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GERAIS
❚ FUGA
SECRETARIA DA JUSTIÇA INOCENTA O DIRETOR DE SEGURANÇA DO PRESÍDIO E SUSPEITA APENAS
DO CHEFE DE DISCIPLINA, MARCO TÚLIO SOUZA CRUZ, QUE ALEGA TER SIDO VÍTIMA DE ARMAÇÃO
Agente é culpado por Carreta desgovernada
resgate de dois presos bate em sete veículos
MARCELO PORTELA
A Secretaria de Estado da
Justiça e Direitos Humanos está
perdida em meio à sindicância
para apurar irregularidades na
Penitenciária José Maria Alk-
mim, em Ribeirão das Neves,
na Região Metropolitana de Be-
lo Horizonte. Menos de 24 ho-
ras depois de afastar seis agen-
tes penitenciários de suas fun-
ções por suspeita de envolvi-
mento com dois resgates na tar-
de de terça-feira, cinco agentes
foram reconduzidos aos cargos,
ontem, e toda a culpa foi jogada
em apenas um dos funcioná-
rios. A direção foi eximida de
qualquer responsabilidade.
Segundo a secretaria, há
“fortes indícios” da participação
do chefe de disciplina da unida-
de – cargo de confiança da dire-
ção –, o agente penitenciário
Marco Túlio de Souza Cruz, de
40 anos, na “facilitação das fu-
gas dos recuperandos Adelson
Lourenço Pereira e Dione Per-
pétuo Soares”. A secretaria afir-
ma ainda que, 48 horas após o
início das apurações do caso, a
sindicância “nada comprovou
de irregular ou ilegal” na atua-
ção do diretor de segurança da
unidade, o major reformado pe-
la Polícia Militar Ednardo Go-
mes de Souza, apesar de terem
partido dele as autorizações pa-
ra as saídas dos presos. A se-
cretaria não explicou quais são
os “fortes indícios” contra Mar-
co Túlio nem como “compro-
vou” a inocência dos demais.
Adelson, de 30, condenado a
seis anos por tráfico, foi resgata-
do por três homens armados logo
depois de sacar o FGTS em uma
agência bancária em Venda No-
va. Os agentes que faziam sua es-
colta, Rogério Malta, Alex do Car-
mo e Marinho Avelar, foram fei-
tos reféns e levados até o bairro
Detentos fogem da carceragem do Ceresp
Quatro presos escaparam
ontem da carceragem do Centro
de Remanejamento da Secreta-
ria de Segurança Pública (Ce-
resp), em Betim, Região Metro-
politana de Belo Horizonte. A
fuga aconteceu no início da noi-
te, quando os detentos cerra-
ram as grades da cela 15 e, com
uma corda feita de lençóis
amarrados, pularam o muro
que dá acesso à rua. As polícias
❚ MISTÉRIO
ARTEFATO EXPLODIU DURANTE A MADRUGADA, NA RUA JOÃO GUALBERTO DOS SANTOS, E ATINGIU
PORTA DE UMA LOJA. PROPRIETÁRIO E POLICIAIS CIVIS AINDA NÃO SABEM QUE JOGOU O EXPLOSIVO
Bomba caseira explode em rua no Céu Azul
Uma bomba de fabricação
caseira explodiu, na madrugada
de ontem, em frente a uma loja
de consertos de aparelhos ele-
troeletrônicos, no número 179
da rua João Gualberto dos San-
tos, no bairro Céu Azul, região
da Pampulha. Outro artefato foi
deixado na porta do estabeleci-
mento, mas não explodiu e foi
detonado pelos militares do Gru-
pamento de Ações Táticas Espe-
ciais (Gate) da Polícia Militar, no
início da manhã.
As duas bombas, segundo o
sargento Santos, do Gate, foram
confeccionadas provavelmente
com pólvora e várias pedras en-
voltas em um embrulho de pa-
pelão. Os artefatos tinham tama-
nho aproximado de um melão e
efeito semelhante a uma grana-
da de estilhaços. “São artefatos
de arremesso, do tipo utilizado
por torcidas organizadas, e fun-
cionam como granada”, infor-
mou o sargento. “Uma pessoa
que estiver a uns oito metros de
distância é atingida, e a bomba
pode até matar”, acrescenta.
Por sorte, o artefato explodiu
ESTADO DE MINAS - SEXTA-FEIRA, 5 DE JULHO DE 2002
EXPLICAÇÃO
Agente Marinho Avelar foi dominado por assaltantes que libertaram Adelson Lourenço Pereira
Betânia, Oeste de BH, onde foram
libertados. Já Dione, de 30, con-
denado a 23 anos por roubo e
furto, foi resgatado por dois ho-
mens e uma mulher, armados,
dentro da favela Beatriz, em Con-
tagem, na Grande BH. Ele era
acompanhado pelos agentes Cé-
sar Pereira da Silva, de 43, e
Francisco José de Souza Glória,
de 53, além de Marco Túlio
A secretária Ângela Pace diz
que já havia denúncias da par-
ticipação de Marco Túlio na
tentativa de fuga do traficante
Rogério José Amaral dos San-
tos, o “Rogerão”, no final de de-
zembro passado, flagrado pela
PM no carro de um primo, com
autorização de saída rasurada.
