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PROPOSTA DE MONITORAMENTO DE IMPACTO DE VISITANTES NO

PARQUE NATURAL MUNICIPAL DAS ARAUCÁRIAS, GUARAPUAVA – PR.


Fabíola Schützenberger Machado (UFPR), Andréa Carla da Costa, José Aurélio A. Caiut
biofabiola@yahoo.com.br, (41) 9188-9792
Eixo: O Homem / Sub-eixo: Trilhas em Unidades de Conservação e Comunidades Locais.
Pôster
1. INTRODUÇÃO
A visitação em áreas silvestres, motivada pelo desejo de estar em contato com
a natureza, é uma atividade recreativa bastante antiga. Nos Estados Unidos, desde o
final da Segunda Guerra Mundial, com o desenvolvimento do automóvel, a melhoria
das estradas e no padrão de vida, a maior disponibilidades de tempo, conseqüência
da industrialização, a melhoria dos sistemas de comunicação e também o crescimento
da população, a recreação nestas áreas tem crescido surpreendentemente. Este
crescimento fez com que nos últimos trinta anos, em especial os Estados Unidos,
estimulassem a realização de muitas pesquisas para avaliar os impactos das
atividades recreativas e suas influências sobre o homem e o ambiente.
Para definir de maneira adequada as melhores opções de manejo e desta
maneira conciliar a recreação com a conservação dos recursos naturais e culturais
sem degradar o ambiente, os administradores das áreas e os pesquisadores do
Serviço Florestal Americano vinham adaptando, do manejo de pastagens, o conceito
de capacidade de carga (utilizado inicialmente para avaliar o número máximo de
animais que uma área poderia suportar sem comprometer seus recursos) para
capacidade de carga recreativa. Esta adaptação buscava um número ideal de
visitantes que uma área poderia tolerar em um dado período, sem causar danos
excessivos (TAKAHASHI, 1998).
A realização de muitos trabalhos e a comprovação que não existe relação
direta entre o número de visitantes e a quantidade de impactos negativos em uma
área resultaram em uma reformulação do conceito de capacidade de carga conhecida
como Limite Aceitável de Câmbio – LAC, apresentada por STANKEY et al. (1985).
Como é inviável medir a alteração de todos os indicadores ecológicos e
recreativos, selecionam-se alguns para medir o estado de conservação geral de uma
área, estes devem refletir a condição encontrada em uma classe de oportunidade, é
importante entender que apenas um indicador pode não descrever adequadamente a
condição de uma área particular. Neste contexto, utiliza-se um conjunto de
indicadores, que são parte fundamental da estrutura do LAC.
Após a definição dos indicadores, é necessário definir um padrão para cada
indicador, este padrão corresponde à descrição do que é aceitável e adequado para
cada indicador e permite perceber o quanto os impactos estão se aproximando dos
limites definidos, permitindo que as devidas ações de manejo sejam tomadas
(TAKAHASHI, 1998).
Para a efetividade do método LAC, é necessário que seja implementado um
programa de monitoramento que deve ser realizado para que se acompanhe as
mudanças ocorridas ao longo do tempo. No Brasil o método LAC ainda é pouco
utilizado, devido à limitação de recursos financeiros e de pessoal.
Considerando que o desenvolvimento desordenado da recreação em Unidades
de Conservação brasileiras pode comprometer os demais objetivos fundamentais para
os quais elas foram estabelecidas, é relevante destacar a necessidade de realizar uma
investigação sistemática sobre os impactos do uso recreativo para descobrir novos
fatos ou princípios. Neste sentido, o presente trabalho tem como principal objetivo
formular um método de monitoramento de impactos de visitação para o Parque Natural
Municipal das Araucárias (TAKAHASHI, 1998).
2. OBJETIVOS
Este trabalho tem como objetivo formular um método de monitoramento de
impactos de visitação para o Parque Natural Municipal das Araucárias, localizado no
município de Guarapuava, Paraná.
Especificamente buscou-se: definir as opções de recreação para os visitantes
do parque; escolher indicadores das condições ecológicas e recreativas do parque;
definir padrões (limites) para os indicadores; comparar os dados coletados com os
padrões (limites) definidos; formular alternativas de manejo do uso público para a
administração do parque.
3. MATERIAIS E MÉTODOS
3.1 Área de estudo
O presente trabalho foi desenvolvido no Parque Natural Municipal das
Araucárias, situado no município de Guarapuava, Estado do Paraná. Nos 104 hectares
que compõe a área do Parque são encontradas amostras das associações vegetais
típicas da região como Floresta com Araucária e Campos.
Nas edificações do Parque estão instalados o Museu de Ciências Naturais, o
Centro de Educação Ambiental João Luiz Toledo (CEAJLT), a Secretaria Municipal de
Meio Ambiente e Desenvolvimento e quatro viveiros para a produção de mudas.
No CEAJLT é feita a recepção dos alunos que irão percorrer qualquer uma das
duas trilhas presentes no Parque. A orientação dos visitantes só é feita com prévio
agendamento, caso contrário, a trilha é feita sem nenhuma instrução ou
acompanhamento.
As duas trilhas presentes no Parque são muito semelhantes, a mais longa é
utilizada principalmente pelas escolas que visitam o local e tem 1150 m de
comprimento. Já a mais curta apresenta 760 m de comprimento e é utilizada por
público bem variado.
