Sei sulla pagina 1di 36

Projeto

PERGUNTE
E
RESPONDEREMOS
ON-LIME

Apostolado Veritatis Spiendor


com autorizagáo de
Dom Estéváo Tavares Bettencourt, osb
(in memoriam)
APRESErSTTAQÁO
DA EDigÁO ON-LINE
Diz Sao Pedro que devemos
estar preparados para dar a razáo da
nossa esperanga a todo aquele que no-la
pedir {1 Pedro 3,15).

Esta necessidade de darmos


conta da nossa esperanga e da nossa fé
hoje é mais premente do que outrora,
visto que somos bombardeados por
numerosas correntes filosóficas e
religiosas contrarias á fé católica. Somos
assim incitados a procurar consolidar
nossa crenga católica mediante um
aprofundamento do nosso estudo.

Eis o que neste site Pergunte e


Responderemos propóe aos seus leitores:
aborda questoes da atualidade
controvertidas, elucidando-as do ponto de
vista cristáo a fim de que as dúvidas se
dissipem e a vivencia católica se fortaleca
no Brasil e no mundo. Queira Deus
abengoar este trabalho assim como a
equipe de Veritatis Splendor que se
encarrega do respectivo site.

Rio de Janeiro, 30 de julho de 2003.

Pe. EstevSo Bettencourt, OSB

NOTA DO APOSTOLADO VERITATIS SPLENDOR

Celebramos convenio com d. Esteváo Bettencourt e


passamos a disponibilizar nesta área, o excelente e sempre atual
conteúdo da revista teológico - filosófica "Pergunte e
Responderemos", que conta com mais de 40 anos de publicacáo.

A d. Estéváo Bettencourt agradecemos a confiaca


depositada em nosso trabalho, bem como pela generosidade e
zelo pastoral assim demonstrados.
ERGUNTE
e

Responderemos

MARSO-ABRIL • 19 5 7 • MAIO-JÜÑHO
ÍNDICE

FASCÍCULO N.° 1 /

1) "Como provar que a inteligencia humana nao é apenas urna das


etapas conquistadas pela materia na sua evolucáo e no seu pro-
gresso através dos tempos? *-
2) "Quais as condigóes de existencia do dever?—Pode ~ o homem
obrigar-se ou desobrigar-se á vontade? Se nao pode, se existe : .
de fato urna obrigacáo no sentido de determinacáo moral á
qual nao escapa a vontade humana, onde estaría nesse cao a • ■
nossa liberdade? • ■ ?
3) «Depois do pecado de Adáo e Eva o homem sofreu também urna , .
decadencia física no seu aspecto exterior? Tinha ele as caracte
rísticas dos primitivos ou do homem na era atual?" 6
4) "Há algum argumento serio e bem fundamentado que proiba a
mulher receber o sacramento da Ordem?" \ „7
5) "No Antigó Testamento já existia a graca santificante?" .< 8
6) "Como interpretar o fato de Joñas ter passado tres dias no ventre
••■ da baleia e ser devolvido com vida?" &
7) "Qual a explicacáo da perda das fórcas de Sansáo, ao serem v
cortados os seus cábelos?" ••• 9
8) "Como se explica o fato de que, após a mentira de Raquel,
trocando Esaú por Jaco, éste é investido por Deus das digni
dades de primogénito, tornando-se depositario da. Promessa?
A primeira vista tem-se a impressáo de que Deus sancionou á
mentira de Raquel" 9
9) "O caso de Elias arrebatado num carro de fogo deve ser in- -
terpretedo como fato histórico ou como símbolo ou figura lite
raria?» • ■ • 10

— 2 —
10) "Qual é a atitude do católico diante da Biblia? Enquanto, por um:
lado, se percebe um movimento incentivando a leitura da Sa
grada Escritura, por outro lado, há quem aconselhe reserva nesta
leitura. Diante de tais dúvidas, que deve fazer 0 católico?" — lfr

11) "Quais sao as - diferencas principáis entre a Igreja Católica,


oriental e a ocidental?" II

FASCÍCULO N.° 2

Págs.
1) "A realizacio moderna do parto sem dor parece contradizer a
condenacáo que a Sagrada Escritura profere sobre a mulber
em conseqüéncia do pecado. Como julgar a moralidade dessa
inovacáo da Medicina?" I*
2) "As fdrcas da natureza estáo sendo cada vez maís exploradas.
Fenómenos que eram tidos por milagrosos já sao reconheci-
dos como tais. Com isto o milagre parece ter perdido o seu
valor na Apologética crista" 18"
3) "A Física moderna ensina que toda materia contém energia.
Será que esta proposicáo nao derraba o raciocinio ou a primeira
via pela qual Sao Tomaz demonstra a existencia de Deus?" .... 18"

4) "Como responder á objefiáo táo divulgada: Todas as religióes


sao boas?" 22"
5) "Queira indicar alguns argumentos racionáis que provem a
únortalidade da alma" 2JF-

6) "Como se poderia provar que o povo de Israel desde os seus


inicios fbi monoteísta? Nao terá passado de urna forma de
rcligiáo grosseira (totemismo, animismo, fetichismo...) para o
culto de um só Deus?" 2*

7) "Qual a relacao que existe entre pecado e doenca?" 27

8) "Quais as exigencias litúrgicas para que seja consagrado um '


altar?" .28

9) "CTaltar deverá ser de pedra? Esta pedra deverá necessariamente


atingir a rocha, mesmo sendo esta profunda?" 28
10) "Poderá o altar consagrado levar revestimento de madeíra no
frontal e nos lados?" 28:

COM APROVACÁO ECLESIÁSTICA

3
"PERGUNTE É RESPONDEREMOS"
. n.° 1 — Marco:Abril de 1957

MELANIA (Belo Horizonte):

1) "Como provar que a inteligencia humana nao é


apenas urna das etapas conquistadas pela materia na sua
evolucáo e no seu progresso através dos tempos?"

— Sua pergunta leva-nos para o arduo campo da Filo


sofía. Entremos néle decididamente.
Se a inteligencia humana representasse apenas urna
etapa da evolugáo da materia, ela seria urna realizagao ou
fungáo da materia; e, já que a inteligencia é urna faculdade
do espirito, o espirito mesmo seria materia, materia evoluída;
o espirito seria corpo.
A sua questáo, portante, em última análise, se formula:
há distingáo real entre materia (corpo) e espirito?
Em resposta, digamos em primeiro lugar o que se en-
tende por materia e por espirito.
Por materia (materia segunda no sentido aristotélico,
ou corpo) entende a Filosofía perene (iniciada por Aristóte
les, f 322 a.C.) todo ser caracterizado por determinada quan-
tidade (dimensoes), por qualidades (como cheiro, colorido,
sabor, peso...), por certa posicáo no espago, etc.
Espirito é o ser que carece de tais notas ou, mais breve
mente, o ser que nao possui quantidade nem dimensóetí^mas
que nem por isto é irreal. . -
O fato de que a materia ou o corpo está ligado á quan
tidade ou a dimensoes é o motivo pelo qual os órgáos materiais
(corpóreos) de um ser vivo só podem conhecer objetos di-
mensionais ou objetos que tém tamanho, cor, sabor, cheiro. ,\
Tal é o caso dos nossos sentidos: o ólho só pode conhecer o
que é colorido com tais dimensoes, com tal posicáo no espago,
etc.; o ouvido só pode apréender o que é sonoro, regido por tais
leis de vibragáo, da matemática, etc.; o tatosó pode atingir
o que tem extensáo, tamanho ou temperatura...
O fato de que o espirito, por definigáo, carece de quanti
dade ou dimensóes, possibilita-lhe conhecer seres abstratos,
ou seja, conceber a idéia da Beleza, emancipada de tais di
mensóes ou cores, a idéia da Bondade, desembaragada desta
ou daquela nota contingente; o espirito percebe a relagáo

4
que existe entre dois ou -mais conceitos e daí deduz conse-
qüéncias;.ao perceber um efeito, conjetura e indica a causa,
respectiva. Em suma, o espirito vé o invisível, o essencial,
oculto debaixo de notas acidentais, ao passo que a materia
. Xa. potencia corpórea) só vé o concreto ou acidental, sempre
variável.
Nao há dúvlda de que o espirito, dotado de tais proprie-
dades, representa urna ordem de ser (um grau ontológico)
mais perfeito do que a materia. Lembremo-nos agora do ada
gio: "Ninguém dá o que nao tem" ou "O que é menos nao
pode ser fonte do que é mais". Aplicando éste principio ao nos-
so tema, os filósofos costumam concluir que a materia nao
pode ser fonte geradora do espirito; éste nlo pode estar conti-
do na potencialidade evolutiva da materia, ou aínda "a in
teligencia humana nao é urna etapa conquistada, pela mate
ria na sua evolucao". Tem origem independente da materia;
por isto tem também sua sobrevivencia e seu fim supremo,
independentemente da materia. Transcendendo a materia no
seu modo de existir e de agir, transcende-a também no
seu modo de se originar.
Corroborando éste raciocinio, S.S. o Papa Pió XII decla-
rou na sua Encíclica "Humani geñeris" (1950) ser iícito admi
tir que a materia rudimentar tenha evoluído até atingir a per-
feigáo do corpo humano; ser necessário, porém, afirmar a in-
tervengáo especial do Criador que a essa materia haja infun-
dido a auna humana.

2) Quais as condicoes de existencia do dever? — Pode o


homem obrigar-se ou desobrigar-se á vontade? Se nao pode,
se existe de fato urna obrigagáo no sentido de determinacáo
moral á qual nao escapa a vontade humana, onde estaría
nesse caso a nossa liberdade?".

