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CONTABILIDADE E AUDITORIA
1. Introdução 2
5. A Auditoria Social 15
7. Conclusão 31
8. Bibliografia 32
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1. INTRODUÇÃO
2
2. A NOVA GESTÃO PÚBLICA
3
Central que acabaram por influenciar e condicionar a agenda da reforma e
modernização dos Governos Locais.
É extremamente difícil definir a Nova Gestão Pública como modelo de gestão
(McLaughlin, 2002), na medida em que esta denominação serviu
essencialmente para identificar os esforços levados a cabo nas últimas
décadas do século XX, para modernizar e reformular o modelo de gestão
pública até então existente.
Segundo Warrington (1997), o modelo de gestão que caracteriza a Nova
Gestão Pública, procura organizar e operacionalizar os seus agentes de forma
a:
- Melhorar o se desempenho;
- Aumentar a sua eficiência;
- Evitar a corrupção;
- Orientar a Administração Pública à sociedade;
- Torná-la mais transparente e idónea;
- Definir e identificar competências e responsabilidades;
- Evitar o desperdício
No entender de Rodrigues e Araújo (2005), factores económico-financeiros,
ideológico/políticos, a falência do próprio modelo e as pressões internacionais
representaram um novo paradigma no seio da gestão pública tradicional.
Começou então a ganhar força a ideia que a regulamentação, as imposições
fiscais, a criação de instituições e estruturas estatais constituía um obstáculo
tanto ao crescimento como ao desenvolvimento económico (Korbi, 2000).
Outros pensadores como Withe (1989) e Rhodes (1996), entre outros,
direccionaram os seus estudos para o recurso à competição e à liberalização
dos mercados, opondo-se claramente ao crescimento e alargamento das
funções do Estado. Também a liberalização dos mercados e a abolição das
fronteiras vieram colocar a nu as carências de cada país, relevando assim a
competitividade das respectivas economias, o que obrigou os Estados a
reestruturarem os seus modelos de gestão e práticas administrativas.
No que diz respeito à inovação nos processos de gestão, a Nova Gestão
Pública contempla a introdução de ferramentas e mecanismos do sector
privado, tendo em vista uma gestão pública eficiente (Rodrigues e Araújo,
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2005). Denhardt e Denhardt (2000) referem as seguintes dimensões tendo em
vista a introdução de novas práticas de gestão:
- Gestão profissional: Perfeita clarificação das funções do gestor público.
Libertar a gestão pública de questões de confiança política e entregá-la à
confiança de gestão tendo sempre em vista a eficiência.
- Medidas de desempenho: Clarificação da missão de cada agente da
administração pública. Perfeita definição dos objectivos a serem cumpridos e
as respectivas recompensas. Saber identificar os desperdícios e premiar o
mérito.
- Mais transparência na relação custo/benefício: Implementação de uma
contabilidade analítica capaz de apurar convenientemente a relação
custo/benefício, permitindo assim aferir a real necessidade de recorrer ao
mercado privado.
- Mais responsabilização: O aumento do rigor na gestão permite
inequivocamente identificar o rosto do responsável e conhecer de forma
explícita as suas acções.
- Mais competição: Criar condições, através da utilização de mecanismos de
mercado, para incentivar a iniciativa privada.
- Introdução de instrumentos da gestão privada: Flexibilizar a gestão, definir
claramente objectivos, delinear estratégias de actuação devidamente
adequadas.
- Mais ênfase na qualidade de serviço: Interiorização da noção que a relação
entre o cidadão e o serviço público, deve ser pautada pelos moldes do sector
privado, permitindo assim obter uma diferenciação pela qualidade.
É através de uma plena separação de funções, em que as estruturas
administrativas se apresentam como unidades produtivas e o Estado como
entidade reguladora, ocupando uma posição maioritariamente financiadora e
decisória das Políticas Públicas, que as organizações passam a ocupar
campos de acção especializados e devidamente identificados. É a partir daqui
que se consegue uma maior capacidade de controlo sobre o desempenho do
gestor e da unidade organizacional, avaliar a origem dos desvios e
consequentemente estabelecer uma plano de acção para corrigi-los (Rodrigues
e Araújo, 2005). Desta forma as estruturas tradicionais dão lugar às estruturas
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organizacionais de acordo com a Nova Gestão Pública, conforme demonstra o
quadro 1.
O advento da Nova Gestão Pública veio implicar uma nova postura dos
agentes da Administração face ao cidadão, obrigando assim os gestores
públicos a uma maior responsabilidade na gestão da “coisa pública”. Esta terá
de forçosamente ser gerida com critérios de eficiência (Marques e Almeida,
2004). A grande tarefa das Administrações Públicas, será a de manter o
equilíbrio entre governabilidade e o desenvolvimento sustentável. Para tal terá
de dispor de sistemas de informação que permitam traçar objectivos
estratégicos e avaliar resultados num processo de melhoria contínua que se
auto - alimenta e garante a eficácia governativa (Sousa, 2005). A contabilidade
e a auditoria têm aí um papel fundamental.
