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Breve Histórico
Por outro lado, a Lei de Crimes Ambientais acaba também por estimular a solução transacional
do próprio ilícito civil, uma vez que é condição para a proposta de transação penal a prévia
composição do dano na esfera cível, salvo em caso de comprovada impossibilidade, conforme se
infere do art. 27 da Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998. Vale mencionar que a transação
penal a que se refere o referido artigo está prevista no art. 74 da Lei nº 9.099, de 26 de
setembro de 1995.
Ainda no âmbito penal, o Termo de Compromisso de Ajustamento de Conduta foi inserido pela
Medida Provisória nº 1.710, que adicionou o art. 79-A na Lei de Crimes Ambientais (Lei nº
9.605, de 12 de fevereiro de 1998), autorizando os órgãos ambientais integrantes do SISNAMA
a celebrar, com força de título executivo extrajudicial, termo de compromisso com pessoas
físicas ou jurídicas responsáveis pela construção, instalação, ampliação e funcionamento de
estabelecimentos e atividades utilizadores de recursos ambientais considerados efetiva ou
potencialmente poluidores.
Definição e Objetivos
Em tese, Termo de Compromisso de Ajustamento de Conduta é o ato jurídico pelo qual a pessoa,
reconhecendo implicitamente que sua conduta ofende ou pode ofender interesse difuso ou
coletivo, assume o compromisso de eliminar a ofensa ou o risco através da adequação de seu
comportamento às exigências legais, mediante a formalização de termo com força de título
executivo extrajudicial.
Partes do Compromisso
Dos Compromissários.
Portanto, que nem todos os legitimados à Ação Civil Pública ou Coletiva podem tomar
compromisso de ajustamento, mas somente os Órgãos Públicos legitimados à agir em juízo.
Com a introdução das novas Organizações Sociais, no entanto, autorizadas pela Lei Federal nº
9.637/98 a assumir por contrato a gestão de bens públicos ambientais, é de se questionar a
limitação imposta pelo parágrafo 6º do art. 5º da Lei da Ação Civil Pública, pois que estes novos
entes, embora de caráter privado (associações), agirão no interesse público, submetendo-se á
legislação administrativa, inclusive quanto à observância da lei de licitações, no caso de
assumirem gestão de bens e serviços públicos, enquadrando-se como entes da Administração
Indireta do Estado. É certo que poderão, portanto, tomar Compromissos de Ajustamento de
Conduta dos interessados.
Se o compromisso for judicial, a presença do Ministério Público é obrigatória, seja quando for o
autor da Ação Civil Pública, seja quando atuar como fiscal da lei. Tudo em respeito ao disposto
no art. 127 da Constituição Federal, onde é conferida ao Ministério Público a defesa dos
interesses difusos e coletivos cc. Lei 7.347/85.
Já quando o instrumento for extrajudicial, o que, mormente ocorre, entendemos que a presença
do Ministério Público é optativa e não obrigatória, haja vista a autonomia do Órgão Público
legitimado para celebrar o aludido Compromisso.
Dos compromitentes
Já a natureza jurídica do compromitente é irrestrita, uma vez que qualquer pessoa, física ou
jurídica, de direito público ou privado, pode assumir o compromisso, quando reconhecer que sua
conduta afeta interesses difusos e coletivos.
Válido mencionar ainda, que, se vários forem os interessados, todos poderão figurar,
conjuntamente, como compromitentes do termo de ajustamento, podendo este ser denominado
compromisso pluripessoal (recebe a mesma denominação quando for mais de um
compromissário, o que é bastante inusitado). Da mesma forma, mais de um ente público poderá
integrar o polo dos tomadores do compromisso, inclusive assumindo obrigações perante demais
contratados, obviamente, neste caso, se o ônus assumido estiver dentro de sua esfera de
atribuição legal.
Natureza Jurídica
No entanto, há casos em que a realidade não se enquadra na forma da lei, sendo verdadeira
leviandade pretender que a matéria seja moldada pelo papel. Isso é fenômeno corrente em
países como o Brasil onde há sensível disparidade tecnológica e funcional, não exercendo o
Poder Público o devido controle sobre as atividades exercidas em seu território.
