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Alberto Vieira e Victor L. G.

Rodrigues

A Administração do Município do Funchal


(1470-1489)

C O L E C ~ OSEPARATAS
5

RBGIXO AUT~NOMADA WBIRA


SECRETARIA REGIONAL DO TURISMO, CULTURA E EMIGRAÇ~O
CENTRO DE E3-S DE H U T ~ R I ADO ATLANTICO
Separata das
Actas do 11 Colóquio Internacional de Histbria da Madeira
Funchal, Setembro de 1989
FUNCHAL (1470- 1489)

O município do Funchal manteve-se, até A criação dos da Ponta do


Sol (1501) e Caheta (1502), como a 6nica estrutura de poder local em todo
o perímetro da capitania funchalense, o mesmo sucedendo com o de Machicu,
na capitania do mesmo nome. Em paralelo, o Funchal assumiu desde cedo
uma posição de particular evidência no conjunto da ilha, não s6 por se tratar
do principal porto da Madeira, mas tambdm por haver assumido a liderança
do processo de reivindicação dos interesses das suas pogulaç2ies junto da
Coroa e do Senhorio (I).
Mas esta estrutura do poder l d , cujo inicio a tradiçh faz remontar
na ilha aos meados do século XV, s6 adquiriu pIena forma a partir do governo
senhorial do Infante D. Fernando. Com efeito, ap6s a morte de D. Henrique
os madeitenses enviaram ao reino Pero Lourenço e João Femndes para, na
qualidade de procuradores, reclamarem junto do Senhor certas prerrogativas
a que se supunham com direito e que haviam sido usurpadas pelo capitão.
Do extenso rol de exigências apresentado faziam parte algumas que
dimtmente se relacionavam com o funcionamento da estrutura municipal.
Assim, solicitaram ao Infante que a eleição dos okiais da Câmara fosse
efectuada de acordo com o costume do leino, e com os demais poderes que
o capitKo havia usurpado. Por outro lado, reclamaram igualmente um
local junto da igreja principal da ilha onde pudessem construir a Casa das
Audi€ncim da Câmara, de molde a evitar os ixiiimeros problemas decorrentes
da inexisthcia de um local próprio para as suas reunI&s. A Aido o Infante
atendeu, tendo-se comprometido a enviar o selo e a bandeira para o
concelho (2).
Legitimadas por aquele as principais prerrogativas que davam corpo ao
município funchalense puderam os seus representantes, como refere Manuel
1 - 1
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I .
1

',..,,
, . (1) A
#

afirmaFáo do mimicipio funchalense como principal medianeiro no relacio-


namento com o Senhorio encwtra-m patente no facto de este haver assumido a ch& dm
procuradores a enviar ao reino, limitando-se o Machico a vir ao Funchal manifestar a sua
adwão.
(2) Arquivo Regional da Madeira, Câtnara Mnicipd rdo Funclsal,t. 1, Ef. 204-209,
3 de Agosto de 1461, publ. in Arquivo Histórico da Madeira, XV, 1972, pp. 11-20.
Pita Ferreira, gerir os destinos do concelho com muito maior liberdade de
acção, deixando de ser, como at6 aí, um mero instrumento de poder nas mãos
do capitão (3).
No entanto, muito pouco se sabe dos seus primeiros anos, na medida
em que só para a década de setenta se encontraram actas das vereaçaes e,
mesmo assim, referentes apenas a um curto período de tempo. Com efeito,
se para as décadas de oitenta e noventa existem vários livros de acordãos (4),
em relação h de setenta apenas estão referenciadas as actas das reuniões
respeitantes a 1470, I471 e 1472, nada se sabendo das restantes (5).
Assim, não obstante os condicionalismos que acabamos de apresentar,
entendemos ser possivel proceder a um estudo preliminar da administração
do município do Funchal a partir da década de setenta, pois não oferece
dúvidas a importância deste núcleo de documentos que damos a conhecer (6),
aliás completado, e atd certo ponto confirmado, pelos acordãos referentes à
década imediata.
De facto, apesar das lacunas (7), este conjunto de textos permite elaborar
uma perspectiva muito generica, mas com incidência em alguns pontos muito
precisos, das actividades adrninistiativas naquela &oca.

1. A ESTRUTURA ADMINISTRATIVA

O funcionamento do município assentava na vereação, a qual era com-


posta nos primeiros anos por dois juizes, dois vereadores, um procurador
do concelho e os homens bons do mesmo. De entre este último grupo de
gente ilustre da localidade eram escolhidos trienalmente os pelouros para
o serviço da vereação (8).
Por outro lado, eram normalmente convocados na sua totalidade quando
da tomada de decisbes importantes que dissessem respeito ao concelho.
No entanto, a mia presença ao longo dos anos nunca foi uniforme, antes

(3) P.e Manuel Juvenal Pita Ferreira, O Arquip6lago da Mdeira, Terra do Senhor
Idante & 1420 a 14ó0, FunchaI, s. d., p. 306.
(4) Cf. A.R.M., C.M.F.,n.O 1297,Vereaçkde 1481-82; ibIakm,n.O1298, Vemç6es
de 1485-86; ibidem, n . O 1299, Vereaq2k.s de 1488-89; ibidem, n." 1300,VereaMes de 1491-92:
ibidem, 1302, VereaqBes de 1495-96; ibidem, n.O 1302, VereaNes de 1496-97.
(5) A.R.M., C.M.F., n.O 1296, Vereações de 1470-72.
(6) As actas das v e w h do FumhaI agora ~tudadassãro as mais antigas conhe-
cidas neste espap Atlântioo. Com efeito as primeiras vereaçties existentes para os Açores
datam de 1555 e respeitando ao municipio da Ribeira Grande (S. Miguel), enquanto que
nas Canslrias as mais antigas são de 1497 e foram publicadas por Elias Serra Kafols e Leo-
poldo de Ia Rosa Oliveira em 1959.
(7) O mau estado de muitos fblios dos livros impossibilitou por vezes a realização
de um estudo mais aprofundado da temática em questão, ein particular para o ano de 1481,
dado que os primeiros 27 fblios do livro se encontram ilegíveis.
(8) A partir de 7 de Maio de 1489 foi decidido que as ekições passassem a ser feitas
de dois em dois anos. Cf. A.R.M., C.M.F., n.O 1299, f. f. 97-98v.O
variando wmi&raveImnte de ano para mo: trinta entre 1470 e 1472; vinte
e três de 1481 a 1482; setenta e um de 1485 a 1486; finalmente quarenta e
quatro & 1488 a I489 (9).
Para d h disso a sua participação na vereaçb jamais foi p l f i m ,
multiplicando-se os a s de recusa em comparecer nas reunitks, quer a ps
texto de doenças s6bitas ou impedimentos vhios relacionados com o amanho
das suas terras ou com a criação dos animais, quer estribando-se em alvargs
passados p i o Infante, que disso os desobrigam. A situação agrakar-ía
de tal forma que, em 4 de Janeiro de 1472, o vereador Pero Aivaxes, postado
face h não compadncia dos homens bons nas reuniks da Câmara os mandou
chamar, acusando-os de negligenciarem os assuntos da municipalidade (10).
De seguida foi interrogando cada um dos presentes, pedindo-lhes que logo
ali manifestassem o seu interesse em servir a comunidade ou, caso assim o
não entendessem, que apresentassem as suas razíks para se exumem de
o fazer.
Dos presentes apenas Matim Mendes de Vasconcelos e Rui Lopes se
d e s t a m m alegando possuirem alvarás emitidos @o Infante que os
escusavam d a participaeo. Rui h p e s armou ainda que se fosse
mister dar conselho que viria mas para oficiar que não o avia de s e M .
Dos restantes que ai se encontravam presentes todos disseram que pretendiam
servir na Câmam e prover em todo o bom regimento dela.
Entretanto, chegaria ao Funchaf a resposta As dili@ncias encetadas pela
vereaçh durante o ano de 1471. Com efeito, nesse ano os juizes e vereadores
haviam enviado ao Duque um emissário, Alvaro Ana, com uma informaç5o
a solicitar providSncias.
Emitida a 1de Novembro de 1471 (1 I) foi apresentada e iida em vereaao
a 31 de Janeiro de 1472 na presença de todos (12). Na carta dispunha a
Infantri D. Beatriz uque todos os homens boas andem nos pelouros de offi-
ciaes do conceiho e se vam quando quer que se acertar per seu pelouro~
ainda que tivessem alvarbs contrários passados pelo Infante ou por ela pr6-
piia. Ressalvava apenas o caso particular de Diogo Afonso, contador do
Duque, que, dados os seus miiltiplos afazeres com o cargo, ficava isento
de aí compaiem.
Conhecido o teor da rnissiva desde logo contra ela se insurgiram alguns
dos presente, em particular Rui Lopes que protestou com os elementos da
vereação por haverem dado conta do problema h Infanta. Alvaro h e s ,
principal visado, responder-heía que não se tratava & um pro- contra
a sua pessoa, mas antes uma tomada de posição face B a d n a dos homens
bons nas reuni- da C 3m .

