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O SEGREDO DA VITÓRIA, Como Ganhar Eleições Autárquicas em Meios Pequenos: guia do marketer

© Rui Gabriel 2006 Todos os Direitos Reservados ruimatosgabriel@hotmail.com


O SEGREDO DA VITÓRIA
Como Ganhar Eleições Autárquicas
Em Meios Pequenos: Guia do Marketer

por Rui Gabriel

O SEGREDO DA VITÓRIA, Como Ganhar Eleições Autárquicas em Meios Pequenos: guia do marketer
© Rui Gabriel 2006 Todos os Direitos Reservados ruimatosgabriel@hotmail.com
“Eu digo que a vitória pode ser
criada. Até mesmo se as tropas do
inimigo forem muitas, nós pode-
mos achar um modo de torná-las
impossibilitadas de lutar.”
ZUN TSU, A Arte da Guerra.

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© Rui Gabriel 2006 Todos os Direitos Reservados ruimatosgabriel@hotmail.com
Nota Prévia (e limitação de responsabilidade ☺).

A leitura desta espécie de manual é completamente facultativa. Não se


sinta obrigado, enquanto marketer, a ler este opúsculo até porque não
terá muito a aprender, desconfio eu. Contudo, se entender que existe a
possibilidade de, não aprendendo muito, alguma coisa poder fazer sen-
tido para si, nesse caso aceito que me leia e que tire as suas conclu-
sões.

Esperando sinceramente poder ser útil para a corrida que, penso eu,
não tardará muito a iniciar, você não me poderá responsabilizar nem
pelos sucessos nem pelos fracassos resultantes da leitura deste livrinho:
essas responsabilidades serão inteiramente suas. É por não querer que
marketers zangados me batam à porta ou me telefonem a meio da noite
que estou a escrever esta Nota Prévia.

Espero sinceramente que a leitura deste opúsculo lhe possa ser útil.

Rui Gabriel

Se quiser trocar umas impressões, poderá contactar-me directamente através do


email ruimatosgabriel@hotmail.com, mas por favor não me peça o seu dinheiro de
volta porque já o gastei há muito tempo.☺

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© Rui Gabriel 2006 Todos os Direitos Reservados ruimatosgabriel@hotmail.com
Introdução.

Este é um guia prático do que FAZER e um pouco do que NÃO FAZER


para ganhar eleições autárquicas em meios pequenos. Para muitos,
ganhar ou perder tem a ver principalmente com as qualidades do candi-
dato ou das listas, para outros a vitória ou derrota são o resultado de
maior ou menor popularidade no meio, alguns também afirmam que o
medo ajuda a ganhar eleições. Todas estas opiniões são válidas, mas
não apontam para o centro da questão.

Entenda que a palavra “Campanha” referindo-se a “campanha eleitoral”


tem exactamente o mesmo sentido da palavra “campanha” no âmbito
de uma “campanha militar”. Não entenda a campanha eleitoral como
um passeio no parque e como algo que faz com um grupo de amigos a
ver se consegue um lugar na Câmara ou na Junta. Se quer ganhar tem
de jogar o jogo a 100%.

E, mesmo jogando a 100% será isso suficiente? Não. Para ganhar precisa
de 200%. 100% têm de vir de si e do seu staff e os outros 100% do siste-
ma de marketing que escolher para triunfar. Sem um sistema que lhe dê
100% (ou seja que transforme ideias em votos) não há vitórias, assim
como não ganhará coisa nenhuma se não colocar os seus 100% naquilo
que está a fazer. É assim na política e na vida.

Este manual está dividido em 3 partes. A primeira acerca da organiza-


ção (“Quem irá ganhar as próximas eleições”), a segunda acerca da filo-
sofia (“condições críticas para o sucesso”) e a terceira acerca das fer-
ramentas (“desenhar a vitória”). Boa leitura. Vemo-nos daqui a uma
horinha.

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I- Quem irá ganhar as próximas eleições?

Quem ganha as eleições é o candidato que tiver a melhor sintonia com


os anseios da maioria da população e saiba comunicar melhor essa sin-
tonia. Ponto final parágrafo. As listas são completamente secundárias;
importantes, mas secundárias. Os factores decisivos são: O Candidato e
O Partido. O partido que apoia o candidato representa uma continuida-
de com um sistema de avaliação, de ideias e de prática com o qual os
eleitores normalmente se identificam. Do “casamento” de um candida-
to com um partido três paradigmas surgem no horizonte:

1- O candidato é fraco. As listas ganham mais importância, e o


apoio de um partido de grande aceitação é fundamental para
ganhar. Os votos serão dados ao partido.
2- O candidato é forte. As listas têm pouca importância, o apoio do
partido é menos importante e é possível trabalhar para captar
votantes tradicionalmente de outros partidos.
3- O candidato é muito forte. As listas passam completamente des-
percebidas, o apoio de um partido é puramente estratégico e
opcional. Tipicamente os votos vêm de vários sectores da socie-
dade. Esta é uma candidatura transversal em relação aos parti-
dos.

Diagrama de diagnóstico da candidatura.

Relação com o
poder actual:
No Poder Na Oposição Fora do
Poder
Muito For- (1) (1,1) (1,3)
Força do Candida- te
to: Forte (1,2) (1,3) (1,5)
Fraco (1,3) (1,4) (1,6)
Verifique a força da sua candidatura e cerque com o lápis o factor que pensa melhor
caracterizar o seu candidato e as circunstâncias. (mais à frente verá a utilidade deste
pequeno trabalho).

Dependendo das circunstâncias práticas e da avaliação que for feita da


situação têm de ser adoptadas medidas específicas de acção para cada

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uma destas três situações. É possível ganhar e perder eleições em qual-
quer um destes paradigmas, dependendo das medidas adoptadas.

A falha na avaliação da situação e, em consequência, a adopção de pla-


nos de acção errados, levam à derrota segura. Por outro lado, com a
adopção das medidas correctas a possibilidade de vitória é grande.

Este livro trata do plano de acção para levar à vitória uma candidatura,
independentemente das suas características.

a. PREPARAÇÃO

Antes de iniciar uma corrida à vitória a palavra de ordem é:


PREPARAÇÃO. Se no calor de uma pré-campanha não há muito tempo
nem disponibilidade mental para efectuar grandes alterações de planos
e muito menos para implementá-las, muito menos terá essa possibilida-
de depois da batalha da campanha eleitoral se iniciar. A sua falta de
preparação é a principal responsável pelas suas grandes derrotas, e,
logicamente, pelas vitórias dos seus adversários.

Em que consiste esta PREPARAÇÃO?

Em primeiro lugar na escolha do candidato e das listas. Dependendo da


posição do seu partido, caso represente algum, o seu candidato terá
mais ou menos possibilidade de conquistar a vitória. Faça a sua lista de
nomes para Número 1, o seu candidato. Se tiver menos de 10 nomes
credíveis está a começar numa posição de fraqueza, independentemen-
te da eventualidade de o seu partido estar ou não em posição dominan-
te, e mesmo no poder actualmente.

- A Lista de “Números 1”. Comece com não menos de 10 nomes credí-


veis. Porquê 10? Porque por razões que desconheço, somente 2 estarão
dispostos a vestir a sua camisola e a candidatar-se. O problema é que
você não sabe quais são esses dois até as coisas começarem a definir-se.
Se tiver logo de início, antes de fazer a sua lista de 10 nomes, 2 ou 3
nomes de pessoas que você acha bons e desses, um ou dois, ou mesmo
os três estiverem cheios de energia e vontade para a corrida... Está a
enganar-se. Normalmente as pessoas melhores não querem concorrer

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por livre iniciativa. Vá procurar os sete que faltam para completar a
lista: vai ver que terá algumas surpresas.

- As listas. Em termos de marketing político as pessoas que irão integrar


as listas têm um papel fundamental: devem ser pessoas influentes, ver-
dadeiros líderes nas suas comunidades. Os seus papéis no decorrer da
corrida serão o de galvanizarem as pessoas dos seus círculos de influên-
cia, trazer votos novos e, mais importante, cativar quem traga mais
votos novos. Seleccione estas pessoas com cuidado, tendo em mente
que trarão mais tarde muitos votos pelo simples facto de terem os seus
nomes na lista, mesmo em lugares não elegíveis.

- O Staff. Ok, tem agora um partido para dar apoio, um candidato, e


um grupo de pessoas na lista de candidatos. Mas isso não chega para
ganhar as eleições. Vai precisar de muita gente para ajudar. Irá necessi-
tar de criar a sua estrutura de campanha. A seguir apresento uma possi-
bilidade de estrutura (que naturalmente deverá ser adaptada consoante
as suas circunstâncias):

a. Formação Interna.
Dotar os candidatos, as listas, o staff e o partido do manancial
de conhecimento adequado ao papel e funções de cada um.

Está em primeiro lugar porque é o item mais importante


de todos, o item nuclear. Estamos a falar do “marketing
para dentro”. Trata-se de proporcionar aos membros da
estrutura as capacidades necessárias, a visão, a disciplina,
a motivação, o entusiasmo e o espírito de vitória sem os
quais nada funciona. Sem um grupo de trabalho unido,
focado nos objectivos, com metas e sonhos, com vontade e
espírito de sacrifício muito além do que lhe é pedido, não
há vitória na urnas. É deste espírito que irão beber os
apoiantes no comício, que irá contagiar os indecisos, e que
irá criar o “momentum” mágico que antecede as grandes
vitórias.