É certo que a Administração Pública não pode transigir com seu dever-poder, posto que só lhe é
permitido agir quando expressamente autorizado pela lei, dentro de seus limites (princípio da
reserva legal). No entanto, o dever de agir nos termos da lei, na busca da adequação de
atividades de interesse econômico e social leva a autoridade a se esforçar para aplicar a lei
exegeticamente, atendendo ao disposto no art. 5º da Lei de Introdução ao Código Civil, visando
atender aos fins sociais a que se destina e às exigências do bem comum.
O objeto do Termo de Compromisso não é, como muitos pensam, o meio ambiente propriamente
dito, mas sim o ajuste de determinada conduta às exigências legais, dentro de condições de
modo, tempo e lugar do cumprimento de obrigação de mitigar os efeitos danosos causados ao
meio ambiente. Tais condições devem ser possíveis de fato, jurídica e economicamente, além de
lícitas, de modo a possibilitar sua mensuração econômica, e dotadas de liquidez, ou seja, certas
quanto à sua existência e determinadas quanto ao seu objeto (Código Civil, art. 1.533). (2)
Formalização
As cláusulas do Termo de Compromisso, por sua vez, devem buscar a maior objetividade
possível, não se admitindo, por exemplo, exigências como “recomposição da Área de
Preservação Permanente de acordo com a flora e fauna característicos”, sem que se aponte que
espécimes da flora e fauna devem ser repostos, ou se tenha remissão expressa a laudo técnico
constante nos autos do processo administrativo.
Como qualquer contrato formal, o Termo de Compromisso deve conter: i) no seu preâmbulo a
qualificação das partes (compromissário e compromitente); ii) identificação do ecossistema
efetiva ou potencialmente afetado pela conduta ilegal ou conflituosa, com descrição de
potenciais riscos ou danos por ela ocasionados; iii) os benefícios ambientais que visam ser
alcançados com o cumprimento das obrigações estabelecidas no Termo de Compromisso; iv)
detalhamento técnico das obrigações a serem cumpridas; v) estabelecimento das condições de
tempo, modo e lugar do cumprimento das obrigações de fazer e/ou não fazer; vi) cláusula
penal; vii) data em que foi celebrado o Termo de Compromisso; viii) foro para dirimir dúvidas
decorrentes do compromisso (vg. no local do dano, ex vi do art. 2º da Lei nº 7.347/85)
Princípios Constitucionais que devem revestir o Termo de Compromisso –art. 37
Legalidade
O administrador público está, em toda sua atividade funcional, sujeito aos mandamentos da Lei
e às exigências do bem comum, e deles não se pode afastar ou desviar, sob pena de se
configurar abuso de poder ou desvio de finalidade.
Assim, por se tratar o Termo de Compromisso de um instrumento que visa dar soluções a
conflitos de adequação legal, a aplicação da Lei não deve ser restrita, mas sim exegética,
visando a finalidade social, que é a normalização econômica, com sustentabilidade ambiental.
Deve também ser observado o princípio “o particular pode agir no vácuo da Lei, mas a
Administração Pública pode agir somente quando autorizada por ela”.
Publicidade
Tendo em vista o interesse público de que se reveste o Termo de Compromisso, uma vez que se
busca a retratação de interesses difusos e coletivos ofendidos pela conduta, o princípio da
publicidade deve estar presente. Desse modo, o Termo de Compromisso deve ser publicado ao
menos no Diário Oficial, para que todos os interessados possam conhecer o seu conteúdo.
Moralidade Administrativa
Desta forma, deve o Termo de Compromisso atender aos padrões morais de probidade, precisa
ser estar dentro dos parâmetros de equidade, não configurar privilégio, e não ser unilateral a
ponto de se tornar abusivo.
Proporcionalidade
Eficiência
Princípio estabelecido na CF no bojo do processo de reforma da Constituição. Diz respeito à
necessidade do Estado agir eficazmente e com presteza na solução de conflitos, visando exercer
sua autoridade territorial.
Assim, ao celebrar o Termo de Compromisso o Estado deve ser prestativo, não se admitindo,
portanto, os famosos atrasos e entraves burocráticos que acabam por tornar ineficaz qualquer
ação saneadora, traindo os objetivos legais que justificam o Termo de Compromisso.