6
3.1. O CONTROLO
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recursos públicos (escassos). É precisamente aqui que é necessária uma
intervenção dos órgãos de fiscalização. Por exemplo, em Portugal o sistema de
controlo das finanças públicas está organizado da seguinte forma:
Controlo Externo
Assembleia da República Tribunal de Contas
Controlo Financeiro
Controlo Político
(Técnico e Jurisdicional)
Controlo Interno
3º Nível
(Controlo Estratégico)
TUTELA
2º Nível (Controlo Sectorial)
1º Nível
(Controlo Operacional)
Entidade
Auto - controlo
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dois tipos de poderes: o poder de controlo financeiro e o poder jurisdicional
(Tribunal de Contas, 2008).
Do enquadramento legal fornecido pela Constituição da República resulta que
o controlo exercido pelo Tribunal de Contas pode ser:
- Prévio
- Concomitante
- Sucessivo
O controlo prévio destina-se a verificar se os instrumentos geradores de
despesa ou representativos de responsabilidades financeiras directas ou
indirectas, se encontram em conformidade com a lei e têm cabimento
orçamental. O controlo sucessivo visa a apreciação da execução orçamental do
Orçamento do Estado e dos orçamentos das regiões autónomas, avaliar os
sistemas de controlo interno, bem como proceder a auditorias de contas. O
controlo concomitante, cada vez mais utilizado pelo Tribunal de Contas, tem
como objectivo avaliar o decorrer da gestão relativamente à execução de actos,
contratos, orçamentos, programas e projectos e, em geral, o desenvolvimento
da actividade financeira.
A auditoria é portanto o meio fundamental da acção controladora do Tribunal
de Contas, no contexto da Nova Gestão Pública.
3.2. A AUDITORIA
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INTOSAI agrupa as entidades fiscalizadoras superiores (órgãos de controlo
externo dos Estados membros). As suas normas aprovadas em Outubro de
1991 constituem uma referência para a auditoria do sector público (Marques e
Almeida, 2004).
Estabelecendo uma comparação entre a auditoria no sector público e a do
sector privado, facilmente se conclui que ainda existe uma grande distância
entre o trabalho desenvolvido num sector e no outro. Desde logo no sector
privado o grande objectivo da auditoria prende-se com o facto das
demonstrações financeiras reflectirem uma imagem verdadeira e apropriada da
situação financeira, dos resultados e também dos fluxos de caixa. No sector
público a grande preocupação é a gestão dos recursos públicos e o
cumprimento de critérios de legalidade.
Segundo Marques e Almeida (2004), o advento da Nova Gestão Pública veio
proporcionar ao cidadão a ocupação de um lugar de destaque em todo o
processo, na medida em que, face ao pagamento dos impostos, este tem
direito ao acesso a toda a informação financeira pública. É neste contexto que
a auditoria externa assume um papel preponderante, pois a fiabilidade das
contas só é considerada quando acompanhada do relatório de auditoria. A
auditoria operativa ou de economia, tendo em vista a eficiência e a eficácia,
ocupa lugar de destaque no âmbito na Nova Gestão Pública, pois introduz
novos conceitos de gestão (por objectivos).
A contabilidade pública tem sido uma peça fundamental em todo o processo de
reforma da administração pública, contudo têm existido enormes dificuldades
face à resistência demonstrada por determinadas organizações. Esta situação
tem conduzido a um reforço cada vez maior do papel da auditoria pública, no
sentido de aferir a correcta aplicação dos recursos públicos, numa perspectiva
de controlo de gestão.
Humphrey (1991), citado por Costa et al (2006), refere que, basicamente
existem três teorias que procuram justificar a utilidade da auditoria:
- A teoria da agência, que partindo do princípio que a gestão das instituições
públicas e privadas, assenta numa relação de agência, é do próprio interesse
do agente a contratação de um auditor de forma a esbater-se os custos da
relação conflituosa entre ele próprio e a organização.
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- A teoria da análise custo – benefício, que numa perspectiva de envolvimento
de todos os grupos interessados na gestão da organização, é
economicamente mais vantajoso contratar um auditor, na medida em que a
fiabilidade da informação ganha outra amplitude.
- A última teoria, directamente relacionada com o sector público, fundamenta-
se no interesse público da função: a presença do auditor provoca um efeito
dissuasor sobre práticas indesejáveis de gestão e apresentação das contas.
Na realidade é a boa gestão que releva a actividade da auditoria, pois ao
Estado são-lhe atribuídas características específicas, diferentes das empresas
privadas, isto é, características despidas de competitividade, decisões tomadas
de forma lenta e por vezes complexa e sobretudo forte reacção às mudanças,
daí a necessidade de realização de auditorias.
A Declaração de Lima, resultante da XI Reunião Ibero – Americana de Chefes
de Estado e de Governo (Novembro, 2001), sobre as linhas básicas da
fiscalização, aprovadas no IX Congresso da INTOSAI (Marques e Almeida,
2004), veio clarificar a necessária relação entre o controlo e a economia
financeira pública. A auditoria foi então considerada como uma técnica ao
serviço do controlo, não devendo considerar-se como um fim em si mesma,
pois dada a multiplicidade de objectivos de controlo surgem diversos tipos de
auditoria. Para cada tipo de objectivo, assim devem ser as técnicas e
procedimentos de auditoria, tem de forçosamente existir uma adaptação face
aos fins pretendidos. Podemos então considerar diversos tipos de auditoria, em
função dos objectivos a atingir:
- Auditoria financeira
Auditoria de
- Auditoria do cumprimento regularidade
da legalidade
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A reforma da gestão pública visa essencialmente deliberar mudanças para as
diversas estruturas e respectivos processos de organização com o objectivo de
obter delas uma melhor qualidade de serviço para o cidadão (Pollit, 2001).