Os políticos raramente têm esta visão. Normalmente


ficam-se pelas estratégias, as ideias, o debate, e não têm
na devida atenção o poder galvanizador e revolucionário
que tem um pequeno grupo de pessoas altamente inspira-
das, motivadas e trabalhadoras. É este grupo que tem de
criar no centro do seu staff se quiser ganhar eleições.

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b. Direcção
i.Coordenação de todos os departamentos
ii.Criação de métodos de medição de resultados
iii.Definição dos objectivos parcelares e elaboração de planos de
acção
iv.Avaliação de resultados em tempos pré-determinados
v.Criação de planos de contingência
vi.Estabelecimento de estratégias de coesão:
1. Convívio entre os participantes, voluntários, etc.
2. Promoção de objectivos
3. Reconhecimento de mérito
vii.Ter em atenção, os 2 tipos de público (interno e externo) e fazer
campanha para TODOS eles. (ver “comunicação)
viii.Liderar pelo exemplo.
ix.Entusiasmo.

A direcção da campanha deve estar separada da direcção


do partido e do círculo de influência do candidato. São
papéis diferentes e a direcção de campanha representa um
contributo temporário e não estruturante dentro das com-
petências políticas do partido. Os membros da direcção de
campanha são os generais da campanha “militar” ou os
treinadores dos atletas. Não sabem tudo, mas zelam para
que os objectivos sejam cumpridos, fase a fase. Para isso
criam ou adoptam um sistema de marketing político que
permita converter ideias em acções de campanha e acções
de campanha em votos.

Normalmente, nos meios pequenos, o marketing político é


feito em cima do joelho, por políticos que nada sabem de
marketing. Não vem mal ao mundo com isso, mas os resul-
tados, se se concretizarem, devem-se mais à ignorância
ainda maior do adversário que ao real conhecimento da
candidatura acerca do assunto. Pode ser necessário con-
tratar ajuda externa, quanto mais não seja para apontar
os erros e ajudar a delinear orientações gerais. Tanto em
meios pequenos como em meios grandes, sem um plano de
marketing político não é possível vencer.

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c. Tesouraria
i.Recolha de fundos
ii.Negociação de orçamentos
iii.Pagamentos
iv.Controlo de despesas

As questões financeiras nunca são as mais importantes


numa campanha eleitoral. Obviamente tudo o que se com-
pra tem de se pagar, mas a dinâmica da campanha e a for-
ça da candidatura, se apoiadas correctamente pelo marke-
ting, podem converter literalmente “pedras em pão”. Há
posturas mais ou menos conservadoras, mas o “budget” da
campanha tem de ser definido desde o primeiro dia.

Para a elaboração deste “budget” pode ter em conta os


seguintes indicadores:
- Quantos votos o partido reuniu nas últimas eleições, qual
o valor total gasto na campanha e qual o custo médio de
cada voto. (CPV: “Custo por Voto”)
- Que percentagem conquistou?
- Que percentagem pretende conquistar?

O gráfico seguinte ilustra uma relação típica entre a percentagem


actual de votos, a percentagem a atingir e o CPV.

Facilmente se compreende que os recursos financeiros


afectos à campanha estão directamente ligados à última

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posição conhecida (a percentagem de origem) e a percen-
tagem de destino (o objectivo eleitoral). Multiplique pelo
factor que circundou no quadro umas páginas atrás acerca
do perfil do seu candidato e poderá ter uma ideia tipo de
budget necessário para atingir os seus objectivos.

É possível provar que este gráfico está errado? É sim. Se


tiver uma colecção de profissionais voluntários fora de
série, um candidato perfeito, listas óptimas, organização
exemplar e 100% de empenho de todas as forças em jogo.
O que é e continua verdadeiro é que quanto mais se apro-
xima das percentagens mais elevadas mais caro e difícil se
torna cada voto e que, se você aspira à vitória, deve con-
tar as espingardas antes mesmo de iniciar a corrida.
Depois de iniciar a corrida a maior parte dos dados estão
lançados e o resultado mais ou menos traçado.

Filosofias para elaboração e gestão do Budget:

Conservadora:
Numa campanha de Budget conservador o total do Budget
está garantido a 100% desde o início:
- Apoio do partido
- Depósito de garantia dos candidatos e do staff.
- Donativos do público, benfeitores.

Isto não significa que o depósito de garantia venha a ser


accionado. Deverão ser efectuadas várias acções de reco-
lha de fundos ao longo da campanha no sentido de, com
estas acções, se evitar o recurso ao depósito de garantia,
mas, caso as acções não surtam o efeito desejado, o pros-
seguimento da campanha nunca está em risco.

Mista:
Os gestores da campanha poderão, numa abordagem
menos conservadora, efectuar uma estimativa de finan-
ciamento com base na experiência de campanhas passa-
das. Deverão calcular o risco e prever também um plano B.

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Aventureira:
Neste tipo de gestão orçamental estão os gestores que,
sem terem ainda qualquer garantia nem estimativa séria
de financiamento têm muitas ideias e, quanto mais não
seja pelo número e pela probabilidade estatística algum
financiamento será conseguido. Como a segurança não é
grande, as acções que realmente irão ver a luz dependem
do financiamento “on the Run”. Apesar de poder haver um
bom planeamento, a execução está cheia de incertezas. É
necessário, nestas circunstâncias, atribuir a um grupo de
pessoas, reportando à tesouraria, o encargo de, constan-
temente “inventarem e executarem” acções de recolha de
fundo e financiamento. Funciona muito bem em casos de
emergência. Exemplo: o adversário faz uma manobra mui-
to popular e você precisa de contrapor com outra ainda
mais espectacular. Não está no orçamento nem nos planos.
Você precisa de, em poucas horas, desenhar uma acção de
campanha fantástica, sem orçamentos completos e sem
garantia de financiamento. A equipa de “recolha de fun-
dos” tem de entrar em acção imediatamente e terão de
ser canalizados fundos de outras acções. O tempo útil de
reacção em tempo de campanha são no máximo 3 dias. Em
início de pré-campanha pode chegar a uma semana.

Temerária:
É típica de candidaturas com pretensões de vitória mas
sem meios para a alcançar. Normalmente acabam com um
buraco financeiro mais ou menos grande, a não ser, por
vezes, no caso de uma vitória inesperada.

d. Os mandatários
Sem um critério rígido, os mandatários são escolhidos para
servirem de interlocutores privilegiados entre a candidatu-
ra e o grupo de destino. Devem estabelecer relação pes-
soal, recolher as necessidades, sonhos, objectivos, levar
estas preocupações aos responsáveis pela candidatura e
adaptar o discurso a esse público específico.

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É típica a criação de mandatários para:
i.A juventude
ii.A cultura
iii.A educação
iv.O desporto
v.A pesca
vi.etc.

Mas, consoante os objectivos estratégicos da candidatura,


poderá criar por exemplo, um mandatário para “os desem-
pregados”, ou para “a classe trabalhadora” ou para “os
estudantes”, dependendo do peso que estes ou outros gru-
pos têm na sociedade.

e. Informação e contra-informação
i.Recolha de material relevante na imprensa, rádio e TV e Inter-
net.
ii.Gestão de fontes infiltradas e recolha de informação pessoal
iii.Apresentação regular em briefing
iv.Disseminação da informação pela cadeia de “comunicação” de
acordo com os níveis de segurança
v.Desinformação e ruído

O departamento de informação estabelece as ligações


entre o mundo exterior presente e passado, fornecendo
informações que permitam antecipar os acontecimentos
futuros e permitir à direcção fazer opções tácticas que
permitam o máximo de conversão (transformação de
“acções” em votos). Faz parte deste departamento a
desinformação e criação de ruído estratégico que retire
conversão às acções dos adversários.

f. Gabinete de Imprensa
i.Relação com os media (pessoa a pessoa)
ii.Colaboração com “informação” no que diz respeito a recolha de
conteúdos nos media.
iii.Colaboração com “produção de conteúdos” no que diz respeito
fornecimento de conteúdos aos media.

O gabinete de imprensa estabelece as ligações entre a


imprensa e a candidatura recolhendo informação e forne-
cendo informação. Deve também prestar consultadoria aos
candidatos nos seus relacionamentos com a imprensa (coa-
ching).

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g. Logística (Definição de todos os aspectos físicos da campanha)
i.Procura de espaços para sedes, acções, festas, etc. consoante o
plano de actividades e em colaboração com a tesouraria.
ii.Ligação com os fornecedores:
1.Merchandising,
2.Catering
3.Senhorios
4.Viaturas, condutores e combustível
5.etc.
iii.Decoração de espaços e viaturas
iv.Sistemas de áudio e vídeo
v.Verificação da disponibilidade de todos os itens necessários em
tempo certo em todas as acções
vi.Ligação com tesouraria e produção de conteúdos
vii.Angariação e coordenação de voluntários.

A logística é a secção mais consumidora de recursos mate-


riais e humanos. E é também uma das principais caras da
campanha. Se todas as acções começam a horas, com todo
o material necessário, sem flopes, bem coordenado, como
uma máquina bem oleada o público entende que a candi-
datura é séria e capaz da vitória. Uma campanha com
eventos e material desorganizado, atrasado, e improvisado
transmite exactamente essa ideia. Não adianta o candida-
to falar das suas capacidades de gestão se o comício
começou com 1 hora de atraso ou o som está sempre a
falhar. Depois da direcção da campanha, a direcção da
logística é o papel mais importante.

h. Consultadoria temática
Criação e manutenção de rede de peritos nos principais assuntos
da vida pública que forneçam informação em tempo útil.