(9) Canfr0nte-eEWWO Gonpim, NOShomens bons do concelhodo FuacbaI. 1471%


in D.R.H.M., n.0 28, 1958, pp. 1-79.
(10) A.R.M., C.M.F., n.O 1296, f.f. 34 a 36.
(11) A.R.M., C.M.F., t. 1, R. 6v.0,publ.in A.H.M.,~vd..XV(1972),n.~29, p. 58.
(12) A.R.M., C.M.F., n.O 1296, f.f. 3 6 ~ . ~ - 3 7 v . O .
A 3 de Fevereiro de 1472 foi de novo discutidei a carta referida, tendo
Rui Gonçalves da Câmara, Rui Lopes e Mendo Afonso levantado algumas
objecçiies ao seu conteúdo (13). No entanto foi decidido cumprir as recomen-
dações da Infanta e penhorar em 5.000 reais todos aqueIes que não compa-
recessem à vereação. Uma vez mais Rui Lopes protestou dizendo que por
aqueles o quererem constranger mão havia de servir bem em nenhuma causa
e que avia de dizer mal e esprevera 9, dita senhora>>.
M o obstante as vozes discordantes a que fizemos refedncia foi lançado
pregão pelo porteiro, a pedido dos vereadores, para que todos os homens
bons estivessem presentes h vereação de 5 de Fevereiro (14) por forma a pres-
tarem juramento. Ainâa assim, para o dia aprazado apenas compareceram
dezasseis homens bons, recusando-se, por isso, uma boa parte a acatar o
deliberado pela vereação (1 5).
Na realidade, esta deterrninaçbo não teve quaIquer efeito prático durante
a quase totalidade do período em estudo e apenas no final da d h d a de
oitenta, mais precisamente em Dezembro de 1488 e Março de 1489, encon-
tramos referhcias a penhoras efectuadas sobre homens bons do concelho
que haviam faltado B Vereaçâo (I@. Aiiás, se confrontarmos as várias
actas 6 por demais evidente o diminuto número de homens bons presentes
nas reuniiks e bem assim dos próprios oficiais (17). Com efeito, poucas
sgo as vezes em que se encontram reunidos na mesma vereação todos os
juizes, vereadores e procurador do concelho, pois, por norma, os vereadores
e os juizes revemvam-se.
Por outro lado, nzo obstante fosse obrigatdrio apresentar uma justi-
f i a 0 para a falta cometida, por forma a n b serem pendados, apenas
conhewnos dois casos em que aquela foi apresentada. O primeiro, ocorrido
ern 4 de Fevereiro de 1489, quando João Lourenço, vereador, justificou a sua
n2o comparência pelo facto de ter ido buscar dois porcos que danificavam
os canaviais em Agua de Me1 (1 8): o segundo, de 11 do mesmo mes, apresen-

(13) Ibkiem, f.f. 38 a 39.


(14) Zbidem, ff. 39 v.0 a 40 v.0.
(1s) Ai estiveram presenta Martirn Mendes, Diogo Afonso, M a Rodrigum Rui
Gonçalves, J o b Gomm, GonçaIo Ana Velosa, Mendo Afonso, Diogo de Teive, Rui
Lopes, J o h u Afonso Miaiheiro, Joham Femandaç, Jobam de Prado, Afonso Cfonçalm,
Briltasar Gonçaiveg, Alvaro de Poiares, Joham de Canha.
(16) Em 17 de Dezembro de 1488 6 penhorado João J h m e em 2.000 rs. por ter
faltado hvereação (IBldem.n.01298,fl.35 v.O). Tr&gmaadepois,em21 &Março& 1489,
foi a vez de Diogo A n a sofrer idhtica pena por* tal como o anterior, nflo haver compare-
cido em vereaçio (ibiBm. f. 63 v.0).
(17) Por exemplo a 6, 14 e 19 de Dezembro de 1488 não foi feita vereação por falta
de juizes no primeiro dia, e de vereadores nos restari- (Cf., A.R.M., C.M.F., n.0 1299
f. 48 v.0). O mesmo sucedeu a 21 de Fevereiro de 1489 e a 15 e 23 de Maio do mesmo ano,
então por falta de jufies (Ibiuérn, f. 76 e f. 76 v.O).
(18) Ibhkm, n.* 1248, fl. 48.
tado por João Lourenço que alegou ngo ter comparecido por trazer gente
a podar (19).
Em qualquer das situações julgamos que o justificativo apenas foi apre-
sefitado dada a proximidade da pena aplicada a Jogo Jhcome, seu coiega.
Analisados de forma breve alguns aspectos directamente relacionados
com a actividade deste grupo que se encontrava a dirigir os interesses do
concelho, importa agora que atentemos mais de perto no funcionamento
da v e r e w .
Como j4 atrfis referimos, ate aos finais da d h d a de oitenta a vereação
era escolhida triendmente com base na lista dos homens bons elaborada
para o efeito. Os elementos em exercício e o ouvidor prodiam então à
elaboração de três rois para os cargos de juiz, vereador e procurador do
concelho, contendo os dois primeiros seis nomes cada e o iiltimo apenas
tres. Seguidamente procediam h sua introdução nos «pelouros» (pequenas
bolas de cera onde eram metidos os nomes dos oficiais seleccionados), após
o que os colocavam em três sacos devidamente assinaiados com o cargo a
que se destinavam.
Por fim, introduziam os sacos numa ~arquinhmque era codada à
guarda de um dos juizes, normalmente o m a i s velho, para que, pelo S. Jogo,
fossem abertos na presença do capitão, perante o qual os oficiais saídos dos
plouros juravam cumprir os seus cargos (20).
A «arquinha» com os restantes pelowos era então entregue pelo porteiro
da Câmara a um dos juizes eleitos, o qual, por sua vez, manteria a guarda
daquela a~ novas eleições (21).
A primeira referência h presença de um procurador dos mesteres numa
vereação surge em 21 de Dezembro de 1470, quando Fernão Vaz af compare-
ceu nessa qualidade (22). Todavia, até 1482 os mesteres n%o estiveram
representados na Câmara, disso se queixando, em data anterior (Junho
de 14S1), João do Porto, sapateiro (23). Enviado como seu representante
a Lisboa não s6 chamou B, atenção da Infanta para o caso, como aIertou para
as desconsiderações de que eiam dvo os seus parceiros de oficio por parte
dos vereadores da Chara. Estes, porque nada interessados em partilhar
com aqueles a administração do município, reagiam naturdmente de forma
vioIenta contra toda e qualquer intromissão.
Em face das reclamações apresentadas, D. Beatriz expediu, ainda nesse

(19) ZbiAm, fl. 48 V.O e 49.