Neste âmbito, de acordo com Thyne (2003), embora seja reconhecido que a
reforma da gestão pública é relevante para qualquer país, é necessário ter
atenção às respectivas características institucionais, a fim de se poder estimar
com elevado nível de certeza o impacto dessa reforma na actividade
económica desse país.
A Dinamarca representa um país onde a reforma da gestão pública foi
efectuada de forma pragmática, envolvendo elementos da mais variada ordem.
Greve (2006), considera este país como um verdadeiro “laboratório” de ideias
da gestão pública.
O sector público dinamarquês está alicerçado sob duas tendências:
centralização e descentralização. Trata-se de um sector público
descentralizado na medida em que existe uma forte ênfase na autonomia do
poder local, permitindo aos políticos chegar rapidamente aos problemas dos
cidadãos. Por outro lado é centralizado e controlado por um Estado organizado
e monárquico, garantindo-lhe assim muita consistência. O sistema
administrativo possui três esferas de actuação: a nível central, a nível regional
e a nível local. Os governos regionais são responsáveis pela gestão dos
hospitais, o ensino secundário, formação profissional, os transportes públicos e
o bem-estar social dos deficientes. Os governos locais são responsáveis pela
gestão das medidas sociais implementadas, pela infância (escolas primárias e
creches), pelas actividades de lazer e pelo acompanhamento aos idosos.
Segundo Greve (2006), a principal característica do sistema de administração
pública dinamarquês é a institucionalização da autonomia, havendo contudo,
uma permanente cooperação entre os diferentes níveis de governo,
assegurada por instituições de coordenação
Os cidadãos dinamarqueses expressam uma contínua confiança relativamente
ao poder político e um elevado nível de satisfação para com os serviços
públicos, aliás o modelo de gestão pública da Dinamarca caracteriza-se pelo
compromisso permanente, por parte do Ministério das Finanças, na
manutenção de um estado de bem-estar entre os cidadãos e a qualidade dos
serviços públicos. É claro, que como em qualquer outro país, os
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dinamarqueses também gostariam de ter uma carga fiscal mais aliviada,
contudo, contrariamente ao que acontece em países como por exemplo os
EUA, onde a desconfiança e o descontentamento face à administração pública
é evidente, na Dinamarca existe uma perfeita empatia entre cidadãos e
administração pública, pois o Estado “oferece” excelentes contrapartidas. A
interacção entre cidadãos e administração pública, não é caracterizada pela
existência de grupos de interesse institucionalizados Saliente-se que a
Dinamarca é considerado um país não corrupto, só ultrapassado pela Finlândia
e Suécia nos últimos anos (Greve, 2006).
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Dinamarca num dos países a adoptar a contabilidade patrimonial, facilitando
assim a comparação das demonstrações financeiras do sector público com o
sector privado.
Dado que a Dinamarca é um país fortemente influenciado pela Nova Gestão
Pública, tendo já incorporado a maior parte das ferramentas de gestão
adequadas, as características específicas do sector público têm proporcionado
a implementação da Nova Gestão Pública de forma gradual, uma vez que,
devido à autonomia dos diversos ministérios, permite a liberdade para
determinar o próprio modelo de gestão pública Greve (2006).
5. A AUDITORIA SOCIAL
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A Auditoria Social pode ser definida, segundo Gonella et al (1998), citado por
Marcuello et. al., como o “processo regular e externo para compreender, medir,
informar e melhorar as realizações sociais de uma organização, basicamente
através do diálogo com os participantes”. É neste sentido que merece um
destaque diferenciador entre a auditoria financeira, seja em empresas privadas,
seja em entidades públicas, e esta nova auditoria social, também ela aplicável
em ambos os casos. Na realidade conclui-se que as entidades têm:
1 - Outros interessados para além dos financiadores – os stakeholders a vários
níveis como os trabalhadores, os utilizadores/clientes, os fornecedores, etc;
2 - Outras responsabilidades para além das financeiras – a avaliação do
impacto social da entidade;
3 - Outras formas de apresentar contas para além do relatório anexo ao
balanço e demonstrações de resultados ou as certificações de auditorias – as
informações aos stakeholders, ou os relatórios de sustentabilidade.
De facto são principalmente os parceiros mais fracos, por não deterem um
poder convincente de mudança que mais poderão beneficiar desta estrutura
controladora, esta sim investida de poder suficiente para inquirir e para propor
mudanças.
Ávila (2006), refere como potencialidades da Auditoria Social as seguintes:
1 - São um meio de participação activa da cidadania;
2 - Levanta a auto estima da cidadania ao obter os meios idóneos de fazer-se
escutar, seja na queixa, no protesto, ou na proposta;
3 - Completa os espaços não cobertos pelos controladores do Estado;
4 - São um complemento de investigação, avaliação, e controlo, para as
entidades responsáveis no Estado pelo controlo;
5 - Com uma visão integradora, contribuem para a melhoria económica, social
e política das comunidades;
6 - Fortalecem as organizações da sociedade civil;
7 - Contribuem para o fortalecimento da democracia e da governabilidade.
