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CERRADO GOIANO: UM TERRITÓRIO EM DISPUTA1


Márcia Cristina Hizim Pelá2
Eguimar Felício Chaveiro3

INTRODUÇÃO

Há uma pluralidade de valores frente ao Cerrado que nos faz afirmar


que a natureza é um conceito plural. Para uns, Cerrado é
ecossistema, para outros é capital. Há aqueles que defendem o
Cerrado pela beleza de suas paisagens, o sacralizam, ufanam-se de
um entorno em equilíbrio que outros já consideram caóticos.
(ALMEIDA,2005, p.322)

Desenvolvimento econômico e preservação são duas das expressões mais usadas na

atualidade, quando o assunto é o Cerrado. Assiste-se à implantação de programas por parte dos

setores públicos e privados, que almejam, ao mesmo tempo, promover ações e iniciativas que

apresentem índices de produtividade e desenvolvimento econômico capazes de superar as

projeções da balança comercial, exportação, do PIB, do IDH, e tantos outros índices que levem

o Estado de Goiás a inserir-se no mercado globalizado e a estar, de alguma maneira, conectado

ou envolvido nos conceitos da sustentabilidade descritos na Agenda 21.

O agronegócio é a mais expressiva fonte de renda dos cidadãos


goianos. Ele faz girar a roda da economia e representa mais de 70%
do Produto Interno Bruto – PIB de nosso Estado. Constitui-se na
mais importante fonte geradora de empregos e é o principal item da
pauta de exportação. [...] Todo este processo gera emprego e renda
para a população goiana [...] As condições para a produção agrícola
e pecuária dos cerrados, cuja exploração foi iniciada pelos goianos,
tem sido decantada pelas maiores autoridades mundiais que afirmam
ser este o único lugar do mundo em que uma civilização transformou
solo pobre em produção e acima de tudo enriquecendo-o. Imbuídos
do propósito de contribuir decisivamente para a continuidade deste
processo de consolidação de Goiás como Celeiro do Brasil e do
mundo, estamos lançando este Anuário Estatístico [...].Roberto
Egídio Balestra (2005)

1
Este artigo foi publicado na revista mirante (http://www.revistamirante.net/4ed08.htm).
2
Mestranda em Geografia pelo Instituto de Estudos Sócio-Ambientais da Universidade Federal de Goiás e
Presidente da ONG Cultura, Cidade e Arte. E-mail: marciarhmt3@terra.com.br.
3
Doutor em Geografia Humana pela USP e professor adjunto do IESA/UFG. E-mail: eguimar@hotmail.com
2

Mas o Cerrado, que é hoje alvo de todo estes cuidados e interesses - segundo dados

estáticos da Seplan (2005) - é a segunda maior riqueza em diversidade biológica do país, abriga

vários cursos d'água formadores de grandes bacias hidrográficas sul americanas, além dos

principais aqüíferos subterrâneos deste continente e, por seguinte, é indispensável para o

fornecimento de água para América do Sul. Até meados do século XX, era considerado um

bioma de terras pobres e improdutivas, vegetações deformadas e feias e do lugar dos tempos

lentos4 que deveria ceder á modernidade, conforme afirma Silva (2005 p.24):

Devido ás duras condições climáticas, edáficas e hídricas que


determinam a existência do cerrado, criou-se um dogma que este é
apenas um tipo de vegetação pobre, constituída somente de árvores
tortas sobre terras secas e ásperas. Esta idéia de pobreza e
rusticidade do solo do cerrado, de certa forma, influenciou a
percepção de vários habitantes deste ecossistema que, desde o
período colonial, foi retratado como um lugar de atraso que deve
ceder à modernização.

Como um bioma que era considerado pobre e improdutivo e caracterizava-se por uma

ocupação rural onde se desenvolvia, basicamente, pecuária extensiva aliada à agricultura de

subsistência5 se tornou um dos hots pots de biodiversidade do planeta (ALMEIDA,2005) e uma

das principais molas propulsoras do agronegócio?

