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atendidas  por  múltiplos  especialista
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acordo com as patologias ou as neceessidades específicas.  

A  segmentação  discipllinar  do  co


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com  uma forma de abord dar, pensarr e intervir  sobre a reealidade, em
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no seu todo, é  subalternizada pela llógica da ssegmentaçãão em funçção dos sab beres, 
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FRANCO,  V.  (2007)  Diversidade  e  transdisciplinaridade  em  psicopatologia  do 
desenvolvimento. In, V. Trindade, N. Trindade & A.A. Candeias (Orgs.). A Unicidade do 
Conhecimento. Évora: Universidade de Évora. 
 
de  pessoa.  A  transdisciplinaridade  oferece‐se  como  caminho  profícuo  de 
ultrapassagem das limitações do conhecimento disciplinar e especializado, fazendo 
confluir  na  compreensão  da  criança,  e  no  trabalho  que  com  ela  fazem  distintos 
profissionais, um corpo mais vasto, uno e coerente de conhecimentos. 

1. O CONHECIMENTO TRANSDISCIPLINAR SOBRE O


HUMANO

O  artigo  Segundo  da  Carta  da  Transdisciplinaridade  aprovada  no  Primeiro 


Congresso  Mundial  de  Transdisciplinaridade,  realizado  em  Portugal  em  1994, 
declara que “qualquer tentativa para reduzir o ser humano a uma definição e de o 
dispersar  em  estruturas  formais,  sejam  elas  quais  forem,  é  incompatível  com  a 
visão  transdisciplinar”(CRET,  1995).  Interessa‐nos  pois  compreender  o  modo 
como, no âmbito da psicopatologia e do desenvolvimento, uma visão ampla do ser 
humano nos permite ter dele numa renovada compreensão. 

1.1. Subjectividade, determinismo e psicopatologia 

Nascida  como  disciplina  organizada  no  início  do  séc.  XX,  com  Karl  Jaspers,  a 
Psicopatologia  delimita  um  domínio  da  experiência  humana  que  se  refere  ao 
pathos  inscrito  no  desenvolvimento,  ou  seja,  um  discurso  sobre  o  sofrimento 
psíquico. No entanto “cada contexto histórico‐político teve a sua psicopatologia, ou 
seja, as suas tentativas de ‘decompor’ o sofrimento psíquico nos seus elementos de 
base  para,  a  partir  daí,  os  compreender,  classificar,  estudar  e  tratar”  (Ceccarelli, 
2005:471). 

Hoje  em  dia,  muitas  das  nossas  práticas  sociais  fazem‐se,  sobre  a  negação  do 
sofrimento, da dor mental e da subjectividade. Se alguém está triste, em situação 
crítica  ou  em  sofrimento,  de  imediato  se  recomendam  remédios,  tratamentos  e 
soluções  rápidas,  como  se  a  tristeza  e  a  dor  fossem  exteriores  ao  homem  e 
passíveis de ser removido da condição humana.  

Muitas vezes, o próprio psicólogo é instrumentalizado nesta perspectiva, sendo‐
lhe  atribuída  a  mesma  responsabilidade  de  erradicar  ou  evitar  o  sofrimento  e  a 
dor, através de técnicas objectivas e pragmáticas, assim se criando a representação 
social  de  um  profissional  que  evita  o  conflito,  a  dor  mental,  e,  dessa  forma,  gera 
bem‐estar. Os grandes sistemas de classificação dos nossos dias, o DSM‐IV e o CID‐
10,  recebem  a  grande  crítica  de  não  levarem  em  conta  a  subjectividade,  tanto 
daquele  que  classifica  como  daquele  que  é  classificado,  descomprometendo‐se, 
assim, do sofrimento psíquico e da sua compreensão. 

No  entanto,  a  Psicologia  assenta  sobre  a  inevitabilidade  da  existência  da  dor 
mental  e  do  conflito  interno.  Um  dos  contributos  essenciais  de  Freud  para  a 
compreensão  do  humano  foi  a  noção  de  conflito:  a  existência  de  uma  tensão 
dinâmica  entre  estruturas  ou  entidades.  Noção  de  complexidade  que  se  situa  no 

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FRANCO,  V.  (2007)  Diversidade  e  transdisciplinaridade  em  psicopatologia  do 
desenvolvimento. In, V. Trindade, N. Trindade & A.A. Candeias (Orgs.). A Unicidade do 
Conhecimento. Évora: Universidade de Évora. 
 

pólo  oposto  do  determinismo,  porque  fala  do  desenvolvimento  individual  para 
além das classes e categorias nosográficas, e da subjectividade do sofrimento que 
procura  palavras  para  se  expressar  e  suscita  a  escuta  do  outro,  terapeuta,  que  o 
pode  ajudar.  “É  por  ‘falar’  que  a  dor  solicita  escuta;  escuta  essa  que,  sendo 
terapêutica,  possibilita  o  recuo  necessário  para  transformá‐la  em  experiência.  Na 
actualidade,  entretanto,  observa‐se  um  movimento  cada  vez  maior  no  sentido  de 
eliminar a dor – de evitar o contacto consigo mesmo ‐ do que para transformá‐la 
em experiência”(Ceccarelli, 2005:475). 