Podemos referir como pilares da Auditoria Social:
a) Os parceiros sociais;
b) A informação a prestar;
c) A independência na verificação.
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Não existe uma normalização internacional de carácter obrigatório. Se as
grandes empresas seguem as indicações da GRI – Global Reporting Initiative,
muitas vezes mais por marketing do que por sensibilização, as restantes
instituições não se têm apoiado em outro tipo de regulamentação e por esse
motivo as experiências são variadas e muito diversificadas. Como base,
apenas, se concorda em apoiar-se no que se chama a “triple bottom line”, a
informação económica, social e ambiental.
Marcuello et al, propõe, como passos para desenhar uma Auditoria Social:
1. Planificação – configurar os parceiros sociais mais interessados e os
compromissos a desenvolver entre estes e a entidade;
2. Escrituração – com o registo e recolha de dados, o seu processamento
e análise, com base, se possível, em indicadores previamente
escolhidos;
3. Informação – seguindo uma grelha comparável com outros trabalhos
similares, se possível;
4. Verificação – a informação tem de ser clara e transparente para dar
fiabilidade ao serviço e garantia de consistência. Para isso não se deve
cingir a proporcionar opiniões particulares mas também cumprir critérios
de avaliação do grau de eficiência socioeconómica, conforme
orientações previamente estudadas.
Marcuello et al, (2006) diz-nos que a Auditoria Social tem um papel muito
importante a desempenhar na integralidade da Gestão, e isto é verdade para
qualquer tipo de instituições.
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Actualmente, há cada vez mais provas de interesse em investigações “ sociais
no âmbito da actividade de auditoria do sector empresarial” (Zadek, 1997).
Os defensores e profissionais neste domínio centraram-se em orientações
práticas e necessitam da ajuda dos investigadores académicos para construir
uma estrutura conceptual para a auditoria social.
Este estudo, de Philip Cotton, Ian Fraser e Wan Ying Hill (1998), relata a
investigação realizada no sector dos cuidados primários de saúde (PHC), na
Escócia, do ponto de vista de auditoria social. Os autores entendem que a
“auditoria social“, num centro de saúde local, deve ser um processo
transparente, participativo de diálogo avaliador dos relatórios sobre a situação
social e relacionamentos de desempenho do centro de saúde. Basearam-se
fundamentalmente nas propostas deles próprios em “The Social Audit Agenda”
(1997a).
O auditor responsável pelo serviço deve participar como moderador, na
auditoria social, aberto às perspectivas de diferentes parceiros sociais e
permitindo uma avaliação global do desempenho social. Cotton e os colegas
não concordam com o simples controlo de auditoria financeira e de gestão,
sublinhando a critica de Mitchell, Puxty, Sikka e Willmott (1994), da postura
ética do auditor externo “independente” e concordam com Likierman (1989),
não aceitando que a auditoria possa abarcar o controlo completo da gestão,
principalmente nos cuidados de saúde que são orientados por médicos e onde
há avanços tecnológicos rápidos implicando tanto divergências comerciais,
económicas, como políticas. Chamam a atenção para os interesses
manipuladores e disfarçados das gigantescas empresas farmacêuticas, matéria
contemplada na Responsabilidade Social.
Aponta-se o perigo da racionalização de gastos com a saúde em todo o mundo
ocidental pois exige-se a maximização dos benefícios ou a geração de fundos
suficientes e onde o resultado da saúde não é já o objectivo principal,
permitindo que as decisões de prestação de cuidados de saúde tornem difíceis
de compatibilizar as diversas necessidades e interesses dos doentes e das
comunidades locais. A contabilidade social e a auditoria social podem dar um
contributo a uma resolução de tais problemas parciais ajudando a envolver os
doentes como parceiros no processo de melhoria da saúde e dos padrões de
cuidados de saúde
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6.2. EVOLUÇÃO NO SERVIÇO NACIONAL DE SAÚDE DA GRÃ-
BRETANHA.
1 Para poderem obter e gerir os fundos correspondentes aos seus utentes os GPs
congregavam-se em grupos GP Fundholders, no início com cerca de 11.000 habitantes
inscritos mas este número desceu para 3.000. Ultimamente, ao agrupar os GPs estes
têm cerca de 2.000 beneficiários.
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novo sistema e propondo uma mudança na lógica de organização da oferta de
serviços (Tanaka e Oliveira, 2007).
Introduziu-se o conceito de “mercado interno”, separando os “compradores/
clientes/” dos “fornecedores/ técnicos”, nos serviços de saúde. Os fornecedores
competiriam em custos e qualidade, para atrair os clientes, livres para comprar
serviços fora de seus limites geográficos (World Health Organization, 1997).
Pretendia-se que a competição entre os serviços levasse à sua melhoria,
aumentando a qualidade no atendimento e diminuindo os custos do sistema.
