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A A ~ O ,;Eo

I ~ d o e xorgaaos na
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);c., *
SOBRE

LifA IROMOTOA
l DOS I#ERESSIS 111ERlA8 DO PAIZ.

TYP. DA REVOLUÇÃO DE SEPTEMBHO.


Rua do Almada
-5 (A'Cmtn de Pau).
1."

1849.
ILLM." E Em0.SR.

SPromotora
upposto eu não tenha a honra de ser membro da Liga
dos Interesses Materiaes do Pair, desejo merecer
a esta Sociedade o obsequio de acceitar as minhas Breves
Reflexões Sobre a Abolição dos Morgados na Madeira, as
quaes tomo a liberdade de offerecer á sua consideração.
Cuidando-se dos interesses materiaes do paiz, por certo
não escapari á Sociedade a id6a de empregar todos os
meios ao seu alcance para que em Portugal sejam abolidos
os morgados, como sendo esta a primeira e mais urgente
medida que requer a salvnçáo da nossa táo definhada
agricultura. Lembrar ti Sociedade esta necessidade é des-
necessario ; esclarece-la sobre as vantagens geraes daquella
medida salvadora , seria um insulto ií sua sabedoria : porém
fazer patentes as vantagens immcdiatns que especialmente
nesta localidade colherão os povos da abolição dos inorga-
dos, talvez seja um meio dc provar sem controversia que
em toda a parte os interesses do paiz estão reclamando a
applicação dos principias da sciencia , que por fatalidade
sao despresados em muitas das nossas leis.
& com este intuito que tomo a liberdade de offerecer 6
consideração da Liga Promotora dos Ateresses Materiaes
do Paiz , as minhas Breves Rerlexòes Sobre a Abolição dos
Morgados na Madeira, rogando a V . Ex." a especial
merck de apresentar-luas como membro desta Sociedade.
-
Deos guarde a V. Ex." Madeira 20 de Dezembro
de 1848.
Illm." e Exm." Sr. Manoel da Silva Passos.

Antonio W d a Heredia.
1*
Cedemdo 6s instaneias 80s meus iiaigt~tãi b b l i h t m n u
Brma Refte3Gbes .!&-e a Abolição dos Morgados na M'&-
&a.
A aboliçao dos drgados 6 a principal das medidas
que julgo idispensaveis para a salvayao da iwsa agricul-
tura , e se ate agora me não tenho occupado deste assumpto ,
como desejava, 6 porque tendo emprehendido escrever uma
pequena obra sobre os interesses geraes da Madeira ! queria
eu só nesse meu escripto mostrar em logar conveniente as
irnmediatas vantagens, que de tal medida combinada com
yariq outras resultariam ao paiz. Comecei em Abril de
1847-0s meus trabalhos, mas logo os acontecimentos po-
Iitick d'esse mesmo mez me obrigaram a adia-los. Aconte-
cimentos posteriores me iiihabilitaram de colher do h-
rerno Civil do Districto certos dados statisticos, sem os
quaes eu n3o podia tractar definitivameote do estado do
clero. da instrucção publica e das contribuiçbes , nem tllo
pouco der'uma nova divisáo administrativa, e outras refor-
mas que tenho por indispensaveis para commodidade , e
iateriesses do povo, e do Estado. Aguardando occasiiio de
obter aquelles esclarecimentos para concluir o meu escripto,
reservava para entao o mostrar a grande e immediata van-
trgem da abolição dos morgados na Madeira. Esta vanta-
gem porém est8 t8o geralmente reconhecida que muitos
cavalheiros, tenda lido uns dois artigos que em 1847 pu-
bliquei no Independente, sobre a aboliç8o dos morgados c
incessantemente me pedem que ,em quanto niío obtenho os
esclarecimentos necessarios para concluir os meus trabalhos,
.
publique eu separadamente esta parte do meu escripto ,
II
chegando alguns a censurar me por eu não haver conti-
nuado a lembrar uma medida tão importante, e cuja demora
6 um mal para os proprietarios vinculados, para os colo-
nos, para o povo, e para o Estado.
Convencido desta verdade, mas collocado em uma po-
sição embaraçosa pelo interesse especial que tenho na aba-
lição dos morgados, repugna-me tríictar essa materia iso-
ladamente. Seja porém qual fòr a suspeição que sobre mim
possa recnhir , eu cedo aos desejos dos meus amigos , por
que vou dizer verdades rcconhccidas por todos, porque vou
ser fiel intcrpretc da opiniso da maior parte dos proprios
proprietarios vinculados, porque não vou fazer mais doque
reduzir a escripta o pensamento fixo de todo um povb, e
porque finalmente, se eii sou interessado na abolisão dos
morgados, o meu interesse está ligado aos interesses da
sociedade, e 4 fundado n'um direito usurpado, mas im-
yrescriptivel.
Rcproduzirei pois parte dos argumentos de que jã
em 1847 me servi, e em tudo quanto de riovo escrever
procurarei ser conciso.
Possa a benevolencia do leitor desculpar Meus erros.
Possam todos fazer justiça As minhas intenções.

Antonio Corrta Hwedia.