Outras  ilusões,  que  vão  no  mesmo  sentido,  assentam  sobre  o  determinismo 
biológico e genético. Começa a pensar‐se que, quando conhecermos todos os genes, 
teremos  pré‐tipificado  o  futuro  e  assim  saberemos  prevenir  as  doenças,  os 
comportamentos indesejáveis e o sofrimento. Como se os genes pudessem conter e 
explicar a nossa própria decisão. Esta procura de determinismo biológico ramifica‐
se  em  diferentes  vias,  uma  das  quais  é  a  da  objectivação  á  custa  de  rótulos  e 
diagnósticos  pseudo  neuropsicológicos.  Muitos  rótulos  (como  disléxico  ou 
hiperativo,  por  exemplo)  tendem  a  ser  formas  de  dar  título  ao  que  até  aí  era 
apenas  descritivo  (criança  com  dificuldade  em  estar  quieto,  sossegado,  atento  e 
participativo) mas supostamente subjacente ao novo rótulo está uma explicação de 
tipo  biológico  ou  neurológico.  Assim,  grande  parte  dos  comportamentos  e 
problemáticas,  multifatoriais,  passam  a  ser  doenças  e,  de  imediato,  passam  a  ser 
entendidas  como  tendo  etiologias  orgânicas  e,  consequentemente, 
predeterminadas. 

O  risco  para  o  psicólogo  é  tornar‐se  numa  espécie  de  normalizador  social: 


aquele que resolve e elimina os resultados disfuncionais da nossa acção.  

Tudo isto assenta sobre a negação do mundo interno. Sobre negação de que há 
objetos  internos  que  marcam  o  nosso  sofrer,  prazer,  desejar,  suportar  as 
frustrações  e  viver  as  alegrias.  E  sobre  a  dor  mental  de  podermos  perder  e  de 
estarmos sós perante nós próprios. 

Um desafio renovado á Psicologia e á Psicopatologia é, assim, o de entendermos 
as  pessoas  no  seu  desenvolvimento,  na  construção  e  vivência  da  sua  inevitável 
subjectividade.  “Torna‐se  então  necessário  que  os  pressupostos  básicos  da 
Psicopatologia  sejam  submetidos  a  interrogações  sobre  as  suas  condições  de 
possibilidade.  Isto  significa  que  devem  ser  objecto  de  uma  ciência  primeira  que 
Fédida  denomina  Psicopatologia  Fundamental:  uma  psicopatologia  primeira, 
convocada  a  dar  conta  da  interdisciplinaridade  e  da  transdisciplinaridade 
presentes  nas  psicopatologias  actuais.  Fundamental  no  sentido  não  da 
fundamentalidade  mas  da  intercientificidade  dos  objectos  conceptuais  (...)  não  se 
trata  de  uma  interdisciplinaridade  mas  de  transdisciplinariade  pois  campos 
diferentes,  cada  qual  com  os  seus  métodos,  procedimentos  e  objectivos  próprios, 
não  se  comunicam  facilmente”  (...)  “Na  Psicopatologia  fundamental  o  pathos 
manifesta  uma  subjectividade  capaz  de  transformar  a  paixão  em  experiência, 
servindo  a  existência  do  próprio  sujeito.  Para  Freud  as  neuroses,  perversões  e 

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FRANCO,  V.  (2007)  Diversidade  e  transdisciplinaridade  em  psicopatologia  do 
desenvolvimento. In, V. Trindade, N. Trindade & A.A. Candeias (Orgs.). A Unicidade do 
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psicoses são modos de subjectivação encontrados pelo sujeito frente a desmedida 
pulsional”. (Berlink, 2000). O pathos, se por um lado, causa dor, por outro lado cria 
subjectividade (Ceccarelli, 2005). 