Para resolver o problema, distinga-se bem entre liberdade


moral e liberdade física.
Há certamente leis divinas e humanas (estas em nome
daquelas) que obrigam ó homem independentemente da von
tade ou da escolha do individuo; impóem-se, acarretando obrl-
gagáo ou dever moral que o sujeito nao escreve em cancela
por própria autoridade. A existencia de tais leis se explica pe
lo fato de que o homem é um ser essencialmente relativo, cria
do por Outrem e destinado a viver para Outrem; sómente na
entrega a ésse Alfa e Omega é que a criatura encontra a plena
expansáo de suas potencialidades. Por isto também o Alfa e

— 5 —
Omega é também Lei Exemplar que se impóe ao homem (toda
lei digna déste nome visa fazer do homem um imitador e cola
borador de Deus).
O Exemplar Divino se manifesta do mesmo modo em to
dos os homens por meio da lei natural (inata) da consciéncia.
Esta dita a todo e qualquer individuo os mesmos preceitos e as
mesmas proibicóes básicas ("Faze o bem, evita o mal" e suas
apHcac.óes imediatas); além da lei natural, porém, existe a léi
positiva, de Deus ou dos homens, que explicita a lei natural á
qual o homem tem que se sujeitar. " i
Contudo o individuo assim regido foi dotado de Iiberdade
física, ou seja, do poder de cumprir ou rejeitar a obrigagao
moral, a Lei. Todo homem, colocado diante de um dever moral,
conserva (em circunstancias normáis) a faculdade de dizer
.11
Sim" ou "Nao" a ésse imperativo extrínseco; caso execute o
dever, executá-lo-á livremente (com dominio sobre o seu ato),
como também, se nao o cumprir, estará agindo livremente.
E como se evidencia que gozamos de Iiberdade física ou
de Iiberdade de arbitrio?
Todos os bens que o homem nesta vida conhece, apresen-
tam-se-lhe sempre como limitados ou como bens que tém seus
inconvenientes para o sujeito. Até mesmo o Bem Sumo, em
si Ilimitado, Deus, é apreendido pelo homem á semelhansa de
urna criatura limitada (neste mundo nao vemos a Deus face a
face, mas todos os conceitos que de Deus temos, sao análogos,
finitos; Deus aparece também como o Legislador que impóe
restric.oes). Por conseguinte, nao há ser que nesta vida se mos
tré ao homem com características tais que solicitem aege"Ssá-
riamente adesáo ou repulsa. Caso o individuo considere o que.^.
determinado objeto lhe apresenta de bom, pode aderir-lhe;
caso, porém, volte sua atengáo para os aspectos do mesmo
objeto pouco convenientes ao sujeito, pode repelí-lo. \

3) . "Depois do pecado de Adáo e Eva o homem sofreii


também unía decadencia física no seu. aspecto exterior? Tinha
ele as características dos primitivos ou do homem na era
atual?" ^.

Pode-se admitir que os. primeiros homens tenham tido


aspecto físico muito belo,' correspondente ao esplendor espiri
tual de que a gra§a santificante ornava suas alma& É esta'a
sentenca tradicional. — Hoje em dia, porém, bbns teólogos
afirmam que a grac.a santificante tinha apenas o poder de tor
nar belo o físico de Adáo e Eva; caso perseverassem na ino-
■céncia, esta teria transparecido em todo o seu corpo; segundo
tal hipótese, os primeiros pais podem ter tido aspecto físico
multo rude.
É difícil optar entre as duas opinióes. Desejando mais es-
_clarecimentos, veja "Ciencia e Fé na historia dos primordios"
por D. E. B.'3.a~ed. pg. 93s.

4) "Há algum argumento serio e bem fundamentado


■que proiba á mulher receber o sacramento da Ordem?"
Note primeiramente: nao há noticia de que Cristo tenha
confiado algum poder sacerdotal a qualquer das santas mu-
lheres do Evangelho, nem mesmo á Sua Máe Santíssima. Sao
Paulo, por seu lado, diz explícitamente:
"Calem-se as mulheres ñas assembléias, pois nao lhes é
lícito tomar a palavra; conservem-se submissas, como a Lei
mesma manda. Se se quíserem insttuir sobre algum ponto, in-
terroguem seus maridos em casa, pois nao convém que a mu
lher fale em alguma assembléia" (1 Cor 14,34s; o mencionado
texto da Lei é Gen 3.16).
"Durante a instrusao, guarde a mulher o silencio com to
da submissáo. Nao permito á ■ mulher ensinar nem dar nor
mas aos homens. Conserve-se tranquila" (1 Tim 2,lis).
Tais proibigóes excluem naturalmente a participacáo no
ministerio sacerdotal.
Os sínodos de Laodicéia (389), Nimes (384), Aquisgrano
(789), Paris (829) repetiram sucessivamente nao ser licito con
ferir as ordens sacras ás mulheres. A mesma proibigáo se en-
contra ainda hoje no Código de Direito Canónico, can. 968,1.
A razáo de ser de tal determinagáo é a subordinagao na
tural do sexo feminino ao masculino; a mulher foi criada por
Deus para ser auxiliar, colaboradora e complemento do varao,
nao para tomar a dianteira sobre éste (excetuam-se os casos
em que a própria Providencia Divina, direta ou indiretamente,
-solicitou e solicita a intervengáo forte de mulheres, tais como
Catarina de Sena e Joana d'Arc).. Nao sómente a Escritura
inculca essa ordem de coisas, mas também a Filosofía
clássica, cujo testemunho nos é referido por S. Tomaz:
"A mulher nao deve possuir alguma jurisdigao espiritual,
pois, segundo o Filósofo (Aristóteles, Ética VIII 7), há corrup-
cáo.da urbanidade (quebra.da reta ordem)¿quando a mulher
chéga ao dominio. Por isto é que a mulher nao traz as chaves
nem da ordem (sacerdotal) nem da jurisdigáo" (In Sent. 4,
d. 19, q. l,a. 1. sol. 3ad4).

_ 7 —
5) "No Antigo Testamento já existia a graca santifican
te?"
Os justos do Antigo Testamento possuiam, sim, a grag&
santificante. Pelos sacramentáis — ou meios de santificacáo
— que lhes ofereciam, éles a Lei mosaica e seus precedentes-
(a circunscisáo, os lugares santo dos Patriarcas). Pelos sacra
mentáis — ou meios de santificado — que a Lei mosaica e
seus precedentes (a circunscricáo- os lugares santos dos
Patriarcas) lhes ofereciam, éles obtiham a remissáa
do pecado original e a amizade com Deus; esta acarretava.
o revestimento de sua alma pelo hábito da graga santificante.
Houve, sem dúvida, almas profundamente piedosas e unidas,
a Deus no povo de Israel, almas, portante, muito ricas de
graga. Está claro, porém, que o dom divino lhes era outorga-
do em vista dos futuros merecimentos de Cristo, de sorte que
Éste fica sendo o grande Centro da historia, a Cabeca de
todos os homens.

Y. R. V. (Rio de Janeiro):
1) "Como interpretar o fato de Joñas ter passado tres
días no ventre da baleta e ser devolvido com vida?"
A historia narrada pelo livro de Joñas pode ser interpreta
da como fato genuino. Neste caso, admitir-se-á que Deus tenha
produzido milagrosamente os fenómenos ai descritos. Nenhum.
déles é absurdo em si mesmo; por conseguinte, a Infinita Po
tencia Divina pode muito bem ter derrogado ás leis da nátu-
reza a fim de os suscitar. Pergunta-se, porém, se há prTOQy^áo
entre tantos e táo retumbantes milagres e a finalidade-a ser
por éles atingida, ou seja, a conversáo de Ninive.
Considerando que pouco digna de Deus seria tal "ostenta-
gao" de poder, bons exegetas modernos julgam que a historia
de Joñas é urna parábola, ou seja, narrativa ficticia imaginada
a fim de ihcutir urna ligáo religiosa ou moral; apenas se pode-\
ria afirmar que Joñas existiu, foi personagerh real. O autor di»
livro teria concebido tal enredó para censurar de manéira viva
o particularismo ou nacionalismo religioso de grupos judaicos
posteriores ao exilio (séc. 6.° a.C), representados por Joñas e
sua mentalidade, e recomendar urna concepgao larga, univer
salista, do Reino de Deus: Javé quer nao sómente a salvacSo de
Israel, mas tamÉíém' a de Ninive e a de todos os povos.
Ulteriores observagóes encontram-se no livro de E. Bet-
tencourt, "Ciencia e Fé na historia dos primordios", 3.a ed.
pg: 257-266.

__ 8 —
2) "Qual a explicacáo da perda das fórgas de Sansáo, ao
sevem cortados os seus cábelos?"
A cabeleira de Sarisáo era, segundo um costume israe
lita, símbolo da^consagragáo (nazireato) déste varáo ao Se
nhor. Conservar a cabeleira, portante, vinha a ser em Sansáo
sinal de amor e devotamente a Javé. Enquanto Sansáo era
cioso de seus cábelos (cioso de seu voto de nazireato), o Senhor
lhe concedía auxilio e foreas extraordinarias para debelar os
filisteus, inimigos de Israel — missáo esta que Deus mesmo
atribuirá a Sansáo. Aconteceu, porém, que o valente guerreiro,
vencido pela paixáo, revelou o seu segrédo a u'a mulher, dando
ocasiáo a que lhe cortassem os cábelos; por ésse feito, ele
violou ó seu voto ou a fidelid&de ao Senhor e desmereceu a
protegáo que lhe era dada; tornou-se entáo incapaz de lutar,
sucumbindo finalmente ñas máos dos adversarios. Nao se
julgue, portante, que eram os cábelos como tais que faziam
a forga de Sansáo.

Veja-se, a propósito, E. Bettencourt, "Para «ntender o


Antigo Testamento" 226-231.

PRISCA (Rio de Janeiro):

1) "Como se explica o fato de que, após a mentira de


Raquel, trocandoEsaú por Jaco, éste é investido por Deus das
dignidades de primogénito, tornando-se depositario da Pro
messa? A primeira vista tem-se a impressáo de que Deus san-
cionou a mentira de Raquel".

A mentira e a fraude dé Jaco (Gen 27) foram, sem dú-


vida, ates ilícitos e condenáveis aos olhos de Deus. O Senhor
jamáis pode reconhecer ou aprovar o pecado.