E m rtio se tem tentado melhorar a agricultura na Ilha da
Madeira. Os remedios por inefficazes tCem deixado o mal
progredir. Labora-se de ha muito no erro funesto de pen-
sar que s6 do commercio dos nossos vinhos depende a pros-
peridade da nossa agricultura ; e levados por este engano
os governantes teem-se limitado a empregar algumas vezes
os seus esforços para fazer subir os preços dos vinhos !
Ainda T e seja possivel fazer subir os preços dos nossos
vinhos, nunca se poder8 consegui-lo de modo que por isso
a agricultura mude de sorte. Melhorar o commercio doa
vinhos é uma urgente necessidade, porque esse genero
agrícola, que fazia outr'ora a nossa riqueza, n8o acabe por
arruinar-se totalmente. Para este fim é necessario desone-
ra-10 das vexatorias contribuições que paga. Mas ainda as-
sim, ainda com bons tractados de commercio ;!*ainda com
grande baixa nos direitos de importaç80 nospaizes estran-
geiros, o vinho da Madeira náo póde competir em preço
com os outros vinhos, porque o custo do fabrico de cada
pipa do nosso vinho (especialmente no sul da ilha) é quasi
igual ao preço pelo qual em differentes mercados se vende
hoje grande abundancia de vinhos bons de Portugal, Hes-
panha , Sicilia etc.
Póde ainda o bom vinho1Madeira ter um preço vauta-
j d o , se entrar em moda nos paizes aonde elle antigamente
tinha grande convmo; póde tambem ter um preço vanta-
jeSo deites es eircurlistancias qúe' em out* t6hih Girerara
- -2-
d'csuc genero uma verdadeira riqueza. PorBm haver5 alguem
tõo pouco sensato, táo pouco conhecedor das causas, que
queirti deixar a agricultura de um paiz inteiro h mercP de
tantas contingencias 7 Quando voltara o goslo por um genero
desacreditado em consequencia das exportaf8es de yessimo
vinho, novo emal tractado? Quando (talvez nunca) appare-
cera0 algiimas das circumstancias qiie outr'orn deram um
tilto valor ao tinlio 311~doii.a7
Suppo~~do que o honi vi11110 do sul possa ter nlsum dia
u m valor que yíigue o custo do seu fabrico, drvemos mes-
mo n'esse caso reflectir que d'ahi não colheremos senão a
vantageiii de náo perder ti pouca vinha que se acha plan-
, tada 110s bons sitios do FUIda Ilha , porque esse válor não
convida a agmentar a ciilturu da vinha, e porque esse vi-
nlio P tao pouco que, aiiid~quando tivc.sse um grande va-
lor, lino habilitava a grande maioria dos proprietarius e
dos Iairadores para auginentarem e melliorarem a nossa
agric~ilturíi.
É eiideiite que lios pregos dos vinhos iião podemos achar
meios dc melhorar a iiossu agricultura.
Os proprietarios vinculndos , contando attr certo tempo
,com uma a~ultada renda, niio cuidaram da ngricultura.
Imaginando que os pr~qos dos vinl\os seriam eterna-
rneii te vantajosos , reciiniiram a cabeqa sobre seus sofas,
e , ou dosrniaim o somiio da indolencia , ou velaviim para
rlissipar u sua riqueza no meio d'uin lu10 csciindaloso.
1 Deixaram a agricultura entregue aos cuidados do coloiio
pobre e ignorante, que apenas tractou em pequeiia escála
:da ciiltura da vinha, que era entiio o uiiico objecto de in-
teresse. Pouco a pouco o commercio interno e externo dos
vidos foi enfraquecendo, conio teria sido Sacil prever, e
quando os proprietarios accordaram da sua modorra já elle
ia em graiitlc decadencia. Obrigados ti emigrar iio tempo
da u.;iirpa~80, tio iiioiiie~ito de regressarem h sua patria
-
estavam arruinados as suas propriedades queimadas pelo
~&w,~.Adecadencia do commercio dw viabm não teve um
-3-
termo ; ião grande e t8o rapida tcm sido que a vinha quasi
totalniente a sua utilidade !
O vinho 4 hoje para o proprietario e para o colono
mais um objecto de despcza do que de receita. Fazei r
conta ás despezas da planta~iioda vinlia, á pciíla, h etbcana, As
catas, hs i-egadias, 6s i.indi»icss, e aos capitaes que 6 neces-
çario empregar em paredes,. que sustenham a terra que toda
tcnde a precipitar-se nas ribeiras, e no inar pela grande
declitidade das elevadas inoiitanlias de que se compõe esta
Ilha : juiitai-lhe o dizirno , o real d'nyua de vinho , 0th o
/lireita de cxporbaçiio , o subsidio lillerario , e n fnta a
que tambem é sujeito ; e vereis que o lavrador nenhum in-
teresse tem tia ciilttirii rlíi vitihei ; parde o seu trabalho e
outros capitaes que ernprcw,] 9
eni tal cultura. Srimcnte o se-
nhorio aproveita um insignificante preço. Isto na hy-pothese
de vender o vinho : inas o vinho muitas vezes niio se póde
vender; mesmo por insignificante preço, niuitas vezes náo
acha comprador; entra para os armazens do proprietario ,
e d'ahi vem as despezas de cascadura , armazens , tras-
fêgos, aguardente, estufa e seu imposto &c. No fim de
dois aiinos as despezas teem absorvido mais de metade do
valor do vinlio , porque as despezas sao sempre as mesmas,
e o valor do vinho n5o A maior, diminue progressivamente.
.Assim pois arriliriado o commercio dos vinhos, sem ne-
n h u m ~esperança bcm fundada de o melhorar, o colono ne-
nhum proveito colhe da cultura da vinlia, Fazendo a conta
ao seu trabalho, 4 esse um negocio em que perde segura-
mente dez por cento ; e o senhorio'ou vende o seu vinlio
por baixo preto, do que resulta ter uma pequena venda;
ou (S obrigado a encuba-10, e no fim de dois annm levan-
do em conta o juro do capital que emprega em despesas ,
o valor do seu genero pouco exceder&, algumas vczes n8o
chegarii a ser um valor correspondente ao capital empre-
gado !
E* por taiitu forçoso mudar de cultura, ou pelomenos,
~onsewando~ a t 8 que o tempo dwtrua a vinha .que existe,'
- 4 -.
ou $e as circi~mstwciascovidem a tractar dessa cultura,
cuidar de agriciiltar R tcrra abandonada, enriquecen-
do-a coin generos de primeira necessidade de que tanto
carecemos.
Mas o colono pohrissimo c ignorante não tem meios
para cultivar cssn terra, náo sabe ensaiar novos methodos
de ciiltiira , ii2o siibe ;tl~clrliiqoarn qiic já csistc nem póde
augmenta-la. AIn\ o scriliorio nrriiinitdo, porqiie no tempo
em que poderiii ser iitil a n,nric.iiltiira ;i abnriclonoii , por
qiic quasi sc :ic.iil)oii o c*oniiric:rc.io do4 vinhos , e porque o
colono critrc>grich hriii igrior;iiic.iit ;il,ciias trnctoii dii planta-
da tinha , rcconliccc liojc ;I iniitiiidíide dessa cultura,
sente a desproporcioriada diniiniiic.iio das suas rendas, quer
sugmentii-lns , ma9 n2o ptirlr , Ilorqur h falta de mcios a
instituição dos rnorg;ido~o ~:rcntlr., t: o fhrqii a 1150 ter se
1-180 o que cni suas terras soiihcr , pudér c qiiizer plantar
o d ~ ~ ~ r i i ~c.olorio.
;ido
E' tal o est;ido dc iniscrin ;I qiie tiido tem chegado
nesta Ilha , que o propriciiirio ~inciiladoquc hii tintc an-
nos era rico , hoje E pobre ! Rluitos ha que nem para a
sua sustentaç8o tem já meios pot?enizntcsdas propriedades,
que outr'orn os faziam viver na abundancia !
Nestas circums(ancias como serS. possivel fazer melho-
ramentos nn nossa agricultora ? Como será possivel me-
lhora-la se a tcrra estii na sua maior parte escravisada, e o
seu proprio senhor, victima dessa escravidao, não temmeios
de a cultivar f
E m tal estado , todos soffrem : a proprietario e o ko-
lono, o povo e o Estado.
Que convirá pois fazer-se para mudar n sorte da riossa
agricultura ? Que conviri.1 fazer-se para dar de coiner a um
povo que tem fonie que quer trabalhar, e s6 pede li-
berdade de o fazer? Qiir contirá fazer-se para habilitar o
grande proprietario a auginentar 8s suas rendas, cuja actual
escassez lhe amarga nil comparaçáo que dellas faz com as
