possível. No universo desse tipo de
marketing, um problema maior de saúde, tal como as
doenças cardiovasculares, pode ser considerado pelo foco
estreito da taxa de colesterol ou da tensão arterial de uma
pessoa. A prevenção das fraturas da bacia em idosos
confunde-se com a obsessão pela densidade óssea das
mulheres de meia-idade com boa saúde. A tristeza pessoal
resulta de um desequilíbrio químico da serotonina no
celebro.

O fato de se concentrar em uma parte faz perder de vista


as questões mais importantes, às vezes em prejuízo dos
indivíduos e da comunidade. Por exemplo: se o objetivo é a
melhora da saúde, alguns dos milhões investidos em caros
medicamentos para baixar o colesterol em pessoas
saudáveis, podem ser utilizados, de modo mais eficaz, em
campanhas contra o tabagismo, ou para promover a
atividade física e melhorar o equilíbrio alimentar.

A venda de doenças é feita de acordo com várias técnicas


de marketing, mas a mais difundida é a do medo. Para
vender às mulheres o hormônio de reposição no período da
menopausa, brande-se o medo da crise cardíaca. Para
vender aos pais a idéia segundo a qual a menor depressão
requer um tratamento pesado, alardeia-se o suicídio de
jovens. Para vender os medicamentos para baixar o
colesterol, fala-se da morte prematura. E, no entanto,
ironicamente, os próprios medicamentos que são objeto de
publicidade exacerbada às vezes causam os problemas que
deveriam evitar.

O tratamento de reposição hormonal (THS) aumenta o


risco de crise cardíaca entre as mulheres; os
antidepressivos aparentemente aumentam o risco de
pensamento suicida entre os jovens. Pelo menos, um dos
famosos medicamentos para baixar o colesterol foi retirado
do mercado porque havia causado a morte de "pacientes".
Em um dos casos mais graves, o medicamento considerado
bom para tratar problemas intestinais banais causou
tamanha constipação que os pacientes morreram. No
entanto, neste e em outros casos, as autoridades nacionais
de regulação parecem mais interessadas em proteger os
lucros das empresas farmacêuticas do que a saúde pública.

A "medicalização" interesseira da vida

A flexibilização da regulação da publicidade no final dos


anos 1990, nos Estados Unidos, traduziu-se em um avanço
sem precedentes do marketing farmacêutico dirigido a
"toda e qualquer pessoa do mundo". O público foi
submetido, a partir de então, a uma média de dez ou mais
mensagens publicitárias por dia. O lobby farmacêutico
gostaria de impor o mesmo tipo de desregulamentaçã o em
outros lugares.

Há mais de trinta anos, um livre pensador de nome Ivan


Illich deu o sinal de alerta, afirmando que a expansão do
establishment médico estava prestes a "medicalizar" a
própria vida, minando a capacidade das pessoas
enfrentarem a realidade do sofrimento e da morte, e
transformando um enorme número de cidadãos comuns em
doentes. Ele criticava o sistema médico, "que pretende ter
autoridade sobre as pessoas que ainda não estão doentes,
sobre as pessoas de quem não se pode racionalmente
esperar a cura, sobre as pessoas para quem os remédios
receitados pelos médicos se revelam no mínimo tão
eficazes quanto os oferecidos pelos tios e tias [2] ".
Mais recentemente, Lynn Payer, uma redatora médica,
descreveu um processo que denominou "a venda de
doenças": ou seja, o modo como os médicos e as empresas
farmacêuticas ampliam sem necessidade as definições das
doenças, de modo a receber mais pacientes e comercializar
mais medicamentos [3]. Esses textos tornaram-se cada vez
mais pertinentes, à medida que aumenta o rugido do
marketing e que se consolidas as garras das multinacionais
sobre o sistema de saúde.

Bibliografia complementar:

* A revista médica PLoS Medecine traz, em seu número de abril de 2006, um


importante dossiê sobre "A produção de doenças" – http://medicine.
plosjournals. org/

* Na França, as revistas Pratiques (dirigida ao grande público) e Prescrire


(destinada aos médicos) avaliam os medicamentos e trazem um olhar crítico
sobre a definição das doenças.