O nosso propósito neste estudo é analisar os fatores que levaram a esta alteração de

conceito e importância sobre o Cerrado Goiano, bem como a relação destes fatores com as

transformações socioespaciais que foram ocorrendo ao longo do processo de ocupação e

apropriação do mesmo.

Para isso, entende-se que qualquer estudo e/ou pesquisa hoje em dia que aborde o tema

deverá considerar a importância da construção de uma leitura do Cerrado a partir do material e

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Segundo Santos (2001) [...] tempo rápido é o tempo das firmas, dos indivíduos e das instituições hegemônica e
tempo lento é o tempo das instituições, das firmas e dos homens hegemonizados. A economia pobre trabalha nas
áreas onde as velocidades são lentas. Quem necessita de velocidades rápidas é a economia hegemônica, são as
firmas hegemônicas.
5
Segundo Estevam (2004, p. 16) “Agricultura e pecuária em Goiás não podem ser vistas, no contexto do século
XIX, como atividades estanques ou separadas. A agricultura explorada no território era a agricultura” camponesa
“caracterizada pela fraca utilização de insumos e pela predominância do trabalho familiar”.
3

do imaterial, de um olhar espacial abrangente, de natureza transdisciplinar e capaz de enxergar

além das fronteiras impostas pela fragmentação entre o físico e o humano e/ou a natureza e a

sociedade. É esse olhar espacial que permitirá deparar-se com o local e o global, com as

contradições entre norma e vida, enfim, possibilitará uma análise integrada em que teoria e

prática; razão e percepção se complementam.

1. A construção de um olhar integrado sobre o Cerrado Goiano

Construir um olhar integrado que consiga perceber que os impactos gerados no processo

de ocupação do Cerrado Goiano, no século XX, afetaram as riquezas materiais e imateriais, é o

que se propõe. Pois, entende-se que o Cerrado não é composto apenas de biodiversidade, mas

também da sociodiversidade6 e que, por seguinte, não foram apenas as suas riquezas naturais e

biológicas que sofreram impactos e alterações, mas a cultura e a memória dos povos que ali

habitavam. O que era rural se transformou em agrícola, alterando, assim, as estruturas materiais

e as socioespaciais em um período considerado historicamente muito curto, conforme esclarece

Estevam (2004 p.185):

O êxodo rural em Goiás foi espantoso na década de 1980, mesmo


com relação ao fenômeno a nível nacional e a sua urbanização
embora em ritmo mais acelerado, refletiu tendência constatada no
país. A redistribuição urbano/rural foi mais intensa no estado em
função da adoção de formas capitalistas de produção na agricultura,
da valorização das terras, da apropriação fundiária especulativa e
ainda tendo em vista a legislação que institui direitos trabalhistas
para os antigos colonos levando os fazendeiros a preferir “expulsá-
los” a obedecer às normas legais.
.

Essas mudanças não alteraram apenas o modo de produção e de trabalho, mas, também,

o modo de ocupação e de vida de grande parcela da população considerada “tradicional”, já que

estas, além de migrarem do campo para as cidades, tiveram o seu antigo lugar de moradia, o

campo, apropriado, em grande parte, por migrantes de outros estados. Assiste-se, assim, a uma
6
Este termo é usado por Santos (2000) no livro Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência
universal.
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reconfiguração socioespacial do território goiano onde se alteram não apenas as estruturas

materiais – como o modo de produção, de trabalho e de serviços – mas também as estruturas

imateriais. É o tempo lento se misturando com o tempo rápido, onde tanto os migrantes do

campo como os de outros estados - além de implementar e implantar outra estrutura produtiva e

de trabalho - carregam com eles, independente do lugar a ser ocupado, as suas práticas culturais,

as suas memórias e seu modo de vida.

Dentro deste prisma pode-se dizer que não existe um processo desterritorializador

completo (HAESBAERT, 2004), pois os seres humanos não zeram a sua história, a sua

memória, a sua cultura. Eles as carregam consigo e ao ocupar outros territórios, se adaptam, se

interagem e se integram através de suas práticas culturais e, por conseguinte, se

reterritorializam. Para tanto, propõe-se verificar a relação entre as dimensões política e cultural

na constituição dos territórios modernos, pois ela é imprescindível para a compreensão da

reconfiguração socioespacial do Cerrado Goiano.