do pa3saado ? Que se dever8 fazer i~áraaproveitar o a r d e d e
ãeGjò com +e esses proprietarios, se tivessem meio& prod
curaria& na cultura da terra as doçuras de uma riqueza,
de que se não podem recordar sem saudade ?
E', sem duvida, libertar a terra.
Aboli os morgados e vereis restabelecido o credito
âgricola ;-aboli os morgados e vereis o proprietario com todos
os meios á sua disposição para cultivar a terra ; vereis na
abundancia o povo que vivia na rniseria, rico o proprie-
tario que estava pobre, augmentada a população que a
fome anniquilava ; vereis progredir a cii;ilisaçao material e
moral , que a miseria deixtlra estacionaria.
A propriedede estú concentrada nas maos de mui OU-
cos; c eii cnlrúlo (e creio que me n8o cngano) que a pro-
priedade livre na Madeira esth, para com a propriedade
vinculada, na proporção de um para dez. A propriedade
livre-isto A , um decimo'"estií cultivado, florescente. E nos
nove decimos da propriedde-isto 8 , na propi-iedade vin-
culâdd, estou bem certo gue apenas ha tres decimos con-
vcnieiitemente cultivados ! ! ! Assim a terra vinculada ape-
nas 1)roduz uma terra parte do que podia produzir se fdra
livre ! ! !
Jtí tenho feito ver que o proprietario viriculado hoje
nada póde fazer a beneficio da agricultura. Vejamos ago-
ra o que lhe será fitcil emprehender abolidos, quesejam os
morgados, e quaes em geral as vantagens d'essa aboliçâo.
Os proprietarios vinculados teem grandes extensões de
tei-ra em differentes pontos da Ilha , e , como deixo dito,
cada um delles tem incultas, pouco mais ou menos, duas
ter$$ partes d'essas terras. Essas terras estão incultas em
côrisequencia da falta d'aguas para as indispetisaveig re-
d i a s , e a falta d'agua nessas terras prov6m da impos-
9
sibilidade em que se acham os' proprietarios de empré-
gar qualquer cqpital na abertura de novas levadas, a@m
como em' reparos e nova direcção parcial d'algumás das
antigas. Ora, abolidos os morgados estão os proprietarios
habilitados para venderem ou hypotheiuem ütna p r t e de
-6-
suas terras; com o yroducto dessa venda elles v ~ ofazer a
obra drtssas levadas, com eaas levadas vão auginentar a
cultura da terra, nesta cultura empregam os braços que
todos os dias perdemos pela falta de trabalho. -4ugmen-
tando assim as suas rendas, ~ugmentama quantidade dos
generos de consumo, e da abundancia e barateza dos ge-
rieros de primeira necessidade \em a facil subsietencia do
povo.
Dir-se-ha que deve haver grande difficuldade em veii-
der terras incultas. NRo é isto exacto ;-mas conceda-se
que assim seja. Se eu nio posso vender a terra inculta,
vendo uma propriedade cultivada, que, rendendo jmr enem-
plo cem mil reis, tem o valor de dois contos de seis, com
os quaes , pouco mais ou menos, posso fazer scí ou por
meio de associaqao todas oii parte das dt~spesns do tira-
mento de uma levada, e. vsi regar uma porçio tal de
terras incultas, que no fim de dois annos produzein tres
ou quatro vezes inais do que me produzia a propriedade
que vendi. E sc niio fosse conveniente vender uma pro-
priedade, sendo a terra livre, poderia o proprietario,mui-
to facilmente contrahir um emarestimo, que sendo, como4
neste caso, consagrado reproclucçáo teria as mesmas van-
t ens da venda da propriedade.
b e m o s na Madeira, entre outras, uma producglo que
póde em mui poucos annos vir a ser, senão tam extraordi-
nariamente vaotajbsa como antigamente fora o \inho, ao
meuos de um interesse consideravel. -E' a canna de as-
sucar.
' Mas a cultura da canna de assucar iiáo' @de gendra-
lisar-se em quanto não hourer fabricas d'assucar , e nin-
guem se metter8 na especulacão de estabelecer uma d'es-
sas fabricas, que custa uns poucos de contos de reis, na
incertesa de aiigmentar ou não aquella cultura ; e ainda
mesnio com a certesa d'ella poder generalisar-se , como
ninguem poderia ter essa certesa senso os proprietarios que
tivessem meios de a promover, quem , a n8o serem elles ,
-7-
empregaria em uma fabrica d'assucnr um capital avultado,
que tem de ficnr por algum tempo paralisado ? Não ha-
vendo nieios de fazer o assucar , a canna s6 póde produ-
sir o iiiel e a aguardente, e com quanto a aguardente dB
hoje algiini interesse porque ha pouca caniia , nào aconte-
ceria o mesmo qiiando aquella cultura estireqse feitti cni
maior escala, porque não podendo ser a aguardente de
canna uni geiiero de espnrtayào, o consumo que d'ella se
faz no paiz, nào 6 sufiiciente para interessar a ciiltura da
canna ein ponto grande, vindo em tal caso a depreciar-se
muito a aguardente, resaltando da slia extrema barateza
a inutilidade da canna d'assricar.
Bfas desatados os bracos no grande proprietnrio , elle
vai remediar todos esses iriconveiiientes.
O credito do proprietario vinculado 4 limitado pela io-
certeza da sua rida. Do proprietario vinculado ninguem
confia uin vintem, porque esse vintem cinco minutos de-
pois de emprestado póde estár perdido. O immediato suc-
cessor p6de, por mil motivos, nùo querer garaiitir a divi-
d a , e tal e muitas vezes o receio do capitalista, e muitas
vezes bem fundado, que riem coni garantia do immediato
successor julga converiientemente seguro o seu capital.
Porem, sendo a terra livre que duvida terão os capita-
listas eni emprestar aos grandes proprietarios uma parte
do seu capital? Nenhuma. E assim os proprietarios tendo
sua dispsiçào um capital circulante , de certo por um
modieo juro, attenta a se8urança que dáo ao capitalista,
poder80 por meio de associnçóes estabelecer unia ou mais
fabricas de assucar , porque nisso são os mais interessa-
dos, e eytabelicidas que sejam essas fabricas, a todos fa-
r& conta, .todos qiiererào tilaiitar a cantia d'assuçar, e no
curto espaço de quatro annos a Madeira tem uma produc-
çào rica ,,por certo menos sujeita ás contingencias a que
est8 sujeito o vinho, e que nào demanda a decima parte
das despesas do fabrico deste.
Mas quando 09 proprietarios se limitem a cultiva; h
-8-
teva; o que jil 6 uma grande vantagem, deixai eot8o ao
cuidado dos capitalistas o estabelecimento das fabricas de
assucar ; deixai augmentar o numero dos proprietarios ,
e por consequencia o numero dos interessados na agricul-
tura, e vel-a-heis prosperar.
Isto que se dá a respeito da canna de assucar, dh-se
por dzerentes modos a respeito d'outros generos agrlco-
Ias ; c o mal em tudo é semprc a cscravidiio da terra ; o
remedio principal, em torlos os casos, 6 semprc a abolição
dos morgados.
. A cultura do milho, quc iios phlc dar um grande in-
-
teresse, e do qual podemos tcr dms colheitas cm cada
anno ; a cultura do café, que se pbdc exportar, :como
com effcito sc tem exportado, por mais subido preço do
que o dos outros pnizes, attenta a sua superioridade ;-a do
inhame, que talvez nao possa ser um gcnero de exporta^
çáo, mas que 4 de muita utilidade, c que hoie não ohe-
ga h metade do quc preciso para consumo do paiz: to-
das essas culturas, e outras que seria longo mencionar,
permanecem quasi como no estado dos seus primeiro8 ~epir
saios ; e .assim permanecerão em quanto P aboliçao dos
morgados não vier dar meios no proprietario para as nu-
gmentar e melliorar. Umas carcwrn de terrenos desaffron-
tados do cmpccilho das bemicitorias aonde o proprietario
illustrado possa estar sem receio dos erros , malicia e bru-
-
talidade do colono; outros carecem de não depender
-
se&o de uma s6 vontade (i) e a todas 4 essencialmen-
t a p w i s o quês,