Não era ao paciente, mas ao seu representante (GPs) que cabia essa escolha.
O recurso financeiro acompanhava o utilizador ao ser paga a despesa inerente
ao tratamento. O Partido Trabalhista, a Associação Britânica de Medicina e os
Conselhos Comunitários de Saúde não aceitaram estas “inovações” por serem
estratégias para acelerar o processo de privatização do NHS, e contestaram o
Governo porque, ao adoptar as novas medidas, estava mais preocupado com a
saúde de sua contabilidade financeira do que com a saúde da população
(Akerman, 1993).
O governo defendeu-se afirmando que a reforma não pretendia privatizar o
sistema, mas apenas tinha como objectivos:
• A melhoria da qualidade dos serviços, tendo em vista o aumento do número
de médicos e enfermeiros por mil habitantes para 1,5 e 4,3, respectivamente,
em 1992 (World Health Organization, 1997);
• A eliminação da lista de espera para cirurgias, optimizando a capacidade real
dos hospitais;
• O controlo do desperdício de recursos.
Com a reforma, os hospitais públicos tinham a opção de se tornar fundações
autónomas e independentes do NHS – os trusts. Os hospitais que assumissem
essa condição não seriam mais financiados pelas Autoridades Distritais
Sanitárias com base em orçamentos anuais, mas ofereceriam os seus serviços
ao mercado, competindo com os hospitais privados. De acordo com a World
Health Organization (1997), quase todos os 430 hospitais tornaram-se trusts.
Estavam autorizados a contrair empréstimos, mas dentro de limites pré -
definidos. Em contrapartida, ficavam obrigados a estabelecer um processo de
auditoria médica, e a qualidade dos serviços passaria a ser auditada
regularmente, assim como o dispêndio de recursos. Ao mesmo tempo, tinham
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que se guiar por padrões de preços estabelecidos centralmente, fazendo com
que a autonomia fosse limitada. Com vista a diminuir os conflitos gerados entre
os objectivos do contrato e a autonomia médica, foram criadas direcções
clínicas envolvendo directamente os médicos nas decisões .
Procuram-se encontrar alternativas organizacionais para o aumento da
eficiência e da autonomia administrativa, garantindo por meio do controlo do
Estado o carácter público, livre e gratuito dos serviços prestados.
Estas medidas criaram um incentivo economicista no NHS, possibilitando um
maior controlo e transparência dos custos, e aumentando a eficiência dos
serviços prestados, como a redução na taxa de permanência de pacientes nos
hospitais.
Em contrapartida este sistema de mercado introduziu novos custos de controlo,
por causa da sua complexidade, bem como uma fragilização do NHS, conforme
apontou Pollitt (2001):
Além dos custos, outra debilidade séria das novas medidas foi a fragmentação
do sistema. Em 1997 havia 3.600 grupos compradores diferentes e
aproximadamente 450 provedores. O nível regional havia sido eliminado, e
uma variedade de interesses muito arraigados procurava seu próprio curso e
prestava pouca atenção à coerência do conjunto (p. 46).
Esta burocratização levou a um descontentamento da população com o
sistema de saúde vigente. Pesquisas de opinião demonstraram que a
introdução de mecanismos de mercado não foi suficiente para resolver alguns
problemas enfrentados pelo sistema:
Uma pesquisa do EuroBarômetro conduzida em 1996 mostrou que 41% dos
respondentes no Reino Unido estavam insatisfeitos com os serviços de saúde
(...) e 56% consideravam que mudanças eram necessárias (Koen, 2000, p. 43).
A principal reclamação dos pacientes era quanto à demora na marcação de
consultas e exames nas especialidades e à possibilidade de escolher o
hospital, para além de existirem diferenças consideráveis no tempo de espera
entre regiões. Esse desagrado teve reflexo nas eleições de 1996 em que o
Partido Conservador foi derrotado, após 18 anos no governo, e o Partido
Trabalhista assumiu, tendo como um dos compromissos de campanha a
resolução dos problemas gerados no NHS pelos Conservadores.
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Em 1997, o governo britânico apresentou uma nova proposta de reforma do
NHS, implantada em 1999, tentando manter a liberdade dos GPs mas com um
maior controlo. Uma das primeiras medidas do novo governo foi garantir a
universalidade do sistema, conforme expôs Colistete et. al.(1997):
[uma das principais medidas foi] reafirmar o carácter universal do sistema de
saúde britânico enquanto direito básico de toda a população, bem como
reverter a política de cortes progressivos praticada pelos conservadores que
levaram a uma deterioração de um sistema antes considerado modelo (p. 4).
A separação entre compradores e fornecedores foi mantida, “substituindo a
competição pela monitorização do desempenho” (Koen, 2000).
Todos os GPs tiveram de se juntar em Grupos de Atenção Primária. Com cerca
e 100 mil pacientes, contando com aproximadamente 50 GPs, e só podem
contratar serviços da sua área.
Para chegar a este ponto considerou-se que a auditoria social pode ajudar a
melhorar a transparência dos cuidados de saúde especialmente em períodos
de mudança de políticas estruturais e pretende-se que a responsabilidade da
organização seja alargada aos seus intervenientes, consciencializando os
doentes a tornarem-se co-produtores na saúde (Tanaka e Oliveira, 2007). A
comunidade obtém ganhos económicos, resultando numa poupança, ao
incentivar os doentes a tomar a responsabilidade pela sua própria saúde.