Contudo Javé quis dar sua béncáo a Jaco... Ele o fez


nao por causa da fraude, mas apesar da fraude cometida por
éste varáo. O Senhor se dignou tornar depositario da Promessa
justamente aquéle dos dois irmáos que se mostrava mais su-
jeito á miseria e ao pecado, a fim de inculcar que o Altíssimo
realiza' gratuitamente os seus planos por meio dos homehs,
sem que estes possam fazér valer em sua presenca algum tí
tulo óu direitornáo foi o primogénito, o herdeiro por direito,
que Deus escoínéu, mas foi o que nao tintia título nenhum.
Jaco mais tarde reconheceu-se réu de.castigo divino, quando
voltou da Mesbpotámia.para sua térra! (cf> Gen 32, 2&-33);
ora bastoü qué o pecador reconhecesse entáo as suas-faltas e'

— 9 —
tomasse urna atitude contrita e. humilde, para que Deus o jul-
gasse instrumento apto a realizar, para o futuro, o plano mes-
siánico; ésse instrumento por si só teria fraqueza,... tudo
que ele faria, ele. o faria,,por dom de Deus. É esta a li§áo
perene que a 'fiistória de Jácó nos comunica até hoje; demos-,
-lhe atengáo,. é déla deduzamos as conclusoes práticas.
Veja E. Bettfcncourt, "Pata entender o Antigo Testamento"
140-144. .. *

2) "O caso de Elias arrebatado num carro de fogo deve


ser interpretado como fato histórico ou como símbolo ou fi
gura literaria?"

Nao há razáo para se negar a histoiicidade do rapto de


Elias. Nao é o caráter maravilhoso das narrativas bíblicas que
leva o exegeta a considerá-las símbolos ou figuras literarias.
A segáo de 4 Rs 2,lis nao fornece indicio de pertencer ao gé
nero literario da parábola ou da novela; os seus tragos sao
simples e dignos de Deus. De resto, sabemos que o Antigo Tes
tamento narra outro caso semelhante ao de Elias — o rapto
de Henoque (cf. Gen 5) —, enquanto a fé crista ensina o arre-^
batamento do Salvador e de Maria Santíssima aos céus; assim
como Deus quis fósse real a elevagao corpórea de Jesús e de
Maria na plenitude dos tempos, pode ter decretado no Antigo
Testamento o.arrebatamento real dos corpos.de Henoque e:
Elias aos céus. E porque, teria determinado fenómenos tao es-
tranhos? — A fim de inculcar a dignidade da natureza hu--
mana, seu destino transcendente e.a elevada.conta em eme\
o Criador terfy até mesmo as suas criaturas corporais (é^qúe
o.Santo Padre lembra na Bula de definigáo da Assunc.ao de
Maria). ...
Será lícito, porém, admitir que, segundo a tendencia dos
orientáis, o hagiógrafo se tenha servido de urna óu outra me
táfora para ilustrar o raptó do profeta que ardía de zélo á\
semelhanca do fogo: coluna, carro e cávalos de fogo poderiani'
indicar apenas a majestade luminosa da figura de Elias qué
subia aos céus. De resto, o fogo costuma caracterizar as mani-
festacóes de Deus no Antigo Testamento (cf. -Éx 3,2; 24, 17;
Is 30, 27; Ez 1,4); ora parece que o episodio de Elias pode ser
considerado urna especie de teofania. ■ • ' .

E. VIEIRA (Rio de Janeiro): ' '.


.. "Qual a atitude do católico diante da Biblia? Enquanto,
por um lado, se percebe um movunento incentivando a tortura
da Sagrada Escritura, por outro lado, há quem aconselhe re-

_ 10 —
serva nesta leitura. Diante de tais dúvidas que deve
fazer o católico?"

A atitude do católico perante a Biblia há .de ser franca


mente favorávelr
Com efeito. Que é a Biblia senáo a Palavra de Deus que
tomou a forma de palavra humana para servir á nossa saritifi-
cagao, para preparar e estender a Encarnagáo do Verbo? A Bi
blia é um sacramental, e üm dos mais ricos sacramentáis. Por
conseguinte, só se pode conceber que o católico muito á esti
me e procure assiduamente desfrutar o seu contéúdo. É, de
resto, o que tém inculcado insistentemente os Sumos Pontí
fices recentes (inclusive S. S. Pió XII na encíclica Divino Af-
flante Spiritu, 1943); a leitura dos Santos Evangelhos tem.
sido mesmo enriquecida de indulgencias.
Há certamente passagens obscuras e de interpretagáo
difícil, principalmente no Antigo Testamento. Disto, porém,
nao se segué que se deva fechar a Biblia aos fiéis. A solucao
está, antes, em promover a instrugao ou formagao bíblica dos
cristaos, comunicar-lhes a mentalidade bíblica, mostrar a
mensagem religiosa, essencial da Palavra de Deus, ensinar-.
Ihes algumas normas de interpretagáo, a fim de que possam
voltar sua atengáo para o que o Livro Sagrado quer realmente-
dizer, e desviá-la de pormenores aos quais os hagiógrafos.
mesmos nao entendiam dar senáo importancia secundaria;,
em suma, a fim de que aprendam a ver as passagens obscu
ras como Deus mesmo as vé. . ,
Em cpnclusao, só se pode recomendar a leitura. da Biblia-
feita com espirito de fé e caridade; tome-se urna tradugao fiel
aos origináis e, se possível, percorra o leitor previamente urna
breve introdugáo nos sagrados livros. O que ele nao conse
guir por seu preparo humano, ele o poderá obter como res-
posta do Espirito Santo (o Mestre interior) as suas disposi-
cóes sobrenaturais.

AQAO CATÓLICA (Rio de Janeiro):

"Quais sao as diferencas principáis entre a Igneja Cató


lica oriental e a ocidental?"

Distingamos entre os cristaos orientáis unidos aos oci-


dentais, fazendo parte da Igreja universal, e os cristaos orien
táis separados ou cismáticos.
Os orientáis unidos prestam obediencia ao Santo Padre o-
Papa e professam as mesmas verdades de fé que os ocidentais.

— 11 —
Déstes apenas diferem em pontos secundarios, como sejam
a língua, as cerimónias da sua liturgia (batizam por imersao,
distribuem a S. Comunhao sob as duas especies...) e algu-
mas observancias de Direito Canónico (permitem, por éxem-
plo, que um sub-diácono casado receba as ordens maiores,
nao, porém, que um diácono ou um sacerdote se casem), Essas
diferengas se devem a tradicóes locáis, correspondentes á ín
dole própria dos diversos povos; nao atingem questóes.essen-
ciais de fé ou disciplina; foram, alias, promulgadas pelo Códi
go de Direito Oriental recém-elaborado em Roma.
Quanto aos orientáis cismáticos, nao reconhecem (é cla
ro) o Chefe Supremo da Cristandade.
A maioria déssés cristáos constitui o que se chama a Igre-
ja Ortodoxa, separada de Roma desde 1054. Professam a fé
dos sete primeiros concilios ecuménicos (gérais), dos quais o
último se reuniu em Nicéia no ano de 787. O seu título de or
todoxos lhes vem do fato de que sempre defenderam a reta
doutrina contra as grandes heresias que devastaram a cris
tandade até 787. Nao reconhecem algumas das verdades da
fé que, contidas na Reveláijáo escrita ou oral, só na Idade
Media ou em tempos mais recentes foram claramente formula
das ou definidas pela Igreja; assim negam qué o Espirito Santa
proceda do Fiiho( como procede do Pai; nao aceitam o dogma
da Imaculada Conceigao; algumas de suas cren§as após o
séc. 16 foram mesmo afetadas pelo racionalismo e o protes
tantismo. Conservam, porém, os mesmos sacramentos quecos
ocidentais. •-?~vs'
Em géral, cada nagáo da cristandade oriental constituí
viña Igreja autocéfala, governáda. por um Patriarca oü Mé^
tropolita próprio; contam-se qüiñze dessas comunidades in-
dependentes: o Patriarcado de Constantinoplá (que posstii
sábre os demais um ptimado meramente honorífico), ó Patri-\
arcado de Alexandria, o de Antioquia, o de Jerusalérri, á Igré-
ja de Chipre, o Arcebispado do monte Sinai, a Igreja russa,
o Catolicado da Georgia, a Igreja da Bulgáriá,.o Patriarcado
da Serbia, o Patriarcado da Ruménia, a Igreja grega, a Igreja
polonesa, a Igreja albanesa, a Igréja da Letónia. Reunidos,
ésse diversos grupos perfazem um total de cérea de 150 mi-
lhoes dé cristáos. Os cismáticos, assim divididos, se vééfri num
regime religioso precario; estáo muito sujeitos á ingerencia
indeyida do poder civil, e julgám (nao sem tristeza de" átala)
que, desde o sétimo concilio ecuménico (787), a Igreja. uni
versal como tal nSo se reúne mais para se manifestar.

_ 12 —
Em materia de disciplina, também tém suas observancias
próprias: costumam crismar logo depois do batismo, permi-
tem o divorcio em caso de adulterio, freqüentam assaz ra
ramente a S. Eucaristía. Muitos dos fiéis que vivem no cisma
estáo de boa fé, dando nao raro provas de sincera piedade; os
orientáis tém,-sim, urna alma, profundamente religiosa.
Além da avultada familia dos cristáos ortodoxos orien
táis, há outros de menor importancia, que de modo nénhum
merecem o título de "ortodoxos"; com efeito, separaram-se da
Igreja Universal nos séc. 5.° /6.° para professar as grandes
heresias cristológicas: o Nestorianismo ("em. Cristo há duas
naturezas e duas pessoas") e b Monofisitismo (".. .urna só
natureza e urna só pessoa"). Tais sao os chamados Jacobitas
(na Siria), Coptas (no Egito), grupos de armenios, etc. Essas
denominagóes, como se compreende, distam da Igreja ociden-
tal muito mais do eme as outras. Algumas comunidades que
viviam no cisma, voltaram a unidade da Igreja. Tal seria o
caso, por exemplo, dos Maronistas. Estes devem seu nome
a urna colonia de monges que se estabeleceu no Líbano, téndo
por Pai espiritual o eremita Marón (séc. 4.°/5.°). Segundo
alguns historiadores, no séc. 7.° aderiram a urna modíüidade
de Monofisitismo: o Monotelitismo ("em Cristo há urna só
vontade, a vontade divina"). Em 1181, porém, (dizem os mes-
mos autores) cérea de 40.000 libaneses maronitas voltaram á.
Igreja Universal ;os restantes os seguiram em 1445.
Em conseqüéncia da volta de cristáos separados á Igreja,
acontece que urna só e mesma denominagáo pode, ás vézes,
designar cismáticos e unidos: há, por exemplo, o Patriarcado
católico (unido) de Antioquia, como há o Patriarcado cismá
tico do mesmo título.

