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o cotidiano
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na sala de aula
Lino de Macedo
ANO VI Nº 22 JUL/AGO 2002
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A
dministrar o cotidiano na sala de aula tornou-se senhos, sentimentos)? Como se organizar no espaço dos
um grande problema para professores e alunos. cadernos, das carteiras, das mochilas, de nosso corpo e
Indisciplina, dispersão, inconveniência, confu- pensamento, de nossa sala de aula ou escola? Onde
sões, dificuldades de todo tipo perturbam a realização encontrá-los e devolvê-los depois de usados? Como e
das propostas ou das tarefas pedagógicas. O sentimen- por que dispor o espaço de distintas maneiras, direções
to é de perda de tempo, caos espacial e descuido com ou sentidos? Como tratá-lo como “caixas” pequenas ou
objetos escolares, falta de sentido das tarefas e relações grandes que contêm os objetos e, ao mesmo tempo,
entre pessoas marcadas pela indiferença ou pela negativi- como campo aberto, livre, reversível, infinito e disponí-
dade. O sentimento é de incompetência, insuficiência e vel para todas as possibilidades? Como “esquecer” o que
desânimo. Penso que uma das razões para isso é que está fora do espaço durante um certo acontecimento e
ainda estamos marcados pela imagem de uma escola ide- ocupar-se, de modo concentrado e paciente, com aqui-
al, sonho de realização de todos nós, em que alunos, lo que interessa no momento? Como tratar o espaço
dóceis e gratos aos seus professores, vão lá para apren- como o que está entre as coisas e, portanto, como um
der e serem felizes. Graças a isso, os professores podem vazio que as separa e as localiza dentro, fora, perto, dis-
dedicar-se preferencialmente ao ensino das matérias e à tante, em cima, embaixo?
avaliação do que foi aprendido pelos alunos. Pensamos Para lidar bem com o tempo, temos que desenvolver
que tudo isso foi talvez possível um dia e ainda se realiza habilidades, hoje mais do que nunca fundamentais:
hoje em algumas escolas. Porém, para tanto, o preço a agendar, estimar, antecipar, selecionar ou dar priorida-
ser pago pelos alunos é o de conviver e aprender na es- de, lembrar. As ações graças às quais realizamos tarefas
cola de um modo condicionado: se não obedecem às duram um tempo e sucedem-se em uma certa ordem,
regras, se não aprendem o mínimo, se não aceitam a isto é, compõem narrativas. Porém, para sermos bem-
cultura da escola, então são excluídos e reprovados. sucedidos nesses acontecimentos, temos que reservar,
objetos escolares? Não basta poder usar os objetos ou compartilhar, cooperar, reconhecer, conviver e cuidar são
recursos pedagógicos, é necessário querer e saber usá-los habilidades fundamentais. São elas que qualificam e dão
bem. Como reivindicar objetos de melhor qualidade e em sentido ao nosso cotidiano relacional. Hoje, na escola é
quantidade suficiente para a realização das tarefas? onde passamos muitos anos de nossa vida, onde passa-
Os objetos escolares são alguns dos meios ou recur- mos uma parte importante de nosso dia. As pessoas de
sos que utilizamos para realizar as tarefas. O que são as nossa escola, além das pessoas de nossa família, de nos-
tarefas escolares? Como restituir seu sentido? Como de- so bairro ou trabalho, são talvez as mais significativas de
senvolver habilidades para a boa realização de uma tare- nossa vida. É o pequeno e aparentemente insignificante
fa? Pensamos que algumas dessas habilidades são as de cada gesto, palavra ou sentimento que tece as bases
seguintes: valorizar, ser responsável, planejar, definir, de- para uma relação mais amorosa ou odiosa. Como o pro-
senvolver estratégias ou esquemas de procedimento para fessor organiza e favorece diferentes relações em sala de
sua boa realização, envolver-se, comprometer-se, tornar- aula? Como distribui as crianças em uma atividade de
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