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MEDICAMENTO EM DESACORDO
COM RECEITA MÉDICA

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55.1 CONCEITO, OBJETIVIDADE JURÍDICA E SUJEITOS DO


CRIME

O art. 280 do Código Penal define como crime: “fornecer substância medicinal em
desacordo com receita médica”. A pena cominada é detenção, de um a três anos, ou multa.

A proteção da norma recai sobre a saúde da coletividade.

Sujeito ativo é a pessoa que fornece o medicamento, normalmente o empregado do


estabelecimento comercial, mas nada impede que qualquer outra pessoa realize o tipo.

Sujeito passivo é o Estado e também a pessoa a quem o remédio é fornecido.

55.2 TIPICIDADE

55.2.1 Conduta e elementos do tipo

A conduta descrita é fornecer, que significa vender, entregar, doar, ceder, enfim,
colocar à disposição de alguém alguma coisa. No caso, o objeto material é uma substância
medicinal, ou seja, aquela que se destina à prevenção, tratamento ou cura de uma
enfermidade. A conduta é, pois, fornecer um remédio.

O medicamento fornecido deve estar em desacordo com a receita médica. Receita


médica é a prescrição, escrita ou elaborada e firmada por médico, que contém o nome do
medicamento que deve ser adquirido pelo paciente ou a indicação das substâncias ou do
preparo que deve ser feito pela pessoa a quem for apresentada para fornecimento. Contém
assim a recomendação médica, que não pode ser alterada ou modificada pelo agente.
2 – Direito Penal III – Ney Moura Teles

O agente a quem a receita é apresentada deve atendê-la, se puder, ou recusar o


atendimento por não ter o medicamento prescrito ou não lhe ser possível preparar a
substância recomendada. Se ele fornece substância medicinal que não seja a prescrita,
cometerá o crime comentado. Ainda que o medicamento fornecido seja mais eficaz, mais
eficiente, de melhor qualidade, o tipo se realizará.

Estar em desacordo significa contrariar. Se o agente fornece medicamento genérico,


que contém o mesmo princípio ativo do prescrito pelo médico, não realizará o tipo,
porquanto a substância entregue não estará em desacordo com a receita.

O desacordo diz respeito com a qualidade e também com a quantidade do


medicamento receitado. A norma, porém, não alcança receitas feitas por dentistas,
psicólogos ou outros profissionais da saúde, restrita pois ao médico.

O crime é de perigo abstrato. Não precisa existir nem, se houver, ser provado;
todavia, é indispensável a demonstração de que a substância fornecida esteja,
efetivamente, em desacordo com a prescrição.

É crime doloso. O agente deve atuar com plena consciência e com a livre vontade de
fornecer substância que contraria a indicação médica constante da receita, sem qualquer
outra finalidade especial. Se erra sobre o nome do medicamento constante da receita, por
estar escrito com letra de difícil compreensão, o dolo ficará excluído, podendo responder
pela forma culposa, comentada adiante.

55.2.2 Consumação e tentativa

A consumação ocorre no instante em que o agente entrega a substância em


desacordo com o prescrito pelo médico, independentemente de sua posterior utilização ou
da causação de qualquer dano.

A tentativa é possível quando o produto não chega a ser entregue ao consumidor,


por circunstâncias alheias à vontade do agente, inclusive quando a própria pessoa
interessada percebe a troca.

55.2.3 Forma culposa

Pode o agente errar na apreciação da receita durante a busca do medicamento na


prateleira, ou no momento em que o embala para entregá-lo. Sendo previsível e atuando
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com negligência, imprudência ou imperícia, incidirá a norma do parágrafo único do art.


280, que prevê a modalidade culposa. A pena é detenção, de dois meses a um ano.

55.2.4 Formas qualificadas pelo resultado

Dispõe o art. 285 do Código Penal que serão aplicadas ao crime em comento as
formas qualificadas pelo resultado descritas no art. 258. Se do fato resultar lesão corporal
de natureza grave, a pena será aumentada de metade. Se resultar morte, será aplicada em
dobro. São crimes preterdolosos. Há dolo na realização da conduta e culpa na produção do
resultado não desejado nem aceito pelo agente.

Se o agente tiver realizado a conduta com a finalidade de causar o resultado mais


grave, haverá o crime contra a pessoa integralmente doloso.

Se do crime culposo resultar lesão corporal – leve, grave ou gravíssima – a pena


será aumentada de metade. Se resultar morte, será aplicada a pena do homicídio culposo,
aumentada de um terço.

55.2.5 Culpabilidade

Se o agente fornece substância diferente da prescrita pelo médico, porém


comprovadamente adequada para o tratamento do caso, por exemplo, outra substância de
efeitos equivalentes, porque não havia, no estabelecimento, aquela constante da receita, e
havendo urgência para sua aplicação ao paciente a quem se destina, deverá ser excluída sua
culpabilidade, por inexigibilidade de conduta diversa.

55.4 AÇÃO PENAL

A ação penal é de iniciativa pública incondicionada, possível a suspensão


condicional do processo penal nas formas simples, dolosa e culposa, não qualificadas pelo
resultado. A competência é do juizado especial criminal quando se tratar de crime culposo.

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