*Jörg Blech, Les inventeurs de maladies. Manœuvres et manipulations de


l'industrie pharmaceutique, Arles, Actes Sud, 2005.

* Philippe Pignarre, Comment la dépression est devenue une épidémie, Paris,


Hachette-Litté rature, col. Pluriel, 2003.

Este Artigo vem ao encontro com o que já nos foi declarado por PAUL ZANE
PILZER em sua pesquisa de 6 milhões de dólares, onde denuncia a INDÚSTRIA
DA DOENÇA nos EUA, em sua palestra na Extravaganza Brasil 2005. (NT)

Fonte: Le Monde Diplomatique (edição maio 2006) http://diplo. uol.com.br/


2006-05,a1302

Retorna à página ARTIGOS

-----------------------------------------

DENÚNCIA DO JORNAL DA BAND SOBRE A


INDÚSTRIA FARMACÊUTICA
REPORTAGEM COMPLETA
Primeira reportagem da Série: “RECEITA MARCADA ”

02 de julho de 2008 (Quarta-feira)

No dia 02 de julho de 2008, o Jornal da Band apresentou uma


reportagem (será apresentada uma série de reportagens sobre
o tema), denunciando a indústria farmacêutica. O vídeo da
reportagem pode ser visto, acessando o link abaixo:

http://www.band.com.br/jornaldaband/conteudo.asp?ID=92062&CN
L=1

“Exclusivo, comida boa, hotéis de luxo, passeios com a família,


esses são alguns dos presentes que os laboratórios distribuem em
todo o país, para que médicos indiquem os seus remédios aos seus
pacientes. Na primeira reportagem da série “Receita Marcada”, o
Jornal da Band denuncia o prejuízo ao consumidor com esta
relação entre a indústria farmacêutica e a classe médica.”

“Convites para simpósios em hotéis de luxo no Brasil e no exterior


com tudo pago, jantares regados a muita comida e bebida alcoólica,
brindes e sorteios de eletro-eletrônicos; desde o primeiro ano da
faculdade de Medicina, os alunos já são assediados por
funcionários da indústria farmacêutica.”

“A gente recebe uma amostra grátis aqui, faz uso de uma coisa ou
outra, que, no final, o medicamento chega muito caro no mercado.”

“O orçamento mensal de Dona Regina foi prejudicado, o médico da


pensionista receitou um remédio que custa R$87,00 para
hipertensão, e disse que ela não poderia comprar o genérico.”

“Eu vou mudar de médico para ver se o outro tem a mesma


opinião.”

“O importante é que ele (o médico) mencione na prescrição dele, o


nome do genérico, e diga ao paciente que “este é o genérico”, e
existem muitas opções, e este tipo de franqueza, de informação, é
uma obrigação ética do médico.”

“A maioria das pessoas confia na prescrição médica”. “A marca


você segue o que o médico manda.”
“É disso que os laboratórios se aproveita: do desconhecimento.
Para vender os remédios, a indústria farmacêutica conta com
equipes, que visitam com freqüência, os médicos nos consultórios.
Além de oferecer amostras grátis, os chamados ‘propagandistas’
dão PRESENTES aos profissionais da medicina. Este homem, que
é propagandista há quatro anos, conta como é a relação com os
médicos:

-- O que que um médico pede em troca, para prescrever os


medicamentos do laboratório?
-- Muitas vezes o médico pede jantares, que o laboratório pague
alguns congressos e pague algumas viagens.

“Esta prática é muito mais comum do que se imagina nos


consultórios médicos. Segundo a Organização Mundial de Saúde
(OMS) 75% dos remédios prescritos não são adequados. A cada 42
minutos, uma pessoa é intoxicada, pelo uso indevido de
medicamentos no Brasil; muitas vezes, o paciente nem precisa
tomar remédios.”

