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Introdução
A percepção do passado é um importante elemento de amor a terra.
Yi-fu Tuan
Metodologia
1
Lei N° 9.394, de 20 de dezembro de 1996.
2
Lei N° 9.795, de 27 de abril de 1999.
ganham público ao converter conteúdos antes teóricos e abstratos em oportunidades de
vivências in loco3.
As trilhas, que sempre tiveram a acessibilidade como função primordial nos
diversos segmentos turísticos, constituindo essencialmente um meio de se chegar ao
destino final, seguindo os mesmos preceitos, passam a contar com crescentes adesões e
incorporam novos sentidos, constituindo o fator de atratividade por si só, com maior
presença em diversas propostas nas quais a experiência proporcionada ao visitante é
difundida ao longo de todo o percurso.
Segundo Lima (s.d), a combinação de fatores educativos e recreacionais nas
trilhas interpretativas adquire um sentido especial ao unir curiosidade, reflexão,
multiplicidade de estímulos, elementos temáticos e companheirismo, este fundamentado
em técnicas e estimulado pela compreensão de uma vivência onde cognição e afetividade
são combinadas. E complementa:
Os objetivos de uma trilha podem ser desdobrados em vários pontos
relacionados à experiência e à percepção ambientais, mas o objetivo
principal de toda ela, é o resgate do significado da integração e
conservação ambiental mediante o conhecimento. Esta integração
Homem/Paisagem estabelecida durante uma trilha interpretativa,
transcende objetivos imediatos, fundados em informações superficiais ou
não, explicações técnicas, temáticas, etc. Na realidade, a experiência de
uma trilha é impossível de ser restringida aos conteúdos referentes aos
ecossistemas, ciclos vitais, recuperação e proteção, poluição e
degradação, entre outros. (LIMA, s.d)
Nesse sentido, a interpretação ambiental se consolida como instrumento de
valorização das trilhas, estreitando o contato entre o caminhante e a paisagem
circundante e expandindo a compreensão e as perspectivas de satisfação do usuário
menos informado e observador ao destacar elementos que certamente passariam
despercebidos.
Além do prazer proporcionado por uma caminhada ao ar livre, as trilhas de
interpretação podem vir agregadas a outros instrumentos de sensibilização, como
dinâmicas, jogos cooperativos e arte-educação, capazes de abrir os canais sensíveis da
criatividade, da percepção e da compreensão da paisagem em suas dimensões de
espaço, tempo e influência mútua com os aprendizes, e mais além, dimensões intangíveis
das paisagens que se remetem aos espaços psicológicos individuais, induzindo a
3
Atualmente, um novo programa do Ministério do Turismo, denominado Caminhos do Futuro, inicia um
processo de inserção transversal desse campo de estudo no ensino médio e fundamental, reforçando sua
reflexão por meio da educação formal.
redescoberta do meio ambiente e o reconhecimento da essência da presença humana no
espaço externo.
Nas palavras de Tuan (1980), percepção, atitudes e valores preparam-nos,
primeiramente, a compreender nós mesmos. Sem a autocompreensão não podemos
esperar por soluções duradouras para os problemas ambientais que, fundamentalmente,
são problemas humanos.
Dessa forma, cada pessoa, por meio do filtro de sua própria história de vida e
sensibilidade, estabelece uma diferente compreensão dos conhecimentos e experiências
vivenciados. É essa compreensão, íntima e intransferível, que congrega o afeto e
sentimento de ‘fazer parte’ que os indivíduos têm em relação ao seu meio, pertencendo
conscientemente aos fatos históricos e aos ciclos naturais, religando-se aos processos
maiores, valorizando a paisagem de dentro pra fora e, a partir daí, estabelecendo
relações positivas com o mundo e, por conseqüência, com seu próprio bem estar.
Partindo desse princípio, não apenas apelos ligados à ecologia e conservação,
temas convencionalmente trabalhados, servem de ponto central. Os deslocamentos às
paisagens consideradas transtemporais, por expressarem testemunhos e marcas que
representam as sucessivas relações do homem com a natureza, constituem, por si só, um
elo consigo próprio e com seus antepassados.
Para Santos (2001), a idéia de paisagem é o conjunto de formas heterogêneas, de
idades diferentes, pedaços de tempos históricos representativos das diversas maneiras
de produzir as coisas, de construir o espaço. É a materialização de um instante da
sociedade, como em uma fotografia.
Nesse sentido, a “espacialização da história”, um dos campos de estudo da
chamada geografia histórica, instituindo um enredo temporal ao longo do percurso de uma
trilha ao mesmo tempo em que reproduz cenários, sejam eles reais ou fictícios, é capaz
de unir as dimensões espaço e tempo e gerar novas noções a seu respeito.
Figura 2.
Trilhando a História
Por tratar-se de uma abordagem histórica sob uma perspectiva diferenciada, para
iniciar o enredo é desejável que haja dinâmicas que ampliem as noções de tempo dos
visitantes, de forma lúdica e criativa, antes da imersão nas três diferentes eras
didaticamente projetadas para o Memorial.