1.2. As inquietações da infância e as inquietações sobre a infância 

Quando  se  tenta  erradicar  a  subjetividade  do  mundo  adulto,  as  crianças 
resistem.  Fazem‐no  demonstrando‐nos  um  dos  grandes  pilares  da 
transdisciplinaridade:  que  há  diferentes  níveis  da  realidade  (Henagulph,  2000)  e 
que  “a  realidade  significa  o  que  resiste  ao  nosso  conhecimento,  experiências, 
representações,  descrições,  imagens  e  formalizações  matemáticas”  (CRET,  1995). 
As  crianças  resistem  às  nossas  tentativas  reducionistas  e  deterministas.  Dão‐nos 
sinais, sintomas do seu mal‐estar. A criança sofre; nós, adultos, preferimos pensar 
que  fazemos  tudo  bem,  quando  fazemos  o  melhor  que  pudemos.  E,  de  novo,  a 
tendência  reducionista  e  normalizadora:  o  psicólogo  é  procurado  para, 
rapidamente, tratar. Essa a expectativa de pais e professores quando nos trazem as 
crianças para consulta ou terapia, como quem diz: ponha‐o bem e funcional, para 
que  tudo  possa  prosseguir  normalmente  e,  depois,  possamos  então  ser  pais  ou 
professores. 

A  hiperatividade  é  também  um  bom  exemplo  deste  domínio.  Antes  de  nos 
interrogarmos sobre a nossa insuficiência educativa e relacional, queremos tratar, 
medicando,  curando,  escudando‐nos  num  suposto  conhecimento  do 
funcionamento cerebral. Mas as crianças sofrem e mostram, de múltiplas formas, o 
seu sofrimento: às vezes sendo agressivas, agitadas, distraídas e agindo demais, ou 
de menos.  

Quando  investigamos  sobre  o  desenvolvimento  infantil  e  as  perturbações  do 


desenvolvimento,  admitimos  que  as  crianças  vivem  estas  conflitualidades  e  as 
expressam de múltiplas formas. Mas quais as inquietações sobre a infância? Numa 
sociedade  que  hipervaloriza  a  infância,  o  que  nos  inquieta  e  chama  a  atenção 
nelas? Quando começamos a achar que algo não vai bem no seu desenvolvimento? 

A  abordagem  da  realidade  faz‐se,  inevitavelmente,  a  partir  dos  quadros  de 


referência teóricos e técnicos que habitualmente utilizamos. Quando olhamos para 
uma  mesma  realidade,  as  formas  que  dela  emergem  aos  nossos  olhos  estão  de 
acordo  com  aquilo  que  nos  habilita  a  vê‐las:  a  nossa  experiência,  expectativas, 
valores, formação e personalidade. Estes diferentes níveis de realidade asseguram 
o progresso do conhecimento das diferentes disciplinas ou ciências. Tal progresso 
da ciência e dos saberes práticos assenta na possibilidade de segmentar o real de 
forma  a  melhor  podermos  lidar  com  ele,  de  o  conhecermos  mais  profunda  e 
minuciosamente e sobre ele produzirmos conhecimento. 

Ao  nível  da  formação  e  das  práticas  profissionais,  isto  conduz  a  uma  cada  vez 
maior especialização em que cada profissional sabe cada vez mais do seu domínio, 
sempre  mais  restrito,  e  sabe  cada  vez  menos  dos  restantes.  Nessa  medida,  o 

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FRANCO,  V.  (2007)  Diversidade  e  transdisciplinaridade  em  psicopatologia  do 
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distanciamento em relação ao real total e global tenderá a ser cada vez maior por 
parte da generalidade dos profissionais. 

No  que  se  refere  ao  desenvolvimento  das  crianças  com  deficiência  ou  com 
algum  tipo  de  perturbação,  este  movimento  levou  a  que  fossem  entregues  a 
especialistas.  Primeiramente  aos  especialistas  em  educação  especial  ou  em 
perturbações do desenvolvimento, entregando o problema para ser resolvido por 
quem melhor o compreendesse, numa perspectiva unifactorial. 

A primeira consequência deste movimento foi que à ideia de Pessoa se sobrepôs 
a  de  deficiente,  patologia,  problema  ou  limitação.  A  reabilitação,  ou  terapia,  seria 
então  toda  a  intervenção,  ou  o  conjunto  das  diferentes  intervenções,  visando 
resolver a patologia. Tratava‐se de, num domínio específico, resolver, minorar ou 
atenuar  as  consequências  ou  implicações  do  problema.  Os  serviços  passaram  a 
organizar‐se  tendo  em  conta  a  especificidade  da  patologia  ou  da  deficiência,  e  os 
técnicos  passaram  a  ser  chamados  em  função  do  contributo  trazido  para  a 
compreensão ou intervenção naquela patologia. 

Num  segundo  momento,  foi  a  própria  concepção  de  deficiência  se  pulverizou 
face à diversificação e especialização dos saberes. Perdida a importância da noção 
de  Pessoa,  facilmente  “o  deficiente”  passou  a  ser  atendido  por  especialistas 
múltiplos, cada um na área da sua especialidade e de acordo com as patologias ou 
as necessidades específicas. Os cuidados que passaram a ser prestados são os que 
derivam dessa patologia e tudo o mais deixa de ser considerado por se situar fora 
do âmbito desse especialista.  