O Termo de Compromisso, por outro lado, não se confunde com Transação, na acepção civil
deste instituto. Segundo dispõe o Código Civil, é lícito aos interessados prevenirem, ou
terminarem o litígio mediante concessões mútuas (art. 1.025), sendo que somente quanto a
direitos patrimoniais de caráter privado se permite a transação (art. 1.035).
Verifica-se, portanto, ser necessária a presença do litígio na transação, sendo que as concessões
nela previstas são recíprocas, com vistas à sua extinção. O Termo de Compromisso, por outro
lado, versa sobre interesse difuso, indivisível, e quando de natureza ambiental, relacionado à
bem de uso comum do povo (art. 225, Constituição Federal), sendo, portanto, direito
indisponível, defeso sobre ele transigir.
Como muito bem salientado pelo Ilustre jurista Dr. José Rubens Morato Leite, “trata-se, na
verdade, de um instrumento de tutela de interesses metaindividuais preventivo e inibitório, em
concepção diversa dos institutos do direito civil existentes e objetivando regular uma ordem
social e jurídica diferenciada”. (4)
O TAC efetuado no bojo do processo, para ter validade, depende de homologação judicial,
portanto, não é mais um Termo de Compromisso nos moldes do estabelecido pelo art. 5º da Lei
da Ação Civil Pública, uma vez que se trata de título executivo judicial.
Não se trata também de reconhecimento da procedência do pedido, posto que possível, no bojo
do ajuste, a adoção de medidas não só reparatórias, como mitigadoras e compensatórias,
instrumentos reconhecidos pela Política Nacional do Meio Ambiente e aplicáveis exegeticamente
à Ação Civil Pública, no atendimento das demandas caracterizadoras da tutela dos interesses
difusos: autonomia e qualidade de vida.
Assim, Termo de Compromisso não significa reconhecimento da procedência do pedido, posto ser
efetuado no interesse da adequação da atividade questionada no processo aos parâmetros de
compatibilização do desenvolvimento econômico social com a preservação ambiental, visando à
preservação e restauração de recursos ambientais, com vistas a sua utilização racional e
disponibilidade permanente (incisos I e VI, do art. 4º, da Lei 6.938/81).
Desta forma, se o réu da Ação Civil Pública firmar Termo de Ajustamento de Conduta perante o
órgão jurisdicional, sobrevindo sua homologação judicial, o processo será extinto com
julgamento do mérito, com base no disposto no art. 269, III, do Código de Processo Civil. O
Termo de Compromisso constitui-se, portanto, em transação, cujo objeto, saliente-se, não é o
meio ambiente propriamente dito, e sim as condições de modo, tempo e lugar de cumprimento
das obrigações de recuperar o meio ambiente.
O Termo de Compromisso, a teor do art. 5º da Lei da Ação Civil Pública, não carece de
homologação judicial para que surta efeitos, no entanto, ressalte-se mais uma vez, firmado em
juízo, a sentença que o homologar constituirá título executivo judicial.
Existe, no entanto, uma outra situação em que o compromisso é firmado no curso de Ação Civil
Pública, porém fora do processo, perante o autor da ação ou o Ministério Público (caso seja este
apenas interveniente). Neste caso, abrangendo o Termo de Compromisso todo o objeto da ação,
esta perde seu objeto.
Da mesma forma, ocorrendo Termo de Compromisso perante o órgão fiscalizador competente
para atuar na tutela do objeto em causa, e não sendo este o autor da ação, pode ocorrer a
perda do interesse de agir pelo autor do pedido, principalmente se este for associação civil ou
órgão não diretamente responsável pela tutela do bem em testilha. Sendo assim, deve o juiz
decretar o processo extinto sem julgamento do mérito, na forma do que dispõe o art. 267, VI,
do Código de Processo Civil, inteiramente aplicável à espécie.
