ESTADO DE MINAS - QUARTA-FEIRA, 17 DE DEZEMBRO DE 2003 PÁGINA 19

GERAIS
gerais.em@uai.com.br

❚ TRAGÉDIA

ÔNIBUS QUE SEGUIA DE SÃO PAULO PARA FORTALEZA (CE) CAI EM RIBANCEIRA NA BR-367, ENTRE DIAMANTINA E COUTO DE MAGALHÃES DE MINAS,
NO ALTO JEQUITINHONHA. VÍTIMAS IRIAM PARA O NORDESTE PASSAR O NATAL. POLÍCIA RODOVIÁRIA DIZ QUE VEÍCULO FAZIA TRANSPORTE ILEGAL

Acidente mata 21 pessoas

LUIZ RIBEIRO
Um dos mais graves aciden-
tes registrados nas estradas mi-
neiras nos últimos anos matou
21 pessoas, entre elas cinco cri-
anças, e deixou 41 feridas, no fi-
nal da tarde de ontem, no km
600 da BR-367, entre Diaman-
tina e Couto de Magalhães de
Minas, no Alto do Jequitinho-
nha, a 300 quilômetros de Belo
Horizonte, onde o ônibus de
placa PTO-0061 (Pirassunun-
ga/SP), capotou e despencou
numa ribanceira de cerca de 18
metros. O ônibus seguia de São
Paulo para Fortaleza, levando
retirantes nordestinos que via-
javam para visitar parentes no
fim do ano. O veículo pertence à
empresa “Wiltler Turismo”, de
Pirassununga.
Segundo a Polícia Rodoviária
Federal, a viagem era clandes-
tina. O ônibus saiu de São Pau-
lo, pegando passageiros em vá-
rios pontos e cobrando R$
130,00 de cada um. O veículo
estava superlotado, com 63 pes-
soas, incluindo várias crianças.
A grande maioria dos ocupan-
tes era do Ceará, mas havia re-
tirantes de outros estados do
Nordeste, situados ao longo da
“rota” até Fortaleza.
A tragédia ocorreu por volta
das 16h30, na chamada “desci-
da do Gombô”, a 12 quilôme-
tros de Diamantina, um local
muito perigoso, com um longo
trecho (nove quilômetros) em
declive e pouca sinalização.
Conforme testemunhas, no final
de uma curva em “S”, o moto-
rista Francisco Alex Fabiano de
Melo tentou desviar de uma car-
reta, que estava parada na pis-
ta, com defeito mecânico. Ele
perdeu o controle do veículo e
não conseguiu fazer a curva à
direita, caindo no abismo. Se-
gundo testemunhas, o ônibus
perdeu os freios. O motorista es-
tá internado, em estado grave.
De acordo com o comercian-
te João Ribeiro da Silva, dono
de um restaurante próximo do
local do acidente, ao sair da pis-
ta, o ônibus deslocou-se por cer-
ca de 15 metros suspenso no ar
e ainda partiu uma árvore ao
meio antes de cair no abismo.
“Parece que o ônibus saiu voan-
do”, disse Ribeiro, que ajudou a
resgatar os corpos. Ele e outras
pessoas auxiliaram no resgate,
fazendo uma corrente humana.
As vítimas foram levadas ao
Hospital Nossa Senhora da
Saúde, em Diamantina. A Polí-
cia Militar interditou o trânsito
em frente ao hospital, permi-
tindo apenas a passagem de
ambulâncias e viaturas, devido
ao grande número de curiosos.
Para a mesma instituição, fo-
ram levados os corpos dos
mortos, para serem necropsia-
dos – não existe Instituto Medi-
co-Legal (IML) na cidade. A
maioria não havia sido identi-
ficada até as 23 h de ontem.
Até então, a Polícia Militar con-
tava somente com a relação de
vítimas com ferimentos.
Valdenes Oliveira, de 19
anos, um dos feridos, que se-
guia de São Paulo para Solenó-
poles, interior do Ceará, contou
que percebeu quando o moto-
rista tentou parar o ônibus e os
freios falharam. Outro sobrevi-
vente, Francisco Eudes de Sou-
za, 25 anos, natural de Pedra
Branca, também no sertão cea-
rense, disse que, no momento
em que o ônibus perdeu os
freios, chegou a colocar a cabe-
ça para fora da janela, esperan-
do pelo pior. Ele disse que mo-
rou em Campinas (SP) durante
quatro anos e agora estava vol-
tando em definitivo para sua
terra natal.