Note‐se  que  não  se  trata  de  uma  questão  de  terminologia  e  este 
desenvolvimento  conceptual  não  se  alterou  substancialmente  com  a  mudança  de 
designação  de  deficiente  para  criança  portadora  de  deficiência,  ou  para  a 
terminologia  mais  soft  de  criança  com  necessidades  educativas  especiais  ou  com 
dificuldades de aprendizagem. A segmentação disciplinar dos saberes relaciona‐se 
directamente com uma forma de abordar, pensar e intervir sobre a realidade. Em 
que a Pessoa no seu todo é subalternizada pela lógica da segmentação em função 
das  práticas  e  técnicas.  Apesar  de  tudo,  a  expressão  “pessoa  portadora  de 
deficiência”  remete‐nos  para  uma  abordagem  em  que  a  pessoa  readquire  o 
primeiro  lugar.  Esta  pequena  mudança  é  relevante  a  dois  níveis.  Situa  as 
necessidades e problemáticas ao nível dos direitos da pessoa, o que dá uma nova 
dimensão  às  questões  da  inclusão  mas  também,  de  um  modo  mais  específico,  a 
todas as práticas e serviços prestados a essas pessoas. 

Um outro nível, aquele que agora nos interessa, remete‐nos para a necessidade 
de retomar uma perspectiva integrada, multidimensional de pessoa que reconheça 
a  sua  unidade.  A  questão  é:  quem  trata  da  Pessoa.  Sabemos  quem  cuida  dos 
aspectos motores, dos problemas com os dentes ou o estômago, das aprendizagens 
ou até das carências sociais específicas. Mas se a Pessoa é mais do que isso, quem é, 
ou são, os técnicos capazes de abordar e responder às suas necessidades? Sendo a 

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Pessoa  o  objecto  dos  cuidados,  o  valor  de  uma  intervenção  específica  (seja 
educativa  ou  médico‐cirúrgica)  tem  de  ser  sempre  avaliada  tendo  em  conta  este 
princípio. Claro que aos olhos de cada profissional pode ser a sua intervenção que 
se  afigura  relevante,  ou,  pelo  menos,  não  lhe  é  fácil  pensar  comparativa  e 
conjugadamente  a  premência,  importância  ou  significado  da  multiplicidade  dos 
“necessários”. Se pensarmos ainda que a Pessoa é ela mais os seus contextos e as 
suas  relações,  quem  pode  ser  o  profissional  capaz  de  cuidar  de  toda  essa 
complexidade?  Tal  exigirá  um  novo  profissional  ou  mais  uma  nova 
profissionalidade?  Certamente  uma  nova  prática  profissional  que  não  perca  de 
vista o todo e o multidimensional, que assente num conhecimento que ultrapasse o 
disciplinar.  Por  isso,  podemos  reencontrar  hoje  alguns  movimentos  de  busca  da 
totalidade e de síntese complexa de cada pessoa. 

A  necessidade  de  trabalhar  com  outrem,  de  ultrapassar  o  domínio  disciplinar, 


surgiu  como  imperativo  para  um  trabalho  deste  tipo.  Cuidar  das  crianças  no  seu 
todo  exige  também  uma  perspectiva  de  desenvolvimento,  e  a  humildade  de 
reconhecermos  a  nossa  inevitável  incompetência  para  resolver  o  problema  todo, 
ou mesmo a sua parte mais importante. E também para aceitarmos que tudo aquilo 
que possamos encontrar no quadro do nosso pensamento profissional é sempre, e 
tão só, uma parte desse problema ou da solução, e sempre delimitado pelo papel 
que os outros, família e mesmo os técnicos, possam ter. 

Quando hoje pensamos sobre a necessidade de, desde muito cedo, cuidarmos do 
desenvolvimento  das  crianças,  especialmente  daquelas  que  por  alguma  razão  o 
têm posto em causa, temos de o fazer a partir desta perspectiva. Sem a ilusão de 
soluções  simples  e  milagrosas.  A  preocupação  com  a  intervenção  no 
desenvolvimento  infantil,  vai  ao  encontro  da  necessidade  de  perspectivas  de 
Pessoa  e  de  desenvolvimento  que  sejam  genuinamente  transdisciplinares.  A 
transdisciplinaridade oferece‐se como uma abordagem promissora e profícua para 
trabalho  em  psicopatologia.  Que  pode  ultrapassar  as  limitações  de  um  saber 
disciplinar, mas também oferecer uma metodologia de trabalho mais abrangente e 
integradora. 