(20) A.R.M., C.M.F., no 1297, f. f. 20 a 21 v.\ vereação de 27 de Junho de 1471;
ibidem. n.O 1298, f.f. 87 v.0 a 88 v.*, vereaçgo de 13 de Junho de 1486.
(21) I b a r n , n.0 1297, fl. 51, vereação de 24 de Junho de 1472.
(22) Ib&m, n.O 1297, fl. 16 vnO.
(23) A.R.M., C.M..I.F, t. i , f.f. 217 a 219, publ. in A.H.M., vol. XV, 1972, 74,
pp. 111 a 113.
ano, uma carta em que recomendava aos oficiais da vereaçiio um melhor
tratamento para com os mesteres (24).
Pressionados talvez por esta missiva, ou por outras de que por ventura
nos não tenham chegado noticias, Folarn os oficiais compelidos a aceitar a
presença dos representantes dos mestem desde, pelo menos, Janeiro
de 1482 (25). Não obstante a sua participação se tivesse pautado entgo
por uma grande irregularidade, o mrto 6 que após essa data os rnesteres aí
aparecem com dois representantes seus.
Finalmente, a 21 de Dezembro de 1483, como que a conbmar essa prá-
tica anterior, ordenou o Duque que «os vinte e quatro dos rnesteres tenham
direito a dois lugares na vereação para representar em nome do povo», de
acordo com o que se fazia em Lisboa (26). Por outro lado, este documento
marca, igualmente, o momento a partir do qual os homens dos oficios pas-
saram a participar com grande assiduidade nas vereações, aí surgindo, por
norma, t r ê s representantes seus.
A inexistência de um local apropriado para as reuniões dos oficiais
camarários, foi, desde o inicio, um problema que muito condicionou o bom
funcionamento da vereação. Na verdade, não obstante o Infante D. Fer-
nando ter concedido, em 1461, um espaço destinado h edzcação de uma
casa para o efeto (27), cujo terreno se situava junto h igreja de Santa Maria
do Calhau, temos noticia de que em 1470 a sua construç40 se encontrava
ainda muito atrasada (28).
Nesse mesmo m o os homens bons do concelho, wm o intuito de acelerar
as obras, recomendaram a Gonçalo Ana de Velosa que iatecoedesse junto
do Infante. Este, em resposta, recomendou a Rui Gonçalves da a m a r a
que pusesse todo o seu empenho na conclusão da referida obra.
Entretanto, perante a inexistgncia de um local apropriado para as suas
reunibes, a vereaçãlo ia deliberando quer em casa do capitão, em Santa Maria,
quer na de algum oficial mednico. Por vezes, reuniam mesmo em plena
rua, defronte da igreja de Santa Maria Maior, ou à porta de um qualquer
vizinho (29). A partir de Agosto de 1485 a Vereação passou a ter lugar,

(24) Ibiakm, fl. 17 v.-18, pubí. in ~ i d e m , 75, pp. 114 e 115. Note-se, k r outro
lado, que essa faIta de cortesia dos oficiais e homens bons-do concelho para com 0 3 mes-
t e m foi igualmente o argumento invocado por Lopo Vaz em 1471 para requerer a reniincia
do cargo de mercador de pesos (C. f. A.R.M., C.M.F., n.O 1297, f. f. 25 v.0 e 26 v.9 ~ereaçãlo
de 24 de Setembro de 1471).
(25) A.R.M., C.M.F., n . O 1297, f. 15. Para o período anterior não po~suímos
qualquer indicaç8o por os fblios iniciais se encontrarem da&crtdos.
(26) A.R.M., C.M.F., t. 1, f.f. 18 e 1Svn0,pubI. in A.H.M., vol. XV, 1972, 86.
pp. 134 c 135.
(27) A.R.M., C.M.F., t. I , f.f. 204a209, publ. in A.H.M., XV, 1972, p. 18.
(28) Ibdem, f. 5v.O, pub1. in ibidem, n.O 25, p p 54 e 55.
(29) Em 1471-72 realizaram-se duas reuniaas na casa do capitiío, tendo as demais
decorrido nos aposentos de Antbnio Gonçalves, barbeiro: João CoeIho; Jogo Pinto, bar-
beiro; Afonso Ana, taklião; Pero Vaz, tecelão; e, finalmente, Duarte Pestana (referimo-
com alguma frequhcia, no Campo do Duque, nas casas de Rodrigo Anes (301,
para mais tarde, a partir de 27 de Junho de 1488, o fazer pela primeira vez
fora de portas, na Rua dos Mercadores (31).
Esta data marca também o momento a partir do qual n b mais € referido
o local, deduzindo-sa, por isso, que a vereafio passara a ter, finalmente, os
seus aposentos. No ano seguinte, em 13 de Outubro de 1489, esta hipdtese
6 jB uma certeza. pois da respectiva acta consta que a reunigo decorrera nas
casas do concelho (32).
A vereaao competia, para al6m de deliberar sobre os assuntos correntes
da administração do muuicipio, nomear os vários funcionários que se encun-
travam ao serviço do concelho quer na arrecadação das coimas e direitos (33),
quer na fiscalizaçiio do cumprimento das posturas e ordens daí emanadas.
Paralelamente, os serviços de vigilincia e defesa eram assegurados na terra
pelos respectivos guardas (34) e, na vila, pelos quadrilheiros (35) e alcaide,
apoiado nos homens d'el rei (36).
Para o estimo da produç%odos canaviais açucareiros ( 3 3 , procedia-se
em Dezembro ou Janeiro h eleição dos lealdadores para os lugares do Caniço,
Câmara de Lobos, Ribeira Brava, Ponta do Sol e Madalena (38).
Outra cultura que merecia particular atenção dos responsáveis camará-
rios era a viti-vinícola, surgindo a arrecadação da imposição do vinho regu-
lamentada desde o Verão de 1484 (39). De acordo com o estipulado com-
petia à v e r e o nomear dois homens dos mesteres para varejadores, cabendo
o cargo de escrivão ao escrivão da Câmara e o de recebedor ao procurador
do concelho (40).
Os almotach, t a r n b h eles eleitos pela vereação de entre os homens
bons do concelho, detinham uma função importante na regularizaç30 da

-nos, naturalmente, hquelas em que b referenciado o Iml da reunião). Durante o ano