Dom Estéváo Bettencourt, O.S.B.

— 13 —
ERRATA

Coneernente a "Pergunte e Responderemos" 1/1957

O fascículo 1/1957 de "P. R." foi mais de urna vez editado. Ba-
seados na última edicáo (nao numerada), damos abaixo urna lista de
erros a ser corrigidos:

Pág. 2, 1. 16: em vez de w mulher, ler ¿ tnuUier.


1. 23: ler Jaco.
1. 3 de baixo para cima: ler que deve fazer...
Pág. 4, 1. 8 de baixo para cima: em vez de cm, ler com (duas
vézes).
Pág. 5, 1. 18: ler modo de existir e de agir.
Pág. 6, 1. 18: ler liberdade de arbitrio?
1. 20: ler restrigóes).
Pág. 7, 1. 15: ler da Lei é Gen 3,16).
1. 21: em vez de Nemes, ler Nimes.
1. 27: em vez de para auxiliar, ler para ser auxiliar.
penúltima linha: ler jurisdicfio".
Pág. 8, 1. 3: ler — ou meios de santificagSo —.
1. 9: em vez de grasas, ler graga.
Pág. 9, 1. 21: em vez de Jacob, ler Jaco.
penúltima linha: ler as suas faltas e tomasse.
Fág. 10, 1. 18: em vez de e enquanto, ler enguanto.
1. 20: em vez de Jeus, ler Jesús.
Pág. 11, 1. 12: em vez de Pió II, ler Pió XII.
1. 29: em vez de pecorra, ler percorra.
Pág. 12, 1. 1: em vez de se diferem, ler diferem.
1. 29/30: ler comunidades independentes.
1. 33: em vez de Arcebispo, ler Arcebispado.
Pág. 13, 1. 2: em vez de vivem do cisma, ler vivem no cisma.
1. 15: ler a unidade da Igreja. Tal seria o caso...
1. 18: ler (séc. 4.°/5.°). Segundo alguns historiadores, no
séc. 7.c aderiram a urna modalidade...
1. 20: ler Em 1181, porém, (dizem os mesmos autores)
cérea de 40.000 libaneses.

Com pedido de desculpas

A Redagáo.
PERGUNTE E RESPONDEREMOS"
<l

N.° 2 — Maio-Junho de 1957

DANIELA (Rio de Janeiro):

1) "A realizagáo moderna do parto sem dor parece con-


tradizer á condcnacao que a Sagradada Escritura profere só-
T)re a mulher em conseqüéncia do pecado. Como julgaf a mo-
ralidade dessa inovacáo da Medicina?"

1. Os médicos, desde a época anterior a Cristo, tém-se


■esforgado por aliviar as dores, que acometem a mulher no par
to. Os cristáos na antigüidade, movidos pelo mesmo intuito,
-além de empregar meios de higiene e medicina, recorriam
também a oragoes a Maria Santíssima e a Santa Ana, aplica-
vam á parturiente reliquias ou objetos bentos (o "cinto da
"Virgem", o "Agnus Dei", etc.).
No século passado a Medicina se aperfeigou neste setor,
utilizando anestésicos diversos. Aos 19 de Janeiro de 1847,
James Yung Simpson realizou em Edinburgo* (Escocia) o prí-
Jtneiro parto "indolor", anestesiando a paciente com éter.
Aplicou também o clorofórmio; a primeira menina que nasceu
durante narcose de clorofórmio foi chamada Anestesia.
Logo, porém, se fizeram ouvir contra o médico escossés
pastores protestantes, julgando ilícito o procedimento, pois
Ihes parecía burlar a sentenga de Gen 3,16: "Em meioÁdo.
Ms de dar á luz os teus filhos". Simpson defendeu-se apelan
do para nova interpretacao do termo hebraico etzev (dor),
assim como para o exemplo do Criador que, conforme o modo
de dizer do Gen, antes de extrair urna costela de Adáo, enviou
a éste um sonó profundo (cf. Gen 2,21). Por seu lado, as mu-
Iheres de Edinburgo apoiavam fortemente a Simpson, ale
gando que os homens se deyiam comprometer a só comer pao
literalmente molhado com o suor de sua testa', caso náó Ihes
quisessem conceder um alivio no parto.
As discussóes foram reduzidas a silencio q"uando a rainha
Vitoria da Inglaterra, estando para dar á luz o seu sétimo
filhó. o príncipe Leopoldo, pediu ao médico Johri Snow que a
narcotizasse no parto. As razóes citadas por Simpson forana
a seguir, tidas por auténticas; comegou-se a falar da anestesia
e do parto "á la reine".

— 14 —
Na Rússia semelhante discussáo médico-religiosa se 1e-
vantou em 1860, quando Klokvotsch aplicou a urna partu
riente u'a máscara"de protóxido de azoto...
Nao obstante, os médicos continuaran! seus estudos. Em
1933.0 sabio inglés Grantly Dick Read propós novo método,
que se servia" prevalentemente de recursos psico-físicos: é o
"parto sem médo". Read, afirmando ser o temor a principal
causa da dor no parto, elaborou ampio programa de educacáo
psíquica da gestante e de exercícios de relaxamento muscular.
Depois da guerra de 1939-1945, os médicos russos, baseando-
se nos trabalhos de Pavlow, propuseram, por sua vez, o "mé
todo psico-profilático", o qual nos pontos essenciais coincide
com o de Read; ambos visam abolir a dor pela educagao psico-
terápica; diferem um do outro, porém, pela ideología ou Filo
sofía a que se prendem: o método inglés, mais antigo, está
associado a urna concepgáo espiritualista da alma, ao passo
que o método russo a urna psicología materialista.

Logo depois que os russos apresentaram ao mundo seu


processo psicoprofilático, os católicos se mostraram hesitantes
sobre a liceidade do mesmo; havia quem duvidasse, fosse por
causa da sentenga do Génesis, contra a qual a Medicina pare
cía insurgir-se, fósse por causa das teses atéias que a impren
sa comunista divulgava junto com as conclusóes dos médicos.

2. Em meio as dúvidas, o Santo Padre Pío XII houve


por bem esclarecer os fiéis em duas famosas alocugóes:

1) aos 29 de setembro de 1949, Sua Santidade, dirigin-


. do-se aos médicos católicos reunidos em Roma no seu IV Gon-
gresso Internacional, exaltava os bons servigos prestados
pelos médicos á humanidade, realgando entre outros o seguin-
te:
"Como ginecólogista, o médico se esforga por diminuir
as dores do parto, sem contudo por em perigo a saúde da mae
ou da crianga.e sem se expor a mudar os sentimientos dé ter
nura materna para com o recém-nascido". ■ '
Como se vé, o Santo Padre, aprovando as experiencias de
parto sem dor, impunha-lhes apenas duas restrigóes: a'pri-
méiraé clara; excluí métodos que de certo modo eonstituám
um atentado á vida humana. A segunda rejeita processos'de
hipnoti^agáo" Oü anestesia'que póssam diminuir ó ámpr de
máe a filho: éste amor pertence á dignidade humana; mülti-
lá-lo ou diminüí-lo pela Medicina seria contíariar a natureiía,
a bbrá santa do Criador.

— 15 —
2) aos 8 de Janeiro de 1956, o Santo Padre se pronun-
ciou mais urna vez sobre o assunto, tendo em vista diretamen-
te o método propagado pelos médicos russos. Dizia em síntese:
a) em si mesmo, o método psicoprofilático nada tem
de reprovável sob o ponto de vista moral. A influencia exer-
cida para fazer desaparecer o médo infundado, a ajuda conce
dida para que a parturiente colabore com a natureza, tomando
consciéncia mais profunda da grandeza da maternidade, sao
valores positivos, plenamente conformes com o plano do Cria
dor. Se se consegue eliminar a dor do parto, diminui-se ao
mesmo tempo o perigo de se cometerem deturpacSes no uso
dos direitos matrimoniáis.

b) Quanto á condenado proferida por Gen 3,16, consi-


dere-se que Deus, punindo os homens após o primeiro pecado,
nao os quis impedir de investigar e utilizar todas as riquezas
da criacáo (cf. Gen 1,28) ( afim de tornar mais suportável a
vida neste mundo, menos penosos o trabalho e a enfermidade.
Em particular, pois, o Senhor, castigando Eva, nao quis proi-
bir as mulheres o uso de meios que tornem o parto mais fá
cil, como, ao punir Adao, nao quis vedar aos varóes o uso de
máquinas que dispensem a muitos de suar nos campos. Como
quer que seja, a maternidade, desde o primeiro instante da
gestacáo até a última fase da educacáo da prole, sempre deu
e dará muito que sofrer á mulher. Ora é éste sofrimento, pro-
prio e. característico da mulher, que o Génesis aponta a Eva
como castigo do pecado; castigo, porém, que, após a Reden-
cáo por Cristo, vem a ser simultáneamente o meio de salvagáo
e santificacáo da mulher, desde que aceito em uniáo eflffFbs
sofrimentos do Redentor (cf. 1 Tim 2,15).

c) O fato de se aprovar o método psicoprofilático dos mé


dicos russos nao implica aprovacáo da ideología materialista
désses estudiosos. Os russos materialistas podem ter feito urna
bela descoberta científica em Medicina; os resultados por éles
obtidos nao dependem da filosofía soviética, pois o dentista
inglés Read, dotado de outras idéias filosóficas, chegou a semé-
lhantes conclusoes. A aceitagáo do teorema de.Pitágoras ou
das observagoes do médico Hipócrates nao significam aceita§ap
da cultura geral paga déstes dois homens de ciencia, como o
reconhecimeñto vdaf. descobertas de Pasteur e das leis da he-
reditariedade de Mehdel nao acarreta profissáo de Cristianis
mo. A veracidade das descobertas de laboratorio ou de ciencias
-empíricas é julgada por criterios diferentes dos da Filosofía.