1.3. Conhecimento transdisciplinar 

Embora  se  considere  que  o  surgimento  do  conceito  de  conhecimento 


transdisciplinar está ligado à publicação do artigo sobre unidade do conhecimento 
pelo físico Neils Bohor, em 1955, foi Piaget quem utilizou o termo transdiciplinar 
pela primeira vez, em 1972, num colóquio promovido pela Unesco, para dizer que 
se  pode  esperar  uma  etapa  superior  à  das  relações  interdisciplinares  que  será 
transdisciplinar,  a  qual  não  se  contentará  com  a  obtenção  de  interacções  ou 
reciprocidade  entre  pesquisas  especializadas  mas  se  situará  nessas  ligações  no 
interior  de  um  sistema  total,  sem  fronteiras  estáveis  entre  essas  disciplinas. 
(Iribarry, 2003). 

A  transdisciplinaridade  propõe‐se  trabalhar  naquilo  que  está  entre,  através  e 


além  das  diferentes  disciplinas,  ou  ciências.  Não  se  opõe,  portanto,  a  elas. 

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Alimenta‐se  da  investigação  disciplinar,  mas  vai  para  além  dos  limites  das 
disciplinas  existentes  e  cuida  também  das  correspondências  e  interfaces  entre 
diferentes campos de conhecimento 

O  primeiro pilar  da transdisciplinaridade é  o  de  reconhecimento de  diferentes 


níveis da realidade regidos por diferentes lógicas. Tem uma atitude não linear, nem 
multidimensional, mas “ uma abordagem á natureza que se sente confortável com 
a ambiguidade e o paradoxo, usando‐os como princípios criativos para estender o 
alcance  e  utilidade  da  actual  abordagem  reducionista  defendida  pela  ciência” 
(Henagulph 200?) 

O segundo grande pilar é a lógica do terceiro incluído “O nascimento da ciência 
moderna  e  contemporânea  trouxe  como  consequência  um  deslocamento  do 
estatuto  da  verdade  do  sujeito  para  o  objecto...Nós  nos  dirigimos,  na  busca  da 
verdade,  muito  mais  ao  objecto  que  ao  sujeito...esta  suposição  de  que  a  verdade 
opera  assim,  ou  seja,  que  está  absolutamente  colada  ao  objecto...permeia  a 
Psicologia  e,  portanto,  permeia  as  diversas  disciplinas  que  se  alimentam  dela.  E 
uma  vez  que  se  supõe  que  a  verdade  está  no  objecto,  quanto  menor  o  objecto, 
maior  o  nível  de  certeza  que  sobre  ele  se  pode  atingir.  Assim  é  que  surge  a 
fragmentação  que  vai  dar  nas  especializações...  É  por  isso  que  o  discurso  das 
especialidades  faz  a  resistência  à  interrogação  sobre  a  subjectividade.” 
(Jerusalinsky in Kupfer, 2000). 

O 3.º pilar o da complexidade e abre caminho para uma compreensão não linear 
nem determinista dos fenómenos e da realidade. 

Por  tudo  isto,  a  perspectiva  transdisciplinar  do  conhecimento  não  anula  a 


psicopatologia, ou psicopatologias, nem as diferentes perspectivas teóricas em que 
elas se organizam. A grande mudança que nelas provoca é a aceitação do carácter 
multidimensional da realidade, que coloca um limite ao próprio saber disciplinar. 
Na  Psicologia  tem  sido  preponderante  a  busca  de  uma  lógica  linear,  procurando 
relações  de  causa‐efeito,  no  que  poderíamos  chamar  uma  psicologia  limpa: 
racional, objectiva e esquemática, tendendo a ignorar os sujeitos, e procurando o 
funcionamento  das  variáveis  e  processos,  quase  sempre  deterministas.  A  maior 
parte  dos  estudos  são  deste  tipo,  assentando  numa  lógica  em  que  o  sujeito  está 
ausente e a ciência está na racionalidade do processo. 

Freud, como sabemos, havia trazido uma perspectiva distinta, multipolar: uma 
tensão  dinâmica  entre  opostos;  a  inevitabilidade  dinâmica  do  conflito,  mais  de 
acordo  com  uma  lógica  de  complexidade  (que,  mais  que  multifactorialidade,  é 
multidimensionalidade complexa). 

Podemos  concordar  assim  que  o  lugar  privilegiado  para  o  exercício  do  olhar 
transdisciplinar  é  aquele  onde  nos  encontramos  e  nenhum  outro.  O  olhar 
transdisciplinar  inclui  o  espaço  interior  de  cada  pessoa,  o  espaço  do  outro  ser 
humano e da natureza.  

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FRANCO,  V.  (2007)  Diversidade  e  transdisciplinaridade  em  psicopatologia  do 
desenvolvimento. In, V. Trindade, N. Trindade & A.A. Candeias (Orgs.). A Unicidade do 
Conhecimento. Évora: Universidade de Évora. 
 