3.2 Metodologia de avaliação – Limite Aceitável de Câmbio
3.2.1 Indicadores das condições ecológicas e recreativas
Considerando a inviabilidade de analisar todas as variáveis, no início do
trabalho foram selecionados indicadores que melhor representassem o impacto
provocado pela utilização recreativa. Dentre as opções de indicadores, foram
escolhidos os que são fáceis de medir, não exigindo muito investimento e treinamento
do funcionário que realizará o monitoramento. Desta maneira, nas duas trilhas foram
utilizados os seguintes indicadores:
a) largura da trilha: o alargamento da trilha indica se está ocorrendo avanço
da área destinada a infra-estrutura sobre a vegetação, ocasionando perda da
mesma;
b) danos na vegetação: denota se está ocorrendo perda da cobertura vegetal;
c) número de raízes expostas: é um indicativo da compactação do solo e da
erosão;
d) número de acessos secundários: indicam se está ocorrendo avanço da
área destinada a infra-estrutura sobre a vegetação, ocasionando perda da
mesma;
e) quantidade de lixo encontrado: demonstra o comportamento inadequado
dos usuários, pode causar uma má experiência para outras pessoas que
visitam o parque e também pode causar intoxicação da fauna;
f) regeneração natural: indica se está ocorrendo pisoteio fora da trilha
demarcada e se está ocorrendo excessiva compactação do solo.
No restante do parque onde ocorre visitação - ao redor do Museu, do Centro de
Educação Ambiental, dos viveiros e dos recintos para animais silvestres – foram
utilizados apenas três indicadores: danos na vegetação, número de acessos
secundários e quantidade de lixo encontrado.
3.2.2 Medição dos indicadores selecionados nas trilhas
A trilha 1 tem 1.150 metros de comprimento que foram divididos em 115
parcelas de 10 metros cada. As parcelas foram medidas com o auxílio de uma corda
com exatamente 10 metros de comprimento que era estendida no chão. A marcação
do início e final das parcelas foi feita com estacas de madeira numeradas de 1 a 115,
cada uma medindo 25 cm de altura. A trilha 2 é menos utilizada e apresenta 790
metros de extensão que foram divididos da mesma maneira que a anterior, em
parcelas de 10 metros marcadas com estacas de madeira numeradas de 1 a 79.
Devido à praticidade e economia de recursos, nem todos os indicadores foram
quantificados em toda a extensão da trilha.
De acordo com Netto e Brena (1993), a amostragem aleatória simples é o
processo fundamental de seleção a partir do qual derivaram todos os demais
procedimentos de amostragem, visando aumentar a precisão das estimativas e reduzir
custos de levantamento. Ainda segundo Netto e Brena (1993), a intensidade de
amostragem, em população finita, pode ser calculada com a seguinte fórmula:
n= N t² sx² _
N E² + t² sx²
Seguindo a metodologia utilizada por estes autores, o tamanho de amostras
confiáveis foi determinado para as duas trilhas separadamente. Os dados de largura
da trilha, medidos a cada 10 metros, foram utilizados para calcular as variâncias e a
confiabilidade utilizada foi de 95%.
Para a trilha 1: Para a trilha 2:
N = 115 N = 79
t = 2,201 t = 2,365
sx² = 0,104602 sx² = 0,69485
E = 0,183 E = 0,166
Então: Então:
n=_ 115 . (2,201)² . 0,104602 _ n=_ 79 . (2,365)² . 0,069485 _
115 . (0,183)² + (2,201)² . 0,104602 79 . (0,166)² + (2,365)² . 0,069485
n = 13,37 n = 11,96
n ≈ 13 n ≈ 12
Desta maneira foram escolhidas de forma aleatória, na trilha 1, 13 parcelas
listadas a seguir: 5, 7, 11, 19, 29, 31, 43, 55, 64, 72, 98, 100 e 109 e na trilha 2 foram
escolhidas 12 parcelas listadas a seguir: 09, 12, 18, 22, 34, 37, 42, 57, 58, 65 e 73, 77.
Dentro das trilhas foram observados os seguintes dados:
Largura da trilha:
Foi medida com trena a cada 10 metros, sendo feita uma média simples para
encontrar o padrão. Dentro das parcelas sorteadas, a trilha foi medida a cada 2 metros
para que fosse possível verificar se o padrão estava sendo ultrapassado.
Danos na vegetação:
Os danos na vegetação foram qualificados da seguinte maneira:
- dano leve: presença de pregos, furos, pequenos ramos cortados ou
quebrados, pequenos ferimentos nos troncos;
- dano moderado: ramos grandes cortados ou quebrados, ferimentos e
mutilações o tronco que podem ser numerosos;
- dano severo: ferimentos grandes ou circundando completamente a árvore.
E utilizando esta classificação, foram quantificados apenas nas parcelas
sorteadas.
Número de raízes expostas:
Foram quantificadas em toda a extensão da trilha.
Número de acessos secundários:
Foram localizados e quantificados os acessos secundários estabelecidos pelos
usuários em toda a extensão da trilha.
Quantidade de lixo encontrado:
Considerando que o lixo encontrado na trilha e seus arredores pode prejudicar
a qualidade da experiência do visitante, foi quantificado o lixo encontrado em toda a
extensão da trilha. Nos trechos sorteados, o lixo encontrado em uma área de
interferência de 5 metros de cada lado da trilha, também foi quantificado.
Regeneração natural:
Para quantificar a regeneração natural foi utilizado um quadro de madeira
medindo 1m x 1m (Figura 01). A medição foi feita apenas nos trechos sorteados e
sempre distando 1 metro do piso da trilha. Em cada parcela foram amostrados 2 m² de
cada lado da trilha como mostra a figura abaixo.