Propõe-se que a auditoria social não se restrinja apenas ao serviço usual com
metas estabelecidas pelas autoridades, mas adopte como modelo de saúde
social, o Serviço de atendimento, onde se verifica que pode ser possível
compatibilizar os objectivos dos cuidados de saúde com as necessidades da
comunidade. Propõem uma participação das partes interessadas de modo a
contribuírem para um novo quadro de saúde. Não havendo um modelo perfeito
para o envolvimento dos interessados, poderá ser este um processo de
diminuírem as desigualdades.
Cotton e os seus colegas consideram que lhes parece positivas as iniciativas
do sector da saúde para envolver os doentes, através de entrevistas directas
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ou constituindo grupos de pacientes. Consideram contudo que essa
participação não pode ser efémera mas há a necessidade de lhe dar
continuidade.
O paradigma de auditoria social pode ser centrado expressamente em torno de
direitos e responsabilidades que podem ser redefinidos de vez em quando e
onde a responsabilidade do paciente não tende a ser destacada, colocando-a
em pé de igualdade com a do médico, pois ambos devem ter interpretações
diferentes sobre cada um dos direitos e responsabilidades do outro. É
essencial uma base comum. A fim de compreender esses comportamentos
empíricos do paciente, o nosso estudo - piloto preliminar, analisou a visão dos
doentes “para com as responsabilidades na Carta (Hill et al., 1997) e no
presente estudo explora ainda mais as atitudes dos pacientes através de
discussão directa em pequenos grupos. Ao nível elementar, a contabilidade e a
auditoria implicam o dar conta ou explicação para outras pessoas. “No SNS as
tradicionais relações entre médico e paciente podem ser vistas como uma das
responsabilizações baseadas na confiança. O paradigma da auditoria social
procura tirar partido desta confiança à base de responsabilização, a fim de
negociar o “mercado” de constrangimentos. O papel potencial e participação
dos pacientes e de outras partes interessadas como previsto no presente
documento é uma forma mais activa e directa do que até à data tinha sido
reconhecido. O processo de auditoria social fomenta a cooperação em matéria
de relações provocando, um aumento da compreensão e confiança mútua.
A “liberdade” do quase - mercado pode ter trazido pouca transparência e mera
confusão, para o utilizador individual de serviços se não houver uma explicação
da sua razão de ser, e esta explicação ode traduzir-se na melhoria comunitária
da saúde. A mobilização dos parceiros doentes, normalmente passivos, a
desempenharem um papel significativo no processo de auditoria social também
pode apresentar alguns problemas práticos. A comunidade particular sofre de
uma elevada privação socio-económica pelo que a receptividade dos doentes
para a negociação de ideias subjacentes a esta investigação não pode ser
prevista.
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6.4. AUDITORIA SOCIAL NOS CUIDADOS PRIMÁRIOS DE SAÚDE
A auditoria social relatada é uma iniciativa voluntária por parte do PHC com a
finalidade de escutar os pacientes. Há problemas estruturais envolvidos na
aplicação de auditoria social para um ambiente de serviço de saúde onde se
contam um conjunto de auditorias clínicas, revisão por pares e outros controlos.
A auditoria social, por isso, tem de demonstrar vantagens práticas, ideológicas,
e inovadoras em vez de simplesmente impor uma outra avaliação disciplinar ou
regulamentar. Esses recursos foram concebidos para realizar uma
democratização crescente para a perspectiva de cidadania a várias vozes
(Zadek et. al., 1997), da participação directa, informação e comunicação
aberta, e, em última instância a capacitar o paciente e o grupo interessado a
tornarem-se co-produtores em saúde (Tudor-Hart, 1995).
A construção dessa mudança cultural exige o compromisso dos profissionais
da área da saúde e da própria organização do Centro de Saúde PHC (embora
com a influência moderadora do auditor). Nota-se a participação activa dos
grupos interessados, como a peça central do funcionamento do exercício social
de auditoria. Os objectivos são a favor do diálogo e da partilha de informações
a fim de lidar com as tensões e exigências para o serviço. Pode haver uma
necessidade de um mecanismo formal de representação, tal como um contacto
médico - paciente, como sugerido pela comissão Lapsley I (1996) e para este
estudo a expressão dos doentes sai de suas próprias opiniões fundamentadas
sobre esta matéria. Embora a abordagem das partes interessadas possa ser
criticada como impraticável, os mecanismos dos conselhos das partes
interessadas ou fóruns de doentes podem operacionalizar os ideais de
participação destes. No entanto, tais mecanismos podem ter dificuldade em
lidar eficazmente com o grupo minoritário que se refere a diferentes sub grupos
ainda menos assertivos.
Tal pode exigir um relatório oneroso. Mas pode um panfleto informativo, mais
informal, ser o suficiente para responder ao que é pedido – relacionar os
diversos parceiros sociais do GP.
