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Richard Serra:
O escultor de espaços
UNICAMP
Campinas
Dezembro/2008
Carla Mitsy Fernandes Fujii
Richard Serra:
O escultor de espaços
UNICAMP
Campinas
Dezembro/2008
O Aprendiz
As cicatrizes doem
nos momentos de frio.
E eu digo sempre: só a sepultura
não terá nada mais a me ensinar.
Bertold Brecht
RESUMO
O presente texto tem como temática o escultor de espaços –
Richard Serra. Elaboro aqui uma pequena análise da obra do escultor
americano baseada nos textos lidos e nas reflexões geradas pelas
leituras. Richard Serra entende a arte como espaço para a
experimentação do real, analisando criticamente a apropriação
espacial praticada no cotidiano.
ABSTRACT
1. Introdução......................................................................01
2. O escultor de espaços.......................................................02
3. Análise de obras..............................................................06
4. Conclusão.......................................................................09
5. Referências Bibliográficas..................................................11
6. Anexo Iconográfico...........................................................12
1. Introdução
1
Arte Povera (arte pobre) foi um movimento artístico italiano que se desenvolveu na segunda metade da
década de 60. Seus adeptos usavam materiais de pintura não convencionais (exemplos: terra, madeira e
trapos) com o intuito de empobrecer a pintura e eliminar quaisquer barreiras entre a arte e o dia-a-dia das
pessoas.
2
Minimalismo, surgido como reação à hiperemotividade e ao Expressionismo Abstrato que dominou a
produção artística da arte nos anos 50 do século XX, o Minimalismo, que se desenvolveu no final dos
anos 60 prolongando-se até a década de 70, apresenta a tendência para uma arte despojada e simples,
objetiva e anônima. Recorrendo a poucos elementos plásticos e compositivos reduzidos a geometrias
básicas, procura a essência expressiva das formas, do espaço, da cor e dos materiais enquanto elementos
fundadores da obra de arte.
3
KRAUSS, Rosalind. Caminhos da Escultura Moderna, 2007.
Suas esculturas encontram-se em cidades como Nova Iorque,
Paris e Londres. Uma das características do trabalho de Serra é que
suas esculturas são concebidas tendo em mente já um local
específico; ele define um espaço na paisagem, sendo a escultura não
apenas o objeto em si, mas a sua localização e as relações que define
com o meio, urbano ou não.
Desde a década de 70 que as obras de arte de Richard Serra
expostas em público, a maioria delas grandes estruturas de aço,
contribuíram para alterar a percepção que o espectador tem do
espaço. Todas as suas esculturas refletem uma preocupação pelo que
pode ser verdadeiramente experimentado e observado: algumas
revelam o processo da sua produção, outras esclarecem aspectos das
suas propriedades físicas e outras ainda redefinem a natureza do
espaço que ocupam.
Com o objetivo de envolver o espectador com sua obra, Serra
não só provocou uma nova forma de interação com a escultura, como
também ampliou as fronteiras e a definição dessa arte. O centro de
gravidade e o equilíbrio, a massa e o vazio, a percepção do espaço e
a consciência corporal por parte do espectador constituem os temas
básicos de sua obra, que elabora com blocos sobre dimensionados e
pranchas de aço. Dessa forma, como escreveu Krauss:
“Serra cria uma imagem da escultura como algo
constantemente compelido a renovar sua integridade
estrutural mantendo seu equilébrio”.4
4
KRAUSS, Rosalind. Caminhos da Escultura Moderna, 2007.
5
MOMA – Museum of Modern Art, localizado em Nova York, reuniu 27 trabalhos do escultor Richard
Serra em uma retrospectiva dos 40 anos de carreira do artista. A retrospectiva ficou em exposição até
setembro deste mesmo ano.