Os candidatos e o assessor de imprensa não têm de saber


tudo sobre todos os assuntos. Mas isso não os desculpa da
obrigação de terem sempre uma resposta rápida, coerente
e eficaz acerca de qualquer acontecimento relevante na
cidade ou no município. Para conseguir isso o gabinete de
imprensa deve produzir o máximo de informação e deve
haver um núcleo de especialistas nos principais assuntos
da vida da comunidade sempre a postos para ajudarem os
candidatos a produzir uma declaração lapidar e sabedora
acerca de qualquer assunto relevante.

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i. Internet
i.Utilização de todos os meios possibilitados pela Web 2.0, como,
vídeo, blogs, sites sociais, website.
ii.Ligação da Internet com a vida real através de promoção no
mundo real e notoriedade na imprensa.

A secção de internet, junta especialistas nas novas tecno-


logias (a programação necessária, mas principalmente os
conteúdos). Trabalha com a “produção de conteúdos” e
com a imprensa e faz eco no ciberespaço do decorrer da
campanha na vida real. As mesmas fases, objectivos mas
com as estratégias e tácticas próprias da Internet.

j. Produção de Conteúdos
i.Textos e artigos de opinião do candidato.
ii.Multimédia
iii.Internet
iv.Design gráfico e copy

É da responsabilidade da “produção de conteúdos” a ela-


boração de todo o material escrito e multimédia que sai
para o exterior. Deve agrupar escritores, designers, copy-
righters, internet marketers, e técnicos multimédia.

k. Segurança da informação: Quatro níveis de segurança


(codificação)
1-“Branco” para o público
2-“Verde” para o partido
3-“Amarelo” para o staff
4-“Vermelho” para a direcção da campanha

Todas as comunicações, internas e externas, devem ter


uma codificação e a disciplina interna (que advém da for-
mação) deve incutir os limites de divulgação de informa-
ção de acordo com uma codificação bem clara. É útil o
recurso a etiquetas autocolantes coloridas para colocar no
material escrito ou em cd’s, pen’s, ou dvd’s com informa-
ção.
É vital garantir que sai para um determinado público
exclusivamente a informação que lhe é destinada.

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- O Marketing. Em cada eleição que passa, o papel do marketing políti-
co tem ganho importância. Realmente todas as informações deste livro
derivam de uma certa forma de fazer marketing político que já provou
produzir resultados avassaladores. Contudo, ao contrário da famosa fra-
se da TV Globo quando dizia que fabricava e destituía presidentes ao
pequeno-almoço, o marketing político da actualidade pouco tem a ver
com a manipulação de pessoas e opiniões e centra-se mais em dois pon-
tos: descredibilização dos adversários através da exposição das suas
debilidades e credibilização dos candidatos expondo, e mesmo exage-
rando, as suas qualidades no que diz respeito às necessidades das popu-
lações.

O que faz o marketing? Fornece a filosofia da campanha e aplica essa


filosofia em todas e cada uma das acções de campanha, tanto internas
como externas. Monitoriza a coerência do discurso, dos meios, das
acções e da mentalidade dos candidatos, do staff, do partido e, em
ultima instância, do público. Quanto maior for a sintonia, melhores
serão os resultados.

Se na sua candidatura não tem uma pessoa que domine o marketing


político e possa orientá-lo a si, aos candidatos, ao staff e ao partido na
corrida eleitoral, então deve contratar uma. Como os políticos em geral
pouco sabem de marketing têm alguma dificuldade em entender a sua
necessidade. Entendem que é preciso gastar não sei quantos mil euros
em cartazes, outdoors, merchandising, mas não entendem que por
detrás de todas as vitórias estão ideias entendidas e aceites pela popu-
lação. Entender as necessidades profundas e encontrar um discurso que
faça ressonância com essas necessidades é o trabalho do marketing e o
único objectivo da corrida eleitoral.

• O SWOT team.
O início do trabalho do marketing consiste em criar um mapa
da força da sua candidatura e das candidaturas adversárias.
Faça um mapa para cada candidato e para a candidatura em
geral. Preencha o mais detalhadamente os itens seguinte:
o Forças (S de strengths): os aspectos mais
positivos

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o Fraquezas (W de weaknesses): os aspec-
tos mais frágeis (que os adversários irão
adorar explorar)
o Oportunidades (O de opportunities):
características conjunturais que se pode-
rão transformar em forças.
o Ameaças (T de threats): características
conjunturais que se poderão tornar fra-
quezas.

Faça uma análise exaustiva e faça uma lista para cada ponto
da análise. Coloque os aspectos por ordem de importância e
inicie o seu trabalho no planeamento da filosofia da campa-
nha: reforce os pontos fortes e converta-os em votos, trans-
forme as fraquezas em forças, aproveite todas as oportuni-
dades fornecidas pelo ambiente incluindo as que forem cria-
das pelos adversários, e elimine as ameaças.
Efectivamente aqui estão as fundações da sua candidatura. Do
resultado desta análise e da sua capacidade em agir, depen-
dem grande parte dos seus resultados nas urnas. O mesmo se
passa, mas em sentido inverso, relativamente aos seu adver-
sários. Com eles deve tentar fazer o trabalho inverso.

Tenha estes mapas à sua frente e vá fazendo actualiza-


ções. Aqui está o seu conhecimento secreto que alimenta
todas as acções da campanha, os discursos, os passeios, os
eventos, comícios, logística, etc.

Tem este trabalho de preparação todo feito? Está preparado para iniciar
a corrida? Ainda não.

b. PLANEAMENTO e EXECUÇÃO

Depois de ter toda a estrutura montada e organizada é preciso iniciar a


formação “on the job” de todo o staff. Todos devem iniciar de imediato
as suas funções, ainda sem objectivos nem timings definidos, mas para
ambientação. É a altura de dissipar o máximo de dúvidas, criar relacio-
namentos internamente e externamente, testar as comunicações, veri-
ficar a competência de cada líder em cada sector. Formar, ensinar, cor-
rigir e, se for necessários, substituir. Quando deve ser iniciada esta
fase? Com cerca de um ano de antecedência. É normal, principalmente

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no caso de candidaturas de partidos, que o processo de preparação e
planeamento seja efectuado ainda mesmo antes de as listas estarem
completas e por vezes, antes mesmo de saber quais serão os candida-
tos. A preparação e o planeamento devem estar concluídos pelo menos
8 meses antes das eleições. É o tempo de treinar o staff, criar espírito
de grupo, mentalização, foco nos objectivos, galvanização do público
interno.

- Faseamento da corrida eleitoral:


1- Pré-campanha
a. Aqui se inicia a corrida eleitoral. Todos os pontos expli-
cados neste livro até este momento já estão implemen-
tados. Os candidatos e as listas estão em campo, o
staff está a trabalhar nas suas funções de forma expe-
dita.
b. O objectivo desta fase é a colocação das forças no ter-
reno e a avaliação das forças dos adversários. A obser-
vação é fundamental porque os adversários estão tam-
bém a iniciar a colocação dos seus trunfos no campo de
jogo e pela primeira vez temos oportunidade de os con-
frontar no terreno de combate.
c. As acções de pré-campanha servem o objectivo de dar
a conhecer a figura dos candidatos. O núcleo duro da
candidatura deve aparecer em público regularmente,
de forma social mas também interventiva.
d. De cada vez que houver uma intervenção de pré-
campanha, o número de acompanhantes deve ser
maior. Não se pode aparecer hoje com 50 pessoas e
amanhã com 10. Esta é uma gestão que compete à
direcção da campanha.
e. O departamento de informação deve focar-se em
encontrar o máximo de fraquezas nas candidaturas
adversárias e os candidatos devem apontá-las a todas,
sem dar folgas. Ao mesmo tempo que se deve proteger
de ataques semelhantes dos adversários.
f. O recurso ao humor é a melhor arma a utilizar nesta
fase, tanto para atacar as defesas dos adversários como
para se defender dos seus ataques.
g. O departamento de produção de conteúdos tem aqui
um papel fundamental, tanto na ridicularização dos
adversários (e consequente descredibilização) como na

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defesa dos candidatos, com o mesmo toque de humor,
confiança e boa disposição.
h. Ninguém gosta de uma candidatura cinzenta e triste: a
alegria, boa disposição, autoconfiança, exuberância e
capacidade de mobilização começam agora a gerar a
vaga de fundo que poderá conduzir à vitória.
i. A partir de 60 a 40 dias antes das eleições, o tom de
crítica aos adversários deve começar a esmorecer e os
esforços para apostar pela positiva nas qualidades do
seu candidato tomam conta da pré-campanha.
j. Actualize todos os planos de acção, corrija os planos se
necessário e melhore os planos de contingência. Ante-
cipe surpresas. Verifique a produção dos materiais,
controle o budget.
k. Aumente gradualmente o número de acções e a sua
visibilidade. Você não quer gastar todos os cartuchos
antes da hora H. O tom da pré-campanha está em
“crescendo”.

2- Arranque da Campanha Eleitoral


a. A campanha eleitoral começa tipicamente 2 semanas
antes da data das eleições. O arranque vai determinar
o tom de toda a campanha. Tem de ser muito forte,
galvanizador e positivo. As críticas aos adversários se
forem pertinentes, devem desvalorizá-los e não lhes
dar nenhuma importância. Eles não são o tema da sua
campanha, não fale deles, senão o estritamente neces-
sário e somente para os “desculpar” e desvalorizar e
nunca mais os chame pelo nome.
b. Depois do arranque nunca mais vai dar descanso a nin-
guém na candidatura. É o tudo ou nada. Ninguém pre-
cisa de dormir mais de 4 ou 5 horas por noite, e tudo
tem de estar a funcionar sobre rodas. No dia seguinte
ao arranque já pode ter uma ideia bastante precisa da
força e da estratégia dos seus adversários.