— 16 —
Eis os coritos da alocucjío do Santo Padre que interessava
realgar neste exame.
Nao obstante a última advertencia de Sua Santidade, um
jornal comunista de Franca, "Les nouvelles de Bordeaux et du.
Sud-Ouest", aos 19 de Janeiro de 1956, onze dias após a decla-
rac>0 do Pontífice, assim se referia ao método psicoprofilático:
"Esta descoberta liga-se a um conjunto moral e filosófico,
á concepgáo soviética do homem e da vida... de maneira que
a concep?áo e a técnica soviéticas da vida do homem explicam
e justificam o parto sem dor. E o Papa aprova-as. Aprova o
efeito. Poderá ele continuar a maldizer as causas? Sem as cau
sas científicas, ideológicas e políticas, o efeito nao poderia ser
obtido".
Tais afirmagoes sao reconhecidamente exageradas e ten
denciosas.
3. Apesar da propaganda desenvolvida em torno do parto
sem dor, nao se pode dizer que éste seja urna conquista defini
tiva da ciencia. Um relatórío apresentado pelo Dr. Rodrigues
Lima á Primeira Conferencia Brasileira sobre o Parto sem dor
(Sao Paulo, 6 e 7 de julho de 1956) chegou á conclusao de que
o método psicoprofilático suprime a dor em 25% apenas das
parturientes; está longe, portanto, de ter eficacia absoluta e
definitiva! De outro lado, nao há argumento, nem empíricos
nem filosóficos, que nos obriguem a admitir, como admitem
nao poucos discípulos da escola russa, que o parto é por si
mesmo indolor, como qualquer outra das fungóes da natureza.
A natureza, ocasionando o parto doloroso, nao estaría em
contradigáo consigo mesma; a dor associada ao parto tem seu
significado positivo e valioso: concorre para salientar a impor
tancia do ato e obriga a que se tomem medidas necessárias
protetoras da máe e do filho. De resto, falso seria dizer que
outrora a parturienta era indolor, como hoje o é entre os sel-
vagens e os animáis; os documentos históricos e a experiencia
refutam tal tese. Nao se pode negar, porém, que parte mais ou
menos notável da dor provém de preconceitos, os quais podem
ser removidos pela psicoterapia.
Bibliografía sobre orassunto:
S. S. o Papa Pió XII, segundo discurso ácima citado, em
traducáp portuguesa na"Revista Eclesiástica Brasileira." xyi
(1956) 225-233;
A. Pazzini, "II medico di fronte alia Morale". Brescia 1951,
77-86;
S. Navarro, "Problemas medico-morales". Madrid 1954,
437-454;

— 17 —
A. Wolf Netto, "Críticas ao Método psicoprofilático do
Tarto sem dor", na "Revista Elesiástica Brasileira", vol. cit.
353-860.

2) "As fórgas da natureza estáo sendo cada vez mais ex


ploradas. Fenómenos que eram tidos por milagrosos já nao
^sáo reconhecidos como tais. Com isto o milagre parece ter per
dido o seu valor na Apologética crista".
Visando toda a clareza possível neste problema, diremos
-antes de mais nada o que se entende por milagre em Teología:
■milagre é considerado todo acontecimento visível que o curso
habitual da natureza nao explica, mas que Deus produz como
isinal do sobrenatural (esta última cláusula é importante; dife
rencia o milagre teológico do "milagre" vulgarmente entendi
do).
Se bem que feitos outrora inexjplicáveis ("milagrosos") se-
jam hoje perfeitamente inteligívéis, a hipótese de que a ciencia
venha a elucidar todos os fenómenos nao pode deixar de pare
cer gratuita e precipitada. A ciencia tem fornecido a explica-
^áo de muita coisa misteriosa, sim; mas sabemos que ela nao
apenas elucida enigmas; ao contrario, vai suscitando proble
mas novos, pondo em cheque proposigóes de física, química e
fciologia que até nossos tempos pareciam inabaláveis.
Em particular, os estudiosos professam hoje em dia nao
mais o determinismo absoluto das leis da natureza, mas uin
determinismo estadístico ou um relativo indeterminismo; admi-
tem que, no curso normal da natureza. há sempre lugar para
fenómenos que parecem derrogar ás leis habituáis do cosmos,
mas que nao se devem á intervengáo de algum Agente Supejiór.
No século passado era em nome do determinismo absoluto
que se rejeitava o milagre: julgava-se que a natureza nao admi
te excegóes. Em nossos tempos é, antes, em nome do relativo in
determinismo que se nega o milagre: o imprevisível, o contin
gente, diz-se, está dentro das previsoes mesmas da ciencia.
Diante desta nova formuiagáo do problema, observar-se-á
primeiramente: a historia, devidamente; autenticada; narra
prodigios de tal modo extraordinarios que, apesar da margem
de indeterminagáo da natureza, parecem ficar^fora das possi-
bilidades desta; por exemplo, a ressurreigáo de um cadáver já
em vias de putrefagao, mesmo á luz da ciencia otimista, nao
seria razoávelmente explicada pela mera combinagatf detorgas
físico-químicas e biológicas.
Admita-se, porém, que éste e semelhantes prodigios se
possam um dia entendérmela agáo de agentes naturais... Em

_ 18 —
tal hipótese, ainda fica lugar para o que em teología se chama
milagre: com efeito, o milagre nao é qualquer fenómeno extra
ordinario, nao é qualquer acontecimento que, por um motivo
desconhecido, escape ao curso habitual da natureza: o milagre
é, sim, um fato extraordinario que constitui um sinal de Deus.
Ao passo que nos outros casos de prodigios nao se sabe sempre
-indicar a respectiva causa, no caso de um auténtico milagre
teológico essa causa deve ser sempre patente: é Deus quem age
dando-se a reconhecer como Deus. Em outros termos: o mila
gre é o prodigio que se realiza num contexto religioso, com al-
guma referencia genuína (preces, voz abalizada de uní emissá-
rio...) á Onipoténcia Divina.
Em conseqüéncia, para se averiguar a existencia de um
milagre em Apologética, procurar-se-á
1) chegar á certeza de que o fenómeno focalizado é real
mente extraordinario, saindo fora do curso normal dos aconte-
cimentos. A éste trabalho se prestam geralmente os médicos,
que investigam se o paciente sofría mesmo de tal enfermidade,
se de fato está curado, se a cura foi realmente obtida sem in-
tervengáo da medicina... Caso se obtenha resposta positiva
para estes quesitos, ainda nao se pode afirmar ter havido mi
lagre no caso, mas será preciso
2) indagar se o fenómeno se deve á intervencao de Deus.
Éste exame, levado a termo por outros peritos, que investigam
o uso do nome de Deus feito no decorrer do acontecimento, a
honestidade moral, o equilibrio mental do beneficiario do pro
digio e de seus assistentes, os frutos produzidos pelo portento
(virtude, paz, conformidade com a vontade de Deus ou o con
trario) .
Se éste segundo exame leva a admitir a intervengáo de
Deus, tem-se entáo um auténtico milagre teológico, ou seja,
um fenómeno que talvez pudesse ter sido provocado únicamen
te por fórgas da natureza, más que, no caso, foi explícitamente
suscitado por Deus, a fim de atestar a existencia do Criador
ou algum de seus atributos; em suma, a fim de ser sinal de
Deus para os homens.
Assim entendido e comprovado, o que se chama "m'lagre"
em teologia conserva o seu valor de argumento de credibili-
daderÉ de notar, porém, que o Senhor nao quis fazer do mila
gre o argumento sempre necessário para despertar a fé. Esta
nao deve ser tal que só se origine e verifique a toques de mila
gre. Mesmo quando nao sé serve do milagre, Deus nao denega
ao homem outros elementos para discernir a credibilidade (luz
da mente, mogóes da graca, etc.).

_ 19 _
Pode-se ver a propósito o livro de Olivier Lerpi: Miracles,
Descíée de Brouwer 1951. Apresenta bom número de fatos ex
traordinarios, devidamente comprovados, os ouais se verifica-
ram como sinais de realidade sobrenatural.
3) "A Física moderna ensina que toda materia contém
energía. Será que esta proposicáo nao derraba o raciocinio ou
a primeira via pela qual Sao Tomaz demonstra a existencia de
Deus?"
As tres primeiras vías pelas quais S. Tomaz demonstra a
existencia de Deus, se reduzem a um denominador comuni:
argumentam a partir da contingencia — contingencia do mb-
vimento (1.a via), contingencia da causalidade (2.a via), con
tingencia do próprio ser (3.a via).
Eis, em particular, a primeira via, cuja validade é hoje em
dia contestada:
1) Há neste mundo movimento ou mudanga múltipla.
Verificagáo evidente.
2) Ora todo ser que se move, é movido por outro.
Com efeito, movimento diz transicáo do ser indeterminado
ao determinado, ou de tal determinagáo a tal outra. Essa tran
sicáo nao se explica por si mesma; se se explicasse por si, ela
se verificaría sempre, e nao contingentemente; além disto, o
mesmo sujeito deveria, simultáneamente e sob o mesmo ponto
de vista, ser indeterminado (ou carecer da deterrninaQáo que é
o termo do movimento) e determinado (para-poder ser causa
do movimento tal). Portanto, a dita transígáo tem sua razáo
de ser extrínseca, que a torna atual ou real. E essa razáo de
ser é o que se chama causa eficiente ou motriz.
3) Na serie das causas motrizes, deve haver urna, §u£re
ma e Absoluta, que explique o movimento das demais e' por
rienhuma outra seja explicada. Urna serie infinita de causas
motrizes dependentes e contingentes nada explicaría; seria
comparável a um canal que se prolongasse muito, mas fósse
destituido de fonte; ora, se nao há fonte, nao há nem interme
diarios (ou canal) nem há efeito.
Existe, portanto, um Principio de todo movimento, o qual
por si mesmo possui a sua atividade, sem depender de outro.
E tal Movente Absoluto é chamado Deus.
Comparemos agora éste raciocinio com os fládos da Física
recente.
A ciencia moderna ensina que a massa é conversível em
energía; a massa pode-se transformar em energía de determi
nado tipo (dinámico, motor); urna determinada energía, por
sua vez, pode-se transformar em outra (térmica, por exemplo).