de 1482 decorreram nas casas de João de Castanheira. Em retação hs vereaçks de 1485-86,
vinte e quatro sessões tiveram lugar na casa de Fernão do Pb, distribuindo-se as restantes
FIOS aposentos de Rodrigo Ana, Joao Matoso e Jogo do Porto, cirurgião,
(30) A.R.M.,C.M.F.,n.O 1298, f. 72.
(31) Ibgem, n.0 1299, f. 2.
h
(32) A.R.M., C.M.F., t. 1, f.f. 36v.O e 37, publ. in A.R.M., XVI, 1973, n . O 138,
$: pp. 228 e 229.
(33) A arrecada* das mimas estava então entregue aos jurados. Cf. A.R.M.,
C.M.F.,n.O 1297, f. 30v.O, ver-o de 1 de Agosto de 1481; ibidem, n." 1299,f. f. 64v.O
e 65, vereação de 10 de Janeiro de 1489.
(34) Ibidem, n.0 f 299, f. 21 v.", vereação de 30 de Agosto de 1488.
(35) Ibihm, f. 57, vereação de 3 & Janeiro de 1489.
(36) Ibidem, f. F. 14 a 15. vereação de 2 de Agosto de 1485.
(37) Existe apenas um Iivro dos estimos, referente ao ano de 1494, que foi publi-
cado por Viigínia Rau e Jorge Borges de M a d o em O Açúcar na Madeira liasJi.3 do
sécuio XV, Punchal, 1962.
(38) A.R.M., C.M.P., n.&1297,f. f. 38 v.Oe 39, vereação de 1 de Dezembro de 1481;
ibidern, n.0 1299, f. f. 58 a M1, vereaçfio de 3 de Janeiro de 1489.
(39) Ibideni, n.O 1297, f. 315v.O, vereaçh de 11 de Julho de 1484.
(40) IbiEdem, n.Q 1297, f.f. 9 e 9 v.O, vereação de 23 de JuIho de 1484.
actividade quotidiana do burgo. Esta actividade, que atd 1485, foi assegu-
rada, apenas, por um eiemento, passou, a partir de Novembro desse ma,
a ser da responsabilidade de dois homens-bons, aumentando assim a sua
&&a (41). Por outro lado, 6 de notar que também aqui se manteve uma
tradição, exarada nas Ordenações do Reino: os oficiais da vereação anterio1
ocupavam o cargo de almotac6 nos primeiros meses da vereação seguinte.
A 3 de Setembro de 1485 João Adão foi feito aimotacé por ter sido vereador
no ano anterior (42).
A interveneo dos oficiais camarários nos múltiplos aspectos do quoti-
diano do município funchalense colidia, por vezes, com os interesses das
particulares, em especial do capitão da ilha que assim via serem-lhe cerceadas
&umas das prenugativas que detivera. Com efeito, e como jB atrás refe-
rimos, se atd 1461 &e esteve assegurada uma intervenção quase descricionh-
ria nos assuntos da cfimara e da justiça, a partir dessa data, e por intervenção
do próprio Duque, foram-lhe cerceados alguns poderes. Td facto n80
impediu, no eptanto, que aquele continuasse a ter uma intervenção activa no
município, assistindo frequentemente As reunibs. A título de exemplo
páermos referir que a 25 de Junho de 1481, não obstante @tivessedefinido
o &o de proceder na abertura do pelouro, ele prdprio determinou a forma
de o fazer (43).
Tais a t i h i d ~geravam, em regra, a apresentação de reclarnaçBes por
da verertção t vizinhos do Funchal junto do Duque. AIguhs casos houve,
nb entanto, em que foi o próprio capitão a dirigir-se hquele, invocando então
que a Carnars Ihe havia usurpado a sua jurisdiçlio. Os protestos apresentados
em 1487 (44) e 1488 (45) são disso um exemplo claro. Com efeito, a 23 de
Agosto de 1488, o capitão reclamava junto da vereação por esta haver pro-
&ido h eleição do alcaide, ericargo que, em seu entender,era sua prerrogativa
h&mais de cinquenta anos (46).
Como protesto por aquilo que considerava ser uma intromissão dos
oficiais conceibios nos seus dominios o capitão recusou-se, em 29 de Dezembro
do mesmo ano, a descer a Santa Maria do Calhau para apresentar o alcaide
porque, como ele prdprio afirma, < d o era moço deles)}(47). Acabaria,
no entanto, por se decidir a fazê-lo, tendo então trazido consigo Luíz Mourato,
seu ouvidor, para quem veio a transferir todos os poderes do seu cargo, com
ex@o capitania e cartas de seguro.

(41) Iblbirlm, n.O 1298, f. 26, de 29 de Outubro de 1485.


(42) IbMm, n.0 1298, f. 16 v.O
. (43) Ibidem. n.O 1297, f.f. 24 a 25v.O.
(44) -A.R.M., C.M.F., t. 1. f.f. 27 a 29, publ. in A.H.M., vol. XVL (1973). n . O 115,
pp. 203 e 204.
(45) A.RM., C.M.F,,n . O 1299, f. f. 18 v.O a 19 v.O..
(46) O capitão reportava-se, naturalmente, h carta de d-o da capitania do Funchal
concedida a 1 de Novembro de 1450.
(47) A.R.M., C.M.F., n.O 1299, f. f. 53 a 54 v.".
2. A ORGANIZAÇGO DAS ACTIVIDADES ECON~MICAS

A intervenHo da vereação em todos os sectores da vida ewndmica do


municlpio foi uma constante ao longo do periodo em estudo. Todavia,não
obstante os oficiais se precmpssem com a produção e a circulaç%odos mais
diversos prdutos existentes no concelho, detecta-se um maior empenhameato
na m l @ o dos problemas relacionados com o açúcar, na altura uma pro-
missora mercadoria no comdrcio com o exterior; com os cereais, dados os
constantes perlodos de car?ncia que se faziam sentir; e tmMm com o vinho,
que repmemtava, atrrivk da imposição, uma importante fonte de receitas
para o custeamento das despesas municipais.
Na reaiidade durante o período em estudo duas preocupfles funda-
mentais dominaram o interesse da vereação: por um lado, a necessidade de
consolidar o mercado do comércio do açircar, produto que se afirmava jii
como o principal elemento das trocas externas; por outro, o abastecimento
do concelho com cereais por forma a evitar periodos de carestia. A trilogia
rural ficaria concluída com o aparecimento, em 1484, dos interesses viti-
-vinlcolas ao ser lançada nesse ano uma imposição que onerava a sua venda
local.
As p r e 0 ~ 1 W srelacionadas com O comércio do açúcar imp8em-se,
p i s , aos dehh das reuni- camarárias entre 1470 e 1472, queixando-se
os produtores dos mercadores estrangeiros, que acusavam de especular com
o produto provocando uma descida artificial do seu preço. A verdade,
porém, era bem diferente. Com efeito, s a b o s hoje que a quebra dos
preços resultara sobretudo do grande surto expausionista verificado na cd-
tura do a-, que gmava, por sua vez, um natural aumento da oferta com
todos os problemas daí decorrentes.
A 14 de Julho de 1469 D. Fernando manifestou o desejo de molver a
questão através da concessão deste comercio aos mercadores de Lisboa em
regime de monopólio (48). Contra o proposto se insurgiram, de imediato,
os madeirenses alegando que a medida provocaria, a curto prazo, enormes
prejuízos p r a o Funchal, uma vez que o abatescimento da ilha era assegurado
pelos comerciantes de açúcar (49).
Em parale10 com a questão do rnonopblio do comércio sacarino pro-
curou-se, tamMm, controlar a exportação dos seus sub-produtos (o caso
dos meles por exemplo) por forma a evitar que estes se tornassem um entiave
ao no& escoamento daquele. Assim, a deliberaç30 do Duque, de 12 de
Janeiro de 1470, que visava arrendar a Pero Gonçaiva os nele%que Ihe
pteachm(50), e o posterior aloirgamato da autorização da exportação