Rotina de desastres e SAÍDA DE PISTA

vítimas nas estradas
Vários acidente graves fo-
ram registrados nas estradas
mineiras este ano. Em pelo me-
nos três, quatro veículos faziam
transporte intermunicipal e um
era particular. Em março, um
ônibus clandestino que seguia
de São Paulo para Caruaru
(PE), com cerca de 50 passagei-
ros, caiu numa ribanceira no
km 56 da rodovia MG-451, en-
tre Bocaiúva e Diamantina,
Norte de Minas Gerais. Dez
pessoas morreram e várias fi-
caram feridas.
Menos de um mês depois,
foram sete mortes em um aci-
dente no km 171 da BR-381,
em Periquito, próximo a Go-
vernador Valadares, no Vale
do Rio Doce. Um ônibus de Re-
cife (PE) seguia para São Pau-
lo e bateu de frente em uma
van de uma empresa de turis-
mo. Em abril, oito estudantes
de Ouro Preto morreram no
km 172 da MG-129, próximo a
Ouro Branco. Eles também se-
guiam em uma van para a
Universidade Presidente Antô-
nio Carlos (Unipac), em Conse-
lheiro Lafaiete, e o veículo caiu
em uma ribanceira.
Em novembro, seis pessoas,
cinco de uma mesma família,
morreram no km 434, da BR-
381, no Leste de Minas. Um
Kadet de Guanhães seguia da
capital para João Monlevade
quando rodou e bateu de fren-
te com uma carreta Scânia, de
Itatiaiuçu, que vinha em senti-
do contrário.
A polícia rodoviária reco- O ônibus trafegava pelo trecho da Segundo testemunhas, ao final de O ônibus, que teria perdido os freios,
menda muita cautela aos moto- 1 BR-367 conhecido como “descida do 2 uma curva em “S”, o motorista 3 atravessou a estrada e caiu em um abismo.
ristas nesta época do ano. Além Gombô”, a 12 quilômetros de Francisco Alex Fabiano de Melo No trajeto, acertou e partiu ao meio uma
de estradas em condições ruins, Diamantina. O declive tem cerca de deparou-se com uma carreta, parada árvore. O veículo se precipitou em uma
a freqüência de chuvas aumenta nove quilômetros de extensão e pouca na pista com defeito mecânico. Ele ribanceira de 18 metros, o que dificultou o
o risco nas rodovias, principal- sinalização, segundo a Polícia tentou freiar e desviar, mas perdeu o resgate de corpos e feridos.
mente nas mais sinuosas. Rodoviária Federal. controle do veículo.

❚ PEDOFILIA
❚ QUADRILHA

Polícia identifica outro seqüestrador de estudante Ex-prefeito

Policiais do Departamento
Estadual de Operações Especiais
(Deoesp) divulgaram ontem o no-
me de um dos mentores do se-
qüestro do estudante de direito
Fabrício Martins Prado Costa, de
21 anos, filho do empresário e
prefeito de Candiba (BA), Regi-
naldo Martins Prado. O titular da
Divisão Anti-Seqüestro, Edson
Moreira, acredita que Marcelo
Cristian Batista de Souza, de 24,
esteja em uma cidade próxima a
Belo Horizonte, com o comparsa
dele, o baiano Danildo Damasce-
no de Souza, de 23.
Fabrício foi seqüestrado no
último dia 4, em Uberaba, no
Triângulo Mineiro. O irmão dele,
Reginaldo Martins Prado Costa,
de 24, foi assassinado quando
tentava impedir que os crimino-
sos levassem Fabrício. Eles esta-
vam em casa, no bairro Universi-
tário, quando foram surpreendi-
dos por dois criminosos, que se
identificaram como entregadores
de pizza. Um dos seqüestradores
era Danildo, que atirou em Regi-
naldo depois de ser atingido com
um taco de madeira. Os crimino-
sos fugiram em uma Parati e uma
Palio Weekend.
A equipe do Deoesp entrou no
caso no mesmo dia. Policiais fo-
ram para a região, onde iniciaram
as investigações e começaram a
seguir as pistas dos criminosos. O
Palio foi abandonado sem com-
bustível e localizado por detetives,
que encontraram revistas e núme-
ros de telefones. Seguindo as pis-
tas, os policiais constataram que
os seqüestradores eram de São
Paulo, Minas e Bahia. Os contatos
telefônicos com a família eram fei-
tos de várias cidades desses esta-
dos. O resgate, a princípio de R$ 1
milhão, não foi pago.
O cativeiro de Fabrício foi a
sede abandonada da fazenda Vis-
ta Alegre, em Córrego Danta, no
Alto do Paranaíba, e foi estoura-
do no último dia 11. A vítima, que
tinha liberdade para andar pela
fazenda, encontrou um sitiante e
pediu para que comunicasse à
polícia o seu paradeiro.
A polícia aponta Marcelo, fo-
ragido da Penitenciária José Ma-
ria Alkmim, em Ribeirão das Ne-
ves, Danildo e Juracy Antunes
❚ ASSASSINATO
Dantas, de 45, como “cabeças”
do crime. Todas as informações
foram repassadas por Juracy,
que mora em Guanambi (BA) e
conhecia a família do empresá-
rio. Além de Juracy, foram apre-
sentados na manhã de ontem Ri-
cardo José Ribeiro Vaz, de 35, Jú-
lio César Lopes dos Santos, de 19,
e Leonardo Henrique dos Santos
Carmo, de 21.
Segundo a polícia, Ricardo
conhecia Juracy porque os dois
têm oficina de desmanche de car-
ros. O primeiro em Contagem e o
segundo, na Bahia. Júlio e Leo-
nardo, que vigiavam o cativeiro,
são moradores da Vila Vietnã, re-
gião Nordeste de BH. De acordo
com Moreira, Marcelo é condena-
do por tráfico e teria matado um
traficante conhecido como
“Feio”, da Favela do Sumaré.
Ainda estão foragidos o pau-
lista José Geraldo Guimarães,
responsável pelos contatos com a
família de São Paulo, Rosilene
Meire Arruda, o taxista “Cássio”,
também morador da Vila Vietnã,
e um paulista, de quem a polícia
tem apenas o retrato falado.
tem prisão
decretada
Foi decretada, ontem, a
prisão preventiva do ex-prefei-
to de Taiobeiras, Norte de Mi-
nas, Joel da Cruz Santos, de
63 anos, conhecido como Joe-
lão, acusado de abusar sexual-
mente de pelo menos dez me-
ninas, com idades entre 11 e
15 anos. Ele está sendo procu-
rado pela polícia. De acordo
com o delegado da comarca,
Jean Vítor Fanti, depois de
prestar o último depoimento,
em meados de outubro, o ex-
prefeito deixou a cidade.
As denúncias contra Joe-
lão, que foi quatro vezes pre-
feito de Taiobeiras, surgiram
quando ele ainda cumpria
JAIR AMARAL
mandato. Na época, ele se di-
PRESOS zia vítima de perseguição polí-
Quatro integrantes da quadrilha já foram apresentados pela polícia tica. Em 2001, o deputado es-
tadual Rogério Correia (PT)
montou comissão, que foi até o
município apurar o possível
envolvimento dele com pedofi-