— 20 —
Tal propósito-ijáo invalida o raciocinio da Metafísica.-Es
ta toma por ponto de partida a contingencia de tais transíor-
niagóes ou conversóes; os corpos de per si sao indiferentes ao
movimento ou ao repouso, á permanencia em tal estado ou á"
transigab a óütrtí; se sé tráñsformám, transíormam-se por agáo
de um agente extrínseco. É éste que explica porque, ápesar da
indiíerenga natural da massa, esta por vézes se acha em mo
vimento e nao ém repouso, em tal tipo de movimento e nao em

A necessidade de admitir urna causa determinante das


cónversóes físicas ainda leva o homem moderno a raciocinar
como fez S. Tomaz, na prirrieira via.

Alias, note-se que os dentistas, ao falar de energía, e os


filósofos, reíerindo-se a movimento, nao tém em vista o mesmo
objeto: o conceito de movimento dos filósofos abstrai de notas
particulares, e é de índole vasta, compreendendo qualquer mu
danza (local, nutritiva ou aumentativa), mudanga que sup5e
sempre imperfeigáo no corpo que se muda. Quanto á energia,
os cientistas nao a podem definir com exatidáo; descrevem-na
a partir de seu efeitos de índole física, química, matemática,
etc.
Sobre o assunto, existe sabio discurso do Santo Padre Pió
XII, dirigido á Academia Pontificia de Ciencias em 22 de ho-
vémbro de 1951. O Sumo Pontífice, examinando as provas da
existencia de Deus á luz da ciencia moderna, póe em realce
quanto as áescobertas dos cientistas concorrem para~sé afirmar
o movimento, a mutabilidade e a contingencia na natureza
(no macrocosmos — astros —, e no microcosmos — átomo);
os cientistas verificaram que táo vasto movimento se encami-
nha para üm estado de equilibrio ou entropia, ou seja, para
um fim; teve, pbis, um inicio, que se deve ter dado há uns cinco
bilhdes de anos. — Qüem lhe deu inicio? pergunta o Santo
Padre. Ao que responde: foi o Movente Absoluto que se chama
Deus ou ó Criador.

Interéssárite. é notar como neste discurso o Santo Padre


chama a átencló para á icontribuigáo positiva que a ciencia
moderna trouxé ás vias de S. Tomaz, principalmente ás tres
primeiras, as quais se reduzem a urna só: a via da contingencia
neste mundo.

Veja-se o documento* pontificio na revista "Verbum" IX


2 (junho de 1952) 235-244.

. 21
4) "Como responder á objecao táo divulgada: Todas as
religioes sao boas?"
Para responder á questáo, devemos observar a seguinte
distingáo: --••..'
1) Qualquer religiao é boa, se aquéle que a segué está,
plenamente convicto de que é a verdadeira religiao e cumpre
os seus preceitos com toda a fidelidade, de acordó com a sua
consciéncia. Assim quem de inteira boa fé e de maneira coeren?
te adere ao'islamismo, ao budismo ou ao protestantismo"; sem
jamáis conceber dúvida sobre a veracidade de sua crenga,
pode salvar-se e obter o céu. Contudo, para que isto se dé, re-
pitamo-lo, é necessária urna absoluta boa fé por parte do in
dividuo. Esta boa fé poderá ser um fato em regióes onde a
educagáo e a mentalidade do povo estejam unánimemente im
buidas de certa religiao (budismo, protestantismo...) seni
que naja controversia a respeito. A boa fé, em geral, se podé
pressupor mais fácilmente em gente simples, pouco instruida,
do que em pessoas de certa cultura e erudigao, conhecedoras
da historia.
2) Desde, porém, que nao haja no adepto de "tal" re
ligiao plena certeza de que está de posse da verdade; desdé
que, por meio de conversas, leituras ou coisa semelhante, lhe
sobrevenham dúvidas sobre a autenticidade do credo que
professa, é obrigado a indagar a verdade. Se, após as sua&
pesquisas, chegar á conclusáo de que outr'a é a'religiao ver
dadeira, estará obrigado a aderir a esta outra. Se, porém, naá
obtiver resultado claro, deverá seguir o que a consciéncia
lhe disser no momento (Deus, contudo, nao se costuma"^s5fi^
trair a quem o procura sinceramente).
A obrigagáo de nao permanecer em dúvida religiosa é-nos
imposta nao sómente por Deus, mas também pela dignidade-
humana. Com efeito, todo homem possui urna faculdade -^
a inteligencia — ordenada a apreender a verdade; éssá faU \
culdade só se dá por satisfeita quando alcanga a verdade. Nao
há quem nao sinta a repulsa natural ao erro, á dúvida; se;;
nao obstante, alguém permanece voluntariamente nestes, vio
lenta tou mutila a sua razáo, sua dignidade característica. A
natureza humana vem a ser, portento, a pfiméira a acusar a
individuo que, por descuido consciente, páctue com a incer
teza, a dúvida, arriscando-se a errar o seu caminhó na vida -
e perder o seu Fim último.
Embora todas as religioes em geral inculquem a prática.
da caridade-ecertos preceitos de Moral natural (desdobra-
mentos do imperativo "Paze o bem, evita' o mal"), cada urna

— 22 —
délas se norteia por certo Credo. Ora, para que a Religiáo seja
perfeita, é preciso que ela aponte nao só a Moral boa, mas
também o Credo verídico. Deve-se mesmo dizer que a Verdade
tem o primado sobre o Amor, a Moral e o Bem; ilumina-o, di-
rige-o. A Verdade,porém, é urna-so (dois e dois só podem dar
a soma "quatro"); por conseguinte, só pode haver u'a Moral
auténtica £só urna religiáo verdadeira. E a esta é que todos-
tém dé' procurar, desde que nSb possuam a certeza de a pro-
fessar. •
Em outros termos: o ideal do homem é agir nao sómenter
de boa fé (aderindo sinceramente a urna ideología qualquer) „
mas também segundo a verdadeira fé (aderindo sinceramente?
a urna ideologia verídica ou á Verdade). Contentar-se com me
nos do que isto equivale a injuriar a nobreza humana e insul
tar o Autor dessa nobreza, o Criador.
Veja-se a respeito E. Bettencourt, "A vida que comegav
com a morte" Rio de Janeiro 1958, c. 8.

5) "Queira indicar alguns argumentos racionáis qué-


provem a imortalidade da alma".

1) A alma humana possui o desejo inato de existir serrt


fim e exercer seus atos vitáis sem ruptura nem cessagáo de=
si mesma. Éste desejo se deriva do fato de que ela é capaz d&
conceber o ser simplesmente dito, abstraindo de notas que o«
tornem individual e restrito (assim o cávalo pode ser conce
bido pelo homem como um ser; da mesma forma, urna pédra^.
urna enanca-, o próprio Deus). Ora, conceberido o ser sem:
restrigáo, a alma humana nao pode déixar de o apetecer es
pontáneamente; nao pode deixar de desejar a existencia sem:
termo algum. , ....,...-■
A,tendencia a nao perder a.existencia, inata como é.enL
toda alma humana, só pode proyir do Autor da natúrezá ou-
do Criador. Disto se concluí que nao há de ser frustrada pu_
va; o Criador sumamente sábío nao teria feito urna criatura.,
espontáneamente tendente a um objetivo que ela nao possa,.
ou nao deya alcangar; tal criatura seria urna contradigáo, um.
absurdo, que deporia contra o seu Autor.
" Restad pois, afirmar que o desejo da alma humana de.'
ser e viver conscientemente sem conhecer fim, corresponde?
ao destino mesmo dessa alma. Sla é naturalmente imortal.
Note-se ainda o seguinte: embora o homem tenha horror
a perecer ou morrer, ele, pelo fato mesmo de ser composto des
corpo e alma, é contingente, traz em si o principio de sua>
decomposigáo ou morte. Sim; tudo que é composto, pelo fata»

— 23 —
méSmo de ser composto, tende a se decompor ou desagregar .
«m virtude do uso ou desgaste das partes componentes. Eor
conseguinte, o deseio ináto que o honiem tem de nao perecer,
■só se pode atuar (por via natural, nao suposta algumá ihtér-
vencao extraordinaria de Deus) na alma humana, que ríáo
•possui partes componentes. — A alma é, de resto, a parte ca
racterística do liomem, parte que lhe dá a sua personalidades'
A fé acrescenta que Deus gratuitamente restaurará a
Tiniáo da alma e do corpo após a morte do homem, ou* seja,
lio dia da ressu'rreigáo final.
2) A diferenga do corpo humano, á alma nao se compoe
de substancias químicas nem de materia e espirito, mas é
«spírito só, substancia simples. Em sua natureza, portante,
elá nao traz principio de desagregagáo, de destruicáo de si
-mesma (pois ela nao é um agregado). Disto se segué que a
alma humana por si nao perece.
É verdade que Deus, O Qual a tirou do nada por criagáo,
a poderia também reduzir ao nada; nenhuma criatura existe
necessáriamente ou por si; todo ser criado é contingente, só
Deus é necessário. Contudo Éste nao aniquila a alma, pois
-usa da sua Onipoténcia de maneira sabia; tendó feito urna
criatura desejosa dé se conservar sempre no ser, Ele riap con-
tradiz a essartendéncia.

E. T. (Rio de Janeiro):
"Como se poderia provar que o povó de Israel desdé os
-seus inicios foi monoteísta? Nao terá passado de urna forma
de religiao grosseira (totemismo, animismo, fetichism©*.pr?3-
para o culto de um só Deus?"

Julio Wellhausen (t 1918) e sua escola, basearído-se em


pressupostós da filosofía de Hegel, jülgavam que Israel pra-
ticou no tempo dos Patriarcas (séc. 18/17) urna religiáo bai-
xa; a partir de Moisés (séc. 13), porém, professou o monoteís
mo. Essa tese é muito mais o produto de um conceito filósó-
Jico do que o resultado da exegese dos documentos de Israel;
«la deveria ser bem fundada nos textos da Biblia, quando, na
■verdáde, a estes faz violencia. Levem-se em corisideragáo os
seguintes pontos: .
1) O testemunho dos documentos.
Desde os primeiros capítulos da Biblia, os autores israe
litas se referen! a um só Deus; assim, ao narrar á criagáo
(Gen 1,1-2,4), o texto sagrado menciona EL ou ELOHIM
(Deus), que tudo tira do nada por sua palavra todo-poderosa.