(1) O senhorio algumas vezes para fazer pequenos en-


dias q u e cultivar por eu. o cafE ou a canna Ci'assucar; o
colono ignorante só por contempla$ão consente na pkii*
$50 d'uns p& d e cafk e d'umas poucas de plantas d e canm
de assucar ; mas depoie entendendo em sua alta sabedoria
que esta cultura lhe não dará interesse, porque lhe não
peip mtas bepfeitorias como outrap a qiie está habitpado,
-9-
c p o jh nmos, a Joliçao dos morgados habilita o
propriet,ari~para aproveitar as aguas construindo levadas &.
Vejamos agora como essa mesma abolição o liberta de
mais este outro vinculo de bemfeitorias , e quaes os males
&estas por pertencerem aos colonos.
~m qnanto por um lado a terra está presa nas m8os
de mui poucos ! por outro as bemfeitorias soffrem diaria-
mente uma divisao , e subdivisa fatnes 6 agricultnra. Es-
ta divisão e subdivisão das bemfcitorias não seria um mal
se a terra podesse acompanhal-a, sc a terra se subdwi-
disse na proporção da subdivisão das bemfeitorias.
Mas quinhentos alqwires de terra, por exemplo, estão
sempre nas mãos de um s6 senhorio, e sobre estes qui-
nbentos alqueires de terra as bemfeitorias que pertwww
aos culonos , passam por meio de herança a differentes do-
nos. Assim se hoje em cinco alqueires de terra está uno
colono com suas bemfeitorias, amanhã pela morte d'elle
essas bemleitorias passam a seis, oito e dez herdeiros , e
'pela morte destes yassarn, como eobvio, a muitos mais, de
sorte que no decurso de alguns aiinos as bemfeitorias, que
pertenciam a um só colono, ficam pertencendo a vinte ep
mais, de tal modo divididas, que ncnhum desses herdei-
ros interessa em cuidar dellas. Não dando interesse a ne-
nhum delles agricultar a pequena porção de terra c o r r e
pendente sua bemfeitoria, abandonam todos essa bemrei-
é o primeiro que tracta de destruir essas cannas e esses
cafb! A respeito da cama d'assucar começa a niio ser tão
forte a brutal resistencia do colono, mas essa resistencia
apparecerai em tudo quanto fbr novo, em tudo quanto~lão
fW'h d t ú h - h ~ qelle
u ~esti habituado; e assim dependendo,
em parte, crs ensaios de novas culturas da vontade do c&
lono, que quasi sempre C: oppasta á do.sexlhorio -em quanto
-a terra não fbr livre -só com multa difficuldade e mepLiante
úm grande espaco de tempo, se poderá c o n w a ,au-
dança d e cultura nas terras que hoje e s g w ~ tzeguge, ao
colori?.
-10-
toria e essa terra ; e deste modo a terra que nas mãos de
urn s6 colono estava coiivenientemente cultivada toriia-se
pela divisso e subdivisão das bemfeitorias uma terra bal-
dia. Os herdeiros destas pequenas prç6es de bemfeitorias
nlo as podem vender, porque se outros colonos! pela coin-
cidencia d'escas bemfeitorias estarem eiu partillia com as
suas, desejam coinpra-Ias, nao teem meios de as pagar, e
o capitalista não emprega o seu dinheiro em hemfeitoriau
n8o podendo ao mesmo tenipo ser senhor da terra, onde se
acham essas bemfeitorias, nRo s6 porque ficaria sujeitoaos
erros e caprichos do senhorio, c ás vesa~õesdos rendeiros,
como porque tendo de partir com o proprietario da terra
metade do que esta produzir, e ttao fazendo por suas maos,
como o colono, os trabalhos da agricultura, o capital cir-
culante que empregata rias bemfeitorias niio lhe daria o
redito que lhe podia dar se o niio tivesse reduzido a esse
capital fixo. Desta maneira os herdeiros da bemfeitoria per-
dein a sua heranqa , o proprietario das terras não podendo
por falta de meios comprar essas bemfeitorias, V!I irreme-
diavelmente as suas terras tornadas baldias em muito pouco
tempo, è a. egricuitura , é, evidente que, por mais estas
cireumstancias cada (lia se ha de arruinar mais.
Abolidos os inorgados desapparecein cstes niales. As
consequencias da divisão e sub-divisão das benifclitorias jti
n8o são fur~estau.Os herdeiros das pequenas porçbes de
bemfeitorias achaiii lago quem Ili'as queira comprar, ou o
ue possue capitaes em dinheiro, ou o yroprio senhorio
1 as terras oade se acham essas bemfeitorias; este porque
sendo a terra livre estii habilitado para fazer permutaçõe~,
compras e vendas; aquelle porqiie pode tambem comprar
a terra correspondente a bemfeitoria. (2)

(2) Para sc entender a difficuldade ue teem os se-


?
nhorios de pagar as bemfeitorias aos colonos, convém
.notriz, que essas bemfeitorias constando na sua maior parte
de ppredel destinadas a amparar a terra. chegam sempre
-li-
Mas a respeito das bemfeitorias airida ha outrosincon-
venientes. Não 6 si, a divisa0 e sub-divisão das bemfeito-
rias que pelos motivos espostos se toriia iirii grande obsta-
culo ao progresso da agricultura.
Tal e muitas vezes a indulencia do colono que abatido-
na as suas fazendas, nto trricta da viiilia qiie jii tem plan-
tada , neni sequer se entretem no cultivo dos generoo depri-
meira necessidade; isto mesmo em sitios ontlc hn nhun-
dnncia d'aguas , e por conseqiienciii fiicilidade ile iigicultnr
H terra. Ein vez de se emprepr no trabalho, torna-se o
flagello dos visinlios; vive da ttsmola c do fiirto. Outras
Fezes o colono, entendendo arlinr mais vaiitngciis em outro
truballio , nbiiiid~niitiiinbcrii o tlii iigrii~iiltitrn.1: n 111' temos
A

em ambos os ciisos u tcrrri perdida ; iniiitas vezes, no centro


de uma grande propriedade, cstii por cstes moti~osuma
praridc eatcnsão de terrn iiicultii tlepreciandci o resto da
propriedade. Mas em ambos os casos essa terra estli coberta
de bemfeitorins inuteis , que todavia pelos (tefeitos das nos-
sas leis (% scnliorios tcem de pagar segundo a avaliação, se
quizcreiii tirar nlgum prodiicto ({'casa terra ; porem como
niio teein meios de ris l ) ~ i p,r i~liif i ( ' i ~ r t l iil,antloriadas a
terra e as beinfeitorias.
Ora, alem de uma boa lei que clctcrniiiie os easos ein
que os senhorios deveni pagar as bemfei torias (3)a a l ~ l i *
dos morgados pode tambem impedir oina boa parte destes