Figura 01: Amostragem da Regeneração Natural


3.2.3 Medição dos indicadores selecionados em outros locais
No restante do parque onde ocorre visitação - ao redor do Museu, do Centro de
Educação Ambiental, dos viveiros e dos recintos para animais silvestres – foram
utilizados apenas três indicadores: danos na vegetação, número de acessos
secundários e quantidade de lixo encontrado.
Os indicadores foram quantificados ao redor dos locais de visitação a uma
distância aproximada de 30 metros, área em que pôde ser constatada a presença de
visitantes. Os danos na vegetação foram classificados em danos leves, moderados e
severos, da mesma maneira que no interior das trilhas.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 Indicadores das condições ecológicas e recreativas nas trilhas 1 e 2
4.1.1 Largura da trilha
Através da medição da largura das trilhas foi possível perceber uma variação
muito grande de valores. A trilha 1 variou de quase 1 metro a 3 metros e a trilha 2
variou de pouco mais de 1 metro a quase 3 metros. Esta disparidade de valores não
permite um monitoramento adequado e indica que as trilhas devem ser readequadas,
para que tenham a mesma largura em todos os pontos e assim permitir o
monitoramento deste indicador.
A média simples da largura da trilha 1, medida a cada 10 metros, é de 1,83
metros, este valor poderia ser considerado como o padrão, ou seja, em nenhum ponto
ela deveria estar mais larga. Todavia, esta largura não é considerada adequada
quando se trata da readequação da trilha. Recomenda-se que a mesma tenha 1,6
metros de largura e o valor de 1,83 metros seja considerado o limite de alargamento.
Já na trilha 2 a média simples da largura da trilha é de 1,66 metros, este valor poderia
ser considerado padrão, mas esta largura não é considerada adequada quando se
trata da reconstrução da trilha. Recomenda-se que a mesma tenha 1,5 metros de
largura e o valor de 1,66 metros seja considerado o limite de alargamento.
De acordo com o método ROS (LECHNER, 2004) o Parque Natural Municipal
das Araucárias pode ser considerado uma área rural, que não apresenta muitas
características naturais e desta maneira não existe obrigatoriedade da trilha ser
mantida como primitiva, sendo possível a sua pavimentação.
A pavimentação da trilha resolveria o problema do seu alargamento que ocorre
normalmente associado à formação de poças e lama no piso. Esta situação força os
visitantes a ultrapassarem os limites da trilha demarcada para caminhar onde existe
menos lama. Todavia, como não existe um controle do número de visitantes que o
parque recebe, não é possível afirmar que esta alternativa seja a mais recomendável
por que o número de usuários pode não ser muito grande e não justificar este
investimento. Se o número de visitantes não for muito elevado, o ideal é que as trilhas
sejam readequadas e cobertas com saibro, por exemplo, um material que não exige
pavimentação e, portanto tem um custo bem menor.
Mesmo apresentando um custo mais baixo, a cobertura de saibro exige
recursos financeiros e de pessoal, que podem não estar disponíveis no momento.
Neste caso, recomenda-se o monitoramento das condições para que estas sejam
mantidas estáveis.
Nos trechos sorteados, de acordo com FBPN (2000), a largura da trilha deve
ser medida a cada dois metros, em um intervalo de seis meses. A média da largura
destes trechos não deve aumentar com o passar do tempo, denotando uma
estabilização na quantidade de impactos.
Vale ressaltar que durante o monitoramento, o funcionário encarregado deve
estar atento a anomalias em toda a extensão da trilha e que caso verifique a existência
de alguma, deve informar imediatamente a administração do parque para que possa
ser corrigida o mais rápido possível.
4.1.2 Danos na vegetação
Os danos na vegetação foram quantificados nas parcelas sorteadas e foram
encontrados apenas danos leves.
Para realizar o monitoramento, é necessário treinar um funcionário do parque
para que ele marque os danos existentes. A marcação deve ser reconhecida
facilmente pelo funcionário, mas deve ser discreta, não chamando a atenção dos
visitantes. A ocorrência de novos danos deve ser verificada a cada seis meses.
Em cada parcela observada, o número de novos danos não deve ser maior que
três a cada seis meses para a trilha 1 e maior que dois a cada seis meses para a trilha
2. Estes padrões foram definidos a partir de análise da quantidade de danos existentes
e não podem ser ultrapassados. Caso isto ocorra, devem ser realizadas ações de
manejo, incluindo poda na extensão da trilha para que os galhos não atrapalhem a