Nesse sentido, considera-se que o Cerrado enquanto território é mais que um palco onde

se manifestam as relações humanas. Ele se transforma em território disputado7 constantemente

por diversos grupos sociais que misturam suas territorialidades na estrutura deste espaço,

constituindo elementos sociais cristalizados no tempo e no espaço (SANTOS, 2004). Portanto,

na materialização da territorialidade, há um longo processo histórico que envolve as mais

7
Esse conceito de território disputado pode ser entendido a partir de Haesbaert (2002, p. 121), quando ele afirma
que [...] o território é o produto de uma relação desigual de forças, envolvendo o domínio ou controle político-
econômico do espaço e sua apropriação simbólica, ora conjugados e mutuamente reforçados, ora desconectados
e contraditoriamente articulados. Sendo assim, o território seria o resultado do entrecruzamento de múltiplas
relações de poder, sejam aquelas mais diretamente ligadas a fatores econômico-políticos, isto é, de ordem mais
material, sejam aquelas relacionadas às questões de caráter mais cultural, com ênfase no poder simbólico. Essa
perspectiva, de acordo com Haesbaert (2004), somente é possível a partir da compreensão do espaço como um
“[...] híbrido entre natureza e sociedade, entre política, economia e cultura, e entre materialidade e idealidade,
numa complexa interação tempo-espaço” (p. 79) e, portanto, um espaço múltiplo e nunca indiferenciado. Desse
modo, essa abordagem relacional do território conforma-se enquanto tal não apenas pela definição deste dentro
de um conjunto de relações histórico-sociais, mas também por abarcar uma complexa relação entre processos
sociais e espaço material.
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variadas formas de relações humanas. Esses elementos são abarcados pela política territorial da

gestão do espaço. Essa política é precedida de elementos culturais.

Prioritária ou não, antecedendo ou não a política, a dimensão


cultural sempre esteve presente nos processos de formação
territorial. A carga identitária ou simbólica, naquilo que Anderson
(1989) denominou “comunidades imaginadas” (mas nunca somente
imaginadas), apareceria hoje com uma ênfase raramente vista. Os
territórios modernos por excelência, os do Estado nação, estariam
marcados por uma “comunidade imaginada” calcada na figura de um
indivíduo nacional-universal capaz de impor-se sobre as diversas
“comunidades” baseadas na diferenciação étnica dos grupos sociais.
Lado a lado, porém, se reinventam símbolos e identidades nacionais,
estruturados para consolidar a homogeneização da nova “nação-
Estado”. Daí que a criação dos Estados nações modernos e,
conseqüentemente, das sociedades nacionais, é, do ponto de vista
cultural, da mesma forma como vimos para a dimensão política, um
movimento ambivalente, concomitantemente desterritorializador e
reterritorializador (HAESBAERT, 2004).

Existe um outro modo de vida, de diferentes maneiras, buscando perceber que através da

paisagem podemos identificar os lugares e o cotidiano dos sujeitos. A paisagem é, acima de

tudo, seletiva quanto ao nosso afeto e identidade cultural. Ou seja, não é a paisagem do lugar

que nos atrai ou retrai, é o nosso modo de olhar o espaço, muitas vezes egocêntrico e seletivo,

que nos aponta para o que queremos como “nosso lugar”.

A paisagem, segundo Santos (2002), representa as ações humanas cristalizadas no

espaço. Com isso, ela é movimento. Então, entender a paisagem não é apenas descrever e

identificar as questões físicas que a compõem. É, também, saber decifrar suas cores, seus

cheiros, suas vozes, seus olhares, enfim, a vida que pulsa e que, muitas vezes, está encoberta

pela fumaça refinada da contemporaneidade. Fumaça que, se não formos observadores atentos,

pode levar à cegueira e impossibilitar a visão de um espaço abrigando vários territórios e, por

conseguinte, múltiplas funções de uso e ocupação.