_ 24 —
É o mesmo e único Deus que aparece ñas historias de
Caim e Abel (Gen 4), do diluvio (Gen 6-9), da torre de Babel
(Gen 11). Segundo a crenga de Israel, portante (hoje com-
provada pela Etnología), a religiáo primitiva era monoteísta.
_ Na historia dos Patriarcas, que logo a seguir se abre (Gért
12-50), Ábráaó;~Isaque, Jaco e José invocam a Deus sob diver
sos nomes: "o Deus (El ou Elohim) de Abraáo" (Gen 26,24),
"o Deus de Isaque" (Gen 28,13), "o Terror de Jaco" (Gen.
31,42), "o Deus de Israel" (Gen 33,20), "o Deus de Bethel"
(Gen 31,13; 35,7). — Nao poucos críticos julgam que ésses
varios nomes correspondem a diversas .divindades ou ao poli
teísmo dos Patriarcas. A conclusáo, porém, está longe de se
impor; note-se que nenhuma dessas designagóes constituí um
nome próprio: EL, ELOHIM sao os nomes genéricos da Di-
vindade, aos quais se acrescentou um epíteto (... de Abraáo,.
de Isaque...) para dizer que Deus se comunicou a tal ou tai
Patriarca. Há mesmo textos que identificam o Deus de Isaque
com o Deus de seu pai (cf. Gen 26,23s), o Deus que se manifes-
tou a Moisés com "o Deus dos Pais, o Deus de Abraáo, o Deus-
de Isaque, o Deus de Jaco" (cf. Éx 3,15).
Ésse Deus dos Patriarcas nao é urna divindade local, se-
nhor de urna única regiáo apenas (como nao raro professava
o politeísmo); ao contrario, Ele acompanha os Patriarcas em
suas migragóes para Canaá, para o Egito, para o territorio-
arameu (cf. Gen 12,7; 15,7; 24,48; 30,27.30; 39,2s.21-23); é
mesmo "o Juiz da térra inteira" (Gen 18,25), "o Deus do céu
e da térra" (Gen 24,3), "Aquéle a quem toda a térra pertence"
(cf. Éx 19,5), "o Deus dos espirites que animam toda a carne""
(Núm 16,22; 27,16). — Assim caracterizado, o Deus dos Pa
triarcas tem sido equiparado ao Ser Supremo, Pai de todos,.
AUfather, que ainda muitos povos primitivos cultuam (obser-
va-se, porém, que o Deus de Israel é mais próximo dos ho-
mens do que o AUfather).
No séc. 13, sob o Legislador Moisés, o monoteísmo dos Pa
triarcas se tornou ainda mais influente na vida de Israel. Ma-
nifestando-se a Moisés, Deus inculcou ser o Senhor absoluto,,
o Rei de Israel (cf. Éx 15,18; 19,6; Núm 23,21); nao toleraría
outro culto ao lado do que Lhe era devido (cf- Éx 20,3; Dt
5,7); "Sonde a proibigáo de se fazer alguma imágem dé Déus;
imagem que poderia sugerir a existencia de outros seres divi
nos tais como os admitiam as nagóes vizinhas de Israel (cL
•Éx 20,4-6).
Éste exclusivismo é característico do Deus de Moisés ou
de Israel, e bem alheio ao conceito de Divindade dos antigos

25
povos civilizados. No Egito, por exemplo, o rei Amenófis IV
• (1375-1360, pouca mais de um século antes de Moisés) tentou
Tima reforma religiosa monoteísta, impondo como único Deus
■o Rei solar Aton; nao obstante, Amenófis se dizia "o favorito
das deusas", "o filho oriundo da carne de Aton", e quería que
■seus cortesáos o chamassem "Deus".

2) Urna objegáo. ^ .„._

O fato de que o Deus de Israel tinha um nome próprio —


■Javé — nao significaría que os israelitas o queriam * assiín
distinguir de outros deuses cuja existencia éles admitiam?
— Lembremo-nos de que o nome para os antigos nao era
apenas um título atribuido extrínsecamente a determinada
entidade, para a diferengar de seus semelhantes. Nao; julga-
vam que o nome fazia "parte integrante" da personalidade,
«xprimia as notas íntimas, a ésséncia do objeto nomeado;
aquilo que nao tivesse nome, seria julgado inexistente. Por
isto é que Moisés mandado por Deus para anunciar aos israe
litas a libertasáo do cativeiro egipcio, previa que lhe pergun-
tariam qual o nome, isto é, qual a esséncia, o misterio íntimo,
de Deus (El ou Elohim} tao poderoso e magnánimo. Recebeu
«ntao a revelacáo de que Deus (El ou Elohim) é "Aquélé que
■é" (Jahveh). Aquéle que possui o ser por si e em plenitude,
Aquéle, portante, que nao desfalece e a Quem nada pode re
sistir, pois qualquer poder ao seu lado nao é ("aquilo que nao
é"). — Como se vé, a revelagáo do nome "Javé" a Moisés cor
respondente a urna exigencia da mentalidade antiga; nao
pressupóe a necessidade de distinguir o Deus de Israel dps
deuses de outros povos. **y^*-

3) Urna observacáo filológica.

Verifica-se que ñas religióes dos povos que cercavam Is


rael, ao lado de um ou mais deuses masculinos, eram cultua-
das urna ou mais figuras femininas ou deusas; estas, alias,
costumam aparecer ñas diversas modalidades do politeísmo.
Pois bem; a.língua hebraica nao possui sequer palavra pr.ó-
pria para dizer "deusa". Esta carencia de vocábulo persistiu
por toda a historia da língua, embora os israelistas se sentis-
sem atraídos ao culto da deusa feminina Astarte (cf. 3 Rs
14,23; 15,13; 4 Rs 18,4; Jer 2,27; 7,18; 44,17; Ez 8,5); per-
sistiu; embora os iudens de Elefantina- (Egito) -no sée.- 5.° a.
C. tenham adorado as deusas Anath-Jahu e Anath-Bethel.
— Éste fenómeno pode ser tido como comprovante de que o
politeísmo nao foi a religiáo primordial de Israel.

— 26 —
4) . Urna reflexáo sobre a historia.
A passagem de Israel politeísta para o monoteísmo consti
tuiría um caso único, inexplicável, na historia antiga. Com
efeito, os povos pré-cristáos do Oriente tendiam nao' á redu-
c.áo, mas á multiplicagáo dos seres divinos; com as figuras
dos deuses dos povos vencidos, iam éles enriquecendo os seus
santuarios (ou panteons). Por conseguinte, a tese de Wéllhau-
sen supóe de certo modo urna intervengáo preternatural ou
sobrenatural no curso da historia antiga; porque entáo nao
admitir que essa interverigaó"se deu nos inicios mesmos do
povo de Israel, ou seja, na vocagáo de AbraSo (por volta dé
1800 a.C.), a quem Deus revelou a religiáo monoteísta caracte
rística dessa ñagáo (ou a quem Deus restaurou a consciéncia
do monoteísmo primitivo da humanidade) ?

A. C. (Rio-de Janeiro):
"Qual a relacáo que existe entre pecado e doenea?"

A doenga, considerada em si, é urna conseqüéncia na


tural do desequilibrio oü-desgate dos órgáos e humores que
constituem o corpo humano. Decorre, pois, do fato de ser o
corpo um composto de elementos sujeitos a sofrer desajusta-
mento entre si. A possibilidade de adoecer é assim inerente ao
conceito mesmo de natureza humana.
A fé, porém, ensina que a doenga, como ela hoje ocorre,
nao é fenómeno meramente natural.
Deus, ao criar os primeiros pais no estado de inocencia,
houve por bem conferir-lhes o privilegio de evitar a doenga e
a própria morte (dons da impassibilidade e da imortalidade).
Caso perseverassem na amizade com Deus, nao sómente te-
riam sido isentos de qualquer molestia, mas também have-
riam gerado filhos possuidores da mesma prerrogativa.
Aconteceu, porém, que os primeiros pais pecaram. Em
conseqüéncia, perderam o dom da impassibilidade; os acha-"
ques físicos ficaram sendo a sorte do género humano. Disto se
segué que a dóenga que hoje acomete o homem, tem caráter
religioso, é efeito de um pecado, de urna revolta contra Deus.
_— De passagem, pode-se notar que também entre os po
vos primitivos ainda existentes (pigmeus, tribos de indios,
etc.) está espalhada a crenga de que a doenga e a morte en-
traram no mundo por efeito de urna desobediencia dos ho-
mens contra o seu Autor.
Contudo nao se poderia dizer que a molestia é sempre
conseqüéncia de pecado cometido pessoalmente pelo indiví-

27
dúo doente. Era esta crenga errónea que tornava perplexo o
caso de Jó no Antigo Testamento: embora devorado pela lepra,
éste justo nao tinha consciéncia de hayer gravemente ofen
dido a Deus, como julgavam os seus tres amigos. Depois de
referir os debates entre o enfermo e seus visitantes, o livro de
Jó dá finalmente a ver que Deus pode permitir a doenc.a mes-
mo no homem virtuoso, a fim de comproyar a sua fé e libertá-
-lo das ilusóes que a concupiscencia e o mundo inspiram.
Alias, depois que Cristo tomóu sobre Si as conseqüén-
cias do pecado, as nossas miserias, inclusive, a doenga, adqui-
riram valor novo, muito positivo: se a abragamos em uniSo
com Jesús, ou seja, em espirito de expiagáo pelo pecado, a
molestia vem a ser nossa cruz salvífica que, á semelhanca da
cruz de Cristo, nos prepara para a ressurreigáo e a vida eter
na. Nunca é a título de mero castigo que Deus envia a doen
ga, mas é sempre com o fim providencial de santificar os
homens, de os ajudar a se emancipar da natureza egoísta
numa adesao mais perfeita ao Sumo Bem.

"Se morrermos com file (Cristo), viveremos com Ele.


Se padecermos com Ele, reinaremos com Ele".

(S. Paulo, 2 Tim 2,11-12).