A estimativa de surgimento do planeta gira em torno de quatro e meio bilhões de
anos, uma escala geológica de tempo cujas dimensões são praticamente
incompreensíveis tendo como referência a extensão da vida humana. Didaticamente, a
introdução na história da terra e do homem pode ter início no trabalho com as diferentes
noções tempo. No ensino introdutório da geologia, é costume transpor a vastidão do
tempo para escalas mais compreensíveis ao entendimento humano, como na
comparação conduzida por Eicher (1968):
"Imagine que os 4,5 bilhões de anos da Terra foram comprimidos em um
só ano (entre parênteses colocamos a idade real de cada evento). Nesta
escala de tempo, as rochas mais antigas que se conhece (~3,6 bilhões
de anos) teriam surgido apenas em março. Os primeiros seres vivos
(~3,4 bilhões de anos) apareceram nos mares em maio. As plantas e os
animais terrestres surgiram no final de novembro (a menos de 400
milhões de anos). Os dinossauros dominaram os continentes e os mares
nos meados de dezembro, mas desapareceram no dia 26 (de 190 a 65
milhões de anos), mais ou menos a mesma época em que as
montanhas rochosas começaram a se elevar. Os humanóides
apareceram em algum momento da noite de 31 de dezembro (a
aproximadamente 11 milhões de anos). Roma governou o mundo
durante 5 segundos, das 23h:59m:45s até 23h:59:50s. Colombo
descobriu a América (1492) 3 segundos antes da meia noite, e a
geologia nasceu com as escritos de James Hutton (1795), Pai da
Geologia Moderna, há pouco mais que 1 segundo antes do final desse
movimentado ano dos anos."
No Memorial, foi utilizada uma técnica similar, transmutando tempo em espaço,
onde a história geológica da Terra é narrada em uma espiral projetada no chão, em
tamanho adequado para que se ande sobre ela, ilustrando a evolução física e biótica do
planeta. A espiral do tempo congrega os períodos e eras geológicas (Proterozóica,
Paleozóica, Mesozóica e Cenozóica), além de seus respectivos eventos mais
significativos na evolução física e biótica no planeta.
A dinâmica pode ser feita de várias formas de acordo com o público, por exemplo,
por meio de jogos cooperativos onde se avança para o próximo período geológico da
espiral a cada desafio cumprido. Os desafios podem ser perguntas que estimulem o
raciocínio e a concentração dos visitantes, para o caso de grupos dispersos, ou propostas
que reforcem a integração entre as pessoas, para o caso de um grupo de desconhecidos.
Passando à segunda idade, onde se tem como cenário o primeiro trecho da trilha,
com cerca de 700 metros em uma porção de mata preservada, podem ser abordados
aspectos diversos ligados à formação e peculiaridades do bioma cerrado. As teorias sobre
o estabelecimento e distribuição geográfica dos biomas no continente através dos tempos
podem abrir brechas para reflexões, dentre outros, sobre clima, pedologia, intervenções
de fauna e ação antrópica.
Nessa fase da vivência, dependendo do público envolvido ou dos objetivos
específicos da visita, pode-se dar uma seqüência mais fluida ao enredo, reforçando o elo
entre a formação dos cerrados e a geo-formação anteriormente aludida, por exemplo, ao
se comparar os ecossistemas de savana sul-americano e africano ou destacar a
coincidência (ou não) de sua ocorrência junto a áreas de substratos pré-cambrianos.
Outra possível opção é enfatizar os elos entre a eco-história do cerrado e aspectos
relacionados à vida animal e à ocupação humana, abordando, por exemplo, os primeiros
habitantes da megafauna e fauna moderna regional e suas relações com a vegetação, os
prováveis usos e destinações dadas às espécies vegetais encontradas ao longo da trilha
pelo homem, ou o cerrado visto aos olhos do colonizador, remetendo-se a trechos de
relatos históricos disponíveis no acervo do Memorial.
Terceira Idade: O Homem pré-histórico no Brasil
Considerações finais
Bibliografia citada
BRASIL. Lei 9.795, de 27 de abril de 1999. Dispõe sobre a Política Nacional de Educação
Ambiental e dá outras providências.
BRASIL. Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da
educação nacional.
BERTRAN, P. História da Terra e do Homem no Planalto Central – Eco-história do
Distrito Federal: do Indígena ao Colonizador. Brasília: Verano, 2000.
BERTRAN, P. & FLEURY, G. Memorial das Idades do Brasil. Brasília: Verano, 2004.
Eicher, D.L.. Tempo Geológico. São Paulo: Ed. Edgar Blücher Ltda., 1969.
LIMA, S. T. Trilhas Interpretativas e Vivências na Natureza: reconhecendo e
reencontrando nossos elos com a paisagem. Depto. de Geografia – IGCE/ UNESP, Rio
Claro. (s.d) Disponível em:
http://www.ambiente.sp.gov.br/ea/adm/admarqs/Solange_Guimaraes01.pdf
SANTOS, M. e SILVEIRA M.L. O Brasil, Território e sociedade no início do século
XXI. São Paulo-Rio de Janeiro: Record, 2001
TUAN, Y-F. Topofilia: um estudo da percepção, atitudes e valores do meio ambiente.
São Paulo, Difel, 1980.
Agradecimentos
A Paulo Bertran e Graça Fleury, por terem concebido e presenteado Brasília com tão belo
legado e nos acolhido em nosso desejo de unir forças para divulgá-lo.
A Bismarque Villa Real e Lana Guimarães, que me puseram, ainda que indiretamente, em
contato com tamanha riqueza.
Aos Bertran, em especial André Bertran, que iniciam um difícil trabalho para reativar e
manter vivo o conhecimento representado pelo Memorial.
A Helena de Oliveira, por tornar-se minha parceira, idealizando e recheando nossos
sonhos com a leveza da arte-educação, e a Ludmila Chaer, amiga e revisora dedicada de
meus textos pela madrugada adentro.
A Trilha Mundos – Cooperativa de Turismo, Cultura e Meio Ambiente, especialmente
Renata Bernardina, Clodoaldo Souza, Cláudia Sachetto, por acreditarem e fortalecerem
meu impulso de abraçar de corpo inteiro essa causa.