Empresária é condenada a 14 anos por morte do marido

SIDNEY LOPES
Adriani e Walerson são acusados
da execução de Márcio Nonaka
A empresária Adriani Alves
Nonaka, de 39 anos, foi conde-
nada, na noite de ontem, a 14
anos de prisão por ser a man-
dante do assassinato de seu
marido, o engenheiro Márcio
Nonaka, em maio do ano pas-
sado. Ela foi levada ao banco
dos réus no Tribunal do Júri de
Contagem, Região Metropolita-
na de BH. Segundo o promotor
Francisco Santiago, o julga-
mento, que durou 14 horas, te-
ve o resultado esperado pelo
Ministério Público.
Além da empresária, o pe-
dreiro Walerson Alves dos San-
tos, de 23, um dos autores do
crime, e sua tia, a funcionária
pública municipal Vera Alves
Moreira, de 40, também serão
submetidos a júri popular. Um
menor de 16 anos, que partici-
pou diretamente da execução
do engenheiro cumpre medida
sócioeducativa. Walerson tam-
bém deveria ter sido julgado
ontem, mas a sentença só será
dada no ano que vem, porque o
julgamento foi desmembrado.
Os três foram enquadrados no
artigo 121 do Código Penal, por
homicídio qualificado, com pe-
na prevista de 12 a 30 anos.
O crime aconteceu na noite
do dia 11 de maio de 2002, na
rua Marechal Costa e Silva,
bairro JK. A empresária co-
mentou com Vera a intenção de
matar o marido em razão de
uma dívida que ela não queria
que ele descobrisse. Vera inter-
mediou a contratação de seu
sobrinho e do menor.. Eles re-
ceberiam R$ 1,5 mil pela exe-
cução. Dois anos antes, haviam
matado outra pessoa em situa-
ção semelhante. O engenheiro
foi assassinado com um tiro,
após ter sido dominado em sua
casa e colocado no porta-malas
de seu carro.
lia. “Constatamos o abuso e
acionamos o Ministério Públi-
co; o caso foi para a promoto-
ria de Crimes de Prefeitos e
até hoje não foi julgado”, afir-
ma Correia.
Recentemente, foram feitas
novas denúncias contra Joelão
que foram investigadas pela
polícia. O inquérito foi para o
MP, que pediu a preventiva no
último dia 21. Ontem, o juiz
João Marcos Luchesi acatou o
pedido. Segundo o delegado,
já foi enviado ofício para a Po-
linter, PM e Inspetoria para
que Joelão seja encontrado.