As obras do escultor têm relevância inclusive entre arquitetos,
que ressaltam a sua importância como um dos mais instigantes
críticos de arquitetura da atualidade. Seu trabalho confronta o
indeterminado, a insatisfação. Arquiteto às avessas, Serra força os
limites do espaço e investe na sua transformação, dando nova
vibração à presença do homem no mundo. Sua contribuição inegável
à arquitetura está fundamentalmente em não aceita-la como um
“continente isolado”, mas tomá-la como um lugar onde o artista atua
para estruturar espaços, explorando novas possibilidades e direções.
Por princípio, portanto, uma intervenção de Serra é em si mesma um
desafio e uma crítica à arquitetura.
Em 1987, expôs na Federal Plaza em Nova Iorque o seu Tilted
Arc (Arco Inclinado), uma placa de metal curva de 3,6 metros de
altura, cujo aspecto variava segundo as condições meteorológicas,
que suscitou uma viva polêmica e foi retirada do local após
mobilização dos habitantes (de uma área nobre de Nova Iorque) que
consideravam a escultura ofensiva, alegando razões surrealistas para
fazer o trabalho de demolição, desde a possibilidade de favorecer
acúmulo de detritos até ser usada como escudo por terroristas. Serra
afirmou que a escultura tinha sido concebida especificamente para o
local e que a sua remoção era equivalente a destruí-la. Em 1989, a
peça foi desmantelada e depositada, fragmentada, num ferro-velho.
As proporções das esculturas de Serra chegam a amedrontar
quando se vê que não há nada para sustentá-las além do que, para
leigos em física, é um equilíbrio incompreensível.
O próprio artista reforça que sua obra, para ser compreendida,
não exige conhecimento prévio sobre a história da arte ou da
escultura:
“O que sente aquele que entra nas minhas estruturas é
o tema delas. O que me interessam são as sensações
que ocorrem ali dentro, mais do que o efeito estético do
conjunto”.6
6
Retirado do site: www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u467195.shtm, em 13/11/2008
Para ele, o observador deve apenas confiar em sua experiência
no momento em que está entre as paredes.
O objetivo primordial de Richard Serra, o escultor de espaços, é
enfatizar o processo de criação, as características do material e,
sobretudo, relacionar espectador e obra.
3. Análise de Obras
7
KRAUSS, Rosalind. Caminhos da Escultura Moderna, 2007.
A experiência do espectador, medida em tempo e movimento
durante seu trajeto por maciças e sinuosas paredes de aço laminado,
é um aspecto essencial na obra criada pelo escultor. O sentido desta
criação é ativado pelo ritmo do movimento de cada espectador.
Este conjunto de esculturas se baseia na idéia de
temporalidade múltipla, de tempos que se sobrepõem. A duração da
experiência de uma peça é diferente à da outra. Por um lado a
experiência é interna, privada, psicológica e estética, e de outro, é
externa, social e pública. O espectador mergulha em uma viagem,
cujas descobertas dependem de sua vontade de investir seu tempo e
deixar que suas memórias se fundem na percepção.
Ambas as criações de Serra nos instigam, nos provocam, nos
fazem querer ser parte da obra. Andando, caminhando, correndo,
tocando, sentindo, olhando, admirando, se permitindo esse tempo,
essa brincadeira de se perder e se achar, nessa e para essa
sociedade voraz que escolhemos viver.
4. Conclusão
“Você tem realmente que matar seus
heróis. Eu inclusive. Livre-se deles todos
e comece de novo”.
Richard Serra
5. Referências Bibliográficas
Sites consultados:
http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u467195.shtml
http://www.moma.org/exhibitions/exhibitions.php?id=2866
http://www.pbs.org/art21/artists/serra/
6. Anexo Iconográfico
“Na tela, não se coloca o problema da
profundidade, não existe o outro lado,
enquanto há um além do espelho. Isso não
significa que tudo o que aparece como arte
tenha a ver com isso, felizmente existem
exceções”.
Baudrillard
Street Levels,sd
Tilted Arc,1981
Hand catching lead,1969