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Introdução
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Ver Menon (1995, 1996), Omena e Braga (1996) entre outros, para mais detalhes.
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Pronome-objeto, pronome pessoal do caso oblíquo e clíticos são termos para referir-se à mesma
entidade. Na seção a seguir, defino o que são os “clíticos correferenciais”.
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ao próprio sujeito, assim o agente e o alvo da transferência são a mesma entidade. Em termos
sintáticos, a estrutura de clíticos em construção correferencial é:
onde o índice i indica a correferencialidade entre sujeito e objeto. Neste tipo de construção,
costuma haver concordância entre o pronome sujeito e o pronome objeto correferenciais, como
em (1).
(1) Porque aí eu disse pra ele “porque tu vais te arrepender, não sei mais o quê”. (SC FLP 03
FAP).3
(3) São muito bons, né? Tu se diverte muito, mais que nos bailes da cidade. (SC FLP 14 MBG);
3
As frases foram extraídas de entrevistas de Florianópolis, uma das cidades constituintes do Banco de
Dados VARSUL. As duas primeiras letras referem-se ao Estado (Santa Catarina, Rio Grande do Sul), as
três letras seguintes referem-se à cidade (Florianópolis, Porto Alegre) e o número é o número do
informante. A sigla seguinte informa o sexo do falante (F para feminino e M para masculino), a faixa
etária (J para 15 a 24 anos, A para 25 a 49 anos e B para mais de 50 anos) e o tempo de escolarização (P
para 2 a 4 anos, G para 5 a 8 anos e C para 9 a 11 anos).
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É possível que o mesmo processo esteja acontecendo com o se. Indícios de que este
processo não seja restrito ao português falado na região do sul do Brasil são dados por Mello
(2005), que investiga o mesmo fenômeno nos dados do Projeto Variação Lingüística no Estado
da Paraíba (VALPB).
Para averiguar esta hipótese foi realizada uma análise quantitativa de clíticos
correferenciais coletados no banco de dados do Projeto VARSUL. Foram selecionadas as
entrevistas referentes às cidades de Porto Alegre (RS) e de Florianópolis (SC). Além dos fatores
de estratificação social (sexo, idade, escolaridade e cidade), foram testados fatores lingüísticos
relacionados com o verbo, com base nos resultados de Seara (2000).
Seara (2000) analisou a manutenção/supressão dos clíticos anafóricos na fala de
Florianópolis, sob o aspecto semântico-pragmático do verbo ao qual o clítico está ligado. Os
resultados apontam que a variação é sensível aos papéis temáticos exercidos pelos verbos: a
supressão dos clíticos é favorecida pelos verbos comitativos e locativos, enquanto que os verbos
experimentativos e básicos são favorecedores da manutenção dos clíticos. O tipo semântico
(ação, estado ou processo) e o tipo gramatical (acidentalmente pronominal, enfático ou
recíproco) do verbo também foram considerados, embora Seara (op. cit.) não tenha verificado a
sua influência na variação dos clíticos anafóricos.
Além dos fatores de Seara (op. cit.), o tipo de pronome sujeito e a presença de material
interveniente entre o clítico e o verbo foram controlados. A seguir, os procedimentos de análise
e os resultados são apresentados.
2 Motivações sociais
se nos te
apl. % apl. % apl. %
tu 4/38 10 0/0 0 34/38 90
a gente 106/106 100 0/0 0 0/0 0
nós 17/30 56 13/30 44 0/0 0
total 127/172 73 13/172 8 34/172 19
Peso % Apl.
Relativo
Pronome sujeito
Nós 0,87 55 15/27
Tu 0,16 6 2/30
Faixa etária
25 a 49 anos 0,74 75 66/86
Mais de 50 0,16 66 37/57
anos
Região
Florianópolis 0,72 86 70/81
Porto Alegre 0,23 52 32/61
Input: 0,71
Tabela 2: Fatores estatisticamente significativos na análise binomial
da ocorrência de se em construções correferenciais
Os resultados gerais apontam o pronome-sujeito nós como o que mais “atrai” o clítico
correferencial se, além de evidenciarem um processo que pode ser considerado como mudança
em tempo aparente (LABOV, 1994), já que a faixa etária mais jovem é a que mais apresenta
tendência de uso do clítico correferencial se. A região também é um fator que condiciona
fortemente o fenômeno; florianopolitanos são mais passíveis de utilizar o pronome se em
construções correferenciais do que os porto-alegrenses. Passe-se aos resultados de cada cidade,
para verificar se a tendência geral se mantém ou se algum fator é mais significativo do que outro
em diferentes regiões.
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Nesta rodada geral, foram excluídas 32 ocorrências (25 de se e 7 dos outros pronomes) referentes a
informantes de Florianópolis que estão estratificados na faixa etária de 15 a 21 anos. Florianópolis é a
única cidade do banco do VARSUL que atualmente possui três estratificações de faixa etária. As
ocorrências de a gente, por serem categóricas quanto ao pronome sujeito, foram desconsideradas neste
fator.
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Peso % Apl.
Relativo
Pronome sujeito
Nós 0,89 27 15/19
Tu 0,11 30 3/17
Escolaridade
Primária 0,93 84 27/32
Ginasial 0,14 83 41/49
Secundário 0,52 84 27/32
Input: 0,84
Tabela 3: Fatores estatisticamente significativos na análise binomial da ocorrência de se em
construções correferenciais na cidade de Florianópolis
Peso % Apl.
Relativo
Pronome sujeito
Nós 0,78 18 2/11
Tu 0,34 4 1/4
Faixa etária
25 a 49 anos 0,78 51 14/29
Mais de 50 0,24 43 18/32
anos
Input: 0,52
Tabela 4: Fatores estatisticamente significativos na análise binomial da ocorrência de se em
construções correferenciais na cidade de Porto Alegre
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As ocorrências da faixa etária 15 a 21 anos foram reincluídas nesta rodada.
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sujeito que está perdendo traços, fazendo com que o se não encontre restrições internas (as
restrições externas ficaram evidenciadas na análise).
4 Considerações finais
Referências
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temas de pesquisa. Florianópolis: CPgL. Disponível em:
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Mestrado em Lingüística – Faculdade de Letras, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo
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Press.
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presented at Freiburg University, October 17th 2001. Disponível em
http://www.stanford.edu/~traugott/ect-papersonline.html