Civil e Militar rasculharam a re-
gião e recapturaram apenas um
fugitivo. Édson de Oliveira Ge-
raldo machucou o pé ao saltar
e foi atendido no Hospital Mu-
nicipal de Betim, retornando ao
Ceresp após ser medicado. Os
demais fugitivos – José Roberto
Teixeira da Silva, Júlio César
Santos e Marcelo Pereira de Oli-
veira – conseguiram escapar à
caçada. No momento da fuga,
PREJUÍZO
Islandes Alves não sabe explicar atentado que danificou sua loja (detalhe)
durante a madrugada, quando
havia pouco movimento na rua
João Gualberto dos Santos, área
repleta de comércio e casas. E
foram justamente os vizinhos da
loja atingida que alertaram seu
proprietário, Islandes Alves
Aguilar, de 18 anos, para o que
“Não fizemos nada antes por-
que só havia denúncias. Confir-
mação é outro caso”, afirma.
Segundo a secretária, esta é
apenas a “ponta do iceberg” e
2% dos funcionários da unida-
de estariam envolvidos com
corrupção. Ela exclui a direção
desses 2%. “Não há omissão.
Somos falíveis e não trabalha-
mos em um jardim de infância.
O local já tem uma cultura en-
dêmica de corrupção”, diz.
DEFESA
Marco Túlio rebate todas as
acusações e afirma que foi víti-
ma de armação. Ele afirma que
as autorizações para as saídas
dos presos partiram direto da
cinco agentes estavam de plan-
tão, responsáveis pela guarda
de 460 detentos.
Também uma tentativa de fu-
ga na Divisão de Tóxicos e En-
torpecentes (DTE) tumultuou a
unidade no bairro Gameleira,
zona Oeste de Belo Horizonte,
na manhã de ontem. Como cas-
tigo, os detentos que estão na ce-
la 7 tiveram as visitas suspensas
e alguns familiares dos presos se
FOTOS RENATO WEIL
havia ocorrido.
Islandes alegou que não tem
inimigos e nunca recebeu qual-
quer ameaça, mas salienta que
quem colocou as bombas conhe-
cia sua loja. “O padrão de luz foi
desligado antes, para que o alar-
me não tocasse”, observou. Um
JUAREZ RODRIGUES
direção da unidade. “O major
Ednardo liberou os presos. Mi-
nha assinatura não libera a saí-
da de ninguém”, ressalta. “O
major também ordenou pes-
soalmente que eu fizesse a es-
colta, porque tinha pouca gente
na equipe e ninguém quer fazer
esse serviço. Só fui porque o
major falou que era um preso
exemplar, da confiança dele”,
acrescenta.
Ele lembra ainda que, no
caso da tentativa de fuga de
“Rogerão”, outro agente peni-
tenciário, que também ocupa-
va o cargo de chefe de discipli-
na, foi suspenso por 60 dias
acusado de estar por trás da ir-
regularidade.
revoltaram com a medida. O
problema começou no início da
tarde de anteontem, quando, se-
gundo a polícia, recebeu a infor-
mação do planejamento da fuga
de cerca de 80 presos. Das 14h
às 22h, os policiais fizeram re-
vista na unidade e, na cela 7,
descobriram grande quantidade
de serras, chuços, armas bran-
cas artesanais, e pedaços de fer-
ro retirados das paredes.
dos artefatos foi colocado entre
a porta e a barreira de proteção,
para evitar arrombamentos, e o
outro foi jogado na rua, em fren-
te à loja.
O comerciante ainda não
contabilizou o prejuízo e disse
que precisa avaliar se a detona-
ção do artefato atingiu aparelhos
eletroeletrônicos que estão no lo-
cal para ser consertados. “Eu
não tenho inimigos, mas nin-
guém ia fazer isso à toa”, ava-
liou. Policiais da Delegacia de
Armas, Munições e Explosivos
do Departamento Estadual de
Operações Especiais (Deoesp)
recolheram restos dos artefatos
para análise.
Esta foi a terceira explosão de
bomba em BH em menos de
uma semana. Um dos artefatos
explodiu num ônibus na Favela
do Cafezal, no bairro Serra, zo-
na Sul, em 1º deste mês, provo-
cando ferimentos no despachan-
te Ondino Oliveira. Outra explo-
são ocorreu em 28 de junho,
quando uma granada feriu qua-
tro mulheres na favela Cabana
do Pai Tomás. (MP)
❚ TRÂNSITO
OITO PESSOAS FICAM FERIDAS EM ACIDENTE
ENVOLVENDO UM VIATURA DA POLÍCIA CIVIL
LANDERCY HEMERSON
Oito pessoas ficaram feri-
das ontem num engavetamen-
to entre sete veículos, dos
quais um ônibus e uma viatura
policial. O acidente aconteceu
por volta das 20h30, no cruza-
mento das avenidas Tito Ful-
gêncio com General David Sar-
noff, Cidade Industrial, região
Oeste da capital. A carreta
Scania placa GKV 9405, de
Perdões, conduzida por José
Edson de Moraes, de 35 anos,
ficou desgovernada e bateu
nos veículos que estavam pa-
rados no semáforo.