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3- Campanha eleitoral
a. Durante a campanha siga o seu plano e evite surpresas.
Mesmo assim irá ter bastantes. Tudo o que é executado
está previamente marcado e ensaiado. Não há improvi-
so. Esta é a regra.
b. Está na altura de por em prática todos os planos de
acção. Evite reagir, jogue sempre na antecipação. Para
isso tem os planos de acção e os planos de contingência
previamente preparados (na fase de preparação) e
actualizados na fase de pré-campanha.
c. Se tiver de reagir a uma surpresa, faça-o sempre por
cima e pela positiva. Não acuse os golpes dos adversá-
rios, você está imune, segue o seu caminho e sabe onde
quer e vai chegar. Esta é a atitude dos candidatos e do
staff.
d. Mantenha sempre o moral muito elevado. As sondagens
não significam absolutamente nada, mas pode utilizá-
las se servirem o seu objectivo.
e. Lembre-se: “as vindimas só acabam depois de lavados
os cestos”.

4- Fecho da Campanha eleitoral


a. O Fecho é o tudo por tudo. Todo o dinheiro que não se
gastou na campanha vai ser “torrado” no fecho. Esta
fase vai normalmente valer entre 10 e 20% do total dos
votos que a sua candidatura irá conseguir, por isso não
poupe esforços.
b. Os indecisos são uma boa fatia do eleitorado e esta é a
última oportunidade de os conquistar. Já não irá con-
seguir que alguém decidido a votar nos adversários
venha a mudar de ideias e a votar na sua candidatura.
Isso não acontecerá nesta altura, por isso esqueça-os.
Foque-se nos indecisos e nos que normalmente se abs-
têm.

5- Reacção aos resultados


a. A reacção aos resultados, deve ser muito rápida em
caso de derrota: imediatamente após conhecimento
dos resultados finais e mais lenta em caso de vitória. O
vitorioso é o último a pronunciar-se e deve esperar que

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todos os derrotados reajam primeiro. Isto permitir-lhe-
á fazer um discurso de cátedra para garantir aos eleito-
res que irá cumprir todas as promessas.

6- Transição para nova situação de poder


a. As semanas seguintes, após as eleições, serão de adap-
tação à nova ordem política e a preparar a transição,
seja no poder seja na oposição. Esta preparação faz-se
com contactos entre as forças políticas para a realiza-
ção de partilha de poder ou de responsabilidades.
b. Importante: caso seja um dos seus adversários a ven-
cer: a responsabilidade da derrota é inteiramente sua.
Em caso de vitória: a responsabilidade é do staff, da
direcção de campanha, das listas e dos candidatos.
c. Não esqueça: as próximas eleições começam a prepa-
rar-se no primeiro dia de trabalho depois das eleições.

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II- Condições Críticas para o Sucesso

Não pense que o que está dito atrás é suficiente para o conduzir à vitó-
ria. Longe disso. O que é mais importante que o dinheiro, o número de
pessoas, um bom planeamento e execução? O que traz mais votos que o
melhor discurso? O que faz com que, depois das desilusões, do cansaço,
das dificuldades um líder do seu staff pegue no carro às 4 da manhã
para fazer 200 ou 300 km para ir buscar um amplificador novo empres-
tado de um amigo de um conhecido porque no dia seguinte, vai ser
necessário logo de manhã?

O que é que une dezenas, centenas ou milhares de pessoas à volta da


sua candidatura? A ideologia? Não. A cor política? Não. As promessas
eleitorais? Ainda pior. Nada disso.

O que galvaniza as pessoas à volta da sua candidatura é a aura que a


envolve é uma espécie de mística que agarra as pessoas pela emoção.
Esta aura não aparece por acaso. Pode e deve ser criada.

Nunca reparou que há pessoas que suscitam uma verdadeira adoração


nas pessoas? Políticos, músicos, lideres religiosos, desportistas, etc. O
que faz com que estas pessoas tenham este poder? Será que este fenó-
meno pode ser reproduzido ou é um evento natural, tipo relâmpago,
que não podemos controlar?

Este fenómeno chama-se “atracção” e pode ser reproduzido. Aliás, se a


sua campanha não conseguir criar este efeito na sua candidatura e nos
seus candidatos, você nunca ganhará uma eleição.

a. COMO FUNCIONAM OS PROCESSOS DE DECISÃO E


ACÇÃO AO VOTAR
As pessoas têm mecanismos de acção muito complexos e ninguém con-
segue realmente prever estes comportamentos com segurança, contudo
podemos criar cenários e probabilidades e é neste contexto que pode-
mos prever determinados comportamentos típicos.

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- O que leva uma pessoa a compreender e aceitar uma ideia é o
raciocínio, mas o que a leva a agir é a emoção.
Este fenómeno tem sido estudado há muitos anos, são famosos e estão
ainda bastante na moda, livros (centenas deles, realmente) acerca da
chamada “inteligência emocional”. Sem necessidade de grandes expli-
cações fiquemo-nos no óbvio:

As nossas opções são criadas pelos nossos pensamentos, sistemas de


avaliação e um sentimento claro de “correcto”, nós sentimos que algo
está certo e tomamos uma determinada acção. O raciocínio serve para
nos fornecer justificações para ficarmos de bem connosco mesmos. A
publicidade inteligente fornece razões para a escolha de determinado
produto, mas mostra imagens e sons altamente emocionais. A acção
(comprar) é induzida pela emoção, pela adequação do objecto a um
determinado sentimento, mas os motivos que o consumidor dá para a
escolha que fez serão, ipis verbis, os argumentos de venda do anúncio,
ou outros inventados ad hoc.

Os melhores anúncios (os que têm melhores resultados e não os que


gostamos mais) dominam na perfeição esta dinâmica entre o raciocínio
e a emoção.

O que é que isso nos interessa a nós aqui para o nosso assunto? Muitíssi-
mo. É a emoção, o sentimento, que irá atrair os votos de que você
necessita. O programa eleitoral, as promessas, os debates de ideias, a
ideologia, a cor política, etc. etc. etc. servem somente o propósito de
ajudar os eleitores a justificarem a si próprios e aos outros o facto de
estarem a votar em si. O que efectivamente leva a pessoa a votar na
sua candidatura é ela sentir que o seu candidato é o tal. Tem confiança
nele acha-o simpático, eficiente, competente, etc... (mas não sabe
porquê).

Como poderá o seu marketing capitalizar em votos e mesmo em donati-


vos para a sua candidatura o conhecimento deste fenómeno? De forma
muito simples, mas bastante difícil:

Você é que tem de o fazer. O facto de estar a ler este livro significa que
tem mais interesse que a maioria em compreender o porquê do sucesso,
as técnicas e estratégias que poderão fazer a sua candidatura conquis-
tar o poder. Dizia um grande mentor meu, com quem privei frequente-

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mente: “não interessa tanto o resultado do que fazes, mas a pessoa em
que te tornas no processo”. E a corrida eleitoral traz o melhor e o pior
que existe nas pessoas. Se o processo for bem conduzido, a face melhor
do candidato, de cada membro do staff, da direcção e do partido irá
brilhar com uma luz tão forte que atrairá todos os que estiverem na
mesma onda e todos em conjunto, com o apoio do marketing com o
design, música, multimédia e merchandising transformam uma mole de
gente numa multidão de votantes.

A sua missão é a mais simples e mais difícil: mostrar as cores verdadei-


ras, a face melhor dos seus candidatos e dar-lhe a melhor expressão
possível com argumentação política, programas eleitorais e debates,
mas sobretudo com muito carisma, mística e paixão.

b. QUAIS OS TERRITÓRIOS A CONQUISTAR.

Lembre-se de uma coisa: por muito que aprenda, que leia ou que faça,
cada corrida eleitoral é uma batalha de final imprevisível. Ao iniciar
esta aventura não terá nenhum mapa fiável e terá de fazer o caminho
caminhando. Isto não significa que o seu trabalho viva do improviso
(apesar da capacidade de encontrar soluções rápidas seja altamente
valorizada), simplesmente significa que a sua preparação e a de todas
as suas forças é fundamental.

“Quem vai ao mar avia-se em terra” é regra aqui também. Depois das
rodas serem colocadas em movimento (na pré-campanha) e à medida
que o tempo vai progredindo, as paragens para reabastecimento são
cada vez menores. Convém estar treinado a executar as suas acções
quase em piloto automático. Para isso, a preparação e organização são
fundamentais.

Pensa que o resultado das eleições só é conhecido na madrugada do dia


seguinte à votação? Em certa medida é verdade, mas essa não é toda a
verdade. Antes de ganhar os eleitores há outros territórios que você
tem de conquistar. Esses territórios dão pelo nome genérico de “público
interno” e são bem conhecidos do pessoal do marketing.

Só ganhará os eleitores se primeiro (e na medida em que) primeiro


ganhe os seus públicos. Você tem de desenhar várias “campanhas elei-

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torais”, uma para cada tipo de público interno por esta ordem de
importância e implicação:

- A direcção de campanha
Se não ganhar junto da direcção de campanha, o mais tardar
algures entre a fase de preparação e a pré-campanha, pode começar a
pensar em fazer outra coisa para ocupar o seu tempo. A não ser que
haja uma espécie de milagre você não terá tempo para criar a mentali-
dade certa e coerente e criar um tom eficaz de campanha. Esse milagre
seria por exemplo a direcção, mesmo sem si, estar a fazer tudo na per-
feição. Não é impossível e eu acredito em milagres.