caminhada. O número de danos encontrados na trilha 2 foi menor que o número
encontrado na trilha 1, provavelmente por seu uso ser mais restrito e a maioria das
pessoas não realizar este percurso.
4.1.3 Número de raízes expostas
Este indicador foi quantificado em toda a extensão das trilhas, totalizando 454
raízes expostas na trilha 1 e 267 na trilha 2. Os valores encontrados são muito
elevados se considerarmos que o padrão determinado é número zero de raízes
expostas, indicando pouca erosão e pouca compactação do solo. O número menor de
visitantes deve ser o principal fator para o número de raízes expostas encontradas na
trilha 2 ser menor do que o número de raízes expostas encontradas na trilha 1.
Esta situação é um reflexo da falta de manutenção do pavimento das trilhas,
onde ocorre erosão acentuada. Recomenda-se realizar a adequação do piso sempre
que for necessário, para que os impactos não se acentuem.
Como a maior parte das trilhas não está localizada em área plana, para que a
perda de solo seja minimizada, é necessária a construção de degraus onde a
inclinação é superior a 15% e valas de drenagem dos dois lados das trilhas, em toda a
sua extensão. Se estas medidas não forem possíveis no momento, por falta de
recursos financeiros e de pessoal, é recomendável que se faça a quantificação das
raízes a cada seis meses em caráter de monitoramento.
Esta quantificação pode ser feita apenas nos 13 trechos sorteados e a
quantidade de raízes expostas não deve ser superior a encontrada neste estudo, pois
isto indicaria um aumento dos impactos
4.1.4 Acessos secundários
Em toda a extensão da trilha 1 foram encontrados 5 acessos secundários,
localizados nos trechos 23, 26, 31, 42 e 44 e na trilha 2 foram encontrados 3 acessos
secundários, localizados nos trechos 42, 60 e 67. Estes acessos devem ser fechados
com troncos de madeira e também pode ser feito o plantio de mudas. Como para os
outros indicadores, deve ser feita uma verificação da existência de acessos
secundários em toda a trilha a cada seis meses.
4.1.5 Quantidade de lixo encontrada
Ao longo de toda a extensão das trilhas o lixo que se encontrava no piso da
mesma foi recolhido e quantificado, totalizando 22 materiais para a trilha 1 e 06
materiais para a trilha 2, dentre os quais estão principalmente papéis de bala e
pacotes de bolacha.
Nos trechos sorteados o lixo também foi procurado em uma área de
interferência de 5 metros para cada lado da trilha, mas não foi encontrado nenhum
material.
Já existem lixeiras em número suficiente no Centro de Educação Ambiental,
localizado na entrada das trilhas, portanto, para evitar que os visitantes continuem
tendo este comportamento inadequado, é necessário fazer um trabalho de educação
ambiental com os mesmos. O monitoramento deste indicador deve ser feito a cada
seis meses.
4.1.6 Regeneração natural
Este indicador foi quantificado apenas nas parcelas sorteadas e os valores
encontrados refletem uma quantidade excessiva de danos. Na trilha 1 em alguns
trechos não foi possível encontrar nenhuma muda em crescimento e o valor máximo
encontrado foi de 5,25 mudas por m2. Já na trilha 2 os valores encontrados refletem
uma melhor situação do que a encontrada na trilha 1. Isto se deve provavelmente a
um menor número de visitantes causar menor compactação do solo e menos pisoteio
fora da trilha demarcada. Os valores variam de 2,5 a 8,75 mudas por m2.
Os visitantes provavelmente estão saindo do caminho demarcado devido a
falta de cobertura do piso da trilha que o deixa enlameado. Para evitar que isto
aconteça, é novamente recomendado realizar a manutenção da cobertura da trilha
com cascalho.
A regeneração natural deve ser monitorada e é recomendável que se façam
observações a cada seis meses. O padrão definido para este indicador é que a
regeneração natural seja maior ou igual a 10 mudas/m².
4.3 Indicadores das condições ecológicas e recreativas em outros locais
No restante do parque onde ocorre visitação - ao redor do Museu, do Centro de
Educação Ambiental, dos viveiros e dos recintos para animais silvestres – foram
utilizados apenas três indicadores: danos na vegetação, número de acessos
secundários e quantidade de lixo encontrado.
Os indicadores foram quantificados ao redor dos locais de visitação a uma
distância aproximada de 30 metros, área em que pôde ser constatada a presença de
visitantes.
Não foi encontrado lixo ou dano na vegetação em nenhum dos locais
observados, provavelmente por que nestes os visitantes estão sempre acompanhados
de professores ou funcionários do parque.
Também não foram verificados acessos secundários, provavelmente porque os