“Nossa equipe acompanhou um jantar, promovido por um


laboratório, nesta churrascaria em São Paulo. Foram convidados 60
médicos, alguns deles levaram parentes.” (...)

“O laboratório que organizou o jantar, não promoveu uma palestra


com especialista médico, apenas apresentou um de seus produtos.
Esta prática é proibida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(ANVISA). Depois do jantar, todos os médicos agradeceram a
cortesia.” (...)

“Em maio, o Laboratório Novartis, patrocinou um Congresso sobre


osteoporose, de sexta a domingo, neste resorte em Florianópolis.
Passagem aérea e hospedagem de graça, e um desconto especial
para os acompanhantes de 50 médicos. Na manhã de sábado, eles
assistiram a 4 palestras. O restante do fim de semana foi livre. Na
maioria das vezes, os profissionais convidados são os que mais
indicam os medicamentos do laboratório que patrocina o evento.
Para verificar a venda dos produtos, e quem prescreveu, a indústria
farmacêutica negocia cópias das receitas médicas com as
farmácias.” (...)
“E quanto mais consumo, mais dinheiro para a indústria
farmacêutica. O setor fatura por ano R$ 28 BILHÕES DE REAIS NO
PAÍS, 30% são investidos em marketing.”

“Em nota o Laboratório Novartis, que patrocinou o congresso em


um hotel de luxo em Florianópolis, alega que o evento teve cunho
científico, e que o objetivo do encontro foi atualizar os profissionais
de saúde.”

“E amanhã, o Jornal da Band vai mostrar como os propagandistas


agem em hospitais, Universidades e farmácias. Até amostras de
remédios com tarja preta, que são proibidos, portanto, são
oferecidos aos médicos.”

Fonte:
Jornal da Band – 02/07/2008, primeira reportagem da série “Receita
marcada”.

Para assistir ao vídeo da reportagem, utilize o link abaixo:


http://www.band.com.br/jornaldaband/conteudo.asp?ID=92062&CN
L=1

---------------------------------------------

DENÚNCIA DO JORNAL DA BAND SOBRE A


INDÚSTRIA FARMACÊUTICA
Segunda reportagem da Série: “RECEITA MARCADA”

“LABORATÓRIOS PROMOVEM SORTEIOS PARA MEDICAÇÃO


DE SEUS REMÉDIOS”

O vídeo desta reportagem pode ser visto no link abaixo:

http://www.band.com.br/jornaldaband/conteudo.asp?ID=92261&CN
L=1

03 de julho de 2008 (Quinta-feira)

“Exclusivo, laboratórios sorteiam computadores, DVDs e até


automóveis entre médicos, para que eles receitem seus
medicamentos para pacientes. Uma estratégia “ilegal” flagrada por
nossa reportagem. Na série “Receita Marcada” você também vai ver
como agem os propagandistas da indústria farmacêutica em
hospitais, e até em Universidades. Amostras de remédios com tarja
preta, de uso “controlado”, também são oferecidas aos médicos.”

“Eles estão nos corredores dos hospitais, na porta dos consultórios,


nas universidades de Medicina. É só o médico ter um intervalo, que
os propagandistas dos fabricantes de remédios, aparecem com
amostras grátis, panfletos e brindes de todos os tipos: rádio-relógio,
livro, caneta, pen-drive e até bichinho de pelúcia. Este ortopedista,
caminha pelo corredor do Hospital de Clínicas de São Paulo, o
maior da América Latina, com uma caixa de medicamentos que
ganhou. Esta médica sai com uma sacola cheia de presentes.”

“Eu ganhei canetas, amostras (de remédios) e toalha.”

“Alguns chegam a pedir de tudo em troca da prescrição: “Tem um


médico que queria reformar o consultório. Ele falou: “Olha, eu
queria reformar o consultório, o que o laboratório vai me dar?”

“Este propagandista disse que a relação com grande parte dos


médicos, é de pura troca de interesses: “Na realidade, o
propagandista vê o médico como uma fonte para gerar capital de
vendas para o laboratório. O médico já olha como uma fonte de
interesse particular.”