2. TRANSDISCIPLINARIDADE E TRABALHO DE EQUIPA


Para  além  de  uma  atitude  quanto  á  produção  do  conhecimento  em  geral,  a 
transdisciplinaridade concretiza‐se na dimensão prática do trabalho de articulação 
das diferentes disciplinas ou práticas profissionais e da produção de conhecimento 
técnico. 

Falando sobre o trabalho com crianças com perturbações do desenvolvimento, 
seja no quadro institucional de Equipas de Intervenção Precoce seja nos contextos 
hospitalares  ou  de  saúde,  a  transdisciplinaridade  reflecte‐se  no  domínio  do 
trabalho  de  equipa.  Uma  equipa  é  “uma  unidade  funcional  composta  por 
indivíduos  com  formação  especializada  e  variada  e  que  coordenam  as  suas 
actividades  a  fim  de  prestar  os  seus  serviços  às  crianças  e  famílias”  (Golin  & 
Ducanis, 1981: 124) 

A  forma  como  uma  equipa  que  trabalha  a  partir  da  psicopatologia  do 
desenvolvimento  se  vai  organizar  pode  ser  bastante  diversa,  tendo  em  conta  os 
contextos  de  trabalho  e  os  profissionais  (psicólogos,  médicos,  terapeutas, 
educadores)  que  as  constituem.  Estes  profissionais,  oriundos  de  diferentes  áreas 
do saber, podem actuar em conjunto ou de forma individualizada com uma mesma 
criança,  numa  mesma  problemática,  consoante  o  modelo  de  intervenção  que  a 
equipa adoptou na sua prática.  

Inevitavelmente hoje, trabalhar com as perturbações do desenvolvimento exige 
uma  multiplicidade  de  saberes,  formações  e  intervenções  que  têm  de  agir 
conjugadamente.  Podemos  considerar  que  existem  três  grandes  modelos  de 
organização  e  trabalho  em  equipa:  multidisciplinar,  interdisciplinar  e 
transdisciplinar. 

Do mesmo modo que o conhecimento multidisciplinar assenta na produção das 
múltiplas disciplinas mas sem cuidar das suas relações nem as fazer cooperar, no 
trabalho  de  equipa,  também  reconhece  a  necessidade  do  trabalho  de  múltiplos 
profissionais para que a criança possa ser convenientemente cuidada. Profissionais 
que  avaliem  e  intervenham  de  acordo  com  a  situação.  No  entanto  o  resultado  da 
intervenção é mais o somatório das actividades individuais dos diferentes técnicos, 
que  tendem  a  trabalhar  e  a  tomar  decisões  isoladamente,  não  sendo  postas  em 
questão  as  suas  perspectivas  pessoais,  porquanto  se  parte  do  princípio  que  cada 
um  sabe  que  o  que  é  melhor  para  aquela  problemática.  A  orientação  que  cada 
técnico  vai  seguir  depende  da  sua  perspectiva  profissional  e  da  formação  que 
possui  e  cada  um  tenderá  a  tomar  decisões  e  a  trabalhar  isoladamente,  sendo  a 
interligação e a coordenação entre as acções e programas de intervenção bastante 
ténue.  Este  modelo  pode  conduzir  a  intervenções  ou  orientação  dos  casos 
eventualmente  contraditórias  ou  concorrentes,  sendo  difícil  a  definição  de 
prioridades, assim como faz com que seja difícil chegar a entender a criança na sua 
globalidade e unidade.  

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FRANCO,  V.  (2007)  Diversidade  e  transdisciplinaridade  em  psicopatologia  do 
desenvolvimento. In, V. Trindade, N. Trindade & A.A. Candeias (Orgs.). A Unicidade do 
Conhecimento. Évora: Universidade de Évora. 
 

O modelo interdisciplinar é mais integrado que o anterior e corresponde a um 
nível da produção do conhecimento a partir da justaposição de disciplinas. Passa a 
existir uma estrutura formal de interacção, de cooperação e de trabalho de equipa. 
Os técnicos cooperam mas sem coordenação (Iribarry, 2003) 

A partilha de informação é mais frequente e assumida como fundamental mas o 
factor  decisivo  nas  tomadas  de  decisão  quanto  ao  planeamento  ou  à  intervenção 
continua a ser a perspectiva de cada disciplina ou de cada especialista. Sendo cada 
profissional a fazer a sua própria avaliação e selecção de prioridades, a tomada de 
decisão quanto à orientação do caso tende a reflectir as relações de poder entre os 
técnicos  dentro  da  equipa  ou  do  serviço,  mais  do  que  as  reais  necessidades  da 
criança  ou  da  família.  Há  um  saber  que  prevalece  e  a  quem  cabe  a  tomada  de 
decisões que vinculam toda a equipa e os seus diferentes profissionais. 