caminhos a serem percorridos pelos visitantes são bem definidos e geralmente eles
estão acompanhados por professores ou funcionários do parque.
4.4 Diretrizes para o estabelecimento de modelo preliminar de manejo e
monitoramento do Parque Natural Municipal das Araucárias
As mudanças causadas por atividades recreativas em unidades de
conservação são inevitáveis e, muitas vezes, podem inviabilizar que as condições
ecológicas desejadas pelos visitantes em relação à conservação dos recursos naturais
e culturais, além de elevada quantidade experiências durante a visita sejam
alcançadas. Isto faz com que o monitoramento das condições ecológicas e recreativas
sejam essenciais ao adequado manejo das unidades (TAKAHASHI, 1998).
Assim sendo, com base nos resultados obtidos neste trabalho e considerando
os princípios que fundamentam o sistema de planejamento LAC, elaborou-se um
modelo de manejo e monitoramento das condições ecológicas e recreativas para o
Parque Natural Municipal das Araucárias.
Etapa I – Identificar valores e interesses especiais da área
O Parque Natural Municipal das Araucárias possui, apesar de tamanho
reduzido, muitas atrações para seus visitantes.
As duas trilhas estão localizadas dentro de um capão de Floresta Ombrófila
Mista de muita beleza, com árvores remanescentes de uma floresta primária, não
encontradas mais tão facilmente na região. Neste local é possível observar a
fisionomia de uma Floresta Ombrófila Mista primária.
Também podem ser encontradas espécies raras da avifauna, como o gavião-
tesoura e a curicaca. Na entrada das trilhas, os visitantes são premiados com a
presença de cutias e no interior é possível encontrar ocasionalmente veados se
alimentando nas trilhas. Nos recintos são mantidos macacos e veados.
Na frente do Centro de Educação Ambiental existe um gramado sombreado por
araucárias que pode ser utilizado para diversas atividades de recreação e educação
ambiental.
Além das belezas naturais, o parque possui o Museu de Ciências Naturais,
onde está uma interessante coleção permanente e o Centro de Educação Ambiental
que possui uma exposição sobre o parque, sua fauna e vegetação. Este local também
tem uma excelente estrutura para realização de oficinas e palestras. Por último é
possível destacar os quatro viveiros que existem dentro do parque.
As preferências e percepção dos visitantes em relação ao local, o que eles
acham importante no manejo da área e qual o papel do parque no contexto regional
também devem ser considerados.
Nesta etapa, é importante salientar os objetivos do parque, previstos no Plano
de Manejo (MILANO, 1989).
Etapa II – Identificar e descrever as classes de oportunidades (zonas de
uso)
Segundo o Plano de Manejo do Parque (MILANO, 1989) é possível definir
quatro zonas de uso:
a) zona primitiva: consiste de áreas naturais com pouca ou nenhuma
alteração provocada pelo homem e abrange 52% da área do parque;
b) zona de uso extensivo: consiste de áreas naturais que, mesmo sendo
representativas do local, possam apresentar alterações provocadas pelo homem;
abrangem 4,5% da área do parque;
c) zona de uso intensivo: consiste de áreas naturais ou alteradas pelo homem
onde está localizada toda a infra-estrutura que se fizer necessária para receber e
orientar o visitante; abrange aproximadamente 2,4% do parque;
d) zona de recuperação: é constituída por áreas significativamente alteradas
pela ação humana ou fenômenos naturais e tem caráter provisório, devendo ser
incorporada a outras zonas oportunamente; compreende 41% da área do parque.
Como o Plano de Manejo está sendo reformulado, é possível que as zonas de
uso, bem como sua localização, sejam alterados.
Etapa III – Selecionar indicadores das condições recreativas e ecológicas
Os indicadores selecionados para o monitoramento dentro das trilhas devem
ser quantificados a cada seis meses, sempre nas mesmas parcelas, identificadas de
maneira fácil pelo funcionário encarregado. Os indicadores para o monitoramento das
condições em outros locais do parque em que ocorre visitação, são a quantidade de
lixo encontrado, o número de acessos secundários e os danos na vegetação. Estes
também devem ser observados a cada seis meses.
Etapa IV – Inventário das condições ecológicas e recreativas existentes
O inventário das condições ecológicas pode ser encontrado no Plano de
Manejo (MILANO, 1989).
As condições recreativas encontradas na maioria das vezes são deficitárias. A
cobertura do piso da trilha requer melhor manutenção e boa parte da infra-estrutura
encontrada no interior das trilhas está necessitando de reformas, como o mirante
sobre o rio e os quiosques (Figura 02).