“Riad Younes, Diretor do Hospital Sírio Libanês, diz: “São


relacionamentos, são patrocínios, são ajudas, que podem,
teoricamente, influenciar a decisão do médico, e esta decisão não é
mais independente e é aí que mora o problema.”

“A distribuição de amostras grátis de remédios de tarja preta é


ilegal, ainda assim, esta propagandista confirma que entrega
medicamentos controlados aos médicos:

-- “O que for liberado de amostra de tarja preta tem que constar o


carimbo no protocolo e a quantidade.”

-- “Então o propagandista pode levar (amostra de tarja preta)?”.

-- “Pode.”
“Os funcionários do Laboratório Ápice, fizeram um vídeo para contar
a rotina de trabalho; a paródia, que circula pela internet, fala da
relação com os médicos.” – “O médico amigo, que pediu
investimento, cobrou o patrocínio pra poder ir pro evento. A verba
está regada e o cara me pediu.”

Rodrigo Hidalgo (São Paulo): “Além da distribuição de brindes os


laboratórios investem em sorteios de produtos caros, o que é
proibido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Fabricantes já sortearam entre os médicos que participaram de
congressos e simpósios como este no país, computadores
portáteis, aparelhos de TV e até carros.”

“E em um evento, promovido pelo Colégio Brasileiro de Cirurgia


Digestiva, em São Paulo, esta empresa definiu um estratégia para
chamar a atenção dos profissionais da medicina:

-- “Vai ter sorteio de que?”

-- “DVDKaraokê. Amanhã faremos o último sorteio. Vocês querem


preencher?”

“A Federação Brasileira da Indústria Farmacêutica, acredita que o


desvio de conduta dos médicos não é comum:

-- “O importante é que são casos que devem ser trados com focos
em cima destes casos, e não se pode generalizar para a atividade
de toda a indústria e de todos os profissionais médicos.” (Ciro
Mortella, Presidente da Federação Brasileira da Indústria
Farmacêutica).

“Para tentar acabar com as práticas ilegais, a Anvisa vai mudar a


regulamentação do setor:

-- “Por exemplo, a amostra grátis, ela fica proibida de ser distribuída


em congressos médicos. E o espaço previsto por lei, para receber e
utilizar esta amostra grátis, é o seu consultório”. (Maria José
Delgado – Gerente Fisc. Prop./ ANVISA)”

“Enquanto isso, negociações proibidas continuam. Nesta farmácia,


a nossa equipe conseguiu, o que devia ser confidencial, a relação
de médicos que prescrevem medicamentos de tarja preta:
-- “Posso te passar, né? As receitas do dia-a-dia. Posso te passar o
número do CRM, ta?”

Fonte:
Jornal da Band, 03 julho 2008, segunda reportagem da série
“Receita Marcada”.

O vídeo desta reportagem, pode ser vista no link abaixo:


“Laboratórios promovem sorteios para a medicação de seus
remédios”.

http://www.band.com.br/jornaldaband/conteudo.asp?ID=92261&CN
L=1

-------------------------------------

Link do vídeo da primeira reportagem da série “Receita Marcada”,


abaixo:
“Denúncia do Jornal da Band sobre a indústria farmacêutica”.

http://www.band.com.br/jornaldaband/conteudo.asp?ID=92062&CN
L=1

-------------------------------------

DENÚNCIA DO JORNAL DA BAND SOBRE A


INDÚSTRIA FARMACÊUTICA
Terceira reportagem da Série: “RECEITA MARCADA”

“título...”

04 de julho de 2008 (Sexta-feira)

( ... )

... procurou outra opinião médica, e descobriu que Pedro não


precisa tomar o medicamento.”
“Ainda estou nesta prática, mais do amor mesmo, do carinho, da
atenção.”

-- Então, é o jeito dele?


-- É o jeito, tem que saber entender ele.