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6.5. AS VOZES MUDAS DOS PACIENTES
25
legislação nova, justificava-se esta atenção aos problemas que daqui poderiam
advir. Salientou-se, desde logo, a importância das responsabilidades na Carta
bem como o incentivo à participação não formal mas activa destes principais
parceiros sociais que são os próprios utilizadores dos serviços de saúde. Na
segunda reunião foram analisados os interesses e preocupações dos pacientes
do Serviço Nacional de Saúde, numa expectativa de mudança. Neste sentido
utilizou-se um modelo social de relatório de auditoria bem como um mapa do
relacionamento social entre os participantes nos grupos. De todas as reuniões
foram lavradas actas e, nas entrevistas individuais, foi utilizado o gravador. As
entrevistas foram conduzidas com o apoio de um guião de questões abertas.
No final das entrevistas foi efectuada outra sessão geral onde foram
apresentadas as reclamações propostas e conclusões, de uma forma anónima.
Do universo indicado receberam-se 142 questionários donde 33 aceitaram
participar nos grupos de discussão. Destes, onze participaram nas discussões
e outros onze apenas foram entrevistados directamente. É pois uma amostra
de 66% dos que aceitaram participar.
A tabela dá-nos informações mais detalhadas, mas apenas de dez utentes,
cerca de 30%:
Pacientes Anos de
entrevistados Idade Sexo seguimento médico Ocupação
Paciente A 42 F 12 Administrativo
Paciente B 34 M Não sabe Trabalhador
Paciente C 59 F 59 Reformado
Paciente D 27 F 27 Trabalhador
Paciente E 73 F Não sabe Reformado
Paciente F 60 M Não sabe Administrativo
Paciente G 45 F Não sabe Doméstica
Paciente H 40 F 11 Doméstica
Paciente I 44 F 44 Trabalhador
Paciente J 35 F 12 Trabalhador
Paciente típico 30- 45 F Há mais de 10 Trabalhador
Fonte: Hill et al (1998)
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dispensavam ao doente. Compreendiam a necessidade do técnico falar de
coisas distintas para melhor se aperceber dos problemas dos pacientes mas
queixavam-se de nunca terem tempo. “Uma vez o telefone esteva a tocar mais
de 15 minutos…, não há tempo à hora de almoço para apanhar uma receita…”
Foram recolhidas muitas sugestões como a criação de uma linha de ajuda ou
de grupos de apoio.
A prescrição de genéricos foi apontada como uma das áreas em que existia um
défice de informação preocupante.
Também foi assinalada a inoperância das caixas de reclamações existentes
nas recepções dos Centros e donde ninguém retirava as sugestões lá
colocadas. Consideraram haver um certo cinismo na Carta dos Pacientes pois
não se viam grandes diferenças nas políticas governamentais. Recebeu
mesmo nota negativa por parte dos pacientes.
Os pacientes também se queixaram dos raspanetes que recebiam por marcar
consultas e já não precisarem do médico quando finalmente chegava a data.
Por vezes os pacientes não compreendiam a razão de receituário diferente,
mesmo que se tratasse de genéricos. O problema é que as pessoas conhecem
os medicamentos a tomar pela embalagem ou pela cor das carteiras e se estas
mudam confunde-se de imediato toda a prescrição. Deverá ser bem
esclarecido pelo técnico o porquê da mudança para que o utente já esteja
preparado quando receber, na farmácia, um medicamento diferente.
Quanto ao conteúdo da Carta parece que não foi bem compreendida por falta
de divulgação atempada e pertinente. No que se refere à responsabilidade dos
Centros de Saúde, alguns utentes foram da opinião que estes devem prestar
contas como as empresas privadas.
Não compreendem porque desapareceu o conceito de médico de família.
Igualmente discordam no enquadramento social dos GPs pois consideram que
deve existir um reforço de ligações com os enfermeiros e outro pessoal técnico
com os pacientes mas já não tanto com os serviços sociais e outros parecidos.
No entanto consideram que as farmácias têm um papel fundamental ao
interpretar as receitas e as informações dos medicamentos, como uma
extensão do médico, no que se refere a explicações sobre toma dos
medicamentos, etc., muito embora sejam entidades diferentes tanto mais que a
farmácia é uma empresa comercial.
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O prático está situado entre o médico e o paciente pelo que deve ter uma
palavra a dizer, até certo ponto.
Mas uma coisa é certa: no que se refere a decisões financeiras os utentes não
se querem ver envolvidos, reflectindo as limitações de conhecimento pessoal
nestas matérias, confiando que os médicos gastam da melhor forma.
Os utentes consideram que o relatório de auditoria social é importante tanto
para eles como para os médicos. Não tanto pelas indicações que dá mas pela
alanvancagem que transmite.
Não pretendem relatórios muito formais nem que tenham objectivos muito
definidos. Apenas desejam que estes criem uma certa pressão sobre os
médicos, sem ser em demasia.
Os utentes consideraram muito potente esta possibilidade de controlar o
pessoal técnico com as informações necessárias. Muito embora não conheçam
todos os outros problemas que os médicos têm para além do Centro como
formação, e congressos, entendem que deve existir um provedor do paciente,
com conhecimentos adequados e que defenda a perspectiva dos stakeholders.
Claro que isto tem custos…
Os utentes temem que a formalização da auditoria social não simplifique o
problema mas apenas o burocratize.