(a) (b)
Figura 02: (a) Mirante sobre o rio - fechado por falta de manutenção (b) Assoreamento do
tanque (trilha 1) provocado pela cobertura da trilha que é levada com a água da chuva

Embora o parque apresente várias opções de recreação, estas não são bem
exploradas e poucas atividades são desenvolvidas. Os visitantes acabam sempre
realizando os mesmos passeios e isto ocasiona um grande impacto em poucos locais.
Etapa V – Especificar os padrões para os indicadores
Os padrões são os que se seguem nas Tabelas 01 e 02. Se os mesmos não
puderem ser alcançados no momento, por falta de recursos financeiros e de pessoal, o
ideal é que as condições se mantenham como estão, sem que os impactos aumentem.
É importante salientar que os padrões podem e devem ser revistos com o
passar do tempo e a aplicação do manejo.
Tabela 01: Indicadores e padrões para os outros locais do parque em que ocorre visitação

Indicadores Padrões
Danos na vegetação 0
Número de acessos secundários 0
Quantidade de lixo encontrada 0

Tabela 02: Indicadores e padrões para as trilhas 1 e 2

Indicadores Padrões para trilha 1 Padrões para a trilha 2


Largura da trilha Média < 1,82 Média < 1,66
até 3 novos danos leves a até 2 novos danos leves a
Danos na vegetação
cada seis meses cada seis meses
Número de raízes expostas 0 0
Número de acessos
0 0
secundários
Quantidade de lixo encontrada 0 0
Regeneração natural > 10 plantas/m² > 10 plantas/m²

Etapa VI – Identificar opções e ações de manejo para área


Como opções de recreação, esse estudo identificou: duas trilhas interpretativas
que podem ser guiadas ou autoguiadas; Museu de Ciências Naturais; Centro de
Educação Ambiental; viveiros; recintos que abrigam animais silvestres; gramado em
frente ao Centro de Educação Ambiental.
Estas opções devem ser apresentadas aos visitantes que chegam ao parque.
Como não existe um local exclusivo para o recebimento dos usuários, esta atividade
pode ser realizada no CEAJLT, sendo, desse modo, considerado também o Centro de
Visitantes.
Ao chegar ao Parque o visitante deve receber informações básicas já na
portaria, na forma de um pequeno folder. Neste material deve estar incluído o horário
de funcionamento do parque e quais são as atitudes compatíveis e esperadas dos
visitantes. Depois disso, as pessoas devem ser encaminhadas ao Centro de Educação
Ambiental / Centro de Visitantes para que o funcionário / voluntário / estagiário lhe dê
mais informações sobre as opções de recreação que o parque oferece.
Neste momento, uma importante ferramenta de manejo deve ser utilizada. Nas
condições atuais do parque, as trilhas são as atrações mais impactadas e por isso os
seus atributos não devem ser tão enfatizados. A pessoa que recebe os visitantes
deverá enfatizar as qualidades de outras opções de recreação não tão impactadas,
como o Museu, para que os visitantes tenham interesse em conhecê-las.
Fechar uma atração devido aos impactos excessivos não é recomendado, o
ideal é que a atenção dos visitantes se volte naturalmente para uma outra opção. Se
for realmente necessário fechar uma atração, é importante dar mais atenção aos
impactos causados nas outras partes do parque que podem ficar sobrecarregadas.
No entanto, para que os visitantes se interessem em conhecer o Museu ou os
viveiros por exemplo, é necessário diversificar as atividades desenvolvidas. O Museu
pode abrigar exposições temporárias relacionadas à ciência ou conservação da
natureza, bem como desenvolver oficinas e palestras. O Centro de Educação
Ambiental / Centro de Visitantes também pode abrigar uma variada gama de
exposições, oficinas e palestras.
Nos viveiros podem ser realizadas atividades de semeadura ou plantio com os
visitantes, entre outras atividades de educação ambiental. Nestas atividades as
pessoas têm contato com espécies nativas e desta maneira passam a valorizá-las. Já
o contato com os animais nativos da região pode ser propiciado através de atividades