Já  o  trabalho  de  equipa  numa  perspectiva  transdisciplinar  assenta  no 


reconhecimento  mútuo  das  posições  e  competências  de  cada  um  face  ao  mesmo 
objecto: a criança e o seu contexto de desenvolvimento. É por isso uma perspectiva 
que  requer  humildade  e  disponibilidade  por  parte  de  cada  profissional  (Iribarry, 
2003), porquanto assenta mais nas insuficiências e limites de cada disciplina e no 
que está para além dela, do que nas competências individuais 

Pressupõe, em primeiro lugar, a existência de um conceito de equipa mais forte, 
estruturado e dinâmico em que: 

O dinamismo de toda a equipa é vivido como elemento fundamental do próprio 
trabalho e da respectiva qualidade; 

É fundamental o suporte mútuo e a partilha de informação e conhecimento; pelo 
que é importante que os técnicos estejam familiarizados com as diferenças entre si 
– o que exige “uma legibilidade dos discursos “ (Iribarry, 2003:489). 

Cada  técnico  integra  conhecimentos  e  estratégias  que  ultrapassam  a  sua 


formação de base. É a transdisciplinaridade que gera “novos dispositivos”, ou seja, 
conhecimentos que resultam de uma discussão compartilhada acerca do problema 
que  exige  solução.  Dispositivos  derivados  de  um  outro  saber  e  aplicados  a  novas 
situações ou simplesmente derivados das limitações das soluções pré‐existentes. 

Total  co‐responsabilidade,  de  todos  os  membros  da  equipa,  nas  tomadas  de 
decisão e na avaliação dos resultados. Sem que um saber se sobreponha, mas numa 
relação horizontal. Centrando‐se fundamentalmente nas necessidades da Pessoa e 
não na especialização dos técnicos. 

2.1. Trabalho multidisciplinar, interdisciplinar e transdisciplinar 

No  funcionamento  concreto  das  equipas,  o  modelo  transdisciplinar  vai  diferir 


bastante dos diferentes modelos de equipas multidisciplinares e interdisciplinares 

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FRANCO,  V.  (2007)  Diversidade  e  transdisciplinaridade  em  psicopatologia  do 
desenvolvimento. In, V. Trindade, N. Trindade & A.A. Candeias (Orgs.). A Unicidade do 
Conhecimento. Évora: Universidade de Évora. 
 
na abordagem das várias dimensões da intervenção com as crianças, suas familias 
e  contextos.  Podemos  diferenciar  as  práticas  transdisciplinares  das  restantes  no 
que se refere às seguintes dimensões: 

a) Detecção  e  sinalização  da  patologia  ‐  O  modelo  transdisciplinar  assenta 


no  princípio  da  cooperação  e  articulação  entre  técnicos  e  serviços  na 
detecção  e  identificação  da  situação,  pelo  que  qualquer  que  seja  o 
profissional  que  faz  a  detecção,  em  vez  de  elaborar  o  seu  próprio 
programa  de  intervenção  ou  de  remeter  a  criança  para  múltiplas 
avaliações  procura  uma  entidade/equipa  que  possa  conjugar  as 
intervenções de uma forma mais global e que esse técnico pode, ou não, 
vir a incorporar.  
b) Avaliação e diagnóstico – No modelo transdisciplinar a avaliação é feita 
por diferentes membros da equipa de forma compreensiva e global tendo 
em conta os múltiplos saberes sobre a criança, sobre o contexto e ainda 
os  deste  acerca  da  criança.  Evitando  repetir  processos  de  avaliação  e 
procurando  que  cada  observação  efectuada  produza  o  máximo  de 
informação sobre o desenvolvimento em geral e de cada uma das áreas 
de competência da criança, e usando técnicas transdisciplinares. 
c) Participação  das  famílias  no  processo  –  A  família  detém  um 
conhecimento sobre a criança que não pode ser desvalorizado pelo que 
participa  activamente  em  todo  o  processo,  Esta  participação  é  um 
elemento  fundamental,  levando  a  considerar‐se  muitas  vezes  que  a 
própria  intervenção  é  centrada  na  família.  Enquanto  que  nos  outros 
modelos  a  família,  mesmo  reunindo  com  cada  técnico,  ou  com  o 
representante da equipa, continua a ser sempre um elemento exterior às 
tomadas de decisão técnicas. 
d) Responsabilidade  pela  intervenção  –  Numa  perspectiva  de 
funcionamento  transdisciplinar,  todos  os  elementos  da  equipa  são  co‐
responsáveis pela intervenção. Independentemente da equipa atribuir a 
um,  ou  mais,  dos  seus  membros  as  tarefas  concretas  de  intervenção,  é 
sempre a equipa que assume colectivamente a responsabilidade pela sua 
condução. Ao contrário do que acontece nas outras perspectivas, em que 
a responsabilidade é do técnico que faz a intervenção directa. 
e) Planeamento  da  intervenção  –  Enquanto  que  nas  perspectivas  multi  e 
pluridisciplinares  cada  técnico  é  chamado  apenas  a  planear  a 
intervenção  no  seu  domínio  específico  de  acção  e,  quando  muito,  a 
conjugá‐la  com  outros  interventores,  aqui  a  equipa  é  responsável  pela 
definição de um plano integrado, em que a família é igualmente chamada 
a  participar,  que  tem  em  conta  a  globalidade  das  necessidades  e  dos 
recursos  e  em  que  as  prioridades  são  definidas  em  função  da  própria 
criança e família. 
f) Implementação  de  programa  de  intervenção  ‐  No  modelo 
transdisciplinar  todos  os  técnicos  são  co‐responsáveis  pela 
implementação  do  programa,  independentemente  de  quem  o  executa. 
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FRANCO,  V.  (2007)  Diversidade  e  transdisciplinaridade  em  psicopatologia  do 
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Conhecimento. Évora: Universidade de Évora. 
 

