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FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO
PARTICULAR

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70.1 CONCEITO, OBJETIVIDADE JURÍDICA E SUJEITOS DO

CRIME

O tipo está no art. 298 do Código Penal: “Falsificar, no todo ou em parte, documento
particular ou alterar documento particular verdadeiro”. A pena: reclusão, de um a cinco
anos, e multa.

O bem jurídico tutelado é a fé pública, a confiança que as pessoas depositam nos

documentos, no caso, particulares.

Sujeito ativo é qualquer pessoa que realiza a conduta incriminada. Sujeito passivo é o
Estado e o será também a pessoa, física ou jurídica, que venha a ser prejudicada com a
falsificação.

70.2 TIPICIDADE

A falsificação de documento particular é crime que difere da falsificação de

documento público apenas em relação à natureza do documento que, aqui, não é o
emanado de funcionário público no exercício de suas funções, dentro de sua competência e
com observância das formalidades legais, nem os documentos equiparados pela norma do
§ 1º do art. 297.

70.2.1 Conduta e elementos do tipo

Falsificar é imitar. É criar ou formar um documento como se fosse o verdadeiro. A

norma abrange a falsificação total e a parcial. Falsificação total é a criação integral do
2 – Direito Penal III – Ney Moura Teles

documento. Falsificação parcial é adição, ao documento verdadeiro, de partes novas falsas.

São chamadas contrafações, total e parcial.

Alterar documento verdadeiro é a segunda conduta típica. Por ela, o agente modifica o
documento verdadeiro, dando-lhe novo conteúdo, inverídico. A diferença entre a
contrafação parcial e a alteração de documento verdadeiro é sutil. Na primeira, o agente
cria uma nova idéia, um novo pensamento que passa a integrar o documento, ao passo que
na segunda ele altera uma idéia ou pensamento preexistente. Na falsificação parcial –
contrafação – o agente acrescenta um dado novo ao documento verdadeiro. Na alteração, o
agente modifica um dado já contido no documento, alterando seu sentido.

O objeto material é o documento particular. Documento particular é aquele que não é

público, nem por equiparação nos termos do § 1º do art. 297.

É o escrito ou o gráfico produzido por qualquer pessoa, impresso por meio manual ou
mecânico, sobre papel ou outra superfície de coisa material assemelhada, que representa e
presta-se para reproduzir manifestação do pensamento e que tem como finalidade servir
como meio de prova de fato juridicamente relevante. É o documento, assim, uma coisa que
representa um fato.

O documento deve conter a identificação de seu autor, por meio de sua assinatura ou
rubrica. Escrito anônimo não é documento. Também não o é o ininteligível.

A falsificação deve ser idônea, capaz de ludibriar alguém, não havendo crime quando
é grosseira, facilmente perceptível por qualquer pessoa comum. Deve, igualmente,
apresentar potencial lesivo, capacidade de causar dano, de qualquer natureza, a alguém. A
falsificação inócua não é fato típico.

Exige-se que o agente atue com dolo. Com consciência de que forja um documento
verdadeiro e com vontade livre de fazê-lo sem qualquer fim especial.

As observações feitas acerca do documento público, no item 72.2, são pertinentes ao

crime em comento, devendo o leitor buscar ali outras informações aplicáveis,
especialmente quanto ao conflito aparente de normas entre o falso e o estelionato.

70.2.2 Consumação e tentativa

A consumação acontece no exato momento em que o documento falso é criado,

elaborado ou formado pelo agente ou quando é concluída a modificação fraudulenta, o
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acréscimo de dados ao documento verdadeiro ou, ainda, quando se completa a alteração do

conteúdo de documento autêntico.

Não há necessidade de que o documento falsificado ou alterado seja utilizado por

alguém, nem que venha a causar qualquer dano.

A tentativa é possível quando o agente, por circunstâncias alheias a sua vontade,

não consegue concluir o processo de falsificação ou alteração.

70.3 AÇÃO PENAL

A ação penal é de iniciativa pública incondicionada, permitida a suspensão

condicional do processo penal.