de educação ambiental nos recintos destinados aos animais silvestres.
As visitas guiadas às trilhas podem ter uma abordagem diferente da habitual.
Por exemplo, percorrer as trilhas observando a presença e variedade de fungos é uma
experiência muito distinta do que apenas caminhar.
Outra opção de manejo a ser considerada para diminuir os impactos causados
pelo uso recreativo é diminuir os dias em que o parque permanece aberto para a
visitação.
Também é recomendável que seja estabelecido um programa de educação
ambiental para os visitantes, que ao serem recebidos no Centro de Educação
Ambiental / Centro de Visitantes recebam informações sobre a importância e os
objetivos da área.
O controle do número de visitantes recebidos pelo parque, que pode ser feito
rapidamente pelo funcionário que se encontra na portaria, é uma informação
importante para tomada de decisões. Se a administração souber em quais períodos do
ano o fluxo de visitantes é mais intenso, pode alocar recursos sazonalmente e desta
maneira atender os usuários com mais eficiência.
Etapa VII – Avaliar e selecionar a opção preferida
Nesta etapa os administradores devem avaliar as opções, considerando os
valores, questões e interesses especiais da área, além de levar em consideração a
capacidade de manejo da área em termos de pessoal, equipamentos e recursos.
Etapa VIII – Implementar as ações e monitorar as condições
Instaladas as parcelas permanentes nas áreas avaliadas, o monitoramento
deve ser realizado a cada seis meses. Este intervalo deve ser reavaliado com o passar
do tempo e pode ser modificado conforme as necessidades identificadas pela
administração.
É importante ressaltar que o monitoramento deve ser feito a cada seis meses,
mas a manutenção deve ser freqüente. Se alguma anomalia for identificada no
intervalo entre um monitoramento e outro, deve ser corrigida o mais rápido possível,
limitando o impacto causado pela mesma.
Como citado nas ações de manejo, se ocorrer mudança de foco dos visitantes
para outras atrações, há que se despender uma atenção especial nas condições
desta, pois o aumento repentino do número de visitantes pode ocasionar impacto
demasiado.
É fundamental que se tenham informações para observar o comportamento
dos dados ao longo de um período, pois até o momento dispõe-se de apenas uma
observação. A partir de outras avaliações haverá condições de melhor acompanhar a
variação dos indicadores.
5. CONCLUSÕES
A definição dos indicadores de impactos recreativos e ecológicos e o
conseqüente monitoramento sistemático são passos fundamentais no planejamento e
manejo do uso público em uma Unidade de Conservação.
É necessário que haja um programa de monitoramento dos indicadores, para
que as decisões relacionadas ao uso público sejam tomadas com base em dados
reais. Este procedimento assegura a projeção de situações futuras e como
conseqüência a adequada conservação dos recursos naturais que motivam a
existência da área, ao mesmo tempo em que proporciona qualidade de experiência
aos visitantes.
Os impactos causados pelo uso recreativo estão muito mais relacionados ao
manejo do parque do que com o número de visitantes que este recebe.
O Parque Natural Municipal das Araucárias possui um fragmento de Floresta
Ombrófila Mista com fisionomia primária, paisagem incomum na região devido ao
grande desmatamento. Além disto, apresenta diversas opções de recreação, mas que
necessitam ser mais bem “exploradas” para propiciar uma melhor experiência aos
visitantes. Os recursos financeiros necessários para ações como esta, podem ser
muito limitados se solicitados à Prefeitura Municipal, mas existem fundos e programas
do Governo Federal para manejo de Unidades de Conservação que podem ser
utilizados.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
LECHNER, Lawrence. Planejamento e Implantação de Trilhas em Áreas Naturais
Protregidas – Curso de Planejamento e Manejo de Áreas Naturais Protegidas.
Guaraqueçaba: Fundação O Boticário de Proteção à Natureza, 2004.