pela avalipCão a ~ 1 1 1preso escessivo , emuitas v e i a o valor


que se drí a estas hemfei~orias6 superior ao valor da terra
em que ellas se acha111 feitas; ac.oriteceiido quc os colonos .
iIgumas vezes com malicia augmentam desnecessariamente
as bemfeitorias, para que os senhorios tenham de Ilies pa-
gar u m boa somma de dinheiro quando por qu:ilquer cii-
eumstancia os queira expulsar dc suas terras.
-
(3) No meti ewripto sobre os interesses geraes da Ma-
deira serei explicito sobre este ponto, c indicarei. os mei-
que me precepem proprios para nielliorar a eondi* d o
.calono e do senhoi-io ein -reb@~yim ao nittro,
2
- ia-
c)ahn~wsque ~ o f f r ea apricufturd , potqiie o cofoncr qúe por
desgo%c~,ambicâo ou indolencia , nbaiidona a ágriciiltura ,
n;id deseja outra cousn senão que llic pn,wni n siia bem;
feitoria , c d;i :ibolir$o tlos mor,rrados nasce, como tenho
feito ver , R fiic.ilid;ide de stlrerii ossns 1)cmfeitorias còni-
pradas pelo seiiliorio o11 por oiitr:t qualqiirr pessn;i que quei-
ra tambriii comprar ;i trri.;~, qiic o ~)roln*ietíirio n3o terá
duvida de vender, sc ngn qiiizer compi.itr n bemfeitoria.
E' tgo fatal este svsttnin d r seiiliorio e colono -este
.
srystema que prende n terra (1s hci.iiiciti~rias e as bemfei-
torias 6 terra , o colono no scnliorio , r cste hqiiellc ;-é
um' systcma ii todos oY ílespeitos 130 prejoditial, pbryié
com alle perdem o senhorio , o i.olono ; 6 privh e o gstàdd
-tão nbomirnivcl porqur errvolre , porqre ;iiictoi.ira iimn
certa cscraoidiio quc nem pmveitosn i! no individuo, e mui-
to menos ú soeiedndc , qiie..ca dai-ia os parabèn's h minha
ptttrin no dia rbm qiic tal systmnn fo~cccoml,lctameriteabri-
doiindo.
Com quitnto na peqwnn parte de 'temi livre queexiste
esteja geralmente em phtiM'o -hxesrnf-hiirib&Jc t W W
entre o mhof'ib e . 6 tohho, eli &to13 ihlirilbinènte cohven-
cido qiic s6 n nholiqào dos morgntlos , seguida do tempo
neccssario, poderíí coriserrriir erqe imincriso bcin. Tknlio
nisso uma f& v i ~ n .
S6 os grandes l)rl~prirtaríospodem dar eiii ta&a parte
os indispcriça\rir rxc~inplos, qut: iil)ciiiis tcino.: ciii mui pou-
cos pontos; s6 elles tendo as slias terras livres podem
d M , 'cwa ?&tia t- O teh traballfo B í i v # ~ ,timpkeg 6%tètís
hrncos aondt! e como juizeres, recebe o valor das tuas
bemfeitorias, e cii mandarei cultiliir a tcrra por niinha
cõhta. 'Neste acto d r pagar as bemfeitorias vcrianios rea-
lisarem-se dois bens cujii graiidcsa talvez ainda u ã t~ d a
sido calculada .- a propriedade dividindo-se pela mesma
vontade, pelo intrresse do proprietario ;;e&Wrtilibertan-
do-se de mais este vinculo infernal das bemfeitorias, pela
vontade, pelo interesse do colono.
-33-
E m . c o m e ç a r i a m 6s noyos methados d e cdtura ;'tudo
qiianbr, a illustraç30 dos proprietarios penriittine seria e t w
pre@do par& melhorar a íigricriltura , hoje entregue ao*
do colono transviado por opiniaes erradas , e para
tudo inliabilitado por siin iibsoliitn igiiorancia. Quando'os
p v e n o s proprietnrios vísscm eni todii n parte cstcs exein-
p l a ; quatrdo elles vissem mudada a '9of.t~da agriculthrd
pelo c m p w de tncs meios, iicnlirimn dii~idateriani em
tornar-se ainda mais pcv~ucrios~)roprietariosparir que n siia
p p r i e d a d e estivesse tloresceiite ,. phrn que s'eiiilo mais pe-
q u e lhe ~ fosse d e maior utiliilode.
hsmvolver cabalnlerite ebte ponto seria ultriipassar os
limites em qiic dobo eiicerrai. tis minlias reflexões. .lcabar
estebmnti-acto ora existedte eiltrc 6 setil$n-io 6' o colono,
4 , d+is da ablh$m do9 rnorgàdbs, o rheib miiis' proficuo
de termos uma culturn feita com iiitclligericia e liberdade!
Ha 1 verdartei @e! 96 o tempr; 'as pode'deitidli4t$&r, ~ h a sjá
tttrtiorr h@ns factcJs em aboiio destn que me ksforco por
fazer conhecida. Não pode operar-sc estn l~eneficntrans-
forina~aoda propried~decom n rapidez que seria' tata de-
sejar ) mas o teriipo cor1segiiir;i o qiic i t nctiiiil finlta de
meiba, e potlca illustrayiio t i a o ltiicler consegiiir. A dis-
GU6W + õ as exempbs que vão hpplireeetido 'riR prcipriedn&è
que w t 6 livre dn oppressao (10s mrgndds , e da 2oppi.e&dó
das bemfeitorins , acabargo por convencer 'n ,todos desta
-i miesidade, que toddtia nW póclePb: ger kompfe-.
tuM&teesdti$!~ita em quanto existirein 6s morg%ctos.
A aboliçao dos morgiidos na Rlndeira sigttificti r n i i i s
6th * p t t e alguma i likliade - justiça -ecoaomia:.
a b d i ~ ã 6dtis morgrtdm na MndeiPa ~totnd'd9 prdprie€afios
la~radt)r&*,fail la\radares~inteliigeiites,ar'riinen ti agricul-
t ~ r r r4s mãow pesadas., da ignimncia , liberta a fet.ra '
ju$o;ddM'umsenhor, que 4 v i a i m a d'essn escravidão , P
prende 'iterra dos vinculos dos bemfeitopias, l i b d a 6 t
balbd d& ooionu , e em tudo isso interessam opmpt-ibta
o soim.; s povo, 8 sooiedade.
2
)i
-E'sabido não
-14-
86 que a accumuiaçáo da propriedade
paralisa a agricultura, mas tambem que a propriedade de
um s6 individuo collocado em differentes pontos, alem de
roduzir esse mesmo effeito, torna impossivel a boa fisca-
bsaçao.
Ambos os casos se d8o na Madeira ; e se a accumu-
laça0 não é tâo monstruosa como em outros paizes, porque
a Ilha e pequena, iiem por isso os resultados deixam de ser
os memos.
Da accumulaç~oda propriedade vem a necessidade do9
arrendamentos , e dos arrendamentos nascem outros obsta-
culos ao progresso da agricultura. Os arrendamentos na
Madeira, airuinam o senhorio e o colono. Os arreadamena
tos s6 poderao ser uteis quando deixar de existir o con--
tracto que actualmente existe entre o colono e o senhorio ;
quando o rendeiro em vez de haver os seus lucros por meio
do trabalho do colono, os houver mediante o seu proprio
trabalho; quando a terra lhe fòr dada de arrendamento
para elle a cultivar por sua conta.
Actualmente , o rendeiro procwendo haver com a
brevidade possivel , não só o seu capital, mas os lucros que
deve ganhar esse capital que adiantou ao proprietario, obri-
ga os colonos a pagarem-lhe de prompto as producçãcs de
suas fazendas por um preço exorbitante, ou exige rigoro-
samente metade dessas producções em generos; o colmo
não pode plantar uma couve que o rendeiro lhe nao exija
metade della I Assim empobrece o colono, perde o gosto
pela agricultura, abandona-a , e -r ruim d e s b 'é certa.
Depois de alguns annos de arrendamentos feitos por esta
fórma, o rendeiro ou pede ao proprietario que lhe faça um
abatimento no preço do arrendamento, ou lhe entrega ai,
propriedades todas destruidas , algumas já sem colono9 a.
quem as vexaçòcs dos rendeiros teem feito emigrar deiuin-
do a terra perdida, coberta de bemfeitorias inuteis !
a
Parece a vista disto que o proprietario n8o deve fazer
ta@ arrendamentos. E com effeito é esse w pessimo syo-
- 16-
tema de administraçao no caso especial em que se acha a
propriedade na >fadeira. Porem -sem fnllar da uidu &
-
morgado no estado a que as cousas chegaram , niIo po-
dendo o proprietario vender vinlios , tendo de pagar umas
poucas de contribui~ões,qual dellas mais vexatoria, já peia
sua natureza e já pela ignorancia oii mil fe com que sáo
cobradas ; tendo as suas propriedades no norte e no sul
da Ilha, e em qualquer dos pontos destacadas umas das
outras, muitas ~ P Z C Yscparadns por du;is oii trrs e quatro
I r v e z i a s ; tendo por isso de fazer grandes despesas, com
feitores , olheiros, coiiducções , ficando ainda assim a sua
propriedade muito mal administrada ; como nào ha de o
proprietario Inncnr mao do arrendamento, que 6 o unico
meio d e contar com lima renda mcnos incerta ? Eiitrc doia
qales escolhe o menor, prefere o do arrendamento. Os
males futuros do arrendamento sào os maiores ; porein para
o momento siio os menores ; urge acudir ás primeiras n e
colsidades , e inevitavel o faze-10 por esse meio rui-
MMO!
Abolidos os morgados cessam mais estes inconvenientes.
Cessa a necessidade dos arrendameritos, porque o proprie-
tario pode logo por meio de trocas, compras e vendascon-
centrar a sua propriedade ; e concentrando-a pode fiscali-
sa-Ia sem difficuldadc. Mas que não cessasse immediata-
mente a necessidade dos'arrendamentos, ella desappareceria
mediante a divisa0 da propriedade. Deinai dividir-se n pro-
priedade pela morte dos actuaes administradores dos vincu-
l o ~ ,e os arrendamentos ter30 um termo assignado pelas
conveiiiencias do pequeno proprietatorio.
Podem dizer-me que o proprietario vinculado tem a
facuklade d e concentrar a propriedade por meio d e sub-
rogaçães ; mas eu responderei que a sub-rogação tem mil
inconvenientes , e que por isso nunca poder8 alcançar. o
grande fim de concentrar rapidamente a propriedade. Ap-
parecer& sempre o irnmediato successor a restringi-la , os
coaselbos de familia a embaraça-la , a hesitaçao constante
-26-
$~)mptad~q,,a
>toriea-h ineficaz ; q qug$a;m,sdrnitt;m
a..-sub-rog?,ç80 com mnis liberdade quc não tem hoje..&
proprietarios cse a fazer, sci em um esp.1~0d~ kmpo quq,
seria, suRcientq para que os arrendamentos causassa ,q
maiores damnos ii agricultura , poderiam os propri etar.iw
obter , a conceiitra~áoda sua propriedade ; morqw, ,,pqa.
6 , essè meio, e por isso ineficaz para o presente cago,, $
evidcntc que 1;5o scrict, unia das medidas cnergicas pua re-
quer a salvasão da nossa agricultura.
Desde 2838 até ao presente anno tem emigrado para
mais, e não pari1 iiicnos, dc vinte mil pessoas ! !,! São oytyos
tantos braços dc que tem sido privada a ag~icultura. ,
poderos? desM, g~i&r%@~l WT.
"e
- ' a &hxl será cqvp *m~is
J L