(48) A.R.M., C.M.F., t. 1, fl. 1-1v.i publ. in A.H.M., vol. XV (1973, n.O 17,
pp. 45 i 47.
(49) I U m , f.f. 1 v.*a 2v.4 publ. i n m , n.0 18.pp. 47a49.
(50) Tbikm, f.f. 145 a 146, publ. in ibi&m, n.O 19, pp. 49 e 50.
ao mercador Martim Anes Boa Viagem(Sl), foram objecto da adlise da
vereação, tendo os seus oficiais manifestado uma forte oposiç30 ao projectado.
A eles se juntaram os respons8veis do municipio do Machico que, sen-
tindme igualmente lesados com a medi&, se deslocaram ao Funchal para
aí apoiar as pretensks dos seus para. Reunidos com Martim Anes em 2 de
Julho desse ano decidiram-se pela recusa em autorizar a exportação (52).
No entanto, porque aquele alegasse haver realizado jA despesas da ordem
das 700 dobras com os preparativos da o p e w o , foi nomeada uma comissão
que, apds nova reunião, acordou a cedhcia de um empréstimo de 200 ambas
de açúcar ao referido mercador, por forma a minimizar os efeitos negativos
que tal medida implicara.
A 6 de Julho de 1470, por razões que não pudemos apurar, a vereação
não s6 decidiu manter o seu impedimento ao alwrá do Duque, como também
anulou o empréstimo a que se comprometera no dia anterior. Esta s i t u e 0
manter-se-ia até 18 desse mesmo mês, data em que os procuradores dos
vizinhos da ilha chegaram ao Funchal de posse de uma carta com a resposta
9s pretedes que haviam apresentando ao Duque (53).
Aí se dizia, contrariando as suas reclamag8es, que «outra cousa fez
bayxa dos açuqueres senão a muyta multiplicação &Ues andarem em muytas
mãos serem vendidos em muytos preços nem pera elle outro remedio avia
somente vyrem todos alguma ma30 e vendidos per hum feitor». O Duque
retomava assim a argumentação utiiimda em 1469 por forma a possibilitar
que a comercialização do açúcar se realizasse em regime de monopdio (54).
Pressionada pelo @r central e não dispondo de alternativas, foi a
vereaçáo compelida a assinar um contrato de comercializa@o dos aficarw
com Alvaro Esteves, Martim A n a e Vicente Gil, cujos termos estabeleciam
os preços & 600 rs a arroba para a primeira conzednra e de 800 rs para a
segunda (55). No entanto, dada a posiQo discordante de alguns dos seus
elementos h cefebmç30 do acordo, foi realizada a 4 de Outubro de 14M uma
nova reunião, mais alargada, tendo surgido nessa data muitas outras vozes
discordantes, como a s de João Fernandes, Rodrigo Anes, Jogo Afonso,
Bartolomeu e João de Alcalá, bacharel, Gomes Eanes, Afonso Gonçalves,
João do forto e Mem Afonso, que pretendiam ver revogado o contrato, mas
que nao tiveram força bastante para imp8r a sua vontade (56).

(51) Ibbbm, f. f. 3 V.*-4,Cana do Duque, de 3 i de Março de 1470. publ. in f b a m ,


'.n 33, p. 50.
(52) A.R.M., C.M.F., n." 1297, f.f. 2 v.O a 5.
(53) A.R.M., C.M.F., i.l,f.f.4a5,p~bl.inA.H.M.,XV(l972),n.~23,pp.52e53.
(54) Na vereação de 16 de Julho 6 referida a aprwientação de um alavt.8 do Duque
sobre cstt assunto. o qual. no entanto, náo estli tombado no Registo Geral da Chara.
Cf. A.R.M., C.M.F., n.0 1297, f. 7.
( 5 5 ) A.R.M., C.M.F., n.O 1297, f.f. 8 v.Oe 9, vereaçk d e 9 a 21 de Agostoe 12de
Setembro.
(56) Zbidem, fl. IOv.", vereação de 4 de Outubro de 1470; ibkakm, Ef. 28 a 29.
No ana seguinte, a 12 de Fevereiro de 1471, os oficiais camarhrios,
aproveitando o facto de os contratadores não haverem cumprido com o
estabelecido no acordo (este preceituava o pagamento dos açiicaw, atd
Janeiro desse ano} resolvem-se a denuncih-Io e determinam que a partir dessa
&ta os açúmes poderiam ser vendidos a quem os solicitasse (57).
Quebrado o monopólio, a situa@o manter-se-ia, bastante grale para os
produtores madeirenses, não só porque continuavam a deparar com dificul-
dades no escoamento do produto, mas também, e sobretudo, porque p e m -
neciam sem receber dos contratadores o capital referente aos açúcares do
ano anterior. E se a chegada de alguns navios A 12 de Março criou mesmo
aiguma expectativa, esta depressa se desvaneceu na medida em que as notí-
cias trazidas por Pero Alvares foram, uma vez mais, pouco encorajadoras (58).
Tr€smeses mais tarde, porque a situct@o permaneceme difícil, o feitor
dos contratantes, o genovb Mice Liam, resolveu proceder ao pagamento
dos açúcares com «panos#, aproveitando assim para impbr uma soluçilo
que lhe era duplamente favodvel. Atenta, a vemfio de imediato deter-
minou que a trans2lcção apenas poderia efectuar-se quando fossem os pro-
dutores a solicitá-la e nunca por imposiç3o daquele (59).
A 17 de Agosto a vereago foi, de novo, confrontada com um conjunto
de exigências que os wrceiros do contrato entendiam fundimentais para
continuarem no negócio; em primeiro lugar, um contingente &o de
produção na ordem das 15.000 arrobas; depois, a implementaç30 de medidas
tendentes a melhorar a qualidade do produto; finalmente, clamavam contra
o facto de os moradores se recusarem a comprar-lhes, em exclusivo, os panos
que traziam (60).
Aceites as duas primeiras propostas, a vereação recusar-se-ia, no entanto,
a autorizar a compra dos panos, reiterando que isso apenas seria exequivel
no caso de uma redução de preços.
No meio de tantas discussões, algumas secundiirias, o problema ficaria,
por h,solucionado no essencial com o envio efectuado pelos contratadores
do dinheiro em dívida (6l), em Setembro desse ano.
A exportaç30 dos meles voltaria, mais tarde, a suscitar conflitos.
Em 1485, após o municipio se ter recusado a autorizar a sua saída, o Duque
ordenou que, contrariamente ao estabelecido pela edilidade, qualquer um o
pudesse fazer (62). Contudo, a prova de força não teve efeitos prhticos,

(57) Ibirdem, f.f. 40 v . O a 41.


(58) Ibiáem, f. 42.
(59) Ibi%í%m, f.f. 50 v . O a 52.
. (60) Ibidem, f-ft 52 v." e 53.

6 A.R.M., C.M.F., t. 1, f.f. 141 a 143, publ. in A.H.M., vo1. X V (19721, n: 33,
pp. 62 a' 65.
(62) Ibidem, f. 155v.0, piibl. in A.H.M., XVI (1973), n . O 105, p. 192. A carta
foi apresentada na reunião de 21 de Janeiro de 1486 (A.R.M., C.M.F., n.O 1297, f.f. 46
e 47).
porquanto a v e m apenas aceitou o envio de uma pequena quantidade
para os vizinhos arqui&lagos dos A ~ r e es das Cambias (63), o que, ali&,
voltaria mais tarde a acontecer (64).
Na ~~ das recomendaçlks efectuadas na década de setenta, que,
como vimos, apontavam para a o m i d a d e de melhorar a qualidade do
açúcar, D. Manuel publicou, a 17 de Demnbro de 1485, um regimento em
que se apontavam as medidas a apitar pelos lddadorm (65). Porém, os
oficiais n k se mostraram favoráveis (56) e foi necessário que a 30 de Abril
dc 1486 o ouvidor os advertisse para o facto (63, tendo-se elegido, então,
iealdadores e escrivães para -ara de Lobos, Ribeira Brava, Ponta do
Sol, Arco da Calheta, e para a brea da Ribeira de S. Bartolomeu h Ponta do
Pargo, logo a 1 de Maio (68).
Por outro lado, porque o açúcar em então a principal fonte de receita,
desde cedo as respons&veispelo municfpio c pelo senhorio se premupam
em proceder ao normal lançamento e amedação dos direitos, disso se
encarregando os estimadores, que no início do ano procediam h avaliação
dos canaviais, e demais funcionbrios a quem competia cobrh-Ios no momento
da safra (69).
Mas se o incremento da cultura açucareira na Madeira i m p h u toda a
série de conflitos de cadcter instituciod que aab8mos de relatar, a extendo
dos canaviais para Areas ate ai apro\eitdw para a cultura de cereais pro-
vocou uma quebra acentuada da sua produção, sobretudo a partir da d é d a
de setenta.
Com efeito, a ilha, que atd essa altura se havia &mando como um
irnp01Zante celeiro do reino e das partes da Gain&, wmeçou então a
conseguir a aiitarquia (70). A titdo de exemplo, diga-se que jB em Agosto
de. 1470 (71) se fdava na falta de pão a na -idade de evitar a saída do
pouco que d era produzido. O «ciclo do mbam (n), sucedend-,