“O remédio (Ritalina) é controlado, e só pode ser vendido com este


tipo de receita, de cor amarela. Mas é fácil encontrar a droga, sendo
vendida livremente pela internet. No Brasil nos últimos quatro anos,
houve um aumento de 930% na venda da Ritalina. Em São José do
Rio Preto, no interior de São Paulo, 12 mil comprimidos foram
vendidos por mês em 2007. Segundo o Ministério da Saúde, a
cidade é uma das que mais prescrevem o medicamento.”

“Eu acho que houve um excesso de rótulos, muitas crianças que


não se adequavam ao comportamento em sala de aula, eram
rotuladas de crianças com déficit de atenção.” (Maria do Rosário
Laguna – Sec. Mun. Educação)

“Segundo especialistas, o crescimento do consumo do remédio,


está ligado ao marketing agressivo dos fabricantes. Cerca de 70%
das crianças que tomam o remédio não tem a doença.”

“A indústria farmacêutica na minha opinião, cria as doenças, para


que, os sujeitos possam então consumir medicamentos, para de
certa forma apaziguar, ou diminuir estes sintomas provocados por
esta doença”. (Kátia Forli Bautheney – Psicanalista/USP)

“Para chamar a atenção para a eficácia do produto, e induzir o


tratamento, os dois laboratórios que fabricam o “Cloridrato de
metilfenidato” divulgam pesquisas encomendadas e opiniões
médicas sobre o assunto. Este artigo diz que uma cada três
crianças com o transtorno é reprovada na escola. Quem informa, é
o Laboratório Janssem-Cilag Farmacêutica, que produz o
“Concerta”, concorrente da ritalina. Este é o mais novo estudo
científico sobre o tema(*), produzido pelo Instituto de Psiquiatria da
Univerdade Federal do Rio de Janeiro. Quem patrocinou o trabalho,
foi o Laboratório Janssem-Cilag Farmacêutica. Quem toma o
medicamento sem precisar, sofre com os efeitos colaterais.”

“Cefaléia, alteração do sono e alteração do apetite, são


relativamente comuns.” (Fábio de Nazaré – Neurologista)
“Este menino toma Ritalina de segunda a sexta-feira para se
concentrar na sala de aula.”

-- “E sábado e domindo? Quando você não toma, como é que você


fica? (repórter)
-- “Agitado”. (Pablo Barboza, 8 anos)
-- “Faz o que?”
-- “Fico brincando”.

“Para vender mais, os laboratórios facilitam o acesso ao remédio.”

“O famoso Ritalina o acesso é fácil. Você consegue em qualquer


carro de representante.”

“Os norte-americanos consomem 90% da produção mundial da


Ritalina. Nos Estados Unidos, o assunto é tratado como uma
epidemia. O governo tem promovido campanhas nas escolas, para
informar que nem todas as crianças precisam tomar o
medicamento. O Brasil, caminha no sentido contrário”.

“Hoje em dia prevalece, na minha opinião, na indústria


farmacêutica, aquilo que a gente chama brincando de “capitalismo
selvagem”, a “ganância”, o “lucro a qualquer custo”. (Raul Gorayeb
– Psiquiatra/ UNIFESP).

“Em nota, o Laboratório Janssem-Cilag, fabricante do “Concerta”,


afirmou que não interfere nos resultados das pesquisas científicas
que patrocina. Já o Laboratório Novartis, do remédio Ritalina, não
se pronunciou”.

___________________
(*) publicado no “Jornal Brasileiro de Psiquiatria”. Nome do artigo:
“Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) na
prática clínica”; Editor convidado: Paulo Mattos. /Patrocinador deste
trabalho: Janssem-Cilag Farmacêutica.
J. bras. psiquiatr. vol.56 suppl.1 Rio de Janeiro 2007
Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) na prática
clínica
Attention deficit hiperactivity disorder (ADHD) in the clinical practice

Fonte:
Jornal da Band – 04 julho 2008 – sexta-feira – Terceira reportagem
da série “Receita Marcada” – Denúncia do Jornal da Band sobre a
Indústria Farmacêutica.

Potrebbero piacerti anche