Outro passo a dar, muito importante, será criar um processo de diálogo que
junte os médicos e pessoal técnico com os pacientes para reflectirem nos
temas acima aflorados neste estudo piloto. Também os representantes da
Comunidade podem participar através de protocolos.
Será que se poderia rebuscar a figura do médico de família? Podem os PHC –
Cuidados de Saúde Primários fornecer mais cuidados individuais através de
uma medicina complementar3?
3 De facto houve uma reforma deste NHS que entrou em vigor em 1999, “mantendo
aquilo que funcionava”, juntando o comando vertical que existia antes de1990 com o
descrito neste trabalho e que durou de 1991 a 1998. No dizer de Koen, 2000,”substituir a
competição pelo monitoramento do desempenho. (Tanaka,O. E Oliveira, V., 2007).
Talvez este estudo empírico tenha ajudado a detectar algumas das anomalias do
sistema, servindo de base para a Reforma da Reforma.
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O caso português
Como se vê pela leitura do artigo analisado de Hill, Fraser e Cotton (2001), as
políticas de saúde vão navegando ao sabor das mudanças políticas dos
governos nacionais. Ainda não foi encontrada uma solução estrutural baseada
em qualquer directriz comunitária muito embora o actual governo PS esteja a
liberalizar imenso a saúde com a construção de hospitais particulares e onde
há acordos para prestação de serviços públicos.
Também em Portugal se tem vindo a fazer uma redução drástica de serviços
de saúde num ponto de vista economicista. Perguntarão os bombeiros
voluntários, agora equiparados a parteiros, se esta medida é na realidade
eficaz e eficiente. Perguntarão milhares de utentes portugueses se há justiça
social quando se compara o apoio dado num centro urbano em que o paciente
está a 15 minutos dum centro de cuidados primários ou outro que habite o
Portugal interior a hora e tal de qualquer ajuda.
Um pouco nesse sentido a Unidade de Missão para os Cuidados Continuados
promoveu, em Março de 2008, um inquérito de satisfação aos utentes das
Unidades de Cuidados Continuados integrados.
O objectivo em vista era bem semelhante ao traduzido pelo estudo britânico
acima referido.
Da análise apurada constatou-se:
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A população foi caracterizada por utentes ou antigos utentes deste serviço e
que tivessem estado internados. Para tal fizeram-se diligências para efectuar
entrevistas pessoais ou telefónicas, tendo conseguido uma amostra de 244
utentes e 188 de antigos utentes.
O mesmo estudo verificou que a maioria das reclamações são mais contra
problemas organizativos, não se referindo normalmente aos vários profissionais
de saúde que são considerados de forma ambígua pois os médicos tanto
sofreram 48% das reclamações individuais como 33% de elogios de forma
positiva.
Também aqui foi dado um foco importante ao tempo de espera entre a
marcação e a prestação dos cuidados de saúde inerentes, bem como à
desarticulação entre os serviços de saúde primários e diferenciados.
A gestão das entidades, e principalmente as de serviços públicos, não se pode
avaliar apenas a nível financeiro mas, e cada vez mais, através de uma visão
generalista, tendo em conta a economia, a eficiência e a eficácia. Esta análise
não é efectuada apenas pelos superiores hierárquicos do respectivo serviço,
mas também por todos aqueles que são partes interessadas no bom
funcionamento do referido serviço – os vários profissionais de saúde e os
pacientes ou, utentes deste serviço, que são os mais directamente têm a ver
com esta problemática.
Para que esta análise seja objectiva e imparcial deve ser efectuada no âmbito
da auditoria social
É muito demorado e difícil promover a organização e desenvolvimento destes
encontros dos grupos ou mesmo realizar as entrevistas pessoais. No entanto
parece interessante para os participantes. Será uma trave mestra na fase de
estudo e desenvolvimento da auditoria social.
Não se terão tirado muitas conclusões mas serviu de base para novos
desenvolvimentos.
Conclui-se que, tal como no caso britânico em Portugal se justificaria um
Provedor do Utente integrando a auditoria interna existente hoje em dia nas
nossas unidades de saúde.
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7. CONCLUSÃO
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8. BIBLIOGRAFIA
- HILL, Wan Y., FRASER, Ian e COTTON, Philip (1998) – Patients voices,
rights and responsibilities: on implementing social audit in primary health care.
Journal of Business Ethics. ISSN 0167 - 4544. Nº 17, p. 1481 – 1497.
- HILL, Wan Y., FRASER, Ian e COTTON, Philip (2001) – On Patients interests
and accountability: reflecting on some dilemmas in social audit in primary health
care. Critical Perspectives on Accounting. ISSN 1045 - 2354. Nº 12, p. 453 –
469.
32
-KOEN,V. (2000) – Public expenditure reform. The Health Care sector in the
United Kingdom. London, OECD ( Economics Department Working)
- KORPI, Walter (2000) – Welfare States, Economic Growth, and Scholarly
Objectivity. Challenge. ISSN 0577 – 5132. Vol. 43, Nº 2, p. 49 – 66.
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34
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Administration”. Public Administration and Development. ISSN 0271 – 2075.
Vol. 17, p. 3 – 12.
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