MINEIRO (Belo Horizonte):

1) "Quais as exigencias litúrgicas para que seja consa


grado um altar?
2) O altar deverá ser de pedra; esta pedra deverá neces^
sanamente atingir a rocha, mesmo sendo esta profunda^"*-
3) Poderá o altar consagrado levar revestitnento de ma-
deira no frontal e nos lados?"
Para que um altar possa válidamente ser consagrado,,
requer-se: .
1) seja imóvel, isto é, conste de urna superficie de me
sa, firmemente assentada sobre a sua base ou o seu suporte;
2) tenha um "sepulcro" ou urna abertura recoberta por
urna placa de pedra, sepulcro em que se guardem reliquias
dos santos. "
Veja o Código de Direito Canónico can. 1198.
Tres sao, portanto, os elementos a considerar na constru-
gáo de um altar que se queira consagrar: a superficie da me
sa, a base ou o suporte dessa superficie, o sepulcro.
A mesa do altar. Deve constar de um único bloco de pe-
dxa natural (nao fabricada artificialmente). Exclui-se, em

— 28 —
conseqüéncia, urna, pedra quebrada em dois ou mais fragmen
tos. '''
A pedra nao deve ser írágil. Por isto há de ter certa gros-
sura (o que, de resto, também é exigido para que nela se possa
cavar o sepulcro); diz-se mesmo que, quanto mais grossa
fór a superficie da mesa, tanto mais digno será o altar; jul-
gam os autores que, no caso, nao se deve admitir espessura
inferior a 7 cm. As restantes dimensóes da mesa, embora o
Direito Canónico nao as prescreva¡ deveráo no mínimo atin
gir 1,70 m de comprimento e 0,50 de largura, a fim de que a
Liturgia possa ser decorosamente celebrada.
Sobre a face superior da mesa esculpir-se-áo cinco cru-
zes: urna no centro e urna em cada canto.
A base do altar. A base do altar é o trono ou os suportes
sobre os quais repousa a superficie da mesa. Consta de pedra
natural; nao se requer, porém, urna só pega, sendo lícito usar
pedacos diversos. A base deverá estar firmemente presa tanto
ao solo como á superficie da mesa; nao é necessário, contu-
do, que o fundamento atinja a rocha do solo (haja vista o
que se dá ñas igrejas consagradas cujo altar-mor está colo
cado por cima de urna cripta).
A base ideal para um altar é maciga e ocupa todo o espa
go situado entre a superficie da mesa e o pavimento da igreja.
Admite-se, porém, o uso de quatro colunas (urna ou duas nao
bastam) que sustentan a superficie da mesa apenas em seus
quatro cantos; é igualmente lícito colocar urna placa de pe
dra como suporte da retaguarda do altar, e duas colunas a sus
tentar a parte anterior do mesmo.
Merece particular estima o altar todo confeccionado de
um único bloco de pedra, o qual sirva, ao mesmo tempo, de
base e de superficie de mesa. Nada se opoe a que sejam reves
tidos de madeira o frontal e os lados do altar; quando recen-
temente sé consagrou o altar-mor da igreja abacial de Sao
Bento, em Olinda (Pernambuco), aproveitou-se como capa
do novo bloco de pedra o precioso madeiramento colonial dó
antigo altar.
O sepulcro do altar. Deve ser cavado de preferencia na
superficie da mesa ou, caso as reliquias sejam muito grandes,
ñas faces (anterior, posterior ou superior) do tronco.
Ulteriores indicagóes poderáo ser colhidas na obra de
Mons. Joaquim Nabuco, "Pontificalis Romani Fxposit'o juri-
dico-practica I". Petrópolis (Vozes) 1945, 27-166. \

Dom Estéváo Bettencourt, O. S. B. *

— 29 _ . •;
ERRATA

Concernente a "Pergunte e Responderemos" 2/1957

A última-edicáo de "P.R." 2/1957 traz, entre outros, os seguintes


erros tipográficos, que nossos leitorés fariam o favor de corrigir:

Pág. 14, 1. 10, inicio: ler Os cristáos na antigüidade, movidos pelo


mesmo intuito,
1. 12 inicio: ler María Santíssima e a Sta. Ana.
1. 22: ler sentenga de Gen 3,16: Em meto á dor has.
penúltima linha: ler comecou-se a jalar.
Pág. 15, 1. 25: em vez de declaragóes, ler alocugoes.
Pág. 16, 1. 8: em vez de o incremento de cometer, ler o perigo
de se cometerem.
1. 22: em vez de castgo, ler castigo.
1. 24: em vez de simultanamente, ler simultáneamente.
Pág. 18, 1. 13: em vez de intelegível a hipótse, ler inteligíveis, o
hipótese.
1. 27: em vez de julga-se, ler julgava-se.
Pág. 19, 1. 12: em vez de ordinario, ler extraordinario.
1. 22: em vez de honestidade, moral ler honestidade
moral.
1. 4 de baixo para cima: em vez de Leroá, ler Leroi.
Pág. 20, 1. 8/9: ler movimento (1.a via), contingencia da causa-
lidade (2.a via), contingencia do próprio ser
(3.a uta).
1. 10: ler o pñmeira via, cuja.
1. 30: ler ha fonte, nao há.
Pág. 21, 1 12: em vez de objetivo, ler objeto.
24: em vez de nos, ler no.
1 29: em vez de milhóes, ler bilhóes.
Pág. 22, 1 '1: em vez de segué plenamente, ler segué, está ple
namente.
1. 7/8: ler para que isto se dé, repitamo-lo, ó necessária.
1. 19: em vez de perguntas, ler pesquisas.
1. 28: em vez de aprender, ler apreender.
1. 4 de baixo para cima: em vez de nao só que cía
aponte, ler que ela aponte nao só.
Pág. 23, 1. 1: em vez de "quatro, ler "quatro".
Pág. 25, 1. 7: ler "o Deus de Betel" (.Gen 31,13;
1. 23 inicio: ler (cf. Gen 12,7; 15,7;
1. 30 fim: ler Allfather).
Pág. 26, 1. 1: ler "o jilho oriundo.
1. 15: em vez de ministerio, ler misterio.
1. 18: em vez de plenitude. Aquéle, ler plenitude, Aquéle.
1. 32: em vez de Astartú, ler Astarte.
Pág. 27, 1. 32: em vez de jeito, ler ejeito.
Pág. 28, L 3: em vez de entre enjérmo, ler entre o enjérmo.
1. 17 fim: ler Ele;
Pág. 29, 1. 16: em vez de suprjície, ler super/ície.
1. 17: em vez de «isto, ler vista.
Caro amigo, nao há quem nao se ponha a pensar e nao
conceba sem demora importantes problemas ("Aflnal que faco
neste mundo? Qual o sentido da vida presente? Que se lhe
seguirá?"). Nao sufoque nem despreze essas questóés. Sem luz
sobre tais assuntos ninguém se pode sentir plenamente tranquilo
e felií. ;

Para o ajudar na procura das solucSes que lhe ínteressam, ■


V. S. tem . ji sua disposicáo urna Caixa Postal e um fascículo
mensal de 40 páginas publicado" sob os cuidados de D. "Éstéváo
Bettencourt O. S. B. Poderá propor questóes filosóficas, moráis
e religiosas ao seguinte endereco:

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS"

Caixa Postal 2666

Rio de Janeiro

A resposta será enviada gratuitamente a V. S. em fascículo


impresso. Quelra, pois, indicar endereco e pseudónimo.

A colecto dos fascículos "Pergunte e Responderemos" póde


se obtcr também por assinatura (a serie se iniclou em marco
de 1937). Preco da assinatura anual: Cr§ 100,00. Número avulso:
Cr$ 10,00. Pedidos ao Instituto Pió X, Rúa Real Grandeza 108,
Botafogo — Rio de Janeiro (tel.: 26-1822).

N. B.: — Tudo que se refere á REDAC.AO deve ser enviado


a D. Estéváo Bettencourt O. S. B. (ou 'Tergunle e Respondere
mos"), Caixa Postal 2666, Rio de Janeiro. O que diz resuelto
á ADMINISTRACAO seJa dirigido a Diretoria do Instituto Pió
X, Rúa Real Grandeza 108, Botafogo, Rio de Janeiro, ^»«*~íT

Rio de Janeiro:
Instituto Pió X do Rio de Janeiro — R. Real Grandeza, 108 —
Botafogo.

Hvraria "Lumen Christi" — Caixa Postal 2666;

Livraria "Vo2es Ltd." — R. Senador Dantas,118-A;


Livraria Missionária — R. 7 de Setembro, 65-A;

Livraria Agir — Caixa Postal 3921;

Livraria Dom Bosco — R. da Gloria, 106

• Sao Paulo (Capital).


Edicóes Paulinas — Praca da Sé 184 — 1.° Andar.

• Rio Grande do Sul:


Livraria Tabajara _ C. Postal 1918 — P6rto Alegre

• Minas Gerais:
Livraria. Editora "Lar Católico" — C. Postal 73 — Juiz de Fora.
CGLECAO PIÓ X

I — Missa IX, explicacSes técnicas — por Ir. M. Rose*


Porto, o. p. —12 págs. 10,00

II — Principios rítmicos da Escola de Solesmes — por


Dora Mocquereau, m. b. — (trad. de Ir. M. Rose,
o. p.) — 25 págs. 15,00

III — Aulas de Música gregoriana — por A. Le Guen-


nant, Diretor do Instituto Gregoriano de París-
(trad. e adaptacáo por Ir. M. Rose, o. p.) — 58-
pág. 20,00

IV — "Cantare! com o espirito, cantarei com a inteli


gencia" — por Dom Esteváo Bettencourt, O.S.B.
— 205 págs. . 60,00

V — Canto Gregoriano — 1.° livro, teórico e prático


— por Irma M. Rose Porto, o. p. (2.a edi§áo) —'■■
240 págs. 150,00-

VI — Revista Gregoriana — órgáo do "Instituto Pió*


X do R. de Janeiro" — Assinatura: 100,00 (S-
n.°s de 60 págs. cada) — avulso, 20,00.

VTI — Sagrada Escritura, manual de oracáo — por D..


Estéváo Bettencourt, O.SB. — A unidade: 2,00
— O cento: 140,00

VIII — Sagrada Escritura no Rosario, por D. Estéváo


Bettencourt, O.S.B. — A unidade: 1,50 — O
cento: 100,00.
"PERGUNTE E RESPONDEREMOS"
REDA^AO ADMINISTRACAO
<€aixa Postal 2666 r. Reai Grandeza, 108 — Botafogo
Kio de Janeiro Tel.: 26-1823 — Rio de Janeiro

Potrebbero piacerti anche