MILANO, Miguel Serediuk. Plano de Manejo do Parque Natural Municipal das


Araucárias. Guarapuava: Prefeitura Municipal de Guarapuava – Secretaria de Meio
Ambiente e Desenvolvimento, 1989. 62 p.
NETTO, Sylvio Péllico; BRENA, Doádi Antônio. Inventário Florestal. Curitiba:
Universidade Federal do Paraná e Universidade Federal de Santa Catarina, 1993.

STANKEY, G.H.; COLE, D.N.; LUCAS, R.C. et al. The Limits of Acceptable Change
(LAC) system for wilderness planning. General Technical Report INT. USDA. Forest
Service, Ogden, n. 176, p. 1-37, 1985.

TAKAHASHI, Leide Yassuco. Avaliação da visitação e dos recursos recreativos da


Estrada da Graciosa. 1987. Dissertação (Pós-Graduação em Engenharia Florestal) -
Universidade Federal do Paraná.

TAKAHASHI, Leide Yassuco. Caracterização dos visitantes, suas preferências e


percepções e avaliação dos impactos da visitação pública em duas Unidades de
Conservação do Estado do Paraná. 1998. Tese (Pós-Graduação em Engenharia
Florestal) – Universidade Federal do Paraná.

TAKAHASHI, Leide Yassuco. Uso público em Unidades de Conservação. Cadernos


de conservação, ano 2, número 2. Curitiba: Fundação O Boticário de Proteção à
Natureza, 2004.

ANEXO 1 - Croqui do Parque baseado no mapa constante do Plano de Manejo

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