Esses pressupostos, que podem nos oferecer elementos para uma análise integrada e

mais próxima das realidades existentes no cotidiano desses espaços, instiga à reflexão sobre as

contradições existentes no Cerrado Goiano.


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2. Cerrado Goiano: um território em disputa

O capitalismo é imediatista, ou seja, visa o lucro quase que


instantaneamente em detrimento dos impactos sócio-
ambientais que poderão ocorrer a partir de suas investidas
(MENDONÇA, 2004)

O século XX é um marco no processo de ocupação e apropriação do Cerrado Goiano.

Pois o território goiano que era, até então, caracterizado por uma ocupação rural e atividade

produtiva de pecuária extensiva e agricultura de subsistência (fazenda goiana8), marcha rumo a

modernização capitalista.

Assiste-se, então, a partir de 1930 - com a política de integração do governo Vargas - à

ocupação do Cerrado Goiano como uma prioridade nacional, inserida num projeto que, no

âmbito regional, buscava articular as regiões produtivas do Estado de Goiás, principalmente as

regiões sul e sudoeste e, no âmbito nacional, buscava adequar o país a um novo ritmo de

produção capitalista (OLIVEIRA, 2006). Sendo assim, a apropriação e ocupação do Cerrado,

neste período, dá-se de maneira planejada e com interesses e funções políticas e econômicas

bastante definidas. Era o Brasil integrando o sertão ao litoral, através da Marcha para o Oeste.

Era a possibilidade de modernização de Goiás, que poderia sair do “adormecimento” e tornar-se

o “coração do Brasil”.

Para que esse projeto se viabilizasse, inúmeros foram os recursos usados. Desde acordos

políticos, econômicos a campanhas publicitárias que tinham como objetivo difundir a

necessidade de modernização. O novo era o caminho. Para isso, nada melhor que um projeto

arrojado e moderno que vislumbrasse a integração e o desenvolvimento; era a inserção do sertão

nos tempos modernos. O Goiás das “Tropas e Boiadas”, de Hugo de Carvalho Ramos, deveria

se render ao traçado de Versalhes, de Atílio Correia Lima.


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Segundo Estevam (2006, p.64) [...] a fazenda goiana apresentava [...] características peculiares; não se utilizava
predominantemente do trabalho servil e a escravatura [...] A organização não apresentava características básicas
de formação de classes e não promovera até então, divorcio entre meios de produção e a força de trabalho. Com
esses elementos característicos [...] contrastava com a fazenda cafeeira, unidade básica mercantil. Também
diferentemente da fazenda açucareira- de rígida hierarquia tradicional – as fazendas tradicionais goianas
organizaram-se de maneira peculiar, engendrando uma ordem social bastante singular.
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Essas transformações que tiveram como objetivo principal tornar o Cerrado produtivo e

lucrativo alteraram de forma significativa a configuração socioespacial do território goiano. A

antiga paisagem do cerrado foi se modificando e transformando predominantemente em grandes

plantações e em empresas agropecuárias. O que era rural tornou-se agrícola em espaço.

A terra, que até então era considerada “de baixa produtividade”, com os incrementos

técnicos científicos (calcário, máquinas agrícolas de últimas gerações, pivôs, etc) se

transformaram em terra de primeira e, conseqüentemente, um “paraíso” para a implantação do

agronegócio (grandes plantações de grãos e, mais recentemente, da cana-de-açúcar). Vale

ressaltar os subsídios e as facilidades propiciadas pelos governos estadual e federal, em especial

a partir da segunda metade do séc. XX, através de linhas de créditos especificas, incentivos

fiscais, infra-estruturas, dentre outros.

Assiste-se, assim, pela lógica do mercado de consumo global e do capital transnacional

à mais brusca transformação socioespacial do cerrado goiano. A antiga paisagem do cerrado foi

se modificando e transformando predominantemente em grandes plantações e em empresas

agropecuárias. A transformação do rural em agrícola mecanizado em um período histórico tão

curto gerou impactos econômicos, sociais, culturais e espaciais que hoje podem ser claramente

percebidos. Pode-se dizer que o Cerrado Goiano, hoje, presencia vários tempos em um mesmo

espaço (SANTOS,2002).