,FotivÒ; hbjio4onar$o, os ç ~ l q num ~ paiz Içrtil e rpu-


Rvel ,.abcnyoado por Deos, c s6 desprcsado pelos lio~new,
inra,' se iréin langqr aos pantanos. dc uma ,tcrrq ipaL$ys
e i'&o+ita ? Porque rasáo iráo elles, porqiie rnsáo ir30
familias intciras procurar h De))terura e I! Trirzdde,um
irabalho n par do qual estA a doenqa e n morte?! P r ~ ç +
rariam, elles o trqbttl9, nesse pniz se o, \ ~ v e ~ q q ,,erra ,,~~
da .
nascimwtp ,' rip;'tqcr~fertil ,,p 6
.d..mu R-4
Deos? Náo. EJles náo sc apartam
terrh 4$$no9bda
dk%e'tórrdp de oúrq scnno qumdo a descsperaçáo tem o h e ~
gado ao seu maior auge ; quando j6 nZo tem @pm;uiç~i-d$
~ e - e m ~ r ~ ~ no a r trabalho
eni ;quando a fume lbgaraa um ún
b d e n t r o 'dó qual hq de infallivelmente acabar a vida dwg
infelizes !
*.. . .
,
: Poy?p ~ J as Q e&epqtes. Por indol.o%
$a': porque esta ei;riigraçao &,a . q tqba&~.
~
são os que enii&r~mpor nmbicào, e no numero desses são
rqros os cololros que, se contam ; os lavradores migram pqE
,n&ess'ldiíde ; esta necessidade nasce da falta do tr*qb,
e a falta do trabalho vem dc urqa instituiçãn itb~dikCh
e oppressora.
' ' Este ponto 6 tao claro &e dovo dsniorrr-me Bo)
fqze~,puitasreflex~es. C&~iclqiir$i,como em t ~ d o s0s 9u.r
-#T-
tr* recomrgendando u aboli~toílos iiiorgiidos. Se o á de- ~
vemos.reeciar que a popu1a~Uose extinga, tambcm 6 f6ra
de duvida que ao menos por uin g r ~ ~ u despaço e de tempo
ppdem fiiltar os brqcos psríi o triibnllio ; já se sentiu esta
fqlta,, .e pcidc-se {ornar de tal modo seusivel que venha a
causar ;ra\iss;iiios hiirn~iosii iiidustria agricoln.
F,iiipregui pois em ngricullnr a tcrrn os liomens que
atraveusiim os rnwcc.)qyo irem procurar trnballio.$nto ,de
iirníi sepultura que abrem ;isüii prtrpriii cxistcncio por cadii
vçz que mettem a ciisado riii teriti -dcbaixo dc um sol
ardcntc, c mçio cutyrad!!s ein nguas cstagnidas ! Deixai
abrir as f~p,teo,Jc, riqueza que encerra o nosso p$z ; dai
triibnlho n e*te p o ~ o, c c~llriiào ciiiijiritrri. .
,Alas ;íqucllas puc ~ierteiicleiiiiicliar lios prcyos dos vi-
n b p ~ , , ~ e ~ e pd i q~, r.e, ~i)o+a agricultu~ii, responderei,, que
~ % . b o n s , p r cQ~ s~ svit11io:;~deixnraoLI tcrrii incuIta domes-
n ~ qsirqdo.çi$,,BRF sc ,açli~, I'orquc ~ U ~ ~ U Cu ,Icspericncia
O
a cm 5 ç, . O . : ~ ~ ~ p ri vinculado
i
; i p t a ~ i ~ que cuide da agricul.
tiir;),, a rasão e a pnturcza Ilie ncowclhnr5o tiiabem qve
procure haver por uma bein entendida cwi~omiae subsis;
teiicin futura de seus fillios segundos; e assim .os ,yal~es
ezonoinisados , cjvc seriam einpregados na agricultura se
t ~ x r afdra livro, se fio uriicaisio~te,destinndcs a tornqr me:
nas,,d~ica,H: s0rte.diaquelles a quem,+ lei,,tmctára cgjn Te?
pugnmte injustiça.
.Oproprktsrip iincdado que tem urna grande exteu-
% .de:e r a s , e .em diferentes pontos, ainda que
não @de .attpnder á,sultura dc todas ellas; c os filhosse
g~nciospor , certo se não.crnpregírão em trabalhos cujo
proveito não é de futuro para clla;. L\bolidus os q q a d ~ s ,
f d h p ~ , , ~ .H ser* o ~ p,&ros taqtos Iilv~adorps-,.tanto
mais , i n & ~ & ua prmperidade da .agricultura , quaiita
mais fòr,..o numero d'elbq. E i 0 o &ichrtiiup da cam&
mia>yolitica seri'a., comq aftirrnam os mestres da sqies)c;ig,.
cfue;:hdos os consumidores podcsscni ser p r o d u c j ~ p~ ,m ~
q~ie..ra@ havernos de conservar uma iqs#itui@ps qu$ W
-i$-
directamente se oppõe a i a o ? Seria a instituiq80 dosmar;
gados destinada a preveirir os receios de Sismondi pela su-
perabundancia dos productos, ou os de 3Ialthiis pelo aug-
mento da yopulaçâo?. . .. . . Ella parece servir simulta-
neamente !is oppostas opiniões (10s dois illustres economis-
tas, porque embarga ao mesmo t e m p o progresso da pro-
~ U C Ç ~ cO o da populay80. Talvez seja a unica MstituiçBo
.. ..
capaz de servir (1u:is opiri16cs oppostas. . Ta1 C a sua
natureza !
Mas os consumidores 1150 podem ser productores so
, por deverem s&-10; C ~irecisoque tenham meios de o se-
rem. h abolicão dos morgados 6 um desses meios; - um
dos mais proficrios.
Como se p6de esperar que o proprietario vinculado,
cujo filho priinogenito , ou seus successores lhe nào coiise-
gram amizade, tracte cuidadosumente de au~meotrruma
riqueza, que tem de passar 6s maos de inimigos seus em
quanto v4 que os filhos segundos ter30 deviver lia miseria 9
Quantas vezes por milhares de circumstaiicias náo passa a
casa vinculada do actual administrador para inimigos delle,
para pessoas , que, com qumto ligadas pelo Ia@ do pdd
rentesco , 4 com tudo esse parentesco tão' remoto , e est á
esse successor em circumstancias taes, pile o actual odmi-
nistrndor o11 6 seu inimigo, oii nem o conhece? Como ha de
neste caso o actual administrador do morgado tractar 'da
cultura de srias terras, se elle achar qiie tem sufficientes
rendas para si, c quizer vingar-se c10 seu inimigo irão lhe
augmentanclo a riqueza qiie tcrn de herdar 4 Como póde a
agicultura prosperar em um paiz onde encontra to& 6-
tes tropegos ?
A agricultora definha de uma maneira táo ropida e es-
pantosa, que em pouco tempo só tres ou quatro casas vin-
culadas se não achar80 no caso em que presentemente 13
possivel abolir os morgados segundo a lei de 4 d'A'bril cle
1832. Chegadas a esse termo, como ji se acham muitas
das .que em outro -tempo estavam 'bem longe d'isso , nin-
- 19-
Ruem poder6 impedir quc os prnprietariori tractem de a b
lir seus morgados, como jii hoje na maior pnrtc o dme-
jam. Mas poqiie deixar chegar esse termo fatal? Porque
deixar caminl~íir precipitadnmciite pnrn o maior das riii-
nas, um p i z q u w l c tornar a rim estndo florescente no
curto ~ ? ; F U C O dc quatro OU seis anncw, se desdc jA st! aboli-
rem os morgados 2
Mos ainda hoje ha nlgriem qiie pertende sustentar um
argumeiito pueril contrn ii nbolicfio dtis morgados. Dizem
que havendo n liberdade da verida, o morgado corneçarii
por vender tiido quanto p s u e , e n2lo só ficar8 pobre, na0
s6 ficarao por sua morte p b r e s os filhos segundos, mas
tambem o primopcnilo!
Perdoem-me a liberdade qiic tomo dc considerar este
argumento como filho da mais crassa ignorancia. Confun-
dem nhi os interesses da sociedade com os interesses do
indit.iduo.
A sociedade niio quer saber se o proprietario que v&
deu as suas terras cstii ou nlo pobre; o que ella quer sn-
ber 6 se essas terras wtiio em estndo dc lhe serem uteis.
A e$onomia stxini nBo prociira fiiz(*rrico a este nem áquelle
individiio em partieuliir, mas sim aspira ao inaior bem da
humniiidade. Se vendeis a propriedade e dissipais o pro-
ducto da venda, ficais pobre, é verdade; os vosm filhos
ficarao pobres tambem; mas o mal quc fazeis a v6s mes-
mos e a voirso~filhos, o mal que estes tambem podem fa-
zer a si mesmos vencido o que por ventura chegarem a
herdar, náo $ tão grande como o mal que fazeis h dcie-
dade, tendo incriltas as iicrssas terras. Ora se a prodigali-
dade 8 uma qualidade inberente ás familias dos morgados,
como taes argumentos tendem a demonstrar, n8o 6 pre-
ciso que se destruam os morgados pira que essas familias
sejam p b r e s e desgraçadas. Os bens livres vendem-se, e
dissipa-se o seu valor; os viiiculados empenham-se enunca
mais voltam. Vendidos os bens librcs passam necessaria-
mente para maois economicas que v80 ta& proveitosos
-520 -
a sieá sociedade; empenhados os bens ~incitlados, fican
sendo iniiteis h sociccladc e a scii dorio.
&$ls ainda lia outro arguinerilo igunlineiitc pueril. Diz.
se qiie ,dividido um vinculq I,or niuitos lilli~s'POUCO cabe i
cndii uin e que esse poiico iIc iiatla s c n c , rcsiiltaiido di
abolkao do niorgiido ficarcrn todos pobres, qiiando no me.
nos um podia ser rico !
$ sempre coufundir os intcrc.sscs tl:i socied;idc coni o
ipteresses do indiyiduo. 3Ins rcspontlerci ti'outra maneira
, ,4s rendas d'esse morgado chegavam bem ou mal pai';
a susterilação de todos os fillioç do odmiuistrndor ; abolidi
esse morgado, rlividiilo 110r todos csscs filhos, iis suas rcn.
das tceni de augmentar, como jii vimos ; mas que a o tiug.
mvqtem,,: ou que mesmo aiigmentaiido n'io cheguem pari
cada um ~ i v c ritidependclitcx !o qiie rartis rezes aco111ecer;i
porque os peqvcnos inorgildos tccin sido abolidos pela. Ic
de Ic dc Abril de 18.321por tima bcm cntcndida econo.