Em que consiste “ganhar a direcção”? Já alguma vez tentou obri-


gar alguém a fazer o que não quer? Eu também. É impossível. Se for
algo simples e momentâneo, pode ser que consiga, mas se for algo que
tem de ser feito com consistência ao longo de um período de tempo…
Esqueça. A pessoa ou quer fazer e faz (e você pode ajudar) ou não quer
fazer e, mesmo que diga “sim” a tudo, acaba por não fazer. A direcção
de campanha é onde tem de ganhar as eleições antes de mais nada. Os
membros da direcção têm de encarnar o espírito de vitória, pois serão
eles os dinamizadores e galvanizadores do staff e a âncora dos candida-
tos. Certifique-se de que você e eles estão perfeitamente sintonizados
nos pontos mais críticos da campanha: objectivos, estratégias e tácti-
cas. E certifique-se também de que eles são líderes determinados e per-
sistentes.
Durante a corrida eles serão o referencial para todas as pessoas
envolvidas. Certifique-se de que não desistem perante as dificuldades,
que são capazes de resolver os problemas e que nunca dão desculpas
mas sim soluções.
Dica: antes de se comprometer faça uma ou duas reuniões e lan-
ce ideias revolucionárias para o ar. As suas reacções dar-lhe-ão uma
ideia imediata da posição da direcção. Se colocarem muitas objecções
são criadores de problemas, se pegarem nas suas propostas e até derem
opiniões no seguimento dessas ideias, tem a equipa certa com vontade
de vencer. Depois trabalhe com isso e melhore-se a si e a eles em todas
as oportunidades.
Eles serão, consigo, o núcleo duro, a âncora da candidatura. Tudo
o que correr bem aí dentro, poderá eventualmente traduzir-se em
votos, mas tudo o que correr mal será seguramente penalizado nas
urnas. Crie um bloco de atitude positiva, entusiasmo e certeza da vitó-

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ria. Nos tempos difíceis todo o staff olhará para esse grupo e seguirá a
sua liderança, seja ela para o sucesso, seja para o fracasso, convém que
seja para o sucesso, certo?

- Os candidatos.
Dependendo do tipo de candidato e da sua situação na conjuntu-
ra (no poder, na oposição, ou fora do poder) o trabalho a desenvolver
deverá ser substancialmente diferente.

Vou dar somente o exemplo de actuação para a pior situação possível.


Para as outras situações do candidato e da conjuntura, tire as suas ela-
ções e faça as extrapolações. Realmente, cada caso é um caso e não há
procedimentos nem normas de actuação estandardizadas. Cabe-lhe a si
ler a situação e agir.

Em conjunturas desfavoráveis (a pior é: candidato fraco e fora do


poder), é necessário muito trabalho da equipa e, principalmente do
candidato para se tornar num candidato muito forte em poucas sema-
nas. Isso é extremamente difícil de conseguir porque normalmente um
candidato fraco não está disposto a realizar o trabalho de mudança de
mentalidade, de postura, de discurso e de liderança que serão necessá-
rias para a vitória (por isso é considerado “fraco”). Não quer dizer que
não seja uma óptima pessoa, mas para ganhar isso não chega: precisa
de desenvolver carisma, atitude, autoconfiança. E isso consegue-se
através de treino, dedicação, vontade e humildade.

Uma palavra para o candidato (em qualquer situação que se encontre):


Uma coisa é certa: o resultado que cada candidatura tiver nas urnas
corresponderá exactamente ao resultado que merecer. E para ter
resultados melhores é imprescindível tornar-se melhor e assim merecer
mais votos. Não há milagres. Há coisas que é necessário fazer e que
colocam o candidato pouco à vontade? Paciência. Terá de fazer das tri-
pas coração e aprender a sair da sua zona de conforto e enfrentar o
desconhecido com paixão e determinação. É dessa massa que são feitos
os vencedores e a melhor forma de se preparar para a vitória é fazer
todos os dias alguma coisa que o deixa desconfortável ou temeroso.
Para ganhar tem de ultrapassar os medos normais, sair da sua zona de
conforto e enfrentar as feras de peito aberto. Não está sozinho, longe
disso, e o pior que pode acontecer é perder as eleições, portanto, pior
não fica, certo? Pode ter a certeza que os eleitores saberão ver até que
ponto você está pronto para os liderar.

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- O Partido
Há um fenómeno que gosto de chamar “o tamanho do chapéu do
partido” e que, resumidamente, diz o quanto o partido está envolvido
nas peças de propaganda da candidatura. Para um candidato fraco é
fundamental que o chapéu do partido seja enorme. Pelo menos garante
os votantes crónicos no partido e que votariam nele mesmo que o can-
didato não existisse. Aparece o candidato, com o nome muito pequeni-
no por baixo e um grande logótipo do partido.

Mas se o partido não tem muita expressão, ou se o candidato for muito


forte pode ser uma boa estratégia colocar o partido em segundo ou ter-
ceiro lugar e executar a campanha promovendo a figura do candidato.
Aparece o nome do candidato muito grande, com a sua fotografia e em
pequenino o logótipo do partido. As cores devem ser mesmo diferentes
das do partido, mas inclui sempre um friso ou uma barra da cor do par-
tido que faça uma conexão inconsciente.

Entre um pólo e outro cabe-lhe a si escolher o promovido na comunica-


ção (o partido ou o candidato). E esqueça isso que está a pensar: “pro-
mover os dois por igual”. Sendo sua a responsabilidade, devo dizer-lhe
que não deve dar a mesma ênfase a dois ou mais elementos numa peça:
só vai distrair o público. Lembre-se do que é que está a “vender”: o
partido através do candidato ou o candidato através do partido. Vai ver
que os resultados serão mais consistentes.

Dependendo do tamanho da influência do partido na candidatura, você


pode ter nos dirigentes do partido aliados ou adversários. Eles estão na
situação em que estão, por exclusiva responsabilidade das escolhas que
fizeram no passado e, se estiverem no poder provaram saber fazer e
estão pouco receptivos ao que você tem para dizer, se estiverem fora
do poder a situação não é melhor porque tentarão defender-se dos
maus resultados do passado colocando inúmeras dificuldades ao seu tra-
balho. Inconscientemente não querem que você tenha sucesso porque
isso iria provar que a responsabilidade pelas derrotas do passado é
exclusivamente deles. É uma reacção natural e normal, você deve é
estar consciente de que não vai ter nenhuma facilidade no trato com a
estrutura do partido, principalmente em meios pequenos, mas não só.

Este é o terceiro território que tem de conquistar. Se não ganhar as


eleições aqui irá ser extremamente difícil ganhar nas urnas.

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Como conquistar o território “partido”? Dependendo das circunstâncias
e das pessoas (como já disse cada caso é um caso, e até pode ser que
você não tenha este tipo de problemas), a abordagem deve ser sempre
conciliadora. Você não está certo e eles estão errados! Isso não existe.
Eles detêm um conhecimento da realidade política que você nunca terá
e uma experiência mais ou menos longa de lutas e contrariedades, de
superação de dificuldades, de vitórias e derrotas. Não são nem melho-
res nem piores que você. Peça conselhos frequentemente e aceite opi-
niões, não diga mas MOSTRE que tem um imenso respeito pelas opiniões
das pessoas do partido e envolva-as activamente na estrutura da cam-
panha. Você não terá muito tempo para vencer este território, mas com
a postura correcta, nem terá provavelmente de travar nenhuma bata-
lha.

- Os coordenadores.
Dentro da estrutura da campanha, havendo sectores há coorde-
nadores. Imagine que são os sargentos do seu exército: homens ou
mulheres próximas dos soldados, mas em articulação permanente com
os generais. São eles que se certificam que as acções são postas em prá-
tica da forma correcta e que avaliam os resultados práticos.
O mais importante é garantir a sua colaboração. Traga-os para
dentro dos círculos de decisão nas ocasiões de socialização dentro da
equipa, sem eles não há operacionalidade. Devem ser organizados, acti-
vos e pró-activos, lideres e com uma grande capacidade de decisão sob
pressão. Prepare-os para a corrida eleitoral e as agruras que se avizi-
nham mas mantenha-os focados nos objectivos e não nas dificuldades.
Agradeça frequentemente o seu empenho e apresente sempre novos
desafios.

- O staff
O conjunto da mão-de-obra necessária para colocar a rodar e
manter a rolar a máquina eleitoral é o staff geral. São eles que levam o
entusiasmo até à rua, a sua postura divertida e confiante deles vale
mais que muitos milhares de euros em propaganda na televisão. Crie um
responsável por grupo, e certifique-se que ninguém é responsável por
mais de 10 pessoas. Identifique-os com bonés, t-shirts exclusivos e
fomente a amizade, espírito de colaboração e entusiasmo. Não se
esqueça, sem eles não vai conseguir contagiar os eleitores. Eles têm um
papel fundamental na execução de todas as acções. Recompense-os por
tudo o que fizerem de bem feito e corrija-os nos erros. Seja sempre

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positivo e motivador e mantenha o sonho da vitória sempre à frente dos
seus olhos.

Recrute o staff entre a juventude do partido e amigos deles,


voluntários. Dê-lhe autonomia para criarem os próprios eventos. Para
eles a corrida eleitoral é muito diferente do que representa para si:
para eles é muita diversão, emoção, paixão e entrega. Aproveite para
os colocar como exemplo dos mais velhos quando eles começarem a
acusar cansaço ou desilusão.