Todos os técnicos têm permanentemente em consideração os objectivos 
definidos  para  a  intervenção,  havendo  um  responsável  pela  sua 
implementação que pode ser o responsável ou gestor de caso. 
g) Pressupostos  de  funcionamento  da  equipa  ‐  Todos  os  técnicos  estão 
comprometidos  em  ensinar,  aprender  e  trabalhar  em  conjunto  para 
desenvolver práticas e alcançar objectivos que ultrapassam os limites da 
sua  disciplina.  O  que  é  bem  mais  do  que  o  mero  reconhecimento  ou 
atribuição de espaço e valor às outras disciplinas. 
h) Comunicação intra‐equipa ‐ As equipas de cariz transdisciplinar apostam 
na  comunicação  e  partilha  dos  diversos  saberes,  integrando  os 
conhecimentos  e  estratégias  dos  diferentes  profissionais  através  de 
reuniões estruturadas e de uma ligação permanente.  
i) Aprendizagem  e  formação  dos  técnicos  –  A  aprendizagem  feita  no 
contexto da equipa e fora dele, tende a ser transdisciplinar, centrada nas 
problemáticas  e  não  na  formação  de  base.  Cada  um  aprende  com  os 
outros elementos da equipa ou a partir deles. 
j) Implicações organizacionais – A prática transdisciplinar aponta para uma 
organização  em  equipas  maleáveis  com  partilha  de  responsabilidades, 
sendo  o  responsável  de  caso  quem  articula  a  equipa  com  a  família. 
Fugindo assim à estrutura orgânica mais corporativa, por departamentos 
criados em função das especialidades e exigindo um funcionamento mais 
horizontal 

CONCLUSÃO
As  perturbações  do  desenvolvimento  apresentadas  pelas  crianças,  pela  forma 
como  interligam  diferentes  factores,  dimensões  e  níveis,  facilmente  transbordam 
em relação a uma perspectiva disciplinar. 

A  transdisciplinaridade  surge  como  uma  abordagem  promissora  para 


compreendermos  a  criança  como  unidade  multidimensional,  em  que  os  aspectos 
do  desenvolvimento,  da  educação,  do  sofrimento  emocional,  da  patologia,  das 
relações e dos contextos se apresentam como níveis de realidade que se interligam 
mas  não  se  anulam  nem  explicam  mutuamente  numa  lógica  linear.  Permite 
construir um conhecimento mais amplo, mais diverso e simultaneamente mais uno 
sobre as crianças com perturbações do desenvolvimento. 

Por  outro  lado,  a  transdisciplinaridade  coloca  desafios  à  prática.  Permite 


ultrapassar os limites do saber disciplinar na medida em que exige que os técnicos 
tenham uma atitude de partilha dos seus próprios saberes, de disponibilidade para 
dar  e  receber  informação,  o  que  coloca  exigências  ao  nível  da  utilização  de  uma 
linguagem comum e de terminologias e conceitos que possam ser partilhados por 
toda  a  equipa  e  pelas  próprias  famílias.  Passa  também  pela  atitude  face  à 

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comunicação  e  à  transferência  de  conhecimentos  e  competências  que  é,  sem 
dúvida,  a  atitude  fundamental  do  funcionamento  transdisciplinar  que,  perante  o 
saber do outro, exige um posicionamento de humildade, aceitação e valorização. 

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