$ia vi~craototlus unidos, como cni ritlii dc seu pai- to-
do$ terão quc comer, c 1120 iicoi~tcccrá o qiie presente.
mente acontece- a agricultura abandonada , Q morgadt
,e
uastgndo todo o rendiyeoto , os filhos segurido'c.p~diacli
O
$os . a + g ~ dmoço
~, , jantar c ceia !
Quem n'cstc mundo nada pos511o csth inhiibilitailo pari
tudo; mas quem alguma cousn t c m , algiima cousn maii
póde ter. Imaginai , por exemplo , dois vinculos pcquenos
os herdeiros. du cada um rlellcs tt%rsotima pequena fortuna
mas sc os dc uni cíisureiu coin os do outro, iião ~iodcrã(
FOPW uma, boa fortuna, ,ou ao menos adquirir uma sub-
slsteqiq, certi ? Se todos qlbs forem pobres., se.,ito her-
darem riiiita ncnl pnuco , como serfi possivel o casamento
iaato neste caso qiie imngiiinmos conio cm outroqu;ilquer i
, 'Alem $isso o filho sejiundo qiie tern uma pcqwnq pro-
priedade cuja renda siàu i: sufhiente parti a sua~sustcnh-
$80, p6dç ,vclnde-la e com o seu producto &a habili tadc
par9 por mil meios gauhar a subsistencia.
. .Eig -CW respondo, n. crsai dois deqrapados arpumen-
-yt -
tas de que não.faria rncn~iio,se n8o íüra o desejo que t&
nho cle que no moinciito díi wboli@o dos inorgaclus #não
haja ymít só pessoa que nzo cst~~iii por todos os modos con-
vencida da iiiiperiosa iirccssidiitl~d'cssa grande medida..
Resumindo. Em qii;iiito existirein os ruwgados, cprq..
prictario niio 11otlcrh pronioFcr o mellioramento da a g i -
culturn porqiic IIGO tein ineios piira isso, e se os tem re-
serva-los-lia para i~siilsisteiicia lutiiro dos fillios squndm.
tis aguiis que eni ~u~iil,lspilrtes ~~odiiini ser riicilmeiite
aproveitadas , coiilinuiirGo pertlidas, o it fiilta dellii~n terra
permanecerá inculta na sua maior parte* Os ensaios de
novas cvlturas serão impossi.rcis, nssini como o aperbiçw-
mciito da quc jií csiste. Os lillios seguridos não tendo in-
tercase i i i i culturil da tcrrii , serão oulroii tantos lavradores
r o ~ b a d o sa .srgrictiltqva. adrniriistrador doiviacdo, .umas
vezes por falta de incios , 0~1traspor indoleiicia , c outras
yur-,qg~isqoe, p r . ~ i i ~ i , nab-a,aridon_~rh
v ;a agricultura. 06
sl;qmdamenitw ,,seqr, a 1tbed;rCte we cmy6m ,.a-taes kraps~
acçõqq wntipuíir80 .a ber ,urna des onysas da ~ilincr do Cor
10110 , do proprietario e da i i g r i ~ i i l t ~ ~Sul;~pmdo
+. iio.ahit
nistrador do viiiciilo mrios c n wntacle para tractar da
agricultura , ii yropriedadc iiccuiniilada e collocada emdif-
fereiitcs poiitos , o rwerrarií iioci mais estreitos l i m i t a Os
priínogenitos em .quarit,o uniti lei sábia os nzo torriar nwnm
~ i c o s para os fazer mais uteis H socieclade, pelas mesmas
r&ies que seu pai Q nao fez, iiZn cuidar80 t a m l ~ mda
agricwltura. - 4- dhvisãa e siihdi+is% dw~~bfeittitari%s-
acampanlud;~ (ia dirihto c subili1 i,sào da terra ; a malicia
6Wl que 0 ~ o b i i oh 2 helnfcit~l'iil~ illut~ib,e O i l h 8 1 3 b ~ ' á
quc por iiidoleucia entrchq ,n terra, sc~iío.m&a-pgira~
nentes e inevit;i\cis, qiir niiiltiplicnndo-se todos os dias aca-
hariio por torniir bi~l(lin ;i inaior p r t e da poucaa terra
q t i ~se iicIia culticnda. IVin8iiern confiar6 em uma trans-
acgiío em que fdr partc o adniinistrador de iim viiiculo cujos
compromissos a lei dispensa pela i~iortcd'~1le.Muitas trans-
acyões vantajosas ao commercio e A agricultura deixarão
-2e -
de m effectuar pela mtingencia a que estllo sujeitos os
h s vinculados. A falta de meios tornará impossivel as as-
sociações dos proprietarios para a edificaçáo de fabricas de
assucar, e outros estabelecimentos industriaes que tiio ne-
cessarios sno a nossa agricultura, e que s6 aos proprietarios
convem edificar. Os colonos, arruinado o commercio dos
vinhos, e nso tendo em que empregar-se, nem podendo
ser protegidos pelos senhorios, emigrarão continuamente,
e tí falta de braços a agricultura a cada hora soffrcrái um
golpe mortal. O numero dos proprietarios riao poderá aug-
mentar-se ; a esphera dos prodiictores não poder8 alargar-se.
As rendas do estado todos os dias diminuir80 ao passo que
podiam todos os dias crescer, jii pelo augmento das sizas,
e jií pelo d'outras contribuições, se a terra Mra livre. E
assim arruinada a agricultura por tantas e tão ponderosas
causas, o proprietario e o colono, o rico e o proletario, os
primogenitos e os segundogenitos , os plebeos e os nobres,
o povo todo sem excepção de classes virão um dia a soffrer
fome e miseria ; e quando o arrependimento chegar, já será
tarde, jíi náo aproveitará h presente geraç8o.
O povo soffre prque a terra estíi iriculta, e terra está
inculta, porque na0 é livre. Libertai a terra, animai o
trabalho, creai interesses novos, fazei interessados ria cul-
tura da terra esse espantoso numero de mancebos a quem
a pobreza vai em breve chamar ao ocio, ao vicio, e ao
crime. Aproveitai os homens; dai-lhes meios de se illus-
trarem e de serem uteis á sociedade, empregai-os na mais
util de todas as tarefas, garanti-lhes assim o direito ásub-
sistencia i em uma palavrl, aboli os morgados e tereis dado
um grande passo para a nossa regeneração.
F n m r agora alpmas considerações geraes, que, por c-
nhecidas, niio deisom de ter aqui cabimento.
« Entre todos os pouoo civiiisados gue desejam ter um
systemu comnpleto de l e g i s l ~ à o, todas as disposiçdes dar
suas leis decent ser filndadas no direito natural, e não em
simples costumes e jurisprudencias mais ou menos reprova-
dos pela soberana rasiio. Os costumes e leis estabelecidos
por uma longa pratica, obrigam os povos que a elles têem
dado uttl consentimento tacito, e detem ser respeitados quan-
do não contrariam a lei natzlral; mas qiiando esses costu-
mes e leis, diz Wattel, atacam aquella lei sagrada, são
viciosas e sem força ; longe de se conformar com elles ,
toda a nação é obrigada a trabalhar para os abolir. ))
Tal é a sentença, que sem appello nem aggravo, con-
dernna a instituiçiio dos morgados.
Que essa instituição ataca o direito natural, e que 'por
isso é viciosa, injusta e barbara em todas as suas conse-
quencias , ninguem ousará negal-o. --
Sem falbr d'outros paizes , entre n6s já o reconheceu
a carta de lei de 3 d'Agosto de 1770, que expreasamen-
-
te diz « a instituiçao dos morgados 6 em geral uma ri-
gorosa amortisação dc bens, contraria ao uso hoiwsto do
dcnninio que o proprietario lena por direito natural, cm-
traria a justiça e a igualdade cma que esses bens deveriam
rw repartidos d r e os jtlitos etc. »
-$4-
Mas não obstante esles principias de eterna ierdade ,
iilgucm pertcndiii sustciitiir quc o rlirei to dos morgados era
fundado ein uni 1)ririi.ipio niois forte que tudo isso - a
voti~ade tlo insiiluidor ! E ~ 4 t i iidka , erronen no miiilia
Iiumildc opiriiao , 6 tOtlii\ i i i a ioindii por uin distincto por-
tuguei -o sr. Jos6 i i i icr I(loiiriiilio da Sil~eira, que em
seu rcblatorio clc 5 tl'.\hril tlc 1832 I:icercii (10s morgados
se expressil do modo seguinte :
« As iiistitui~6esdos inorgíitlos não s2o injustas em si ,
porque ellas riuiicu podcrào fr,iudnr os herdeiros necessn-
rios ; c quejn dó a prssons a qcirr)l pdde tziio tlar , tanzbefi
' ,
Ihes pdde ;pVr c6ndlpèes ctk. a
Taes serão as 'bnrtçct$%$ @C ningdktti 'keiihs' diteitol'de
(ts pdr , ccinio por exemplo as que atbccissein a libbrdade
do indicirluo , as que projudicnssem um direito qualquer ,
ou os ifitermses da sociednde. E tal e a condicç3o impos-
ta pelos I inciilos.
Mas srippondo que quem dh a pessoas a'quem póde não
dhr , tambcm Ilies @de pdr todiis as coiidicções que qui-
zer, perguntarei: -o que seria esst condicção se. uma lei
na& garanti's#dl,b ebihpimetit6 (ilelli~? Sekia'Como se nfio
kse; b g o os vinculos , n coiidirqao de ri50 ulieniit os
benb havido$, com esta desigriaç80, não existiriam se as
Icis os nilo prolepcsssem. Mds ss Icis .que'os homcns fa;t&n,
dii! Mohtesquka , devem estar eni' hnrrnohià coih as leis
da naturesa ; todii a Ici qrie atiicn n lei sngrnda da tihtii-
pesa, toda 5. lei qiie sc não combina com o direito natu-
r@!: 4 injust'a , vicioski'; e sem força ; t btndd u m tBr lei
que garoritc a condi& -tle n?io alienar e de passar por
emta pessoa os bens vinciilados , são simriltnne~menteiii-
PReb ;-ticiosas., nullas , e sem força , csso condicçãó e
essa lei. , -6'