(63) Con&onbse Femando Jasmins Pereira, A I p w Elementos pura o Estudo d~


dltptdria E o o da~ Maiieira (eapilmia rlo W -Sécnb XV), Cohbra, 1959
dactilografada); Emato Gonçdm, NOShomens bons (...), jB citado.
(a)A.R.M., C.M.F., n.O 1299, t 3 v . q v e m 0 de 28 de Junho de 1488; ibidm,
R. 9, yexaçb dt 14 de luiho de 1488.
' (65) A.R.M., C.M.F., f.f. 219 a 221v.0, puM. in A.H.M., vol. XVí (19721,
pp. 192 a 195.
(66) AR.M., C.M.F., no 1299, f. 59. vm&b de 13 de Março de 1486.
(ó7) m,n.0 1 ã 9 , fl. 69v.o
(68) W m , n.* 1299, f.f. 73 e 73v.o.
(68) C h h n t e 5 e ARM.,C.M.F., t. 1, f.f. 8 e 8v.q 31 de I k e m b m de 1473,
publ. in A.H.M., w i I . XV (1972), n.@ 45, p. 74.
(70) Sobre o =unto veja-se J d senão, &obre o trigo h ilhas nos *. X V a XVb,
in D.A.HH., vd. I, n.@2,1950, pp. 1 a 6 ; Aberto Vi& aA Matkhno século XV1i9,
in Os AÇQW s o Atlântko. SOitIos XIV a XViI, A- do Hmhmo, 1983, pp. 651 a 4 6 .
(71) A.RM., C.M.F., n.0 1296, f. 8.
(72) Esta inPom@o não implim, no a -, que para o período em estudo não
existam, ev~nt~lmento, alguns anos em que foi posslvel p m d e r h exportação de certriis.
a partir de então os mos em que, como o pr6prio Duque o afirma, «a ylha
foy em necessidade de p aw (73).
A trilogia m a l , se assim a podemos designar wm alguma propriedade,
completa-se com o M o , sobretudo a partir de 1485. Foi, na verdade,
a 22 de Março desse ano (74) que o Duque deferiu a pretensão «dos do Fun-
chal» em lançar uma imposição sobre o \Uiho para cobrir as despesas do
conoe3ho. P m tal solicitou-seA Câmara de Lisboa um d d o da criação
do municipio (75) que serviu de base para o regimento publicado pelo muni-
cípio mdeirence em 1 1 de Junho de 1485 (76).
De acordo com o que aí se encontra estabelecido a arrecadação do
imposto ficaria a cargo de urn grupo de t d s funcionários: um varejador,
um d v 2 l i o e um recebedor (77) que respondiam pmnte os elementos da
v e m o . O dinheiro colectado, que serviu numa @eira fase p m custear
as despeaas comntes do município, foi consignado, a partir de 1489, para o
mobrecimento desta v i b (78).
Mas, se o aç6car e o vinho eram, indiscutivelmente, os dois produtos
que mais preocupavam os responshveis camaritrios neste @do, levando-os
a dispensarem-lhes enorme tempo das suas actividades, estes punham, igual-
mente, um forte empenho na resolução dos problemas que ailigim o mer-
cado interno do concelho, o que faziam atravts da emissão de posturas e da
m o fiscalizaúora dos alrnotacés. Sobretudo no caso particular das vendas
a retalho a municipalidade era obrigada, dado tratar-se de um campo p ~ o -
picio i a g ã o especuladora dos seus agentes, a uma vigilância permanente,
quer ao nivel da qualidade dos prdutos e seu preço, quer ainda quanto h
conferência dos pesos e medidas (79).
Com efeito, cabia A vereaeo estabelmr os preços de venda ao piiblico
dos artigos produzidos na ilha. No entanto, a intervenção do município

(73) A.R.M., C.M.F., t. 1, f.f. 85 e 8 5 v . q publ.inA.H.M.,wf. X V (í972),n.059,


pp. 94 e 95.
(74) A.R.M., C.M.F.. t. 1, f.f. 249 a 251. publ. inA.H.M., vd. XV (1972), n.O95,
p. 150.
(75) Zbhktn, f.f. 22 a 24v.O, S. d., publ. in A.H.M., vol. XV (1972), n . O 99,
pp. 159 a 161.
(76) A.R.M., C.M.F., n.O 1298, f-f. 3 a 6. Esta odmmção apenas foi aapregcada
a 27 de Julho desse ano peIo porteiro Alvaro Dias. Ibidem, f. 8 v,O.
(77) IbdrJem, n.O 1298. f.f. 9 e 9 v.*.
(78) A.R.M.. C.M.F.. t. 1. f.f. 30 e 30v.q publ. in R.H.M., vol. XVI (19731,
pp. m-228.
(79) A wtt propósito poderemos referir u intervenção do municlpio, em 7 de Agosto
de 1471, mnfm os temiões que vendiam pano de &tela sem mies tmmn molhado, facto
qiae causava muito dano ao povo. Cf,bR.M., C.M.F..nP 1296, f.f. 24e24v.O. A-
deste tipo repetir-*iam pelos anos adiante e, em 6 de Setembro de 1486, um Simão tosador
foi acusado pdo pronirador dos mestwes de ter vendido um pano roxo de mA quaiidade.
Nem mesma altura V m Ans, m t r e de a p h r , apresentou queixa na wreaçh contra
Gado Ferreira, castelnano de Toledo, acusandoo de venâcr mno anil inglh m o
=do de Bruga. Cf. Ibkikm, n.0 1299, Lf. 23 a 25.
inGdia, preferencialmente, sobre os prdutos que compunham a dieta ali-
mentar dos funchalenses; o trigo, a carne e o peixe. No caso e~pecíiiooda
m ie os oficiais camadrios controhvam o abate do gado e bem assim a sua
distribuição h população, fixando o preço de acordo com a sua qualidade
e especie (80). Estas tarefas estavam, naturalmente entregues ao almotaoe
que se encarregava de, mais de perto, controlar a actividade dos casniveiros.
Os oficiais da vereação prewupavam-se igualmente com a conferência
dos pesos e medidas utiliPidos pelo comércio retalhista que era efectuada
anualmente por um aillridor que no servia de medidas padronizadas enviadas
de Lisboa. A 4 de Novembro de 1471, por exemplo, temos noticia de que a
ve-o retirou da circuiação vhrios pesos e medidas por não estarem de
acordo com os padrões entretanto enviados da capital do Reino (81).
A venda a m o egteve, atd 1486, vedada h aqgo dos mercadores estran-
geiros. No entanto, porque essa medida tivesse sido considerada ksiva dos
interesses da ilha, foi abolida pelo Duque em 1 de Junho desse ano (82).
Por outro lado, as normas estabelecidas para a venda das mercadorias oriun-
das de fora da ilha dispunham que estas apenas poderiam ser compradas
pelos retaihistas 15 dias ap6s a sua chegada. Assim, por forma a evitar uma
total dependhcia das populações face aos intermediArios, os oficiais camará-
rios desenvolverm, ao longo do período em estudo, uma forte aoFão de
policiamento junto daqueles, bem expressa nas várias condenaç&escorn que
d q m h o s (83).
Para al€m disso, de acordo com a ordem de 6 de Janeiro de 1489, a venda
de produtos a retalho não podia ser feita pelas portas maa apenas nos lugares
e lojas ptibficas, travando-se assim o caminho à proNeraç$io dos bufari-
nheiros (84).
A a@o do município abarcava igualmente a fiscritiuação das actividades
dos vhios ofícios. Assim, de acordo w m a postura de 11 de Agosto
de 1481 (83, todos os oficiais que recebessem coisa alheia deveriam apresen-
tar fiança em v e o . Para aldm disso, existia para cada um dos mesteres
um vedor e um examinador a quem competia controlar a qualidade do pro-
duto por eles elaborado (86).
Por outro lado, tomando por base as fianças ap-tadas em vereaç3o
foi-nos possivel apurar quais os ofícios existentes na vila e o número de