Em recente trabalho de campo realizado no Sudoeste Goiano, pudemos presenciar o

outro lado da modernização. A ema, figura principal do Parque Nacional das Emas, agora vive

nas lavouras de soja, localizadas ao longo de todo o entorno do PARNA. Encontra-se em

cidades como Mineiros e Jataí uma enorme disparidade socioeconômica que antigamente era

característica exclusiva das metrópoles. Sem falar da criação de cidades totalmente

verticalizadas, como o caso de Chapadão do Céu e das empresas transnacionais com tecnologia

e mecanização de ponta, algumas já robotizadas, que concentram a maior parte de sua produção
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para o mercado externo, além da escassez de geração de empregos em grande escala, como

comumente se anuncia. O território goiano é ao mesmo tempo rico e miserável, tradicional e

contemporâneo, lento e rápido. Enfim, as contradições do capital estão nítidas em sua paisagem.

Mas como essas transformações influenciaram o imaterial? Qual a conseqüência destas

transformações na cultura e na memória dos chamados povos tradicionais? Por que o Cerrado é

um território em disputa?

A vinda de migrantes do Sul do país; a transformação do modo de produção e

empreendimento no Cerrado; a mudança do rural para o agrícola aliado ao processo de

urbanização da contemporaneidade, dentre outros fatores; fizeram e/ou fazem que o Cerrado

(população e paisagem – objetos e ações) seja um território em disputa, onde a aparência pode

ser moderna e cosmopolita, mas a essência ainda é tradicional.

As comunidades rurais, em grande parte, migraram para as cidades levando com elas

seus costumes, tradições, crenças e modo de vida, passando pelo processo de

desterritorialização e reterritorialização (Haesbaert).Esse processo também acontece com os

migrantes e com as populações que já eram consideradas urbanas. Existe um movimento

constante de trocas, mudanças e enraizamento. Existe o confronto diário do local e o global,

como existe também a sua fusão em determinados momentos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo possibilitou o entendimento de que as leituras sobre o Cerrado não podem

ser feitas de maneira fragmentada ou parcial. Um olhar integrado que possa se deparar com o

material e o imaterial é imprescindível para que se entenda a dinâmica socioespacial, pois ele

nos oferece elementos para uma análise mais próxima das realidades existentes no cotidiano.

A ocupação e apropriação do Cerrado Goiano são frutos das relações humanas, que, por

conseguinte, espelham as suas histórias de vida na espacialidade. Portanto, ora o Cerrado


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Goiano é objeto de exploração, ora ele é objeto de preservação, ora é tradicional, ora é

contemporâneo. Existem contradições entre norma e vida. O sistema capitalista tende a

transformar tudo em mercadoria.

Assistimos a essa transformação no Cerrado Goiano. Primeiro, a terra; agora, a cultura

dos chamados povos tradicionais. O processo é dialético: há contradições, há resistências; há

dominação.

O Cerrado Goiano é um território em disputa. Estudar o seu processo de ocupação e

apropriação é se deparar com o tradicional e o moderno, com o local e o global, com o valor de

uso e o valor de troca enfim; é perceber que existem divergentes e diversas forças em

movimento. Que o conceito de produtivo ou improdutivo instaurado no seio da sociedade

normalmente estão carregados de símbolos, signos, significados e significantes e que, por

seguinte, não nascem do esmo. E, ao surgirem, se disseminam por toda a sociedade como uma

verdade absoluta e única.

E por isso ficam algumas indagações. Mas, afinal, será que há como inserir o Cerrado

Goiano no mercado globalizado e preservar suas riquezas, respeitando a cultura e a memória do

seu povo? Será que este modelo de modo de produção almejado é compatível com os

programas de sustentabilidade? Até que ponto as “preocupações”, tanto dos setores públicos

como da iniciativa privada, com a preservação das riquezas são reais?

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