Essa condic~%oc essii Ici s8o siniulti~neamenteuM ata-


que h liberdade e BLesistcnciado lionicm. -4 liberdade de
instituir morgadas vai além dos limites que n liberdade
do homem n8o púde uhrapass~r, sem prejudicar os direi&
-9s -;.:

tos dos oiitros lininens e o$ interesses tln sociedade. Essa


liberdade :it;ic.a A tlirthito , ii lil)ci.tlndc que b nlo póde
negar n iini pntb dc rcli;irtir por seus filho5 os bens que a
fortuna Ilie depiiioii. l<.;sii Iiboi.tlatl(3 é iim ataque h existeri-
cin tlo lio!iii~iii, !lorqiitl, t l i i i iiiii rnonieiito dado, 1)rivh uris
poiicos do hoiiirns tios meios (It~su~)~istcri~ia 1)itra enrique-
cer iiin $6 ii qiiem n naturcsn IIGO lir'ivilegiou , a quem
não deti mais clircitos que iios oiitros , :i qiiern s6 o acns6
fez apparecer primeiro rio iiiiiiitlo. I?, finalmente , i~reju-
dicial aos interrsqtaq da siscicdnde, porque tem por conse-
quencia a nc.ciiniiilnqãc rln propritdade , o niodopolio, re-
]ao) iidtt . pela scicncit~ tlits riqiicziis snc.iiltls porque tem
por conscrgteiii~i;in eic.r;i~ic\ãoc :i iii\itilidiitlr?da tcwa, e com
essa iiiiitilidntlc n í'oiiic c n rniserin da hiimanidnde.
Lnin ti11 libcrtlndc iiinptem n1tcm por (lireito hntural,
riirigriein ;i pcido tcr por convcncflo tlit socictlade, porque é
iiind liberdade concedida ;i poucos, para prejudicar, para
Itacdr a lihi~rclndce i n t e r ~ s e sde miiitos. Ninguem ti-
uha poclpr de roiicede-ln.
I.r~isl,idorcs! f i i q t ~ ~no, scio da sociedade e distinguis-
tes onde l)eos nzo tli3tiiigriio ! L)capois iiisultando esw mes-
ma socicctade qiie ~tertcndestesc l r ~ a ,r ch:imnis iiobrcs nos
@e airida se niio Iiiivinrn ~nnobrrcido,destes distincflm e
interesses :i homciis que nintlii nTio conhecieis !, I%stcs prl*
vilegioi no acaso ! Z)isscstcs b socit~clndcqrte alguns de seus
niembros, a quem a fortuna protegesse, podiam -pI.ejudica-
k e corrompe-la! Ensiriastes os pais a 1186nmarem e a não
protegercbin senao uni scí íle seiis fillins ! Eiisinnstes os irmaos
e odiarcrii-.;c niutunmcntc, e ou filhos n clcsejarem (I mrte
de seus paes , a aborrecerem sua mãi !
Quem vos deu direito \)i\rii tanto? Onde está registra-
díi n procurac.ão que ?os tfcii o povo para faserdes leis con-
tra os seus interesses e tlireitos? Y6s nuo tinheis direito
de legisltir coiitrit os int(~rcsscse direito do povo ; a vossa
lei portiirito é iiulla, iissim como o tS por consequencia to-
do o direito que a toma por base.
-96 -
Mas v6s niío fizestes uma lei, porque a lei tem por
base o direito natural, e por fini o bem commum que des-
presastes. V6s opprimistes o poio; a vossa lei 6 uma ver-
dadeira oppressiío, que se mantem pcla força, que nso
produz o direito.
Conseguintemente, sem atacar direitos porque os niío
ha fundados ein principias verdadeiros, a instituição dos
morgados p6de e deve ser abolida, manimè quando a abo-
liçáo náo prejudica os actuaes administradores. Mas ainda
que os primogenitos podcssem considerar como verdadeiro
o direito que Ihes dá uma disposifão viciosa e iiulla , aci-
nia desse direito estava o bem geral da sociedade.
PorCm que a abolieáo dos morgados náo ataca nenhum
direito, jii o reconheceram as nosas leis. A de 3 d'Agos-
to de 1770, e a tle 4 dfAbril de 1833.
Se se reconheceu e se recorihcee que se n8o atacam
direitos abolindo certos morgados, sería contradictorio e
absurdo dizer que se violava iilgum direito abolindo todos
os morgados, porque a iristituiçào para os grandes e para
os pequenos morgados 6 a mesma, tern a mesma base, d'el-
la tiram os primogenitos os mesmos pretendidos direitos.
O direito n3o se deriva das rendas dos morgados segundo
880 maiores ou menores ; se existisse o direito tanto o ti-
nha o grande morgado como o pequeno; nega-lo a este e
concede-lo hquelle , seria tornar o privilegio ainda mais
repugnante e odioso:
E se nao se attendeu ahi ao direito, mas h convenien-
cio, tamhm seria contradictorio e absurdo recoobece-10
na mais infima parte, e nega-lo na maior.
A immordidade dti institiiirau iIos ninqiidos I uma ver-
que riso cytrecr cieinc~ristradii. :Iaocicdade sente-o ,
c\,iil+.
lastima-a ; repiigna-lk preseiicia-lii.
A iiistitiiição dos niorgados nsseilta eiii um principio
opyosto k fraterniditde, sem a qiií11 n familia se torna iima
associa~áo de inimigos, que, comepando por odiarem-se
mútutirnente entram na sociedade j6 corrcimpidoq , esti'h-
rihos k virtude que s6 a liarnionia e n igtialdiide pd6ra
ensinar-lhes na primeira quaclro da vida , tempo em que
se f6rma a intlole, que innis oii inenos inodificada pela ci-
vihse~Botein de manifestar-se a n tocliis as acyões do ho-
mem. Se h frente desta assb.ciay80 de inimigos $e acha um
cliefo de fanrilia intelligeiite e lionesto, evita ns hostilida&
dcs entre os inimigos comrnuns: mas 1130 irb no fundo do
r.wwiio de nenhum d'dles arrancar o sentimento da igual-
dade inenos presada neni a soberba do privilegio que des-
de o berro nutre tim d'elles. Assim o Iiarmonia entre a
fanrilia é apparente , a fralernidadc iiiiia iuentira e o te-
mor de Deios torna-se irnpossivel , em qiiniito iiina rnsxo
escla~ecida não vem explicar que o ticio esth nn orgnnisa-
cão da sociedade.
IIarmonia sincera , fratc~iiiirtade verdadeira entre 6s
filhos d'uiii morgado s6 p6de liave-Ia se os filhos sc$jundos
forem naturfilin~ntedot~idos cle iiiiln I irliicle sithlimc. O
interr9f;e e F, (lireito eni tnes r:isn. ~~ndeiiliiinia qiie w la-
3
-98 -
p s de sangue: o direito 6 vida e á igualdade desata os
laços de sangue, que a desigualdade da lei primeiro que
ninguem enfraquecera e destruira.
É preciso que o homem seja um composto de virtudes
para não olhar ao menos com uma certa indisposição para
seu irmão primogenito, para aquelle que vai por morte de
seu pai ficar senlior de toda a riqueza que seu pai até en-
tiio por todos igualmente repartia ! E sem duvida bem re-
pugnante esse contraste do filho segundo com o primoge-
nito no dia da morte do pai de ambos elles ! Ainda na
vespera desse dia todos eram irmáos, todos pobres ou to-
dos ricos ; mas chega a hora fatal, e já um 6 rico e outro
pobre, aquelle senhor e este escravo I
Oh ! como ferem a alma eesse momento as palavras do
desventurado filho segundo !
u Ha m i a hora eu tinha pai ! ha meia hora eu era
.
feliz !Agora. . . sou mais um medigo que vai importu-
nar a sociedade! Com a morte de um pai perdi de todo
igualdade de irmiio , perdi o direito de filho, perdi t d o
o que a ourtureza me déra , tudo o que ozinguem gpdiq $0-
rar-me ! Nesta casa já nada terei senão por fmor !e a m e
. ..
orhã !. meu Deos !. . ..amanhã, o corpo de meu pai
rahindo por uma porta para a sepultura, e eu por outra
para a rniseria I .. . . u
Escolheria Deos uma classe de homens para expiar a
culpa de todos os outros? Nào, que não 6 essa a justiçs
do céo !
Quereria Deos que a familia d6sse ao mundq ~ I T w
lado o exemplo do orgulho e da soberba, por oytro o da
inveja , e por ambos o do odio entre os homens ? NBO;
que o orgulho , a soberba, a inveja, e o odio são crimes
imperdoaveis ! Não, que Deos náo os quer entre os 1Fp-
mens, menos os podia querer entre a familia !
Se houvesse quem sustentasse como moral a iastituiW
dos morgados, o mesmo procedimento da maior parte d@
administradores destes provaria que essa instituiç80 deve
- - 99
ser cmdemnada como impropria de uma sociedade christá,
como inimiga da virtude, como inteiramente opposta
vontade de Deos revelada em todas as leis da natureza.
Quantas vezes não temos visto os administradores dos
morgados detestarem a amizade e desvelos maternos, para
se eximirem da obrigacão moral de sustentarem deceiite-
mente suas máes viuvas 7 ! Quantas vezes os não temos visto
despresar seus irmãos para nao terem occnsi6es de repar-
tir com elles iim quarto dopào que todos comiam em vida
de seu pai 9 ! Quantas vezes os não temos visto illudir essa
mesma lei anti-social que dá aos filhos segundos alimentos
para oito dias cnt cada mez ? ! Quantas vezes os não temos
visto trazerem suas mais perante o juiz e o escrivão para lhe
provarem com um. coraç80 de lodo que ha uma lei deshu-
mana que os desobriga de quasi todos os deveres filiaes 4 ! ! !
A baixa e ignominiosa ambição desses homens, T e
naseem com osolhos pregados em uns bens que náo adqui-
riram, com o coraeão ligado a uma riqueza , que por ne-
nhuma lei natural Ihes pertence s6 a elles, leva-os n es-
quecerem a primeira palavra que pronunciam apenas os
orgãos da voz começam de se desinvolver -mãi! -Esta
palavra sacratissima que involve a idéa da existencia , e
explica tudo quanto ha de mais hello, venerando e subli-
me sobre a terra, e riscada do diccionario de certos ho-
mens no dia em que succedem na administraçio de uma
elrsa vinculada !
Quantas filhas de casas vinculadas, depois de haverem por
muito tempo sustentado seus nobres sentimentos, depois d e
terem luctado entre o dever e a necessidade, acabam por
sacrificar suas virtudes para conservarem a existencia ! E
em qeanto essas debeis creaturas choram sobre timoppro-
brio a que as fõrça a necessidade de viver, seu irmáo mui-
'tas vezes solto nos vicios dissipa em licenciosidades a renda
da casa, a sombra da qual ellas outr'ora viveram hõoestaa.
despmuadidas de que h perda do auctor dos seta dias suc-
cederia da ma virtude I
3*
- 30-
Qu,iittas veres o casanieiito iiào tem sido viciado e 6-
rido pela instituição dos niorgailos l ! .......... Qriantes
vezes n8o tem a corrupção garantido esses nicsquinhos ele-
mentos da lei?'. ............. Qiiaiilas Tezes não
tein ella produzido sucd1essores illegitimos ás casas vincula-
das?!!!. ...................
Mas sc Iiou\cr iirn ;idrniiiistriirlor de iiiria casa \iiiculrr-
da que queira sustentar a nioraiidade ila itistituic.50 <l@
-
morgados , eu Ilie direi : viiide por viutc e quatro horas
mllocar-vos iin sitiiactio do fillu~ r;egundo; experiltieiitai
um dia de iião ter para giistar ern demasias, de não ter
para comer neiii para vcsl ir , c iicsta bella situação que
hojc tao puco su nada vos importa, conteinpl6 tim e&-
nhor fe&I que dizem ser vosso irnião, esbanjando nas suas
extrnvagaricias ;I hrttiiia que hertloii dc vosso pai, i10 passo
que vcís nada lierdastcs; e dizei-nos se \os é agadavel, se
ac1;ais ser justa cssn sitiiaçtio !............ Sein tantas
horas eram precisas para qiic gritasseis jilnctainerite GO-
niigo -abaixo n intilirição da$ morgados.
-
Perguntar-lhe-liei ainda : vós quo dais tuna ~IS&@,
injusta o m;rl _eutesilida prefesencia aos vossos interesak,
v6s que .ptesgais o hcm geral da sociedade e os interesses
legitiinos de vossos irmàos e dc wssa niai ; iião haverá para
v6s nada mais poderosa ncstc? mundo do que esses aperta
dos laços que VOS 1)reiidern á i~istituiçãodo3 morgados ? &ão
snis casado? ...... Não tcridos fillios ? ...... Sois bom
pai ? ...... Sois bom marido ? ...... Qw,tendes &sti-
~ da. v q s a l , v r ~9e
par3 elles > r dia .Nada.!:. ,?,
.:
...,...V

E sois pi I . . .:. e.kirdes mulher!. .......S.


Sim! a esse ser mysteriosu c nngclico, que talier; 8130

r
com ehendesses , a esse ser quc vo! rcccb8ra cni seus c=-
tos, ~raços para fazer a wssa tcntrira , despresapdo tudo
para resumir todas as suas :\ontndcs na de vos prtences. p q ~
iyoluveis hqos do cteriia fidelidade ; a essa existencia, que
esJeio diuirias e Iiumnas vos confiernni , jiirastes perante
os altares protecr80 eterna a despeito de,foclos os esfor-
ÇQC e ~ci.iticicwahi ww encarregastcs dos seris destino$, e
p r a não ~ntrardesna sepiiltura desadorilado do liioaroso
titulo dc morgado i deixsis esse mesmo ser exposto a per-
der coiii a vossa \ida, a cleceiite siistenta~ãoque era obri-
gaç8o vossa segurar-lhr niibes da morte? ! .. . .
. .
Desse conipleuo de viciou de iluc P origem a iiistitui-
$80 dos morgados, resultat,a desiiniao entre as famiiias,
onde s0 a paz, a harmonia c it verdadeira fraternidade
podem tornar toleravcl a carga incomrnoda da vida pre-
sente. Essa desiini~osubindo de ponto I proporcão que os
iiit~ressess8o feridos, os melindres chocados, a dignidade
abatida pela oppressiio e as recordações de um passado vend
turoso , verii iiiigmentiir ii íIesgr;içii e H miseria do pre-
setite -cêdo se converte em odio entre sobrinbo~e tios ,
irm8os e irmas, pais e filhos, marido e mulher, iamilias
e familias ! D'ahi o desinvolvimento tia idéas e seoti-
meiitos que outra situaçao n8o tivera inspirado ; após elles,
o crimc, e por toda ii vida o rancor mais concentrado, ii
mais impia guerra entre aquellrs que seriam os melhores
amigos se a iiistitiiiç8o dos viiiculos náo fdra !
Tal ts a natureza dessa inqbituição que existe entre po-
vos que se dizem civilisados ! I? uma instituição que em
seus resultador transforma a tiatureza , mudando em gelo o
sangue do coração humano, coiivertendo em demencia a
rrs8o pura do homem !
$bdi por tanto essa institiiição ; dai á ramilia do mor-
gado" a mesma harmonia e iraternidade que deslructam to-
das as outras iamilias. Aboli essa instituição e nilo vereis
o bom pai de familia dando o adeos final a seusfilhos, ex-
halar angustiado o derradeiro suspiro com os olhos fixos
sobre os segtindos, lastimando cni pranto e com os braços
np~rtarido e chegando ao ultimo calor de seu coração ,
esses que deixa no mundo sem fortuna, sem protecçáo , e
a quem nada mais resta al8ni do querer absoluto de scii
irmáo !
qboli ossa iiistituigão , germen de discordiri ; a h i í essa
-3P-
~M-Q abiutda, oppressora, Immord , e vereb
injuáa,
oinl@MJ quê oram inimigos, henertos 6 virtuosar os que
pestes a eucamiube~sepela ertrada do vicio,

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