Do prazo do compromisso
A Medida Provisória que inseriu o art. 79-A à Lei de Crimes Ambientais, reza que o prazo de
adequação às normas estabelecido no Termo de Compromisso não poderá ser superior a três
anos, sendo prorrogável por mais três, caso necessário. Entendemos, aliás, que o limite legal
imposto pela MP fere o princípio da proporcionalidade, pois o prazo estabelecido, atinente
somente aos casos ali elencados (atividades anteriores à edição da Lei 9.605/98) pode ser
suficiente em muitas hipóteses mas ínfimo para outras.
O Termo de Compromisso, como reza o § 6o. do art. 5o. da Lei 7.347/85, forma título executivo
extra-judicial, e o nele contido gera presunção iuris tantum. Isso significa que o título executivo
que o representa pode ser imediatamente objeto de ação de execução no caso de
descumprimento por parte do compromitente das obrigações que nele assumiu.
Tratando o Compromisso de obrigação de fazer, incidirão as normas dos arts. 632 a 641 do
Código de Processo Civil. Assim, proposta a execução, o juiz fixará prazo para que a obrigação
seja cumprida; não o fazendo, pode o Órgão Público compromissário requerer ao juiz que a
obrigação seja cumprida por terceiro à custa do devedor, em consonância ao dispositivo legal
supramencionado, independente da multa fixada.
Se o Compromisso for de obrigação de não fazer, incidirão as normas dos arts. 642 e 643 do
Código de Processo Civil. Assim, se o compromitente praticou ato cuja abstenção estava
obrigado por lei, o Órgão Público compromissário poderá requerer ao juiz, na ação de execução,
que fixe prazo para que o devedor o desfaça. No caso de recusa, o juiz poderá determinar o
desfazimento à custa do devedor, respondendo este, em conseqüência, por perdas e danos.
Do aditamento, retificação ou rescisão do compromisso
Conclusão
Outra vantagem importante é que se evita o desgaste da imagem da empresa, assim como
desafoga o judiciário, que já se encontra sobrecarregado.
Notas:
1 - Clemes, Sérgio. Apontamentos sobre a possibilidade de transação dos interesses difusos na
lei brasileira. In: Oliveira Júnior, José Alcebíades e Leite, José Rubens Morato (coord.) Cidadania
Coletiva. Florianópolis: Parelelo 27; 1996, p. 180. apud Leite, José Rubens Morato. Dano
Ambiental: do individual ao coletivo, extrapatrimonial. São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais;
2000; p. 264.
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2 - Fink, Daniel. Roteiro de aula proferida no Curso de Direito Ambiental da Faculdade de Saúde
Pública da Universidade de São Paulo; 2000. Voltar ao tópico
3 - Meirelles, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. São Paulo: Edit.Malheiros. 20ª Ed.;
1995. Voltar ao tópico
BIBLIOGRAFIA
Clemes, Sérgio. Apontamentos sobre a possibilidade de transação dos interesses difusos na lei
brasileira. In: Oliveira Júnior, José Alcebíades e Leite, José Rubens Morato (coord.) Cidadania
Coletiva. Florianópolis: Parelelo 27; 1996, p. 180. apud Leite, José Rubens Morato. Dano
Ambiental: do individual ao coletivo, extrapatrimonial. São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais;
2000.
Clemes, Sérgio. Apontamentos sobre a possibilidade de transação dos interesses difusos na lei
brasileira; apud Leite, José Rubens Morato. Dano Ambiental: do individual ao coletivo,
extrapatrimonial. São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais; 2000.
Filho, José dos Santos. Ação Civil Pública – Comentários por Artigo. Rio de Janeiro: Edit. Lúmen
Júris. 2ª Ed.; 1999.
Fink, Daniel. Roteiro de aula proferida no Curso de Direito Ambiental da Faculdade de Saúde
Pública da Universidade de São Paulo; 2000.
Mazzilli, Hugo Nigro. O Inquérito Civil. São Paulo: Ed. Saraiva; 1999.
Meirelles, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. São Paulo: Edit.Malheiros. 20ª ed.; 1995.
Milaré, Edis. Tutela jurídico-civil do ambiente. In: Revista de Direito Ambiental nº 0. São Paulo:
Edit. Revista dos Tribunais; s/d.
Vigliar, José Marcelo Menezes. Ação Civil Pública. São Paulo: Edit. Atlas. 3ª Ed.; 1999.