- Os voluntários
Vai haver muita gente desejosa de ajudar. A dona de casa que
pode fazer uma jantarada às 3 da manhã para o pessoal que andou a
desmontar o material do ultimo comício, o camionista que se oferece
para transportar material, pessoas particulares com os seus carros par-
ticulares, etc. etc. etc. Todos são bem-vindos, mas garanta que colabo-
ram e não que atrapalham. Por vezes a boa-vontade atrapalha. Oriente,
aprecie, e aproveite. Se alguém se oferecer para fazer alguma coisa
completamente desnecessária, agradeça mas diga que ela era boa era a
ajudar noutra coisa qualquer. Massaje um pouco o seu ego, ela ficará
feliz e ajudará a trazer mais alguns votos. Apresente-a ao coordenador
e dedique-se ao que tem de fazer.

- Os benfeitores
Os benfeitores são outro grupo fundamental em vários aspectos.
Por vezes contribuem com dinheiro, outras vezes com serviços ou pro-
dutos de elevado valor para a candidatura. Alguém que tem uma disco-
teca e a oferece durante umas horas para fazer uma festa de juventu-
de, alguém que empresta um camião para ser decorado e transportar
material ou pessoas, material emprestado, de som, vídeo, écrans, tvs,
altifalantes, sistemas de luz, comida, etc... Faça uma lista de todo o
material que necessita para a campanha e procure benfeitores: ficará
admirado com o dinheiro que irá conseguir poupar a partir da boa von-
tade destas pessoas.

c. QUAIS AS SUAS ARMAS?

Na batalha que se aproxima, chamada “Campanha Eleitoral” temos os


políticos que definem o objectivo. Os generais que elaboram uma estra-

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tégia e as tácticas necessárias, depois temos os serviços de informação
e contra-informação, relações com a imprensa, logística, etc. Depois
temos o campo de batalha que é a mente e principalmente o coração
dos eleitores e finalmente temos as armas que irão explodir no campo
de batalha e conquistar ou não aquela mente e aquele coração.

As armas da campanha:
1- Internet
2- Folhetos
3- Jornal de campanha (infomail)
4- Audiovisuais (som e vídeo)
5- Anúncios de imprensa
6- Peças para rádio e televisão (sim, mesmo nos meios pequenos)
7- Textos narrativos de locução para acompanhar as comitivas, criar
ambiente nos comícios e nos eventos.
8- Outdoors
9- Eventos (festas, comícios, arruadas, etc.)
10- Contacto pessoal (quase porta a porta).
11- Merchandising do partido e/ou do candidato.
a. Bandeiras (muitas)
b. Crachás ou autocolantes
c. Bonés, t-shirts, calendários (e estivermos no fim ou no
princípio do ano), bolas, etc.
d. Uma peça de prestígio (vinho, conjuntos de produtos tra-
dicionais da região, etc.) para oferecer aos VIP.
e. etc.

Estas armas são “carregadas” de intenção, design, slogans, imagens


poderosas, animação, alegria, positivismo e espírito de vitória e vão
contaminar o campo de batalha. Se os tiros forem certeiros ganhará
mais um voto, captado a partir de dentro, das emoções e da intuição. O
eleitor contaminado saberá no fundo que o seu candidato é a pessoa
certa, não interessam os argumentos racionais. E como estes argumen-
tos têm pouca importância, ele não poderá ser “convencido” a mudar a
sua intenção de voto, a não ser que os seus adversários tenham entre-
tanto desenvolvido uma arma de “destruição massiva” (que, sincera-
mente não conheço, mas enfim, tudo é possível).

Em plena campanha, o papel das armas, no seu conjunto, não são de


informar. Para isso você tem uma somente e chama-se “programa elei-

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toral”. Esta arma não ganha eleições, aliás, a maior parte dos votantes
nunca lerá o seu programa eleitoral, e os poucos que o lêem quase nada
retêm do que lá está escrito.

Como dizia, o papel das armas eleitorais não é informar e muito menos
convencer os eleitores que o seu candidato é mais competente que os
outros, que é mais honesto, que cumpre melhor as promessas, que tem
mais preocupações sociais, ou está empenhado no progresso económico,
ou na saúde ou na educação. Tudo “balelas”.

O papel das armas é implantar no subconsciente dos eleitores uma men-


sagem de esperança, alegria, prosperidade e confiança. Esta mensagem
está em tudo: nas peças propagandísticas, nos artigos escritos, nas
acções de rua, na fisionomia do candidato e do staff, no design dos car-
tazes, outdoors e folhetos, na decoração interior e exterior da sede de
campanha, na decoração das viaturas, nas palavras, em cada palavra do
candidato e de qualquer porta-voz da candidatura.

Se esta mensagem for transmitida com consistência e persistência, se


todas as pessoas envolvidas na campanha desde dentro (candidato,
direcção, staff, partido, voluntários e benfeitores) viverem eles próprios
este sonho, as probabilidades de se criar uma onda imparável de vitória
são muito grandes.

Se você decidir que os argumentos racionais é que ganham e que a


ideologia é que é importante, lembre-se do seguinte: quando foi a
última vez que você viu duas pessoas a discutirem política e uma con-
vencer a outra a pontos de essa outra mudar de lado e juntar-se à pri-
meira? Quando? Nunca viu, pois não? Claro que não, e sabe porque é
que não? Porque isso nunca aconteceu e não vai acontecer na sua cam-
panha eleitoral pela primeira vez na história. Tenha discussões racio-
nais, políticas com os seus adversários, mas mostre que você joga numa
liga diferente.

Então vamos fazer uma campanhazinha, sem conteúdo político? Sem


debate de ideias e propostas políticas concretas? Não! Vamos fazer isso
tudo, mas com o único propósito de fornecer justificações racionais que
ajudem os seus eleitores a se justificarem perante eles mesmos e
perante os seus círculos de influência pelo facto de estarem do seu
lado.

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Não esqueça porém, para não escandalizar muito os mais conservadores
ou os políticos da chamada “velha escola”, não esqueça porém, dizia
eu, que estamos a falar exclusivamente da corrida eleitoral e não da
vida política diária. É aí que a ideologia, os sistemas de valores e de
avaliação dos seus candidatos se irão converter em praxis política com
as respectivas consequências para os eleitores. Não se esqueça que a
vida política NÃO É a corrida eleitoral. Ela trata somente de criar as
condições de dar aos seus candidatos a possibilidade de atingirem os
seus objectivos de poder.

d. O “PORQUÊ” É MAIS IMPORTANTE QUE O “COMO”

Se reparou no título deste livrinho, está lá escrito: “Como Ganhar Elei-


ções Autárquicas...” . Reparou no “Como”. Óptimo. É disso que trata
este livro. Um conjunto de ideologias ou filosofia, técnicas, estruturas,
etc., que lhe permitirão atingir os seus objectivos. Não diz uma palavra
acerca do “PORQUÊ”. Porque é que você, marketer, abraçou este desa-
fio de ajudar outros a conseguirem os objectivos deles? Já pensou nisso?
E coloque também esta mesma pergunta aos seus candidatos: Porque é
que te estás a candidatar? O que é que te move? E aos membros da
direcção de campanha? O mesmo: porque é que estão de corpo e alma
neste projecto e aceitaram este desafio? Faça o mesmo a todo o staff,
voluntários e benfeitores.

Se você conseguisse a proeza de ter uma resposta simples, clara e ver-


dadeira de todas as pessoas envolvidas, incluindo a sua, ficaria com
uma ideia fantástica da diversidade da natureza humana e da beleza
que é o trabalho de equipa: Como é possível que pessoas de origens e
educações tão diferentes, se juntem atrás de um mesmo objectivo e
POR MOTIVOS RADICALMENTE DIFERENTES! Cada pessoa tem o seu. E
todos são igualmente válidos.

Porque é que este “porquê” é mais importante que o “como”, ou seja


porque é que os “motivos” são mais importantes que os “actos”? É que
vai chegar o dia, durante a corrida, em que você está física, mental-
mente e animicamente gasto, o seu staff desanimado e o candidato
descrente. Os seus adversários também terão esses dias, e a vitória
penderá decisivamente para a candidatura que tiver os seus motivos
mais fortes e mais claros. São eles que fazem levantar, arregaçar as

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mangas e recomeçar a trabalhar independentemente do que possa ter
acontecido.

Certifique-se que você tem os seus motivos fortes e claros, certifique-se


do mesmo nos seus candidatos e nos líderes da campanha. Estes líderes
que façam o mesmo pela cadeia de comando abaixo e você terá uma
candidatura de aço que nada poderá derrubar.

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III- Desenhar a vitória

Neste capítulo, “a pedido de várias famílias”, vou mostrar a teoria por


detrás do design de conteúdos na sua campanha eleitoral. O objectivo
deste exercício não é que você se ponha a desenhar os cartazes e out-
doors e anúncios, mas que saiba identificar os mecanismos que comuni-
cam ou não a sua mensagem e possa orientar os designers sabendo como
conseguir o efeito desejado.

a. AS FOTOS DOS CANDIDATOS

Há poucas coisas mais comuns que uma fotografia e todos somos ópti-
mos fotógrafos. Eu sei que sou espectacular, com a minha máquina digi-
tal super poderosa de 1000 mega píxeis. Eu sei tirar fotos, apontar e
disparar. Posso poupar umas dezenas de euros no fotógrafo e vou fazer
eu as fotografias da campanha. Soa familiar? Todos somos fotógrafos,
designer, marketers e... bons cozinheiros. Esqueça isso. Não esqueça:
numa corrida de alta competição não há lugar para improvisos vá a um
bom estúdio fotográfico e faça fotos de todos os candidatos.