(80) A.RM., C.M.F., n." 1297, tf. 39a40, verea@o de 3 deDezembro de 1481;
ibidem, n.0 1298. f.f. 60 v." c 61, v e m de 18 de Marpo de 1486.
(81) Ibidsm, n . O 1296, f. 32.
(82) A.R.M., C.M.F., t. 1, f-f. 23v.Oe24, &ta do Duque de 1 de Junho de 1486,
publ. in A.H.M., vol. XV (1972), n.0 109, pp. 197 e 198.
(83)- A.R.M., C.M.F., nP 1297, fl. 45 v.O, vereação de 26 de Abril de 1482; ibEdem,
n . O 1298, f.f. 6 v . O e 7, & 49v.9 f.f. 88v.Oe 89; ibidem, n . O 1299, f. 8v.*, v m ç ã o de 14de

Julho de 1488.
(84) A.R.M., C.M.F., nhO 1297, f. 30; f b a m , n.O 1299. f. 1Sv.O.
(85) Ibz&rn, n.0 1297, f. 30; W e m , n.Q 1299, f. I5v.O.
(86) Ibidem, n.0 1294, f. 72 vereação de 30 de Janeiro de 1489.
oficiais que exercia cada um deles. Em 1485 (87) deparamos com 5 tosa-
dores, 3 alfaiates, 3 vendeiros, 2 barbeiros, 1 ourives, 1 tece180 e 1 confeiteito;
t r ê s mos mais tarde (88) o seu número aumentou consideravelmente, sobre-
tudo por a d o cios alfaiates, em número de 9, aparecendo-nos ainda 4 ven-
deiros, 3 barbeiros, 1 ourives, 1 tosado^, I tecelão e 1 confeiteiro. Neste
ano surgem-nos ainda referenciados 4 moleiros a trabalhar na cidade, que
deviam prestar juramento na c8mara (89).
Ao município competia igualmente o unobrecimento~da vila, zelando
os seus responshveis pela consewação das fontes, caminhos e edifícios. Neste
particular os oficiais camarhrios desde muito cedo se preocuparam em pro-
d e r h cobertura dos engenhos, moinhos e casas de habitação, com telha,
por f o m , sobretudo, a evitar a propagação de incêndios (90). No entanto,
resistkias de vãria ordem foram impiidndo que a medida preconizada
tivesse total aplicabilidade, substituindo-se a teha h paiha em todas as casas
do mncelho.
A primeita determinação nesse sentido data de 1461, tendo sido seu autor
o Iniante D. Fernando (91). Alguns anos mais tarde, em 1470, de novo
se recomenda B vereação que as casas da Rua dos Mercadores fossem cober-
tas de telha, medida que, no entanto, não teve aplicação prAtica, uma vez
que os seus moradores se recusaram a executá-la argumentando ccim o facto
de a cal e a telha serem caras por virem de fora, «epor serem pobres e nom
terem pam nem vinho nom as podem cobrin) (92). Ainda assim, a vereação
ordenou a sua cobertura ate Maio de 1471, sob pena de os inftacto~eaterem
de pagar dez moios de cal.
A exemplo do que habia acontecido, também agora s determinação
camakia não surtiu qualquer efeito, as casas continuavam ainda a manter
a sua cobertura de palha nos primeiros anos da ddcada de oitenta. Porque
as resist&ncias persistissem o município decidiu, em 1482, proceder pelos
seus próprios meios h tarefa (93).
Os caminhos, as fontes e as ribeiras eram igualmente espaços comuns
do encargo da câmara. Numa r ila atravessada por três ribeiras era pois,
naturaI, o enorme empenho posto pelos oficiais camarhrios na sua mmutençBo
e na construção de fontes, sobretudo durante os períodos invernais, dados

(87) Ibidem, n.0 1298, f.f. 153v.o a 158.


(88) Ibidem, n.O 1299, f.f. 124 a 1 2 8 ~ . ~ .
(89) Ibidem, n." 1299, f.f. 40 a 41.
(90) Cf. António Marquw da Silva, NA primitiva habitação madeir-), in Diúrw
L Noti&, 5 de Agosto de 1984, p. 9.
(91) A.R.M., C.M.F., t. 1, Ef. 2 W a 211, 3 de Agosto de 1461, «Apontamentos do
Infante D. Femando~,publ. in A.H.M., vol. XV (19721, 4. pp. 16 e 17.
(92) A.R.M., C.M.F.. n.O 1296, f. 11 v.*, v e m * de 13 de Outubro de 1470.
(93) Zbidem, n.0 1297, f.f. 45 v . O e 46, vereação de 3 de Maio de 1482 e f.f. 49 v . O
e 50, vereação de 15 de Junho de 1482.
os enormes problemas que o seu mau funcionamento poderia trazer ao
burgo (94).
Em relação aos caminhos, podemos afirmar que eles faziam parte tambdm
do rol de preocupaçOe8 que afligiam os homens da vereaçgo, facto que os
levou a intervir, quer atravh do lançamento de posturas com penas para
todos os que os danficassem (951, quer recomendando a abertura de buei-
ros (96)e de canalizações das hguas invernais pelas levadas das fazendas (97).
Por outio lado, ao rnunicipio cabia também a arbitragem dos conflitos sur-
gidos entre vizinhos a propósito dos caminhos de servidão das fazendas e
casas dos funchalenses (98).
Resta-nos abordar, para terminar, alguns acontecimentos que peIa sua
gravidade muito contribuíram para conturbar a aparente acalmia s6cio-
-politica do Funchzú neste periodo. Em primeiro lugar a solicitação, em 1478,
por parte da Coroa, de um empréstimo de um milhgo e duzentos mil reais
para as despesas da guerra com Castela, montante que os madeirenses nunca
pagaram inteiramente (99); em segundo, a peste que assolou algumas partes
da ilha entre Setembro de 1488 e Junho do ano seguinte.
Mas, se do primeiro é impossivel saber-se com certeza a argumentaç30
e os meios utilizados pelos responsáveis camarários para se eximirem ao seu
pagamento, dado que não possuímos os livros de acordgos referentes ao
@do, jB em relaç%o ao segundo acontecimento nos chegaram grande
níimero de idomapões, que nos dão conta das recumendações utilizadas
pelos oficiais no combate ao alastrar da doença.
Com efeito, para impedir que a peste se propagasse pela vila, foi decidido,
a 13 de Setembro de 1488, que Santa Catarina seria o local de degredo, sendo
escolhido Diogo Rodrigues, barbeiro, para dar a necessária assistência aos
enfermos (100). Em paralelo foi estipulado que as embarcwões que acostas-
sem ao cais da vila deveriam permanecer de quarentena, por forma a evitar
que alguém de fora fosse portador de novos casos de peste (101).