A viatura Gol placa GMG
6171, da Polícia Civil, foi a pri-
meira a ser atingida e a que te-
ve maiores danos. O carro foi
arremessado contra a traseira
do caminhão de gás, placa
GKO 9672, de Belo Horizonte.
O motorista da viatura, o dete-
tive Edilson Lemos, do 3º Dis-
trito Policial de Ribeirão das
Neves, e seus colegas Robson
Cândido e Euler de Almeida, e
ainda o detendo identificado
apenas como Leonardo, fica-
ram gravemente feridos, com
suspeitas de fraturas. Todos
socorridos no Hospital Odilon
Behrens.
As outras quatro pessoas
feridas estavam no ônibus da
linha 1169 (Novo Retiro – Es-
tação Eldorado), placa GQQ
5886, de Contagem, conduzi-
do por Ernane Simão, de 42. O
passageiro Wallison Gomes, de
MILAGRE
Violência da batida deixou os carros totalmente destruídos
❚ NÃO À VIOLÊNCIA
MOVIMENTO VAI SE ESTENDER, ATÉ 25 DE
NOVEMBRO, DENUNCIANDO AS AGRESSÕES
Mulheres lutam pela
redução da violência
FRANCIS ROSE
Entidades de defesa dos di-
reitos da mulher lançaram,
ontem, em Belo Horizonte,
campanha exigindo o fim da
violência. Inúmeras partici-
pantes fizeram protesto e dis-
tribuíram panfletos na Praça
Sete, na tentativa de sensibili-
zar a opinião pública para
uma ameaça que está nas
ruas, mas também no am-
biente doméstico: as agres-
sões físicas, verbais e psicoló-
gicas contra mulheres. A cam-
panha “Viver sem violência;
mulher, exija este direito!” se-
rá finalizada em 25 de novem-
bro, quando é comemorado o
Dia Mundial de Não-violência
Contra a Mulher. Nos próxi-
mos meses, as entidades que-
rem fazer debates com as es-
colas de direito, o Judiciário e
o Ministério Público, exigindo
que os agressores sejam puni-
dos adequadamente.
“O crime contra a mulher
tem legitimidade cultural. Na
maioria dos casos, a vítima é
apontada como a provocado-
ra da agressão e, portanto,
torna-se, aos olhos da socie-
dade, merecedora da violên-
cia. A impunidade do agres-
22, foi que sofreu maior im-
pacto, com suspeita de trau-
matismo craniano, foi levado
para o Hospital Santa Helena,
de Contagem. Os outros três,
com ferimentos leves, foram
medicados no Hospital de
Pronto-Socorro João XXIII.
O motorista da carreta,
que estava carregada com 22
toneladas de refratários, dis-
se que o seu veículo apresen-
tou problemas nos freios. Ele
foi levado para o plantão da
6ª Delegacia Secional de Con-
tagem, para prestar esclareci-
mentos. No acidente, o Corsa
placa GTH 0801, do vendedor
Chistiano Tadeu de Souza, de
24, foi arremessado contra
um poste, mas o motorista
saiu ileso. Foram atingidos
ainda a caminhonete Saveiro,
placa GRE 4969, e o Corsa
GRV 6894.
Na BR-381, saída para Vi-
tória, o trânsito ficou interdi-
tado em todas as pistas por
40 minutos, em conseqüência
de uma batida. O acidente
aconteceu às 17h, no km 420,
em Sabará, quando o cami-
nhão guincho placa BWZ
9476, que retirava uma car-
reta do interior de uma ri-
banceira, bateu contra a car-
reta tanque placa GXN 6089,
carregada com óleo. A carga
derramou na rodovia e até o
final da noite, a via estava
parcialmente fechada, com
engarrafamento de quase dez
quilômetros.
MARCOS VIEIRA
sor estimula a prática de ou-
tros crimes”, explica a presi-
dente da ONG Mulher e Saú-
de (Musa), Mônica Maia.
Segundo a ONG Musa, 5,9
mil ocorrências de crimes
contra a mulher foram regis-
tradas em 2001. Até maio
deste ano, no entanto, 3 mil
ocorrências já foram registra-
das. “Sabemos que estes nú-
meros são bem menores do
que a realidade. Mas o desa-
fio é convencer as mulheres a
denunciar em um País onde
não existem punições”, expli-
ca Mônica.
Elizabeth Soares foi uma
das manifestantes que pediu,
ontem, um basta à violência.
Sua irmã, Maria Rita de Cás-
sia Oliveira, de 39 anos, foi
assassinada por um vizinho,
em 1999, com 43 facadas. A
pena para o acusado, Marcos
Humberto Marques, foi deci-
dida no início de junho: um
ano e meio, em regime semi-
aberto. “É preciso uma refor-
mulação das leis para acabar
com a impunidade”, pediu.
No fim da campanha, as enti-
dades vão resumir os debates
e elaborar um documento
com recomendações sobre o
assunto.