- Como devem ser as fotos.


As fotos de campanha não são documentos. Nunca iriam poder ser utili-
zadas para o BI porque estão carregadas de intenção, de retoques e de
alguns truques. Pense naquilo que quer transmitir com a foto oficial de
campanha do seu principal candidato, transmita essas ideias ao fotógra-
fo. Se ele for minimamente profissional conseguirá transmitir exacta-
mente o que você pediu. Contudo, para o capacitar a si com o conheci-
mento necessário para a avaliação, aqui vão exemplos:

Foque-se em
a) Expressão facial e corporal
b) Vestuário
c) Ambiente

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© Rui Gabriel 2006 Todos os Direitos Reservados ruimatosgabriel@hotmail.com
Ex.1: Ex. 2:

Esta é muito óbvia: a avaliar unicamente pela foto, qual dos dois ganha-
ria o seu voto para seu presidente da Câmara? O ex. 2, certo? Sabe por-
quê?

Avalie as duas fotos: ambas em ambiente de trabalho, a roupa basica-


mente igual, onde está a diferença? Na expressão facial e corporal. O
ex. 1 tem os ombros encolhidos e um sorriso desconfortável. Não é um
líder, não quer estar ali. O ex.2 tem uma postura direita e está confian-
te, o sorriso é aberto e inspira autoridade e confiança.

Outro exercício:

Ex.3: Ex. 4:

Aqui está um pouco mais difícil. Em nenhum deles há ambiente mas


ambos vestem fato e gravata.

O ex. 3 está perfeito SE: quiser mostrar dinamismo e juventude,


mudança, acção. Porquê? Nada tem a ver com a idade do candidato mas
com a postura corporal proactiva: o candidato está inclinado para nós,
com a cara próxima, o que revela auto confiança. A linha dos ombros
descreve uma diagonal o que dá um imenso dinamismo.

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O Ex. 4 por seu lado, representa um candidato técnico, experiente (e
mais uma vez nada tem a ver com a idade. A postura de braços cruza-
dos, a três quartos com o ponto de vista à altura dos cotovelos, logo
ligeiramente de baixo para cima (ao contrário do ex. 3 que é ligeira-
mente de cima para baixo), transmite poder e auto-afirmação. Se repa-
rar o casaco parece curto e enrola nos ombro e cotovelos o que dá aos
ombros um aspecto ligeiramente encolhido, fraco. Esta posição, de bra-
ços cruzados, somente deve ser adoptada com as costas direitas e o pei-
to para fora. Aí transmite poder.

Eu adoptaria a postura, ambiente e expressões do ex 3 para um candi-


dato de mudança, de acção. Escolheria o ex 4 para um candidato de
continuidade, de sistema.

Mulheres candidatas
O que vale para os homens vale igualmente para as mulheres, mas, para
passar a mesma mensagem as técnicas são diferentes.

Ex. 5: Ex. 6:

Repare na postura semelhante, expressões e roupa equivalentes. Existe


uma única diferença relevante, mas fundamental. O ex. 5 está numa
situação de fraqueza. O ângulo de cima para baixo que, num homem diz
“proximidade” ver ex. 3, numa mulher diz “inferioridade”. Como cultu-
ralmente as mulheres ainda são entendidas como mais fracas que os
homens, é fundamental contrapor a esse conceito uma atitude vencedo-
ra. O ex. 6 tem autoconfiança e vitória escrito em todo o lado. E conse-
guimos esse efeito simplesmente colocando a câmara fotográfica ao
nível da cintura do candidato em vez de ser ao nível do topo da cabeça.
Fascinante, não?

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Este não é um tratado fotográfico e portanto não me vou alongar mais.
Facilmente entende que as fotos oficiais dos candidatos desempenham
um papel fundamental para corroborarem o resto da mensagem. Pode
dizer “MUDANÇA”, “JUVENTUDE”, ou “NOVO RUMO” mas se o seu can-
didato parecer um “bota-de-elástico” na foto, essas mensagens não se
vão implantar na mente dos eleitores. Certifique-se que todos os deta-
lhes transmitem a mesma mensagem.

b. MENSAGENS COM VOLUMES


Agora vamos abordar um pouco a composição dos cartazes, anúncios e
outdoors. Lembre-se: não pode estar a promover com a mesma força
mais de uma ideia. Ou promove o candidato, ou a equipa de trabalho,
ou o partido. Um só, ou, como dizem os ingleses: “one selling proposi-
tion”. Por outro lado, não menos importante que a foto, o slogan, o
logótipo, a composição gráfica desempenha um dos papéis principais,
sabe porquê? Porque não é descritivo, nem verbal, passa directamente
para o subconsciente do eleitor, passando ao lado dos filtros do seu
raciocínio. É poderoso.

Para você poder verificar o que quero dizer, vou desenhar aqui abaixo
dois cartazes, sem mencionar o partido nem o candidato nem coisa
nenhuma, vou somente desenhar volumes e com isso transmitir uma
ideia. Espero ser explícito.

Exemplo 1:
a) b)

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No exemplo a) o tema é “o candidato”, no b) é o partido. Repare como
as dimensões e visibilidade alternam, num caso mais ênfase para o
nome do candidato, no segundo para o partido. Repare no efeito que
têm os volumes em fundo, a verde. No primeiro caso transmitem dina-
mismo, movimento; no segundo apelam ao “status quo”, à estabilidade.
Como? As linhas curvas e inclinadas para a direita transmitem uma sen-
sação de movimento e as linhas verticais uma sensação de segurança e
estabilidade.

Exemplo 2:
a) b)

Neste caso o exemplo a) é ainda mais dinâmico que o a) do exemplo


anterior, neste caso eu diria inovador e “revolucionário” se juntar a
este fundo uma foto do tipo do ex.3 (ver ponto anterior) terá um cartaz
que apela à mudança, juventude e novidade. Neste caso concreto, o
candidato está em segundo plano, ou seja seria uma aposta do partido
com o apoio do candidato.
No exemplo b) a figura do candidato é mais forte, mas assume-se com
um design mais estável, menos aventuroso. Imagine aqui a foto ex.2 e
teria um outdoor consequente. Não mostra a mudança como opção mas
antes estabilidade (continuidade). Se é o caso do seu candidato: utiliza
algo deste género, se a sua candidatura não está no poder, opte pelo
exemplo a).

c. CORES FORMAS E CONTRASTES

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Dependendo da peça em causa, as cores, contrastes, mas principalmen-
te relação entre espaço ocupado e espaço em branco são determinantes
para tornar a mensagem legível.

Por exemplo, o uso do branco em abundância num outdoor é perfeito.


As letras, o logótipo e a foto sobressaem sem dificuldade, mas o melhor
é que o outdoor em si destaca-se muito da cacofonia de cores e objec-
tos à sua volta. É que na paisagem não existe nada naturalmente branco
(a não ser por exemplo uma parede enorme pintada de branco mesmo
por detrás do outdoor). Então é fácil entender que um espaço grande,
branco, com caracteres pretos, ou vermelhos, por exemplo, com poucas
palavras e corpo grande têm um impacto visual estrondoso.

Se falarmos de folhetos a situação é inversa: o folheto de fundo branco


é tudo o que você não quer. Porquê? Se reparar o folheto “circula” nos
mesmos locais que outros papeis: em cima de uma mesa, onde há jor-
nais, revistas, ou junto de outros papéis. Crie contraste fazendo um
folheto com uma cor de fundo electrizante, muito invulgar, mas sem
ferir a vista, afinal você quer que os eleitores leiam o que lá está escri-
to. Se optar por formatos invulgares, melhor ainda: circulares e triangu-
lares, são os melhores, os quadrados também não são maus, mas os rec-
tangulares, tipo A4 ou em tríptico são péssimos porque são vulgares.

Pense sempre no efeito que as suas peças têm quando o eleitor entra
em contacto com elas: inovação, autoridade, autoconfiança, liderança,
etc.

d. VIDEO
Ainda é comum, nos meios pequenos, pensar que a televisão e o vídeo
são só para os grandes partidos em grandes cidades e que você, numa
cidade pequena não poderá tirar proveito deste poderosíssimo meio.
Nada mais errado.

Penso que, se a sua cidade tiver algum canal de televisão local esse é
um meio que deve ser explorado ao máximo. Se não houver nenhum
canal de TV na sua região não há problema: CRIE O SEU PRÓPRIO
CANAL! Não se espante. É mais fácil do que pensa.

1- Durante as acções mais importantes da pré-campanha e durante


toda a campanha tenha sempre com os seus candidatos pelo

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menos um operador de câmara profissional totalmente equipado,
além de poder e dever ter mais umas 3 ou 4 câmaras amadoras
operadas pelo staff. Este operador profissional serve dois propó-
sitos:
a. Recolher imagens das acções de campanha, com profissio-
nalismo e qualidade para serem usadas mais tarde.
b. A presença permanente de uma câmara de televisão cria
muita curiosidade e admiração nos eleitores. Mesmo que o
operador não filmasse nada e a câmara estivesse avariada,
ainda assim ele deveria estar presente e cumprir o seu
papel.
2- As imagens recolhidas, tanto pelo profissional como pelos amado-
res, são então editadas para a produção de uma ou mais peque-
nas peças propagandísticas mas de tom jornalístico. Estas peças
são então utilizadas para preencher uma “programação” de um
“canal de TV” que não emite por ondas hertzianas mas é visto em
espaços privados a partir do DVD ou computador. Todos os espa-
ços de evento devem emitir no-stop este seu canal, seja na sede
de campanha, seja nos tempos mortos dos comícios ou em acções
de rua, se puder transportar consigo o equipamento necessário:
projectores de vídeo ou écrans gigantes.
3- Deve ainda criar-se um ou mais canais de vídeo na Internet. O
Youtube é incontornável e o sapo também é muito útil. É tudo
grátis, mas tem um efeito poderoso junto dos internautas. E é
parte integrante da campanha na Internet, juntamente com os
outros meios.