(94) Refwa-se a este propbito que em 1489 foi entregue a João Rodrigues, carpin-
teiro, a empreitada de construção de uma fonte na Ribeira de Go@o Aires, obra que
atingiu o montante de800rs. Cf. A.R.M., C.M.F., n.0 12P2,f.f. 1 0 8 v . o e 109, vereação
de 20 de Junho de 1489:
(95) , Ibidem, n.O 1297, f. 29, vereação de 4 de Agosto de 1481.
196) Ibhlem, n." 1297, f. 46v.9 vexação de 15 de Maio de 1482.
(97) Ib&m n.* 1298, f. 25 v . O , vereaçáo de (?) Outubro de 1485.
(98) Apenas para o perr'odo de 1470 a 1482 encontramos quatro contendas que foram
resolvidas a contendo dos proprietários do terreno onde wssava o caminho, nbmcro que
seria, naturalmente, bem maior caso existissem os livros de acordãos respeitantes h verea-
çbes em fdta. Cf. A.R.M., C.M.F., n.0 1296, f. f. 12 e 12 v.0, vereação de 15 de Outubro
de 1470; ibidem, n.O 1297. f. f. 29 v.O a 33 v.9 vemção de I 1 de Agosto e 22 de Setembro
de I481 ; ibddem, n.O 1297, f. 44,vo- de 16 de Março de 1482.
(99) A.R.M., C.M.F., t. 1, f.f. 151 a 152, 17 de Agosto, publ. in A.B.M., voI. XV
(1972), n.0 55, f. f. 90v.O e 91 (vejam-se no mesmo voIume os documentos n.m 60-63.66-69,
71-73, 76 e 80.
(100) Ibiukm, n.0 1299, f. 26 v . O .
(101) Jbbfent, n.0 1299, f. 29 v.0, ver- de 20 de Setembro de 1488.
A morte, em Novembro desse ano, de duas pessoas em Machico alarmou
os funchalenses que, & imediato, procederam ao reforço da segurança da
viia impedindo as comunicaçtks com esse lugar, quer por terra, quer por
mar, sob pena de o infractor pagar 2.000 reais de multa (102).
Apenas em Maio de 1489 foi, hdmente, so1donado o problema, tendo
sido considerado oficiafmente debelada a peste quando o capitão do M a W ,
Tristão Teixeira, se deslocou ao Funchal para ai o testemunhar perante a
v@o (103).

A concluir g o ~ o apenass de, uma vez mais, chamarmos it atenção


para alguns aspectos directamente relacionados com o munidpio madeirense
que julgamos de syma irnporthcia, e 'que se estendem por boa parte do
M o d o estudado.
Em primeiro lagar as dificuldades de implantação do munidpio, decor-
rentes d o s6 dos itritos que vão estalando quer com o capitão quer com o
senhorio, mas tambh das disputas entre os homens bons do concebo que,
pelo menos numa primeira fase, se mostrarem pouco interessados em pre-
sidir aos seus destinos. E se aos mais poderosos o facto de pertencer B
ver- se afigurava como algo de dtsprezfvel, por os colocar ao nível dos
outros homens bons, para os restantes aqueles tarefas repmentavam, sobre-
aido, um desvio dqs suas atenfles para outras actividades que não as direc-
tamente rehiomdas com o deserivohimento dos seus empreendimentos
agrícolas ou comefciais.
Do conjunto sobressai igualmente toda uma &e de mnfiitos ocorridos
entre os moradore6 da ilha, ou os seus representantes, e o senhorio, a propó-
sito da produqão e cornercialização dos açúcam e bem assim, dos cereais.
Resta-nos esperar que o trabalho agora apresentado tenha cuntribuído
de dguma forma para um mais correcto conhecimento da realidade histdrica
mdeirense nas décadas de setenta e oitenta da centilna de quatrocentos.

(102) Zbidsm, ao1299, f. f. 42 v.O a 43 v.O. -o de 14 de Novembro de 1488;


iMm, ao1ã9, f. f. 47 a 48, vereação de 28 de Novembro da 1489; ibidem, f. f. 75 e 75 v.*,
veasrç8o 6 19 de F e m e h de 1489.
(103) I*, mo 1299, f.f. 93v.O e 94, vetam de 2 de Maio de 1489.
QUADRO 1 - Oficiaís do Municipio do Funchal 1469-1489

.---.
1470.7 1
- - --
1471-72 1472-73 1 1485-86
, - .-
1488-88'
.. --- --
J ~ Z , I Avaro ~ n e s Diogo Cabrai Gançaio Anes Bsterao Azinhai logo J h m e I Alvaro OrneIas
Velosa . ? - Fernão Penhdo Nuno Fernarrdes
Jerónimo Lourenço
I I
VEREAWR Diogo Afom Diogo Teíve (1) . Mem Roiz João Vaz João Lourenco króni mo ' ~ f m s o( 5 )
V a w Gil Baltasar Gonçalves Pdm Gonçalves de António Fmça (4) Fcrnão Lopes Antbnio Lume (6)
rado (2)
PROCURAWR DO
~HCBLHO 1 Jordam da Cunha Pedro ÁIvara I Aivaro I
de Poiares (3) João do Prado I Gil de Bejja . João Gomes
I

1
Goma Vinagre (7)

João do Porto ' Joãosurgião


i
do Parto, Pedro Gonqafues
Virente Roiz
João do Porto ,
João do Porto, sapa- Jogo do Porto
Gonçalo Martins teiro, o velho Gonçalo Aites
Goma D@i I
João do Porto, sapa- João &vares
Lopo GompIves teiro, o m o g i
João Gooçaives Arvaro Matoso
João Afonso, piche-
Ieiro

(1) Em substituição de Pedro &ares


(2) Substituido por Avaro Ama por o deito jd não viver no Funchdl
(3) Eleito Gonçalo Camelo a 6 de Julho
(4) Substituido em Maio por Diogo de Carvalhal
(5) Substituído em Dczembro por Rui Mendes
(6) Substituído em Maio por Avares Esteves . >

(7) Substituido em Maio por Gonçalo Aires


QUADRO 2 - Almotaoés 1472-1486

hm~s 1472 1481 1482 1485 1486

YAN b p 0 (3r~dha.i
FEV Diogo Afonso Nuno Fernandes
MAR Rui h p e s ~ e r n g oAvara
ABR João v a ~João
, Adã0 J0bA f 0 ~
MAI Diogo de Teive João Lourenço h v m Fernandes
SUN Nuno Gonmhes
JUL João de &&a
AGO António de França
SBT i João Adão
OUT Pedro Gonplves
NOV , João Canha António Gonçalves,
DEZ Fernão Dias

QUADRO 3 - Outros FuncionBrios 1471-1489

1471-72 1481-82 1485-86 14-98-89

Porteiro Carnam Diogo Martins Álvaro Anes &aro Dias Álvaro Anas
Rendeiro dízimos J o h Garcia
k l d a d o r a+ Lourenw Caneco
João Canha
Prmradw negócios do
Concelho João Luís
Escrivão das armas Pedro Hlvas
Escrivão da Câmara Afonso Ams
V arejador Jo& Roiz
Rsebedor imposição João Gomes
Contador Avaro Anes
Afhdor Diogo Femandes
Eacrivão imposição do vioho h p o Martins
Rwbedor dinheiro jejuns e
absolvigões &varo Álvares
EsxivBo jejuns e absolviç2les João do Porto
Pízoreiro e recebedor ffib.
S.ta Maria CaIhau Alvaro Á I v m
Escrivão f8b. S.ta Maria do
Calbau João Porto
Recebedor S.ta Cruzada &varo Fernandes
Escrivão S.ta Cruzada Gonçalo Anes
Juíz dos Orfgos João Jacorne
Tesoureiro N.*Sr.8 Monte Diogo Roiz
T d r o S.ta Cruuida Gonr;alo Pires
Pagador de causas da
Câamam Diogo Barcelos
W v & aleaidamento Pedro Vaz
I
Inquiridor Rodrigo Dias, Gil
I Fernandes
i
Apontador I I Gonçalo Anes
QUADRO 4 - Os Jurados

--
1481 / 1485 1486 1489

JAN Lopes Martim


FBV JoBo Fernandes inácio Martim
MAR Jogo &VBT# João Bautista
ABR João Rois
NW Luís Rois
m
JUL J0ã0 &deir0
ACIO
S6T
OUT Tom6 h
NOV André Afonso
DEZ

ALBERTOVIBIRA*
VICTORLufs GASPAR **
RODRIGUBS

* Investigador do Centro de Estudos de Ektbria do Atlilntioo.


** investigador do Xnstituto de InvestigaHo Cientka Tropical, Centro de Estudos
de Hiatoria e Cartograh Antiga.

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