Custos reais do seu canal privado: um operador, montador + equi-


pamento e equipamento de visualização. Uns poucos milhares de
euros. O efeito: espectacular.

e. MUSICA E AUDIO

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Alguma vez pensou na razão da existência das bandas militares? O que é
que as armas têm a ver com as tubas? E como é que os camuflados com-
binam com os clarinetes? Os militares, desde tempo imemoriais sabem
que o resultado da batalha depende em grande parte da força anímica
das tropas, do seu sentido de pertença a um grupo de heróis reconheci-
dos e apreciados por causa da valentia, patriotismo espírito de missão,
de abnegação, etc.

Você pensa que um soldado que se levanta no meio da batalha para pro-
teger um companheiro o faz por puro heroísmo? Não. O que está dentro
dele, os seus valores (incutidos e cimentados durante o treino) “nunca
deixar um homem para trás” e o sentido do dever não lhe dão escolha.
Tenha a certeza de que ele preferiria ficar bem sossegadinho no seu
canto, a pensar na mulher e filhos mas, em vez disso oferece o peito às
balas em completa contradição com os gritos do instinto de conserva-
ção, de protecção da família e de sobrevivência. Já pensou porque é
que isso é bastante comum no campo de batalha?

Em situações especiais os seres humanos comuns tornam-se pessoas


especiais, se tiveram o treino adequado.

E o que tem isto a ver com as bandas militares? Vou contar uma história
rápida, verídica, que aconteceu comigo.

Eu fui militar, “voluntário à força” durante o serviço militar obrigatório.


Infantaria. Mafra. Tinha um instrutor, o tenente Domingos que tinha o
curso dos comandos, dos pára-quedistas, e de mais não sei o quê. Era
duro, mas justo. O que ele nos mandava fazer, por muito duro fisica-
mente que fosse tinha sempre um motivo que ele, mais tarde ou mais
cedo, desvendava. No final da Instrução de 5 meses uma semana de
campo acabou com o que restava de força física nos recrutas. Frio, chu-
va, fome, noites seguidas dentro de uma tenda para meia pessoa, mas
onde tínhamos de caber três. Sei que finalmente a semana de campo
terminou e voltámos ao quartel, numa caminhada em que parecíamos
mais zombies que pessoas.
Qual não é o meu espanto quando, ao aproximarmo-nos do quartel,
comecei a ouvir uma marcha militar, ao melhor estilo marcial. Depois
de dobrarmos a esquina na estrada que vem da tapada e entramos na
avenida em frente ao mosteiro, uma multidão de gente bordeava a
estrada e a banda do quartel, toda engalanada enchia o ar com aquela
música de vitória. Estavam a dar-nos as boas vindas, depois de termos

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passado pelas privações e sacrifícios da semana de campo. Todos cho-
rámos baba e ranho, emocionados pela música e pelo significado daque-
la reacção. Estaríamos prontos a voltar para outra semana de campo
imediatamente, se tal nos fosse pedido.

A música na sua campanha, não militar, mas eleitoral, serve precisa-


mente o mesmo objectivo. Une, emociona e prepara o seu staff para
correr mais um sou dois ou dez quilómetros.

- O Hino da campanha:
Já adivinhou que, o ponto máximo da fusão de mentes e corações
durante a sua campanha é o hino que escolher para servir de galvaniza-
dor e simbolizar as duras agruras e o sabor da vitória.
Escolha como hino uma música emotiva, grandiosa e épica. Utilize-a
sempre, em ABSOLUTAMENTE todas as ocasiões. Verá o poder que tem
um hino na hora de despertar emoções, e motivar as pessoas a atingi-
rem novos horizontes e a superarem os próprios limites.

f. INTERNET

O uso a Internet no marketing político, em Portugal, ainda não é uma


condição crítica de sucesso, mas para lá caminha. Se me estiver a ler
em 2013 tenho a certeza de que irá sorrir, porque no seu tempo nin-
guém sequer sonharia em fazer uma campanha eleitoral que não colo-
que o meio “Internet” em primeiro lugar.

Contudo, em 2006 não é assim. Actualmente mais de metade da popu-


lação usa a internet numa base diária. Compreender os seus comporta-
mentos no ciberespaço poderá dar-lhe aquela pequena vantagem dife-
rencial de que precisa para vencer os seus adversários.

Muitos políticos sabem tão pouco acerca da Internet como ferramenta


de propaganda que nem conseguem fazer perguntas. E as gerações com
mais de 40 anos oferecem muita resistência. Não porque não entendam
o seu potencial, mas porque têm realmente receio daquilo que desco-
nhecem. Nada mais normal. Se a minha profissão não fosse o Marketing,
e especificamente o Internet Marketing, provavelmente eu seria uma
dessas pessoas.

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Enfim, muito ou pouco, o resultado da Internet não pode ser desprezado
quando a sua candidatura pode estar a 1% ou 2% da vitória.
Penso que já percebeu. Ok, o que fazer então?

- O site oficial:
Este é o local de propaganda 24/7. Tudo, mas mesmo tudo o que
diga respeito aos candidatos e seus perfis, à candidatura, aos eventos,
ao programa eleitoral, os mandatários, material de download, artigos,
etc. etc. etc. o céu é o limite.
Para usar correctamente o site oficial, deve ter uma newsletter
passível de ser subscrita online, um local onde os visitantes possam dei-
xar as suas opiniões (moderadas), e muito material grátis e valioso para
os eleitores: bilhetes grátis para concertos, ofertas de merchandising,
etc. O mais importante é captar os nomes e os endereços de email dos
visitantes, faça isso em troca das ofertas. Estando de posse desses
dados poderá enviar propaganda regularmente directamente para o
computador dos eleitores. É difícil ser mais poderoso.
Junte a estas ideias as suas e as do staff, cozinhe tudo em lume
brando (ou seja assimile as ideias e escolha as melhores) e faça um site
espectacular. Ele vai tornar-se uma fonte fidedigna para os jornais e vai
ter milhares e milhares de euros de publicidade grátis e nos media.

- A disseminação de informação:
Além do site oficial, um grupo, vindo da “produção de conteú-
dos” deve:
1- Criar um ou mais blogs em que se debatem as ideias da campa-
nha mas sempre realçando o ponto de vista da sua candidatura.
2- Participar activamente em outros blogs, nomeadamente o(s) dos
adversários no sentido, não de criticar, mas de descredibilizar.
3- Os candidatos número 1 devem escrever artigos de opinião e cró-
nicas e publicá-los em sites de artigos. O mesmo poderá ser fei-
to, se possível, no mundo real em relação aos jornais regionais.
4- Utilize o seu canal de TV do Youtube ou do Sapo. Faça declara-
ções em vídeo acerca dos assuntos mais pertinentes.
5- O site oficial tem de fazer eco de todos estes conteúdos e deve
funcionar como agregador de conteúdos oriundos de todas estas
fontes.

- A disseminação de propaganda:
O site oficial será a principal fonte de propaganda a favor da sua
candidatura, mas poderá muito bem utilizar outros sites para criar uma

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frente cibernauta de ataque (não identificado com a sua candidatura)
aos seus adversários.
Uma das ferramentas mais poderosas é o humor cáustico. Faça peças
de cartoon ou melhor ainda faça jogos informáticos em que ridiculariza
os seus adversários e coloque-os a circular. Verá que, se for suficiente-
mente mordaz ou engraçado, essa peça de propaganda se irá espalhar
como fogo em palha. Todos gostam de reenviar um email engraçado ou
chocante. Aproveite este comportamento dos cibernautas a seu favor. A
esta técnica chama-se “marketing viral” e é actualmente utilizado pelas
principais multinacionais para fazer passar a sua publicidade por
milhões de espectadores sem terem de gastar 1 único cêntimo.
Utilize igualmente as redes sociais, do tipo do Orkut, Hi5, Facebook,
etc. São locais de relacionamento, principalmente com as gerações mais
novas.

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IV- Conclusão

Depois de ler um pouco este pequeno resumo fruto da minha experiên-


cia e reflexão pode pensar uma de duas coisas: “grande coisa! Isto já eu
estou cansado de saber” ou então: “Ena, que espectáculo! É desta que
eu vou eleger o meu candidato”.

Você sabe que não é pelo facto de ler este livrinho que os eleitores vão
a correr a votar no seu candidato, e para isso até votam em guardana-
pos do café, tal é o entusiasmo. Longe disso. Este é só um caminho,
traçado “grosso modo” no intuito de o alertar para alguns aspectos da
corrida eleitoral que você, eventualmente, tenha deixado escapar e
serve o único objectivo de o ajudar a criar uma campanha mais ética,
mais organizada, mais recompensadora e, é claro, vitoriosa.

Não esqueça: se ganhar a responsabilidade é de todos (minha também),


mas se perder a culpa é só sua. Esta é a verdade como ela é. Desejo-lhe
o maior dos sucessos.

Rui Gabriel, 3 de Dezembro de 2006.

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